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Léu

WALTER PAULINO DA COSTA
(82 anos)
Cantor e Violeiro

☼ Itajobi, SP (02/04/1937)
┼ Ibiraci, MG (16/05/2019)

Walter Paulino da Costa, conhecido artisticamente por Léu, foi um cantor nascido em Itajobi, SP, no dia 02/04/1937. Junto com o irmão Lincoln Paulino da Costa, o Liu, formaram a dupla sertaneja Liu & Léu.

Membros de uma família tradicional de cantadores de nove irmãos, sendo duas mulheres, cresceram na lavoura de café e cereais, onde viveram parte de suas vidas e sempre participando de festas de catiras. Na dança da catira o grupo era formado pelas famílias Costa e Vieira. Lincoln, além de dançar catira, era romântico, gostava de declamar poesias e até de cantar músicas de Vicente Celestino.

Walter aos seis anos de idade subia numa cadeira para cantar com o irmão mais velho, o Benedito, e já fazia parte do time de catira. Com 16 anos fez dupla com um amigo e participavam de programas na rádio de Novo Horizonte e também em Catanduva. Nesta época a dupla chamava-se Sampaio & Nenê Cunha. Faziam shows pela região, e o Liu participava declamando poesias e fazendo humorismo.

O pai, Gabriel, já cansado, deixou a vida dura da lavoura indo para a cidade, e foi aí que os dois irmãos decidiram ir para a capital São Paulo para trabalhar numa metalúrgica, a Mercantil Suíça. Aguardando para assumirem o trabalho foram assistir a festa de aniversário do programa "Brasil Caboclo" na Rádio Bandeirantes, na Rua Paula Souza, programa de auditório que ia ao ar diariamente as 7 horas da manhã.

Liu & Léu
Neste programa, radialistas como Biguá, Zacharias Mourão Capitão Balduíno tomaram conhecimento que os dois visitantes eram irmãos de Zico & Zéca, e primos de Vieira & Vieirinha que já eram duplas famosas, então pediram para que os dois irmãos cantassem uma música.

Foi então que cantaram com instrumentos emprestados a música de Dino Franco e Sebastião Victor "Meu Ranchinho". De agrado geral, marcou-se ali mesmo a estréia para o dia 05/11/1957, no programa "Novidade Sertaneja" apresentado por Zacharias Mourão. Compraram uma viola e um violão e escolheram os nomes. O Lincoln já era apelidado por Liu e aí foi só acrescentar Léu para o Walter. Nascia ali a dupla Liu & Léu.

A dupla tornou-se conhecida pelos circenses através do rádio, e começaram a se apresentar em circos pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso, acompanhados durante um bom tempo pelo amigo e grande radialista Muibo Cury que se apresentava como humorista usando o nome de Nho Tião.

Em abril de 1959, convidados por Teddy Vieira diretor artístico da Chantecler, gravaram o primeiro 78 rotações com a moda de viola "Rei do Café" (Teddy Vieira e Carreirinho) e do outro lado "Carreiras de Cururu" (Piraci, Biguá e Teddy Vieira).

Liu & Léu
Em junho de 1959, gravaram a toada "Boiadeiro Errante" (Teddy Vieira), música que se tornou um clássico, personalizando a dupla e mantendo-se em sucesso permanente, e na outra face do disco a música "Baile na Roça" (Teddy Vieira e Zico).

Com o término do compromisso na Rádio Bandeirantes, transferiram-se para a Rádio Nove de Julho participando semanalmente do programa "Prelúdio Sertanejo", que ia ao ar as seis horas da tarde com auditório, até o ano de 1962 período em que gravaram mais 6 discos de 78 rotações. Neste mesmo ano houve grandes mudanças, gravaram o primeiro LP intitulado "Nosso Rancho" pela gravadora Continental, e receberam o troféu pela música "Meu Ranchinho" (Dino Franco e Sebastião Vitor) de Melhor Música do Ano. Em seguida foram para a Rádio Nacional de São Paulo permanecendo lá durante muitos anos.

Liu & Léu participaram também do primeiro programa "Viola Minha Viola" na TV Cultura. Contratados pela Rádio Record participavam do Programa "Linha Sertaneja Classe A" e paralelamente apresentavam-se em programas de televisão.

Liu & Léu
Em 1978, Liu & Léu criam o selo Tocantins onde lançaram vários artistas, e a própria dupla, destacando neste período os sucessos: "Sementinha", "Mãe de Carvão", "O Ipê e o Prisioneiro", "Jeitão de Caboclo", "Ano 2000", "Porta", "Cadeia de Papel", "Velho Pouso de Boiada", "Prato do Dia", "25 de Dezembro" e "Legítimo Doutor".

Ao todo somam-se 32 LPs pelas gravadoras Continental, Chantecler, RCA Victor, Copacabana e Tocantins, e 17 CDs em várias outras.

Ao longo da carreira permaneceram em destaque as músicas, "Rei do Café", "Boiadeiro Errante", "Adeus Minha Terra", "Rainha do Paraná", "Caminheiro", "Dona Saudade", "Onde Eu Moro", "Buscando a Felicidade" e outros.

Em 2002 foi lançado o CD "Jeitão de Caboclo" pela gravadora Atração, que em 2003 recebeu a indicação para o Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Música Regional.

Liu & Léu
No ano de 2005 participaram, na casa de shows Olímpia, da gravação do DVD "100% Caipira" com a música "Jeitão de Caboclo".

Em 2008 gravaram mais um trabalho brilhante, em comemoração aos 50 anos de carreira da dupla.

Em 55 anos, Liu & Léu tiveram uma carreira brilhante, coroada de muito sucesso. Gravaram ao longo de sua carreira um total de 11 discos 78 rpm, 28 LPs, 02 CDs de lançamento e 15 CDs de coletânea.

Liu & Léu receberam de Dino Franco o slogan que define o real valor da dupla. São considerados "A Expressão Máxima da Música Sertaneja".

A dupla se desfez com o falecimento de Liu em 05/08/2012. Após a morte de seu parceiro na música, Léu passou a cantar com seu irmão Lourenço e o violeiro Joãozinho.

Morte

Walter Paulino da Costa, o Léu, faleceu na quinta-feira, 16/05/2019, aos 82 anos, em São Paulo, SP, de causas não divulgadas. Ele tinha completado 82 anos no último 02/04/2019.

O corpo de Léu foi velado no Cemitério Chora Menino, em Santana, na noite de quinta-feira, 16/05/2019, até a manhã de sexta-feira. O corpo de Léu foi cremado na manhã de sexta-feira, 17/05/2019, no Cemitério da Vila Alpina, Zona Leste de São Paulo.

Discografia

  • 1962 - Nosso Rancho (Caboclo)
  • 1963 - Felicidade de Caboclo (Caboclo)
  • 1965 - Dona Saudade (Chantecler)
  • 1966 - Onde Eu Moro (Chantecler)
  • 1967 - A Coroa do Sucesso (Chantecler)
  • 1967 - Paulistas x Mineiros (Com Duo Guaraní) (Chantecler)
  • 1968 - Minhas Trovas (Chantecler)
  • 1969 - Perto do Coração (Chantecler)
  • 1969 - Rainha do Paraná (Chantecler)
  • 1970 - Liu & Léu (RCA Camden)
  • 1970 - Boiadeiro Errante (Disco Lar)
  • 1971 - Minha Terra (RCA Camden)
  • 1972 - Amarga Saudade (Tropicana)
  • 1972 - E Vamos Nós (Chantecler)
  • 1973 - O Menino da Porteira (Tropicana)
  • 1973 - Liu & Léu (Tropicana)
  • 1973 - Amanhecer na Minha Terra (Continental)
  • 1974 - Liu & Léu (Cartaz)
  • 1974 - Gente Que Eu Gosto (Continental)
  • 1975 - Porque Te Amo (Continental)
  • 1976 - Dona Saudade (Chantecler)
  • 1976 - Liu & Léu (Continental)
  • 1976 - Caboclo Abençoado (Beverly/AMC)
  • 1977 - Mulher da Minha Vida (Beverly/AMC)
  • 1977 - Caminheiro (Continental)
  • 1978 - Edição Limitada (Phonodisc)
  • 1979 - Os Grandes Sucessos (Chantecler)
  • 1980 - Sementinha (Tocantins)
  • 1980 - Seleção de Ouro (Tocantins)
  • 1981 - Adeus Minha Terra (Tocantins)
  • 1981 - Boiadeiro Errante (Chantecler)
  • 1983 - O Ipê Florido (Tocantins)
  • 1984 - Jeitão de Caipira (Tocantins)
  • 1986 - Cadeia de Papel (Tocantins)
  • 1989 - Mãe de Carvão (Tocantins)
  • 1994 - Som da Terra (Chantecler/Warner)
  • 1994 - Som da Terra - Segunda Edição (Chantecler/Warner)
  • 1996 - Ano 2000 (Tocantins)
  • 1997 - Tardes Morenas de Mato Grosso (Tocantins)
  • 1997 - O Rei do Gado (Tocantins)
  • 1997 - Raízes Sertanejas (EMI)
  • 1997 - Liu & Léo (Sabía)
  • 1997 - Luar do Sertão (RCA/BMG)
  • 1999 - Saudade da Minha Terra (Allegretto)
  • 2000 - Raízes da Música Sertaneja (Chantecler/Warner)
  • 2001 - Grandes Sucessos - Volume 01 (Movieplay)
  • 2001 - Grandes Sucessos - Volume 02 (Movieplay)
  • 2001 - Sucessos que Sempre Marcam (Chantecler/Warner)
  • 2001 - O Ipê Florido (Tocantins)
  • 2002 - Adeus Minha Terra (Tocantins)
  • 2002 - Alma Sertaneja (EMI)
  • 2002 - Jeitão de Caboclo (Atração)
  • 2003 - O Dom De Ser Caipira (Com Zico & Zéca e As Galvão)
  • 2007 - 50 anos (Laser Records)
  • 2012 - Liu & Leu - 60 anos (Radar Records)

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Graça Araújo

MARIA GRACILANE ARAÚJO DA SILVA
(62 anos)
Jornalista e Apresentadora de Televisão

☼ Itambé, PE (02/04/1956)
┼ Recife, PE (08/09/2018)

Maria Gracilane Araújo da Silva, mais conhecida como Graça Araújo, foi uma jornalista e apresentadora de televisão, nascida em Itambé, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, PE, no dia 02/04/1956.

Aos três anos de idade foi morar com a família em São Paulo, que buscava trabalho, onde estudou em escolas públicas. Teve toda sua formação escolar e acadêmica em São Paulo, numa época em que muitos nordestinos migravam para a região sul e sudeste.

Aos 14 anos, já trabalhava para ajudar em casa. A jornada profissional começou cedo. Tinha que ajudar a família.
"Trabalhei como embaladora de enxoval de bebê, em uma fábrica de brinquedos e até em banco!"
O interesse pela área da comunicação surgiu na época em que trabalhava como secretária de uma revista.
"Antes eu queria ser médica, como todo filho de família pobre que quer ajudar as pessoas. Mas achei no jornalismo a oportunidade de trabalhar o compromisso social" 

Formou-se em Jornalismo pela Faculdade Integrada Alcântara Machado em 1987 e voltou ao Pernambuco em busca de experiência profissional, fazer um estágio e depois voltar pra São Paulo. Acabou ficando.

O primeiro trabalho na capital pernambucana foi na rádio Transamérica. Em seguida, foi para a Rádio Clube. Passou pela TV Manchete, TV Pernambuco e se tornou chefe de reportagem da TV Jornal, afiliada do SBT em 1992. Na emissora, ajudou na formatação do TV Jornal Meio-Dia, do qual foi âncora por 26 anos. Na época, Graça Araújo era a única apresentadora negra na televisão pernambucana.

Há 20 anos, Graça Araújo trabalhava na afiliada do SBT em Recife. Começou como chefe de reportagem depois passou a apresentar o "Jornal do Meio-dia" de segunda a sexta, às 11h40. Na hora do almoço, o telespectador fica sabendo das principais notícias de Pernambuco: Os fatos do dia, além das denúncias de problemas e a cobrança de soluções, em quadros como o "Boca no Trombone" e o "Proteste Meio-Dia o Telespectador Tem Voz".

Em 2008 o rádio voltou a fazer parte da sua atividade profissional. Surgiu o convite para integrar a Rádio Jornal, pertencente ao Sistema JC de Comunicação, e apresentar o programa "Rádio Livre e o Consultório de Graça", que reunia, diariamente, médicos para abordar diferentes temas relacionados à saúde.


Quando a Rádio Jornal mudou para a frequência modulada, o alcance do programa cresceu ainda mais. Na emissora também participou do quadro "Passando a Limpo", onde ela juntamente com Geraldo Freire, Wagner Gomes e Rafael Souza, comentavam e davam sua opinião sobre os assuntos mais relevantes do dia.

Em fevereiro de 2010 recebeu o título de Cidadã do Recife da Câmara Municipal. O projeto de lei foi uma iniciativa do vereador Aerto Luna (PRP). Antes já havia sido homenageada com a Medalha José Mariano.

Em entrevista publicada no site da TV Jornal em novembro de 2011, a apresentadora falou sobre sua escolhe de ser jornalista.
"Eu vi que o jornalismo é capaz de curar muitas feridas profundas, fazer transformações. Isso se você faz teu trabalho com responsabilidade, com ética e com disciplina, né?"
Eleita em 2015 entre os "Mais Admirados Jornalistas Brasileiros" está no destaque dos 10 mais admirados da Regional Nordeste. A votação é uma realização do Jornalistas&Cia em parceria com a Maxpress.

Na vida pessoal, era conhecida por fazer atividades físicas e participar de corridas, conquistando várias medalhas. Nas suas redes sociais, era comum ver fotos da apresentadora praticando exercícios na academia ou correndo ao ar livre. Ela chegou a disputar a Maratona de São Silvestre, em São Paulo, onde estreou em 2010, e a Maratona de Paris.

Morte

Graça Araújo fazia exercícios físicos em uma academia na Zona Sul do Recife, na noite de quinta-feira, 06/09/2018, quando passou mal e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Na noite em que foi internada, o estado de saúde dela era considerado grave pelos médicos. Na quinta-feira, o hospital informou que o quadro clínico da paciente passou para gravíssimo.

No sábado, 08/09/2018, o hospital informou, pouco depois das 11h00, que o quadro clínico da paciente se mantinha inalterado e ela continuava respirando com a ajuda de aparelhos.

Graça Araújo faleceu aos 62 anos, nas dependências do Hospital Esperança no dia 08/09/2018, às 12h55, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico extenso, sofrido no início da noite de 06/09/2018, quando realizava exercícios em uma academia na Zona Sul de Recife.

O velório aconteceu no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, onde o corpo chegou por volta das 18h40. Depois das homenagens prestadas por parentes, amigos e fãs durante a manhã e a tarde do domingo, 09/09/2018, houve uma cerimônia de cremação do corpo.

Segundo a neurologista Silvia Laurentino, Graça estava em coma profundo e estava sendo monitorada para uma possível doação de órgãos, desejo sinalizado pela família.
"Estávamos monitorando para entrar em contato com a central de transplantes e estava tudo ok!"
No entanto, o funcionamento irregular dos órgãos foi notado pela equipe do hospital.
"O coração começou a bater muito fraquinho e a pressão caiu subitamente. Nessas condições não houve tempo de fazer o contato para todo preparo para doação de órgãos!"
Fonte: Wikipédia e G1
#FamososQuePartiram #GracaAraujo

Jamil Haddad

JAMIL HADDAD
(83 anos)
Médico e Político

* Rio de Janeiro, RJ (02/04/1926)
+ Rio de Janeiro, RJ (11/12/2009)

Foi deputado estadual, prefeito, senador, deputado federal e ministro da Saúde.

Médico formado pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1949, com especialização em ortopedia, ingressou na vida política em 1966, quando foi eleito deputado estadual pela aliança entre o PTB e o PSB. Reeleito em 1966, filiou-se ao MDB, mas teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos.

Em 1983, filiado ao PDT (desde 1979), foi indicado pelo governador Leonel Brizola para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, permanecendo no cargo de março a dezembro daquele ano, quando renunciou, por discordar do projeto político executado pelo seu partido, que buscava maiores aproximações com o PMDB e o PTB.

Em 1985, com a eleição de Saturnino Braga como prefeito, assumiu uma cadeira no Senado na condição de suplente. Já era então filiado ao PSB, partido que presidiu entre 1986 e 1993. Em 1990, com o fim de seu mandato como senador, foi eleito deputado federal.

Em 1992, foi convidado pelo presidente Itamar Franco para assumir o ministério da Saúde, onde ampliou a abrangência do Sistema Único de Saúde e criou os medicamentos genéricos pelo Decreto nº 793, de 5 de abril de 1993 que determinava a existência da denominação do componente ativo nas embalagens dos medicamentos em tamanho maior que a marca. Em 1994, com o rompimento do PSB com o governo Itamar Franco, deixou o ministério.

Em 2003, já no governo Lula, assumiu a direção geral do INCA, cargo que ocupou durante cinco meses, sendo exonerado por pressões políticas.

Jamil Haddad, que tinha 83 anos, faleceu de causas naturais em sua residência no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia

Dener

DENER AUGUSTO DE SOUSA
(23 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (02/04/1971)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/04/1994)

Em 1982, aos onze anos, Dener entrou pela primeira vez no Estádio do Canindé para defender a equipe mirim da Portuguesa de Desportos. Quatro anos mais tarde, teve de abandonar o sonho de fazer carreira no futebol para ajudar a mãe com as despesas de casa.

Órfão de pai desde os oito anos, Dener e os irmãos tiveram de começar a trabalhar para ajudar no sustento da família. Ele estudava pela manhã, trabalhava à noite e jogava futebol por cachê na Vila Maria, pelo Colégio Olavo Bilac.

Em 1988 voltou a treinar nas categorias de base da Portuguesa de Desportos, após uma passagem frustrada de dois meses pelo São Paulo. O treinador Antônio Lopes, na época treinador da equipe sênior, promoveu o jogador à categoria mesma equipe, transformando-o em profissional. Dener treinava entre os sêniores e ainda jogava pelo juniores, e foi assim que levou a Portuguesa de Desportos ao primeiro título do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991, sendo no fim eleito o melhor jogador do campeonato.

Com apenas 20 anos o jogador teve a sua primeira oportunidade com a camisa da Seleção Brasileira e em 27/03/1991, contra a Seleção Argentina em Buenos Aires, fez a sua estréia.

Em 1993 Dener foi emprestado por seis meses ao Grêmio onde conquistou o seu primeiro título numa equipe profissional. No fim do empréstimo, o jogador retornou à Portuguesa de Desportos para disputar o Campeonato Brasileiro.

No ano seguinte o jogador foi novamente emprestado, agora para um clube carioca, o Vasco da Gama. Este seria o seu último clube até a sua prematura morte.


Morte Prematura

Na época em que estava no Rio de Janeiro, Dener sofreu um grave acidente que lhe tirou a vida. Ele voltava de São Paulo, onde havia se reunido com dirigentes da Portuguesa de Desportos e do Stuttgart, da Alemanha, para uma futura transferência, e passado o fim de semana com a família, quando o seu carro, dirigido pelo amigo Oto Gomes, perdeu a direção e chocou-se com uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O jovem jogador viajava dormindo no banco do carona do seu Mitsubishi Eclipse e foi sufocado pelo cinto de segurança, terminando tragicamente uma carreira promissora. Investigações posteriores descobriram que Dener deixou o banco inclinado demais, anulando a eficiência do cinto. Mesmo assim, a morte do jogador de futebol fez com que muitos jovens passassem a recusar o uso do dispositivo de segurança, que se tornaria obrigatório em 1998.


Após a Morte

Em homenagem ao jogador, no mesmo ano da sua morte, foi disputada a Copa Dener, torneio reunindo Cruzeiro, Atlético, ambos de Minas Gerais, Botafogo e Vasco, do Rio de Janeiro, Portuguesa e Santos, sendo que o Santos sagrou-se campeão ao vencer o Atlético Mineiro por 4x2.

Também em homenagem ao jogador, uma placa foi colocada no local do acidente e registra que ali Dener Augusto de Sousa perdeu a vida.

Dener deixou viúva e três filhos. Após sua morte, a família que tinha direito a parte do dinheiro do seguro do jogador foi surpreendida com a notícia de que o jogador não tinha um seguro pois o Vasco da Gama, clube responsável no contrato a tratar do seguro, não fez qualquer seguro em nome dele. A família reclamou na justiça os seus direitos e após dez anos de julgamento o tribunal decidiu em definitivo que o Vasco da Gama deveria pagar à família e à Portuguesa de Desportos quantia referente ao seguro. A Portuguesa recebeu a sua parte, porém a família do atleta precisou mover uma ação judicial contra o Vasco da Gama para receber o dinheiro, pois o clube não reconhecia Luciana Gabino como esposa legítima de Dener, pois, apesar de estar com o jogador desde os 18 anos e de ser a mãe dos seus filhos, não era oficialmente casada com ele. Após treze anos de disputas judiciais, o clube e a viúva de Dener chegaram a um acordo para o pagamento da dívida.

Dener, ao lado de Valdir, comemora seu último título

Títulos

Portuguesa
1991 - Copa São Paulo de Futebol Júnior

Grêmio
1993 - Campeonato Gaúcho de Futebol

Vasco da Gama
1994 - Campeonato Carioca de Futebol (Póstumo)

Fonte: Wikipédia

Chico Xavier

FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
(92 anos)
Médium e Célebre Divulgador do Espiritísmo

* Pedro Leopoldo, MG (02/04/1910)
+ Uberaba, MG (30/06/2002)

Francisco de Paula Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier, foi um médium e um dos mais importantes divulgadores do espiritismo no Brasil. O seu nome de batismo Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de Francisco Cândido Xavier logo que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.

Nascido no seio de uma família humilde, era filho de João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus, uma dona de casa. Segundo biógrafos, a mediunidade de Chico Xavier teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.

Lar de Chico Xavier na infância
Os Abusos da Madrinha

A mãe faleceu quando Chico Xavier tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes, Chico Xavier foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe, Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o "menino tinha o diabo no corpo".

Chico Xavier adolescente
Não se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita de Cássia passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade. O menino viu-a após uma prece, junto à sombra de uma bananeira no quintal da casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava-lhe "paciência, resignação e fé em Jesus".

A madrinha ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida incurável na perna. Rita de Cássia decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno Chico Xavier. Revoltado com a imposição, Chico Xavier conversou novamente com o espírito da mãe, que o aconselhou a "lamber com paciência". O espírito explicou-lhe que a simpatia "não é remédio, mas poderia aplacar a ira da madrinha", esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Chico Xavier.

Cidália Batista a madrasta de Chico Xavier
A Madrasta

O seu pai casou-se novamente e a nova madrasta, Cidália Batista, exigiu a reunião dos nove filhos. Chico Xavier tinha então sete anos. O casal teve ainda mais seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola pública. Nesse período, o espírito de Maria João parou de manifestar-se. O jovem Chico Xavier, para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo os legumes da horta da casa.

Na escola, como na igreja, as faculdades paranormais de Chico Xavier continuaram a causar-lhe problemas. Durante uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem, que lhe ditou as composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria professora não se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso estadual de composições escolares comemorativas do centenário da Independência do Brasil, em 1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os seus dons, Chico Xavier submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação, com o auxílio de um espírito, sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que realizou com êxito.

A madrasta Cidália pediu a Chico Xavier que consultasse o espírito da falecida mãe dele sobre como evitar que uma vizinha continuasse a furtar hortaliças e esta lhe disse para torná-la responsável pelo cuidado da horta, conselho que, posto em prática, levou ao fim dos furtos. Assustado com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo.

O padre Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a internação, tratando-se apenas de "fantasias de menino". Scarzelli simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe as leituras, tidas como motivo para as fantasias, e a colocá-lo no trabalho. Chico Xavier, então, ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas para o resto da vida.

No ano de 1924, terminou o antigo curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em horários extensos. Apesar de católico devoto e das incontáveis penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.

O Contato Com a Doutrina Espírita

Em 1927, então com dezessete anos de idade, Chico Xavier perdeu a madrasta Cidália e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo,  Chico Xavier iniciou-se no estudo do espiritismo.

No mês de maio desse mesmo ano, recebeu nova mensagem de sua mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das obras de Allan Kardec e o cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de propriedade de seu irmão. Em julho, por orientação dos espíritos seus mentores, iniciou-se na prática da psicografia, escrevendo dezessete páginas. Nos quatro anos subsequentes, aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro "Parnaso de Além-Túmulo", ela somente tenha ganho maior clareza em finais de 1931.

Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em 1928, começou a publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos "O Jornal", do Rio de Janeiro, e "Almanaque de Notícias", de Portugal.

As Primeiras Obras

Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra "Parnaso de Além-Túmulo". Esse ano, que marca a "maioridade" do médium, é o ano do encontro com seu mentor espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma árvore, na beira de uma represa...". O mentor informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros e explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições: "disciplina, disciplina e disciplina".

Severo e exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus Cristo e a Allan Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publius Lentulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.

Em 1932, foi publicado o "Parnaso de Além-Túmulo" pela Federação Espírita Brasileira. A obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto à imprensa e à opinião pública brasileira e causou espécie entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um "modesto escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos críticos.

Os direitos autorais das suas obras são concedidos à Federação Espírita Brasileira. Nesse período, inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda nesse período, descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos seus mentores, Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos.

Continuou com o seu emprego de escrevente-datilógrafo na Fazenda Modelo da Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, iniciado em 1935 e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. O administrador da fazenda era o engenheiro agrônomo Rômulo Joviano, também espírita, que além de conseguir o emprego para Chico Xavier, o ajudava a ter a paz necessária para os trabalhos de psicografia, além de acompanhar as sessões do Centro Espírita Luís Gonzaga, do qual se tornaria presidente. Foi justamente no período em que psicografava nos porões da casa de Joviano que foi escrita uma de suas maiores obras, intitulada "Paulo e Estevão". Paralelamente, iniciou uma longa série de recusas de presentes e distinções, que perdurará por toda a vida, como por exemplo a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em testamento, repassada pelo médium à Federação Espírita Brasileira.

Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações. Souto Maior relata uma tentativa de "linchamento pelos espíritos", bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada "prova", comum em histórias de santidade.

O Processo da Viúva de Humberto Campos

No decorrer da década de 1930, destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a Emmanuel e da obra "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", atribuída ao espírito de Humberto de Campos, onde a história do Brasil é interpretada de forma mítica e teológica. Essa última obra trouxe como consequência uma ação judicial movida pela viúva do escritor, que pleiteou por essa via direitos autorais pelas obras psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso escritor maranhense.

A defesa do médium foi suportada pela Federação Espírita Brasileira e resultou, posteriormente, no clássico "A Psicografia Perante os Tribunais", do advogado Miguel Timponi. Em sua sentença, o juiz decidiu que os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida do autor, não havendo condição de o tribunal se pronunciar sobre a existência ou não da mediunidade. Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o nome do escritor falecido foi substituído pelo pseudônimo Irmão X.

Nesse período, Chico Xavier ingressou no serviço público federal, como auxiliar de serviço no Ministério da Agricultura. Vale salientar que, em toda a sua carreira como funcionário público, não existe registro de qualquer falta ao serviço.

Nosso Lar

Em 1943, vem a público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance "Nosso Lar", o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium, que no ano de 2010 se tornou um filme. Esse é o primeiro de uma série de livros cuja autoria é atribuída ao espírito André Luiz.

Nesse período, a celebridade de Chico Xavier é crescente e cada vez mais pessoas o procuram em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo em um centro informal de peregrinação. Tendo morrido na miséria o seu antigo patrão, José Felizardo, o médium empenha-se em arranjar-lhe um sepultamento digno, pedindo doações de casa em casa para esse fim. De acordo com o seu biógrafo Ubiratan Machado, "...até mesmo um mendigo cego doou-lhe toda a féria do dia".

O Caso Amauri Pena

Em 1958, o médium viu-se no centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias de um sobrinho, Amauri Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, ele mesmo médium psicógrafo, anunciou-se pela imprensa como falso médium, um imitador muito capaz, acusação que estendeu ao tio. Chico Xavier defendeu-se, negando ter qualquer proximidade com o sobrinho. Já com antecedentes de alcoolismo e com sérios remorsos pelos danos causados à reputação do tio, Amauri Pena foi internado num sanatório psiquiátrico em São Paulo, onde veio a falecer.

Waldo Vieira
A Parceira Com Waldo Vieira

No mesmo período, Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois. Em 1959, estabeleceu residência em Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam a década de 60, como o sexo, as drogas, a questão da juventude, a tecnologia, as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com esperança de um contato com parentes falecidos. Nesse período, popularizam-se os livros de "mensagens": cartas ditadas a familiares por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos e roupas para os pobres da cidade.

Em 22 de maio de 1965, Chico Xavier e Waldo Vieira viajaram para Washington, Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de Salim Salomão Haddad, presidente do centro Christian Spirit Center, e sua esposa Phillis, estudaram inglês e lançaram o livro "Ideal Espírita", com o nome de "The World of The Spirits".

No alvorecer da década de 70, Chico Xavier participou de programas de televisão que alcançaram picos de audiência. Nessa década, além da catarata e dos problemas de pulmões, passou a sofrer de angina. Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.

As Décadas de 80 e 90

Em 1981, foi proposto para o Prêmio Nobel da Paz, que não ganhou. Nesse período, a sua fama ampliou-se no exterior, com diversas de suas obras sido vertidas em diversas línguas, assim como ganhou adaptações para telenovelas. Ao final da década de 90, o médium contava com mais de quatrocentos títulos de livros psicografados. Nesse período, estimava-se em aproximadamente cinquenta milhões os livros espíritas circulando no Brasil, dos quais quinze milhões eram atribuídos a Chico Xavier e doze milhões a Allan Kardec.

No ano de 1994, o tablóide estadunidense National Examiner publicou uma matéria em que, no título, declarava que "Fantasmas Escritores Fazem Romancista Milionário". A matéria foi alardeada no Brasil com destaque pela hoje extinta revista Manchete, com o título de "Secretário dos Fantasmas", onde se declarava que, segundo informava a National Examiner, o médium brasileiro ficou milionário, havendo ganho 20 milhões de dólares como "Secretário dos Fantasmas".

A revista Manchete continuava: "Segundo o jornal, ele é o primeiro a admitir que os 380 livros que lançou são de 'ghost-writers', mas 'ghosts' mesmo, em sentido literal", concluindo que Chico Xavier simplesmente transcreve as obras psicografadas de mais de 500 escritores e poetas mortos e enterrados.

O médium não respondeu, mas a Federação Espírita Brasileira, por seu então Presidente Juvanir Borges de Souza, editora de boa parte das obras de Chico Xavier, enviou uma carta à revista em que informava utilizar os direitos autorais e a remuneração pelas obras de Francisco Cândido Xavier para uso da caridade, o mesmo se passando com outras editoras, ressaltando que "os direitos autorais são cedidos gratuitamente, visando a tornar o livro espírita bastante acessível e a contribuir, destarte, para a difusão da Doutrina Espírita".

O mesmo Presidente da Federação Espírita Brasileira, em 4 de outubro daquele ano, por ocasião do I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma "moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier", aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, em proposta apresentada pelo presidente da Federação Espírita do Estado de Sergipe. No documento, as entidades representativas do espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e respeito ao médium "pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus semelhantes".

Morte

O médium faleceu aos 92 anos de idade, em decorrência de Parada Cardiorrespiratória, no dia 30 de junho do ano de 2002, mesma data da morte de Chacrinha. Conforme relatos de amigos e parentes próximos, Chico Xavier teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes e em que o país estivesse em festa, por isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da Copa do Mundo de Futebol daquele ano, no dia de seu falecimento. Chico Xavier morreu cerca de nove horas depois da partida Brasil x Alemanha.

Homenagens

Chico Xavier  foi eleito o mineiro do século XX, seguido por Santos Dumont e Juscelino KubitschekRecentemente, iniciou-se a construção de um centro em sua homenagem.

Filme Biográfico

Em 2 de abril de 2010, data em que Chico Xavier completaria 100 anos, estreou "Chico Xavier, O Filme", baseado na biografia "As Vidas de Chico Xavier", do jornalista Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta Daniel Filho, Chico Xavier é retratado pelos atores Matheus Costa, Ângelo Antônio e Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969 a 1975.

Psicografias

Chico Xavier psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile. Psicografou cerca de dez mil cartas de mortos para suas famílias. Cedeu os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade desde o primeiro livro.

Suas obras são publicadas pelo Centro Espírita União, Casa Editora O Clarim, Edicel, Federação Espírita Brasileira, Federação Espírita do Estado de São PauloFederação Espírita do Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio, Grupo Espírita Emmanuel S/C Editora, Comunhão Espírita Cristã, Instituto de Difusão Espírita, Instituto de Divulgação Espírita André Luiz, Livraria Allan Kardec Editora, Editora Pensamento e União Espírita Mineira. Mesmo não tendo ensino completo, ele escrevia em torno de seis livros por ano, dentre eles livros de romances, contos, filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias etc. É o escritor mais lido da América Latina.


Seu primeiro livro, "Parnaso de Além-Túmulo", com 256 poemas atribuídos a poetas mortos, dentre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro e os brasileiros Olavo Bilac, Cruz e Sousa e Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em 1932. O livro gerou muita polêmica nos círculos literários da época. O de maior tiragem foi "Nosso Lar", publicado no ano de 1944, atualmente com mais de dois milhões de cópias vendidas, atribuído ao espírito André Luiz, sendo o primeiro volume da coleção de dezessete obras, todas psicografadas por Chico Xavier, algumas delas em parceria com o médico mineiro Waldo Vieira.

Uma de suas psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso de Goiânia em que José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo, Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz, que aceitou como prova válida, entre outras que também foram apresentadas pela defesa, um depoimento da própria vítima, já falecida, através de texto psicografado por Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de 1979, na cidade de Goiânia, Goiás. Assim, o presumido espírito de Maurício teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um acidente.

Acusações de Fraude

Durante décadas, Chico Xavier produziu cartas psicografadas para pais e mães que o procuravam para ter notícias de seus filhos no além. Segundo um estudo da Associação Médico-Espírita de São Paulo, de 1990, nomes de parentes apareciam em 93% das cartas e 35% delas tinham assinaturas semelhantes às dos falecidos. Sempre havia citações que davam impressão de familiaridade aos leitores a quem eram dirigidas.

A fonte dessas informações sempre esteve sob suspeita. Mesmo assim eram tidas como legítimas pelos familiares e chegaram a ser usadas como provas em três julgamentos.

Além das cartas, houve a polêmica com os muitos livros de poesia e prosa que Chico Xavier produziu em nome de espíritos de escritores famosos do Brasil como Olavo Bilac e Castro Alves. Chico Xavier colecionava cadernos com recortes de textos e poesias, notadamente dos autores espirituais que o procuravam.

O verdadeiro escândalo veio quando Amauri Pena Xavier, sobrinho de Chico Xavier, disse poder imitar as psicografias dele com truques e acusou o tio de ser também um impostor. Depois, sentindo-se culpado, ele retirou a acusação.

Durante os transes mediúnicos, eletroencefalogramas do médium mostraram que ele apresentava características clínicas que variavam da epilepsia à criptomnésia. Clinicamente ele nunca foi epiléptico.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ChicoXavier

Clara Nunes

CLARA FRANCISCA GONÇALVES PINHEIRO
(40 anos)
Cantora

☼ Caetanópolis, MG (12/08/1942)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/04/1983)

Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes, foi uma cantora nascida em Caetanópolis, MG, no dia 12/08/1942, considerada uma das maiores intérpretes do país.

Pesquisadora da Música Popular Brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara também viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, ela se converteu à umbanda. Clara seria uma das cantoras que mais gravaria canções dos compositores da Portela, sua escola do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam discos.

Caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, Clara nasceu no interior de Minas Gerais, no distrito de Cedro - à época pertencente ao município de Paraopeba e depois esse distrito virou cidade e foi emancipado com o nome de Caetanópolis, onde viveu até os 16 anos.

Marceneiro na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, o pai de Clara era conhecido como Mané Serrador e também era violeiro e participante das festas de Folia de Reis. Mas Manuel morreu em 1944 e, pouco depois, Clara ficaria também órfã de mãe e acabaria sendo criada por sua irmã Maria Gonçalves, a Dindinha, e o irmão José, conhecido como Zé Chilau. Naquela época, Clara participava de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística. Lá também cantava ladainhas em latim no coro da igreja.

Segundo as suas próprias palavras, cresceu ouvindo Carmen Costa, Angela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.

Em 1952, ainda menina, Clara venceu seu primeiro concurso de canto organizado em sua cidade, interpretando "Recuerdos de Ypacaraí". Como prêmio, ganhou um vestido azul. Aos 14 anos, ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira, a mesma para o qual seu pai trabalhou.

Teve que se mudar para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim, por causa do assassinato de um namorado, cometido em 1957 por seu irmão Zé Chilau. Em Belo Horizonte, Clara trabalhou como tecelã durante o dia e fez o curso normal à noite.

Aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Naquela época, conheceu o violonista Jadir Ambrósio, conhecido por ter composto o hino do Cruzeiro. Admirado com a voz da jovem de 16 anos, Jadir Ambrósio levou Clara a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual ela se apresentou com o nome de Clara Francisca.

Mudança de Nome

No início da década de 1960, Clara conheceu também Aurino Araújo, irmão de Eduardo Araújo, que a levou para conhecer muitos artistas. Aurino também seria seu namorado durante dez anos. Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes, usando o sobrenome da mãe. Quando solteira se chamava Clara Francisca Gonçalves de Araújo, depois de casada que adotou o sobrenome Pinheiro.

Em 1960, já com o nome de Clara Nunes e ainda como tecelã, ela venceu a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, com a música "Serenata do Adeus" (Vinicius de Moraes), gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Na final nacional do concurso realizada em São Paulo, Clara Nunes obteve o terceiro lugar com a canção "Só Adeus" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia).

A partir daí, Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Ela também passou a se apresentar como crooner em clubes e boates na capital mineira e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento, àquela altura conhecido como Bituca.

Naquela época, fez sua primeira apresentação na televisão, no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte.

Em 1963, Clara Nunes ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, chamado "Clara Nunes Apresenta" e exibido por um ano e meio. No programa se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, entre os quais Altemar DutraAngela Maria.

Clara Nunes morou em Belo Horizonte até 1965, quando se mudou para o Rio de Janeiro, passando a viver no bairro de Copacabana.

Os Primeiros Discos

Já no Rio de Janeiro, Clara Nunes se apresentava em vários programas de televisão, como "José Messias", "Chacrinha", "Almoço Com as Estrelas" e "Programa de Jair do Taumaturgo". Antes de aderir ao samba, Clara Nunes cantava especialmente boleros. Além de emissoras de rádios e televisão, ela também percorreu escolas de samba, clubes e casas noturnas nos subúrbios cariocas.

Ainda em 1965, ela passou por um teste como cantora na gravadora Odeon, onde registrou pela primeira vez a sua voz em um LP. O disco foi lançado pela Rádio Inconfidência, onde Clara Nunes trabalhou quando morava em Belo Horizonte, e contava com a participação de outros artistas, todos da Odeon.

Em 1966, Clara Nunes foi contratada por esta gravadora, a primeira e a única em toda a sua vida. Nesse mesmo ano, foi lançado o primeiro LP oficial da cantora, "A Voz Adorável de Clara Nunes". Por insistência da gravadora para que ela interpretasse músicas românticas, Clara  Nunes apresentou neste álbum um repertório de boleros e sambas-canções, mas o LP foi um fracasso comercial.

Em 1968, Clara Nunes gravou "Você Passa e Eu Acho Graça", seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título de Ataulfo Alves e Carlos Imperial foi seu primeiro grande sucesso radiofônico.

Em 1969, a Odeon lançou "A Beleza Que Canta", LP no qual a cantora interpretou "Casinha Pequena", uma canção de domínio público. Ainda em 1969, Clara Nunes ganhou o primeiro lugar no I Festival da Canção Jovem de Três Rios com a música "Pra Que Obedecer" (Paulinho da Viola e Luís Sérgio Bilheri) e ainda classificou a canção "Encontro" (Elton Medeiros e Luís Sérgio Bilheri) na terceira colocação. Ficou em oitavo lugar no IV Festival Internacional da Canção Popular com a música "Ave Maria do Retirante" (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo), que foi lançada naquele mesmo ano em disco homônino.

Afirmação no Samba

Em 1970, Clara Nunes se apresentou em Luanda, capital angolana, em convite de Ivon Curi. No ano seguinte, a cantora gravou seu quarto LP, no qual interpretou "É Baiana" (Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), música que obteve considerável sucesso no carnaval de 1971, e "Ilu Ayê", samba-enredo da Portela, de autoria de Norival Reis e Silvestre Davi da Silva. Na capa do álbum, a cantora mineira fez um permanente nos cabelos pintados de vermelho e passou a partir daí a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.

Em 1972, Clara Nunes se firmou como cantora de samba com o lançamento do álbum "Clara Clarice Clara". Com arranjos e orquestrações do maestro Lindolfo Gaya e com músicos como o violonista Jorge da Portela e Carlinhos do Cavaco. O disco teve como grandes destaques as canções "Seca do Nordeste", um samba-enredo da escola de samba Tupi de Brás de Pina, "Morena do Mar" (Dorival Caymmi), "Vendedor de Caranguejo" (Gordurinha), "Tributo aos Orixás" (Mauro Duarte, Noca da Portela e Rubem Tavares) e a faixa-título "Clara Clarice Clara" (Caetano Veloso e Capinam). Ainda naquele ano, Clara Nunes se apresentou no Festival de Música de Juiz de Fora e gravou um compacto simples da música "Tristeza, Pé no Chão" (Armando Fernandes), que vendeu mais de 100 mil cópias.

A Odeon lançou em 1973 o disco "Clara Nunes". Nesse mesmo ano, a cantora estreou com Vinicius de Moraes e Toquinho o show "O Poeta, a Moça e o Violão" no Teatro Castro Alves, em Salvador. Também em 1973, Clara Nunes foi convidada pela Radiotelevisão Portuguesa para fazer uma temporada em Lisboa. Depois, percorreu alguns outros países da Europa, como a Suécia, onde gravou um especial ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo para a TV local.

Sucesso Comercial

Clara Nunes integrou a comissão que representou o Brasil no Festival do Midem, em Cannes no ano de 1974. Por lá, a Odeon lançou somente para o público europeu o disco "Brasília", que foi base para o LP "Alvorecer". Este álbum emplacou grandes sucessos como "Contos de Areia" (Romildo S. Bastos e Toninho Nascimento), "Menino Deus" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e "Meu Sapato Já Furou" (Mauro Duarte e Elton Medeiros). O LP bateu recorde de vendagem para cantoras brasileiras, com mais de 300 mil cópias vendidas, um feito nunca antes registrado no Brasil. Ainda em 1974, a cantora atuou ao lado de Paulo Gracindo, em "Brasileiro Profissão Esperança", espetáculo de Paulo Pontes, referente à vida da cantora e compositora Dolores Duran e do compositor e jornalista Antônio Maria. O show ficou em cartaz no Canecão até 1975 e gerou o disco homônimo.

Também em 1975, a Odeon lançou ainda o LP "Claridade" com grandes sucessos como "O Mar Serenou" (Candeia) e "Juízo Final" (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). Este álbum se tornou o maior sucesso da carreira da cantora, batendo o recorde de vendagem feminina e alavancando o samba-enredo da "Portela na Avenida", "Macunaíma", "Herói da Nossa Gente" (Norival Reis e Davi Antônio Correia), com o qual a escola classificou-se em 5º lugar no Grupo 1. Ainda em 1975, Clara Nunes se casou com o poeta, compositor e produtor Paulo César Pinheiro e percorreu vários países da Europa em turnê.

Clara Nunes gravou o LP "Canto das Três Raças" em 1976. Além da faixa-título de autoria de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, grande sucesso na carreira da cantora, o disco contava ainda com "Lama" (Mauro Duarte), "Tenha Paciência" (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), "Riso e Lágrimas" (Nelson Cavaquinho, Rubens Brandão e José Ribeiro), "Fuzuê" (Romildo e Toninho) e "Retrato Falado" (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro).

Em 1977, a Odeon lançou o disco "As Forças da Natureza", um álbum mais dedicado ao Partido Alto. O LP teve como principais destaques a faixa-título, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, "Coração Leviano" (Paulinho da Viola) e "Coisa da Antiga" (Wilson Moreira e Nei Lopes). O disco ainda contou com a participação de Clementina de Jesus na faixa "PCJ - Partido da Clementina de Jesus" (Candeia) e lançou "À Flor da Pele", primeira composição de Clara Nunes, feita em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro.

Em 1978, foram lançados os álbuns "Guerreira", no qual Clara Nunes interpretou vários ritmos brasileiros além do samba, sua marca registrada, e "Esperança", com destaque para a faixa "Feira de Mangaio" (Sivuca e Glorinha Gadelha). Ainda em 1978, participou do LP "Vida Boêmia", de João Nogueira, no qual interpretou "Bela Cigana" (João Nogueira e Ivor Lancellotti), e esteve ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia e outros artistas, no show do Riocentro, que marcaria a história política brasileira devido à explosão de uma bomba.

Em 1979, Clara Nunes participou do LP "Clementina", de Clementina de Jesus. Naquele mesmo ano, a cantora mineira se submetia a uma Histerectomia (remoção do útero), após sofrer três abortos espontâneos, por causa dos miomas que possuía no útero. Também carregava problemas desse tipo desde a infância. Ela tentou de todos os métodos e não obtinha respostas. Por nutrir obsessão pela maternidade, a impossibilidade de ser mãe a fez sofrer muito, causando a Clara Nunes fortes abalos emocionais, superados pela entrega absoluta à carreira artística, a fazendo compor músicas belíssimas e de intensa carga emocional.

Últimos Anos de Vida

Em 1980, Clara Nunes gravou o álbum "Brasil Mestiço", que fez sucesso nas emissoras de rádio de todo o país com "Morena de Angola" (Chico Buarque), "Brasil Mestiço, Santuário da Fé" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), "Peixe Com Côco" (Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), "Última Morada" (Noca da Portela e Natal) e "Viola de Penedo" (Luiz Bandeira). Ainda em 1980, a cantora participou dos LPs "Cabelo de Milho" (Sivuca), "Fala Meu Povo" (Roberto Ribeiro) e viajou para Angola representando o Brasil ao lado de Elba Ramalho, Djavan, Dorival Caymmi, Chico Buarque, entre outros.

Gravou em 1981 o LP "Clara", com grande sucesso para a música "Portela na Avenida" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), com a participação especial da Velha Guarda da Portela nesta faixa, e estreou o show "Clara Mestiça", por Bibi Ferreira. Ainda naquele ano, a Odeon lançou uma coletânea intitulada "Sucesso de Ouro".

Em 1982, a Odeon lançou "Nação", o último álbum de estúdio da cantora. O LP teve como destaques "Nação" (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio), "Menino Velho" (Romildo e Toninho), "Ijexá" (Edil Pacheco), "Serrinha" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) - uma homenagem dos compositores à escola de samba Império Serrano e ao Morro da Serrinha, reduto do Jongo (manifestação cultural de africanos essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil), situadas em Madureira, subúrbio carioca. Ainda nesse ano, Clara Nunes se apresentou na Alemanha ao lado de Sivuca e Elba Ramalho, e participou do LP "Kasshoku", lançado no Japão pela gravadora Toshiba / EMI, gravando um especial para a emissora de TV NHK.

Morte Polêmica

Em 05/03/1983, Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes, mas a cantora acabou tendo uma reação alérgica a um componente do anestésico. Clara Nunes sofreu uma parada cardiorrespiratória e permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

Neste ínterim, Clara Nunes foi vítima de uma série de especulações que circulavam na mídia sobre sua internação, entre elas inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio, surra de seu marido Paulo César Pinheiro, porem há quem diga que Clara Nunes teria sito vitima de trabalhos espirituais realizados pelo bruxo Tio Chico, em episódio semelhante ao ocorrido na morte de Elis Regina, no ano anterior.

Na madrugada do Sábado de Aleluia, dia 02/04/1983, a poucos meses de completar 40 anos, Clara Nunes entrou oficialmente em óbito, vítima de um choque anafilático.

A sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, na época, foi arquivada, o que geraria por muitos anos suspeitas sobre as causas da morte da cantora.

O corpo de Clara Nunes foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da escola de samba Portela. O sepultamento ocorreu no Cemitério São João Batista e foi acompanhado por uma multidão de fãs e amigos.

Em sua homenagem, a rua em Madureira onde fica a sede da Portela, sua escola de coração, recebeu seu nome.

Após a Morte

Em 1986, a Velha Guarda da Portela interpretou "Flor do Interior" (Manaceia), uma das muitas músicas feitas em homenagem à Clara Nunes, no disco "Doce Recordação", produzido por Katsunori Tanaka e lançado no Japão. Outro compositor, Aluízio Machado, da Império Serrano, também compôs a música "Clara" em homenagem à cantora.

Em 1988, Maria Gonçalves, irmã mais velha de Clara Nunes, que passou a criar a cantora quando esta tinha apenas quatro anos, reuniu várias peças do vestuário, adereços e objetos pessoais da cantora, e criou uma sala que abriga o acervo de sua obra em um espaço físico com cerca de 120 metros, anexado à creche que leva o seu nome em Caetanópolis, MG.

Em 1989, a gravadora EMI-Odeon produziu a coletânea "Clara Nunes, O Canto da Guerreira". Também naquele ano, o selo WEA lançou para o mercado estadunidense o álbum "O Samba: Brazil Classics 2", com vários artistas e incluindo Clara Nunes.

Três anos depois, a EMI-Odeon lançou "Série 2 em 1", compilação em CD de dois LPs: "Brasil Mestiço" e "Nação", e a gravadora norte-americana World Pacific lançou "Best Of Clara Nunes" no mercado dos Estados Unidos.

Em 1993, o selo Som Livre lançou "Clara Nunes - 10 Anos" - em lembrança ao décimo aniversário de morte da cantora - e a EMI-Odeon lançou pela "Série 2 em 1" os discos "Adoniran Barbosa" e "Adoniram Barbosa e Convidados", este último também contou com a participação de Clara Nunes.

Esta mesma gravadora lançaria em 1994 as coletâneas "O Canto da Guerreira", "O Canto da Guerreira Volume 2" e "Meus Momentos". Ainda em 1994, a gravadora Saci lançou o álbum "Homenagem a Mauro Duarte", que contou com a voz de Clara Nunes, uma de suas maiores amigas e a sua principal intérprete.

Em 1995, a Odeon lançou "Clara Nunes Com Vida", álbum produzido por Paulo César Pinheiro e José Milton, no qual foram acrescidas as vozes de outros artistas como Emílio Santiago, Martinho da Vila, Chico Buarque, Nana Caymmi, Roberto Ribeiro, João Bosco, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Alcione, Marisa Gata Mansa, Paulinho da Viola, Angela Maria e João Nogueira, fazendo duetos com Clara Nunes, e "O Talento de Clara Nunes", outra coletânea.

Em 1996, a EMI-Odeon reeditou a obra completa de Clara Nunes, que incluíam 16 discos com as capas reproduzidas do original, remasterizados no Estúdio Abbey Road, em Londres, considerado o melhor do mundo.

Em 1999, a cantora Alcione gravou "Claridade", um álbum com os maiores sucessos da carreira da amiga.

Em 2001, foi apresentado no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o musical "Clara Nunes Brasil Mestiço", e no ano seguinte foi lançado o livro "Velhas Histórias, Memórias Futuras" de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências à cantora.

Em comemoração aos seus 60 anos, que seriam completados em 2003, a gravadora DeckDisc lançou "Um Ser de Luz - Saudação à Clara Nunes", álbum produzido por Paulão Sete Cordas e que contou com a participação de diversos artistas interpretando parte de seu repertório, como Mônica Salmaso (Alvorecer), Élton Medeiros (Lama), Rita Ribeiro (Morena de Angola), Mart'nália (Ijexá), Fafá de Belém (Sem Compromisso), Renato Braz (Menino Deus e Nação), Falamansa (Feira de Mangaio), Monarco e Velha Guarda da Portela (Peixe Com Côco), Cristina Buarque (Derramando Lágrimas), Dona Ivone Lara (Juízo Final), Nilze Carvalho (A Deusa dos Orixás), Teresa Cristina (As Forças da Natureza), Pedro Miranda (Candongueiro), Alfredo Del Penho (Coisa da Antiga), Wilson Moreira (O Mar Serenou), Helen Calaça (Basta Um Dia) e ainda participações de Seu Jorge, Walter Alfaiate, Elza Soares, entre outros.

Instituto Clara Nunes foi fundado em 19/05/2005 pela irmã de Clara NunesMaria Gonçalves (Dindinha), conhecida na cidade como Mariquita, e está instalado no mesmo prédio onde funciona aCreche Clara Nunes e o Artesanato Ponto de Luz, que produz tapetes cuja venda ajuda na manutenção da Creche.

O Festival Cultural Clara Nunes faz parte dos eventos culturais da cidade e todo ano é realizado no mês de agosto, mês de nascimento de Clara Nunes.

Em agosto de 2006 a Prefeitura Municipal de Caetanópolis lançou o 1º Festival Cultural Clara Nunes. com o objetivo de desenvolver a cultura no município e região, e também resgatar a obra da cantora. Ainda em 2006 foi encontrada mais uma interpretação inédita de Clara Nunes. A composição "Quem Me Dera" (Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho) foi incluída no álbum póstumo de Maurício Tapajós"Sobras Repletas", que também trouxe uma outra composição, também em sua homenagem, desta vez feita em sua homenagem, "Surdina" (Maurício Tapajós e Cacaso).

Em 04/08/2007, na abertura do 2º Festival Cultural Clara Nunes, a Prefeitura Municipal de Caetanópolis inaugurou a Casa de Cultura Clara Nunes, onde havia sido o cinema da cidade e onde a Clara Nunes se apresentou pela primeira vez. Ainda em 2007, o jornalista Vagner Fernandes lançou a biografia "Clara Nunes - Guerreira da Utopia", que trouxe entrevistas com vários compositores e intérpretes, entre os quais Chico Buarque, Paulinho da Viola, Alcione, Hermínio Bello de Carvalho, Hélio Delmiro, Milton Nascimento, Monarco, Paulo César Pinheiro, além de familiares e amigos. A gravadora EMI lançou "Clara Nunes Canta Tom e Chico", coletânea na qual compilou algumas gravações de discos anteriores da cantora, entre elas "Apesar de Você", "Umas e Outras", "Desencontro", "Morena de Angola" e "Novo Amor"todas de Chico Buarque, "Insensatez" e "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), além de "Sabiá" (Tom e Chico).

Em 2010 foi realizado o 5º Festival Cultural Clara Nunes. A Casa de Cultura Clara Nunes, administrada pela Secretaria Municipal de Cultura, é local onde se realizam oficinas de dança, música, pintura e teatro, oferecidas gratuitamente à população. O Instituto Clara Nunes foi criado para administrar e zelar pelo acervo da cantora.

Discografia

  • 1966 - A Voz Adorável de Clara Nunes (Odeon)
  • 1968 - Você Passa e Eu Acho Graça (Odeon)
  • 1969 - A Beleza Que Canta (Odeon)
  • 1971 - Clara Nunes (Odeon)
  • 1972 - Clara Clarice Clara (Odeon)
  • 1973 - Clara Nunes (Odeon)
  • 1974 - Brasileiro Profissão Esperança (Odeon)
  • 1974 - Alvorecer (Odeon)
  • 1975 - Claridade (Odeon)
  • 1976 - Canto das Três Raças (EMI-Odeon)
  • 1977 - As Forças da Natureza (EMI-Odeon)
  • 1978 - Guerreira (EMI-Odeon)
  • 1979 - Esperança (EMI-Odeon)
  • 1980 - Brasil Mestiço (EMI-Odeon)
  • 1981 - Clara (EMI-Odeon)
  • 1982 - Nação (EMI-Odeon)

Ao Vivo


 Coletâneas

  • 1979 - Sucessos de Ouro (EMI-Odeon)
  • 1983 - Clara Morena (EMI-Odeon)
  • 1984 - Alvorecer (Som Livre)
  • 1984 - A Deusa dos Orixás (Som Livre)
  • 1985 - Clara (EMI-Odeon)
  • 1989 - O Canto da Guerreira (EMI)
  • 1990 - O Canto da Guerreira Vol.2 (EMI)
  • 1993 - 10 Anos (Som Livre)
  • 2003 - Para Sempre Clara
  • 2005 - Clara Nunes Canta Tom e Chico
  • 2007 - Mestiça (EMI)
  • 2008 - Sempre (Som Livre)

Tributos

  • 1995 - Clara Nunes Com Vida (EMI) - Vários Artistas
  • 1999 - Claridade (Globo/Universal) - Alcione
  • 2003 - Um Ser de Luz - Uma Saudação a Clara Nunes - Vários Artistas

DVD

  • 2008 - Clara Nunes (EMI - Globo Marcas) - Coletânea com alguns dos videoclipes da cantora exibidos no programa Fantástico - Rede Globo 

Fonte: Wikipédia
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