César Lattes foi um físico brasileiro, co-descobridor do méson pi, nascido em Curitiba, PR, no dia 11/07/1924.
César Lattes nasceu em uma família de judeus italianos imigrantes em Curitiba, PR, no Sul do Brasil. Fez os seus primeiros estudos naquela cidade e em São Paulo, vindo a graduar-se na Universidade de São Paulo, formando-se em 1943, em matemática e física.
César Lattes fazia parte de um grupo inicial de brilhantes jovens físicos brasileiros que foram trabalhar com professores europeus como
Gleb Wataghin (1899-1986) e
Giuseppe Occhialini (1907-1993).
César Lattes foi considerado o mais brilhante destes e foi descoberto, ainda muito jovem, como um pesquisador de campo. Seus colegas, que também se tornaram importantes cientistas brasileiros, foram
Oscar Sala,
Mário Schenberg,
Roberto Salmeron,
Marcelo Damy de Souza Santos e
Jayme Tiomno.
Com a idade de 23 anos, ele foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro.
De 1947 a 1948,
César Lattes começou a sua principal linha de pesquisa, pelo estudo dos raios cósmicos, os quais foram descobertos em 1932 pelo físico estadunidense
Carl David Anderson. Ele preparou um laboratório a mais de 5.000 metros de altitude em Chacaltaya, uma montanha dos Andes, na Bolívia, empregando chapas fotográficas para registrar os raios cósmicos.
Viajando para a Inglaterra com seu professor
Occhialini,
César Lattes foi trabalhar no H. H. Wills Laboratory da Universidade de Bristol, dirigida por
Cecil Frank Powell (1903-1969). Após melhorar uma nova emulsão nuclear usada por
Cecil Frank Powell, pedindo à Kodak Co. para adicionar mais boro a ela, em 1947, realizou com eles uma grande descoberta experimental, de uma nova partícula atômica, o méson pi (ou pion), a qual desintegra em um novo tipo de partícula, o méson mu (muon).
Foi uma grande reviravolta na ciência. Até então, era aceito que os átomos eram formados por somente 3 tipos de sub-partículas ou partículas elementares (prótons, nêutrons e elétrons). Alguns cientistas contestaram os resultados, mas o apoio do dinamarquês
Niels Bohr, um dos maiores físicos da época, pesou na aceitação da novidade que daria início a uma nova área de pesquisa, a Física de Partículas.
O jovem impetuoso
César Lattes começou então a escrever um trabalho para a revista Nature sem se preocupar com o consentimento de
Cecil Frank Powell. No mesmo ano, foi responsável pelo cálculo da massa da nova partícula, em um meticuloso trabalho. Um ano depois, trabalhando com
Eugene Gardner (1913-1950) na Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos,
César Lattes foi capaz de detectar a produção artificial de partículas píon no ciclotron do laboratório, pelo bombardeio de átomos de carbono com partículas. Ele tinha somente 24 anos de idade.
Em 1949,
César Lattes retornou como professor e pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Depois de outra breve estada nos Estados Unidos, de 1955 a 1957, ele voltou para o Brasil e aceitou uma posição na sua alma mater, o Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP). Também nesse ano,
César Lattes ingressou para a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Em 1967,
César Lattes aceitou a posição de professor titular no novo Instituto Gleb Wataghin de Física na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), nome que se originou de seu professor fundador, o qual ele também ajudou a fundar. Ele também se tornou o diretor do Departamento de Raios Cósmicos, Altas energias e Léptons.
Em 1969, ele e seu grupo descobriram a massa das co-denominadas bolas de fogo, um fenômeno espontâneo que ocorre durante colisões de altas-energias, e os quais tinham sido detectados pela utilização de chapas de emulsão fotográfica nucleares inventadas por ele, e colocadas no pico de Chacaltaya nos Andes Bolivianos.