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Lourdes Bandeira

LOURDES MARIA BANDEIRA
(72 anos)
Professora e Pesquisadora

☼ Ijuí, RS (1949)
┼ Brasília, DF (12/09/2021)

Lourdes Maria Bandeira foi uma professora universitária e pesquisadora, nascida em Ijuí, RS, no ano de 1949. Ela foi uma das maiores referências nas pesquisas sobre violência contra a mulher no Brasil.

Graduou-se, em 1971, em Ciências Socias pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

No ano de 1978 concluiu o mestrado em Sociologia na Universidade de Brasília (UnB) e doutorado, em 1984, na Université René Descartes – de Paris V, sob orientação de Viviane Isambert Jamati, com defesa da tese Force de Travail et Scolarité; le cas du Nord-Est Brésilien (1975-1979).

Realizou Pós-Doutorado na área de Sociologia do Conflito com o professor Michel Wieviorka, na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) no período de 2001 a 2002.

Carreira

Lourdes Bandeira, lecionou na graduação e na pós-graduação do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), entre 1977 e 1991.

Desde o início da década de 1990, era docente no Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB), tornando-se, a partir de 2005, professora titular. Foi também coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Mulher (NEPEM) e membro do Conselho de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (UnB).

Sua produção acadêmica prioriza a Sociologia Urbana e da Cultura - Gênero, Feminismo, Violência de gênero, e Políticas Públicas, atuando, principalmente, em temas de feminismo, gênero e violência contra a mulher.

De 2008 a 2011 integrou a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). Nesse período, foi secretária de Planejamento e Gestão e, em março de 2012, foi nomeada para o cargo de Secretária-executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), onde permaneceu até janeiro de 2015.

Entre os anos de 2017 e 2018 foi membro do comitê editorial da Editora da Universidade de Brasília (UnB), também participou, como Editora-chefe, da Revista Sociedade e Estado.

Morte

Lourdes Maria Bandeira faleceu no domingo, 12/09/2021, aos 72 anos, em Brasília, DF, vítima de Embolia Pulmonar e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Obras

  • 2019 - Encontros Com a Sociologia - Lourdes Maria Bandeira, Mariza Veloso e Edson Farias (Orgs.)
  • 2012 - Dicionário Temático Desenvolvimento e Questão Social
  • 2007 - A Segurança Pública no Distrito Federal - Lourdes Maria Bandeira e Arthur Trindade Maranhão Costa
  • 2006 - Políticas Públicas e Violência Contra as Mulheres: Metodologia de Capacitação de Agentes Público(a)s - Lourdes Maria Bandeira, Tânia Mara Campos de Almeida
  • 2005 - Mulheres Em Ação: Práticas Discursivas, Práticas Políticas
  • 2004 - Introdução - A Inscrição Policial Nas Teorias Sobre Violência de Gênero e a Escrita Desse Processo - Lourdes Maria Bandeira, Andrea Mesquita de Menezes e Tânia Mara Campos de Almeida
  • 2000 - Politica, Ciência e Cultura em Max Weber - Lourdes Maria Bandeira, Maria Francisca Pinheiro Coelho e Marilde Loiola de Menezes (Orgs.)
  • 1999 - Violência, Gênero e Crime no Distrito Federal - Lourdes Maria Bandeira e Mireya Suárez
  • 1997 - Feminismo e Gênero - Lourdes Maria Bandeira e Deis Elucy Siqueira (Org.)
  • 1995 - A Historia de Vida de Elisabeth Teixeira: Uma Líder Camponesa - Lourdes Maria Bandeira e R. Godoy
  • 1986 - Mulheres, Palanques e Monumentos (Revista)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #LourdesMariaBandeira

Vicente Celestino

ANTÔNIO VICENTE FILIPE CELESTINO
(73 anos)
Cantor, Compositor, Instrumentista e Ator

* Rio de Janeiro, RJ (12/09/1894)
+ São Paulo, SP (23/08/1968)

Vicente Celestino foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX.

Nasceu no bairro de Santa Teresa, filho de italianos da Calábria. Dos seis homens (eram onze irmãos), cinco dedicaram-se ao canto e um ao teatro. Desde os 8 anos, por causa de sua origem humilde, Vicente Celestino teve de trabalhar: sapateiro, vendedor de peixe, jornaleiro e, já rapaz, chefe de seção numa indústria de calçados.

Começou cantando para conhecidos e era fã de Enrico Caruso. Antes do teatro cantava muito em festas, serenatas e chopes-cantantes. Estreou profissionalmente cantando a valsa "Flor do Mal" no Teatro São José e fez muito sucesso. Esta música também entrou no seu primeiro disco vendendo milhares de cópias em 1916 na Odeon.


Em 1920 montou uma companhia de operetas, mas sem nunca deixar o carnavalesco de lado, emplacando sucessos como "Urubu Subiu". Rapidamente, depois de oportunidade no teatro, alcançou renome. Formou companhias de revistas e operetas com atrizes-cantoras, primeiro com Laís Areda e depois com Carmen Dora.

As excursões pelo Brasil renderam-lhe muito dinheiro e só fizeram aumentar sua popularidade. Nos anos 20, reinava absoluto como ídolo da canção. Na década de 30 começou a demonstrar seus dotes como compositor resultando em clássicas de seu reportório, como "O Ébrio", sua música mais lembrada até hoje, inclusive transformada em filme por sua esposa.

Vicente Celestino teve uma das mais longas carreiras entre os cantores brasileiros. Quando morreu, às vésperas dos 74 anos, no Hotel Normandie, em São Paulo, estava de saída para um show com Caetano Veloso e Gilberto Gil, na famosa gafieira Pérola Negra, que seria gravado para um programa de televisão.

Na fase mecânica de gravação, fez cerca de 28 discos com 52 canções. Com a gravação elétrica, em 1927, sentiu uma certa inaptidão quanto ao rendimento técnico, logo superada. Aí recomeçaria os sucessos cantados em todo o Brasil.

Vicente Celestino e Gilda de Abreu
Em 1935 foi contratado pela RCA Victor, praticamente daí sua única gravadora até falecer. No total, gravou em 78 RPM cerca de 137 discos com 265 músicas, mais dez compactos e 31 LPs, nestes também incluídas reedições dos 78 RPM.

Vicente Celestino, que tocava violão e piano, foi o compositor inspirado de muitas das suas criações. Duas delas dariam o tema, mais tarde, para dois filmes de enorme público: "O Ébrio" (1946) e "Coração Materno" (1951). Neles Vicente Celestino foi dirigido por sua mulher Gilda de Abreu, cantora, escritora, atriz e cineasta.

Vicente Celestino passaria incólume por todas as fases e modismos, mesmo quando, no final dos anos 50, fiel ao seu estilo, gravou "Conceição", "Creio Em Ti" e "Se Todos Fossem Iguais a Você". Seu eterno arrebatamento, paixão e inigualável voz de tenor, fizeram com que o povo o elegesse como "A Voz Orgulho do Brasil".

Nunca saiu do Brasil e manteve sua voz grave que era marca registrada independente do estilo musical que estava executando. Teve suas músicas regravadas por grandes nomes, como Caetano Veloso, Marisa Monte e Mutantes.

Cena do filme "O Ébrio"
Morte

No dia 23/08/1968, após o jantar, Vicente Celestino subiu para o quarto do Hotel Normandie, em São Paulo. Segundo Gilda de Abreu, sua esposa, ele estava feliz e cantara com entusiasmo: "Abri o peito como havia muito tempo não o fazia. Até os músicos me aplaudiram!". A então viúva narra o último momento de Vicente Celestino, segundo suas memórias:

Abriu a janela, procurando respirar o ar gelado que entrava, mas que não o aliviava [...]. Agarrado a mim, ele disse então a frase que nunca esquecerei:

- Gilda... estou morrendo...

E estava mesmo. Atirando-se de costas sobre a cama, murmurou:

- Meu Deus, mate-me! Mate-me, meu Deus!

Wesley Duke Lee

WESLEY DUKE LEE
(78 anos)
Artista Plástico

* São Paulo, SP (21/12/1931)
+ São Paulo, SP (12/09/2010)

Filho de William Bowman Lee Jr., descendente de uma família do sul dos Estados Unidos, e de Odila de Oliveira Lee, filha de portugueses do Douro e Beira Alta, Wesley iniciou seus estudos no curso de desenho livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 1951. No ano seguinte, embarcou para New York, onde estudou na Parsons School Of Design e no American Institute Of Graphic Arts até 1955, e entrou em contato com a obra de Robert Rauschenberg, Jasper Johns Cy Twombly e com a pop art em geral.

De volta ao Brasil, abandonou a carreira publicitária e estudou pintura com o italiano Karl Plattner, que vivia no Brasil. Acompanha-o à Itália e à Áustria até 1960. Também viajou a Paris, onde teve aulas na Académie de La Grande Chaumière e no ateliê de Johnny Friedlaender.

Novamente retornou ao Brasil, em 1963. Ousado e polêmico, iniciou um trabalho com jovens artistas e realizou, em 23 de outubro do mesmo ano, no João Sebastião Bar, em São Paulo, O Grande Espetáculo das Artes, um dos primeiros happenings do Brasil. Com Maria Cecília Gismondi, Bernardo Cid, Otto StupakoffPedro Manuel-Gismondi, entre outros, procurou formar um grupo dedicado ao Realismo Mágico.


Participou também, em 1966, da fundação do Grupo Rex, com Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser. A iniciativa, uma reação combativa e bem-humorada ao mercado de artes na década de 60, perdurou até 1967, desdobrou-se no espaço alternativo Rex Gallery & Sons e no jornal Rex Time.

Desenhista, gravador, pintor e professor, Wesley Duke Lee foi um dos introdutores da Nova Figuração no Brasil.

Entre 1964 e 1966, a convite de Walter Zanini, primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), participou, juntamente com Bin Kondo, Fernando Odriozola e Yo Yoshitome, do Phases, movimento artístico surgido na França, a partir do surrealismo.

Em 1964, foi um dos primeiros voluntários para testes sobre os efeitos do Lysergsäurediethylamid (LSD), numa clínica em São Paulo. Tomava o ácido e se trancava numa sala para desenhar. Essa experiência resultou nas séries Lisérgica e Da Formação de um Povo, ambas dotadas de forte carga política contra o regime militar que se instalava no país.


Nos anos 80, trabalhou no Centro de Reprodução Xerox, em New York, incorporando fotocópia, Polaroid, vídeo e computação gráfica ao seu trabalho.

Wesley Duke Lee teve trabalhos expostos na 44ª Bienal de Veneza e na 8ª Bienal de Tóquio. Dizia-se influenciado pelo movimento dadaísta, pela pop art e pela publicidade. O artista expôs em São Paulo pela última vez em 2006.

Wesley Duke Lee sofria, desde 2007, do Mal de Alzheimer e faleceu em 12/09/2010, aos 78 anos, vítima de complicações respiratórias decorrentes de sua doença. No dia de sua morte, realizava-se no Rio de Janeiro uma exposição retrospectiva da sua carreira.

Fonte: Wikipédia

Ernesto Geisel

ERNESTO BECKMANN GEISEL
(89 anos)
General do Exército e Presidente do Brasil

* Bento Gonçalves, RS (03/08/1907)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/1996)

Ernesto Geisel foi um político e militar brasileiro, tendo sido 29º Presidente do Brasil de 1974 a 1979.

Ernesto Geisel nasceu em Bento Gonçalves, em 3 de agosto de 1907. Filho de imigrantes luteranos alemães, era o filho mais novo de Wilhelm August Geisel, que chegou ao Brasil em 1883, mudando seu nome para Guilherme Augusto Geisel e de Lydia Beckmann, brasileira de Teutônia, RS, filha de pais alemães. Tinha quatro irmãos: Amália, Bernardo, Henrique e Orlando. Passou a infância em Teutônia e Estrela, ambas no Rio Grande do Sul.

Em suas entrevistas concedidas ao Centro de Processamento e Documentação (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, depois transformadas em livro, Ernesto Geisel declarou que, em sua infância, entendia e falava o alemão, embora nunca tendo aprendido a ler nesse idioma. Na idade adulta entendia o idioma, mas falava com dificuldade.

Dois de seus irmãos também ingressaram na carreira das armas e tornaram-se generais: Henrique Geisel e Orlando Geisel, que chegou a ser ministro do exército durante o governo de Emílio Garrastazu Médici.

Ernesto Geisel iniciou sua carreira militar em 1921, ingressando no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo em 1928. Participou de ações militares na Revolução de 30 como tenente. Fez parte das tropas federais que combateram a Revolução Constitucionalista, de 1932.

No início dos anos 30 também desempenhou as funções de secretário de fazenda da Paraíba, quando os tenentes da Revolução de 1930 passaram a ocupar cargos políticos.

Em 1940, Ernesto Geisel casou-se com sua prima de primeiro grau, Lucy, com quem teve dois filhos: Amália e Orlando, este último falecido num acidente de trem em 1957. Ernesto Geisel jamais se recuperaria totalmente deste duro golpe.

Após o movimento de 1964, em 15 de abril de 1964, foi nomeado chefe da Casa Militar pelo presidente Castelo Branco, que o encarregou de averiguar denúncias de torturas em unidades militares do Nordeste do Brasil. Fez parte do grupo de militares castelistas que combateram a candidatura do marechal Costa e Silva à presidência da República.

Castelo Branco promoveu-o ainda a general-de-exército em 1966 e nomeou-o Ministro do Superior Tribunal Militar em 1967. No governo de Emílio Garrastazu Médici, tornou-se presidente da Petrobras, enquanto seu irmão Orlando Geisel tornou-se Ministro do Exército. O apoio de Orlando Geisel foi decisivo para que Emílio Garrastazu Médici o escolhesse como candidato à Presidência em 1974.

Em 1974, pelo Aliança Renovadora Nacional (ARENA), na chapa com Adalberto Pereira dos Santos para vice, candidatou-se à presidência, onde venceu, com 400 votos (84,04%), a chapa oposicionista Ulysses Guimarães / Barbosa Lima Sobrinho do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que obteve 76 votos (15,96%).

Ernesto Geisel assumiu a Presidência do Brasil em 15 de março de 1974. Seu governo foi marcado pelo início de uma abertura política e amenização do rigor do regime militar brasileiro, onde encontrou fortes oposições de políticos chamados de "linha-dura".

A 1 de junho de 1977 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 13 de fevereiro de 1979 foi agraciado com o Grande-Colar da Ordem do Infante Dom Henrique.


Vida Política

Na década de 1950, Ernesto Geisel comandou a guarnição de Quitaúna e gerenciou a refinaria de Cubatão, ambas no estado de São Paulo. Durante este período, ele estreitou suas ligações com o grupo militar que mais tarde seria conhecido como "Sorbonne", ligado à Escola Superior de Guerra.

Ele sempre teve interesse na área de extração petrolífera, tendo dirigido a refinaria de Cubatão em 1956, a Petrobrás (1969 a 1973) e, após 1979, a Norquisa, depois de ter deixado a presidência da República.

Em sua gestão na presidência da Petrobras, empresa estatal que deteve até a década de 90 o monopólio da extração de petróleo no Brasil, concentrou esforços na exploração da plataforma submarina, tendo obtido resultados positivos. Conseguiu acordos no exterior para a pesquisa e firmou convênios com o Iraque, o Egito e o Equador.

Com a posse de Costa e Silva na presidência, Ernesto Geisel caiu no ostracismo político.


Presidente da República

Lançado oficialmente candidato da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) à presidência em 18 de abril de 1972, foi eleito presidente com 600 votos contra 63 do "anticandidato" do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) Ulysses Guimarães, em 15 de janeiro de 1973.

Ernesto Geisel dedicou-se à abertura política, que encontrou resistência nos militares da chamada "linha-dura", sendo que o episódio mais dramático foi a contratação do ministro do exército, Sylvio Frota, em 12 de outubro de 1977.

Em 1975, em Sarandi, PR, aconteceu uma invasão de terras no Engenho de Annoni que dá início ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) existente até hoje.

Outro fato marcante foi a contratação, em 1976, do comandante do IV Exército de Minas Gerais, decorrente, dentre outros fatos, da repercussão da morte do jornalista Wladimir Herzog.

Ernesto Geisel conseguiu fazer seu sucessor João Figueiredo, que continuou a abertura política.


Principais Realizações do Governo Geisel

  • Divisão de Mato Grosso e criação do Mato Grosso do Sul
  • Reatamento de relações diplomáticas com a República Popular da China
  • Reconhecimento da independência de Angola
  • II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND)
  • Busca de novas fontes de energia, realizando o acordo nuclear com a Alemanha, criando os contratos de risco com a Petrobras e incentivando a utilização do álcool como combustível
  • Início do processo de redemocratização do país, embora tal processo tenha sofrido alguns retrocessos durante seu governo, como bem exemplifica o Pacote de Abril, em 1977
  • Abertura política do Brasil, sobre a qual Ernesto Geisel afirmou que a redemocratização do Brasil seria um processo "lento, gradual e seguro"
  • Extinguiu o AI-5, e preparou o governo seguinte, João Figueiredo, para realizar um conflito político e a volta dos exilados, mas sem que retomassem seus cargos políticos
  • Em política externa procurou ampliar a presença brasileira na África e na Europa, evitando o alinhamento incondicional à política dos Estados Unidos
  • Denúncia do tratado militar Brasil-Estados Unidos em 1977
  • Construiu grande parte da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Ernesto Geisel e Carlos Eloy
Vida Após a Presidência

Em sua vida pós-presidência, Ernesto Geisel manteve influência sobre o Exército ao longo da década de 1980 e, nas eleições presidenciais de 1985, apoiou o candidato oposicionista vitorioso Tancredo Neves, o que caracterizou a diminuição das resistências a Tancredo Neves no meio militar.

Ernesto Geisel foi presidente da Norquisa, empresa ligada ao setor petroquímico.

Em 1997, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou a transcrição de seu depoimento, no qual narrou sua vida particular, militar e política.

Após a presidência passou a viver em um apartamento simples, residência na qual morou até a sua morte. No dia 12 de setembro de 1996, aos 88 anos, vítima de um Câncer Generalizado.

Fonte: Wikipédia

Juscelino Kubitschek

JUSCELINO KUBITSCHECK DE OLIVEIRA
(73 anos)
Médico, Militar, Político e Presidente do Brasil

☼ Diamantina, MG (12/09/1902)
┼ Resende, RJ (22/08/1976)

Juscelino Kubitschek de Oliveira foi um médico e político brasileiro. Conhecido como JK, foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945), governador de Minas Gerais (1951-1955), e presidente do Brasil entre 1956 e 1961.

Foi o primeiro presidente do Brasil a nascer no século XX. Foi o último político mineiro eleito para a presidência da República pelo voto direto, antes de Dilma Rousseff. Casado com Sarah Kubitschek, com quem teve a filha Márcia Kubitschek de Oliveira e adotaram a Maria Estela Kubitschek, foi o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília, executando, assim, um antigo projeto, já previsto em três constituições brasileiras, da mudança da capital federal do Brasil para promover o desenvolvimento do interior do Brasil e a integração do país.

Durante todo o seu mandato como presidente da República (1956-1961), o Brasil viveu um período de notável desenvolvimento econômico e relativa estabilidade política. Com um estilo de governo inovador na política brasileira, Juscelino Kubitschek construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança entre os brasileiros.

Segundo seu adversário José SarneyJuscelino Kubitschek foi o melhor presidente que o Brasil já teve, por sua habilidade política, por suas realizações e pelo seu respeito às instituições democráticas.

No ano de 2001, Juscelino Kubitschek de Oliveira foi eleito o "Brasileiro do Século" em uma eleição que foi publicada pela revista Isto É.

Origem e Educação

Juscelino Kubitschek nasceu em 12/09/1902 em Diamantina, MG, num casarão colonial na Rua Direita. Seu pai, João César de Oliveira (1872-1905), foi caixeiro-viajante e exerceu, também, várias outras profissões. Era um homem boêmio, e em uma serenata no município de Rio Vermelho contraiu um resfriado que passou para pneumonia e deu origem a uma tuberculose. Com medo de contaminar a família com a doença, o pai de Juscelino Kubitschek decidiu ir morar em uma casa isolada vindo a receber visitas de amigos e familiares. João César de Oliveira faleceu em 10/01/1905, quando Juscelino Kubitschek tinha somente 3 anos.

A única renda da família se tornou a da mãe. Sua mãe, Júlia Kubitschek (1873-1973), era professora e possuía ascendência checa (seu sobrenome é uma germanização do original tcheco Kubíček) e etnia cigana - Juscelino Kubitschek foi o único presidente de origem cigana em todo o mundo. Viúva aos 28 anos, Júlia Kubitschek não quis se casar novamente, dedicando-se aos dois filhos, Maria da Conceição, apelidada de Naná, nascida em 1901, e Juscelino Kubitschek, o NonôJúlia Kubitschek havia perdido uma filha nos primeiros meses de vida, cujo nome era Eufrosina, nascida em 1900.

Quando menino, em uma brincadeira de esconde-esconde, teria machucado o dedo mínimo do pé direito. Segundo o jornalista Roniwalter Jatobá, isto teria duas consequências para a vida de Juscelino Kubitschek. A primeira seria uma característica física, pois não poderia mais fazer longas caminhadas e a pressão do sapato iria lhe trazer incomodo. O segundo seria de característica profissional, devido a dedicação do médico que lhe prestou socorro, influenciando-o a seguir a carreira de médico.

Aos 12 anos terminou o curso primário. Pagando uma mensalidade, foi estudar no seminário diocesano de Diamantina, dirigido pelos padres vicentinos, onde concluiu o curso de humanidades aos 15 anos incompletos. No seminário, teve de usar batina como os demais, seguindo os estudos num regime severo, levantando às cinco horas da manhã e indo dormir às oito horas. Nos estudos, ia razoavelmente bem, com exceção da disciplina de aritmética na qual tinha dificuldades. Segundo o historiador Francisco de Assis Barbosa, era um menino como outro qualquer, incapaz de despertar invejas ou inimizades, quer pela sua condição econômica que não era das melhores, das mais humildes, quer pelo seu comportamento, alegre, expansivo, brincalhão, mas avesso a discussões, intrigas e mal-entendidos. Como não conseguiria sair da cidade para ir estudar em Belo Horizonte por ser menor de idade, dedicou-se a estudar sozinho, conseguindo a ajuda de alguns professores. Teve cursos de língua inglesa com um professor chamado José e língua francesa com a professora Madame Louise.

Em meio a dificuldades financeiras, conseguiu obter os exames preparatórios exigidos para o curso de Medicina. Em 1919, prestou na capital mineira de Belo Horizonte um concurso para telegrafista na agência central da cidade. Para realizar o concurso exigia-se a idade mínima de 18 anos, mas ele possuía apenas 16 anos incompletos. Para resolver este problema, conseguiu com o oficial de registro de Diamantina uma certidão forjada que marcava como se tivesse nascido em 1900.

Ficou em 19º lugar, sendo classificado. No final de 1920, se mudou para Belo Horizonte. De início, a mãe pagava os custos do filho na capital mineira, mas Juscelino não morava em boas condições de conforto. Dois anos após o concurso, em maio de 1921, foi divulgada a sua nomeação para telegrafista auxiliar. Em janeiro de 1922, prestou o vestibular e matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Em 1926, recebeu o diagnóstico de que estava com estertores no pulmão, tendo que ficar seis meses de cama. No quinto ano de Medicina, começou a trabalhar juntamente com o seu cunhado e amigo Júlio Soares como interno na enfermaria da clínica cirúrgica de Santa Casa. Tornou-se assistente em duas cadeiras, a da Clínica Cirúrgica e Física Médica. Além disso, foi nomeado por seu amigo José Maria Alkmim como médico da Caixa Beneficente da Imprensa Oficial do Estado.

Juscelino gostava de dançar, e, por isso criou-se a fama de pé de valsa. Numa festa conheceu Sarah Gomes de Lemos, filha do deputado federal Jaime Gomes de Sousa Lemos. A partir de então começaram a namorar.

Em 17/12/1927 formou-se em Medicina, na mesma turma de Pedro Nava, três anos antes de Guimarães Rosa. Foi na cerimônia de colação de grau que sua mãe, Júlia Kubitschekconheceu Sarah Gomes de Lemos.

No final de abril de 1930, viajou de trem para o Rio de Janeiro, donde partiu para a França no navio Formose.

Viagem a Paris

O navio onde encontrava-se Juscelino Kubitschek fez várias escalas. O primeiro país em solo estrangeiro que o rapaz conheceu foi Senegal, mais especificamente na cidade de Dakar, seguindo para a cidade de Casablanca, no Marrocos. Chegou a cidade do Porto, Portugal, e a Vigo, Espanha. Desceu próximo a Bordéus já em território francês, onde pegou um trem para Paris. Lá, inscreveu-se num curso de cultura francesa, atualizando-se no idioma e visitando museus e lugares históricos. Mas o objetivo principal da viagem era se especializar em um curso intensivo de urologia com o doutor Maurice Chevassu, que durou três semanas.

Em agosto de 1930, os professores entraram em férias de verão. Fazendo economias pois não possuía muito dinheiro, Juscelino Kubitschek embarcou juntamente com 300 turistas no navio Lotus com destino a uma viagem pelo Mar Mediterrâneo, que sairia de Marselha e faria uma volta completa pelo Mediterrâneo oriental, do Egito até a Grécia, passando pela Terra Santa.

Em sua estadia na Europa conheceu vários brasileiros. Em Veneza embarcou para Viena na Áustria. Em Viena frequentou vários hospitais e enfermarias a fim de assistir operações. Conheceu a Tchecoslováquia, terra de seu avô materno, constatando que o seu sobrenome Kubitschek era muito comum ali, passando seu aniversário nesta ocasião. Logo, tomou um trem para Berlim, Alemanha, para cumprir um vasto programa de conhecimentos médicos em sua especialidade.

De volta a Paris, confirmou na embaixada brasileira os boatos de que haveria acontecido a chamada Revolução de 1930 no Brasil, ocasião em que o gaúcho Getúlio Vargas teria chegado ao governo. Após saber das novidades, Juscelino Kubitschek junto com os amigos Cândido Portinari e Leopoldo Fróis saíram pelas ruas a comemorar. Embarcou no navio Almirante Alexandrino donde partiria para o Brasil e chegou em 21/11/1930 no Rio de Janeiro. Ao chegar, pediu a sua amada Sarah Gomes de Lemos em casamento.

O Retorno a Minas e a Revolução Constitucionalista

Ao retornar para Minas Gerais, assumiu todos os trabalhos em Belo Horizonte como era antes da viagem. Em 17/03/1931, quatro meses após o regresso da Europa, foi nomeado para a Força Pública indo servir como capitão-médico no Hospital Militar como encarregado do Laboratório de Análises Clínicas.

Em 30 de dezembro de 1931, casou-se no Rio de Janeiro com Sarah Gomes de Lemos. O vestido de Sarah era longo, sem véu e grinalda. A festa foi simples e íntima. Juscelino Kubitschek, que então morava com a irmã em Belo Horizonte, alugou uma casa na Avenida Paraúna, próximo a irmã.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, conflito entre o Estado de São Paulo e o Governo de Getúlio VargasJuscelino Kubitschek foi convocado para atuar como médico das tropas mineiras que lutavam contra os paulistas na Serra da Mantiqueira. Instalado em Passa Quatro, recebeu lá um paciente em estado grave. Tendo que operá-lo, pediu a um coronel-médico que ajudasse-lhe, este se recusou. Com a ajuda de um veterinário e de uma freira, conseguiu operar o soldado e salvá-lo. Logo, recebeu a visita de um capitão do quartel-general que veio para abrir um inquérito contra o coronel que recusou ajuda a um paciente agonizante. Juscelino Kubitschek pediu que o inquérito não fosse aberto.

De acordo com o jornalista Roniwalter Jatobá, a atitude de não querer prejudicar a carreira de um superior hierárquico do Exército aumentou a simpatia de Juscelino Kubitschek com os militares. Nesta ocasião conheceu um amigo, o padre esloveno Alfredo Kobal que havia servido ao Exército Austríaco na Primeira Guerra Mundial. Também conheceu Benedito Valadares. Após o fim do conflito na região, Juscelino Kubitschek voltou para a casa.

Carreira Política Até a Presidência

Em 1933, após a morte do governador de Minas Gerais, Olegário Maciel, o então presidente da República Getúlio Vargas nomeou Benedito Valadares para o cargo. Benedito Valadares nomeou Juscelino Kubitschek para o cargo de chefe-de-gabinete, mas ele recusou. O fato é que Benedito Valadares foi até o hospital militar onde Juscelino Kubitschek estava. Lá ele homenageou o ex-governador Olegário Maciel e anunciou o seu novo chefe-de-gabinete: Juscelino Kubitchek.

Juscelino Kubitchek conta que foi nomeado na marra. No cargo, resolvia vários problemas conversando com as autoridades. Em Diamantina, por exemplo, conseguiu abrir estradas e preservar edifícios históricos. Nessa época construiu a sua primeira obra pública, uma ponte sobre o Ribeirão do Inferno, ligando Diamantina a cidade de Rio Vermelho.

Em outubro de 1934 foi eleito o deputado federal mais votado em Minas Gerais, filiado ao recém-criado Partido Progressista (PP) que havia sido fundado por membros do Partido Republicano Mineiro (PRM) que apoiavam a Revolução de 1930. Exerceu o mandato de deputado federal de 1935 até o fechamento do Congresso Nacional, em 10/11/1937, com o golpe do Estado Novo. Chegou ao posto de tenente-coronel-médico da Polícia Militar de Minas Gerais. Após o impedimento de seu mandato, confidenciou a esposa que sairia definitivamente da política naquele instante, o que não se concretizou.

Prefeitura de Belo Horizonte

No início de 1940, o então governador de Minas Gerais Benedito Valadares nomeou Juscelino Kubitschek como novo prefeito da capital mineira. A princípio, Juscelino Kubitschek não quis aceitar o cargo, mas a nomeação foi divulgada em 16 de abril no Minas Gerais. durante este período, não abandonou a carreira de médico, intercalando a Medicina com a Prefeitura. Tornou-se o Primeiro Secretário do recém Partido Social Democrático (PSD).

Tomou posse como prefeito de Belo Horizonte em 19/10/1940, sendo conhecido como "Prefeito Furacão" pelas grandes mudanças feitas por ele na cidade. Como prefeito, restaurou, pavimentou e construiu muitas avenidas, sendo responsável pelo asfaltamento da Avenida Afonso Pena, a construção de grandes avenidas a fim de facilitar o acesso ao centro da cidade como a pavimentação da Avenida do Contorno e a Avenida Amazonas. Criou vários bairros em Belo Horizonte. Canalizou vários córregos que banham a cidade visando o saneamento básico de Belo Horizonte. Construiu pontes e realizou terraplanagens a fim de integrar o centro da cidade a vários núcleos populacionais da zona suburbana, e desenvolveu em Belo Horizonte a rede subterrânea de luz e telefone.

Neste período, uma das mais importantes obras foi a construção da Pampulha, um centro de lazer. Esta foi projetada por Oscar Niemeyer e a obra se tornou um marco cultural nacional. Na época, a construção tinha como finalidade o turismo. Fora construído um grande lago artificial e em torno deste, um conjunto integrado pelo Iate Clube, o Cassino, a Casa do Baile e a Igreja. As obras duraram 9 meses.

Para a cultura, criou o Museu de Belo Horizonte, o Instituto de Belas Artes e o Curso de Extensão Musical. Iniciou a construção do Teatro Municipal, oficializou a Orquestra Sinfônica e apoiou várias instituições. Estimulou a criação de novas habitações residenciais e o desenvolvimento de uma rede de assistência social juntamente com a construção do Hospital Municipal no Bairro da Lagoinha. O prédio possuía 306 leitos e instalações modernas para a época.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se no Brasil a redemocratização com a queda do Estado Novo e a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) José Linhares. Os governantes que haviam sido indicados pela ditadura deixaram os cargos, inclusive Juscelino Kubitschek em 30/10/1945.

Deputado Federal Pela Segunda Vez

Após a saída da Prefeitura de Belo Horizonte, decidiu entrar definitivamente na política. Nas eleições de 2 de dezembro de 1945 foi eleito deputado federal para a Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD) com 26.293 votos, ficando em terceiro lugar. Através do estado de Minas Gerais, elegeram-se também entre outros vinte deputados, Tancredo Neves, José Maria Alkmim, Gustavo Capanema e Benedito Valadares. Juscelino Kubitschek juntamente com a esposa e a filha Márcia Kubitschek, foi morar na então capital federal do Rio de Janeiro na Rua Sá Ferreira de Copacabana.

Tomou posse como deputado federal pela segunda vez em 22/04/1946, discursando sobre a necessidade de se construir casas populares e de se realizar uma política de conteúdo social, tendo em vista elevar o padrão de vida da população. Destacou-se muito por sua oratória. Seus discursos mais importantes, com as frases que ficaram famosas, como "Deus me poupou o sentimento do medo", foram escritos pelo poeta Augusto Frederico SchmidtJuscelino Kubitschek destacou-se, também, na chamada política de bastidores, as articulações políticas bem trabalhadas, típica de Minas Gerais e de seu segundo partido político, o Partido Social Democrático (PSD).

Em 22/07/1946, um grupo de deputados federais incluindo Juscelino Kubitschek, embarcaram em um avião do Força Aérea Brasileira com destino a Belém. Anos mais tarde, ele lembraria que foi a primeira vez a entrar em contato com um Brasil diferente daquele que estava acostumado. Também diria que, "se a beleza dos cenários me seduziu e deslumbrou, tive a oportunidade de viver, por outro lado, o drama daquelas populações deserdadas, perdidas nos desvãos de um território imenso e quase sem um vínculo afetivo com a capital da República."

Permaneceu até 1950 no cargo de deputado. Destacou-se mais, entretanto, nos cargos executivos que ocupou, e, pela sua atuação neles, ficou conhecido como um político do tipo "tocador de obras".

Governador de Minas Gerais

Em sua campanha a governador, percorreu 168 municípios mineiros sendo candidato pelo Partido Social Democrático (PSD) com o apoio do Partido Republicano (PR). Ironicamente, o outro candidato era o seu concunhado Gabriel Passos (Partido Democrata Cristão - União Democrática Nacional), ou seja, era casado com a irmã de sua esposa Sarah. Num jornal da época, um leitor brincou com este parentesco, escrevendo que não sabia quem ganharia as eleições, mas que poderia afirmar quem era a sogra do futuro governador.

Minas não tinha produção de energia elétrica suficiente e nem estradas, por isso sua estratégia se baseou no binômio "Energia e Transporte", sugerido pelo reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon.

Apurados os resultados, Juscelino Kubitschek foi eleito governador de Minas Gerais com 714.664 votos (56,77%) contra 544.086 votos (43,23%) de Gabriel Passos. Pela mesma coalizão de Juscelino Kubitschek, foi eleito para vice Clóvis Salgado da Gama com 676.914 votos (56,50%) contra 520.956 votos (43,50%) de Pedro Aleixo.

Juscelino Kubitschek assumiu o Governo de Minas Gerais no dia 31 de janeiro de 1951. Em 1952, criou a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e construiu cinco usinas hidrelétricas. Com a eletrificação foi possível estimular a industrialização, e assim pode ser instalado em 12 de agosto de 1954 um conjunto de produção metalúrgica na região metropolitana de Belo Horizonte, a Siderúrgica de Mannesmann, uma empresa alemã, que possibilitou a concretização dos planos de Juscelino Kubitschek em tirar Minas Gerais daquela situação "agropastoril". Foram construídos mais de 3 mil quilômetros de estradas e 251 pontes. Foram criados mais 120 postos de saúde. Quando tomou posse, haviam 680 mil alunos matriculados na escola primária, índice que saltou para mais de um milhão de alunos no final da gestão. A maior dificuldade que enfrentou como governador foi uma revolta ocorrida em Uberaba, em 1952, contra os elevados impostos estaduais. Terminou a gestão em 31/03/1955.

Em 30/03/1955, Juscelino Kubitschek renunciou ao cargo de governador para se candidatar a presidente. Ele teria dito ao vice Clóvis Salgado: "Vou ter que renunciar, e vão fazer tudo para impedir as eleições. Você vai ter que ficar com essa defesa aqui nas mãos. Porque, sem o apoio de Minas, meu velho, minha candidatura desmorona, não tenha dúvida". O vice teria o tranquilizado.

Eleição Presidencial de 1955

Através de uma aliança política formada por 6 partidos, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República em 03/10/1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960.

Naquela época as eleições se realizavam em turno único. Nesta eleição, pela primeira vez no Brasil, se utilizou a cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça Eleitoral. Antes de 1955 os próprios partidos políticos confeccionavam e distribuíam as cédulas eleitorais.

Foi difícil o lançamento da candidatura de Juscelino Kubitschek, pois se acreditava em um veto militar a ela: Juscelino Kubitschek era acusado de ser apoiado pelos comunistas. Somente quando o presidente da república Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do Brasil foi que Juscelino Kubitschek se lançou candidato, alegando que a carta dos militares não citava o seu nome.

Para dar legitimidade e prestígio à sua candidatura a presidente, Juscelino Kubitschek visitou o já idoso e venerado ex-presidente da república Wenceslau Brás em sua residência no sul de Minas Gerais. Pediu e conseguiu o apoio do antigo presidente à sua candidatura.

A apuração dos votos foi demorada. Em 3 de outubro de 1955, Juscelino Kubitschek elegeu-se com 3.077.411 votos (35,68%), o general Juarez Távora recebeu 2.610.462 votos (30,27%), o doutor Ademar de Barros conseguiu 2.222.725 votos (25,77%) e Plínio Salgado conquistou 714.379 votos (8,28%). Juscelino Kubitschek obteve, 400 mil votos a mais que o candidato da União Democrática Nacional (UDN) Juarez Távora, e 800 mil votos a mais que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de BarrosJuscelino Kubitschek foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, a qual tirou votos do candidato Juarez Távora.

União Democrática Nacional (UDN) tentou impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino Kubitschek não obteve vitória por maioria absoluta dos votos. A posse de Juscelino Kubitschek e do vice-presidente eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que, em 11/11/1955, depôs o então presidente interino da República Carlos Luz. Suspeitava-se que Carlos Luz, da União Democrática Nacional (UDN), não daria posse ao presidente eleito Juscelino Kubitschek. Assumiu a presidência, após o golpe de 11 de novembro, o presidente do Senado Federal, Nereu Ramos, do partido de Juscelino Kubitschek, o Partido Social Democrático (PSD). Nereu Ramos concluiu o mandato de Getúlio Vargas que fora eleito para governar de 1951 a 1956. O Brasil permaneceu em estado de sítio até a posse de Juscelino Kubitschek em 31/01/1956.

Viagem Internacional

Antes de tomar posse como presidente eleito, Juscelino Kubitschek fez uma série de visitas a países estrangeiros. Pelas palavras do próprio, o objetivo da viagem "não era apenas afastar-me da cena política nacional, de forma a permitir que as paixões serenassem mas, sobretudo, estabelecer contatos diretos com os Chefes de Governo e com os capitães da indústria e do comércio daqueles países, para apresentar-lhes, em termos concretos, a política de desenvolvimento econômico que instalaria no Brasil, de forma a interessá-los naquela arrancada."

Juscelino Kubitschek foi aos Estados Unidos, cujo governo estava aflito com as acusações da oposição de que Juscelino Kubitschek tivesse sido eleito com o voto dos comunistas. Nesta viagem não haveria obtido sucesso, pois os empresários de lá não o deram atenção. Também viajou para a Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal, Itália e Vaticano.

Presidente do Brasil
O Plano de Metas

Em seu mandato presidencial, Juscelino Kubitschek lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento, também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta Anos Em Cinco". O plano tinha 31 metas distribuídas em 5 grandes grupos: Energia, Transportes, Alimentação, Indústria de Base, Educação, e, a meta principal ou meta-síntese: a construção de Brasília.

O Plano de Metas visava estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões do Brasil através da nova capital localizada no centro do território brasileiro, na região do Brasil Central.

A estratégia do Plano de Metas era corrigir os "pontos de estrangulamento" da economia brasileira, em termos atuais "reduzir o custo Brasil", que poderiam estancar o crescimento econômico brasileiro (por falta de estradas e energia elétrica) e reduzir a dependência das importações, no processo chamado de "substituição de importações", já que o Brasil padecia de uma crônica falta de divisas externas (dólares).

A Convivência Democrática

Outro fato importante do governo de Juscelino Kubitschek foi a manutenção do regime democrático e da estabilidade política, que gerou um clima de confiança e de esperança no futuro entre os brasileiros. Teve grande habilidade política para conciliar os diversos setores da sociedade brasileira, mostrando-lhes as vantagens de cada setor dentro da estratégia de desenvolvimento de seu governo.

Juscelino Kubitschek evitou qualquer confronto direto com seus adversários políticos e apelou a eles para que fizessem oposição sempre dentro das leis democráticas. Anistiou os militares revoltosos de Jacareacanga e Aragarças. Sendo que muitos políticos da União Democrática Nacional (UDN), adversária do Partido Social Democrático (PSD) de Juscelino Kubitschek, o apoiavam, ficando, estes políticos, conhecidos como a UDN Chapa-Branca.

Outro momento de tensão política do governo Juscelino Kubitschek foi, em 23 de novembro de 1956, quando Juscelino Kubitschek ordenou a prisão domiciliar do general Juarez Távora, que havia sido derrotado nas eleições de 1955. O motivo seria o fato de Juarez Távora ter desafiado a ordem de Juscelino Kubitschek, dada em 21/11/1956, que proibia os militares de fazerem manifestação ou comentário político. O ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, cumpriu a ordem de prisão, mas pediu exoneração do cargo, porém voltou atrás. Com sua atitude enérgica e apoio de Henrique Teixeira LottJuscelino Kubitschek se fortaleceu entre os militares, setor em que tinha antes pouca aceitação e prestígio. Juscelino Kubitschek fechou, também, em novembro de 1956, a "Frente de Novembro" e o "Clube da Lanterna", que faziam oposição a ele.

Seu maior adversário político foi Carlos Lacerda com o qual se reconciliou posteriormente. Juscelino Kubitschek não permitiu o acesso de Carlos Lacerda à televisão durante todo o seu governo. Ele próprio confessou a Carlos Lacerda, depois, que se o tivesse deixado ter acesso a televisão, este o derrubaria.

Economia e Obras

O governo de Juscelino Kubitschek usou uma plataforma nacional desenvolvimentista, o Plano de Metas, lançado em 1956, e permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro. Entre 1955 e 1961, entraram mais de dois bilhões de dólares destinados às metas. Isentou de impostos de importação as máquinas e equipamentos industriais, assim como liberou a entrada de capitais externos em investimentos de risco, desde que associados ao capital nacional ("capital associado"). Para ampliar o mercado interno, o plano ofereceu uma generosa política de crédito ao consumidor.

O país crescia 7,9% ao ano. Juscelino Kubitschek promoveu a implantação da indústria automobilística com a vinda de fábricas de automóveis para o Brasil. Como na época os Estados Unidos estavam mais interessados no mercado europeu, vieram marcas europeias, inicialmente com o capital alemão (Volkswagen), francês (Simca) e nacional com tecnologia estrangeira (Vemag).

Promoveu a indústria naval com capital japonês, holandês e brasileiro, e a siderurgia com recursos estatais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e capital japonês agregado à Usiminas. Construiu grandes usinas hidrelétricas, como a Furnas localizada em São João da Barra e a Três Marias. A construção de Furnas foi iniciada em 1957 e concluída em 1963. Furnas formou um dos maiores lagos artificiais do mundo que banha 34 municípios mineiros e que ficou conhecido como o "Mar de Minas Gerais".

O processo de industrialização da região Sudeste com a abertura de empregos, aumentou a vinda dos nordestinos para essa região, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, assim como imigrantes das áreas rurais de todo o país. Muitos empresários, principalmente os paulistas, acreditavam que o pouco desenvolvimento da região Nordeste era um dos maiores obstáculos para a ampliação do mercado interno pois excluía um terço da população. Em 15/12/1959, Juscelino Kubitschek criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para integrar a região ao mercado nacional.

Abriu as rodovias transregionais que uniram todas as regiões do Brasil, antes sem ligação rodoviária entre elas. Aumentou a produção de petróleo da Petrobras. Com exceção das empresas de energia hidrelétrica, Juscelino Kubitschek praticamente não criou nenhuma empresa estatal.

Comprou, em 1956, para a Marinha do Brasil, o seu primeiro porta-aviões, o NAeL Minas Gerais (A-11).

Entre 1959 e 1960, houve uma crise na obra da construção de Brasília. As verbas haviam acabado e Juscelino Kubitschek entendia que não poderia terminar o governo sem construir Brasília. Ao pedir um empréstimo de 300 milhões de dólares para o Fundo Monetário Internacional (FMI), o órgão exigiu que o país "colocasse a casa em ordem antes de pedir ajuda financeira"Juscelino Kubitschek substituiu o ministro da Fazenda José Maria Alkmim por Lucas Lopes, mas rompe "todos os entendimentos com o FMI".

Lucas Lopes ficou por um ano no ministério após sofrer um infarto. O historiador estadunidense Thomas Skidmore diz que o contentamento era maior do que se o Brasil tivesse recebido os 300 milhões, pois "os brasileiros tinham a sensação de estar desafiando com êxito as autoridades estrangeiras para as quais seus vizinhos da Argentina e Chile abaixavam a cabeça."

Juscelino Kubitschek emitiu títulos da dívida pública e cartas precatórias. Estas consistem em papéis negociados na bolsa de valores para se conseguir capital de curto prazo. Juscelino Kubitschek vendeu esses papéis com deságio, ou seja, com um preço abaixo do valor de mercado que poderia ser recuperado posteriormente em um prazo de 5 anos. Com isso, conseguiu dinheiro para terminar a construção de Brasília. Isso, no entanto, fez com que fosse acusado de inviabilizar os próximos governos do país, por aumentar a dívida pública federal.

Junto com Brasília, uma grande obra rodoviária ajudou muito o povoamento e desenvolvimento do Brasil Central e da Amazônia: A rodovia BR-153, antiga BR-14, também conhecida como Rodovia Belém-Brasília. Outras obras rodoviárias importantes ligando regiões brasileiras, feitas por Juscelino Kubitschek, foram:

  • A Rodovia Régis Bittencourt, antiga BR-2, que liga o Sudeste do Brasil ao Sul do Brasil, inaugurada no início de 1961.
  • A Rodovia Fernão Dias que liga São Paulo a Belo Horizonte, obra iniciada por Getúlio Vargas, inaugurada por Juscelino Kubitschek em 1960, e concluída em 1961.
  • A BR-364 ligando Cuiabá a Porto Velho e Rio Branco. Inicialmente uma estrada de terra e que foi asfaltada em 1983. A BR-364 foi a primeira rodovia a ligar o Centro Oeste do Brasil a Rondônia e ao Acre. A BR-364 viabilizou o povoamento de Rondônia que passou de 70.000 mil habitantes em 1960 a 500.000 habitantes em 1980.

O governador de Rondônia na época, Paulo Nunes Leal, em seu livro "O Outro Braço da Cruz", conta como conseguiu de Juscelino Kubitschek a construção da BR-364 em 2 de fevereiro de 1960:

- Srº Presidente!
- Diga Paulo!
- O Srº já ligou Brasília ao Centro-Sul, ao Nordeste e a Belém. Por que o Srº não faz o outro braço da cruz, ligando Brasília ao Acre?
- Uai, Paulo! E pode?
- Pode, Srº Presidente! Mas é negócio pra homem!
- Então vai ser!

Os críticos de Juscelino Kubitschek frisam o fato de ele ter priorizado o transporte rodoviário em detrimento do transporte ferroviário devido à implantação da indústria automobilística no Brasil, o que teria causado prejuízos econômicos como o crescimento das importações de derivados de petróleo, gasolina e óleo diesel, e também provocado isolamento e decadência de certas cidades. Juscelino Kubitschek conseguiu entretanto, com a inauguração da Refinaria de Duque de Caxias, em 1961, a autossuficiência do Brasil na produção de derivados de petróleo, passando o Brasil, a partir de então, a importar apenas a matéria-prima, produzindo os derivados de petróleo nas refinarias brasileiras.

A opção pelas rodovias é considerada, por muitos, danosa aos interesses do país, que estaria mais bem servido por uma grande rede ferroviária. Na década de 1920, o presidente Washington Luís também havia sido contestado por construir rodovias, sendo apelidado de "General Estrada de Bobagem", um trocadilho com "Estrada de Rodagem". Mesmo após o governo Juscelino Kubitschek, continuou forte, no Brasil, a oposição política à construção de rodovias: Na década de 1960, em São Paulo, Ademar de Barros foi muito criticado por construir a Rodovia Castelo Branco, tida, na época, como obra cara e desnecessária.

A dívida externa brasileira aumentou de 87 milhões de dólares, em 1955, para 297 milhões de dólares em 1959. Esta dívida foi ainda agravada pelas altas remessas de lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo consequente aumento do déficit na balança de pagamentos.

Houve também uma elevação da dívida interna brasileira em aproximadamente 500 milhões de dólares.

Apesar do crescimento econômico, a construção de Brasília fez com que o mandato de Juscelino Kubitschek terminasse com crescimento da inflação, aumento da concentração de renda e arrocho salarial. Em 1956, a taxa de inflação era de 19,2%, e em 1960, de 30,9%. Ocorreram várias manifestações populares, com greves na zona rural e nos centros industriais que se alastram nos governos seguintes.

De fato, a expansão do crédito, a grande quantidade de importações para indústria automobilística e as constantes emissões de moeda - para manter os investimentos estatais e pagar os empréstimos externos - provocaram crescimento da inflação e queda no valor dos salários.

Em 1960, a inflação estava a 25% ao ano, subiu para 43% em 1961, para 55% em 1962 e chegou a 81% em 1963. O economista Roberto de Oliveira Campos, um dos coordenadores do Plano de Metas, foi um dos primeiros economistas a alertar Juscelino Kubitschek para o caráter inflacionário da construção de Brasília. Durante o governo de Juscelino Kubitschek, a produção industrial cresceu 80%, os lucros da indústria cresceram 76%, mas os salários cresceram apenas 15%.

Porém, o salário-mínimo do trabalhador brasileiro, em 1959, foi, considerado o mais alto, em valores reais, de todos os tempos.

Construção de Brasília

A construção de Brasília foi um dos fatos mais marcantes da história brasileira, e da política de Juscelino Kubitschek no seu mandato de 5 anos como presidente, sendo uma das maiores obras do século XX. A ideia de construir uma nova capital no centro geográfico do país estava prevista na Constituição de 1891, na Constituição de 1934 e na Constituição de 1946, mas foi adiada, sua construção, por todos os governos brasileiros desde 1891.

A promessa de construir Brasília foi feita, por Juscelino Kubitschek, no dia 4 de abril de 1955, em um comício, em Jataí, no estado de Goiás, quando, no final do comício, Juscelino Kubitschek resolveu ouvir perguntas de populares, e, o estudante para tabelião Antônio Soares Neto, o Toniquinho, perguntou a Juscelino Kubitschek se este iria cumprir toda a constituição do Brasil de 1946, inclusive o artigo referente a nova capital.

Toniquinho se referia ao artigo 4º do "Ato das disposições constitucionais transitórias da Constituição de 1946" que dizia:


"Art 4º - A Capital da União será transferida para o planalto central do país. § 1 º - Promulgado este Ato, o Presidente da República, dentro de sessenta dias, nomeará uma Comissão de técnicos de reconhecido valor para proceder ao estudo da localização da nova Capital. § 2 º - O estudo previsto no parágrafo antecedente será encaminhado ao Congresso Nacional, que deliberará a respeito, em lei especial, e estabelecerá o prazo para o início da delimitação da área a ser incorporada ao domínio da União. § 3 º - Findos os trabalhos demarcatórios, o Congresso Nacional resolverá sobre a data da mudança da Capital. § 4 º - Efetuada a transferência, o atual Distrito Federal passará a constituir o Estado da Guanabara."

(Constituição Federal de 1946)

O Congresso Nacional, mesmo com descrença, aprovou a lei n° 2.874, sancionada por Juscelino Kubitschek, em 19/09/1956, determinando a mudança da Capital Federal e criando a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

As obras, lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários, os candangos, vindos de todas as regiões do Brasil, principalmente do Nordeste, exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para construir e concluir Brasília até a data prefixada de 21/04/1960, em homenagem à Inconfidência Mineira.

As obras terminaram em tempo recorde de 41 meses, antes do prazo previsto. Já no dia da inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.

Além da obediência à Constituição, a construção da nova capital visava a integração de todas as regiões do Brasil, a geração de empregos, absorvendo o excedente de mão-de-obra da região Nordeste e o estímulo ao desenvolvimento do interior, desafogando a economia saturada do Centro-Sul do país.

Política Externa

No plano internacional, Juscelino Kubitschek procurou estreitar as relações entre o Brasil e os Estados Unidos, ciente de que isso ajudaria na implementação de sua política econômica industrial e na preservação da democracia brasileira.

Formulou a Operação Pan-americana, iniciativa diplomática em que solicitava apoio dos Estados Unidos ao desenvolvimento da América do Sul, como forma de evitar que o continente americano fosse assolado pelo fantasma do comunismo.

Manifestações Contra Juscelino Kubitschek

Duas semanas após a posse de Juscelino Kubitschek, a 11/02/1956, ocorreu a Revolta de Jacareacanga, liderada pelo major-aviador Haroldo Veloso e pelo capitão-aviador José Chaves Lameirão. Acusavam o presidente de supostas associações com grupos financeiros internacionais para a entrega de petróleo e minerais estratégicos, e de infiltração comunista nos postos militares. No mesmo mês, a rebelião militar foi debelada. Enviou ao Congresso um projeto de lei que concedeu anistia ampla e irrestrita a todos os civis e militares que tivessem participado de movimentos políticos ou militares no período de 10/11/1955 até 19/03/1956.

No início do governo, aconteceram duas greves de transportes públicos em São Paulo. No Rio de Janeiro, a empresa canadense Light S.A. aumentou o preço das passagens de bonde, atitude que levou à primeira manifestação pública de estudantes e populares. Em uma semana, com as lideranças sindicais no Palácio do Catete, Juscelino Kubitschek negociou o fim do movimento com a redução das tarifas. Juscelino Kubitschek conseguiu conciliar o país nos inúmeros conflitos.

Em 03/12/1959, em Aragarças eclodiu uma nova rebelião, com a participação de dez oficiais da Aeronáutica, três do Exército e alguns civis mais radicais ligados às ideias de Carlos Lacerda. Os rebeldes denunciavam "a conspiração comunista em marcha", que seria inspirada pelo governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola. Iniciou-se com o sequestro do primeiro avião brasileiro, do modelo Constellation da empresa Panair. Em 36 horas, o movimento foi debelado através da conciliação e anistia aos rebeldes.

Corrupção

Juscelino Kubitschek também foi acusado diversas vezes de corrupção. As acusações vinham desde os tempos em que ele era governador, e se intensificaram no período em que ele foi presidente. As denúncias se multiplicaram por conta da construção de Brasília: haviam sérios indícios de superfaturamento das obras e favorecimento a empreiteiros ligados ao grupo político de Juscelino Kubitschek.

Outro caso rumoroso foi o da empresa aérea Panair do Brasil, pertencente a amigos de Juscelino Kubitschek, que foi acusada de possuir um monopólio do transporte de pessoas e materiais enviados para a construção de Brasília. Durante a construção de Brasília, como a BR-050 ainda não estava pronta, grande parte dos materiais e equipamentos utilizados na obra eram transportados por aviões.

A imprensa chegou a dizer que Juscelino Kubitschek teria a sétima maior fortuna do mundo, o que nunca foi provado. Durante a campanha eleitoral de 1960, para a escolha de seu sucessor, as denúncias de corrupção contra Juscelino Kubitschek foram amplamente exploradas pelo candidato Jânio Quadros que prometia "varrer a corrupção" do governo de Juscelino KubitschekJuscelino Kubitschek respondeu a Inquérito Policial Militar (IPM) durante o regime militar, acusado de corrupção e de ter apoio dos comunistas.

A Panair do Brasil foi depois perseguida e levada à falência pelo regime militar.

Quando de sua morte, porém, o seu inventário de bens mostrou um patrimônio modesto, tendo sua filha Márcia precisado vender um apartamento para financiar sua campanha eleitoral à Câmara dos Deputados.

Espiritismo

Há relatos dando conta de que o presidente Juscelino Kubitschek enviava perguntas ao médium Chico Xavier pedindo conselhos sobre problemas enfrentados durante a construção de Brasília.

Concedeu indulto ao médium José Pedro de Freitas, o José Arigó, ou Zé Arigó, que fora preso acusado de exercício ilegal da medicina. Existem relatos de que Juscelino Kubitschek fazia parte da Maçonaria, informação esta nunca confirmada pela maçonaria brasileira.

A Eleição do Sucessor de Juscelino Kubitschek

As eleições de 3 de outubro de 1960 foram vencidas pelo candidato oposicionista Jânio Quadros,  ex-governador de São Paulo apoiado pela União Democrática Nacional (UDN). Jânio Quadros obteve 48% dos votos válidos, em um total de quase 6 milhões de votos, a maior votação nominal obtida por um político brasileiro até então. Juscelino Kubitschek apoiou o marechal Henrique Teixeira Lott, seu ministro da Guerra, morto em 19/05/1984, e que havia garantido a posse de Juscelino Kubitschek em 1955.

Henrique Teixeira Lott era o candidato a presidente pela aliança PSD-PTB que tinha João Goulart candidato a reeleição como vice-presidente da república. A disputa entre Jânio Quadros e Henrique Lott foi chamada de "A Campanha da Vassoura Contra a Espada". Ademar de Barros, novamente candidato, definiu-se como "A Candidatura de Protesto", e obteve o terceiro lugar. João Goulart foi reeleito vice-presidente da república.

Ao passar a faixa presidencial para Jânio Quadros, em 31/01/1961, Juscelino Kubitschek tornou-se o primeiro presidente civil desde Arthur Bernardes, eleito pelo voto direto, que iniciou e concluiu seu mandato dentro do prazo determinado pela Constituição Federal. Após Juscelino Kubitschek, o primeiro presidente civil, eleito pelo voto direto, a cumprir integralmente seu mandato foi Fernando Henrique Cardoso.

Anos Dourados

Após a retomada da democracia no Brasil em 1945, Juscelino Kubitschek e sua atuação como governador de Minas Gerais e na presidência da República, foram referências para o Brasil entre os anos de 1951 e 1961. A era JK estava em todo canto, nos chamados "Anos Dourados". Ao longo da década de 1950, a economia brasileira foi industrializada rapidamente, passando de rural a urbana.

Nessa época foram se popularizando os eletrodomésticos, que prometiam facilitar a vida do lar. Eram de todos os tipos, desde enceradeiras até aspiradores de pó, carros, televisores, o rádio e os toca-discos portáteis e o disco de vinil. Foram criados os objetos de plástico e fibra sintética, além de casas com mobílias com menos adornos.

Este estilo de vida foi criado nos Estados Unidos e recebeu o nome de "American Way Of Life", e, por conta da influência norte-americana durante e após a Segunda Guerra Mundial, se espalhou pelo mundo.

Enquanto tudo isso se consolidava, os meios de comunicações e de diversões se ampliavam. Eram emissoras de rádios que através das ondas curtas chegavam grande parte do interior do Brasil, revistas como Seleções e O Cruzeiro, jornais, radionovelas, o teatro de revista, programas radiofônicos de musicais e os humorísticos, o radiojornal Repórter Esso, as comédias e as chanchadas da Atlântida Cinematográfica do Rio de Janeiro. O cinema brasileiro teve sua fase dourada, nos anos 1950, com a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, de São Paulo, e a premiação do filme "O Cangaceiro", no exterior, em 1953.

Os teatros, rádios, especialmente a Rádio Nacional, radionovelas, radiojornais, teleteatros e telejornais na televisão que já atingia a maioria das capitais brasileiras, tinham mais audiência que nunca. Em 1958, a música popular brasileira é sucesso no exterior, especialmente a Bossa Nova, criada naquela época, e com sucessos como "Chega de Saudade" de Vinícius de Moraes.

O salário-mínimo, em 1959, em termos reais, descontado a inflação, ou seja, em valores reais, é considerado o mais alto da história do Brasil.

Após a Presidência

Em janeiro de 1960, pouco antes de deixar a presidência, Juscelino Kubitschek deixou uma mensagem de agradecimento ao professor José Antero de Carvalho, na qual resume sua visão sobre seu governo e seu futuro político. A carta tinha o seguinte teor:


"Sinto-me satisfeito em poder proclamar que, na presidência da república, não faltei a um só dos compromissos que assumi como candidato. Mercê de Deus, em muitos setores realizei além do que prometi, fazendo o Brasil avançar, pelo menos,cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo. Pude ainda, através da operação Pan-Americana, despertar as esperanças e energias dos povos americanos para o objetivo comum de combater o sub-desenvolvimento. E todo este esforço culminou no cumprimento da meta democrática, quando o nosso país apresentou ao mundo um admirável espetáculo de educação política, que me permite encerrar o mandato, num clima de paz, de ordem, de prosperidade e de respeito a todas as prerrogativas constitucionais. Sejam quais forem os rumos de minha vida pública, levarei comigo, ao deixar o honroso posto que me confiou a vontade popular, o firme propósito de continuar servindo ao Brasil com a mesma fé, o mesmo entusiasmo e a mesmo confiança nos seus altos destinos!"

(Juscelino Kubitschek)

Juscelino Kubitschek foi eleito senador pelo estado de Goiás em 1962. Ele desejava concorrer novamente à presidência da República, nas eleições marcadas para 3 de outubro de 1965. Sua pré-campanha eleitoral foi chamada de "JK-65: A Vez da Agricultura".

A candidatura de Juscelino Kubitschek foi lançada, pelo Partido Social Democrático (PSD), em 20/03/1964. Os outros pré-candidatos eram Carlos Lacerda, Leonel Brizola e Jânio Quadros. Estas candidaturas foram abortadas pelo golpe militar de 1964, também chamado de Revolução de 1964, iniciada em 31/03/1964.

Em 11/04/1964, o Congresso Nacional elegeu o general Castelo Branco presidente da república e o antigo amigo de Juscelino Kubitschek, do tempo do seminário em Diamantina, José Maria Alkmin, como vice-presidente da república. Juscelino Kubitschek, na condição de senador por Goiás, votou em Castelo Branco e em José Maria Alkmin.

Acusado de corrupção e de ser apoiado pelos comunistas, teve os direitos políticos cassados, em 08/06/1964, perdendo o mandato de senador por Goiás. A partir de então passou a percorrer cidades dos Estados Unidos e da Europa, em um exílio voluntário.

Voltou ao Brasil, logo depois das eleições de 03/10/1965, na qual dois aliados de Juscelino Kubitschek e adversários do governo Castelo Branco, Francisco Negrão de Lima e Israel Pinheiro da Silva, venceram as eleições para governador na Guanabara e em Minas Gerais, porém Juscelino Kubitschek permaneceu pouco no Brasil, logo voltando para o exílio. Após esse segundo exílio voluntário, regressou definitivamente, ao Brasil, em 1967.

Posteriormente, tentou articular, em 1967, a Frente Ampla de oposição ao regime militar, juntamente com o ex-presidente João Goulart e o ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, este último seu antigo adversário político.

Juscelino Kubitschek pretendeu voltar para a vida política, depois de passados os 10 anos que duravam as cassações de direitos políticos. Para dissuadi-lo, os militares usaram os fantasmas das denúncias de corrupção, buscando desmoralizá-lo politicamente. Eles ameaçavam levar as investigações adiante caso ele tentasse voltar à cena política.

Apesar dos fortes indícios de corrupção e da pressão de alguns segmentos políticos e da opinião pública da época, Juscelino Kubitschek nunca chegou a responder formalmente à justiça pelas acusações de corrupção, porém respondeu aos Inquéritos Policiais Militares (IPM).

Um ano antes de sua morte, seu nome ainda era proibido na televisão brasileira. Assim, a telenovela "Escalada", exibida em 1975, pela TV Globo, na qual era tratado o tema da construção de Brasília, não pode mencionar o seu nome. O recurso usado pelo autor Lauro César Muniz foi mostrar os personagens assoviando a música "Peixe-Vivo" que identificava Juscelino Kubitschek.

Morte

Juscelino Kubitschek faleceu em 22/08/1976, em um desastre automobilístico em que também perdeu a vida seu motorista e amigo Geraldo Ribeiro no antigo Km 165, atual Km 328 da Rodovia Presidente Dutra, em um automóvel Chevrolet Opala, na altura da cidade fluminense de Resende, no qual o veículo onde ele estava, colidiu violentamente com uma carreta carregada de gesso.

Até hoje, o local do acidente é conhecido como "Curva do JK", antes conhecido como "Curva do Açougue".

Mais de 300 mil pessoas assistiram ao seu funeral em Brasília, onde a multidão cantou a música que o identificava: "Peixe Vivo". Seus restos mortais repousam no Memorial JK, construído em 1981, na capital federal do Brasil, Brasília, por ele fundada.

Em 1996, seu corpo foi exumado, para se esclarecer a causa de sua morte, levantando-se novamente a polêmica sobre o caso. O laudo oficial da exumação concluiu que foi apenas um acidente de trânsito, sendo tal laudo contestado pelo secretário particular de Juscelino Kubitschek, Serafim Jardim, no livro "JK, Onde Está a Verdade".

Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade que analisa os crimes políticos ocorridos entre 1946 e 1988, decidiu analisar o inquérito sobre a morte de Juscelino Kubitschek.

Vida Pessoal

Após quase doze anos de casamento com Sarah Kubitschek, nasceu em 22/10/1943 sua primeira filha Márcia Kubitschek. Na época, Juscelino Kubitschek queria um menino.

Em 1947, numa viagem a Belo Horizonte, ele e sua esposa adotaram uma criança com quatro anos de idade, esta seria chamada de Maria Estela Kubitschek.

Representações na Cultura e Homenagens

A vida e carreira política de Juscelino Kubitschek foi tema de muitos livros, e, de 03 de janeiro até 24 de março de 2006, foi contada através de uma minissérie da TV Globo intitulada "JK".

Juscelino Kubitschek foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por José de Abreu no filme "Bela Noite Para Voar" (2005), e José Wilker e Wagner Moura na minissérie de televisão "JK" em 2006.

Teve sua efígie impressa nas notas de Cz$ 100,00 (cem cruzados) de 1986, e teve sua efígie cunhada no verso das moedas de 1 real, lançadas em 2002, no Brasil, comemorativas do centenário de seu nascimento.

Foi criada a "Comenda JK", também conhecida como a "Jóia de JK" (cravejada com 22 rubis e 5 esmeraldas) durante as comemorações de seus 100 anos. No Palácio da Alvorada, o presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu a primeira peça das mãos de uma das filha de Juscelino Kubitschek, e do Comendador Regino Barros, Grão Mestre da Soberana Ordem do Mérito do Empreendedor JK, e presidente do Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo (CICESP), considerada a mais alta condecoração empresarial brasileira.

A Rodovia Juscelino Kubitschek que liga Brasília à cidade Rio de Janeiro, o Aeroporto Internacional de Brasília, a Rodovia Presidente Juscelino Kubitschek que compreende o trecho da BR-020 entre Formosa e Fortaleza, e as cidades de Presidente Juscelino, MG, e Presidente Juscelino, MA, foram nomeadas em sua homenagem.


"Qual seria o futuro se o ceticismo predominasse? Do chão de uma fábrica nasceu um presidente. É a evidência da semeadura generosa promovida pelo desassombro de JK."

(Lula, elogiando Juscelino na comemoração dos seus 106 anos)

Quando estava em Portugal durante a viagem internacional a 22/01/1956, Juscelino Kubitschek recebeu a 3 de fevereiro desse ano a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, tendo recebido também a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens a 30/07/1957 e o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique a 20/10/1960.

Fonte: Wikipédia
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