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Caio

LUIZ CARLOS TAVARES FRANCO
(63 anos)
Jogador e Técnico de Futebol

☼ Rio de Janeiro, RJ (16/03/1955)
┼ São Luís, MA (12/02/2019)

Luiz Carlos Tavares Franco, também conhecido como Caio, foi um técnico e jogador de futebol que atuava como centroavante. Caio foi jogador profissional do Grêmio entre 1983 e 1984.

Criado no bairro de Madureira na cidade do Rio de Janeiro, Caio teve uma infância humilde. A família tinha mais quatro filhos além de Caio, e o pai, Valter Franco, era fotógrafo.

Quando garoto Caio atuava pelas categorias infantis do Brasil Novo, clube do bairro do Madureira, do qual o seu pai era sócio. Em partida amistosa entre Brasil Novo e Botafogo, Caio teve ótimo desempenho e chamou a atenção de Joca e Joel, treinadores do dente de leite do Botafogo. Imediatamente foi levado pelos dois treinadores para treinar no clube.

Antes, treinando no clube do bairro que morava, no Botafogo, para treinar, pegava o trem de Madureira até a Central do Brasil, indo em seguida para o campo do Botafogo. Como o pai de Caio, Srº Valter, era botafoguense, incentivou o filho a frequentar o chamado dente de leite do alvinegro.

Caio ficou ali dos 11 aos 19 anos, onde foi subindo de categoria, dente de leite, juvenil e profissionais. Conciliava os treinos com os estudos, no Colégio Piedade e posteriormente na Faculdade Gama Filho.


Botafogo: Iniciou a sua carreira profissional no Botafogo como ponta-direita. Estreou no dia 23/05/1975, na derrota para o América em pleno estádio do Maracanã, pelo Campeonato Carioca daquele ano. Porém o jovem Caio não encontrou espaço no Botafogo, pois o time da época contava com ótimo elenco, tendo craques como Zequinha, Gérson e Afonsinho. Caio jogou apenas essa partida pelo Botafogo e foi emprestado ao Madureira por indicação de Zequinha.

Madureira: Pelo Madureira, Caio estreou justamente contra o seu ex-clube, o Botafogo, na derrota por 3 x 0 para o Botafogo. Caio foi um dos destaques da equipe no Campeonato Carioca, apesar do Madureira não ter bom desempenho.

Naquele ano o Campeonato Carioca contava com craques como Adílio, Andrade, Zico e Roberto Dinamite. O então ponta-direita Caio passou quase dois anos na equipe da Rua Conselheiro Galvão, antes de transferir-se, em 1977, aos 22 anos, ao Moto Club por intermédio do Coronel Santana, que havia sido treinador do Maranhão Atlético Clube e que havia conhecido Caio durante um jogo no Rio de Janeiro. 


Moto Clube: Caio já deixou o Rio de Janeiro com o contrato assinado, após ganhar passe livre no clube carioca. Chegou a São Luis em uma quarta feira à tarde, dia 18/05/1977, e à noite já estava nas tribunas do Nhozinho Santos, para acompanhar a vitória do seu novo clube diante do Tupan por 3 x 0.

Sua estréia foi uma semana após a sua chegada, contra o Sampaio Corrêa, na decisão do terceiro turno do Campeonato Maranhense. Apesar do Moto Clube ser derrotado, Caio teve grande desempenho na sua estréia, levando vantagem no confronto com o lateral Ferreira do Sampaio Corrêa.

Pelas grandes atuações, caiu nas graças da torcida motense. Naquele ano, o técnico Marçal escalava o time no esquema 4-3-3, e logo acabou mudando a posição de Caio, de ponta-direita para centroavante. A escalação do Moto Clube da época era: Marão; Célio Rodrigues, Vivo, Irineu e Breno; Tião, Toninho Abaeté (Beato) e Edmilson Leite; Alberto, Paulo César e Caio.

Caio foi Campeão Maranhense em 1977 e disputou o Campeonato Brasileiro daquele ano.

A fama de Turista nasceu por conta do jornalista Herbert Fontenelle que o apelidou assim pelo que vinha acontecendo na época com Caio. Ele simplesmente sumia dos treinos e ia ao Rio de Janeiro, mas depois acabava retornando, conversava com o Cassas de Lima, dirigente do Moto Clube, os problemas se resolviam e Caio retornava aos treinos. Sempre especulava-se que, por falta de acerto no contrato, Caio ia embora para o Rio de Janeiro.

Na verdade, segundo o próprio jogador, o que muita gente não sabia era que o atleta estava noivo e ela ainda residia no Rio de Janeiro. Caio morava em uma pensão na capital São Luis e fugia para visitar a noiva. Até que o presidente do clube Pereira dos Santos, do alto da sua autoridade de major da polícia, prometeu mandar prendê-lo após uma nova sumida. Nunca mais Caio desapareceu, enterrando de vez a mania de viajar sem um aviso prévio. O apelido de Turista, porém, permaneceu até hoje na capital maranhense.

Libertadores da América, 1983.
Paysandu: No inicio de 1978, após um jogo amistoso entre Moto Club e Paysandu, onde o próprio Caio foi o autor de um golaço, ele e Paulo César (destaques da partidas), foram por empréstimo ao Paysandu, para as disputas da Taça de Ouro no primeiro semestre daquele ano.

Após a eliminação precoce do bicolor na competição, ambos retornaram ao Moto Clube para as disputas do Campeonato Maranhense.

Caio retornou a tempo de ver o Moto Clube chegar ao vice-campeonato diante do seu maior rival. No dia 27/06/1979, o Moto Clube venceu o Vitória do Mar por 8 x 0, no jogo em que o treinador Marçal havia colocado Caio como meia-esquerda. Caio anotou três gols na partida.

A essa altura ele já vinha sendo observado por João Avelino, olheiro e auxiliar técnico de Oswaldo Brandão, da Portuguesa de Desportos. João Avelino estava nas arquibancadas durante a goleada contra o Vitória do Mar e não teve dúvidas em levar o meia-esquerda (naquele jogo, pois ele no momento já era centroavante) para o Canindé.

Quando a Portuguesa o procurou, o atleta já havia conseguido o passe livre, porém, renovado por mais um ano com o Moto Clube como gratidão pela passagem pelo rubro-negro. Caio deu ao Moto o direito de negociá-lo para um grande centro como o futebol paulista, mediante é claro os 15% referentes à transação para a Lusa. 


Portuguesa: Caio chegou a Portuguesa no andamento do Campeonato Paulista de 1979, quando Oswaldo Brandão, treinador da Lusa, que foi mandado embora e João Avelino assumiu o cargo. O clube sofreu uma grande reformulação no elenco, chegando alguns bons jovens atletas para o plantel, como Rui Lima, Quaresma, Cacá, Gerson Sodré e o próprio Caio, que terminou o Campeonato Paulista daquele ano como vice-artilheiro, com 19 gols, um a menos que Rubem Feijão, do Santos.

Quando retornou de férias em São Luis, em Janeiro de 1983, Caio não teve o seu contrato renovado com a Lusa, embora ele tenha sido ídolo do clube e um dos grandes nomes do elenco da Portuguesa. O jogador, então, passou a treinar separadamente do grupo, pois ainda tinha período de contrato a cumprir.

Caio ficou na Portuguesa até março de 1983, sem ao menos conseguir deixar a equipe do Canindé entre os quatro primeiros colocados do campeonato paulista durante toda a sua passagem pelo clube. 

As suas grandes atuações e o seu refinado trato com a bola, porém, foram o suficiente para despertar o interesse do Grêmio, que o levou após uma breve negociação. Foi por empréstimo à equipe de Porto Alegre por intermédio de Wilton, preparador físico que trabalhou no São Paulo e que, na época, trabalhava no clube porto-alegrense. 

Caio comemorando o segundo gol na final da Libertadores da America de 1983.
Grêmio: O Grêmio precisava com urgência de um centroavante para a disputa da Taça Libertadores de 1983. Contrataram César, que atuava no futebol português, mas não estava rendendo em campo. Diziam ser pela diferença do calendário entre o futebol brasileiro e o de Portugal. A diretoria, então, oficializou a vinda de Caio, que chegou por empréstimo de 10 meses e na condição de reserva de César.

Na disputa pela titularidade, Caio levou a melhor, pois estava com condicionamento físico adiantado. Foi o centroavante gremista na Copa Libertadores. Vestiu a camisa do Grêmio ao lado de nomes como Renato Portaluppi, Mário Sérgio, Hugo de León e Tita. O treinador era Valdir Espinosa.

Caio foi importante no Grêmio para as conquistas da Copa Libertadores e Mundial de Clubes de 1983. Na final da Libertadores no Estádio Olímpico Monumental, foi dele um dos gols contra o Peñarol do Uruguai.

No Mundial em Tókio, perdeu a condição de titular para o recém chegado Paulo César Caju, que havia sido contratado a pedido do treinador Valdir Espinosa. Anos depois Caio revelou que se sentiu contrariado com a situação, pois ele vinha sendo o titular e ajudou o Grêmio a chegar ao Japão.

Porém, Paulo César Caju não aguentou sequer o primeiro tempo e Caio foi logo lançado a campo. E foi Caio o autor da assistência do tento da vitória gremista sobre o Hamburgo, da Alemanha, por 2 x 1.

Era um momento de maior glória na carreira de Caio. Como prêmio pela conquista, a diretoria Tricolor pagou a cada atleta a quantia de seis mil dólares.

Caio saiu da Portuguesa para o Grêmio por empréstimo com o passe estipulado. Com a proximidade do fim do período de empréstimo o Grêmio contratou Caio em definitivo.

Durante partida pela Libertadores de 1984, Caio teve uma distensão na virilha, da qual não conseguiu se recuperar naquele ano. Apesar do prestígio que tinha no Grêmio, Caio resolveu deixar o clube em dezembro de 1984. O jogador se dizia desacreditado na sua recuperação da lesão e decidiu abandonar os gramados aos 30 anos.

Caio teve propostas de empréstimo para o Santos e Palmeiras, além do Benfica de Portugal ter tentado sua contratação. Mas com a decisão de abandonar os gramados, nada se concretizou e Caio voltou para o Maranhão. 

Caio é o terceiro agachado, com a camisa do Moto Club
Moto Clube: Ao contrário do que muitos pensam, quando deixou o Grêmio, foi para o Maranhão para outro ramo. Investiu em uma rede de Farmácias na cidade. Caio chegou a abrir cinco farmácias, mas os negócios naufragaram.

Em uma dessas peladas de fim de semana na praia, para espanto do agora aposentado jogador, ele não sentiu mais a incômoda contusão que o atrapalhara nos gramados.

Tinha parado com o futebol, mas na época Mário Carneiro, Cassas de Lima, Ibrahim Assub e outros dirigentes do Moto Clube pediram para o jogador atuar pelo clube novamente. Porém, o Grêmio ainda era o dono do passe de Caio, sendo assim, não poderia atuar por outra equipe.

Mário Carneiro foi até Porto Alegre e conseguiu a liberação do atleta para a sua segunda passagem pelo clube maranhense. Ele assinou um contrato diferente que provocou muitas críticas, onde ele não precisaria viajar e nem se concentrar como os demais jogadores. Caio estreou pelo Moto Clube em 1985.

Em 1986 foi emprestado ao Tuna Luso por seis meses, retornando ao Moto Clube após o período.

Caio permaneceu no Moto Clube até 1989, ano do título maranhense. Após a reapresentação do plantel, em janeiro de 1990 foi realizada uma reunião entre o grupo de jogadores, insatisfeitos com os salários atrasados. Neste encontro Caio, um dos mais experientes do grupo confrontou o presidente do clube Edmar Cutrim, encerrando assim seu vínculo com o Moto Clube.

Caio assinou em seguida, por revanchismo, com o Sampaio Corrêa, levado pelo então presidente do seu novo clube, Pedro Vasconcelos

Sampaio Corrêa: Pela Sampaio Corrêa, foi bicampeão maranhense em 1990 e 1991. Abandonou em definitivo os gramados logo em seguida a conquista do bicampeonato, já com 36 anos.

Passou então a trabalhar com escolinhas de futebol pelo Cohatrac em São Luís. Foi treinador e auxiliar pela Caxiense, Tupan, Imperatriz, Maranhão e Moto Club.

A sua última experiência como treinador foi em 2000, pela equipe do Açailândia, onde encerrou a competição na nona colocação.

Volta ao Rio Grande do Sul

Em 2014, aos 59 anos, Caio estava no Maranhão e trabalhava como taxista, sofrendo de um problema de circulação na perna direita (Trombose) que poderia levar a amputação caso não fosse feita uma cirurgia.

Como taxista recebia aproximadamente R$ 1.500,00 mensais e não conseguia pagar pelo procedimento de aproximadamente R$ 15.000.00. O ex-companheiro de Grêmio Renato Portaluppi revelou na época que já havia se oferecido para resolver o problema, mas que Caio por orgulho havia negado a ajuda.

Porém, com a divulgação da notícia, os campeões de 1983, Tarciso, Fábio Koff, Hugo de León, Baidek, Renato e Casemiro, além do empresário Sérgio Cláudio Madalozzo, montaram uma força tarefa para ajudar seu amigo Caio.

Caio aceitou a ajuda dos amigos, foi para o Rio Grande do Sul onde fez a cirurgia que precisava e acabou fixando residência em Ivoti onde era zelador dos alojamentos do Sport Club Ivoti, clube administrado pela Globalfut que pertence ao empresário Sérgio Cláudio Madalozzo, que o ajudou no momento crítico.

Uma de suas últimas aparições públicas foi no final de 2018. Antes da partida contra o Corinthians, no dia 02/12/2018, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, o Grêmio comemorou o aniversário de 35 anos da conquista do Mundial e, depois de celebrarem a data em um almoço, diretoria e jogadores da época fizeram a festa com torcida na Arena Grêmio, em Porto Alegre. Caio, em cadeira de rodas, teve a companhia de César, Osvaldo, Mazaropi, China, Baidek, Tonho, o ex-técnico Valdir Espinosa e seu auxiliar Zeca Rodrigues.

Morte

Caio faleceu na manhã de terça-feira, 12/02/2019, aos 63 anos, em São Luís, MA. Caio sofria com problemas de saúde como a trombose. Em julho de 2017, ele chegou a ter a perna direita amputada. A outra perna também precisou ser amputada depois.

Títulos
  • 1977 - Campeonato Maranhense (Moto Club)
  • 1983 - FIFA Mundial Interclubes (Grêmio)
  • 1983 - Copa Los Angeles (Grêmio)
  • 1983 - Copa Libertadores da América (Grêmio)
  • 1983 - Troféu CEL (Grêmio)
  • 1984 - Vice-campeão da Copa Libertadores da América (Grêmio)
  • 1989 - Campeonato Maranhense (Moto Club)
  • 1990 - Campeonato Maranhense (Sampaio Corrêa)
  • 1991 - Campeonato Maranhense (Sampaio Corrêa)

Indicação: Miguel Sampaio
#famososquepartiram #caio

Manuel de Nóbrega

MANUEL SOARES DE NÓBREGA
(63 anos)
Ator, Humorista, Jornalista e Político

* Niterói, RJ (18/02/1913)
+ São Paulo, SP (16/03/1976)

Manuel Soares de Nóbrega foi um ator e humorista brasileiro. Estudava Economia quando resolveu começar sua carreira artística no rádio, em 1931, ainda no Rio de Janeiro. Quando viajou para São Paulo no início da década de 1940 foi direto para o rádio e trabalhou em emissoras como Cultura, Nacional, Tupi e Piratininga.

Na TV estreou na década de 1950 tendo passado pela antiga TV Paulista, depois TV Globo e pela TV Record. Foi também jornalista e deputado estadual por São Paulo.

Sua importância para o humor de rádio e de TV foi muito grande e criou programas como "Cadeira de Barbeiro", "Programa Manuel de Nóbrega" e "A Praça da Alegria".


Seu mais famoso trabalho foi o humorístico "A Praça da Alegria", que criou, dirigiu e comandou a partir de 1957, primeiro na TV Paulista e depois na TV Record. Quando fazia esse programa conheceu o apresentador Silvio Santos, para quem acabaria vendendo seu negócio chamado "O Baú da Felicidade". Silvio Santos fez uma fortuna a partir daí, mas sempre manteve sua amizade com Manuel de Nóbrega, a quem convidou para ser diretor superintendente da sua primeira concessão de TV, a TVS do Rio de Janeiro.

Em 22 de dezembro de 1975, Silvio Santos e Manuel de Nóbrega, já muito magro e enfraquecido por um câncer, foram a Brasília assinar o documento que daria ao animador e empresário a concessão da estação, o canal 11. Muito emocionado, Silvio Santos discursou sobre a nova televisão que surgiria a partir dali. Lembrou de sua vinda a São Paulo em 1955. Citou Manuel de Nóbrega várias vezes. Em seguida, o próprio Manuel de Nóbrega foi quem tomou a palavra. Dirigiu-a aos artistas que entrariam na emissora. Fez lágrimas caírem dos olhos de Silvio Santos.

Exatos 84 dias depois disto, Manuel de Nóbrega faleceu. Meses depois, Carlos Alberto, filho dele, rompeu a amizade com Silvio Santos. Até que em 1987, após muito tempo, houve a reaproximação. E Carlos Alberto foi contratado para assumir o banco da praça de seu pai, agora no SBT. O programas está no ar até hoje.

Pelo banquinho da "A Praça da Alegria" passaram mais de duzentas personagens e os maiores humoristas brasileiros, interpretando textos e personagens cuja maioria fora criada pelo próprio Manuel de Nóbrega, que se inspirava em tipos reais que pululavam nas praças centrais de São Paulo dos anos 50/60.

Dentre os artistas que fizeram história ao passar pelo banco da praça estão Ronald Golias, (era o menino levado Pacífico), Moacyr Franco (um mendigo, que faria sucesso com o samba de carnaval "Me Dá Um Dinheiro Aí"), Canarinho, Simplício (o "Homem de Itu", a cidade pequena do interior de São Paulo, "onde tudo era grande"), Consuelo Leandro (Cremilda, a mulher do Oscar), Costinha, Zilda Cardoso (a jornaleira Catifunda, que fumava um charuto fedorento), Walter d'Ávila (o semianalfabeto que estava sempre tentando ler um livro), José Vasconcelos, Murilo Amorim Correa, Maria Teresa, Rony Rios (A Velha Surda), Chocolate e Lilico (o bêbado mal-arrumado e indignado, que tentava chamar a atenção das pessoas tocando um tambor).

Morte

Manuel de Nóbrega faleceu com 63 anos de idade no dia 16/03/1976 em São Paulo vítima de um Câncer no Pâncreas. O Corpo de Manoel de Nóbrega foi cremado no Crematório do Cemitério da Vila Alpina em São Paulo.

Com sua morte, quem assumiu o comando do programa foi seu filho Carlos Alberto de Nóbrega que até hoje o apresenta no SBT, agora com o título de "A Praça é Nossa".

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ManueldeNobrega

Luís Eduardo Magalhães

LUÍS EDUARDO MARON DE MAGALHÃES
(43 anos)
Político

* Salvador, BA (16/03/1955)
+ Brasília, DF (21/04/1998)

Filho do ex-governador da Bahia, e ex-senador pelo estado, Antonio Carlos Magalhães, era tido não somente como sucessor de seu pai na política, mas para ir mais longe, sendo preparado para ser presidente do Brasil. Era muito próximo do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Foi deputado estadual de 1983 a 1987 e deputado federal de 1987 até sua morte, sendo presidente da Câmara de 1995 a 1997. Estava cotado para ser candidato ao governo de Bahia pelo PFL em 1998, e a presidente em 2002.

Se não morresse tão jovem, será que ele faria uma boa administração no governo da Bahia, cargo para o qual estava praticamente eleito segundo todos os prognósticos? Se não morresse tão jovem, será que conseguiria ser o presidente da República em 2002? A morte do deputado Luís Eduardo Maron de Magalhães, aos 43 anos, depois de um infarto fulminante, deixou o mundo político perplexo. Primeiro, porque era muito jovem, e foi uma armadilha do destino levá-lo tão cedo. Depois, porque era a maior promessa política de seu partido, e é duro aceitar o desmonte repentino de futuro tão promissor.

Casado, pai de três adolescentes, filho do senador Antônio Carlos Magalhães, cujo nome aparece em qualquer lista dos políticos mais poderosos do país, Luís Eduardo construiu sua biografia política em vinte anos. Foi duas vezes deputado na Bahia, exercia agora seu terceiro mandato de deputado em Brasília e chegou a presidente da Câmara dos Deputados, entre 1995 e 1997. Resumida assim, sua carreira parece até rotineira - mas, examinada mais a fundo, constata-se que é uma exceção.

Em duas décadas de vida política, Luís Eduardo, com freqüência, foi confundido com o que não era. Em 1987, ao chegar a Brasília para seu primeiro mandato, ele foi recebido como filho de Antônio Carlos Magalhães. Era, na opinião de muitos, apenas o herdeiro de um cacique político, sem brilho nem vocação. Diante da estatura política do pai, enfrentou o desafio de provar que tinha luz própria, e conseguiu.

Luís Eduardo Magalhães e seu pai Antônio Carlos Magalhães
Exibia tanta personalidade que se relacionava até com adversários do pai, como o ex-governador da Bahia Waldir Pires. Com cacife de profissional, foi o elo de aproximação entre o pai e o presidente Fernando Henrique Cardoso - no governo e na campanha. Quando seu pai insistiu para que concorresse a vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso, Luís Eduardo resistiu e recusou. "A partir daí, passamos a perceber que ele tinha vontade própria", diz o hoje governador do Ceará, Tasso Jereissati. Ele queria ser presidente da Câmara. Concorreu, ganhou de lavada - e aí, novamente, foram confundi-lo com o que não era.

Sentado na cadeira de presidente, conduziu a aprovação de mais de cinqüenta leis e catorze emendas constitucionais propostas pelo governo. Comandou a quebra do monopólio do petróleo, aprovou o novo conceito de empresa nacional, acabou com as restrições ao capital estrangeiro e foi peça decisiva para a aprovação da emenda da reeleição, seu último ato como presidente da Casa. Com esse cardápio de serviços prestados, chegou a ser classificado por adversários políticos mais maliciosos como o presidente da Câmara mais subserviente ao Palácio do Planalto desde os governos militares.

"Luís Eduardo não era pau-mandado. Ele estava construindo um projeto liberal no qual acreditava desde a Constituinte", disse o deputado Milton Temer, do PT do Rio de Janeiro, cujas posições são tão esquerdistas que espantam até alguns petistas.

Ao assumir a Câmara, Luís Eduardo rompeu com a prática de reunir o chamado "colégio de líderes", em que as decisões eram tomadas por um consenso de cúpula que reunia governo e oposição. Como é de supor, as grandes discussões demoravam a ir a votação. Sabendo que a maioria dos 513 deputados era favorável às reformas, passou a colocar os projetos e as emendas diretamente no plenário. Usando uma prerrogativa do cargo, ele só colocava os projetos em votação quando tinha certeza da aprovação. A seu lado, um assessor punha num laptop a posição de cada deputado que ia entrando no plenário — e, assim, quando o mapa da vitória se desenhava no computador, dava início à votação.

Filho do mais ilustre político baiano e eleito pela primeira vez com apenas 23 anos, Luís Eduardo também chegou a ter seu temperamento confundido com o do pai, um político de estilo agressivo, conhecido por carbonizar adversários e morrer de paixão pela Bahia. "Ele tem as minhas virtudes e não tem os meus defeitos", costumava dizer o senador.


Na verdade, Luís Eduardo tinha estilo próprio. Era duro na defesa de suas posições, mas afável no contato e até solidário com os adversários. "Ele passava com o trator em cima de você, mas antes olhava nos seus olhos e dizia o que ia fazer", lembra a deputada Sandra Starling, ex-líder do PT na Câmara.

Com uma formação liberal, discípulo e admirador do ex-ministro Roberto Campos, Luís Eduardo não tinha nenhuma dificuldade para transitar pela esquerda do Congresso. Essa sua capacidade de se aproximar e até defender adversários vinha de longe. Em 1984, Luís Eduardo era filiado ao PDS, presidia a Assembléia da Bahia e, quando soube que militantes do PC do B baiano haviam sido presos, foi à delegacia para protestar contra a arbitrariedade.

Apaixonado pela política e pelo poder brasiliense, o deputado também não tinha aquela baianidade do pai, só viajava para o interior do Estado quando estava em campanha. Nos fins de semana, quando voltava para Salvador, ficava em casa. Até no cardápio contrariava a tradição - não gostava de frutos do mar, só abria exceção para o bacalhau, e adorava comer carne vermelha. Era um cinéfilo sem tempo de ir ao cinema, daqueles que alugam dez fitas de vídeo num fim de semana. "Ele ficava horas discutindo cinema e tinha boa memória", diz Fernando Barros, publicitário que acompanhava o deputado desde sua primeira eleição.

Mas o que ele adorava, mesmo, era o Congresso. Tinha prazer em articular, falar com deputados, montar uma estratégia de votação. Chegava na Casa pela manhã com um sorriso no rosto e esfregando as mãos em sinal de satisfação. Era preocupado com a imagem do Congresso. Quando achou que havia risco de o plenário não cassar o mandato de Sérgio Naya, o destruidor do Palace II, começou a suar frio. Cassado o mandato, ele relaxou. "Estou com as mãos frias. Aqui é assim. Todo dia uma emoção e uma tensão nova", comentou com seu colega Benito Gama.

Gostava tanto do Congresso e era tão pouco afeito à política regional que relutou muito antes de aceitar lançar-se candidato ao governo da Bahia. Passou mais de dois meses refletindo sobre o assunto, chegou a falar com Fernando Henrique Cardoso para colher sua opinião, mas o presidente fez questão de dizer que aceitaria qualquer decisão sua. Depois de pensar muito, resolveu ceder a um argumento de Antônio Carlos Magalhães. O senador achava que, apesar da lealdade que o governador Paulo Souto demonstrara durante o seu mandato, era arriscado deixar o governo do Estado sem um Magalhães por mais quatro anos. O senador disse que estava com idade avançada e que Luís Eduardo, para azeitar seu projeto de virar presidente da República, não podia perder o controle sobre os deputados estaduais e a bancada federal da Bahia. Diante disso, Luís Eduardo aceitou - mas não escondia de ninguém que preferia ser candidato ao Senado para permanecer em Brasília e no Congresso.

Eleito para o seu terceiro mandato com o maior balaio de votos do Estado, 138.000, Luís Eduardo era um político do PFL e, ao mesmo tempo, não era um político do PFL. Era pefelista no ideário liberal, na militância cotidiana e jamais abandonava o partido, mesmo que discordasse da decisão.

Teve coragem de ficar ao lado do ex-presidente Fernando Collor até o último minuto, e subiu na tribuna para defendê-lo e dizer não ao impeachment. Coragem porque, àquela altura, era sabido que Fernando Collor era um náufrago sem bóia. Coragem porque o próprio Luís Eduardo sabia que as negociatas no Planalto cheiravam mal. Coragem porque ele nem sequer gostava de Fernando Collor, que achava ingrato e arrogante. Só ficou no barco collorido para não contrariar a bancada do PFL.

Mas, por outro ângulo, Luís Eduardo não parecia um político do PFL. Representava uma face séria do partido, transmitia credibilidade e respeito, não se assemelhava à imagem coronelista e não se envolvia com o velho fisiologismo pefelista. "Ele era sério. Quando fechava um acordo, não havia dúvida: ele cumpria", disse o petista José Genoíno.

Era diferente até na aparência. Vaidoso, vestia ternos Ermenegildo Zegna, só usava sapatos italianos e suas camisas, de cor diferente do colarinho, viraram moda no Congresso. Sua morte prematura desarrumou o projeto político que o PFL vinha acalentando há anos: eleger um presidente do partido. Célebre pelo seu traquejo nas artes do poder e pela incomparável rapidez com que aderia a qualquer governo, o PFL nunca elegeu um dos seus para o Palácio do Planalto - e Luís Eduardo era a grande, a maior e, até o dia de sua morte, a única esperança do partido para 2002.

Ele trabalhava para isso e sabia que Fernando Henrique Cardoso gostaria de emplacar o governador Tasso Jereissati como seu sucessor daqui a quatro anos, mas não descartava a hipótese de conquistar o coração de Fernando Henrique Cardoso no meio da caminhada. No início do governo, em conversas privadas, fazia algumas ironias a respeito de Fernando Henrique Cardoso. No fim, só o chamava de "príncipe", com aberta admiração. "Eu tenho paixão pelo Fernando Henrique. Cada vez que converso com ele, me encanto mais", derramava-se.

Parecendo não ser o que era e sendo o que não parecia ser, Luís Eduardo podia dar margem a um equívoco final sobre sua personalidade política - o de que fosse um anfíbio, de posições ocultas ou meio dissimuladas, um camaleão político. Mas era o contrário. Era claríssimo nas suas posições e prezava essa qualidade até mesmo nos outros. Chegou a oferecer ajuda ao deputado Milton Temer na disputa pela presidência do PT contra José Dirceu. Diante da surpresa de Milton Temer com a oferta, ele explicou: "É que você é peixe e eu sou carne. Gosto das coisas claras. Não gosto é do PT, que se comporta como se fosse chester".

Com sua postura de preto no branco, o deputado não tinha idéias novas, não era um formulador, não concebia conceitos. Ainda assim, não descuidava do lado intelectual. Formado em direito, na Bahia, mas apenas dono do diploma, pois nunca exerceu advocacia, nos últimos tempos estava estudando as teses de Max Weber, o sociólogo alemão que Fernando Henrique Cardoso cita em nove de dez discursos. O deputado Moreira Franco, do PMDB, lhe passava apostilas e recomendava leituras.

Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto e o busto de Luís Eduardo Magalhães
Luís Eduardo tornou-se um articulador eficiente pelo gosto, lábia e habilidade. Tinha paciência para negociar, conhecia pelo nome cada deputado, não tinha reservas para receber em seu gabinete o chamado baixo clero e ouvia aquelas mesquinharias de pedidos - cargo aqui, cargo acolá. Até por isso, sabia do interesse de cada um, do ponto fraco deste ou daquele, informações que valem ouro na hora de uma votação apertada. "O único problema é que eles sempre acham que, se você tem liderança, é porque é ladrão", reclamava em conversas com amigos. "Quando você não aceita um pleito deles, eles acham que é porque você quer roubar mais."

Com esse conhecimento minucioso da Câmara, sua morte abriu um rombo enorme na articulação do governo. Mas, como em política não existe vácuo, os caciques logo se mexeram para ocupar o espaço. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, já estava de olho na nova maré. Sem Luís Eduardo, imagina que o pedaço baiano do partido se enfraquece, e quem sabe isso não ajuda a fortalecer o pedaço catarinense - ou seja, o dele mesmo?

Na quarta-feira, 22/04/1998, o corpo de Luís Eduardo foi enterrado, em Salvador, depois de ser velado no Congresso na noite anterior. E, por incrível que pareça, até na hora da morte Luís Eduardo acabou sendo confundido com o que não era.

Fumante de três maços por dia, gostava de uma boa mesa e bebia com prazer. Hipertenso, amigo do copo e de carne vermelha, passou a muitos a impressão de que não se preocupava com a saúde. É o último equívoco. Ele estava diminuindo o cigarro, medicava-se contra a hipertensão, adotara o vinho tinto no lugar dos destilados por ordem médica, emagrecera 10 quilos nos últimos tempos e sempre fazia caminhadas, como na manhã de sua última terça-feira, 21/04/1998.

Morte

Não atendendo a um conselho médico de fazer um exame que radiografa o coração, sofreu um infarto. Depois do infarto, já na UTI do hospital, o exame foi feito. Quando viu as primeiras imagens, o cardiologista Bernardino Tranchesi chorou. "Era o coração de um idoso", exclamou outro cardiologista presente, Francisco de Assis. Ele não tinha uma lesão nas coronárias como se suspeitava. Tinha quatro lesões na coronária direita e seis no lado esquerdo, e não uma lesão nas coronárias como era suspeitado.

Às 20h do dia 21 de abril de 1998, Luís Eduardo Maron de Magalhães estava morto. Na quarta-feira, 22/04/1998, o corpo de Luís Eduardo foi enterrado, em Salvador, depois de ser velado no Congresso na noite anterior.

No ano 2000 um distrito baiano (próximo á Barreiras), conhecido antes pelo nome de Mimoso, ao ser emancipado recebeu o nome de Luís Eduardo Magalhães.

Fonte: Veja (Texto: Expedito Filho) e Wikipédia
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