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Clodovil

CLODOVIL HERNANDES
(71 anos)
Estilista, Apresentador de TV e Político

☼ Elisário, SP (17/06/1937)
┼ Brasília, DF (17/03/2009)

Atuou como estilista e apresentador de programas em diversas emissoras. Tornou-se o terceiro deputado federal mais votado do país, com 493.951 votos ou 2.43% os votos válidos.

Foi conhecido principalmente pela postura de polemizador e por declarações consideradas impróprias ou indelicadas, muitas vezes dirigidas a outras personalidades famosas. Entre outras polêmicas, estão acusações de racismo e antissemitismo.

Clodovil Hernandes nasceu em Elisiário, no interior do estado de São Paulo. Era filho adotivo de Domingo Hernández e Isabel Sánchez, um casal de imigrantes espanhóis naturais da região da Andaluzia. Logo após seu nascimento, a família se mudou para Floreal, onde Domingo Hernández se tornou dono de uma loja de tecidos. Clodovil descobriu que não era filho biológico de seus pais adotivos aos onze anos de idade, quando uma tia lhe contou. Segundo ele próprio, a adoção nunca foi um problema, e seus pais morreram sem saber que ele sabia. Ele também jamais soube quem foram seus pais biológicos.

Clodovil sempre teve um relacionamento mais próximo com sua mãe, que foi "a única mulher que amou em sua vida". Segundo Clodovil, a mãe não lhe quis quando chegou, porque não queria aquela "coisa feia". Felizmente, porém, Isabel aprendeu a amá-lo com o convívio. Clodovil dizia que, apesar de nunca ter gostado muito do pai, sempre o respeitou. Certo dia, quando lhe respondeu de maneira atravessada, levou um forte tapa na orelha que lhe deixou com um problema de audição. Aos treze anos, Clodovil viu seu pai tendo relações sexuais com outro homem, um cunhado. Clodovil diz que nunca tocou no assunto com o pai, o qual morreu sem saber que ele viu a cena. Por causa desse episódio, Clodovil disse que "devia o norte de sua vida" a seu pai.

"Mas devo o norte da minha vida ao meu pai, apesar de eu nunca ter gostado muito dele. Digo isso porque a primeira vez que vi um homem com outro foi o meu pai. Eu tinha treze anos. E nunca desrespeitei o meu pai."
(Clodovil)

Clodovil aos 5 anos com os pais adotivos e aos 15 anos
Juventude

O interesse de Clodovil por moda começou ainda criança, quando ele dava palpites de vestuário para a mãe, as tias e as primas, escondido do pai, que não podia saber. Quando estava estudando em um colégio interno católico, recebeu o apelido de Jacques Fath, um costureiro francês famoso da época. No último ano do normal, aos dezesseis anos, uma colega lhe perguntou por que não desenhava vestidos, embora Clodovil nem sequer conhecesse essa profissão. Pegou então uma página de caderno e desenhou onze vestidos. Numa loja do centro de São Paulo, vendeu seis desses. Diz que ganhou mais dinheiro do que a mesada que o pai lhe mandava, e iniciou assim sua trajetória na moda.

Desistiu então da Faculdade de Filosofia e, em 1960, conquistou seu primeiro Prêmio Agulha de Ouro. Com talento, ele conquistou clientes da alta sociedade de São Paulo. Na época também começou a chamar atenção a "rivalidade" de Clodovil com Dener Pamplona de Abreu, outro estilista conhecido da época. Na realidade, eles eram mais amigos e colegas de profissão do que competidores.

Um passaporte de Clodovil Hernandes comprova que seu nome verdadeiro era Clodovir Hernández.

Início da Carreira Artística

O talento de Clodovil para a moda foi reconhecido por mulheres de variadas origens sociais, desde artistas como Elis Regina e Cacilda Becker a empresárias como Hebe Alves, antiga proprietária das Lojas Mappin, e às famílias Diniz e Matarazzo, para as quais a linha prêt-à-porter era muito apreciada.

Pioneiro, por anos seria um dos pilares da alta-costura, numa sociedade que importava modelos europeus, inaugurou uma moda made in brazil. Segundo Constanza Pascolato, "Esse termo alta-costura cabe especificamente às coleções de Paris. Podemos dizer que o Clô fez uma 'moda de ateliê' muito requintada e luxuosa, destinada a ocasiões específicas, como casamentos e coquetéis", define.

Clodovil formou-se professor, mas ainda jovem se tornou um estilista conhecido no país e logo passou a trabalhar também na televisão, na qual acumulou mais de 45 anos de carreira em quase todas as emissoras de TV do país. Ficou famoso em 1976, ao ganhar o prêmio máximo no programa "8 ou 800?", apresentado por Paulo Gracindo, ao responder perguntas sobre Dona Beja.

No início dos anos 80, apresentou na Rede Globo o programa feminino "TV Mulher", considerado revolucionário na época, ao lado da então sexóloga Marta Suplicy, que viria, posteriormente, tornar-se prefeita da cidade de São Paulo. Em 1992, apresentou o programa "Clodovil Abre o Jogo" da extinta Rede Manchete.

Clodovil foi também premiado figurinista de teatro, além de ter trabalhado como ator. Possuía registro como cantor.

Em maio de 2001, Clodovil estreou no comando do programa "Mulheres" da TV Gazeta, ao lado de Christina Rocha. Polêmico como sempre, Clodovil fazia críticas à colega, ao vivo. Após alguns meses, a parceria foi desfeita e Clodovil passou a comandar um talk-show nas noites da TV Gazeta, durante as quais preparava receitas para receber seus convidados e tratava de temas polêmicos como por exemplo a briga de Xuxa com Marlene Mattos.

Programas

  • 1980 / 1982 - TV Mulher (Rede Globo)
  • 1983 - Clodovil (Rede Bandeirantes)
  • 1983 / 1985 - Manchete Shopping Show (Rede Manchete)
  • 1985 / 1988 - Clô Para os Íntimos (Rede Manchete)
  • 1991 / 1993 - Clodovil Abre o Jogo (Rede Manchete)
  • 1993 / 1994 - Clodovil Frente e Verso (CNT)
  • 1993 / 1994 - Clodovil em Noite de Gala (CNT)
  • 1995 / 1996 - Retratos (CNT)
  • 1998 - Clodovil Soft (Rede Bandeirantes)
  • 1999 - Clodovil (Rede Mulher)
  • 2001 - Clodovil Frente e Verso (CNT)
  • 2001 / 2002 - Mulheres (Rede Gazeta)
  • 2002 - Clodovil (Rede Gazeta)
  • 2003 / 2005 - A Casa é Sua (RedeTV!)
  • 2007 - Por Excelência (TV JB)

Polêmicas

A despeito da vida de "glamour" e fama, fazia questão de demonstrar sua espiritualidade e sempre evidenciar o amor recíproco entre ele e seu grande amor, citando Deus de forma recorrente nos diálogos e entrevistas: "Eu não sou briguento. Como eu poderia ser? Eu sou temente a Deus!".

- Na RedeTV!

Em 2004, já na RedeTV!, passou por uma fase polêmica devido ao desentendimento com integrantes do programa "Pânico na TV". Um dos quadros do programa propunha que personalidades consideradas arrogantes pela equipe calçassem as "sandálias da humildade", e em certo momento Clodovil tornou-se o alvo dos humoristas. O apresentador se esquivou de duas investidas dos repórteres do "Pânico na TV". Na terceira tentativa, foi perseguido por dois carros, um helicóptero e um trio elétrico. Seguido desde os estúdios da emissora, em Barueri, na Grande São Paulo, o veículo do apresentador foi fechado no meio da Marginal Pinheiros, e acabou por escapar. No dia seguinte à apresentação de todo o incidente no "Pânico na TV", Clodovil fez um desabafo ao vivo em seu próprio programa, "A Casa é Sua", que apresentava desde 2003. Seu programa passou a ser gravado.

Meses depois, ao criticar uma apresentadora da casa pelo modo que aparecera vestida em uma festa, foi demitido. Em abril de 2007, Clodovil voltou à televisão com o programa "Por Excelência", na TV JB. O nome do programa fazia referência à sua então condição de deputado federal. Pediu demissão por causa de alguns problemas de saúde.

- Acusação de Racismo

Em 2004, durante o programa "A Casa é Sua", Clodovil chamou a vereadora Claudete Alves de "macaca de tailleur metida a besta". A vereadora entrou com uma queixa-crime e o apresentador respondeu por dois processos criminais no Tribunal de Justiça de São Paulo. Clodovil alegou em sua defesa que a palavra "macaca" foi usada com o intuito de demonstrar que a vereadora "gostava de aparecer", e não com conotação racista. O apresentador, porém, foi condenado a pagar indenização por danos morais.

- Acusação de Antissemitismo e Novamente de Racismo

Em uma entrevista à Rádio Tupi, em 27 de outubro de 2006, Clodovil declarou que os judeus teriam manipulado o Holocausto e forjado o atentado de 11 de setembro contra o World Trade Center. Na mesma entrevista, referiu-se a um negro como "crioulo cheio de complexo". Para suportar suas opiniões, disse à rádio carioca que existe um "poder escuso, que está no subsolo das coisas". Segundo o apresentador, "as pessoas são induzidas a acreditar. Quando houve aquele incidente com as torres gêmeas lá não tinha americano nenhum e nem judeu".

O presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Osias Wurman, declarou-se indignado com as declarações, sobretudo por virem de uma pessoa advinda de uma minoria que também sofre preconceito. Wurman entrou com uma interpelação judicial contra Clodovil, acusando-o de racista, além de enviar cópias do áudio da entrevista à Secretaria Estadual de Direitos Humanos, a deputados estaduais e a organizações não-governamentais ligadas ao movimento negro.

- Polêmica Com Cida Diogo

Em 2007, envolveu-se em nova polêmica no Congresso, após discutir com a deputada Cida Diogo, do PT do Rio de Janeiro. A discussão iniciou por conta das declarações de Clodovil de que "as mulheres ficaram muito ordinárias, ficaram vulgares, cheias de silicone" e ainda que atualmente "as mulheres trabalham deitadas e descansam em pé". Ao ser questionado pela deputada quanto à declaração, respondeu: "Digamos que uma moça bonita se ofendesse porque ela pode se prostituir. Não é o seu caso. A senhora é uma mulher feia".

Carreira Política

Em 2006 entrou para a política após candidatar-se e eleger-se deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão, possuindo inclusive o terceiro maior número de votos em São Paulo, estado por onde se candidatou. Usou bastante ironia em sua campanha, como a frase: "Vocês acham que eu sou passivo? Pisa no meu calo para você ver…"

Tornou-se então o primeiro homossexual assumido a ser eleito deputado federal. Apesar disso, declarava-se contra a Parada do Orgulho GLBT, o casamento gay e o movimento homossexual brasileiro.

Em setembro de 2007 o deputado decidiu trocar de partido e filiou-se ao Partido da República, correndo desde então o risco de perder o mandato por infidelidade partidária, pois o TSE decidiu no dia 27 de março de 2007, que o mandato pertence ao partido e não ao eleito. No entanto, em 12 de março de 2009, foi absolvido por unanimidade dos votos. Clodovil deixou o partido alegando ter sido abandonado pela legenda desde a eleição, quando não recebeu material de campanha, e posteriormente, quando não recebeu assessoria jurídica do partido. Devido a isso, os ministros do TSE concordaram que houve perseguição interna, uma das condições que permitem que o parlamentar troque de legenda.

Projetos Propostos

Em julho de 2008, apresentou proposta de emenda constitucional pretendendo reduzir o número de deputados de 513 para 250.

Em 27 de março de 2009, dez dias depois da sua morte, três de seus projetos foram aprovados na Comissão de Constituição e Justiça:
  • A obrigatoriedade das escolas divulgarem a lista de material escolar 45 dias antes da data final para a matrícula.
  • A criação do Dia da Mãe Adotiva, uma homenagem à sua mãe adotiva Isabel Hernandes.
  • A obrigatoriedade da menção dos nomes dos dubladores nos créditos das obras audiovisuais dos quais eles tenham participado.

Morte

Clodovil Hernandes morreu em 17 de março de 2009, após ser registrada sua morte cerebral causada por um Acidente Vascular Cerebral. O velório ocorreu no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o sepultamento ocorreu no dia seguinte à morte no Cemitério do Morumbi na capital paulista, onde já se encontravam os restos mortais de sua mãe adotiva.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #Clodovil

Elis Regina

ELIS REGINA CARVALHO COSTA
(36 anos)
Cantora

☼ Porto Alegre, RS (17/03/1945)
┼ São Paulo, SP (19/01/1982)

Elis Regina Carvalho Costa foi uma cantora brasileira. Conhecida por sua presença de palco histriônica, sua voz e sua personalidade, Elis Regina é considerada por muitos críticos, comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Com os sucessos de "Falso Brilhante" e "Transversal do Tempo", ela inovou os espetáculos musicais no país e foi capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.

Como muitos outros artistas do Brasil, Elis Regina surgiu dos festivais de música na década de 60 e mostrava interesse em desenvolver seu talento através de apresentações dramáticas. Seu estilo era altamente influenciado pelos cantores do rádio, especialmente Ângela Maria, e a fez ser a grande revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na era da televisão. Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria Bethânia haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência aos rádios e televisões.

Seus primeiros discos, iniciando com "Viva a Brotolândia" (1961), refletem o momento em que transferiu-se do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e mídia. Transferindo-se para São Paulo em 1964, onde ficaria até sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do "Fino da Bossa" e encontrou uma cidade efervescente onde conseguiria realizar seus planos artísticos.


Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do "Fino da Bossa", e ambos tiveram João Marcelo Bôscoli.

Elis Regina aventurou-se por muitos gêneros: da Música Popular Brasileira (MPB), passando pela bossa nova, o samba, o rock ao jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e o Equilibrista", "Querelas do Brasil", que ainda continuam famosas e memoráveis. Registraram momentos de felicidade, amor, tristeza, patriotismo e ditadura militar no país.

Ao longo de toda sua carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, é célebre os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Wilson Simonal, Rita Lee, Chico Buarque - que quase foi lançado por ela não fosse Nara Leão ter o gravado antes - e, por fim, seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita. César Camargo Mariano também ajudou-a a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens a elas, como "É Com Esse Que Eu Vou".

Sua presença artística mais memorável talvez esteja registrada nos álbuns "Em Pleno Verão" (1970), "Elis & Tom" (1974), "Falso Brilhante" (1976), "Transversal do Tempo" (1978), "Saudade do Brasil" (1980) e "Elis" (1980). Ela foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil.

Início

Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul. Tinha um irmão, Rogério nascido em 1949.

Começou a carreira como cantora aos 11 anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado "O Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego.

Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d'Areia, na Zona Norte da cidade. Revelando enorme precocidade, aos 16 anos lançou o primeiro LP da carreira. Sobre o começo da carreira de Elis Regina e a disputa entre quem de fato a lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha de São Paulo:

"Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado."
(O produtor Walter Silva declarando como a cantora foi descoberta)

Década de 60, Surge Uma Estrela

Em 1960 foi contratada pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco, "Viva a Brotolândia". Lançou ainda mais três discos enquanto morava no Rio Grande do Sul.

Em 1964, um ano com a agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa "Noites de Gala". Foi levada por Dom Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria diversas parcerias, e um casamento com Ronaldo Bôscoli em 1967.

Acompanhada agora pelo grupo Copa Trio, de Dom Um Romão, cantou no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conheceu o coreógrafo americano Lennie Dale, que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha com os braços.

Participou do espetáculo "Fino da Bossa" organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril, São Paulo.

Ao final de 1967 conheceu o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar o programa "O Fino da Bossa", ao lado de Jair Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por Walter Silva, ficou no ar até 1967, na TV Record, Canal 7, SP, e originou três discos de grande sucesso: um deles, "Dois Na Bossa", foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. Seria dela agora o maior cachê do show business.

Estilo Musical

O estilo musical interpretado ao longo da carreira percorria assim o "fino da bossa nova", firmando-se como uma das maiores referências vocais deste gênero. Aos poucos, o estilo MPB, pautado por um hibridismo ainda mais urbano e popularesco que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano, seria mais um estilo explorado. Já no samba consagrou "Tiro Ao Álvaro" e "Iracema", de Adoniran Barbosa, entre outros.

Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova. O registro vocal pode ser definido como de uma mezzo-soprano característico com um fundo levemente metálico e vagamente rouco.

Desde a década de 60, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, até o final da década de 80, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos, apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival de Música Popular Brasileira conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor.

Elis Regina participou do especial "Mulher 80" da TV Globo, um desses momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado "Malu Mulher".

A antológica interpretação de "Arrastão" de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, no Festival de Música Popular Brasileira, escreveu um novo capítulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB e apresentando uma Elis Regina ousada. Uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro. O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor Cantora do Ano.

Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis Regina impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro LP individual, "Samba Eu Canto Assim".

Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil, intitulado "Viva o Festival da Música Popular Brasileira", gravado durante o festival. Mais uma vitoriosa participação no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, a canção "O Cantador" (Dori Caymmi e Nelson Motta), classificando-se para a finalíssima e reconhecida com o prêmio de Melhor Intérprete.

Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional, conquistando grande sucesso, principalmente no Olympia de Paris.

Anos de Glória

Durante os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade técnica parte do melhor da sua geração de músicos.

Patrocinado pela Philips na mostra Phono 73, com vários outros artistas, deparou-se com uma plateia fria e indiferente, distância quebrada com a calorosa apresentação de Caetano Veloso: "Respeitem a maior cantora desta terra". Em julho lançou o LP "Elis".

Em 1975, com o espetáculo "Falso Brilhante", que mais tarde originou um disco homônimo, atingiu enorme sucesso, ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações. "Lendário", tornou-se um dos mais bem sucedidos espetáculos da história da música nacional e um marco definitivo na carreira da cantora.

Ainda teve grande êxito com o espetáculo "Transversal do Tempo", em 1978, de um clima extremamente político e tenso. O "Essa Mulher", em 1979, direção de Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no lançamento do disco homônimo. O "Saudades do Brasil", em 1980, sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali (Ballet Stagium), e finalmente o último espetáculo, "Trem Azul", em 1981, direção de Fernando Faro.

Anos de Chumbo

Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis "Anos de Chumbo", quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava.

Em entrevista, no ano de 1969, teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas (há ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.

Sempre engajada politicamente, Elis Regina participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela anistia de exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de "O Bêbado e o Equilibrista" (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de Elis Regina ter se filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), em 1981.

Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis Regina encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Associação de Intérpretes e de Músicos (ASSIM).

Últimos Momentos

Elis Regina morreu precocemente em 1982, com apenas 36 anos de idade, deixando uma vasta obra na Música Popular Brasileira e causando grande comoção nacional, em 19/01/1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína e bebida alcoólica, fato que chocou profundamente o país.

O laudo médico foi elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do Instituto Médico Legal (IML) Harry Shibata, médico conhecido por seu envolvimento no caso do jornalista Vladimir Herzog.

Fonte: Wikipédia
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