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Bita do Barão

WILSON NONATO DE SOUZA
(86 anos)
Umbandista

☼ Codó, MA (10/07/1932)
┼ Teresina, PI (18/04/2019)

Wilson Nonato de Souza, mais conhecido por Bita do Barão, foi um umbandista nascido no povoado Santo Antônio dos Pretos, na zona rural de Codó, MA, no dia 10/07/1932. Bita do Barão é considerado um dos grandes líderes umbandistas do Brasil.

Na infância, Wilson Nonato era muito agitado, então ganhou dos pais o apelido de Bita que, na linguagem da cidade, quer dizer "bode". Já a alcunha de Barão faz referência ao Barão de Guaré, que é a entidade que o pai de santo incorporava.

A descoberta de Bita do Barão como médium deu-se ainda na juventude, quando, incorporando Barão de Guaré, conseguiu desvendar o roubo de uma arma na cidade, dizendo o local e quem havia roubado o objeto.

Nascido em uma família pobre do povoado de São Antônio dos Pretos, onde se dançava o Terecô nas matas, por causa da repressão policial, a trajetória de Bita do Barão na religião afro-brasileira é regada a muitos mistérios. A fama, além da dedicação aos cultos, deve-se às amizades com nomes influentes da política brasileira.


Em Codó, município de cerca de 110 mil habitantes que fica distante pouco mais de 290 quilômetros de São Luís, MA, existe uma vertente regional da umbanda, o Terecô. O ritual possui um conceito de "encantamento". Segundo o ensinamento, as pessoas não morrem. Tornam-se almas vagantes que podem ser invocadas quando necessário. Estima-se que a cidade possua mais de 300 terreiros de Terecô.

A cidade mais umbandista do país, conhecida como a meca da feitiçaria, tinha um dos pais de santo mais prestigiados do Brasil, o Bita do Barão.

Dentre as diversas histórias, conta a lenda que os tambores soaram dia e noite, por sete dias, nos idos de 1985, quando Tancredo Neves morreu e deixou a presidência da República ao então vice, José Sarney. Recentemente, boatos também indicam que semanas antes da votação do impeachment que derrubou Dilma Rousseff do poder, Michel Temer fez uma visita ao babalorixá. Outro que também já teria se consultado com Bita do Barão seria o ex-presidente Fernando Collor de Mello.

Bita do Barão com a filha Janaína e José Sarney, em visita a Brasília.
O Bita do Barão não revelava sua idade. De acordo com as diretrizes do Terecô, quanto mais velho o pai de santo, menos poderes ele mantém. Por isso a negativa. Mas na época acreditava-se que Bita do Barão tinha mais de 100 anos.

Poderoso todos os anos, no mês agosto, a cidade de Codó para durante uma semana inteira para celebrar o Festejo da Tenda Espírita em que Bita do Barão era mestre. Na ocasião, os 500 filhos e filhas de santo que o seguiam dançavam em louvação. Havia distribuição de brinquedos a crianças e banquete à vontade.

Com uma vida cercada de mistérios e muito marketing, Bita do Barão, em entrevista de 2014 a Globo News, arrematou: "A umbanda é uma religião que está crescendo. Mudou muito. Graças a Deus!".

Bita do Barão conduzia a Tenda Espirita de Umbanda Rainha de Iemanjá Palácio de Iansã, na cidade de Codó, no Maranhão. 

Morte

Wilson Nonato de Sousa, conhecido como o famoso pai de santo Bita do Barão, no início da tarde de quinta-feira, 18/04/2019, aos 86 anos, após cinco dias internado no Hospital São Paulo, em Teresina, PI, devido a uma infecção pulmonar, que se agravou para um problema renal e de pressão alta.

Bita do Barão sofria de vários problemas de saúde quando foi internado em Teresina, PI, chegando a ficar na UTI em coma.

A informação do óbito foi confirmado por sua filha, JanaínaBita do Barão sofria com problemas renais, respirava com a ajuda de aparelhos e seu único rim estava parado. 

O velório aconteceu na Tenda Espírita de Umbanda Rainha Iemanjá, criado por ele, no bairro Santa Filomena, em Codó, a 290 km de São Luís, MA. Orações e rituais da umbanda foram realizados durante todo velório.

Acompanhado por uma multidão, o corpo de Bita do Barão foi levado em cortejo pelas ruas de Codó e sepultado por volta das 18h30 de sábado, 20/04/2019, no Cemitério Central. Antes, um ritual conhecido como "Tambor de Choro" foi realizado pelos filhos de santo de Bita do Barão.

Entidades, políticos e órgãos governamentais emitiram notas de pesar sobre o falecimento de Bita do Barão. Famoso, ele gozava de prestígio principalmente na classe política e artística. A Federação de Umbanda e Culto Afro-Brasileiro do Maranhão (FUCABMA) afirmou que Bita do Barão teve uma esplendorosa trajetória espiritual no plano terrestre. Por fim, a nota assinada pelo presidente Biné Gomes, expressou grande honra pela oportunidade de aprendizado junto com o pai de santo.

O governo do Estado do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado da Igualdade Racial (SEIR), lamentou o falecimento do religioso e se solidarizou com a comunidade umbandista, a família de Bita do Barão e com as lideranças religiosas dos cultos afros.

Pastor Washington Luis
Profecia

Após a morte de Bita do Barão, um vídeo, gravado três dias antes, viralizou na internet. Trata-se de uma profecia sobre sua morte:
"O maior bruxo do Maranhão vai cair, o Senhor me disse. Dei muitas oportunidades para que ele reconhecesse que Eu sou Deus e ele não quis! Aquela nuvem vai sugar ele do Maranhão e logo logo você vai estar vendo em tudo é jornal e dizendo: Eu estava naquele culto aonde a nuvenzinha trabalhou"
(Pastor Washington Luiz - Assembleia de Deus Comadesma - Araguaína, TO)

O pastor Washington Luiz é bastante conhecido no Brasil por profetizar a queda do Governo do PT, a queda de um avião no Brasil e a morte do prefeito de Tucuruí, PA.

O pastor confirmou a mensagem e disse que a recebeu de Deus durante um evento realizado em Chapadinha nos dias 15 e 16 de abril. Bita do Barão faleceu no dia 18.

Cecilia Thompson

CECILIA THOMPSON
(82 anos)
Jornalista, Escritora, Tradutora, Autora e Atriz

☼ São Paulo, SP (29/06/1936)
┼ São Paulo, SP (18/04/2019)

Cecilia Thompson foi uma jornalista, escritora, tradutora, autora e atriz nascida em São Paulo, SP, no dia 29/06/1936. Era filha do casal Expedito Frederico Thompson e Paula Riether Thompson.

Cecilia formou-se em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e foi no Teatro de Arena que conheceu o ator Gianfrancesco Guarnieri, com quem se casaria em 19/05/1958. Desse casamento nasceram os atores Flávio Guarnieri e Paulo Guarnieri. Cecilia e Gianfrancesco Guarnieri separaram-se em junho de 1965.

Em 1958, Cecilia participou do filme "O Grande Momento", com Gianfrancesco Guarnieri.

Cecilia traduziu livros como "Grito Calado Atrás das Grades", de Yamila Salerno, e "Os Forjadores do Mundo Moderno", junto com João Neves dos Santos e Leôncio M. Rodrigues Neto, de Louis Untermeyer, publicado em 1964.

Cecília Thompson ao lado dos filhos Paulo e Flávio
Cecilia foi uma das leitoras que tiveram cartas censuradas na revista Veja durante a Ditadura - sua carta continha referências à própria censura.

Trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo entre 1975 e 2008 e nos últimos anos esteve à frente de colunas como "São Paulo Reclama" e "Seus Direitos". Fazia parte do conselho editorial do Pedaço da Vila desde as primeiras edições e escrevia a coluna "Vila Reclama", ajudando os moradores a resolverem uma série de problemas do bairro.

Além de jornalista, ela foi escritora, tradutora e atriz. Participou, além do Teatro Arena, também do Teatro Oficina.

Cecilia participou da militância de esquerda durante a ditadura e chegou a ser presa e torturada.

Morte

Cecilia Thompson faleceu no início da manhã de quinta-feira, 18/04/2019, aos 82 anos, em São Paulo, SP, de causa não divulgada. O velório e cremação ocorreu no dia 18/04/2019, na Vila Alpina, por volta das 16h00.

Fonte: Wikipédia

Walter Avancini

WALTER NUNCIATO ABREU AVANCINI
(66 anos)
Escritor, Autor e Diretor

☼ São Caetano do Sul, SP (18/04/1935)
┼ Rio de Janeiro, RJ (26/09/2001)

Walter Nunciato Abreu Avancini foi um escritor, autor e diretor de telenovelas e minisséries, nascido em São Caetano do Sul, SP, o dia 18/04/1935. Era também pai da atriz Andréa Avancini, do diretor de novelas Alexandre Avancini e do artista plástico Otávio Avancini.

Walter Avancini foi um dos mais inovadores e criativos diretores da história da televisão brasileira, responsável pela condução de verdadeiros clássicos da teledramaturgia como "A Deusa Vencida" (1980), onde lançou Regina Duarte e Ruth de Souza, "As Minas de Prata" (1966), "Selva de Pedra" (1986), "O Semideus" (1973), "O Rebu" (1974), "Gabriela" (1975), "Saramandaia" (1976), "Nina" (1977), "Xica da Silva" (1996), "O Cravo e a Rosa" (2000), além de minisséries e especiais históricos, aclamados no Brasil e no exterior, como "Morte e Vida Severina", "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água", "Avenida Paulista", "Moinhos de Vento", "Anarquistas Graças a Deus", "Rabo de Saia", "Grande Sertão Veredas", "Memórias de um Gigolô", "Chapadão do Bugre", entre muitos outros.

Dono de um espírito inquieto, acreditava que a televisão não era apenas um veículo para histórias-padrão produzidas em ritmo industrial, mas sim um dos mais poderosos meios de nossa expressão cultural, como conseguiu demonstrar através de seus inúmeros e brilhantes trabalhos. Trabalhou também em Portugal, onde dirigiu a telenovela "A Banqueira do Povo" (1993).

Seus últimos trabalhos em telenovelas foram na Rede Manchete onde lançou vários atores brasileiros como Giovanna Antonelli, Taís Araújo, Murilo Rosa, entre tantos outros. Foi ele também que viu na atriz Drica Moraes a possibilidade de uma grande vilã na novela "Xica da Silva" (1996).

Morte

Walter Avancini morreu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 26/09/2001, vítima de câncer de próstata, deixando inacabado o trabalho na novela "A Padroeira" (2001), concluído por Roberto Talma.

Carreira

Como Apresentador

  • 1997/1998 - Programa Mistério (Manchete)


Como Diretor

  • 2001 - A Padroeira (Globo - Não concluída por Walter Avancini)
  • 2000 - O Cravo e a Rosa (Globo)
  • 1998 - Brida (Manchete)
  • 1997 - Mandacaru (Manchete)
  • 1996 - Xica da Silva (Manchete)
  • 1995 - Tocaia Grande (Manchete)
  • 1993 - A Banqueira do Povo (RTP)
  • 1993 - A Viúva do Enforcado (SIC)
  • 1990 - Brasileiras e Brasileiros (SBT)
  • 1989 - República (Globo)
  • 1988 - Abolição (Globo)
  • 1988 - Chapadão do Bugre (Bandeirantes)
  • 1986 - Selva de Pedra (Globo)
  • 1986 - Memórias de um Gigolô (Globo)
  • 1985 - Grande Sertão: Veredas (Globo)
  • 1984 - Rabo-de-Saia (Globo)
  • 1984 - Anarquistas, Graças a Deus (Globo)
  • 1983 - Fernando da Gata (Globo)
  • 1983 - Moinhos de Vento (Globo)
  • 1982 - Avenida Paulista (Globo)
  • 1981 - Obrigado Doutor (Globo)
  • 1981 - Rosa Baiana (Bandeirantes)
  • 1980 - Dulcinéa Vai à Guerra (Bandeirantes)
  • 1980 - Um Homem Muito Especial (Bandeirantes)
  • 1980 - Cavalo Amarelo (Bandeirantes)
  • 1980 - A Deusa Vencida (Bandeirantes)
  • 1980 - Drácula, uma História de Amor (Tupi)
  • 1978 - Sinal de Alerta (Globo)
  • 1978 - Kika e Xuxu (Globo)
  • 1978 - O Pulo do Gato (Globo)
  • 1977 - Nina (Globo)
  • 1976 - Saramandaia (Globo)
  • 1975 - O Grito (Globo)
  • 1975 - Gabriela (Globo)
  • 1974 - O Rebu (Globo)
  • 1974 - Fogo Sobre Terra (Globo)
  • 1973 - O Semideus (Globo)
  • 1973 - Cavalo de Aço (Globo)
  • 1972 - Selva de Pedra (Globo)
  • 1972 - Na Idade do Lobo (Tupi)
  • 1971 - Hospital (Tupi)
  • 1970 - Simplesmente Maria (Tupi)
  • 1970 - As Bruxas (Tupi)
  • 1969 - Super Plá (Tupi)
  • 1969 - João Juca Jr. (Tupi)
  • 1969 - Beto Rockfeller (Tupi)
  • 1969 - Era Preciso Voltar (Bandeirantes)
  • 1968 - A Última Testemunha (Record)
  • 1968 - O Terceiro Pecado (Excelsior)
  • 1967 - Os Fantoches (Excelsior)
  • 1967 - O Grande Segredo (Excelsior)
  • 1966 - As Minas de Prata (Excelsior)
  • 1966 - Anjo Marcado (Excelsior)
  • 1966 - Almas de Pedra (Excelsior)
  • 1965 - A Grande Viagem (Excelsior)
  • 1965 - A Deusa Vencida (Excelsior)
  • 1965 - Vidas Cruzadas (Excelsior)
  • 1965 - A Indomável (Excelsior)
  • 1964 - Melodia Fatal (Excelsior)

Fonte: Wikipédia

Monteiro Lobato

JOSÉ BENTO RENATO MONTEIRO LOBATO
(66 anos)
Escritor, Advogado e Editor

* Taubaté, SP (18/04/1882)
+ São Paulo, SP (04/07/1948)

Foi um dos mais influentes escritores brasileiros do século XX. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções. Seguido a seu precursor Figueiredo Pimentel "Contos da Carochinha" da literatura infantil brasileira, ficou popularmente conhecido pelo conjunto educativo de sua obra de livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. A outra metade, consistindo de contos (geralmente sobre temas brasileiros), artigos, críticas, crônicas, prefácios, cartas, um livro sobre a importância do petróleo e do ferro, e um único romance, "O Presidente Negro", o qual não alcançou a mesma popularidade que suas obras para crianças, que entre as mais famosas destaca-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Picapau Amarelo (1939).

Os Primeiros Anos

Criado em um sítio, Monteiro Lobato foi alfabetizado pela mãe Olímpia Augusta Lobato e depois por um professor particular. Aos sete anos, entrou em um colégio. Nessa idade descobrira os livros de seu avô materno, o Visconde de Tremembé, dono de uma biblioteca imensa no interior da casa. Leu tudo o que havia para crianças em língua portuguesa. Nos primeiros anos de estudante já escrevia pequenos contos para os jornaizinhos das escolas que frequentou.

Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colégio São João Evangelista. Ao receber como herança antecipada uma bengala do pai, que trazia gravada no castão as iniciais J.B.M.L., mudou seu nome de José Renato para José Bento, a fim de utilizá-la. No ano seguinte, os pais o presentearam com uma calça comprida, que usou bastante envergonhado. Em dezembro de 1896 foi para São Paulo e, em janeiro de 1897, prestou exames das matérias estudadas na cidade natal, mas foi reprovado no curso preparatório e retornou a Taubaté.

Quando retornou ao Colégio Paulista, fez as suas primeiras incursões literárias como colaborador dos jornaizinhos "Pátria", "H2S" e "O Guarany", sob o pseudônimo de Josben e Nhô Dito. Passou a colecionar avidamente textos e recortes que o interessavam, e lia bastante. Em dezembro prestou novamente os exames para o curso preparatório e foi aprovado. Escreveu minuciosas cartas à família, descrevendo a cidade de São Paulo. Colaborou com "O Patriota" e "A Pátria". Então, mudou-se de vez para São Paulo, e tornou-se estudante interno do Instituto Ciências e Letras.

No ano seguinte, a 13 de junho de 1898, perdeu o pai, José Bento Marcondes Lobato, vítima de Edema Pulmonar. Decidiu, pela primeira vez, participar das sessões do Grêmio Literário Álvares de Azevedo do Instituto Ciências e Letras. Sua mãe, vítima de uma Depressão Profunda, veio a falecer no dia 22 de junho de 1899.

Tendo forte talento para o desenho, pois desde menino retrata a Fazenda Buquira, tornou-se desenhista e caricaturista(como fonte de renda) nessa época. Em busca de aproveitar as suas duas maiores paixões, decidiu ir para São Paulo após completar 17 anos.

Seu sonho era a Faculdade de Belas-Artes, mas, por imposição do avô, que o tinha como um sucessor na administração de seus negócios, acabou ingressando na Faculdade do Largo de São Francisco para cursar Direito. Mesmo assim seguiu colaborando em diversas publicações estudantis e fundou, com os colegas de sua turma, a "Arcádia Acadêmica", em cuja sessão inaugural fez um discurso intitulado: Ontem e Hoje. Lobato, a essas alturas, já era elogiado por todos como um comentarista original e dono de um senso fino e sutil, de um "espírito à francesa" e de um "humor inglês" imbatível, que carregou pela vida afora.

Dois anos depois, foi eleito presidente da Arcádia Acadêmica, e colaborou com o jornal "Onze de Agosto", onde escreveu artigos sobre teatro. De tais estudos surgiu, em 1903, o grupo "O Cenáculo", fundado junto com Ricardo Gonçalves, Cândido Negreiros, Godofredo Rangel, Raul de Freitas, Tito Lívio Brasil, Lino Moreira e José Antônio Nogueira.

Era anti convencional por excelência, dizendo sempre o que pensava, agradasse ou não. Defendia a sua verdade com unhas e dentes, contra tudo e todos, quaisquer que fossem as conseqüências. Venceu um concurso de contos, sendo que o texto "Gens Ennuyeux" foi publicado no jornal "Onze de Agosto".

O Advogado

Em 1904 diplomou-se bacharel em Direito e regressou a Taubaté. No ano seguinte fez planos de fundar uma fábrica de geléias, em sociedade com um amigo, mas passou a ocupar interinamente a promotoria de Taubaté e conheceu Maria Pureza da Natividade (Purezinha). Em maio de 1907 foi nomeado promotor público em Areias, e casou-se com Purezinha, a 28 de março de 1908. Exatamente um ano depois nasceu Marta, a primogênita do casal. Insatisfeito com a vida bucólica de Areias, planejou abrir um estabelecimento comercial de secos e molhados.

Em 1910 associou-se a um negócio de estradas de ferro e nasceu o seu segundo filho, Edgar. Viveu no interior e nas cidades pequenas da região, escrevendo paralelamente para jornais e revistas, como "Tribuna de Santos", "Gazeta de Notícias" do Rio de Janeiro e a revista "Fon-Fon", para onde também mandava caricaturas e desenhos. Passou a traduzir artigos do "Weekly Times" para o jornal "O Estado de São Paulo", e obras da literatura universal, também enviando artigos para um jornal de Caçapava. Contudo, era visível a sua insatisfação com a vida que levava e com os negócios que não prosperavam.

No ano seguinte, aos 29 anos, Lobato recebeu a notícia do falecimento de seu avô, o Visconde de Tremembé, tornando-se então herdeiro da Fazenda Buquira, para onde se mudou com toda a família. De promotor a fazendeiro, dedicou-se à modernização da lavoura e à criação. Com o lucro dos negócios, abriu um externato em Taubaté, que confiou aos cuidados de seu cunhado. Em 1912 nasceu Guilherme, o seu terceiro filho. Ainda insatisfeito, mas desta vez com a vida na fazenda, planejou explorar comercialmente o Viaduto do Chá, na cidade de São Paulo, em parceria com Ricardo Gonçalves.

A Fama

Na Vila de Buquira, hoje município de Monteiro Lobato (São Paulo), nessa mesma época, envolveu-se com a política e logo a deixou de lado. Sua quarta e última filha, Rute, nasceu em fevereiro de 1916, quando iniciava colaboração na recém fundada "Revista do Brasil". Era uma publicação nacionalista que agradou em cheio o gosto de Lobato.

Somente em 1914, como fazendeiro em Buquira, um fato definiria de vez a sua carreira literária: durante o inverno seco daquele ano, cansado de enfrentar as constantes queimadas praticadas pelos caboclos, o fazendeiro escreveu uma "indignação" intitulada "Velha Praga", e a enviou para a seção Queixas e Reclamações do jornal "O Estado de São Paulo", edição da tarde, o "Estadinho". O jornal, percebendo o valor daquela carta, publicou-a fora da seção que era destinada aos leitores, no que acertou, pois a carta provocou polêmica e fez com que Lobato escrevesse outros artigos como, por exemplo, "Urupês", dando vida a um de seus mais famosos personagens, o Jeca Tatu.

Jeca era um grande preguiçoso, totalmente diferente dos caipiras e índios idealizados pela literatura romântica de então. Seu aparecimento gerou uma enorme polêmica, em todo o país, pois o personagem era símbolo do atraso e da miséria que representava o campo no Brasil. Monteiro Lobato conheceu apenas o caipira caboclo, e generalizou o comportamento destes para todos os caipiras, causando então muita polêmica. Foi apoiado por Rui Barbosa e contraditado pelo especialista em caipiras, o folclorista Coenélio Pires, que explicou que Lobato só conheceu o caipira caboclo:

"Coitado do meu patrício! Apesar dos governos os outros caipiras se vão endireitando à custa do próprio esforço, ignorantes de noções de higiene... Só ele, o caboclo, ficou mumbava, sujo e ruim! Ele não tem culpa... Ele nada sabe. Foi um desses indivíduos que Monteiro Lobato estudou, criando o Jeca Tatu, erradamente dado como representante do caipira em geral!"
(Cornélio Pires)

A partir daí, os fatos se sucederam: a geada, (sobre a qual deixou uma crônica), e as dificuldades financeiras levaram-no a vender a fazenda Buquira, em 1916, e a partir com a família para São Paulo, com o intuito de tornar-se um "escritor-jornalista". Fundou, em Caçapava, a revista "Paraíba", e organizou, para o jornal "O Estado de São Paulo", uma imensa e acalentada pesquisa sobre o Saci. Lobato percorreu o interior de São Paulo, durante a Grande Geada de 1918, escrevendo um importante crônica a respeito, impressionado que ficou com a queima dos cafezais paulistas. Ainda em 1918, ano dos "4 G" (Geada, Greve, I Guerra Mundial e Gripe espanhola), Lobato, escrevia no jornal "O Estado de São Paulo", o mais importante jornal da capital, e, como todos os editorialistas acabaram pegando a gripe espanhola, vários editoriais do jornal "O Estado", daqueles dias, foram escritos unicamente por Lobato.

Em 20 de dezembro publicou Paranoia ou Mistificação, a famosa crítica desfavorável à exposição de pintura de Anita Malfatti, que culminaria como o estopim para a criação da Semana de Arte Moderna de 1922. Muitos passaram a ver Lobato como reacionário, inclusive os modernistas, mas hoje, após tantos anos, percebe-se que o que Lobato criticava eram os "ismos" que vinham da Europa: cubismo, futurismo, dadaísmo, surrealismo, que ele achava que eram "colonialismos", "europeizações", assim como ocorrera com os acadêmicos das gerações anteriores.

Lobato era a favor de uma arte devidamente brasileira, autóctone, criada aqui. Por isso criticou Anita Malfatti, embora admitisse que ela fosse talentosa. Isso tudo gerou um estranhamento entre ele e os modernistas mas, no fundo, todos eles tinham razão, apenas viam as coisas de ângulos diferentes. Mesmo assim Oswald de Andrade continuou a ser um profundo admirador de Lobato.

O Editor

Em 1918, Monteiro Lobato comprou a "Revista do Brasil" e passou a dar espaço para novos talentos, ao lado de pessoas famosas. Tornou-se, dessa forma, um intelectual engajado na causa do nacionalismo, a qual dedicou uma preocupação fundamental, tanto na ficção quanto no ensaio e no panfleto. Crítico de costumes, no qual não faltava a nota do sarcasmo e da caricatura, de sua obra elevou-se largo sopro de humanidade e brasileirismo. Nas mãos de Monteiro Lobato, a "Revista do Brasil" prosperou e ele pode montar uma empresa editorial, sempre dando espaço para os novatos e divulgando obras de artistas modernistas.

Lobato também foi precursor de algumas ideias muito interessantes no campo editorial. Ele dizia que "livro é sobremesa: tem que ser posto debaixo do nariz do freguês". Com isso em mente, passou a tratar os livros como produtos de consumo, com capas coloridas e atraentes, e uma produção gráfica impecável. Criou também uma política de distribuição, novidade na época: vendedores autônomos e distribuidores espalhados por todo o país. Logo fundou a editora Monteiro Lobato & Cia., depois chamada Companhia Editora Nacional, com a obra "O Problema Vital", um conjunto de artigos sobre a saúde pública, seguido pela tese "O Saci Pererê": Resultado de um Inquérito. Privilegiava a edição de autores estreantes como a senhora Leandro Dupré, com o sucesso "Éramos Seis". Traduziu também muitos livros e editou obras importantes e polêmicas como "A Luta Pelo Petróleo", de Essad Bey, para o qual fez uma introdução tratando da questão do petróleo no Brasil.

Em julho de 1918, dois meses depois da compra, publicou em forma de livro "Urupês", com retumbante sucesso e alcançando grande repercussão ao dividir o país sobre a veracidade da figura do caipira, fiel para alguns, exagerada para outros. O livro chamou a atenção de Rui Barbosa que, num discurso, em 1919, durante a sua campanha eleitoral, reacendeu a polêmica ao citar Jeca Tatu como um "protótipo do camponês brasileiro, abandonado à miséria pelos poderes públicos". A popularidade fez com que Lobato publicasse, nesse mesmo ano, "Cidades Mortas" e "Idéias de Jeca Tatu".

Em 1920, o conto "Os Faroleiros" serviu de argumento para um filme dirigido pelos cineastas Antônio Leite e Miguel Milani. Meses depois, publicou "Negrinha" e "A Menina do Narizinho Arrebitado", sua primeira obra infantil, e que deu origem a "Lúcia", mais conhecida como a Narizinho do "Sítio do Pica-Pau Amarelo". O livro foi lançado em dezembro de 1920 visando aproveitar a época de Natal. A capa e os desenhos eram de Lemmo Lemmi, um famoso ilustrador da época.

Em janeiro de 1921, os anúncios na imprensa noticiaram a distribuição de exemplares gratuitos de "A Menina do Narizinho Arrebitado" nas escolas, num total de 500 doações, tornando-se um fato inédito na indústria editorial. Fora atendendo um pedido do presidente de São Paulo, Dr. Washington Luís que Lobato era admirador. O sucesso entre as crianças gerou continuações: "Fábulas de Narizinho" (1921), "O Saci" (1921), "O Marquês de Rabicó" (1922), "A Caçada da Onça" (1924), "O Noivado de Narizinho" (1924), "Jeca Tatuzinho" (1924) e "O Garimpeiro do Rio das Garças" (1924), entre outros.

Tais novidades repercutiram em altas tiragens dos livros que editava, a ponto de dedicar-se à editora em tempo integral, entregando a direção da "Revista do Brasil" a Paulo Prado e Sérgio Millet.

A demanda pelos livros era tão grande que ele importou mais máquinas dos Estados Unidos e da Europa para aumentar seu parque gráfico. Porém, uma grave seca cortou o fornecimento de energia elétrica, e a gráfica só podia funcionar dois dias por semana. Por fim, o presidente Artur Bernardes desvalorizou a moeda e suspendeu o redesconto de títulos pelo Banco do Brasil, gerando um enorme rombo financeiro e muitas dívidas ao escritor.

Lobato só teve uma escolha: entrou com pedido de falência em julho de 1925. Mesmo assim não significou o fim de seu projeto editorial. Ele já se preparava para abrir outra empresa, a Companhia Editora Nacional, em sociedade com Octalles Marcondes e, em vista disso, transferiu-se para o Rio de Janeiro.

Os "produtos" dessa nova editora abrangiam uma variedade de títulos, inclusive traduções de Hans Staden e Jean de Léry. Além disso, os livros garantiam o "selo de qualidade" de Monteiro Lobato, tendo projetos gráficos muito bons e com enorme sucesso de público.

A partir daí, Lobato continuou escrevendo livros infantis de sucesso, especialmente com Narizinho e outros personagens, como Dona Benta, Pedrinho, Tia Nastácia, o boneco de sabugo de milho Visconde de Sabugosa e Emília, a boneca de pano.

Além disso, por não gostar muito das traduções dos livros europeus para crianças, e sendo um nacionalista convicto, criou aventuras com personagens bem ligados à cultura brasileira, recuperando inclusive costumes da roça e lendas do folclore.

Mas não parou por aí. Monteiro Lobato pegou essa mistura de personagens brasileiros e os enriqueceu, misturando-os a personagens da literatura universal, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema. Também foi pioneiro na literatura paradidática, ensinando história, geografia e matemática, de forma divertida.

Em Nova York

Em 1926, Lobato concorreu a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas acabou derrotado. Era a segunda vez que isso acontecia. Na primeira vez, em 1921, iria concorrer a vaga de Pedro Lessa, mas desistiu antes da eleição, por não querer fazer as visitas de praxe aos acadêmicos para pedir seus votos. Desta vez, estava concorrendo à vaga do renomado jurista João Luís Alves. Na primeira, recebera um voto no terceiro escrutínio, e, na segunda, dois votos no quarto. Em artigo à imprensa, Múcio Leão chegou a afirmar que esse "escritor de talento fora duas vezes repelido".

No mesmo ano saíram em folhetim os livros "O Presidente Negro" (1926) e "How Henry Ford is Regarded in Brazil" (1926).

Depois, enviou uma carta ao recém empossado Washington Luís, onde defendeu os interesses da indústria editorial. O presidente, reconhecendo nele um representante promissor dos interesses culturais do país, nomeou-o adido comercial nos Estados Unidos, em 1927.

Lobato escreve confirmando a tese de Washington Luís de que "Governar é abrir Estradas", as quais Lobato atribui o progresso dos Estados Unidos. Lobato ficara impressionado com a quantidade e qualidade das estradas norte americanas.

Mudou-se para Nova York e deixou a Companhia sob a direção de seu sócio, Octalles Marcondes Ferreira. Entusiasmado com o progresso material que viu nos Estados Unidos, passou a acompanhar todas as inovações tecnológicas estadunidenses e fez de tudo para convencer o governo brasileiro a propiciar a criação de atividades semelhantes no Brasil. Com interesses voltados no que diz respeito às questões de petróleo e ferro, planejou a fundação da Tupy Publishing Company.

Em Nova York escreveu "Mr. Slang e o Brasil" (1927), "As Aventuras de Hans Staden" (1927), "Aventuras do Príncipe" (1928), "O Gato Félix" (1928), "A Cara de Coruja" (1928), "O Circo de Escavalinho" (1929) e "A Pena de Papagaio" (1930). As obras infantis que datam dessa época foram publicadas no Brasil e reunidas num único volume, intitulado "Reinações de Narizinho" (1931).

Foi para Detroit no ano seguinte e, em visita à Ford e a General Motors, organizou uma empresa brasileira para produzir aço pelo processo Smith. Com isso, jogou na Bolsa de Valores de Nova York e perdeu tudo o que tinha com a crise de 1929. Para cobrir suas perdas com a quebra da Bolsa, Lobato vendeu suas ações da Companhia Editora Nacional em 1930. Voltou para São Paulo em 1931 e passou a defender que o "tripé" para o progresso brasileiro seria o ferro, o petróleo e as estradas para escoar os produtos.

Entusiasmado com Washington Luís e com seu candidato a presidente, em 1930, o Dr. Júlio Prestes, que, como presidente de São Paulo, realizara explorações de petróleo em território paulista, Lobato dá apoio irrestrito ao candidato Júlio Prestes nas eleições de 1930.

Em 28 de agosto de 1929, em carta ao Dr. Júlio Prestes, Monteiro Lobato transmite-lhe votos pela "vitória na campanha em perspectiva", afirmando que:

Sua política na presidência significará o que de mais precisa o Brasil: continuidade administrativa!
(Monteiro Lobato)

Com a deposição de Washington Luís e o impedimento da posse de Júlio Prestes, começa a antipatia de Lobato por Getúlio Vargas e seu infortúnio.

O Petróleo

Após implantar a Companhia Petróleos do Brasil, e graças à grande facilidade com que foram subscritas suas ações, Monteiro Lobato fundou várias empresas para fazer perfuração de petróleo, como a a Companhia Petróleo Nacional, a Companhia Petrolífera Brasileira e a Companhia de Petróleo Cruzeiro do Sul, e a maior de todas (fundada em julho de 1938) a Companhia Mato-grossense de Petróleo, que visava perfurar próximo da fronteira com a Bolívia, país vizinho que já havia encontrado petróleo em seu território. Com isso Lobato prejudicou os interesses de gente muito importante na política brasileira, e de grandes empresas estrangeiras. Começava a luta que o deixou pobre, doente e desgostoso. Havia interesse oficial em se dizer que no Brasil não havia petróleo. Tendo-os como adversários, passou a enfrentá-los publicamente.

Por alguns anos, seu tempo foi dedicado integralmente à campanha do petróleo, e a sua sobrevivência garantiu-se pela publicação de histórias infantis e da tradução magistral de livros estrangeiros, como O Livro da "Selva", de Rudyard_Kipling (1933), O "Doutor Negro", de Arthur Conan Doyle (1934), "Caninos Brancos" (1933) e "A Filha da Neve" (1934), ambos de Jack London, entre outros.

Teimava em dizer que era preciso explorar o petróleo nacional para dar ao povo um padrão de vida à altura de suas necessidades. Tentou, sem êxito, organizar uma companhia petrolífera mediante subscrições populares.

Muitas dificuldades apareceram e, mesmo assim, sua produção literária manteve-se e chegou ao ápice. Em "América" (1932) publicou as suas primeiras impressões sobre a luta na qual se engajara. Em seguida vieram "História do Mundo Para Crianças" (1933), "Na Antevéspera" e "Emília no País da Gramática" (1934), na qual defendia uma gramática normativa revisada. Meses depois, seu livro "História do Mundo Para Crianças" sofreu crítica, censura e perseguição da Igreja Católica. O padre Sales Brasil escreveu um libelo contra Lobato chamado "A literatura infantil de Monteiro Lobato ou comunismo para crianças".

Aceitou o convite para ingressar na Academia Paulista de Letras e, com isso, apresentou um dossiê de sua campanha em prol do petróleo, "O Escândalo do Petróleo" (1936), no qual acusava o governo de "não perfurar e não deixar que se perfure". O livro esgotou várias edições em menos de um mês. Aturdido, o governo de Getúlio Vargas proibiu e mandou recolher todas as edições. Em seguida, morreu Heitor de Moraes, seu correspondente e grande amigo.

Com isso, criou a União Jornalística Brasileira, uma empresa destinada a redigir e distribuir notícias pelos jornais. Em fevereiro de 1939 morreu Guilherme, seu terceiro filho. Abalado, Monteiro Lobato enviou uma carta ao ministro de Agricultura, que precipitara a abertura de um inquérito sobre o petróleo. Recebeu convite de Getúlio Vargas para dirigir um Ministério de Propaganda, mas Lobato recusou. Numa outra carta ao presidente, fez severas críticas à política brasileira de minérios. O teor da carta foi tido como subversivo e desrespeitoso e isso fez com que fosse detido pelo Estado Novo, acusado de tentar desmoralizar o Conselho Nacional do Petróleo, ironicamente presidido à época pelo general Horta Barbosa que foi o responsável por colocar Lobato atrás das grades do Presídio Tiradentes e que, abraçando as ideias de Lobato, se tornaria em 1947 um dos maiores líderes da nacionalista Campanha do Petróleo. Lobato foi condenado a seis meses de prisão, e permaneceu encarcerado de março a junho de 1941.

Uma campanha promovida por intelectuais e amigos conseguiu fazer com que Getúlio Vargas concedesse o indulto que o libertaria, reduzindo a pena de seis para três meses na prisão. Apesar disso, Lobato continuou sendo perseguido e o governo fazia de tudo para abafar suas ideias. Foi então que passou a denunciar as torturas e maus tratos praticados pela polícia do Estado Novo.

Curiosamente o petróleo no Brasil seria encontrado, por uma ironia da história, em um local chamado Lobato (Salvador), em 1939, e, justamente pelo então ministro da agricultura Dr. Fernando de Sousa Costa, que fora justamente o secretário da agricultura do Dr. Júlio Prestes, que, na década de 1920, procurara petróleo em São Paulo.

O Fim

Mesmo em liberdade, Monteiro Lobato não teve mais tranquilidade, e seu filho mais velho, Edgar, morreu em fevereiro de 1942, exatamente três anos depois do falecimento de Guilherme.

Em 1943 foi fundada a Editora Brasiliense por Caio Prado Júnior, que negociou com Lobato a publicação de suas obras completas. Logo em seguida, por ironia do destino, recusou a indicação para a Academia Brasileira de Letras. Entretanto integrou a delegação paulista do I Congresso Brasileiro de Escritores reunidos em São Paulo, que divulgou, no encerramento, uma declaração de princípios exigindo legalidade democrática como garantia da completa liberdade de expressão do pensamento e redemocratização plena do país.

Suas companhias foram liquidadas e a censura da ditadura faz com que Lobato se aproximasse dos comunistas, chegando a receber convite do Partido Comunista para integrar a bancada de candidatos. Foi na prisão, no Estado Novo, que Lobato fez seus primeiros contatos com os comunistas. Lobato recusou o convite para entrar na vida pública, mas enviou uma nota de saudação que foi lida por Luís Carlos Prestes num grande comício realizado em 1945, no estádio do Pacaembu. Meses depois foi publicado "Nasino", edição italiana de "Narizinho", ilustrada por Vincenzo Nicoletti. Em maio "A Menina do Narizinho Arrebitado" foi transformada em radionovela para crianças pela Rádio Globo no Rio de Janeiro.

Tornou-se diretor do Instituto Cultural Brasil-URSS, mas foi obrigado a se afastar do cargo em setembro de 1945, quando foi levado para ser operado às pressas de um Cisto no pulmão. A entrevista que concedeu ao Diário de São Paulo causou grande repercussão e, em 1946, muda-se para Buenos Aires, na Argentina, "atraído pelos belos e gordos bifes, pelo magnífico pão branco e fugindo da escassez que assolava o Brasil", conforme declarou à imprensa. Antes de partir, tornou-se sócio da Editora Brasiliense a convite de Caio Prado Júnior que, na sua editora, preparava as "Obras Completas" já traduzidas para o espanhol e editadas na Argentina. Em outubro fundou a Editorial Acteon, com Manuel Barreiro, Miguel Pilato e Ramón Prieto.

Voltou em 1947 por não se ambientar ao clima local e, em entrevista aos repórteres que o aguardavam no aeroporto, classificou o governo de Eurico Gaspar Dutra de "Estado Novíssimo, no qual a constituição seria pendurada num ganchinho no quarto dos badulaques".

Dessa indignação surgiu o seu último livro "Zé Brasil", publicado pela Editorial Vitória, em que Lobato mais uma vez reelaborava o seu personagem Jeca Tatu, transformando-o em trabalhador sem-terra e esmagado pelo latifúndio. Diante da proibição das atividades do Partido Comunista em todo o país, determinada pelo ministro da Justiça, escreveu "A Parábola do Rei Vesgo" para um comício de protesto, lido e aclamado pela multidão reunida no Vale do Anhangabaú, na noite de 18 de junho. O texto refletia o desencanto de Lobato com a democracia restritiva do general Dutra.

Em dezembro foi a Salvador assistir a opereta "Narizinho Arrebitado". Lobato escreveria novo libreto para o espetáculo, considerado a sua última criação infantil. Publicou "O Problema Econômico de Cuba", também a sua última tradução.

Em abril de 1948 sofreu um primeiro Espasmo Vascular que afetou a sua motricidade. Mesmo assim, afiliou-se à revista Fundamentos e publicou os folhetos "De Quem É o Petróleo na Bahia" e "Georgismo e Comunismo".

Dois dias após conceder a Murilo Antunes Alves, da Rádio Record, a sua última entrevista, na qual defendeu a Campanha de "O Petróleo é Nosso", Monteiro Lobato sofreu um segundo Espasmo Cerebral e faleceu às 4 horas da madrugada, no dia 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade.

Sob forte comoção nacional, seu corpo foi velado na Biblioteca Municipal de São Paulo e o sepultamento realizado no Cemitério da Consolação.

O Repórter Esso, na voz de Heron Dominges, assim anunciou sua morte, depois de um pequeno silêncio:

..E agora uma notícia que entristece a todos: Acaba de falecer o grande escritor patrício Monteiro Lobato!
(Heron Domingues)

Disputa

Em 1996, os herdeiros de Monteiro Lobato tomaram a iniciativa de sugerir à Editora Brasiliense, até então detentora única das obras (conforme acordo assinado entre Lobato e Caio Prado Júnior em 1945) a reformulação dos livros e da coleção infantil, a fim de que apresentassem um aspecto moderno com relação a ilustrações coloridas e nova paginação.

Essas tentativas continuaram em 1997 e fracassaram, simplesmente porque a editora não efetuou o investimento necessário, continuando a publicar os livros com ilustrações em branco e preto como fazia há décadas e continuou a fazer. Com isso, desde 1998, a obra de Monteiro Lobato virou centro de uma polêmica entre a Brasiliense e os herdeiros, que a acusam de negligenciar a obra. Há o desejo de uma divulgação maior e edições melhores. Entre os editores há o desejo de reciclar o texto dos livros.

São várias as ações movidas pelos herdeiros contra a Brasiliense, como contrato de cessão a terceiros (no caso à Editora Saraiva) e a publicação de um livro falsamente atribuído a Monteiro Lobato, que a editora intitulou Contos Escolhidos, sem autorização da família. Por outro lado, a Brasiliense alega ter um contrato Ad Infinitum assinado por Monteiro Lobato quando vivo.

Em setembro de 2007, por meio de acordo com os herdeiros, o STJ estabeleceu a rescisão contratual definitiva e concedeu à Editora Globo os direitos exclusivos sobre a obra de Monteiro Lobato, até 2018, ano em que o legado do autor deverá entrar em domínio público, pois se passarão 70 anos de sua morte.

A Fazenda Buquira, a qual Lobato visitava na infância quando pertencia a seu avô, o Visconde de Tremembé, e onde Lobato viu a geada, conheceu o caipira caboclo, e teve inspiração para seus personagens e paisagens de seus livros (como a pequena cachoeira que inspirou o Reino das Águas Claras), é atualmente centro de visitação, sendo que a casa-sede da fazenda ainda se encontra em seu estado original, situada à margem da rodovia atualmente denominada "Estrada do Livro", que liga a cidade de Monteiro Lobato à Caçapava.

Fonte: Wikipédia

Zé Trindade

MILTON DA SILVA BITTENCOURT
(75 anos)
Ator, Humorista, Cantor e Poeta

* Salvador, BA (18/04/1915)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/05/1990)

Nasceu em tradicional família baiana. O pai, herdeiro de uma grande fortuna, é deserdado porque se casa com sua mãe, que era pobre. Inconformado, começa a beber. A sua infância, até os onze anos é muito sofrida.

Nessa idade, se emprega como "boy" em um hotel da capital baiana. Lá, faz amizade com Jorge Amado e Dorival Caymmi, que, como os outros hóspedes do hotel, se divertem com suas piadas, ou se encantam com seus versos, poemas ou letras de músicas.

Em 1935, entrou para a Rádio Sociedade da Bahia, vivendo um bêbado no programa Teatro Pelos Ares.

Em 1937 chegou ao Rio de Janeiro, integrando o elenco de humoristas da Rádio Mayrink Veiga. Nos quinze anos seguintes seria o melhor cômico do rádio.

Fez sua estréia no cinema em 1947 no filme O Malandro e a Granfina e só párou em 1987, numa ponta em Um Trem Para As Estrelas, perfazendo uma carreira vitoriosa de 38 filmes.

Baixinho, gordinho, o bigode fininho marcando um rosto safado, cria as frases "Meu negócio é mulher" e "Mulheres, cheguei". Ninguém melhor do que ele fez o tipo do malandro.

Participou pouco de televisão, mas chegou a atuar com Chico Anysio, participou do programa humorístico Balança, mas não cai na Rede Globo e ainda teve uma pequena participação na minisséne global Memórias De Um Gigolô em 1986.

Gravou 25 discos de música nordestina, com trovas e pensamentos. Foi casado com dona Cleusa e teve quatro filhos Anayra, Regina, Ricardo e Cristina.

Faleceu vítima de Câncer

Fonte: Wikipédia

Dener

DENER AUGUSTO DE SOUSA
(23 anos)
Jogador de Futebol

* São Paulo, SP (02/04/1971)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/04/1994)

Em 1982, aos onze anos, Dener entrou pela primeira vez no Estádio do Canindé para defender a equipe mirim da Portuguesa de Desportos. Quatro anos mais tarde, teve de abandonar o sonho de fazer carreira no futebol para ajudar a mãe com as despesas de casa.

Órfão de pai desde os oito anos, Dener e os irmãos tiveram de começar a trabalhar para ajudar no sustento da família. Ele estudava pela manhã, trabalhava à noite e jogava futebol por cachê na Vila Maria, pelo Colégio Olavo Bilac.

Em 1988 voltou a treinar nas categorias de base da Portuguesa de Desportos, após uma passagem frustrada de dois meses pelo São Paulo. O treinador Antônio Lopes, na época treinador da equipe sênior, promoveu o jogador à categoria mesma equipe, transformando-o em profissional. Dener treinava entre os sêniores e ainda jogava pelo juniores, e foi assim que levou a Portuguesa de Desportos ao primeiro título do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior em 1991, sendo no fim eleito o melhor jogador do campeonato.

Com apenas 20 anos o jogador teve a sua primeira oportunidade com a camisa da Seleção Brasileira e em 27/03/1991, contra a Seleção Argentina em Buenos Aires, fez a sua estréia.

Em 1993 Dener foi emprestado por seis meses ao Grêmio onde conquistou o seu primeiro título numa equipe profissional. No fim do empréstimo, o jogador retornou à Portuguesa de Desportos para disputar o Campeonato Brasileiro.

No ano seguinte o jogador foi novamente emprestado, agora para um clube carioca, o Vasco da Gama. Este seria o seu último clube até a sua prematura morte.


Morte Prematura

Na época em que estava no Rio de Janeiro, Dener sofreu um grave acidente que lhe tirou a vida. Ele voltava de São Paulo, onde havia se reunido com dirigentes da Portuguesa de Desportos e do Stuttgart, da Alemanha, para uma futura transferência, e passado o fim de semana com a família, quando o seu carro, dirigido pelo amigo Oto Gomes, perdeu a direção e chocou-se com uma árvore na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O jovem jogador viajava dormindo no banco do carona do seu Mitsubishi Eclipse e foi sufocado pelo cinto de segurança, terminando tragicamente uma carreira promissora. Investigações posteriores descobriram que Dener deixou o banco inclinado demais, anulando a eficiência do cinto. Mesmo assim, a morte do jogador de futebol fez com que muitos jovens passassem a recusar o uso do dispositivo de segurança, que se tornaria obrigatório em 1998.


Após a Morte

Em homenagem ao jogador, no mesmo ano da sua morte, foi disputada a Copa Dener, torneio reunindo Cruzeiro, Atlético, ambos de Minas Gerais, Botafogo e Vasco, do Rio de Janeiro, Portuguesa e Santos, sendo que o Santos sagrou-se campeão ao vencer o Atlético Mineiro por 4x2.

Também em homenagem ao jogador, uma placa foi colocada no local do acidente e registra que ali Dener Augusto de Sousa perdeu a vida.

Dener deixou viúva e três filhos. Após sua morte, a família que tinha direito a parte do dinheiro do seguro do jogador foi surpreendida com a notícia de que o jogador não tinha um seguro pois o Vasco da Gama, clube responsável no contrato a tratar do seguro, não fez qualquer seguro em nome dele. A família reclamou na justiça os seus direitos e após dez anos de julgamento o tribunal decidiu em definitivo que o Vasco da Gama deveria pagar à família e à Portuguesa de Desportos quantia referente ao seguro. A Portuguesa recebeu a sua parte, porém a família do atleta precisou mover uma ação judicial contra o Vasco da Gama para receber o dinheiro, pois o clube não reconhecia Luciana Gabino como esposa legítima de Dener, pois, apesar de estar com o jogador desde os 18 anos e de ser a mãe dos seus filhos, não era oficialmente casada com ele. Após treze anos de disputas judiciais, o clube e a viúva de Dener chegaram a um acordo para o pagamento da dívida.

Dener, ao lado de Valdir, comemora seu último título

Títulos

Portuguesa
1991 - Copa São Paulo de Futebol Júnior

Grêmio
1993 - Campeonato Gaúcho de Futebol

Vasco da Gama
1994 - Campeonato Carioca de Futebol (Póstumo)

Fonte: Wikipédia

Nelson Gonçalves

ANTÔNIO GONÇALVES SOBRAL
(78 anos)
Cantor

* Santana do Livramento, RS (21/06/1919)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/04/1998)

Segundo maior vendedor de discos da história do Brasil, com mais de 75 milhões de copias vendidas, fica atrás apenas de Roberto Carlos, com mais de 120 milhões. Seu maior sucesso foi a canção "A Volta Do Boêmio".

Nasceu no Rio Grande do Sul, m Seus pais eram portugueses e, logo após seu nascimento, transferiram-se para São Paulo, passando a residir no bairro do Brás. Quando criança, era levado para praças e feiras pelo seu pai, que fazendo-se de cego, tocava violino, enquanto ele cantava.

Na adolescência, empregou-se como garçom no bar de seu irmão, situado na Avenida São João, passando a partir de então a frequentar bares de boêmios e músicos.

Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria de peso-médio. Dois anos mais tarde, tentou a sorte como cantor, num programa de calouros apresentado por Aurélio Campos, na Rádio Tupi de São Paulo, tendo sido reprovado. Numa nova tentativa realizada na semana seguinte, conseguiu ser contratado para o programa.

Mesmo com o apelido de "Metralha", por causa da gagueira, decidiu ser cantor. Em uma de suas primeiras bandas, teve como baterista Joaquim Silva Torres. Foi reprovado duas vezes no programa de calouros de Aurélio Campos. Finalmente foi admitido na rádio PRA-5, mas dispensado logo depois, em 1939.

Nesta época, casou-se com Elvira Molla e com ela teve dois filhos.

Seguiu para o Rio de Janeiro em 1939, onde trilhou mais uma vez o caminho dos programas de calouros. Foi reprovado novamente na maioria deles, inclusive no de Ary Barroso, que o aconselhou a desistir. Finalmente, em 1941, conseguiu gravar um disco de 78 rotações, que foi bem recebido pelo público. Passou a crooner do Cassino Copacabana, do Hotel Copacabana Palace, e assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga, iniciando uma carreira de ídolo do rádio nas décadas de 40 e 50, da escola dos grandes, discípulo de Orlando Silva e Francisco Alves.

Alguns de seus grandes sucessos dos anos 40 foram "Maria Bethânia" (Capiba), "Normalista" (Benedito Lacerda e David Nasser), "Caminhemos" (Herivelto Martins), "Renúncia" (Roberto Martins e Mário Rossi) e muitos outros. Maiores ainda foram os êxitos na década de 50, que incluem "Última Seresta" (Adelino Moreira e Sebastião Santana), "Meu Vício É Você" e a emblemática "A Volta do Boêmio", ambas de Adelino Moreira.

Na década de 50, além de shows em todo o Brasil, chegou a se apresentar em países como Uruguai, Argentina e Estados Unidos, no Radio City Music Hall.

Em 1952, casou-se com Lourdinha Bittencourt, substituta de Dalva de Oliveira no Trio de Ouro. O casamento durou até 1959.

Em 1965, casou-se novamente com Maria Luiza da Silva Ramos, com quem teve dois filhos, Ricardo da Silva Ramos Gonçalves e Maria das Graças da Silva Ramos Gonçalves. A caçula tem seu apelido no refrão da música "Até 2001" (É no Gogó Gugu).

Em 1958 se envolveu no mundo das drogas com a cocaína, tendo sido preso em flagrante em 1965 sob a acusação de tráfico, e passado um mês na casa de detenção, o que lhe trouxe problemas pessoais e profissionais. Foi absolvido em julgamento. Superada a crise, lançou o disco "A Volta Do Boêmio Nº 1", um grande sucesso.

Após abandonar o vício com o apoio de sua mulher, retomou uma carreira bem sucedida.

Continuou gravando regularmente nos anos 70, 80 e 90, reafirmado a posição entre os recordistas nacionais de vendas de discos. Além dos eternos antigos sucessos, Nelson Gonçalves sempre se manteve atento a novos compositores, e chegou a gravar as canções "Simples Carinho" (Ângela Rô Rô), "Nada Por Mim" (Kid Abelha), "Ainda É Cedo" (Legião Urbana) e "Como Uma Onda" (Lulu Santos (Como uma Onda).

Ganhador de um Prêmio Nipper da RCA Victor, dado aos que permanecem muito tempo na gravadora, sendo somente Elvis Presley o outro agraciado. Durante sua carreira, gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 78 milhões de discos, ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.

Nelson Gonçalves morreu vítima de um Infarto Agudo do Miocárdio no apartamento de sua filha Margareth, no Rio de Janeiro.


Dramatizações

A vida de Nelson Gonçalves teve sua biografia dramatizada nas seguintes obras: Na década de 90, foi encenado nas principais capitais do país o musical "Metralha". Em 2001 foi lançado o documentário "Nelson Gonçalves", contando a sua trajetória, com direção de Elizeu Ewald e protagonizado por Alexandre Borges e Júlia Lemmertz, e tendo a sua filha Margareth Gonçalves como produtora executiva.

Fonte: Wikipédia
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