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Cesar Mata Pires

CESAR DE ARAÚJO MATA PIRES
(67 anos)
Empresário

☼ Salvador, BA (19/01/1950)
┼ São Paulo, SP (22/08/2017)

Cesar de Araújo Mata Pires foi um empresário e engenheiro civil brasileiro, fundador da empreiteira OAS. Cesar Mata Pires era o maior acionista do grupo OAS, com 80% do capital social.

Casou-se com Tereza Magalhães, filha do então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães. Teve três filhos: Cesar Mata Pires Filho, Antonio Carlos Mata Pires e Fernanda Mata Pires Morari.

Graduado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1971, Cesar Mata Pires trabalhou na construtora Ordebrecht antes de fundar a OAS, em 1976, ao lado dos empresários Carlos Suarez e Durval Olivieri. Atualmente era presidente do Conselho de Administração da construtora.

A OAS, segundo seu próprio site, foi criada em 1976, na Bahia, com atuação no setor de engenharia e infraestrutura. Hoje, é um conglomerado multinacional brasileiro, de capital privado, que reúne empresas presentes em território nacional e em mais de 20 países.

Poucos anos depois de sua fundação, a OAS passou participar de obras públicas federais e tornou-se uma das maiores empreiteiras do país.

Após a morte do deputado Luís Eduardo Magalhães, em 1998, filho de Antônio Carlos Magalhães, a relação de Cesar Mata Pires com o sogro ficou conturbada. Ambos tinham personalidade forte, temperamento explosivo e brigavam com frequência.

Fizeram as pazes em 2007, quando Antônio Carlos Magalhães já estava hospitalizado. Após a morte de Antônio Carlos Magalhães, o empresário brigou com os demais herdeiros da família Magalhães.

Em 2008, iniciou uma briga judicial pelo espólio de Antônio Carlos Magalhães. Oficiais de Justiça, acompanhados de policiais militares, fizeram arrolamento de bens e obras de arte que integram uma coleção deixada pelo senador. Eles recorreram a um chaveiro para entrar no apartamento onde mora a
viúva de Antônio Carlos Magalhães, Arlette Magalhães.

Na época, o empresário Antônio Carlos Magalhães Júnior, que sucedeu o pai no Senado, afirmou que Cesar Mata Pires era o mentor do litígio familiar. "Ele não está brigando por dinheiro, até porque tem muito. Ele quer poder, quer ter o poder que o meu pai teve sem ser político!"

Cesar Mata Pires ainda tentou obter o controle da Rede Bahia, afiliada da Rede Globo da qual sua mulher detinha um terço das ações. Em 2013, acabou cedendo e vendeu a participação da emissora para a empresa paulista EPTV, encerrando a situação difícil com a família.

No campo político, Cesar Mata Pires aproximou-se de adversários de Antônio Carlos Magalhães como o petista Jaques Wagner, para qual a OAS fez doações nas campanhas para o governo da Bahia.

No governo de Jaques Wagner, a OAS tocou grandes obras como a Via Expressa, avenida que liga o porto à BR-324 e a construção da Avenida 29 de Março.

Léo Pinheiro
Operação Lava Jato

A partir de 2014, o grupo OAS, passou a ser investigado pela Operação Lava Jato e Cesar Mata Pires negociava acordo delação premiada no âmbito da operação. 

Nos últimos três anos Cesar Mata Pires andava preocupado com o avanço da Operação Lava Jato sobre a empresa da família. Léo Pinheiro, acionista e ex-presidente da OAS, foi preso duas vezes pelo
juiz federal Sergio Moro.

Léo Pinheiro tentou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República em 2016, mas a negociação foi interrompida por conta do vazamento de um dos temas conversados com os procuradores.

Neste ano, 2017, as tratativas retomaram e agora executivos e acionistas da empreiteira estão próximos de fechar acordo com os procuradores da Lava Jato. Cerca de 20 candidatos a delatores já entregaram documentos com histórias de corrupção protagonizadas pela OAS e o próximo passo é discutir as penas dos executivos. Porém, a morte de Cesar Mata Pires deve atrasar a assinatura do acordo.

Entre os colaboradores estão os herdeiros Cesar Mata Pires Filho e Antônio Carlos Mata Pires.

Cesar Mata Pires não estava entre os que negociavam com o Ministério Público Federal.

Fortuna

Cesar Mata Pires acumulou uma das maiores fortunas do Brasil. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a fortuna de Cesar Mata Pires acumulou construindo estádios para a Copa do Mundo no Brasil, plataformas de petróleo e rodovias, do Haiti à Angola. No auge, em 2014, seu patrimônio líquido chegou a US$ 7 bilhões. Em 2015, após a operação Lava Jato, a fortuna encolheu para US$ 1 bilhão.

Em 2014, a Polícia Federal realizou buscas na sede paulistana de sua empresa, a OAS. Prendeu vários executivos por uma suposta participação em um cartel que pagava funcionários da Petrobras para fraudar o processo licitatório e obter contratos.

Antônio Carlos Magalhães

Cesar Mata Pires era casado com Tereza, filha de um dos principais políticos da história da Bahia, o ex-senador e ex-governador do estado Antônio Carlos Magalhães. O crescimento da empresa acompanhou a ascensão de Antônio Carlos Magalhães. Foi, inclusive, durante uma das gestões do político na chefia do Executivo Estadual que a OAS alavancou seu patrimônio.

Na década de 1970, a empreiteira reformou o Aeroporto 2 de Julho, de Salvador, recentemente batizado de Deputado Luís Eduardo Magalhães, o que multiplicou o faturamento da construtora. À época, Antônio Carlos Magalhães governava a Bahia.

Já na década de 1990, o político e o genro se desentenderam diversas vezes. Antônio Carlos Magalhães, então senador, inclusive, teria pedido ao Executivo baiano a suspensão de pagamentos devidos à OAS, como retaliação.

Apesar da troca de favores entre OAS e o político, Antônio Carlos Magalhães negava participação na empresa. Em entrevista à revista Istoé, em 1999, ele minimizou a relação com a construtora:
"Tenho é alguns problemas pessoais com o dono de lá, mas eu não tenho nada com a OAS, nem com os seus êxitos nem com seus possíveis fracassos. A não ser que o presidente da OAS é casado com a minha filha!"
Em 2016, Cesar Mata Pires foi internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Morte

Cesar Mata Pires morreu na manhã de terça-feira, 22/08/2017, em São Paulo, SP, aos 67 anos. Ele sofreu um infarto enquanto caminhava no bairro do Pacaembu, Zona Oeste de São Paulo, às 9h30. Cesar Mata Pires foi socorrido por pessoas que frequentavam o local e levado para o Hospital das Clínicas, mas não resistiu.

Cesar Mata Pires morava nos Jardins, Zona Oeste de São Paulo, mas costumava caminhar no parque
Ibirapuera e nos arredores do Estádio do Pacaembu. A caminhada foi um hábito adquirido depois de ter sofrido, no passado, problemas no coração.

Indicação: Fadinha Veras
#FamososQuePartiram #CesarMataPires

Nara Leão

NARA LOFEGO LEÃO DIEGUES
(47 anos)
Cantora

☼ Vitória, ES (19/01/1942)
┼ Rio de Janeiro, RJ (07/06/1989)

Nara Leão era filha caçula do casal capixaba Jairo Leão e Altina Lofego Leão. Nasceu em Vitória, ES, e mudou-se para o Rio de Janeiro quando tinha apenas um 1 ano de idade, com os pais e a irmã, a jornalista Danuza Leão.

Durante a infância, Nara Leão teve aulas de violão com Solon Ayala e Patrício Teixeira, ex-integrante do grupo Os Oito Batutas de Pixinguinha.

Aos 14 anos, em 1956, resolveu estudar violão na academia de Carlos Lyra e Roberto Menescal, que funcionava em um quarto-e-sala na Rua Sá Ferreira, em Copacabana. Mais tarde, Nara Leão tornou-se professora da academia.

Musa da Bossa Nova

A Bossa Nova nasceu em reuniões no apartamento dos pais da cantora, em Copacabana, das quais participavam nomes que seriam consagrados no gênero, como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Sérgio Mendes e seu então namorado, Ronaldo Bôscoli.

No fim dos anos 50, Nara Leão foi repórter do jornal Última Hora, onde Ronaldo Bôscoli também trabalhava, e que pertencia a Samuel Wainer, casado com a irmã de Nara Leão, Danuza Leão.

O namoro com Ronaldo Bôscoli terminou quando ele a traiu e iniciou um caso com a cantora Maysa, durante uma turnê em Buenos Aires, em 1961. Daí em diante, Nara Leão se reaproxima de Carlos Lyra, que rompeu a parceria musical com Ronaldo Bôscoli em 1960, e de idéias mais à esquerda.

Iniciou um namoro com o cineasta Ruy Guerra e se casou com ele um tempo depois. Nessa época passou a se interessar pelo samba de morro.

A estreia profissional se deu quando da participação, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, na comédia "Pobre Menina Rica" (1963). O título de Musa da Bossa Nova foi a ela creditado pelo cronista Sérgio Porto. Mas a consagração efetiva ocorreu após o movimento militar de 1964, com a apresentação do espetáculo "Opinião", ao lado de João do Vale e Zé Keti, um espetáculo de crítica social à dura repressão imposta pelo regime militar.

Maria Bethânia, por sua vez, a substituiu no ano seguinte, interpretando "Carcará", pois Nara Leão precisara se afastar por estar afônica. Nota-se que Nara Leão vai mudando suas preferências musicais ao longo dos anos 60.

De Musa da Bossa Nova, passa a ser cantora de protesto e simpatizante das atividades dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE). Embora os Centro Popular de Cultura (CPC) já tivessem sido extintos pela ditadura, em 1964, o espetáculo "Opinião" tem forte influência do espírito cepecista.

Em 1966, interpretou a canção "A Banda", de Chico Buarque no Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, que ganhou o festival e público brasileiro.

Dentre suas interpretações mais conhecidas, destacam-se "O Barquinho""A Banda" e "Com Açúcar e Com Afeto", feita a seu pedido por Chico Buarque, cantor e compositor a quem homenagearia nesse disco homônimo, lançado em 1980.

Nara Leão também aderiu ao Movimento Tropicalista, tendo participado do disco-manifesto do movimento - "Tropicália" ou "Panis et Circensis", lançado pela Philips em 1968 e disponível hoje em CD.

Vida Pessoal

Já separada alguns anos do marido Ruy Guerra, de quem não teve filhos, Nara Leão casa-se novamente, dessa vez com o cineasta Cacá Diegues, com quem teve dois filhos: Isabel e Francisco.

No fim dos anos 60, mudou-se para a Europa com o marido, permanecendo lá por dois anos, tendo morado na França, em Paris, onde nasceu Isabel, primeira filha do casal.

No começo dos anos 70, ela voltou para o Brasil grávida e nasceu no Rio de Janeiro o segundo filho do casal, Francisco. Nessa época, decidiu estudar psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

De fato, Nara Leão planejava abandonar a música mas não chegou a deixar a profissão de cantora, apenas diminuindo o ritmo de trabalho e modificando o estilo dos espetáculos, pois era muito cansativa a vida de uma cantora, já que ela agora era mãe e casada, tinha que se dedicar mais aos filhos e ao marido do que a música, apesar dela amar cantar, teve que fazer essa difícil escolha.

Morte

Nara Leão morreu na manhã de 07/06/1989 vítima de um tumor cerebral inoperável, aos 47 anos. Ela já sabia do tumor, e sofria com esse problema havia 10 anos. O tumor estava numa área muito delicada do cérebro, por isso ela não podia ser operada. Sentia fortes dores e tonturas, e isso também foi um contribuinte para ela tentar largar carreira musical.

O último disco foi "My Foolish Heart", lançado naquele mesmo ano, interpretando versões de clássicos americanos.

Após a Morte

Em 2002, seus discos lançados anteriormente em LPs foram relançados em duas caixas separadas - uma com o período 1964-1975 e a outra 1977-1989 - trazendo também faixas-bônus e um livreto sobre sua biografia. Mesmo depois de ter morrido há anos, suas músicas ainda eram sucesso, como até hoje são.

Discografia

  • 1964 - Nara
  • 1964 - Opinião de Nara
  • 1965 - O Canto Livre de Nara
  • 1965 - Cinco na Bossa
  • 1965 - Show Opinião
  • 1966 - Nara Pede Passagem
  • 1966 - Manhã de Liberdade
  • 1966 - Liberdade, Liberdade
  • 1967 - Nara
  • 1967 - Vento de Maio
  • 1968 - Nara Leão
  • 1969 - Coisas do Mundo
  • 1971 - Dez Anos Depois
  • 1974 - Meu Primeiro Amor
  • 1977 - Meus Amigos São Um Barato
  • 1978 - Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos
  • 1979 - Nara Canta en Castellano
  • 1980 - Com Açúcar, Com Afeto
  • 1981 - Romance Popular
  • 1982 - Nasci Para Bailar
  • 1983 - Meu Samba Encabulado
  • 1984 - Abraços E Beijinhos e Carinhos Sem Ter Fim… Nara
  • 1985 - Nara e Menescal - Um Cantinho, Um Violão
  • 1986 - Garota de Ipanema
  • 1987 - Meus Sonhos Dourados
  • 1989 - My Foolish Heart

Fonte: Wikipédia

Francisco Petrônio

FRANCISCO PETRONE
(83 anos)
Cantor

☼ São Paulo, SP (08/11/1923)
┼ São Paulo, SP (19/01/2007)

Francisco Petrônio, nome artístico de Francisco Petrone, foi um cantor brasileiro. Filho de imigrantes italianos, nasceu no bairro do Bexiga, em São Paulo, no dia 08/11/1923.

Cantava desde a infância, e costumava contar:

"Quando eu era criança, meu pai chamava amigos e companheiros e me colocava sobre uma cadeira para que eu cantasse. Ser cantor era um sonho de criança que apenas em 1961 tornou-se realidade. Eu era taxista e costumava cantar enquanto dirigia. Numa dessas corridas um passageiro e cantor chamado Nerino Silva gostou de minha voz e me levou para fazer um teste na TV Tupi. Cantei, e o Cassiano Gabus Mendes que na época era diretor artístico da emissora, gostou da minha voz e me contratou para a Rádio e a TV Tupi."

Em 1964 gravou a música "Baile da Saudade" que marcou sua carreira e bateu recordes de vendas.


Na televisão, em 1966, Francisco Petrônio criou o programa "Baile da Saudade", apresentado na TV Paulista, aproveitando a boa receptividade da música que levava o mesmo nome. Posteriormente, passou por várias emissoras brasileiras, como TV Bandeirantes, TV Gazeta, com o programa "Trasmontano em Família", TV Cultura, com "Festa Baile", TV Record, com "O Grande Baile" e Rede Vida, com o programa "Cantando Com Francisco Petrônio".

Conhecido também como o "Rei do Baile da Saudade", Francisco Petrônio passou a realizar shows e bailes da saudade por todo o Brasil. Certa ocasião ele declarou:

"Continuo fazendo o que melhor sei fazer, ou seja, cantar. Até quando não sei, Deus é quem dirá. A única certeza que tenho é que estou aqui de passagem e preciso entoar meu cântico aos que gostam de me ouvir cantar!"

Em 46 anos de carreira, gravou cerca de 750 músicas e teve lançados 55 discos e CD´s, entre gravações solo, participações especiais e regravações.

Foi casado com Rosa Petrone, tiveram três filhos, José, Armando e Francisco Jr., e seis netos, Alessandro, Leandro, Thiago, Juliana, Camila e Rafaela.

Francisco Petrônio morreu na madrugada de sexta-feira, 19/01/2007, em São Paulo, SP. Ele estava internado desde domingo, 14/01/2007, no Hospital Santa Paula. A causa da morte foi uma Infecção Abdominal. Francisco Petrônio está sepultado no Cemitério do Araçá.

Fonte: Wikipédia

Olney Cazarré

OLNEY CAZARRÉ
(45 anos)
Ator, Humorista e Dublador

☼ Rio de Janeiro, RJ (14/05/1945)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/01/1991)

Olney Cazarré foi um ator, humorista e dublador brasileiro. Com apenas 3 anos de idade participou do filme "Mãe" (1948) com seu irmão mais novo, Older Cazarré.

Detentor de uma voz considerada irônica e versátil, trabalhou como dublador entre as décadas de 60 e 80 em estúdios de São Paulo. Na metade dos anos 1980, atuou na Herbert Richers.

Olney Cazarré faleceu em consequência de graves problemas cardíacos devido a uma tromboangeíte obliterante, doença que impede a circulação do sangue. Na época em que fazia o corintiano fanático João Bacorinho na Escolinha do Professor Raimundo. Antes de morrer, ele teve as duas pernas amputadas, pelo motivo da doença.


Televisão

  • 1979 - Feijão Maravilha
  • Escolinha do Professor Raimundo

Dublagem


Dentre seus diversos trabalhos como dublador, destacam-se:


  • Chekov (Dublagem original da série "Jornada nas Estrelas")
  • Pica-Pau
  • Coelho Ricochete
  • James Stephens
  • Jace, em "Space Ghost"
  • James Stephens (Dick York) em "A Feiticeira"
  • Skyfire em "Transformers"
  • Micky Dolenz em "The Monkees"
  • Hadji em "Johnny Quest"
  • Speed Buggy
  • Policial em 

    "Chaves" 
    (No episódio dos artistas de iô-iôs)

  • Goober 
    em 

    "Goober e Os Caçadores de Fantasmas"
  • Ray Krebbs em "Dallas"

  • Fofoquinha em 
    "Matraca-Trica & Fofoquinha" 
    (2ª voz)
  • Mestre da Horda em "She-Ra"

Fonte: Wikipédia

Elis Regina

ELIS REGINA CARVALHO COSTA
(36 anos)
Cantora

☼ Porto Alegre, RS (17/03/1945)
┼ São Paulo, SP (19/01/1982)

Elis Regina Carvalho Costa foi uma cantora brasileira. Conhecida por sua presença de palco histriônica, sua voz e sua personalidade, Elis Regina é considerada por muitos críticos, comentadores e outros músicos a melhor cantora brasileira de todos os tempos. Com os sucessos de "Falso Brilhante" e "Transversal do Tempo", ela inovou os espetáculos musicais no país e foi capaz de demonstrar emoções tão contrárias, como a melancolia e a felicidade, numa mesma apresentação ou numa mesma música.

Como muitos outros artistas do Brasil, Elis Regina surgiu dos festivais de música na década de 60 e mostrava interesse em desenvolver seu talento através de apresentações dramáticas. Seu estilo era altamente influenciado pelos cantores do rádio, especialmente Ângela Maria, e a fez ser a grande revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou "Arrastão" de Vinicius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe conferiu o título de primeira estrela da canção popular brasileira na era da televisão. Enquanto outras cantoras contemporâneas como Maria Bethânia haviam se especializado e surgido em teatros, ela deu preferência aos rádios e televisões.

Seus primeiros discos, iniciando com "Viva a Brotolândia" (1961), refletem o momento em que transferiu-se do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, e que teve exigências de mercado e mídia. Transferindo-se para São Paulo em 1964, onde ficaria até sua morte, logrou sucesso com os espetáculos do "Fino da Bossa" e encontrou uma cidade efervescente onde conseguiria realizar seus planos artísticos.


Em 1967, casou-se com Ronaldo Bôscoli, diretor do "Fino da Bossa", e ambos tiveram João Marcelo Bôscoli.

Elis Regina aventurou-se por muitos gêneros: da Música Popular Brasileira (MPB), passando pela bossa nova, o samba, o rock ao jazz. Interpretando canções como "Madalena", "Como Nossos Pais", "O Bêbado e o Equilibrista", "Querelas do Brasil", que ainda continuam famosas e memoráveis. Registraram momentos de felicidade, amor, tristeza, patriotismo e ditadura militar no país.

Ao longo de toda sua carreira, cantou canções de músicos até então pouco conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, é célebre os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Wilson Simonal, Rita Lee, Chico Buarque - que quase foi lançado por ela não fosse Nara Leão ter o gravado antes - e, por fim, seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, com quem teve os filhos Pedro Mariano e Maria Rita. César Camargo Mariano também ajudou-a a arranjar muitas músicas antigas e dar novas roupagens a elas, como "É Com Esse Que Eu Vou".

Sua presença artística mais memorável talvez esteja registrada nos álbuns "Em Pleno Verão" (1970), "Elis & Tom" (1974), "Falso Brilhante" (1976), "Transversal do Tempo" (1978), "Saudade do Brasil" (1980) e "Elis" (1980). Ela foi a primeira pessoa a inscrever a própria voz como se fosse um instrumento, na Ordem dos Músicos do Brasil.

Início

Filha de Romeu Costa e de Ercy Carvalho, Elis Regina nasceu no Hospital da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, na capital do Rio Grande do Sul. Tinha um irmão, Rogério nascido em 1949.

Começou a carreira como cantora aos 11 anos de idade em um programa de rádio para crianças chamado "O Clube do Guri", na Rádio Farroupilha, apresentado por Ari Rego.

Em Porto Alegre, sua família morava em um apartamento na chamada Vila do IAPI, no bairro Passo d'Areia, na Zona Norte da cidade. Revelando enorme precocidade, aos 16 anos lançou o primeiro LP da carreira. Sobre o começo da carreira de Elis Regina e a disputa entre quem de fato a lançou, o produtor Walter Silva disse à Folha de São Paulo:

"Poucas pessoas sabem quem realmente descobriu Elis. Foi um vendedor da gravadora Continental chamado Wilson Rodrigues Poso, que a ouviu cantando menina, aos quinze anos, em Porto Alegre. Ele sugeriu à Continental que a contratasse, e em 1962 saiu o disco dela. Levei Elis ao meu programa, fui o primeiro a tocar seu disco no rádio. Naquele dia eu disse: Menina, você vai ser a maior cantora do Brasil. Está gravado."
(O produtor Walter Silva declarando como a cantora foi descoberta)

Década de 60, Surge Uma Estrela

Em 1960 foi contratada pela Rádio Gaúcha, e em 1961 viajou ao Rio de Janeiro, onde gravou o primeiro disco, "Viva a Brotolândia". Lançou ainda mais três discos enquanto morava no Rio Grande do Sul.

Em 1964, um ano com a agenda lotada de espetáculos no eixo Rio-São Paulo, assinou um contrato com a TV Rio para participar do programa "Noites de Gala". Foi levada por Dom Um Romão para o Beco das Garrafas sob a direção da dupla Luís Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli, com os quais ainda realizaria diversas parcerias, e um casamento com Ronaldo Bôscoli em 1967.

Acompanhada agora pelo grupo Copa Trio, de Dom Um Romão, cantou no Beco das Garrafas, o reduto onde nasceu a bossa nova, e conheceu o coreógrafo americano Lennie Dale, que a ensinou a mexer o corpo para cantar, tirando aquele nado que ela tinha com os braços.

Participou do espetáculo "Fino da Bossa" organizado pelo Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que ficou conhecido também como Primeiro Demti-Samba, dirigido por Walter Silva, no Teatro Paramount, atual Teatro Abril, São Paulo.

Ao final de 1967 conheceu o produtor Solano Ribeiro, idealizador e executor dos festivais de MPB da TV Record. Um ano glorioso, que ainda traria a proposta de apresentar o programa "O Fino da Bossa", ao lado de Jair Rodrigues. O programa, gravado a partir dos espetáculos e dirigido por Walter Silva, ficou no ar até 1967, na TV Record, Canal 7, SP, e originou três discos de grande sucesso: um deles, "Dois Na Bossa", foi o primeiro disco brasileiro a vender um milhão de cópias. Seria dela agora o maior cachê do show business.

Estilo Musical

O estilo musical interpretado ao longo da carreira percorria assim o "fino da bossa nova", firmando-se como uma das maiores referências vocais deste gênero. Aos poucos, o estilo MPB, pautado por um hibridismo ainda mais urbano e popularesco que a bossa nova, distanciando-se das raízes do jazz americano, seria mais um estilo explorado. Já no samba consagrou "Tiro Ao Álvaro" e "Iracema", de Adoniran Barbosa, entre outros.

Notabilizou-se pela uniformidade vocal, primazia técnica e uma afinação a toda prova. O registro vocal pode ser definido como de uma mezzo-soprano característico com um fundo levemente metálico e vagamente rouco.

Desde a década de 60, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, até o final da década de 80, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos, apresentando os novos talentos, registravam índices recordes de audiência. No Festival de Música Popular Brasileira conheceu Chico Buarque, mas acabou desistindo de gravá-lo devido à impaciência com a timidez do compositor.

Elis Regina participou do especial "Mulher 80" da TV Globo, um desses momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna, Elis Regina, Gal Costa e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado "Malu Mulher".

A antológica interpretação de "Arrastão" de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, no Festival de Música Popular Brasileira, escreveu um novo capítulo na história da música brasileira, inaugurando a MPB e apresentando uma Elis Regina ousada. Uma interpretação inesquecível, encenada pouco depois de completar apenas 20 anos de idade e coroada com o reconhecimento do Prêmio Berimbau de Ouro. O Troféu Roquette Pinto veio na sequência, elegendo-a a Melhor Cantora do Ano.

Fã incondicional de Ângela Maria, a quem prestou várias homenagens, Elis Regina impulsionava uma carreira não menos gloriosa, possibilitando o lançamento do primeiro LP individual, "Samba Eu Canto Assim".

Pioneira, em 1966 lançou o selo Artistas, registrando o primeiro disco independente produzido no Brasil, intitulado "Viva o Festival da Música Popular Brasileira", gravado durante o festival. Mais uma vitoriosa participação no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, a canção "O Cantador" (Dori Caymmi e Nelson Motta), classificando-se para a finalíssima e reconhecida com o prêmio de Melhor Intérprete.

Em 1968, uma viagem à Europa a lança no eixo musical internacional, conquistando grande sucesso, principalmente no Olympia de Paris.

Anos de Glória

Durante os anos 70, aprimorou constantemente a técnica e domínio vocal, registrando em discos de grande qualidade técnica parte do melhor da sua geração de músicos.

Patrocinado pela Philips na mostra Phono 73, com vários outros artistas, deparou-se com uma plateia fria e indiferente, distância quebrada com a calorosa apresentação de Caetano Veloso: "Respeitem a maior cantora desta terra". Em julho lançou o LP "Elis".

Em 1975, com o espetáculo "Falso Brilhante", que mais tarde originou um disco homônimo, atingiu enorme sucesso, ficando mais de um ano em cartaz e realizando quase 300 apresentações. "Lendário", tornou-se um dos mais bem sucedidos espetáculos da história da música nacional e um marco definitivo na carreira da cantora.

Ainda teve grande êxito com o espetáculo "Transversal do Tempo", em 1978, de um clima extremamente político e tenso. O "Essa Mulher", em 1979, direção de Oswaldo Mendes, que estreou no Anhembi em São Paulo e excursionou pelo Brasil no lançamento do disco homônimo. O "Saudades do Brasil", em 1980, sucesso de crítica e público pela originalidade, tanto nas canções quanto nos números com dançarinos amadores, direção de Ademar Guerra e coreografia de Márika Gidali (Ballet Stagium), e finalmente o último espetáculo, "Trem Azul", em 1981, direção de Fernando Faro.

Anos de Chumbo

Elis Regina criticou muitas vezes a ditadura brasileira, nos difíceis "Anos de Chumbo", quando muitos músicos foram perseguidos e exilados. A crítica tornava-se pública em meio às declarações ou nas canções que interpretava.

Em entrevista, no ano de 1969, teria afirmado que o Brasil era governado por gorilas (há ainda controvérsias em relação a essa declaração. Existem arquivos dos próprios militares onde ela se justifica dizendo que isso foi criado por jornalistas sensacionalistas). A popularidade a manteve fora da prisão, mas foi obrigada pelas autoridades a cantar o Hino Nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.

Sempre engajada politicamente, Elis Regina participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela anistia de exilados brasileiros. O despertar de uma postura artística engajada e com excelente repercussão acompanharia toda a carreira, sendo enfatizada por interpretações consagradas de "O Bêbado e o Equilibrista" (João Bosco e Aldir Blanc), a qual vibrava como o hino da anistia. A canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Também merece destaque, o fato de Elis Regina ter se filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), em 1981.

Outra questão importante se refere ao direito dos músicos brasileiros, polêmica que Elis Regina encabeçou, participando de muitas reuniões em Brasília. Além disso, foi presidente da Associação de Intérpretes e de Músicos (ASSIM).

Últimos Momentos

Elis Regina morreu precocemente em 1982, com apenas 36 anos de idade, deixando uma vasta obra na Música Popular Brasileira e causando grande comoção nacional, em 19/01/1982, devido a complicações decorrentes de uma overdose de cocaína e bebida alcoólica, fato que chocou profundamente o país.

O laudo médico foi elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do Instituto Médico Legal (IML) Harry Shibata, médico conhecido por seu envolvimento no caso do jornalista Vladimir Herzog.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ElisRegina