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Zé Arigó

JOSÉ PEDRO DE FREITAS
(49 anos)
Médium

* Fazenda do Fria - Congonhas do Campo, MG
(18/10/1921)

+ Rodovia BR-040 - Congonhas do Campo, MG
(11/01/1971)


Zé Arigó foi um médium brasileiro nascido na Fazenda do Fria, situada a 6 km de Congonhas do Campo, MG, no dia 18/10/1921.

Desenvolveu suas atividades paranormais em Congonhas durante cerca de vinte anos, tornando nacional e internacionalmente conhecidas as cirurgias e curas realizadas por intermédio de sua faculdade mediúnica, pela entidade (espírito) que se denominava como Dr. Fritz, um médico alemão falecido em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial.

Um dos oito filhos de um sitiante, nasceu na Fazenda do Fria, a cerca de seis quilômetros de Congonhas. Os poucos recursos da família apenas lhe asseguraram os estudos até à terceira série do atual Ensino Fundamental, no Grupo Escolar Barão de Congonhas.

Em 1936, aos quatorze anos de idade, ingressou na Companhia de Mineração de Ferro e Carvão, (posteriormente denominada Ferteco Mineração S/A, e hoje incorporada à CVRD), onde trabalhou até 1942. Neste período ganhou o apelido que o acompanharia toda a vida: "Arigó". Nomeado servidor do IAPTC, atual INSS, trabalhou na função pública até ao fim da vida.

Em 1946, então com vinte e cinco anos de idade, desposou Arlete André, sua prima em 4º grau, época em que deixou a casa dos pais. Da união nasceram seis filhos: José Tarcísio, Haroldo, Eri, Sidney, Leôncio, Antônio e Leonardo José.

À medida que nasciam os filhos do casal, por volta de 1950, Arigó começou a apresentar fortes dores de cabeça, insônia, percebendo visões (uma luz descrita como muito brilhante) e uma voz gutural (em idioma que não compreendia) que o fizeram acreditar encontrar-se à beira da loucura. A situação perdurou por cerca de três anos, durante os quais visitou médicos e especialistas, sem melhorias.

De acordo com seus biógrafos, certo dia, em um sonho nítido, a voz que o atormentava foi percebida por Arigó como pertencendo a um personagem robusto e calvo, vestido com roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala cirúrgica, em torno de um paciente. Após o sonho ter se repetido por várias vezes, o personagem apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sem que tivesse completado a sua obra na Terra. Embora não pudesse compreender o idioma, compreendeu a mensagem que o personagem lhe dirigia: Arigó fora escolhido como médium pelo Dr. Fritz para realizar essa obra. Outros espíritos, de médicos e de enfermeiros desencarnados, os auxiliariam. Ainda de acordo com os seus biógrafos, Arigó acordou desse sonho tão assustado que saiu correndo, nu, aos gritos, ganhando a rua. Parentes e amigos trouxeram-no de volta ao lar, onde chorou copiosamente. Procurados, os médicos procederam a exames clínicos e psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as dores de cabeça e os pesadelos continuassem. Até mesmo o padre da cidade tentou auxiliar, efetuando algumas sessões de exorcismo, sem sucesso.

Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia resolveu experimentar atender ao pedido do sonho: encontrando um amigo, aleijado, obrigado ao uso de muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que largasse as muletas. E, arrancando-as com as próprias mãos, ordenou em seguida ao amigo que caminhasse, o que ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em diante.

A partir de então, uma força que Arigó reputava como "estranha", passou a utilizar-se de suas mãos rudes, para manejar instrumentos também rudes, em delicados procedimentos cirúrgicos, no atendimento a enfermos e aflitos.

Entre os casos de personalidade atendidas por Arigó por volta de 1950, relaciona-se o do Senador Carlos Alberto Lúcio Bittencourt, então em campanha para reeleição por Minas Gerais e para a eleição de Getúlio Vargas para a presidência da República pelo PTB. Diagnosticado como portador de câncer nos pulmões, os médicos haviam recomendado ao Senador a imediata cirurgia, de preferência em hospital estadunidense, embora com poucas esperanças. Optando por adiar a cirurgia para depois da campanha eleitoral, em visita a Congonhas conheceu Arigó, que havia sido líder sindical. Impressionado com o seu carisma, o Senador convidou Arigó para juntos irem a Belo Horizonte para um comício. Aceito o convite, ficaram hospedados juntos no mesmo hotel. Segundo o relato do Senador, já estando recolhido ao leito em seu quarto, preocupado com a sua condição de saúde, percebeu a porta que se abria, e um vulto, que parecia ser de Arigó, entrando e acendendo a luz. Era realmente Arigó, como constatou, que se aproximava com uma navalha na mão. Assustado, o Senador tentou levantar-se mas sentiu-se dominado por uma prostração que o fez cair, adormecido, sobre o leito. Na manhã seguinte, ao acordar, constatou que o seu pijama estava cortado nas costas, sujo de sangue já seco. O tumor cancerígeno fora removido e, como confirmado mais tarde, o Senador encontrava-se plenamente restabelecido.

Apesar de possuir desenvolvida mediunidade, Arigó possuía formação católica tradicional, e seu nome, a rigor, não se associa formalmente nem ao Espiritualismo nem ao Espiritismo.

Apesar da desaprovação da Igreja Católica (com quem, entretanto, não criou inimizades) e das autoridades civis, Arigó fundou uma clínica à Rua Marechal Floriano, em Congonhas, onde chegava a tratar, gratuitamente, até duzentas pessoas por dia, oriundas da região e dos diversos Estados do país, da América do Sul, da Europa e dos Estados Unidos da América. À época, Congonhas chegou a estar ligada a Buenos Aires (Argentina) e a Santiago do Chile (Chile) por linha de ônibus direta e regular.

Entre as dificuldades de ordem legal enfrentadas pelo médium, destaca-se o processo instaurado em 1956 pela Associação Médica de Minas Gerais, sob a acusação de prática de curandeirismo, e pelo qual foi condenado a quinze meses de prisão (1958); entretanto, teve a sua pena reduzida à metade e não chegou a ser preso, uma vez que recebeu indulto do então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, cuja filha também havia sido atendida pelo médium, sendo-lhe diagnosticados dois cálculos renais. Anos mais tarde, responderia a novo processo, sendo condenado a 18 de novembro de 1964. Desta vez, tendo compreendido o que era um indulto, recusou-o, sendo detido por sete meses em Conselheiro Lafaiete (MG), pelo exercício ilegal da medicina. Continuou a prática mediúnica mesmo dentro dos muros do presídio, tendo retornado a Congonhas com prestígio ainda maior.

Nessa época, o estadunidense Henri Belk, fundador de uma fundação para pesquisa de fenômenos paranormais, acompanhado por Andrija Puharich (ou Henry K. Puharich), especialista em bioengenharia, deslocaram-se até Congonhas, acompanhados por dois intérpretes da Universidade do Rio de Janeiro e por Jorge Rizzini, conhecido pesquisador espírita brasileiro, para iniciar uma pesquisa com Arigó (1963). Na ocasião, o Dr. Puahrich teve extraído um lipoma de seu cotovelo esquerdo, em um procedimento indolor que consumiu apenas cinco segundos, executado com um canivete comum. A incisão de menos de 5 centímetros, com pouco sangue, não inchou, conforme documentado nitidamente em filme (a cores) por Rizzini, vindo a cicatrizar completamente, sem infecção.

Em 1968, dois outros médicos estadunidenses chegaram a Congonhas para complementar as pesquisas: os Drs. Laurence John e P. Aile Breveter, da William Benk Psychic Foundation. Mesmo sem ter alcançado uma explicação conclusiva para o fenômeno, comprovaram que a prática do médium não comportava ilusionismo ou feitiçaria, declarando que 95% dos diagnósticos do médium eram corretos e que, as operações realizadas com um canivete, sem qualquer assepsia, só eram possíveis devido à sua sensibilidade, explicável apenas à luz da parapsicologia.

Zé Arigó teve um sonho em que previa para breve a sua passagem para o plano espiritual, através de uma morte violenta. No dia 11/01/1971, ele esteve na clínica, como de costume, mas avisou aos seus pacientes que teria que ir a uma cidade vizinha, a fim de apanhar um carro de segunda mão, que acabava de comprar.

Às 12h23 do dia 11/01/1971, o médium Zé Arigó ao voltar de um sítio perto de Congonhas do Campo, MG, foi acometido por um mal súbito que o fez perder repentinamente o controle de seu carro Opala que, passando a contramão, bateu de frente num veículo do DNER. Na violência do choque, perdeu a vida por Traumatismo Cerebral. O valoroso Arigó que, durante duas décadas curou ou amenizou enfermidades e males de milhares de pacientes, passava assim para o mundo dos espíritos.

Fonte: Wikipédia

Barão de Itararé

APARÍCIO FERNANDO DE BRINKERHOFF TORELLY
(76 anos)
Jornalista, Escritor, Político e Pioneiro no Humorismo Político Brasileiro

* Rio Grande, RS (29/01/1895)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/11/1971)

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, também conhecido por Apporelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé, foi um jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro.

O nascimento de Apporelly é marcado por mistérios e disputas. Conta-se que teria nascido a bordo de uma diligência, no Uruguai, enquanto seus pais rumavam para uma fazenda da família materna. Admiradores de Rio Grande, RS, onde seus pais moravam, contestam esta versão. Entretanto, na matrícula de ensino escolar, Apporelly foi registrado como nascido no Uruguai, enquanto seu título de eleitor sustentava uma naturalidade gaúcha, mas sem discriminação de cidade.

Sua mãe, Amélia, teve morte trágica, suicidou-se quando tinha 18 anos e ele 18 meses. Seu pai enviou-o a um internato jesuíta em São Leopoldo, RS.

Apparício Torelly iniciou-se no humorismo em 1908 no jornalzinho "Capim Seco", do colégio onde estudava, satirizando a disciplina dos padres jesuítas de São Leopoldo.

Em 1918, durante suas férias, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando andava na fazenda de um tio. Abandonou o curso de medicina no quarto ano e começou a escrever. Publicou sonetos e artigos em jornais e revistas, como a Revista Kodak, A Máscara e Maneca.




A Manhã

Em 1925 entrou para O Globo de Irineu Marinho. Com a morte de Irineu Marinho, Apporelly foi convidado por Mário Rodrigues, pai de Nelson Rodrigues, a ser colaborador do jornal A Manhã. Ainda em 1925, no mês de dezembro, Apparício Torelly estreava na primeira página com seus sonetos de humor que, geralmente, tinham como tema um político da época. Sua coluna humorística fez sucesso e também na primeira página, em 1926, começou a escrever a coluna "A Manhã Tem Mais…". Neste mesmo ano criou o semanário que viria a se tornar o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil. Bem ao seu estilo de paródias, o novo jornal da capital federal tinha o nome de A Manha, e usava a mesma tipologia do jornal em que Apparício trabalhava, sem o til, fazendo toda diferença que era reforçada com a frase ladeando o título: "Quem Não Chora, Não Mama". Para estréia tão libertadora, Apporelly não perdeu a data de 13/05/1926. "A Manha" logo virou independente.

Durante a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas partiu de trem rumo à capital federal, então o Rio de Janeiro, propagou-se pela imprensa que haveria uma batalha sangrenta em Itararé. Isto, foi vastamente divulgado na imprensa. Apporelly não ficou de fora desta tendência. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal que, sob o comando de Getúlio Vargas, vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder.

A cidade de Itararé fica na divisa de São Paulo com o Paraná, mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito. O Barão de Itararé comentaria este fato mais tarde da seguinte maneira:

"Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve."

Na verdade, em outubro de 1930, Apparício se autodeclarou Duque nas páginas de A Manha:

"O Brasil é muito grande para tão poucos Duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque dançarino, que dança muito bem mas não briga e o Duque de Caxias que briga muito bem, mas não dança. E agora eu, que brigo e danço conforme a música."

Mas como ele próprio anunciou semanas depois, "como prova de modéstia, passei a Barão!".

O jornal circulou até fins de 1935, quando o Barão de Itararé foi preso por ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), então clandestino. Foi libertado em 1936, já ostentando a volumosa barba que cultivaria por boa parte de sua vida. Retomou o jornal por um curto período, até que viesse nova interrupção, ao longo de todo o Estado Novo e voltando em edições espasmódicas até 1959.

Unido a Bastos Tigre e Juó Bananére, conseguiu exprimir o hibridismo linguístico com a utilização do soneto-piada, que consistia na contraposição rápida de dois contextos associativos.




Política

Apporelly foi candidato em 1947, a vereador do Distrito Federal, com o lema "Mais leite! Mais água! Mas menos água no leite!", sendo eleito com 3.669 votos, o oitavo mais votado do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que conquistou 18 das 50 cadeiras. Porém em janeiro de 1948 seus vereadores foram cassados: "um dia é da caça... os outros da cassação", anunciou A Manha.


Últimos Anos

No final dos anos 1950, foi deixando o humor de lado e passou a se interessar pela ciência, e pelo esoterismo. Estudou filosofia hermética, as pirâmides do antigo Egito e a astrologia, campo no qual desenvolveu o "Horóscopo Biônico". Faleceu, dormindo, em seu apartamento no bairro carioca de Laranjeiras.

Apporelly foi opositor ferrenho de Getúlio Vargas, a quem conheceu nos tempos de colégio, em Porto Alegre, quando vivia na mesma pensão em que Benjamin se hospedava, irmão de Getúlio Vargas.




Obras e Representação na Cultura

Em 1985, a Editora Record publicou em livro, sob o título de "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé", uma seleção de textos de humor extraídos de A Manhã, em coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa e com prefácio de Jorge Amado. No mesmo ano, "Máximas e Mínimas do Barão de Itararé" alcançou rapidamente quatro edições.

Em 14/08/2011, o "Programa De Lá Pra Cá", da TV Brasil relembrou a vida e a obra do Barão de Itararé.

Mais recentemente, seu espírito crítico influenciou a criação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que reúne diversos ativistas e movimentos sociais comprometidos com a democratização da mídia no Brasil.

Fonte: Wikipédia

Glauce Rocha

GLAUCE ELDDÉ ARAÚJO ROCHA
(41 anos)
Atriz

* Campo Grande, MS (16/08/1930)
+ São Paulo, SP (12/10/1971)

A atriz Glauce Elddé Araújo Rocha, conhecida como Glauce Rocha, nasceu na capital do Mato Grosso do Sul. Segundo sua sobrinha, Leonora Rocha, essa data ainda é discutida: "Há uma história de que minha avó teria modificado a data de nascimento para que Glauce pudesse entrar mais cedo na escola".

Os pais de Glauce eram Leopoldino de Araújo Rocha e Edelweiss Ilgenfritz Rocha.

A mãe, gaúcha, foi criada em Campo Grande. O pai era soldado e viera de Alagoas ainda rapaz. Casaram-se e tiveram cinco filhos, dois homens e três mulheres, sendo Glauce a caçula.

Aos cinco anos, Glauce enfrentou uma tragédia que marcaria o resto de sua vida. Em visita a Bela Vista, no interior de Manto Grosso do Sul, em uma festa de batizado, o pai, tenente, foi assassinado. Os detalhes do episódio ficaram tão gravados na mente de Glauce que puderam ser perfeitamente reproduzidos por um de seus amigos mais próximos em relato a José Octávio Guizzo, advogado e pesquisador de Campo Grande, autor do livro "Glauce Rocha, Atriz, Mulher, Guerreira", certamente o estudo mais completo já publicado sobre a atriz.

Ainda menina foi enviada pela família para Minas Gerais, onde passou três anos estudando em colégio de freiras, em regime de semi-internato.

Em 1949, Glauce Rocha mudou-se para Porto Alegre, onde moravam seus avós maternos, para preparar-se para o vestibular. No Colégio Júlio de Castilhos, teve como colega de sala o futuro ator Walmor Chagas. No fim do ano, decidiu prestar o concurso no Rio de Janeiro.

Reprovada no vestibular, Glauce se inscreveu no Conservatório Nacional de Teatro. Lá, teve aulas com Ester Leão, Maria Clara Machado, Luísa Barreto Leite, dentre outros. Foi aí que se apaixonou definitivamente pela arte de interpretar.

Começou apresentando peças teatrais infantis. No início, entre 1950 e 1951, era uma das integrantes do grupo "Os Fabulosos". Sua primeira aparição profissional no teatro foi com a companhia de Alda Garrido, em 1952, no Rio de Janeiro, na peça "Madame Sans Gene". Um de seus colegas era o ator Milton Moraes, com quem se casou em 1952. Mas, logo se separaram.

Seu primeiro papel de destaque, já em 1953, foi ao lado de Alda Garrido em "Dona Xepa", de Pedro Bloch. Foi dirigida por Jaime Costa, em "É Agora Suzana", de Ladislau Fodor (1955). No ano seguinte, atuou sob a direção de Ziembinski, na temporada carioca de "Divórcio Para Três", de Victorien Sardou, originalmente montada pelo Teatro Brasileiro de Comédia em 1953.

Em 1957, atuou em duas peças de Eugene Ionesco, realizações de Luís de Lima: "A Lição" e "A Cantora Careca". Seu primeiro prêmio veio em 1958, com "Moral em Concordata", de Abílio Pereira de Almeida, com direção de Flaminio Bollini.

Durante dois anos atuou nos espetáculos do Teatro Nacional de Comédia, em que protagonizou "A Beata Maria do Egito" (1959), de Rachel de Queiroz, "As Três Irmãs" (1960), de Anton Pavlovich Tchekhov, como a personagem Olga e "Não Consultes Médico" (1960), de Machado de Assis, como Dona Leocádia.

Em 1960, atuou no Pequeno Teatro de Comédia como protagonista de "Doce Pássaro da Juventude", de Tennessee Williams, sob direção de Ademar Guerra - pelo qual recebeu o prêmio de melhor atriz da Associação Paulista de Críticos Teatrais - e em "Plantão 21", de Sidney Kingsley, com direção de Antunes Filho.

Participou de montagens do Grupo Decisão, com direção de Antônio Abujamra: "Terror e Miséria no III Reich" (1963), de Bertolt Brecht e "Electra" (1965), de Sófocles.

O crítico Yan Michalski observa, a respeito de seu desempenho na cena em que a protagonista trágica recebe a urna contendo as cinzas do irmão, que "a atriz atinge um nivel de inspiração excepcionalmente elevado e projeta sua emoção para a platéia com um impacto impressionante".

Em 1964, foi dirigida por Rubens Corrêa em "Além do Horizonte", de Eugene O'Neill, e "À Margem da Vida", de Tennessee Williams.

Para Glauce Rocha, o papel mais difícil que viveu foi o de GH, extraído do romance de Clarice Lispector, "A Paixão Segundo GH", no espetáculo "Perto do Coração Selvagem", primeira direção de Fauzi Arap, em 1965.

Em 1968, no Teatro Jovem, interpretou a protagonista de "Um Uísque Pra Rei Saul", de César Vieira, sob a direção de B. de Paiva, que lhe valeu o Prêmio Molière de melhor atriz.

Em 1969, atuou em "O Exercício", de Lewis John Carlino, com o mesmo diretor. Segundo o crítico Sábato Magaldi, um "magnífico desempenho", ao lado de Rubens de Falco, conquistando em São Paulo o Prêmio Governador do Estado.

No cinema, Glauce Rocha atuou em "Terra em Transe" (1967), "Navalha na Carne" (1969), "Um Homem Sem Importância" (1971), entre outros 25 filmes.

Segundo a crítica Mariângela Alves de Lima, Glauce Rocha atingiu, na interpretação da prostituta Neusa Sueli, em "Navalha na Carne", uma "singular construção reducionista", economizando na configuração do trágico:

"É incapaz de esboçar gestos à altura das violências que a atingem. O rosto, encoberto pelo cabelo em desalinho e a voz que não tem força para o grito, que, ao contrário, se reduz a um murmúrio quando o sofrimento se intensifica, reforçam a idéia de que há sempre um degrau mais baixo nesse calvário de humilhação. Glauce percorre, enfim, o caminho inverso ao da progressão dramática, retirando camadas de vitalidade da sua personagem até conduzi-la ao impressionante mutismo final"

Na televisão, Glauce Rocha participou de novelas na TV Globo, dentre as quais "A Última Valsa", "Véu de Noiva" e "Irmãos Coragem" e, na TV Tupi, fez "Hospital", seu último trabalho na TV.

Faleceu às 17:15hs do dia 12 de outubro de 1971, na Unidade Cardiológica da Alameda Santos, em São Paulo. Faleceu precocemente vítima de um Infarto Fulminante. Recebeu um Prêmio Molière póstumo, pelo conjunto de trabalhos.

Fonte: Itaú Cultural
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