ALFREDO DA ROCHA VIANNA FILHO
(75 anos)
Flautista, Saxofonista, Orquestrador, Compositor e Arranjador
☼ Rio de Janeiro, RJ (23/04/1897)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/02/1973)
Alfredo da Rocha Vianna Filho, conhecido como Pixinguinha, foi um flautista, saxofonista, orquestrador, compositor e arranjador brasileiro. É considerado um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
Pixinguinha era filho do músico Alfredo da Rocha Vianna, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos, e de Raimunda da Rocha Vianna. Aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o Otávio Vianna, o China. Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.
Segundo depoimento dado por Pixinguinha ao Museu da Imagem e do Som (MIS):
"Meu nome completo é Alfredo da Rocha Vianna. Nasci em 23 de abril de 1898, no bairro da Piedade. A rua não posso precisar. Para o meu irmão Léo foi na Rua Alfredo Reis, mas para o João da Baiana e o Donga, foi na Rua Gomes Serpa. O número da casa ninguém sabe ao certo. Só vendo o registro de batismo feito na Igreja de Santana. Meu pai chamava-se Alfredo da Rocha Vianna e minha mãe Raimunda da Rocha Vianna. Meu irmão Léo acha que o nome era Raimunda Maria Vianna."
Apesar das informações contidas em seu depoimento, segundo seus biógrafos Marília Trindade e Arthur de Oliveira, a certidão de batismo de Pixinguinha atesta o ano de 1897 como a data correta de seu nascimento.
Sua mãe casou-se duas vezes e teve um total de 14 filhos. O segundo marido, Alfredo da Rocha Vianna, funcionário dos Correios e Telégrafos, era músico amador. Possuía grande arquivo de choros e com freqüência promovia em sua casa reunião de músicos entre os quais os célebres chorões Irineu de Almeida, conhecido como Irineu Batina, Candinho Tombone, Viriato, Neco, Quincas Laranjeiras, entre outros.
Ainda na infância, recebeu de sua prima
Eurídice, conhecida por
Santa, o apelido de
Pizindim ou
Pizinguim, que significa
menino bom, ou, em outra hipótese menos aceita, seria a corruptela de
bexiguinha, já que quando criança, teria a face marcada por bexiga, nome que, após várias transformações, veio a dar em
Pixinguinha, com o qual fez carreira e se tornou conhecido de todos os brasileiros.
Iniciou seus estudos num colégio particular pertencente ao Professor Bernardes, que "dava bolinhos na gente e mandava ficar de joelhos". Transferiu-se para o Liceu Santa Tereza e deste para o Colégio São Bento onde foi sacristão.
Sua numerosa família contava com músicos como seus irmãos Otávio Vianna, o China, que tocava violão de seis e sete cordas, banjo, cantava e declamava, Henrique e Léo que tocavam cavaquinho e violão, Edith era pianista e Hermengarda não se tornou cantora profissional devido à proibição de seu pai.
Iniciou-se na música pelas mãos de seus irmãos Léo e Henrique que o ensinaram a tocar cavaquinho. Em pouco tempo passou a acompanhar o pai, que o levava aos bailes. Por essa época, a família mudou-se para o bairro do Catumbi, e os meninos passaram a receber aulas de música de Borges Leitão, seu vizinho de rua.
Por volta de 1908, compôs sua primeira música, o choro "Lata de Leite". Ainda no bairro do Catumbi, a família transferiu-se para a Rua Elione de Almeida, passando a residir num casarão com oito quartos, quatro salas e um enorme quintal, residência que se tornou conhecida como a "Pensão Vianna", devido à bondade de seu pai que abrigava com freqüência amigos em dificuldades financeiras, como Irineu Batina, músico responsável por sua iniciação.
Sua musicalidade impressionou o pai que importou da Itália uma flauta de prata da marca Balacina Biloro, a mais famosa da época, feita por encomenda. Com rápido desenvolvimento no instrumento, Irineu Batina, na época diretor de harmonia da Sociedade Dançante e Carnavalesca Filhas da Jardineira, o levou para tocar na orquestra do rancho, em 1911.
No ano seguinte,
Pixinguinha tornou-se diretor de harmonia do rancho
Paladinos Japoneses, tomando parte em outro conjunto conhecido por
Trio Suburbano, formado por
Pedro Sá, no piano,
Francisco de Assis, no violino, e por ele, na flauta.
Pixinguinha integrou o famoso grupo
Caxangá, com
Donga e
João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto
Oito Batutas, muito ativo a partir de 1919.
Em 1927, casou-se com
Albertina da Rocha, estrela da Companhia Negra de Revista. O casal passou a residir em uma casa alugada no subúrbio de Ramos.
Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora
RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como
Francisco Alves e
Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por
Radamés Gnattali.
Em 1933, diplomou-se em teoria musical no Instituto Nacional de Música. Nesse mesmo ano,
Pedro Ernesto o nomeou para o cargo de Fiscal de Limpeza Pública, desejando que
Pixinguinha reunisse os colegas de repartição e fundasse uma banda, a
Banda Municipal, que faria sua primeira exibição na posse do primeiro prefeito eleito do Distrito Federal, em 1934, que não seria outro senão o próprio
Pedro Ernesto.
Em 1935, o casal
Betty e
Pixinguinha, adotou uma criança,
Alfredo da Rocha Vianna Neto, o
Alfredinho.
Na década de 40 passou a integrar o Regional de
Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que
Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.
Em maio de 1956,
Pixinguinha foi homenageado pelo prefeito
Negrão de Lima com a inauguração da Rua Pixinguinha, no bairro de Olaria, onde morava.
Em 1958 sofreu uma segunda crise cardíaca, contornada pelos médicos. Ainda neste ano, recebeu o
Prêmio da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, diploma concedido ao melhor arranjador pelo
Correio da Manhã e pela
Biblioteca Nacional. Durante sua vida, recebeu cerca de 40 troféus.
Em 1961,
Jânio Quadros logo após assumir a presidência da República criou o Conselho Nacional de Cultura, e por sugestão do musicólogo
Mozart de Araújo, o nomeou Conselheiro, com a nomeação publicada no Diário Oficial.
Em 1964,
Pixinguinha sofreu um forte edema pulmonar. Na ocasião, assim reportou o jornal
O Globo, em sua edição de 26/06/1964:
"Edema pulmonar agudo levou o músico e compositor Pixinguinha a internar-se ontem à tarde no Hospital Getúlio Vargas, onde, após ser submetido a sangria, foi posto em tenda de oxigênio. Embora seja grave o seu estado, já apresentava melhorias à noite, sempre assistido pelo filho, Alfredinho. Pixinguinha tem 66 anos, 42 dos quais dedicou à música."
Depois de submetido a uma sangria e ser colocado por cerca de cinco horas no balão de oxigênio, foi transferido, no dia seguinte para o Instituto de Cardiologia Aloísio de Castro. Pelo período de dois anos, afastou-se das atividades artísticas. Um mês depois, o mesmo jornal publicou a seguinte nota:
"Um check-up a que será submetido hoje pelo seu médico assistente, Drº Ernâni Trota, dará a Pixinguinha o direito de deixar o Instituto de Cardiologia, onde está internado há mais de um mês, e marcará sua volta ao saxofone e ao Bar Gouveia, onde, há muitos anos, reúne-se diariamente com Donga e outros companheiros da velha guarda."
Em 1966, foi um dos primeiros a registrar depoimento para a posteridade no
Museu da Imagem e do Som.
Em 1967, recebeu a
Ordem de Comendador do
Clube de Jazz e Bossa, dirigido por
Ricardo Cravo Albin e
Jorge Guinle, além do
Diploma da Ordem do Mérito do Trabalho, conferido pelo presidente da República e o 5º lugar no
II Festival Internacional da Canção, onde concorreu com o choro
"Fala Baixinho", feito em parceria com
Hermínio Bello de Carvalho.
Em comemoração a seus 70 anos, o
Conselho de Música Popular fez realizar uma exposição retrospectiva no
Museu da Imagem e do Som (MIS), instituição que promoveu concerto realizado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no qual tomaram parte
Jacob do Bandolim,
Radamés Gnattali e o
Conjunto Época de Ouro, e do qual resultaria um LP editado pelo
Museu da Imagem e do Som.
Em 1972, sua esposa faleceu, fato que lhe abalou profundamente. Nesse mesmo ano, passou a receber aposentadoria pelo
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que lhe atenuou os problemas financeiros.
Morte e Homenagens Póstumas
Pixinguinha faleceu em 17/02/1973, vitimado por problemas cardíacos durante a cerimônia de batismo de
Rodrigo Otávio, filho de seu amigo
Euclides de Souza Lima, na qual seria padrinho, realizada na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, em pleno domingo de carnaval, no mesmo momento em que a famosa
Banda de Ipanema começava a desfilar.
Em 1974, foi homenageado pela
Escola de Samba Portela com o enredo
"O Mundo Melhor de Pixinguinha", de
Jair Amorim e
Evaldo Gouveia, com o qual a escola desfilou no carnaval. Embora não ganhando, a repercussão do desfile foi muito grande. Também foi homenageado pelo Ministério da Cultura com seu nome encimando o
Projeto Pixinguinha, que enviava elencos de cantores e músicos para todo o Brasil, projeto que seria reativado em 2004, pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE).
No dia 23 de abril comemora-se o
Dia Nacional do Choro, e trata-se de uma homenagem ao nascimento de
Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 04/09/2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista
Hamilton de Holanda e seus alunos da
Escola de Choro Raphael Rabello.
Em 2014, foi homenageado pela escola de samba
Mocidade Unida da Mooca campeã do quarto grupo.
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Pixinguinha e Louis Armstrong |
Composições
- A Pombinha (Pixinguinha e Donga)
- A Vida É Um Buraco
- Aberlado
- Abraçando Jacaré
- Aguenta, Seu Fulgêncio (Pixinguinha e Lourenço Lamartine)
- Ai, Eu Queria (Pixinguinha e Vidraça)
- Ainda Existe
- Ainda Me Recordo
- Amigo Do Povo
- Assim É Que É
- Benguelê
- Bianca (Pixinguinha e Andreoni)
- Buquê De Flores (Pixinguinha e W. Falcão)
- Cafezal Em Flor (Pixinguinha e Eugênio Fonseca)
- Carinhos
- Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro)
- Carnavá Tá Aí (Pixinguinha e Josué de Barros)
- Casado Na Orgia (Pixinguinha e João da Baiana)
- Casamento Do Coronel Cristino
- Céu Do Brasil (Pixinguinha e Gomes Filho)
- Chorei
- Chorinho No Parque São Jorge (Pixinguinha e Salgado Filho)
- Cochichando (Pixinguinha, João de Barro e Alberto Ribeiro)
- Conversa De Crioulo (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Dança Dos Ursos
- Dando Topada
- Desprezado
- Displicente
- Dominante
- Dominó
- Encantadora
- Estou Voltando
- Eu Sou Gozado Assim
- Fala Baixinho (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho)
- Festa De Branco (Pixinguinha e Baiano)
- Foi Muamba (Pixinguinha e Índio)
- Fonte Abandonada (Pixinguinha e Índio)
- Fraternidade
- Gargalhada
- Gavião Calçudo (Pixinguinha e Cícero de Almeida)
- Glória
- Guiomar (Pixinguinha e Baiano)
- Há! Hu! Lá! Ho! (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Harmonia Das Flores (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho)
- Hino A Ramos
- Infantil
- Iolanda
- Isso É Que é Viver (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho)
- Isto Não Se Faz (Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho)
- Já Andei (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Já Te Digo (Pixinguinha e China)
- Jardim De Ilara (Pixinguinha e C. M. Costal)
- Knock-Out
- Lamento
- Lamentos (Pixinguinha e Vinícius de Moraes)
- Lá-Ré
- Leonor
- Levante, Meu Nego
- Lusitânia (Pixinguinha e F. G. D.)
- Mais Quinze Dias
- Mama, Meu Netinho (Pixinguinha e Jararaca)
- Mamãe Isabé (Pixinguinha e João da Baiana)
- Marreco Quer Água
- Meu Coração Não Te Quer (Pixinguinha e E. Almeida)
- Mi Tristezas Solo Iloro
- Mulata Baiana (Pixinguinha e Gastão Vianna)
- Mulher Boêmia
- Mundo Melhor (Pixinguinha e Vinícius de Moraes)
- Não Gostei Dos Teus Olhos (Pixinguinha e João da Baiana)
- Não Posso Mais
- Naquele Tempo (Pixinguinha, Benedito Lacerda e Reginaldo Bessa)
- Nasci Pra Domador (Pixinguinha e Valfrido Silva)
- No Elevador
- Noite E Dia (Pixinguinha e W. Falcão)
- Nostalgia Ao Luar
- Número Um
- O Meu Conselho
- Os Batutas (Pixinguinha e Duque)
- Os Cinco Companheiros
- Os Home Implica Comigo (Pixinguinha e Carmen Miranda)
- Onde Foi Isabé
- Oscarina
- Paciente
- Página De Dor (Pixinguinha e Índio)
- Papagaio Sabido (Pixinguinha e C. Araújo)
- Patrão, Prenda Seu Gado (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Pé De Mulata
- Poema De Raça (Pixinguinha, Z. Reis e Benedito Lacerda)
- Poética
- Por Você Fiz O Que Pude (Pixinguinha e Beltrão)
- Pretensiosa
- Promessa
- Que Perigo
- Que Querê (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Quem Foi Que Disse
- Raiado (Pixinguinha e Gastão Vianna)
- Rancho Abandonado (Pixinguinha e Índio)
- Recordando
- Rosa (Pixinguinha e Otávio de Sousa)
- Samba De Fato (Pixinguinha e Baiano)
- Samba De Nego
- Samba Do Urubu
- Samba Fúnebre (Pixinguinha e Vinícius de Moraes)
- Samba Na Areia
- Sapequinha
- Saudade Do Cavaquinho (Pixinguinha e Muraro)
- Seresteiro
- Sofres Porque Queres
- Solidão
- Sonho Da Índia (Pixinguinha, N. N. e Duque)
- Stella (Pixinguinha e De Castro e Sousa)
- Teu Aniversário
- Teus Ciúmes
- Triangular
- Tristezas Não Pagam Dívidas
- Um A Zero (Pixinguinha e Benedito Lacerda)
- Um Caso Perdido
- Uma Festa De Nanã (Pixinguinha e Gastão Vianna)
- Vamos Brincar
- Variações Sobre O Urubu E O Gavião
- Vem Cá! Não Vou!
- Vi O Pombo Gemê (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Você É Bamba (Pixinguinha e Baiano)
- Você Não Deve Beber (Pixinguinha e Manuel Ribeiro)
- Vou Pra Casa
- Xou Kuringa (Pixinguinha, Donga e João da Baiana)
- Yaô Africano (Pixinguinha e Gastão Vianna)
- Zé Barbino (Pixinguinha e Jararaca)
- Proezas De Solon
- Vou Vivendo