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Abel Ferreira

ABEL FERREIRA
(65 anos)
Instrumentista, Arranjador e Compositor

* Coromandel, MG (15/02/1915)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/04/1980)

Abel Ferreira foi autodidata, e não apenas na música, pois a família impediu seus estudos, obrigando-o a trabalhar desde pequeno em diversos ofícios. Tanto a escolaridade quanto a educação musical vieram às escondidas. O aprendizado da música nasceu do estímulo de escutar a banda filarmônica de sua cidade.

Há registros de que aos cinco anos tocava gaita e aos sete flauta de bambu. Aos 12 anos, depois de ter-se iniciado por conta própria em teoria musical através de um método da década de 1920 chamado "Artinha", experimentou pela primeira vez uma clarineta de 13 chaves, sob a orientação de um obscuro professor de Coromandel, de nome Hipácio Gomes.

"Esparramei os dedos do menino no instrumento", comentou Hipácio Gomes, 30 anos mais tarde. Abel Ferreira não teve nenhum outro professor de música, nem antes, nem depois.

O contato com o saxofone veio aos 15 anos de idade. Conta-se que, sabendo da existência de um sax alto numa outra cidade de Minas Gerais, Abel Ferreira viajou horas de trem apenas para conhecer o instrumento, que nunca havia visto. Aprendeu sozinho. Embora intuitivo, Abel Ferreira tinha ouvido absoluto e aprendeu a escrever música, dominava a teoria musical, fazia arranjos e tocava piano.


O fato é que Abel Ferreira trouxe a música dentro de si e dela não mais se separou. Nem de seu instrumento, o clarinete, que carregava para todo lado, lembrando os tempos de moleque em que desmontava peça por peça para tê-lo sempre nos bolsos.

Aos doze estreou na banda de sua cidade e mais tarde começou a se destacar nas orquestras que tocava.

Aos 17 mudou-se para Belo Horizonte e passou a tocar sax alto e tenor, apresentando-se na Rádio Guarani. Tendo passado por Belo Horizonte e Uberaba, foi aconselhado depois pelo maestro Gaó a seguir para São Paulo, onde conseguiu finalmente se profissionalizar.

Em 1935 foi para São Paulo, ingressando na orquestra de Maurício Cascapera. Em seguida mudou-se para Uberaba, onde se tornou diretor artístico da emissora de rádio local. Nessa época participou de um show em Poços de Caldas, em que acompanhou as irmãs Carmen Miranda e Aurora Miranda.

De volta a Belo Horizonte, tocou em 1937 com J. França e Sua Banda. Com o mesmo grupo apresentou-se em São Paulo, em 1940, e mais tarde com Pinheirinho e seu Regional, na Rádio Tupi paulistana. Gravou suas primeiras composições, o choro "Chorando Baixinho", em solo de clarineta, e a valsa "Vânia", em solo de saxofone, em 1942, na Columbia de São Paulo, com o acompanhamento de Pinheirinho e seu Regional.

Abel Ferreira e Ademilde Fonseca
No ano seguinte foi para o Rio de Janeiro onde passou a tocar com Ferreira Filho e sua Orquestra, no Cassino da Urca, lançando em 1944 uma nova gravação de suas primeiras composições, dessa vez com Claudionor Cruz e seu Regional. Em 1945 e 1946 tocou, respectivamente, nas orquestras de Vicente Paiva e Benê Nunes, apresentando-se em cassinos e na Rádio Globo. Fez duetos memoráveis com Zé da Velha e com Pixinguinha, com quem gravou "Ingênuo" em 1958.

Com esses conjuntos musicais, e com o seu grupo, formado em 1947, acompanhou vários cantores importantes da época, como Sílvio Caldas, Francisco Alves, Augusto Calheiros, Orlando Silva, Marlene, Emilinha Borba e outros.

Em 1949 ingressou na Rádio Nacional, onde passou a se apresentar como líder da Turma do Sereno. Tocou no mesmo ano com Ruy Rey e sua Orquestra, gravando na Todamérica seu choro "Acariciando" (Abel FerreiraLourival Faisal). Com Paulo Tapajós, seu companheiro na Rádio Nacional, formou em 1952 a Escola de Ritmos, que viajou por todo o Brasil.

Viajou em 1957 com seu conjunto em tournée por Portugal e em 1958 integrou o grupo Os Brasileiros, do qual também participavam Shuca, Trio Irakitan, Dimas, Pernambuco e o maestro Guio de Morais, em excursão de divulgação de música brasileira em vários países europeus, gravando ainda o LP "Os Brasileiros na Europa". Viajou pelos Estados Unidos, inclusive Hawaii, com o pianista Benê Nunes, em 1960, e pela Argentina com Waldir Azevedo, em 1961.

Abel Ferreira e Ademilde Fonseca
Voltou à Europa em 1964-1965, gravando nesse último ano o disco "Abel Ferreira e Sua Turma". Visitou a União Soviética e outros países europeus em 1968.

Na década de 1970, principalmente a partir do lançamento do LP "Pra Seu Governo", de Beth Carvalho, na gravadora Tapecar, tornou-se um dos músicos mais requisitados em gravações e shows, como acompanhante, no sax e na clarineta.

Legítimo herdeiro da categoria do clarinetista Luís Americano, aposentou-se no rádio em 1971, tendo durante esses anos composto vários choros que se incorporaram aos clássicos instrumentais: "Doce Melodia" é um exemplo.

Com a redescoberta do choro e a criação do Clube do Choro, no Rio de Janeiro, em meados de 1975, voltou à atividade, passando a apresentar-se, ao lado de Raul de Barros e Copinha em vários shows de teatro.

Nas contas do próprio Abel Ferreira, compôs mais de cinquenta músicas, entre elas "Acariciando", "Luar de Coromandel" e "Chorinho do Suvaco de Cobra". Viajou o mundo todo e até seus últimos anos de vida continuou soprando o instrumento, em shows com Copinha e Raul de Barros


Quando morreu, em 1980, era considerado o mestre maior da clarineta brasileira. Luís Americano, desaparecido 20 anos antes, havia deixado poucas gravações de boa qualidade, e no final da vida o vigor de seu sopro já não era o mesmo. Abel Ferreira era soberano, e encantou jovens platéias pelo Brasil quando excursionou, junto com Ademilde Fonseca, no Projeto Pixinguinha, em 1976.

Tão importante quanto o intérprete é o Abel Ferreira compositor. Algumas de suas invenções, muitas vezes transpassadas por uma melancolia que lhes imprime um caráter intimista, tornaram-se clássicos. "Acariciando", "Doce Melodia", "Levanta Poeira", "Chorinho do Sovaco de Cobra" e, principalmente, "Chorando Baixinho", são melodias de tal forma identificadas com a alma musical brasileira que não há quem não se encante ao ouvi-las, pela enésima vez, numa roda de choro.

Abel Ferreira tem algumas gravações lançadas em CD, onde se encontram diversas versões de seus maiores sucessos. "Brasil, Sax e Clarineta" (Discos Marcus Pereira), de 1976, tornou-se um de seus trabalhos mais premiados. Há também gravações coletivas antológicas, com Arthur Moreira Lima e o Época de Ouro, e o excelente "Chorando na Praça" com Paulo MouraCopinha, Zé da Velha, Joel Nascimento e Waldir Azevedo.

Abel Ferreira, mineiro de alma derramada como o luar de sua Coromandel, que homenageou numa valsa, é daqueles transmitem a boa sensação de permanência da música brasileira. Chorando baixinho, para sempre.

Discografia

  • 1942 - Chorando Baixinho / Vânia (Columbia)
  • 1943 - Haroldo no Choro / Sururu no Galinheiro (Columbia)
  • 1950 - Polquinha Mineira / Doce Melodia (Todamerica)
  • 1951 - Galo Garnizé / Chorinho ao Luar (Todamérica)
  • 1951 - Minha Vida / Balança Mas Não Cai (Todamérica)
  • 1951 - Baião no Deserto / Chorinho do Bruno (Continental)
  • 1952 - Sonho Negro / Tristesse - Opus 10 Nº 3 (Todamérica)
  • 1952 - Indiferença / Mexidinho (Todamérica)
  • 1953 - Uma Noite em São Borja / Baiãozinho Bom
  • 1953 - Louco de Amor / Chorando Baixinho (Todamérica)
  • 1953 - O Avião / Melancolia (Todamérica)
  • 1954 - Menezes no Choro / Sai da Frente (Todamérica)
  • 1954 - Jantar Dançante (Copacabana)
  • 1955 - Constantemente / Acariciando (Todamérica)
  • 1955 - No Tempo do Cabaré (Copacabana)
  • 1956 - Doce Mentira / Barco Veleiro (Continental)
  • 1956 - Aquela Noite / Imperial (Continental)
  • 1956 - Coração em Férias / Saudade Gostosa (Todamérica)
  • 1958 - Jantar Dançante - Abel Ferreira e seu Conjunto (Copacabana)
  • 1959 - Recado / Lamento (Copacabana)
  • 1962 - Chorando Baixinho - Abel Ferreira e seu Conjunto (Odeon)
  • 1964 - Abel Ferreira e a Turma do Sereno (Odeon)
  • 1976 - Brasil, Sax e Clarineta (Discos Marcus Pereira)
  • 1977 - Choro na Praça
  • 1977 - Abel Ferreira e Filhos (Discos Marcus Pereira)
  • 1978 - Abel Ferreira e seu Conjunto (RGE)
  • 1979 - Chorando Baixinho - Um Encontro Histórico

Fonte: Wikipédia

Petrônio Portella

PETRÔNIO PORTELLA NUNES
(54 anos)
Advogado e Político

* Valença do Piauí, PI (12/09/1925)
+ Brasília, DF (06/01/1980)

Foi um advogado e político brasileiro de atuação destacada como fiador da distensão política empreendida pelos presidentes Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo.

Filho de Eustáquio Portella Nunes e Maria Ferreira de Deus Nunes mudou-se para Teresina aos onze anos de idade acompanhado de seus genitores a fim de prosseguir em seus estudos. A seguir foi morar na cidade do Rio de Janeiro onde trabalhou como funcionário da atual Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, atividade que exerceu de modo concomitante com suas obrigações de universitário.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), à época chamada de Universidade do Brasil, exerceu a profissão de advogado na capital piauiense tendo sido ainda professor da Escola Técnica de Comércio do Piauí.

Quando jovem teve papel ativo na política estudantil. Foi líder da Reforma, o mais ativo partido universitário carioca e que disputava o cobiçado Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) na Faculdade de Direito da Universidade do Brasil.

Política

Após regressar ao Piauí, Drº Petrônio Portella passou a assessorar juridicamente a União Democrática Nacional (UDN), partido ao qual se filiou e logo se viu imerso no mundo político.

Disputou sua primeira eleição em 1950 quando foi eleito suplente de deputado estadual, condição que lhe valeu uma série de convocações para o exercício do mandato.

Em 1954 foi eleito deputado estadual e em 1958 foi eleito prefeito de Teresina, sendo um dos artífices da eleição de Chagas Rodrigues ao governo do estado.

Ao longo de sua gestão como prefeito teresinense rompeu com Chagas Rodrigues e pôs fim à aliança PTB/UDN, o que o fez coligar seu partido com o Partido Social Democrático (PSD) e pavimentar sua eleição para governador do Piauí em 1962, derrotando o deputado estadual Constantino Pereira de Sousa (PTB).

Foi durante seu interregno como chefe do executivo piauiense que eclodiu uma rebelião na Polícia Militar do Estado do Piauí em 1963 e no ano seguinte foi instaurado o Regime Militar de 1964, movimento ao qual hipotecou apoio, embora tenha se mostrado contrário ao mesmo num primeiro instante, ingressando a seguir na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o novo partido situacionista, sendo eleito senador em 1966.

Em seu primeiro mandato foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça, vice-líder de sua bancada e depois vice-líder do governo. Entre 1971 e 1973 foi presidente do Senado Federal e presidente da executiva nacional da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) entre 1973 e 1975, acumulando esta última tarefa com a liderança do governo Emílio Garrastazu Médici no Senado Federal e com a liderança de sua bancada.

Reeleito Senador em 1974, foi o condutor da chamada "Missão Portella", o primeiro passo da política de "distensão gradual e segura" empreendida pelo presidente Ernesto Geisel em seus planos de abertura.

Presidente do Senado Federal, pela segunda vez entre 1977 e 1979 foi alçado à presidência da Comissão de Relações Exteriores daquela casa em 1979, cargo do qual se afastou em 15/03/1979 ao ser nomeado Ministro da Justiça pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. Durante seu interregno no cargo, o Pluripartidarismo foi restaurado e foi decretada a Lei da Anistia que pacificou os ânimos nacionais quanto às conseqüências do Regime Militar.

Em razão de sua capacidade de articulação era apontado como um dos candidatos a sucessão presidencial pelo Partido Democrático Social (PDS), contudo faleceu em Brasília vítima de ataque cardíaco em 06/01/1980.

Sucessores

Devido ao seu falecimento, foi sucedido em sua vaga de senador por Bernardino Soares Viana e como Ministro da Justiça deu lugar a Ibrahim Abi-Ackel após uma breve passagem de Golbery do Couto e Silva pelo cargo.

Família

No início de sua carreira política, Petrônio Portella era um férreo opositor do governador Pedro Freitas, o que não o impediu de casar-se com a filha de seu adversário político.

Dois de seus irmãos atuaram na política do Piauí: Lucídio Portela Nunes foi nomeado governador do estado em 1978 pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e eleito pelo Partido Democrático Social (PDS) vice-governador do estado em 1986 e senador em 1990, enquanto que Elói Portela foi eleito primeiro suplente do senador Freitas Neto em 1994, chegando a exercer o mandato entre abril de 1998 e janeiro de 1999 quando o titular foi Ministro Extraordinário das Reformas Institucionais no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso.

Seu sobrinho, Marcelo Coelho, foi eleito deputado estadual em 1982, 1986, 1998 e 2002 sempre pelo Partido Democrático Social (PDS) e pelas legendas que o sucederam.

Fonte: Wikipédia

Angelita Martinez

ANGELITA MARTINEZ
(48 anos)
Cantora, Bailarina, Vedete e Atriz

* São Paulo, SP (17/05/1931)
+ São Paulo, SP (13/01/1980)

Angelita Martinez foi uma vedete, atriz e cantora brasileira. Era filha do jogador Bartô Guarani, que fez sucesso no Clube Paulistano. Começou sua carreira artística na década de 50 no Teatro de Revista.

Entre os vários prêmios que recebeu, destaca-se o de Rainha das Vedetes, em 1958.

Estreou no cinema em 1960, no filme "Pequeno Por Fora". Em 1966, fez o filme "007 1/2 no Carnaval".

Angelita Martinez fez poucos filmes, dedicando-se mais à carreira de cantora e bailarina e gravou algumas músicas típicas para carnaval, de sucesso relativo.


Participou dos primórdios da televisão brasileira, e causando escândalo, como numa edição do programa Espetáculos Tonelux, de 27/12/1956, na TV Continental, onde apareceu com roupas sumárias, causando reação na sociedade moralista da época.

Teve vários romances célebres, como os com Garrincha, Dorival Caymmi e com o então vice-presidente João Goulart.

Casou-se com Francisco Bretal Rego em 13/08/1964. 

Angelita Martinez morreu em 13/01/1980, aos 48 anos de idade, vítima de leucemia, em São Paulo.

Jaime Barcelos

JAIME JAIMOVICH
(50 anos)
Ator

* Rio de Janeiro, RJ (30/03/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (24/12/1980)

Nascido como Jaime Jaimovich e descendente de judeus, o ator Jaime Barcelos foi um dos mais importantes atores nacionais com inúmeras telenovelas e filmes estrelados.

A estréia aconteceu em 1951 no filme "Presença de Anita". Na televisão, em meados da década de 50, estrelou vários teleteatros na TV Tupi. Ele foi o Frei Porta em "Marcelino Pão e Vinho", o Mr. Ships em "Adeus Mr. Ships", além de muitos outros papéis como coadjuvante na série especial "Teatro da Juventude" produzido por Júlio Louzada.

Sua primeira novela diária foi "Os Quatro Filhos" na TV Excelsior.

Jaime Barcelos foi casado com a atriz Sônia Greiss, teve dois filhos, entre eles o ator Daniel Barcellos.

Jaime Barcelos morreu vítima de um edema pulmonar quando dirigia seu carro no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro.

Televisão

  • 1980 - Olhai os Lírios do Campo ... Padre Giácomo
  • 1978 - Aritana ... Nonô
  • 1977 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Coronel Teodorico
  • 1977 - Sem Lenço, Sem Documento ... Heleno
  • 1976 - Duas Vidas ... Geraldo
  • 1976 - Anjo Mau ... Rui
  • 1975 - A Moreninha ... João Bala
  • 1975 - Gabriela ... Drº Ezequiel Prado
  • 1974 - Fogo Sobre Terra ... Heitor Gonzaga
  • 1972 - Jerônimo, o Herói do Sertão ... Drº Pileque
  • 1972 - Bicho do Mato
  • 1971 - O Preço de um Homem ... Roberval
  • 1971 - Hospital ... Miguel
  • 1971 - A Selvagem ... Pablo
  • 1970 - Toninho On The Rocks ... Bráulio
  • 1970 - A Gordinha ... Balbino
  • 1969 - Super Plá
  • 1968 - Beto Rockfeller ... Fernando
  • 1968 - A Gata de Vison ... Cadinalle
  • 1967 - A Rainha Louca ... Fernando
  • 1966 - O Rei dos Ciganos ... Miguel
  • 1965 - Os Quatro Filhos ... Mr. Ronald

Cinema

  • 1951 - Presença de Anita
  • 1951 - Suzana e o Presidente
  • 1952 - O Comprador de Fazendas
  • 1952 - Modelo 19
  • 1952 - Apassionata
  • 1953 - Uma Pulga na Balança
  • 1954 - Destino em Apuros
  • 1954 - Floradas na Serra
  • 1954 - A Sogra
  • 1956 - O Sobrado
  • 1957 - Absolutamente Certo
  • 1958 - O Grande Momento
  • 1972 - A Marcha
  • 1974 - Motel
  • 1976 - Os Pastores da Noite
  • 1976 - O Pai do Povo
  • 1977 - Os Amores da Pantera
  • 1977 - Ódio
  • 1978 - A Volta do Filho Pródigo


Fonte: Wikipédia

David Nasser

DAVID NASSER
(63 anos)
Jornalista e Compositor

* Jaú, SP (01/01/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/12/1980)

Era filho de imigrantes libaneses. Logo criança mudou-se para Caxambu em Minas Gerais, onde fazia carretos com charrete. Lá conheceu, sem saber, Francisco Alves. Um dia mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou como mascate e depois vendedor de loja.

Na cidade maravilhosa, sofreu bastante e acabou se reencontrando com Francisco Alves. Daí em diante sua carreira foi decolando, pois Francisco Alves, se interessou pelos seus versos e acabou os musicando.

Carreira

Como teve Meningite quando criança, dedicou-se a ler e escrever estórias. Começou a trabalhar aos 14 anos, em 1934, como contínuo das empresas Diários Associados de Assis Chateaubriand. O conglomerado jornalístico reunia no mesmo prédio a redação dos jornais Diário da Noite e O Jornal, e a revista O Cruzeiro.

Aos poucos, tornou-se jornalista das empresas dos Diários Associados. Iniciou-se profissionalmente depois do golpe do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937.

Nos Diários Associados, criou "Giselle - A Espiã Nua Que Abalou Paris", espiã fictícia Giselle Monfort tratada como real pelo jornal Diário do Norte. Esta personagem teve uma série bastante popular de livros de bolso.

Foi contratado, em 1936, pelo jornal O Globo dirigido por Roberto Marinho. Saiu em 1943 insatisfeito por não poder realizar ou assinar reportagens importantes.

Em 1940, ele estourou com um sucesso incrível da música "Nêga do Cabelo Duro", e se tornou compositor de vários sambas e samba-canção.

Foi trabalhar, em 1943, na revista O Cruzeiro que se tornava, então, a revista brasileira mais popular dos anos 1940 e 1950. As reportagens que fez em parceria com o fotógrafo Jean Manzon de 1943 a 1951 foram fundamentais para o sucesso de vendas da revista cuja tiragem atingiu níveis inesperados para a época. David Nasser e Jean Manzon tornaram-se então a mais famosa dupla de repórter-fotógrafo do Brasil.

Ganhou notoriedade por realizar vários trabalhos conhecidos como Grande Reportagem, forma de reportagem que misturava de pesquisa de campo, opinião do jornalista, pedaços de entrevistas e muitas fotografias de alta qualidade técnica. Ocorria assim uma valorização do repórter que conhecia as pessoas e os locas de onde vinha a notícia como a principal figura da redação, em detrimento dos editorialistas e articulistas. A Grande Reportagem tornou-se bastante popular no Brasil dos anos 40 quando foi usada pelos jornais para driblar a censura da ditadura de Getúlio Vargas.

David Nasser apoiou a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e teve amigos influentes nos seus diversos governos.

Deixou a revista O Cruzeiro em 1975, quando esta já estava em decadência. Dizia que sofria pressões para seguir pautas dadas pela direção da revista. Seu pedido de demissão foi noticia de repercussão nacional. Escreveu uma carta aberta intitulada "Por Que Deixei o Velho Barco" na qual atacava João Calmon, o diretor dos Diários Associados.

Em fevereiro de 1976 foi trabalhar na revista Manchete, que tinha o mesmo estilo da O Cruzeiro, seguindo um convite de Arnaldo Niskier. Lá continuou a escrever artigos atacando João Calmon, seu antigo chefe. Recorria aos amigos influentes no governo da Ditadura Militar pedindo para acelerar os processos judiciários civis que abriu contra seus antigos empregadores.

Em Pentagna, distrito do município de Valença, RJ, o jornalista David Nasser possuía uma residência, que ainda existe, junto a colônia de férias dos servidores do estado do Rio de Janeiro, bem como uma outra junto a cachoeira, que ainda hoje pertence a seus familiares.

Morou no bairro da Aldeia Campista no Rio de Janeiro e fez parceria com inúmeros compositores de música popular da região.

Reportagens

As versões de David Nasser sobre pequenos e grandes fatos nem sempre refletiam a realidade. Aumentavam e criavam fatos apenas para aumentar a venda de O Cruzeiro. (Leia Mais)

O deputado federal Barreto Pinto foi entrevistado e deixou-se fotografar em seu gabinete e numa banheira, vestido de fraque e cartola, mas sem as calças, de cuecas samba-canção. O caso resultou na cassação do deputado.

Em 1944 viajou para Pedro Leopoldo com o intuito de entrevistar Chico Xavier. À época, a família de Humberto de Campos movia uma ação contra Chico Xavier pelo fato deste publicar obras psicografadas como sendo de autoria do falecido escritor. Como não conseguia ser atendido por Chico Xavier, fingiu ser estrangeiro, o que também serviria para testar se de fato o médium se comunicava com espíritos.

A história acima é de veracidade discutível, é um exemplo de que a opinião de David Nasser é importante até nos dias atuais. A verdade é que conseguiu fazer uma reportagem não muito simpática com o extremamente retraído médium Chico Xavier, a qual foi publicada em O Cruzeiro. (Leia Mais)

Em 1963, David Nasser foi agredido pelo então deputado federal Leonel Brizola no aeroporto do Galeão. O que motivou a agressão foi um artigo escrito por David Nasser na revista O Cruzeiro com pesadas ofensas ao ex-governador gaúcho e fluminense.

David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon forjaram uma reportagem sobre a morte do próprio Jean Manzon. Foi apenas um brincadeira de mau gosto que ajudou bastante as vendas de O Cruzeiro.

Em 1945, a dupla David NasserJean Manzon publicou em O Cruzeiro uma matéria ilustrada na qual pretendiam ensinar aos brasileiros distinguir um japonês de um chinês. David Nasser escreveu, entre outras coisas, que o japonês podia ser distinguido pelo "aspecto repulsivo, míope, insignificante".

David Nasser morreu aos 63 anos, doente de diabetes e câncer no pâncreas.

Fonte: Wikipédia

Waldir Azevedo

WALDIR AZEVEDO
(57 anos)
Compositor e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (27/01/1923)
+ Brasília, DF (21/09/1980)

Foi músico e compositor brasileiro, mestre do cavaquinho e autor do choro "Brasileirinho".

Waldir Azevedo foi um pioneiro que retirou o cavaquinho de seu papel de mero acompanhante no choro e o colocou em destaque como instrumento de solo, explorando de forma inédita as potencialidades do instrumento.

Waldir Azevedo nasceu de família pobre em 1923 na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Piedade, e passou a infância e a adolescência no bairro do Engenho Novo. Manifestando interesse em música ainda criança, Waldir conseguiu comprar uma flauta transversal aos sete anos de idade, depois de juntar dinheiro capturando passarinhos e vendendo-os.

No carnaval de 1933, aos 10 anos de idade, apresentou-se em público pela primeira vez, como flautista, tocando "Trem Blindado", de João de Barro, no Jardim do Méier.

Já adolescente, conheceu um grupo de amigos que se reunia aos sábados para tocar e, por influência deles, acabou por trocar a flauta pelo bandolim. Pouco tempo depois trocou o bandolim pelo cavaquinho, instrumento que deixou de lado quando o violão elétrico ganhou projeção no Brasil.

Waldir sonhava ser piloto de aviões, mas problemas cardíacos o impediram de realizar seu sonho, e ele acabou empregando-se na companhia elétrica do Rio de Janeiro, a Light, até que em 1945, aos 22 anos, enquanto passava a lua de mel na cidade de Miguel Pereira, recebeu um telefonema de um amigo avisando de uma vaga no grupo de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Tocou no grupo durante dois anos, após o que acabou assumindo sua liderança, com a saída de Dilermando em 1947.

Durante a década de 1950 fez grande sucesso com composições como "Brasileirinho", "Pedacinhos do Céu", "Delicado", "Chiquita" e "Vê Se Gostas", e as composições de Waldir o projetaram internacionalmente. Durante 11 anos viajou com seu conjunto por países da América do Sul e Europa, incluindo duas viagens patrocinadas pelo Itamaraty na Caravana da Música Brasileira.

Suas composições tiveram gravações no Japão, Alemanha e Estados Unidos, onde Percy Faith e sua orquestra atingiram a marca de um milhão de cópias vendidas com uma gravação de "Delicado". Waldir chegou a participar de um programa na BBC de Londres, transmitido para 52 países.

Em 1964, com a morte de sua filha Miriam aos 18 anos, afastou-se da música. Mudou-se para Brasília em 1971, aos 48 anos, onde sofreu um acidente com um cortador de grama onde quase perdeu seu dedo anular, e foi forçado a ficar sem tocar por um ano e meio. Após cirurgias e fisioterapia, recuperou-se e voltou a gravar.

Em 1980, começou a preparar a gravação de um novo disco, e como era muito meticuloso em seu trabalho, gravou instruções em uma fita cassete tanto para os músicos que o acompanhariam como para o maestro Messias. Faleceu entretanto, poucos dias antes de iniciar as gravações do novo trabalho. O disco foi gravado postumamente com a presença do música Percy Faith, que ficou encarregado de substituí-lo. O LP recebeu o nome de "Luzes e Sombras", título de uma composição de sua autoria e teve incluídas as falas gravadas por ele como instrução para a realização do trabalho. Deixou mais de 70 obras de sua autoria e gravou mais de 200 músicas, sendo considerado um marco na história da execução do cavaquinho.

Waldir Azevedo morreu de Parada Cardíaca (horas após uma cirurgia no coração).



Vinicius de Moraes

MARCUS VINÍCIUS DE MORAES
(66 anos)
Diplomata, Dramaturgo, Jornalista, Poeta, Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (19/10/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/07/1980)

Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.

Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.

Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade Estadual do Rio de janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.

Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.

No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem) pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22.06.2010 e recebeu o número 12.265.

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro Orfeu da Conceição, em 25 de setembro de 1956.

Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.

Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.

Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.

Fonte: Wikipédia



Soneto de Separação

Almirante

HENRIQUE FORÉIS DOMINGUES
(72 anos)
Cantor, Compositor, Escritor, Apresentador e Radialista

* Rio de Janeiro, RJ (19/02/1908)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/12/1980)

Também conhecido por Almirante. Seu codinome na Era de Ouro do Rádio era: "A Mais Alta Patente do Rádio".

Pioneiro da música popular no país, começou sua carreira musical em 1928 no grupo amador Flor do Tempo formado por alunos do Colégio Batista, do bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Compunham o grupo, além de Almirante, cantor e pandeirista, os violonistas Braguinha (João de Barro) Alvinho e Henrique Brito.

Em 1929, convidados a gravar um disco na Parlophon, subsidiária da Odeon, admitem mais um violonista, do bairro vizinho de Vila Isabel, um jovem talento chamado Noel Rosa. O grupo então é rebatizado para Bando de Tangarás, nome inspirado numa lenda do litoral paranaense, a "Dança dos Tangarás" que conta a história de um grupo de pássaros, os tangarás, que se reúne para dançar e cantar alegremente.


O grupo se desfez em 1933 mas Almirante continuou sua carreira como cantor, interpretando sambas e músicas de carnaval, muitas de grande sucesso e hoje clássicos da música popular brasileira, como "O Orvalho Vem Caindo" (Noel Rosa e Kid Pepe), "Yes, Nós Temos Bananas" e "Touradas em Madri" (Braguinha e Alberto Ribeiro), entre outras.

Autor de uma das mais famosas músicas carnavalescas, "Na Pavuna", possuía enorme biblioteca e discoteca sobre música brasileira.

Em 1951, tornou-se o primeiro biógrafo do Poeta da Vila, ao produzir para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas semanais "No Tempo de Noel Rosa", com histórias, depoimentos e interpretações de suas músicas, muitas delas inéditas.

Entre 18 de outubro de 1952 e 3 de janeiro de 1953, publicou na Revista da Semana, em capítulos, "A Vida de Noel Rosa". Em 1963, com o mesmo título da série radiofônica, a Editora Francisco Alves lançou seu livro sobre o ex-companheiro do Bando de Tangarás.

Almirante faleceu de causas não reveladas.

Maiores Sucessos

  • 1930 - Na Pavuna
  • 1931 - Eu Vou Pra Vila
  • 1931 - Já Não Posso Mais
  • 1933 - Prato Fundo
  • 1933 - Moreninha da Praia
  • 1933 - Contraste
  • 1933 - O Orvalho Vem Caindo
  • 1934 - Menina Oxigenê
  • 1934 - Ninguém Fura o Balão
  • 1935 - Deixa a Lua Sossegada
  • 1935 - Pensei Que Pudesse Te Amar
  • 1936 - Amor em Excesso
  • 1936 - Marchinha do Grande Galo
  • 1936 - Levei Um Bolo
  • 1936 - Tarzan (O Filho do Alfaiate)
  • 1937 - Vida Marvada
  • 1937 - Apanhei Um Resfriado
  • 1938 - Yes, Nós Temos Bananas
  • 1938 - Touradas em Madrid
  • 1939 - Hino do Carnaval Brasileiro
  • 1939 - Vivo Cantando
  • 1939 - O Que é Que Me Acontecia
  • 1940 - Minha Fantasia
  • 1941 - Não Sei Dizer Adeus
  • 1941 - Qual Será o Score Meu Bem?
  • 1951 - Marchinha do Poeta

Fonte: Wikipédia

Robertino Braga

ROBERTINO BRAGA
(83 anos)
Relojoeiro

* (27/03/1896)
+ (27/01/1980)

Robertino Braga foi responsável pela primeira apresentação de Roberto Carlos na Rádio Nacional. O pai de Zunga viajava muito, para comprar peças para relógios, já que era relojoeiro. Durante uma dessas viagens ao Rio de Janeiro, ele levou Roberto Carlos com ele. O futuro cantor ficou maravilhado com os estúdios da Rádio Nacional.

Ainda nos anos 50, ele levou o filho em outra viagem ao Rio de Janeiro, onde Zunga se apresentou, no programa "Papel Carbono", de Renato Murce, que lançou gente como Ângela Maria e Luiz Gonzaga. Além disso, foi Robertino Braga quem presenteou Roberto Carlos com o seu primeiro violão. Ele sempre dizia que andava com a foto de Roberto Carlos na carteira, e chegou a participar do programa "Jovem Guarda", apenas sorrindo, ao lado do filho, com o qual adorava pescar.

Roberto Carlos não poupou homenagens a seu pai Robertino Braga. Ele sempre disse que seu pai o incentivava a crescer na vida, e mostrava o verdadeiro valor do trabalho. Era um homem muito brincalhão e adorava contar histórias. E em 1979, um ano depois da homenagem à mãe, através da música "Lady Laura", Roberto Carlos compôs em parceria com o amigo Erasmo Carlos, a canção "Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo".

Com letra extremamente comovente, a música é capaz de comover qualquer um que a escute. E comoveu seu Robertino Braga, que, um mês depois de ter ouvido a música pela primeira vez, faleceu, em decorrência de um Enfisema Pulmonar, complicado por problemas cardíacos.

"Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo" foi lançada em dezembro de 1979, no disco "Roberto Carlos 1979".

Na tarde de 27/01/1980, Robertino Braga, que estava internado havia alguns dias no Centro Médico Bambina, em Botafogo, Rio de Janeiro, faleceu, aos 83 anos. Roberto Carlos recebeu a notícia da morte pelo rádio de seu iate, Lady Laura II, onde estava relaxando. Ele desembarcou, e correu para o hospital.

O país inteiro sofreu com Roberto Carlos. No enterro, no Cemitério São João Batista, Zona Sul do Rio de Janeiro, ele nem conseguiu acompanhar o caixão, por causa da grande quantidade de fãs que estava no local.

Robertino Braga é hoje o nome de uma rua em Cachoeiro de Itapemirim.

Em 1971, seu Robertino Braga participou de uma reportagem especial sobre o filho, na revista "Cartaz Especial", onde falou sobre várias coisas até então desconhecidas dos fãs de seu filho.

O pai de Roberto Carlos era um homem muito alegre, estava sempre sorrindo. A maior parte de seu tempo ele passava em São Paulo, na casa de Norma, sua filha. Adorava fazer compras no mercado, assistir à televisão e jogar cartas. Baralhos ele tinha aos montes: uma das primeiras preocupações de Roberto Carlos quando viajava era comprar um de presente. E ele tinha baralhos de quase todos os lugares do mundo.

Sua vida era muito pacata e os únicos passeios que dava eram com as netas, filhas de Norma. Falava muito e empolgava-se com facilidade, principalmente quando o assunto era Roberto Carlos. Os programas sofisticados de Robertino Braga aconteciam somente quando o filho fazia temporadas.

Uma das coisas que contava com mais orgulho era a história do primeiro violão de Roberto Carlos, dado por ele:

- Saímos um dia e, no Largo da Carioca, entramos numa loja de instrumentos musicais e compramos o violão mais caro. Zunga tinha 17 anos e um ouvido muito especial. Deu um trabalhão, porque experimentou todos os violões, até escolher aquele que queria. Foi com esse violão que compôs seus primeiros sucessos. Hoje ele está rachado, mas mesmo assim, quando Roberto visita a mãe, de vez em quando dedilha um pouquinho.

- Desde pequeno, gostava de música, mais estudar, que é bom, nada. Vivia fazendo travessuras. Eu quase não o via, mas à noite, quando chegava em casa, tinha um relatório de suas artes.

- Ele levava a bicicleta do irmão para o alto de um barranco e eu falava pra Laura: o dia que o Roberto cair, o pé vai fazer as vezes do joelho. E foi dito e feito. Também era fácil adivinhar: ele era pequenininho e o pé não alcançava os pedais.

- Ele sempre foi apaixonado por doce. De vez em quando sumia e nós ficávamos malucos de procurar, até que voltava pra casa com cara de anjinho. Mas um dia o mistério foi desvendado: ele tinha um amiguinho lá perto, cuja mãe adorava fazer doces. Depois, quando ele sumia, nem nos preocupávamos mais: era só ir até a casa do menino para encontrar o Roberto se empanturrando.

- Depois começou a ficar mais independente e, com oito anos, já saia para pescar com o Edinho e Francisco, seus amiguinhos. Uma vez, junto com o Edinho, comprou umas tábuas numa serraria perto de casa e fez um bote. Mas quando o colocaram no Rio Itapemirim, o bote encheu d'água e afundou. Acho que foi uma das maiores caras de decepção que vi nele.

- Quando Roberto errava, eu era muito severo com ele. Dava broncas, me esquentava. Mas Laura sempre o salvava de levar umas palmadinhas. Roberto sempre gostou de carros. Fazia aqueles carrinhos formados por uma tábua, 4 rodinhas e uma espécie de volante. Saia correndo pelas ruas que não eram calçadas e chegava em casa todo sujo de terra.

- A fisionomia de Roberto mudou muito. Ele tinha o rosto mais redondo, gordinho, e era um moreno muito bonito. Agora ele não está tão bonito assim. Também pudera, essa mania de regime, não sei pra quê, que ele tem hoje, abate qualquer um.

- Mas o regime vai embora quando ele vê gelatina. E capaz de comer uma tigela toda, do tanto que gosta.

- Desde cedo aprendeu a assobiar. Foi o primeiro instrumento que ele tocou. Mas depois começou a aprender violino, violão e bongô, além dos 4 anos de piano.

Hoje, seu Robertino está aposentado. E não tem vergonha de dizer que Roberto Carlos lhe dá uma mesada da três mil cruzeiros.

- Eu não pedi nada. Mas Roberto, desde que começou a ganhar dinheiro, não quis que eu trabalhasse mais. Mas não é só a mim que ajuda todos os parentes mais chegados recebem alguma coisa dele. E esse coração mole já o fez ser muito explorado: no princípio, quando ainda não sabia direito o valor do dinheiro, várias pessoas aproximaram-se dele para tentar levar alguma coisa.

E conseguiram. E isso não era difícil: bastava ter ou não capacidade de comovê-lo. Isso, sem falar nos parentes que apareciam, como que por encanto, gente de quem nunca tínhamos ouvido falar. Pediam casa, carro e até uma chatice para serem artistas de cinema.

- A fase mais violenta foi a da Jovem Guarda Agora, o número diminuiu muito. Mas de vez em quando temos o prazer de conhecer gente nova da família. E como a nossa é grande...

- Lá no Rio, até hoje Laura não tem sossego. Todos os dias, muitas pessoas batem na porta para pedir coisas. Ela nem atende mais e faz de conta que não está...

Fonte: Blog Roberto Carlos Braga e RC Braga Flogão

Nelson Rodrigues

NELSON FALCÃO RODRIGUES
(68 anos)
Dramaturgo, Jornalista e Escritor

* Recife, PE (23/08/1912)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/12/1980)

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou e sempre fui um anjo pornográfico."
(Nelson Rodrigues)

Nascido na capital pernambucana e quinto de quatorze irmãos, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.

Segundo o próprio Nelson Rodrigues em suas memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na Rua Alegre, 135, atual Rua Almirante João Cândido Brasil, no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.

Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson Rodrigues. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson Rodrigues a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.

Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã, após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nelson Rodrigues começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas 13 anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras. Neste período a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.

Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário de A Manhã para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo VianaMário Rodrigues fundou o diário Crítica.

Como cronista esportivo, Nelson Rodrigues escreveu textos antológicos sobre o Fluminense Football Club, clube para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson Rodrigues foi fundamental para que os Fla-Flu tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson Rodrigues criava e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.

Adolescência e Juventude

Nelson Rodrigues seguiu os seus irmãos MíltonMário Filho e Roberto Rodrigues integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto Rodrigues, um talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco tempo.

Em 26/12/1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. ilustrada por Roberto Rodrigues e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, e a matéria provocou uma tragédia. Sylvia Serafim, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto Rodrigues com uma arma comprada naquele dia. Nelson Rodrigues testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.

Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses depois. Sylvia Serafim, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica foram empastelados e o jornal deixou de existir. Sem seu chefe e sem fonte de sustento, a família Rodrigues mergulhou em decadência financeira.

Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos causados pela tuberculose.

Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nelson Rodrigues passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que Nelson Rodrigues seria efetivado como repórter no jornal. Pouco tempo depois, Nelson Rodrigues descobriu-se tuberculoso. Para tratar-se, retirou-se do Rio de Janeiro e passou longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento foi custeado por Roberto Marinho, que conquistou a gratidão de Nelson Rodrigues pelo resto de sua vida. Recuperado, Nelson Rodrigues voltou ao Rio de Janeiro e assumiu a seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.

Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.

A partir da década de 1940, Nelson Rodrigues dividiu-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais.

Em 1941 escreveu "A Mulher Sem Pecado", que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assinou a revolucionária "Vestido de Noiva", peça dirigida por Zbigniew Ziembinski e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.

O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda particular e inédita nos palcos brasileiros. Seus personagens trouxeram para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!".

"Vestido de Noiva" é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.

Maturidade

Em 1945 abandonou O Globo e passou a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começou a escrever seu primeiro folhetim, "Meu Destino é Pecar", assinado pelo pseudônimo Susana Flag. O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson Rodrigues a escrever sua terceira peça, "Álbum de Família".

Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. "Álbum de Família" só seria liberada em 1965.

Em abril de 1948 estreou "Anjo Negro", peça que possibilitou a Nelson Rodrigues adquirir uma casa no bairro do Andaraí, e em 1949 ele lançou "Doroteia".

Em 1950 passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, o Última Hora. No jornal, Nelson Rodrigues começou a escrever as crônicas de "A Vida Como Ela É", seu maior sucesso jornalístico.

Na década seguinte, Nelson Rodrigues passou a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da "Grande Resenha Esportiva Facit", a primeira mesa-redonda sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passou a publicar suas memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.

O Fim

Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nelson Rodrigues começou a decair, por causa de problemas gastroenterológicos e cardíacos de que era portador. O período coincidiu com os anos da Ditadura Militar, que Nelson Rodrigues sempre apoiou. Entretanto, seu filho Nelson Rodrigues Filho tornou-se guerrilheiro e se passou para a clandestinidade. Neste período também aconteceu o fim de seu casamento com Elza Bretanha e o início do relacionamento com Lúcia Cruz Lima, com quem teria uma filha, Daniela, nascida com problemas mentais. Depois do término do relacionamento com Lúcia, Nelson Rodrigues ainda manteria um rápido casamento com sua secretária Helena Maria, antes de reatar seu casamento com Elza Bretanha.

Nelson Rodrigues faleceu numa manhã de domingo, 21/12/1980, aos 68 anos de idade, vítima de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo.

No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de O Globo.

Dois meses depois, Elza Bretanha atendia ao pedido do marido - de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide de seu túmulo, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. E é só".

Fonte: Wikipédia

Cartola

ANGENOR DE OLIVEIRA
(72 anos)
Cantor, Compositor, Poeta e Violonista


☼ Rio de Janeiro, RJ (11/10/1908)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/11/1980)

Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola, foi um cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro.

Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, Cartola nasceu no bairro do Catete, mas passou a infância no bairro de Laranjeiras. Criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira de Mangueira. Após muitos anos desaparecido do cenário musical carioca, foi reencontrado em 1956 e voltou a cantar, indo a programas de rádio e compondo novos sambas para serem gravados. A partir daí, o compositor foi redescoberto por uma nova safra de intérpretes.

Em 1974, aos 66 anos, Cartola gravou o primeiro de seus quatro discos solo e sua carreira tomou impulso de novo com o sucesso de seus LPs, fazendo shows por diversas cidades brasileiras e mantendo o ritmo de trabalho até o final de sua vida, em 1980.

Do Catete Para a Mangueira

Angenor de Oliveira nasceu em 1908 na cidade do Rio de Janeiro. Era o mais velho dos oito filhos do casal Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira. Apesar de ter recebido o nome de Agenor, foi registrado como Angenor - fato que só viria a descobrir muitos anos mais tarde, ao tratar dos papéis para seu casamento com Dona Zica na década de 60. Para não ter que providenciar a mudança do nome em cartório, a partir de então passou a assinar oficialmente seu nome como Angenor de Oliveira.

Sua família materna era de Campos dos Goytacazes, RJ, e seus antepassados foram escravos do primeiro Barão de Carapebus, proprietário do Solar do Beco. Nesse local nasceu seu avô materno Luís Cipriano Gomes, famoso cozinheiro, que trabalhou em Macaé, RJ, na Fazenda da Bertioga, propriedade da aristocrata Dona Julia Nogueira da Gama e Gavinho, até ser aliciado por Dona Anita Peçanha, prima da última esposa do futuro presidente do Brasil, Nilo Peçanha. O avô de Cartola foi então levado para o Rio de Janeiro, chegando a servi-la no Palácio do Catete.

Cartola nasceu no bairro carioca do Catete, onde também passou parte de sua infância. Quando tinha oito anos, sua família se mudou para as Laranjeiras, onde ele se tornou torcedor do time do bairro, o Fluminense. Nas Laranjeiras, entrou em contato com os ranchos carnavalescos "União da Aliança" e "Arrepiados" - neste último tocava cavaquinho, instrumento musical que lhe tinha sido dado pelo pai quando tinha somente 8 ou 9 anos de idade, o que também fazia nos desfiles do Dia de Reis, em que suas irmãs saíam em grupos de "Pastorinhas".

Era tão entusiasmado pelo "Arrepiados" que, mais tarde, ao participar da fundação da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, sugeriu que as cores desse rancho, o verde e o rosa, fossem as mesmas da nascente agremiação, que seria um símbolo dos mais reverenciados no mundo do samba. Por outro lado, Carlos Cachaça disse que tinha existido no Morro da Mangueira um antigo rancho chamado Caçadores da Floresta, cujas cores eram exatamente o verde e o rosa.

Em 1919, movidos por dificuldades financeiras, os Oliveira foram para o Morro da Mangueira, então uma pequena e nascente favela com menos de cinquenta barracos. Logo, outro morador da Mangueira, Carlos Cachaça, seis anos mais velho que Cartola, se tornaria, além de amigo por toda a vida, o seu parceiro mais constante em dezenas de sambas.

Quando tinha 15 anos, abandonou os estudos (tinha concluído apenas o quarto ano primário) para trabalhar, ao mesmo tempo em que se inclinava para a vida boêmia. Na adolescência, trabalhou como aprendiz de tipógrafo, mas logo se transformou em pedreiro. Foi enquanto trabalhava nas obras de construção que ele ganharia o apelido com que se tornaria reconhecido como um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira. Para que o cimento não lhe caísse sobre os cabelos, resolveu passar a usar um chapéu-coco, que os colegas diziam parecer mais uma cartolinha, e assim, começou a ser chamado de "Cartola".

Cartola tinha 17 anos quando sua mãe morreu. Pouco depois, após conflitos crescentes com o pai, inimigo da malandragem, acabou expulso de casa. Levou então por algum tempo uma vida de vadio, bebendo e namorando, frequentando zonas de prostituição e contraindo doenças venéreas, perambulando pelas noites e dormindo em trens de subúrbio. Esses hábitos o levaram a se enfraquecer fisicamente, adoecido e mal-alimentado, na cama de um pequeno barraco.

Uma vizinha do seu barraco chamada Deolinda, uma mulher gorda, forte e boa, sete anos mais velha, casada e com uma filha de dois anos, passou a cuidar e a gostar dele. Os dois acabaram se envolvendo. Tinha na época apenas 18 anos e estava morando sozinho. Decidiram viver juntos e Deolinda deixou o marido, levando a filha, que o compositor criaria como sua.

O Surgimento do Sambista

O barraco dividido por Cartola e Deolinda era habitado por mais gente, todos sustentados pela dona de casa, que lavava e cozinhava para fora. Sob seu teto e de Deolinda, Noel Rosa foi se abrigar algumas vezes, à procura de um refúgio tranqüilo. Cartola exercia a atividade de pedreiro apenas esporadicamente, preferindo assumir o ofício de compositor e violonista nos bares e tendas locais. À época, já se firmava como um dos maiores criadores do morro, ao lado do grande amigo Carlos Cachaça e Gradim.

Com estes e outros compositores, Cartola integrava uma turma de brigões e arruaceiros que, não por acaso, formaram o "Bloco dos Arengueiros", em 1925, para brincar o carnaval. Esse bloco seria o embrião da Estação Primeira de Mangueira. A ampliação e fusão do bloco com outros existentes no morro gerou, em 28/04/1928, a segunda escola de samba carioca e uma das mais tradicionais da história do carnaval da cidade. Cartola, um dos seus sete fundadores, também assumiu a função de diretor de harmonia da escola, em que permaneceu até fins da década de 30.

O nome "Estação Primeira" foi escolhido porque, contando a partir da Central do Brasil, o Morro de Mangueira ficava na primeira estação de trem de um lugar em que havia samba. Cartola compôs "Chega de Demanda", o primeiro samba escolhido para o desfile e que só seria gravado pelo compositor em 1974, para o disco "História das Escolas de Samba: Mangueira".

No início da década de 30, Cartola se tornou conhecido fora da Mangueira, quando foi procurado por Mário Reis, através de um estafeta chamado Clóvis Miguelão, que subira o morro para comprar uma música. O sambista vendeu os direitos de gravação do samba "Que Infeliz Sorte", que acabou sendo lançado por Francisco Alves, pois não se adaptava à voz de Mário Reis. Assinava então Agenor de Oliveira. Vendeu outros sambas a Francisco Alves, o maior ídolo da música brasileira na época, cedendo apenas os direitos sobre a vendagem de discos. Neste comércio, que serviu para projetá-lo entre os sambistas na cidade, Cartola conservava a autoria e não dava parceria a ninguém.

"O rapaz foi lá e disse: 'Cartola, vem cá. O Mário Reis tá aí, queria comprar um samba teu'. 'O quê? Comprar samba? Você tá maluco, rapaz? (...) Eu não vou vender coisa nenhuma!' (...) Ele disse: 'Quanto é que você quer pelo samba?'. Eu virei pro cara, no cantinho, disse assim: 'Vou pedir 50 mil réis'. 'O quê, rapaz? Pede 500.' (...) Com muito medo, pedi 500 contos. 'Não, dou 300. Tá bom?' Eu disse assim: 'Bom, me dá esses 300 mesmo'. Mas com muito medo (...) Mas botou meu nome direitinho, legal (...). Ele comprou, mas não deu para a voz dele. Então gravou Chico, Francisco Alves."
(Cartola, sobre o samba "Que Infeliz Sorte", Almanaque da Folha)

Em 1932, Francisco Alves e Mário Reis gravaram outro samba seu, "Perdão, Meu Bem". Também remonta àquela época a amizade e a parceria que Cartola estabeleceu com Noel Rosa. Com o "Poeta de Vila Isabel", compôs "Tenho Um Novo Amor", interpretada por Carmen Miranda, "Não Faz, Amor" e "Qual Foi o Mal Que Eu Te Fiz", interpretadas por Francisco Alves. Ainda naquele ano, Sílvio Caldas lançou "Na Floresta", de autoria de Cartola, do próprio Sílvio Caldas e ainda a primeira composição em parceria com Carlos Cachaça. Também em 1932, a Mangueira foi campeã do desfile promovido pelo jornal O Mundo Esportivo com o samba "Pudesse Meu Ideal", sua primeira parceria com Carlos Cachaça.

Em 1933 Cartola viu pela primeira vez um samba seu se tornar sucesso comercial: "Divina Dama", novamente na voz de Francisco Alves. Arnaldo Amaral gravou "Fita Meus Olhos" (Cartola e B. Vasquez), canção que encerrava o breve ciclo inicial de gravações de composições suas. A partir dali, o sambista passou a compor exclusivamente para a sua escola no morro, marginalizando-se do círculo artístico e de produção discográfica da cidade.

Em 1935 novamente a Mangueira teve premiado no desfile um samba de Cartola, "Não Quero Mais", feito com Carlos Cachaça e Zé da Zilda, que foi gravado, em 1936, por Aracy de Almeida e regravado, em 1973, por Paulinho da Viola, com o título alterado para "Não Quero Mais Amar A Ninguém".

Em 1940 Cartola foi convidado pelo maestro e compositor erudito Heitor Villa-Lobos, seu admirador, a formar um grupo de sambistas, entre eles, Donga, Pixinguinha, João da Baiana, para fazer algumas gravações de Música Popular Brasileira para outro maestro mundialmente famoso, o norte-americano Leopold Stokowski (que percorria a América Latina recolhendo músicas nativas), realizadas a bordo do navio Uruguai, ancorado no pier da Praça Mauá, no Rio de Janeiro.

Dos sambas que Cartola gravou a bordo do navio, "Quem Me Vê Sorrindo", composto com Carlos Cachaça, saiu em um dos quatro discos de 78 RPM lançados comercialmente apenas nos Estados Unidos pela gravadora Columbia. Além da sua primeira gravação, foi registrado nesse álbum o Coro da Mangueira com as vozes de Dona Neuma e de suas irmãs, a clarineta de Luís Americano, emboladas de Jararaca & Ratinho, a flauta de Pixinguinha, além das participações de Donga e João da Baiana e um arranjo de Villa-Lobos para o tema indígena "Canidé Joune".

Popular, Cartola também atuou como cantor na rádio, apresentando músicas suas e de outros compositores. Ainda em 1940 criou com Paulo da Portela o programa "A Voz do Morro", na Rádio Cruzeiro do Sul, no qual apresentavam sambas inéditos, cujos títulos deviam ser dados pelos ouvintes. Assim, o programa premiava o ouvinte que tivesse sugerido o título escolhido para o samba.

Em 1941 formou, junto com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres, o Conjunto Carioca, que durante um mês realizou apresentações em um programa da Rádio Cosmos, da cidade de São Paulo.

Em 1942 "Não Posso Viver Sem Ela" (Cartola e Alcebíades Barcellos) foi lançada no famoso disco "Ai Que Saudades da Amélia", de Ataulfo Alves.

"Gosto de fazer samba de dor de cotovelo, falando de mulher, de amor, de Deus, porque é isso que acho importante e acaba se tornando uma coisa importante"
(Cartola, comentando sua obra, Almanaque da Folha)

Tempos Difíceis

Nos anos seguintes, Cartola participou pouco no cenário musical. Entre suas poucas atuações artísticas, o sambista apareceu como corista da gravação de alguns cantores na Colúmbia e chegou a se apresentar com um grupo de morro no Cassino Atlântico.

Com a nova direção da Estação Primeira de Mangueira antipática a Cartola, o sambista viu seu samba ser desqualificado pelo júri que julgou as músicas concorrentes ao enredo que representaria a escola de samba no carnaval de 1947. Para piorar, ele contraiu meningite, ficando três dias em estado de coma e um ano andando de muleta. Com vergonha da condição de doente, acabou se mudando para Nilópolis. Foi cuidado por Deolinda, mas pouco depois assistiu à morte da mulher, vitimada por um ataque cardíaco. Com a morte de Deolinda, Cartola deixou o Morro da Mangueira.

Por um período de cerca de sete anos, andou desaparecido dos seus conhecidos. Fora do ambiente musical, muitos pensavam até que tivesse morrido. Chegou-se a compor sambas em sua homenagem.

Em 1948 a Mangueira sagrou-se campeã do carnaval do Rio de Janeiro com seu samba-enredo "Vale do São Francisco" (CartolaCarlos Cachaça).

Cartola vivia um período difícil em sua vida. Sem mais a atenção de Deolinda e o prestígio no morro da Mangueira, o sambista morava em uma favela no bairro do Caju, com uma mulher chamada Donária.

Cartola conseguiu trabalhos modestos, como o de lavador de carros e vigia de edifícios. Mas a entrada em cena de uma nova, e definitiva, mulher em sua vida alterou o seu destino. Quando Eusébia Silva do Nascimento, mais conhecida como Zica, o encontrou, o sambista estava em um estado lastimável, entregue à bebida, desdentado e sobrevivendo de biscates, sem contar ainda um problema no nariz, que tinha se tornado demasiadamente grande, devido a uma afecção denominada rinofima. Apesar disso, Zica, antiga admiradora de Cartola, se apaixonou por ele, conquistando-o.

Zica o levou de volta ao morro da Mangueira, onde o casal se instalou em uma casa na subida do morro, perto da quadra da escola de samba e próximo da casa de Carlos Cachaça e Menina, irmã de Zica. Com ZicaCartola viveria até o fim de seus dias, sem, no entanto, deixar filhos.

Mesmo sumido, Cartola ainda foi lembrado em 1952, quando Gilberto Alves gravou o samba-canção "Sim" (Cartola e Oswaldo Martins).

Dona Zica e Cartola
Os Bons Tempos do Zicartola

Em 1957, Cartola trabalhava como vigia e lavador dos carros dos moradores de um edifício em Ipanema. Nessa função, foi identificado em uma madrugada pelo jornalista Sérgio Porto, conhecido como Stanislaw Ponte Preta, sobrinho do crítico musical Lúcio Rangel, que havia dado ao sambista, anos antes, o apelido de "Divino Cartola". Ao ver o compositor magro e maltrapilho em um macacão molhado, Stanislaw Ponte Preta decidiu ajudá-lo, começando por divulgar a redescoberta, que fizera, do sambista. Àquela altura, Cartola era dado como desaparecido ou mesmo morto por muitos de seus conhecidos e admiradores. O reencontro com o jornalista foi definitivo para a retomada de sua carreira como músico e compositor.

A promoção rendeu algumas apresentações na Rádio Mayrink Veiga e em restaurantes, além de matérias em jornais e revistas. Sérgio Porto também arranjou para o sambista, por meio do cronista e pesquisador Jota Efegê, um emprego de contínuo no jornal Diário Carioca em 1958 e, no ano seguinte, no Ministério da Indústria e Comércio.

Em 1958 foram gravados seus sambas "Grande Deus" e "Festa da Penha", respectivamente por Jamelão e Ari Cordovil.

Em 1960 Nuno Veloso gravou "Vale do São Francisco", parceria com Carlos Cachaça.

No início da década de 60, Cartola se tornou zelador da Associação das Escolas de Samba, localizada em um velho casarão no centro do Rio de Janeiro, que se tornou um ponto de encontro de sambistas de toda a cidade. Além das rodas de samba no local, Zica, uma exímia cozinheira, passou a servir uma sopa aos participantes. Estimulado por amigos, CartolaZica resolveram aplicar a fórmula música-comida em um sobrado da Rua da Carioca, também na zona central da cidade, em 1963. A iniciativa contou com o apoio financeiro de empreendedores considerados "mangueirenses de coração", como o empresário Renato Augustini.

O Zicartola se tornou um marco na história da Música Popular Brasileira no início das década de 60. Além da boa cozinha administrada por Zica, Cartola fazia as vezes de mestre de cerimônias, propiciando o encontro entre sambistas do morro e compositores e músicos de classe média, especialmente ligados à Bossa Nova, além de poetas-letristas como Hermínio Bello de Carvalho e jornalistas musicais como Sérgio Cabral. Velhos bambas, como Nelson Cavaquinho e Zé Keti, se juntavam a novos talentos, como Elton Medeiros e Paulinho da Viola. Além da presença constante de alguns dos melhores representantes do samba de morro, diferentes gerações de cantoras se encontravam ali, como Elizeth Cardoso e Nara Leão.

No Zicartola, desafiado pelo amigo Renato Agostini, Cartola compôs com Elton Medeiros em cerca de 30 minutos o samba "O Sol Nascerá", que se tornaria um de seus grandes clássicos. A mesma facilidade para compor experimentaria em "Alvorada" um samba feito a seis mãos. Compusera com Carlos Cachaça a primeira parte de um samba que decidiram mostrar a Hermínio Bello de Carvalho, que escreveu então os versos da segunda parte, que ele musicou na hora.

Moda no Rio de Janeiro, o Zicartola inaugurou um gênero de casa noturna que viria a se propagar nas décadas seguintes. Apesar disso, o bar durou pouco e, mal-administrado, fechou as portas após dois anos de existência, pois seu dono definitivamente não tinha tino comercial. Em 1974, um bar chamado Zicartola foi aberto no bairro paulistano de Vila Formosa.

Ainda em 1964, CartolaZica se casaram oficialmente, às vésperas do casamento, ele compôs "Nós Dois" para ela, e o sambista atuou no filme "Ganga Zumba" de Carlos Diegues, no papel de um escravo. Ele já havia atuado discretamente em "Orfeu Negro" e ainda participaria de "Os Marginais". O samba "O Sol Nascerá" foi gravado por Isaura Garcia.

Em 1965 foi lançado o álbum com gravações do "Show Opinião", no ano anterior, realizado entre Zé KetiJoão do Vale e Nara Leão, e esta incluiu "O Sol Nascerá" (Cartola e Elton Medeiros) no repertório do LP. Esta gravação tornou Cartola, assim como outros sambistas de seu círculo, conhecidos pelo público de classe média da época, projetando-os profissionalmente. Em consequência do prestígio que ganhou, Cartola chegou a ter seu nariz retocado pelo célebre cirurgião plástico Ivo Pitanguy. Pery Ribeiro e Bossa Três também regravam "O Sol Nascerá".

Ainda em 1965 Cartola iniciou a construção de uma casa, na cor verde e rosa, ao pé do morro da Mangueira, em terreno doado pelo então Estado da Guanabara. Naquele mesmo ano e no seguinte fez participação em dois discos de Elizeth Cardoso, que gravou o samba "Sim" (CartolaOswaldo Martins e Leny Andrade).

Ainda em 1966 gravou com Clementina de Jesus seu samba "Fiz Por Você o Que Pude".

Em 1968 participou em duas faixas do LP "Fala, Mangueira", que reuniu, além dele, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça, Clementina de Jesus e Odete Amaral. Também naquele ano, Cartola gravou com Odete Amaral "Tempos Idos" (Cartola Carlos Cachaça) e Cyro Monteiro gravou "Tive Sim".

A Glória Na Velhice

Em 1970 Cartola protagonizou uma série de apresentações promovidas pela União Nacional dos Estudantes (UNE), intituladas "Cartola Convida", na Praia do Flamengo, onde recebia grandes nomes do samba. Também naquele ano, a Abril Cultural lançou um volume dedicado à sua obra na série "História da Música Popular Brasileira", no qual o sambista interpretou "Preconceito", de sua autoria.

Em 1972 Paulinho da Viola gravou "Acontece" e Clara Nunes gravou "Alvorada", com Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho.

Em 1973 Elza Soares gravou "Festa da Vinda"  (Cartola e Nuno Veloso).

Mas a consagração definitiva viria somente em 1974, alguns meses antes de completar 66 anos, quando o sambista finalmente gravou seu primeiro disco solo. Cartola, lançado em uma iniciativa do pesquisador musical, produtor de discos e publicitário Marcus Pereira. O disco, que recebeu vários prêmios e foi considerado um dos melhores daquele ano, reunia uma coleção de obras-primas de Cartola e uma equipe de instrumentistas de primeira linha no acompanhamento. O sambista interpretou "Acontece", "Tive Sim" e "Amor Proibido", canções de autoria própria, "Disfarça e Chora" e "Corra e Olhe o Céu" (Cartola e Dalmo Casteli), "Sim" (Cartola e Oswaldo Martins), "O Sol Nascerá" (Cartola e Elton de Medeiros), "Alvorada" (CartolaCarlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho), "Festa da Vinda" (Cartola e Nuno Veloso), "Quem Me Vê Sorrindo" (Cartola e Carlos Cachaça) e "Ordenes e Farei" (Cartola e Aluizio).

Também em 1974 a mesma gravadora Marcus Pereira lançou o LP "História das Escolas de Samba: Mangueira", no qual Cartola interpretou algumas faixas. Pouco depois, durante uma entrevista ao radialista e produtor Luiz Carlos Saroldi, em um programa especial para a Rádio Jornal do Brasil, apresentou dois sambas ainda inéditos: "As Rosas Não Falam" e "O Mundo é Um Moinho". Ainda naquele ano, o sambista participou do programa radiofônico "MPB - 100 Ao Vivo". Os programas foram editados em 8 LPs com o mesmo título e em um dos álbuns ocupou todo um lado, deferência só concedida a dois outros convidados, Luiz Gonzaga e Paulinho da Viola, e se apresentou no bairro carioca de Botafogo, em que atuou ao lado da cantora Rosana Tapajós e do flautista Altamiro Carrilho. Gal Costa regravou "Acontece".

Logo depois, em 1976, a mesma gravadora lançou o segundo LP, também intitulado "Cartola". O sucesso do álbum foi puxado por uma de suas mais famosas criações, "As Rosas Não Falam", incluída na trilha sonora de uma novela da TV Globo. Ainda em seu segundo disco, Cartola interpretou suas composições "Minha", "Sala de Recepção", "Aconteceu", "Sei Chorar", "Cordas de Aço" e "Ensaboa". Gravou também as canções "Preciso Me Encontrar" (Candeia), "Senhora Tentação" (Silas de Oliveira) e "Pranto de Poeta" (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito). Também nesse ano, Clementina de Jesus gravou "Garças Pardas" (Cartola e Zé da Zilda).

A grande popularidade obtida pelo samba levou Cartola a uma divulgação inédita de seu trabalho. Realizou seu primeiro show individual, no Teatro da Galeria, no bairro do Catete, acompanhado pelo Conjunto Galo Preto. O show foi um sucesso de público e se estendeu por quatro meses em várias partes do país.

Em 1977 o sambista dividiu com um novo parceiro, Roberto Nascimento, uma turnê por palcos do SESC, no interior de São Paulo. Em meio ao grande sucesso, Cartola voltou a desfilar pela Mangueira, após 28 anos de ausência no desfile de carnaval. O seu samba "Tive, Sim" foi defendido por Cyro Monteiro na I Bienal do Samba, promovida pela TV Record, e terminou classificado em quinto lugar no concurso. Também foi convidado pela Prefeitura de Curitiba para integrar o júri do desfile das escolas de samba locais, onde, pela primeira e única vez, julgou um desfile das escolas.

Ainda em 1977 a cantora Beth Carvalho gravou com sucesso "O Mundo é Um Moinho". Em junho de 1977 a TV Globo apresentou o programa "Brasil Especial" número 19, dedicado exclusivamente a Cartola, e que obteve grande êxito. Em setembro de 1977, o sambista participou, acompanhado por João Nogueira, do "Projeto Pixinguinha", no Rio de Janeiro, e depois em uma excursão pelas principais cidades brasileiras. O sucesso do espetáculo os levou a excursionar por São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

Em outubro de 1977, a gravadora RCA Victor lançou "Verde Que Te Quero Rosa", seu terceiro disco solo, com igual sucesso de crítica. Um dos grandes destaques do álbum foi "Autonomia", com arranjo do maestro Radamés Gnattali. Desse LP fazem parte o samba-canção "Autonomia", além de "Nós Dois", composta especialmente para o casamento com Zica, em 1964. Recriou "Escurinha", samba do mangueirense Geraldo Pereira, falecido prematuramente em consequência de uma briga com Madame Satã. Estão presentes ainda os sambas "Desfigurado", "Grande Deus", "Que é Feito de Você" e "Desta Vez Eu Vou", todos de sua autoria, "Fita Meus Olhos" (Cartola e Osvaldo Vasques) e "A Canção Que Chegou" (Cartola e Nuno Veloso).

Cartola e Nelson Cavaquinho
Últimas Homenagens

Em 1978, quase aos 70 anos, se transferiu da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, buscando um pouco mais de tranquilidade, na tentativa de continuar compondo, mas sempre voltava para visitar os amigos no morro onde crescera e se tornara famoso. A residência de Cartola e Zica em Mangueira era muito frequentada por músicos e jornalistas, o que levou o casal a procurar um pouco de sossego. Era finalmente a primeira casa própria do artista, o máximo que ele conseguiu com o sucesso obtido no final da vida. Em frente à sua porta, foi inaugurada em seguida uma praça apropriadamente batizada de "As Rosas Não Falam".

Naquele mesmo ano, estreou seu segundo show individual: "Acontece", outro sucesso. E em novembro, por ocasião de seu septuagésimo aniversário, recebeu uma grande homenagem na quadra da Mangueira. O sambista, no entanto, já estava doente. Diagnosticado seu mal, câncer na tireoide, foi operado em 1978.

Ainda em 1978 o sambista gravou com Eliana Pittman o samba "Meu Amigo Cartola" (Roberto Nascimento) e, com Odete Amaral, o samba "Tempos Idos" (Cartola e Carlos Cachaça). Waldir Azevedo, João Maria de Abreu, Joel Nascimento e Fagner regravaram "As Rosas Não Falam". Elizeth Cardoso regravou "Acontece"Odete Amaral, "Alvorada". Durante a apresentação no Ópera Cabaré, em São Paulo, no mês de dezembro, o concerto foi gravado ao vivo, por iniciativa de J.C. Botezelli, responsável pelo primeiro disco de Cartola. Esse registro ao vivo só sairia em LP após a morte do compositor.

Em 1979 foi lançado "Cartola - 70 Anos", seu quarto LP, no qual interpretou seus sambas "Feriado na Roça", "Fim de Estrada", "Enquanto Deus Consentir", "Dê-me Graças, Senhora", "Evite Meu Amor", "Bem Feito" e "Ao Amanhecer", além de "O Inverno do Meu Tempo" e "A Cor da Esperança" (Cartola e Roberto Nascimento), "Ciência e Arte" e "Silêncio de um Cipreste" (CartolaCarlos Cachaça), "Senões" (Cartola e Nuno Veloso) e "Mesma Estória" (Cartola e Elton Medeiros).

Nelson Gonçalves e Emílio Santiago, em 1979, regravaram "As Rosas Não Falam". Em fins de 1979 Cartola participou de um programa na Rádio Eldorado, da cidade de São Paulo, no qual contou um pouco de sua vida e cantou músicas que andava fazendo. Essa entrevista foi posteriormente lançada em LP, na década de 80, com o nome "Cartola - Documento Inédito".

Em 1980, a cantora Beth Carvalho regravou "As Rosas Não Falam" e "Consideração", parceria com Heitor dos Prazeres. Com Nelson Cavaquinho, compôs apenas "Devia Ser Condenada", gravada pelo parceiro na década de 80.

A carreira de Cartola não iria longe. Ele sabia que sua doença era grave, mas manteve segredo sobre ela todo o tempo. Para todos dizia que tinha uma úlcera.

"Quando for enterrado, quero que Waldemiro toque o bumbo!"
(Cartola, manifestando a sua família um desejo uma semana antes de sua morte, Almanaque da Folha)

Três dias antes de morrer, recebeu de Carlos Drummond de Andrade sua última homenagem em vida. O poeta lhe dedicou uma comovente crônica, publicada pelo Jornal do Brasil.

Morte

Cartola morreria de vítima de câncer em 30/11/1980, aos 72 anos de idade. O corpo foi velado na quadra da Estação Primeira de Mangueira, onde passaram as mais diversas presenças do mundo da música como Clara Nunes, AlcioneEmílio Santiago, Chico Buarque, João Nogueira, Dona Ivone Lara, Nelson Sargento, Jamelão, Roberto Ribeiro, Clementina de Jesus, Martinho da Vila, Gal Costa, Simone, Elizeth Cardoso, Paulo Cesar Pinheiro, Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Gonzaguinha, entre muitos outros.

Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Caju. Dona Zica viu o corpo do seu grande amor pela última vez, abraçada com Clara Nunes, que era amiga e uma das "queridinhas" do poeta. Atendendo a seu pedido, no dia 01/12/1980, data de seu funeral, Waldemiro, ritmista da Mangueira, que havia aprendido com ele a encourar seu instrumento, marcou o ritmo para o coro de "As Rosas Não Falam", cantada por uma pequena multidão de sambistas, amigos, políticos e intelectuais, presentes em sua despedida. Em seu caixão a bandeira do time do seu coração, o Fluminense.

Após a Morte

Durante os anos seguintes, viriam homenagens póstumas, discos e biografias que o confirmariam como um dos maiores nomes da música popular brasileira. Em 1981, Artur Oliveira concluiria o samba "Vem", que Cartola deixara inacabado, e seu livro escrito juntamente com Marília Trindade Barboza, a biografia "Cartola, Os Tempos Idos" seria lançado pela Funarte, em 1983.

Em 1982 foi lançado um disco póstumo do sambista, "Ao Vivo", gravação de um espetáculo realizado no final de 1978, em São Paulo.

Em 1984, também pela Funarte, sairia o LP "Cartola, Entre Amigos".

Em 1988, para comemorar o octagésimo aniversário de seu nascimento, a gravadora Som Livre lançou o songbook "Cartola - Bate Outra Vez...", que trazia Caetano Veloso, Gal Costa, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho, Luiz Melodia, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho, Nelson Gonçalves, Paulo Ricardo e Cazuza. E a cantora Leny Andrade apareceu com "Cartola - 80 Anos". Marisa Monte viria a incluir em seu repertório o lundu "Ensaboa", composto em 1975 e gravado pelo compositor em seu segundo LP.

A cantora Cláudia Telles, filha de Sylvia Telles, um dos ícones da Bossa Nova, lançaria em 1995 um álbum-tributo com composições de Cartola e Nelson Cavaquinho.

Em 1998, Elton Medeiros e Nelson Sargento gravaram o álbum "Só Cartola"Elton Medeiros também se apresentou com a cantora Márcia no espetáculo "Cartola 90 Anos", que resultaria em um álbum lançado pelo SESC de São Paulo. Naquele mesmo ano, o grupo Arranco, ex-Arranco de Varsóvia, lançou o álbum "Samba de Cartola".

Em 2001, a RCA Victor relançou em CD o disco "Verde Que Te Quero Rosa". Naquele mesmo ano, foi fundado o Centro Cultural Cartola, tendo por base a obra do compositor.

Em 2002, o cantor Ney Matogrosso lançou o álbum "Cartola", com repertório todo dedicado ao compositor da Mangueira.

Em 2003, a neta de Cartola descobriu uma pasta com vários letras inéditas que teriam de ser musicadas. Ainda naquele ano, Beth Carvalho lançou o álbum "Beth Carvalho Canta Cartola".

Em 2004, o espetáculo "Obrigado Cartola", de Sandra Louzada, com direção de Vicente Maiolino, estreou no Centro Cultural Banco do Brasil. O musical contava a vida do compositor e apresentava sambas clássicos. Naquele mesmo ano, foi lançado pela Editora Moderna o livro "Cartola", de Mônica Ramalho.

Em 2007, foi lançado o filme "Cartola - Música Para Os Olhos", com direção de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.

Em 2008, esquecido no ano de seu centenário pela Estação Primeira de Mangueira que ajudou a fundar, foi, no entanto homenageado pela Paraíso do Tuiuti com o enredo "Cartola, Teu Cenário é Uma Beleza", que ajudou a escola de São Cristóvão a subir para o grupo de Acesso A.

Dentro das comemorações pelo seu centenário, foi lançado pelo selo Biscoito Fino "Viva Cartola - 100 Anos", que incluiu gravações lançadas em outros discos e que continha uma única faixa inédita, "Basta de Clamares Inocência", gravada por Martinália.

Obras

Discografia Oficial

  • 1974 - Cartola
  • 1976 - Cartola
  • 1977 - Verde Que Te Quero Rosa
  • 1978 - Cartola 70 Anos
  • 1982 - Cartola - Ao Vivo
  • 1982 - Cartola - Documento Inédito

Participações

  • 1942 - Native Brazilian Music (Leopold Stokowski)
  • 1967 - A Enluarada Elizeth (Elizeth Cardoso)
  • 1968 - Fala Mangueira! (Odete Amaral, Cartola, Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça)
  • 1970 - História da Música Popular Brasileira (Cartola e Nelson Cavaquinho)
  • 1974 - História das Escolas de Samba: Mangueira (Vários Artistas)
  • 1975 - MPB - 100 Ao Vivo (Vários Artistas)
  • 1980 - E Vamos à Luta (Alcione)
  • 1993 - No Tom da Mangueira (Tom Jobim e Velha Guarda da Mangueira)

Não-Oficiais

  • 1977 - Cartola (Este disco faz parte da coleção Nova História da Música Popular Brasileira vem acompanhado de fascículo, fotos, ilustração de Elifas Andreatoe as letras das músicas)
  • 1980 - Adeus, Mestre Cartola
  • 1982 - Cartola - História da MPB
  • 1999 - O Sol Nascerá
  • 2001 - A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes

Homenagens e Tributos

  • 1984 - Cartola, Entre Amigos (Vários Artistas)
  • 1987 - Cartola - 80 Anos (Leny Andrade)
  • 1988 - Cartola - Bate Outra Vez... (Vários Artistas)
  • 1995 - Claudia Telles Interpreta Nelson Cavaquinho e Cartola
  • 1998 - Sambas de Cartola (Grupo Arranco)
  • 1998 - Só Cartola (Elton Medeiros e Nelson Sargento)
  • 1998 - Cartola - 90 Anos (Elton Medeiros e Márcia)
  • 2002 - Cartola (Ney Matogrosso)
  • 2003 - Beth Carvalho Canta Cartola (Beth Carvalho)
  • 2008 - Viva Cartola! 100 Anos (Vários Artistas)

Coletânea

  • 2005 - Maxximum: Cartola


DVD

  • 2007 - MPB Especial 1974

Filmografia

  • 1958 - Orfeu Negro (Participação Especial)
  • 1963 - Ganga Zumba
  • 1968 - Os Marginais (Participação Especial)
  • 2006 - Cartola - Música Para Os Olhos (Cine Biografia)

Bibliografia

  • 1997 - Cartola: Os Tempos Idos (Arthur L. de Oliveira Filho e Marília Trindade Barbosa da Silva)
  • 2003 - Cartola: Os Tempos Idos (Arthur L. de Oliveira Filho e Marília Trindade Barbosa da Silva)
  • Cartola: Semente de Amor Sei Que Sou, Desde Nascença (Arley Pereira)

Fonte: Wikipédia