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Edson Queiroz

EDSON QUEIROZ
(57 anos)
Empresário

☼ Cascavel, CE (12/04/1925)
┼ Pacatuba, CE (08/06/1982)

Edson Queiroz foi um empresário brasileiro que a partir da empresa de distribuição de gás criou o Grupo Edson Queiroz. Atualmente as empresas do grupo são controladas pela viúva, Yolanda Vidal Queiroz e seus filhos.

Filho de Genésio Queiroz e Cordélia Antunes QueirozEdson Queiroz trabalhou durante a sua juventude (1939 - 1945), no armazém de estivas do pai em Fortaleza, CE. Foi aluno do Colégio Cearense, passou pelo Seminário da Prainha e concluiu o ginásio no Liceu do Ceará. Casou-se em 08/09/1945 com Yolanda Pontes Vidal com quem teve seis filhos: Airton José, Myra Eliane, Edson Filho, Renata, Lenise e Paula.

Em 1947, juntamente com o pai e outros sócios, montou a Loteria Estadual de Fortaleza e se formou técnico contábil no ano seguinte. Construiu e iniciou a exploração do Abrigo Central e fundou a Loteria Estadual de Pernambuco, em 1949.

Em 18/06/1951, Edson Queiroz fundou a Edson Queiroz e Cia., uma empresa de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP). Obteve no ano seguinte a concessão de cotas de GLP da primeira Refinaria Nacional, depois renomeada Refinaria Landulpho Alves e fundou a Edson Queiroz Navegações, com uma frota inicial de cinco embarcações.


Em 13/04/1955 fundou uma filial da Edson Queiroz e Cia. no Pará e a S.A. Rádio Verdes Mares foi fundada em junho. A Edson Queiroz e Cia. passou à sociedade anônima, sob a razão social de Norte Gás Butano S.A., em 1957 e foi criada a Sociedade Butano Ltda. para atuar no setor imobiliário.

A Norte Gás Butano construiu e inaugurou, em 1959, o primeiro terminal oceânico do Nordeste, em Fortaleza, o Terminal Ernesto Igel e no ano seguinte, em 21/04/1960, inaugurou o terminal de gás de Belém.

Em 1961, adquiriu o controle acionário da Rádio Verdes Mares AM. Em 1963 inaugurou a Tecnomecânica Norte Ltda., a Tecnorte e a Estamparia e Esmaltação Nordeste S/A Esmaltec, para fabricação de botijões e fogões.

Edson Queiroz comprou, em 1967, as fábricas de bicicletas Bristol e Göering, do Rio de Janeiro, que posteriormente seriam vendidas à Monark e se associou a José Afonso Sancho no jornal Tribuna do Ceará, onde implantou o sistema pioneiro de composição a frio e impressão offset.


Associado ao empresário Edmundo Rodrigues, Edson Queiroz fundou, em 1968, a Cascavel Castanha de Caju Ltda., em Cascavel, CE, de beneficiamento e exportação de castanha de caju e em 26/05/1969 recebeu a medalha do Mérito Timbira da Cidade de São Luís, outorgada pelo governador do Maranhão, José Sarney.


Em janeiro de 1970 inaugurou a Piauí Gás Butano, em Teresina e a TV Verdes Mares. Em 17/04/1971, os conselhos Curador e Diretor da Fundação Edson Queiroz decidiram criar a Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Em 05/03/1971 recebeu do governador Plácido Aderaldo Castelo a Medalha da Abolição, do governo do Ceará.

Em 1972, Edson Queiroz iniciou investimentos no setor pecuário, a Butano Agropecuária e recebeu o título de Cidadão de São Luís, em 03/12/1972.

A Norte Gás Butano comprou o acervo da Brasilgás em Alagoas, Pernambuco, Pará e Rio Grande do Norte, em 1973 e inaugurou o Terminal José Ribamar Marão, da Maranhão Gás Butano. No mesmo ano recebeu a Placa de Prata Homem do Petróleo do Ano.

Em 1975, inaugurou a Rádio Verdes Mares FM, recebeu o prêmio Homem Tendência, da revista Tendência. No ano seguinte comprou a Heliogás no Rio de Janeiro e entrou em operação a Norte Gás Butano Distribuidora Ltda., sucessora da Norte Gás Butano S/A Comércio e Participações, que se transformou numa das holdings do Grupo. Edson Queiroz recebeu o título de Cidadão de Belém e o troféu Mascate do Ano 1976, da Confederação Nacional do Comércio no Rio de Janeiro.

Edson Queiroz recebe o prêmio "Mascate do Ano de 1976", na Confederação Nacional do Comércio, RJ.
Edson Queiroz integrou a comitiva presidencial que foi ao México e à Alemanha em 1978. A Norte Gás Butano inaugurou sua base em Maceió. No ano seguinte viajou para a Venezuela na comitiva presidencial de João Figueiredo e o Grupo Edson Queiroz iniciou suas atividades no setor de distribuição de água mineral, adquirindo a marca Indaiá.

Em 1980, Edson Queiroz recebeu o Diploma Sesquicentenário de Alencar, da Secretaria Estadual da Cultura do Ceará e foi designado, pelo Decreto 75.421, para integrar o Conselho Nacional de Pesquisas.

Em 29/10/1981 recebeu a Medalha Cidade de Fortaleza da Câmara Municipal de Fortaleza. Depois disso Edson Queiroz foi à França, Alemanha e Argentina, na comitiva presidencial de João Figueiredo. Ainda neste ano fundou o jornal Diário do Nordeste, que circulou pela primeira vez em 19/12/1981.

Em 16/02/1982, Edson Queiroz adquiriu a Rádio Tamandaré de Pernambuco, em março, comprou a Rádio Tamoio do Rio de Janeiro e viajou aos Estados Unidos na comitiva presidencial de João Figueiredo.  Recebeu a Medalha do Mérito Industrial outorgada pela Confederação Nacional da Indústria.

Edson Queiroz morreu no acidente do Voo VASP 168 em Pacatuba, CE.

Fonte: Wikipédia

Alzirinha Camargo

ALZIRA CAMARGO
(66 anos)
Cantora e Atriz

☼ São Paulo, SP (10/12/1915)
┼ Santos, SP (09/12/1982)

Alzira Camargo foi uma cantora e atriz brasileira. Nasceu no bairro do Brás e foi criada por seus padrinhos em Itapetininga, SP, onde se formou professora da Escola Normal. Não chegou a lecionar, pois, o rádio a encantou.

Com 17 anos, em 13 de junho de 1933, estreou na Rádio Record de São Paulo onde começou a cantar amadoramente, assinando contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul e, depois, com a Rádio Difusora. Em 1931, participou do filme "Coisas Nossas", considerado o primeiro filme musical brasileiro, junto de Procópio Ferreira, Zezé Lara, Batista Jr., Paraguaçu e outros.

Em novembro de 1935, foi levada por Sílvia Autuori, conhecida por Tia Chiquinha, para a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, onde começou a fazer sucesso. No ano seguinte, gravou seu primeiro disco, um 78 rpm, na RCA Victor, que incluía a marcha "Cinqüenta Por Cento" (Lamartine Babo) e o samba "Você Vai Se Arrepender" (Kid Pepe, Germano Augusto e Alberto Fadel). Nessa mesma época, foi descoberta por Alberto Quatrini Bianchi, que a convidou para cantar em sua cadeia de cassinos, espalhados por todo o país.

Jovem, bonita e talentosa, Alzirinha Camargo logo seria convidada a participar do cinema, estreando em "Coisas Nossas", 1931, comédia musical produzida e dirigida por Wallace Downey.

Em 1936 trabalhou no filme "Alô, Alô, Carnaval", de Adhemar Gonzaga. Também nesse ano ocorreu seu desentendimento com Carmen Miranda, imediatamente após a gravação de "Querido Adão" (Benedito Lacerda e Osvaldo Santiago). Carmen Miranda foi para Buenos Aires, Argentina, sem ter tido tempo de lançar a música, que os autores então lhe ofereceram, e ela, que fazia o mesmo gênero de Carmen Miranda, tanto na roupa como no repertório, lançou-a com sucesso absoluto. A rivalidade entre as duas prolongou-se durante toda sua carreira.


Em 1937 atuou no filme "O Grito da Mocidade", de Raul Roulien. Em 1938 apresentou-se, com o conjunto de Benedito Lacerda, em temporada na Rádio El Mundo, de Buenos Aires. De volta ao Brasil, Benedito Lacerda compôs para ela a marcha "Meu Buenos Aires Querido" e o samba "Ritmo do Coração" (Benedito Lacerda e Herivelto Martins), ambos gravados na Odeon.

Em fins de 1939, apresentou-se no Cassino Atlântico com a orquestra norte-americana, regida pelo peruano Ciro Rimac, que em julho de 1940 embarcou no vapor Uruguai, levando-a para cumprir um contrato de seis meses. Ficou nos Estados Unidos até 1949, e nos três anos seguintes, percorreu a Espanha e Portugal, apresentando-se no Cassino Estoril.

Em novembro de 1953 regressou ao Brasil, sendo contratada pela Rádio Nacional para fazer o programa "Gente Que Brilha", de Paulo Roberto. Em seguida atuou esporadicamente em televisão e rádio, no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo também gravado na Polydor. Gravou ainda, no princípio dos anos 60, um disco pelo selo Guarani, sem maiores repercussões.

Em 1964, abandonou a vida artística e tornou-se funcionária pública do INSS, no Rio de Janeiro. Quando se aposentou foi morar em Santos, SP, onde faleceu em 09 de dezembro de 1982, um dia antes de seu 67º aniversário.

Filmografia

  • 1931 - Coisas Nossas
  • 1935 - Fazendo Fita
  • 1936 - Alô, Alô, Carnaval
  • 1937 - O Grito da Mocidade
  • 1937 - Samba da Vida
  • 1954 - Agora é Que São Elas

Fonte: WikipédiaCifra Antiga e Estrelas Que Nunca Se Apagam

Lima Barreto

VICTOR LIMA BARRETO
(76 anos)
Ator, Diretor, Produtor e Roteirista

* Casa Branca, SP (23/06/1906)
+ Campinas, SP (24/11/1982)

Autodidata, Lima Barreto iniciou no cinema nacional na década de 1940 filmando curta-metragens como "O Caçador de Bromélias" e "Fazenda Velha".

"Comecei no cinema carregando tripé para o velho Del Picchia. Depois tomei emprestada uma câmera Kinamo, cavei 25 metros de negativo... e descobri meu mundo - sempre cheio de beleza"

A primeira tentativa de filme sério de Victor Lima Barreto foi "Como Se Faz Um Jornal", para O Estado de S.Paulo. Nos anos 40, fez fotografias de reportagem, foi redator da Rádio Tupi e trabalhou para o Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda (DEIP) de São Paulo, realizando cinejornais e documentários. É dessa época "Fazenda Velha" (1944).

"Seu Bilhete, Por Favor" e "A Carta de 46" - ambos de 1946 - passaram inteiramente despercebidos pela crítica; que no entanto ressalta, além de "Fazenda Velha", as qualidades de "Caçador de Bromélias" (1946), feito para o Serviço Nacional da Malária.

Lima Barreto ingressou na Companhia Cinematográfica Vera Cruz em 1950, a convite de Alberto Cavalcanti. Seu primeiro filme para a produtora foi o documentário de curta-metragem "Painel" (1950), tendo como tema o painel sobre "Tiradentes" de Cândido Portinari, lançado junto com o primeiro longa-metragem da Vera Cruz, "Caiçara".

No ano seguinte, dirigiu "Santuário" (1951), sobre os profetas do Aleijadinho em Congonhas do Campo, MG. A premiação do filme no II Festival de Veneza de Filmes Científicos e Documentários, em agosto de 1951, abria-lhe a possibilidade de realização de um primeiro longa-metragem. A Vera Cruz, porém, relutava em aprovar o projeto de "O Canganceiro" (1953), no qual se empenhava o realizador desde a sua entrada na companhia.

Anunciada em setembro de 1951, a produção só iniciou no ano seguinte. Lima Barreto visitou a Bahia, pesquisando o cangaço, mas as locações foram realizadas em Vargem Grande do Sul, no interior de São Paulo. A filmagem, turbulenta e demorada, se arrastou por nove meses, e era de longe a mais cara que o cinema brasileiro conhecia até então. Finalmente concluído no final do ano, o filme foi lançado em janeiro de 1953, encabeçando um circuito de 24 salas em São Paulo, e pouco mais tarde em circuito nacional. Em cartaz durante seis semanas consecutivas, em dezenas de cinemas com casas lotadas, "O Cangaceiro", com Alberto Ruschel, Marisa Prado, Milton Ribeiro e Vanja Orico, alcançou o maior número de espectadores que já obteve o cinema brasileiro em toda a sua história, e logo em seguida bateu o recorde absoluto de rendimento  de quaisquer filmes, nacionais ou estrangeiros, até então exibidos no mercado brasileiro.

Apresentado em abril no Festival de Cannes, o filme chamou a atenção da crítica internacional e conquistou dois prêmios: o melhor filme de aventura e menção especial para a música. Meses depois, foi ainda o melhor filme do Festival de Edimburgo. Era a consagração - para Lima Barreto e para a Vera Cruz -, que, no entanto, chegava tarde para a produtora afogada em dívidas. Meses depois a Vera Cruz vendeu os direitos do filme à Columbia Pictures, que o  distribuiu durante anos por todo o mercado internacional, com enormes rendimentos. Com essa obra, surgiu um novo gênero cinematográfico muito utilizado depois, o "cangaço".

Em setembro de 1953, Lima Barreto viajou pelo Nordeste, da Bahia ao Ceará, em busca de locações para o seu novo projeto: "O Sertanejo". Abordando temas ligados à figura de Antônio Conselheiro, ao contrário de "O Cangaceiro", o filme desta vez seria rodado no interior baiano. Previstas para o final do ano de 1953, as filmagens foram sendo sucessivamente proteladas e sequer iniciaram. Mais complexo, mais ambicioso e muito mais caro que o anterior, a Vera Cruz não tinha condições de produzir o filme. Em guerra aberta contra o que considerava um boicote da companhia, o diretor buscou outros produtores, fez campanhas pelos jornais, anunciou novos projetos - mas não desistiu de "O Sertanejo". Uma leitura pública do roteiro, feita por ele próprio, causou enorme e duradoura impressão.

Em junho de 1954, já nos estertores, a Vera Cruz produziu "São Paulo em Festa", documentário de longa-metragem sobre os festejos do IV Centenário de São Paulo, dirigido por Lima Barreto. Foi o último filme da companhia - e seria o único longa-metragem do diretor nos próximos seis anos.

Falida a Vera Cruz, Lima Barreto realizou três documentários: "Arte Cabocla" (1955), premiado com um Saci, "O Livro" (1957) e "O Café" (1959); o último - e eventuais outros que não deixaram rastros - são filmes institucionais de encomenda.

Iniciou uma coluna para o jornal O Dia. Escrevia contos, novelas, argumentos e roteiros, ensaiou uma história do cinema em São Paulo - e continuou procurando produção para "O Sertanejo".

Durante as Filmagens de "O Cangaceiro"
Em dezembro 1957, anunciou a realização de "A Primeira Missa" - que iniciou em março de 1960. Fartamente divulgado pela imprensa, e ansiosamente aguardado, o novo filme de Lima Barreto decepcionou. "A Primeira Missa", baseado num conto de Nair Lacerda, "Nhá Colaquinha Cheia de Graça", com locações em Jambeiro, no estado de São Paulo, é uma crônica interiorana, centrada na história de um menino que se torna padre. Apresentado no Festival de Cannes de 1961, o filme foi praticamente ignorado - quando não tratado com frieza ou ironia. No Brasil, não fez boa carreira: exaltado pelas associações católica de cultura cinematográfica e recebido com simpatia por parte da crítica, ainda assim não foi o que se esperava do "laureado diretor" de "O Cangaceiro".

Nos anos 60, Lima Barreto filmou um documentário de média-metragem, "Psicodiagnóstico Miocinético" (1962). Publicou dois livros, "Lima Barreto Conta Histórias" (1961) e "Quelé do Pajeú" (1965). Continuou a anunciar novos projetos - cada vez mais caros e mais ambiciosos - e periodicamente retomou os antigos, acalentados desde os tempos da Vera Cruz. São na maior parte adaptações de romances brasileiros famosos, ou grandes temas épicos ligados à história do Brasil: "A Retirada da Laguna", "Plácido de Castro", "O Alienista", "Nos Idos de Sorocaba", "Cântico da Terra", "Pau Brasil", entre muitos outros. Os preferidos - aos quais voltava sempre - são  "Quelé do Pajeú" e "O Sertanejo", que deveriam compor, junto com "O Cangaceiro", a sua "Trilogia do Nordeste".

No final dos anos 60, dois de seus roteiros - "Inocência" e "Um Certo Capitão Rodrigo" - recebem o prêmio do Instituto Nacional do Livro de melhor adaptação cinematográfica de obra literária, respectivamente em 1968 e 1969.

Oito anos depois, pobre e doente, morando numa casa de cômodos semidestruída na Bela Vista, Lima Barreto ainda tinha forças para mais uma vez anunciar a filmagem de "Inocência". Embora não por ele, "Quelé do Pajeú" e "Inocência" foram afinal filmados, o primeiro por Anselmo Duarte e o segundo por Walter Lima Jr.

Lima Barreto foi casado com a atriz Araçary de Oliveira e depois do divórcio passou a viver só e amigo da boemia. Morreu pobre e esquecido, vítima de um infarto, em um asilo para velhos na cidade de Campinas, aos 76 anos de idade.


Filmografia

  • 1935 -  O Carnaval Paulista de 1936 (Documentário - Co-diretor)
  • 1944 - Na Piscina (Documentário - Diretor)
  • 1944 - Fazenda Velha (Documentário - Diretor e Diretor de Fotografia)
  • 1945 - Comício da UDN no estádio do Pacaembú (Documentário - Diretor)
  • 1946 - O Quartzo (Documentário - Diretor)
  • 1946 - O Cofre (Documentário - Diretor)
  • 1946 - O Disco (Documentário - Diretor)
  • 1946 - Seu Bilhete, Por Favor (Documentário - Diretor)
  • 1946 - Caçador de Bromélias (Documentário - Diretor e Diretor de Fotografia)
  • 1946 - A Carta de 46 (Documentário - Diretor)
  • 1950 - Como Se Faz Um Jornal (Documentário - Diretor)
  • 1950 - Painel (Documentário - Diretor)
  • 1951 - Santuário (Documentário - Diretor e Produtor)
  • 1951 - Terra é Sempre Terra (Ator)
  • 1952 - Tico-Tico No Fubá (Ator)
  • 1952 - O Cangaceiro (Diretor, Roteirista e Ator)
  • 1953 - Sinhá Moça (Ator)
  • 1954 - A Industrialização do Leite em São Paulo (Documentário - Diretor)
  • 1954 - São Paulo em Festa (Documentário - Diretor e Roteirista)
  • 1955 - Guarujá (Documentário - Diretor)
  • 1955 - Arte Cabocla (Documentário - Diretor)
  • 1957 - O Livro (Documentário - Diretor)
  • 1959 - O Café (Documentário - Diretor e Produtor)
  • 1960 - A Primeira Missa (Diretor, Roteirista e Ator)
  • 1962 - Psicodiagnóstico Miocinético (Documentário - Diretor)
  • 1969 - Quelé do Pajeú (Roteirista)
  • 1983 - Inocência (Roteirista)

Fonte: Wikipédia e Filmescópio

Marisa Prado

OLGA COSTENARO
(51 anos)
Atriz

* Araçatuba, SP (26/12/1930)
+ Cairo, Egito (12/02/1982)

Olga Costenaro, mais conhecida como Marisa Prado foi uma atriz brasileira. Ainda criança mudou-se com a família para São Bernardo do Campo, SP, e empregou-se na Companhia Cinematográfica Vera Cruz assim que se instalou na cidade.

Começou na Vera Cruz como montadora de filmes, mas, muito bela, chamou a atenção de Abílio Pereira de Almeida, que fez um teste com ela e aprovou sua participação no filme "Tico-Tico no Fubá", no qual fez sua estreia no cinema no papel de Durvalina, ao lado de Anselmo Duarte e Tônia Carrero.

Rapidamente tornou-se uma das principais atrizes da Companhia Cinematográfica Vera Cruz e brilhou nos filmes "Terra é Sempre Terra", onde ganhou o Prêmio Saci de melhor atriz, "O Cangaceiro", com o qual Marisa Prado tornou conhecida internacionalmente, e "Candinho".

Marisa Prado foi casada durante um curto período com o cineasta e produtor Fernando de Barros. Viveu e filmou na Espanha e na França. Seu primeiro filme, "Orgulho", rendeu-lhe o prêmio de melhor atriz estrangeira, seguindo-se mais de uma dezena de outros em Portugal, México e Cuba.

Em 1958, Marisa Prado fez "Uma Chica de Chicago" e conheceu o embaixador cubano em Paris, com quem casou-se, passando a viver na França onde abandonou o cinema.

Em uma temporada em Monte Carlo, Marisa Prado se envolveu com um milionário Libanês, o conde Charies Gabriel de Chedid, e acabou se casando com ele.

Esteve no Brasil em 1981, saudável mas infeliz. Quatro meses depois, um telegrama do marido comunicou sua morte súbita ocorrida no Cairo, Egito, aos 51 anos de idade, em circunstâncias nunca totalmente esclarecidas. Segundo seu marido libanês, ela atravessava uma forte crise de depressão.

Filmografia

  • 1963 - No Temas A La Ley ... Flora
  • 1963 - Plaza De Oriente ... María Luisa
  • 1963 - Aquí Está Tu Enamorado
  • 1962 - Los Secretos Del Sexo Débil
  • 1961 - ¡Que Padre Tan Padre!
  • 1961 - As Pupilas Do Senhor Reitor ... Margarida
  • 1960 - Mundo, Demonio y Carne
  • 1960 - Una Chica De Chicago
  • 1960 - Nada Menos Que Un Arkángel ... La Joven Americana
  • 1960 - El Traje De Oro
  • 1959 - María De La O
  • 1959 - La Rebelión De Los Adolescentes
  • 1959 - Vida Sin Risas
  • 1956 - Tarde De Toros ... Isabel
  • 1955 - Orgullo ... Laura
  • 1954 - Candinho ... Filoca
  • 1953 - O Cangaceiro ... Olívia
  • 1952 - Tico-Tico No Fubá ... Durvalina
  • 1952 - Terra É Sempre Terra ... Lina

Fonte: Wikipédia
Indicação: Reginaldo Monte

Alberto Cavalcanti

ALBERTO DE ALMEIDA CAVALCANTI
(85 anos)
Diretor, Roteirista, Cenógrafo, Engenheiro de Som, Montador e Produtor

* Rio de Janeiro, RJ (06/02/1897)
+ Paris, França (23/08/1982)

Alberto Cavalcanti foi um dos maiores cineastas brasileiros de todos os tempos. É também o diretor nacional mais conhecido no exterior. Durante 60 anos, o cineasta dirigiu e produziu mais de 120 filmes em países como França, Inglaterra, Itália e Alemanha. Trabalhou também nos Estados Unidos e em Israel. Em Paris, na década de 1920, ele viveu e participou dos Movimentos de Vanguarda que transformaram as artes para sempre.

Alberto Cavalcanti foi um dos principais precursores do Realismo e do Naturalismo no cinema. Fez uma obra política, preocupada com abordagens de cunho social. Denunciou injustiças, desigualdades, desilusões e as frustrações do ser humano. No Brasil, Alberto Cavalcanti realizou apenas seis filmes: três como diretor e três como produtor. Trabalhou nos estúdios da Vera Cruz, na segunda metade da década de 1940 e foi decisivo para a profissionalização e para o salto qualitativo que o cinema nacional deu a partir de então.

A trajetória de Alberto Cavalcanti se entrelaça com a própria história do cinema. Artista e artesão apaixonado, fez de tudo: foi cenógrafo, engenheiro de som, roteirista, montador, diretor e produtor, acompanhando as grandes rupturas representadas pela passagem do filme mudo ao sonoro e do filme em preto e branco ao colorido. Grande experimentador, utilizou sem preconceitos quase todas as tecnologias fílmicas. Trabalhou ainda na televisão e no teatro e deu aulas na Universidade da Califórnia.

Carioca de família pernambucana, Alberto Cavalcanti iniciou sua carreira em Paris, onde se especializou em cenografia, depois de estudar Belas Artes e Arquitetura na Suíça. Após trabalhar com Marcel L’Herbier e Louis Delluc, dirigiu seu primeiro filme em 1926, ao qual se seguiram dezenas de curtas-metragens.

Com o advento do cinema falado foi contratado pela Paramount e realizou versões sonoras, em francês e português, de 21 filmes produzidos em Hollywood. Suas teorias inovadoras sobre a função de ruídos e palavras na narrativa cinematográfica atraíram a atenção de produtores ingleses.


Alberto Cavalcanti mudou-se para Londres em 1934, onde ajudou a desenvolver o documentário moderno. Durante a guerra, especializou-se em longas de ficção, incluindo um clássico do horror, "Na Solidão da Noite", e uma adaptação do romance Nicholas Nickleby, de Charles Dickens. Voltou ao Brasil no final dos anos 40, após ter trabalhado em 10 países europeus durante 36 anos.

Em 1949, já no Brasil, participou da criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, SP, fundamental para que o cinema nacional desse um salto de qualidade técnica, sendo convidado a tornar-se o produtor-geral da empresa. Em novembro do mesmo ano, foi à Europa e contratou vários técnicos para virem trabalhar na companhia. Depois de supervisionar a produção de dezenas de longas, como "Caiçara" (1950) e "Terra é Sempre Terra" (1951) e produziu, até o meio, "Ângela" (1951). Ficou descontente por não poder falar como gostaria de temáticas brasileiras.

Fora dos estúdios da Vera Cruz, dedicou-se à elaboração de um anteprojeto para o Instituto Nacional de Cinema, a pedido do então presidente Getúlio Vargas.

Na Cinematográfica Maristela, em São Paulo, o cineasta dirigiu "Simão, o Caolho" (1952). No final do ano de 1952, Alberto Cavalcanti e mais um grupo de capitalistas compram a Cinematográfica Maristela, a qual muda de nome para Kino Filmes e passa a ter como diretor-geral, Alberto Cavalcanti. Ainda em 1952, escreveu o livro "Filme e Realidade". Criticado por sua ideologia de esquerda e inconformado com o marasmo da vida cultural brasileira, voltou à Europa onde dirigiu "O Senhor Puntilla e Seu Criado Matti", adaptação da peça de Bertolt Brecht.

Na Kino Filmes, ele realizou as obras "O Canto do Mar" (1953), refilmagem, no Recife, do europeu "En Rade" (1927), e "Mulher de Verdade" (1954), dois grandes fracassos. Por não ter como continuar pagando as prestações, a Kino Filmes foi devolvida aos antigos proprietários em 1954.

Com o fim da Kino Filmes, Alberto Cavalcanti foi trabalhar na TV Record e depois estreou, no Brasil, como diretor teatral. Em dezembro de 1954, Alberto Cavalcanti partiu para a Europa, contratado por um estúdio austríaco.

Alberto Cavalcanti tinha orgulho de só haver produzido filmes de cunho social. Trabalhou ainda na Itália e na Áustria, concluindo sua carreira na televisão francesa, nos anos 70. Morreu em Paris, em 1982.


Filmografia

  • 1925 - Le Train Sans Yeux
  • 1926 - Rien Que Les Heures
  • 1927 - En Rade
  • 1927 - Yvette
  • 1929 - La Jalousie Du Barbouille (Curta-Metragem)
  • 1929 - La P'tite Lilie (Curta-Metragem)
  • 1929 - Le Capitaine Fracasse
  • 1929 - Le Petit Chaperon Rouge
  • 1929 - Vous Verrez La Semaine Prochaine
  • 1930 - Toute Sa Vie
  • 1930 - A Canção do Berço (Portugal)
  • 1931 - Dans Une Ile Perdue
  • 1931 - Les Vacances Du Diable
  • 1931 - A Mi-Chemin Du Ciel
  • 1932 - En Lisant Le Journal (Curta-Metragem)
  • 1932 - Le Jour Du Frotteur (Curta-Metragem)
  • 1932 - Nous Ne Ferons Jamais Le Cinema (Curta-Metragem)
  • 1932 - Revue Montmartroise (Curta-Metragem)
  • 1932 - Tour De Chant (Curta-Metragem)
  • 1933 - Coralie Et Cie
  • 1933 - Le Mari Garçon
  • 1933 - Plaisirs Defendus (Curta-Metragem)
  • 1934 - New Rates (Curta-Metragem)
  • 1934 - Pett And Pott (Curta-Metragem)
  • 1934 - SOS Radio Service (Curta-Metragem)
  • 1935 - Coal Face (Curta-Metragem)
  • 1936 - Message From Geneva (Curta-Metragem)
  • 1937 - The Line To Tschierva Hut
  • 1937 - We Live in Two Worlds (Curta-Metragem)
  • 1937 - Who Writes To Switzerland
  • 1938 - Four Barriers (Curta-Metragem)
  • 1939 - The First Days (documentário)
  • 1939 - Men Of The Alps (Curta-Metragem)
  • 1939 - Midsummer Day's Work (Curta-Metragem)
  • 1941 - Yellow Caesar (Curta-Metragem)
  • 1941 - Young Veteran (Curta-Metragem)
  • 1942 - Went The Day Well?
  • 1942 - 48 Hours
  • 1942 - Alice In Switzerland (Curta-Metragem)
  • 1942 - Film And Reality
  • 1943 - Watertight (Curta-Metragem)
  • 1944 - Champagne Charlie
  • 1945 - Dead Of Night
  • 1947 - Nicholas Nickleby
  • 1947 - They Made Me A Fugitive
  • 1948 - Affairs Of A Rogue
  • 1949 - For Them That Trespass
  • 1952 - Simão, O Caolho
  • 1953 - O Canto Do Mar
  • 1954 - Mulher De Verdade
  • 1955 - Herr Puntila Und Sein Knecht Matti
  • 1957 - Castle In The Carpathians
  • 1958 - La Prima Notte
  • 1960 - The Monster Of Highgate Pond
  • 1967 - Thus Spake Theodor Herzl


Carlota Pereira de Queiroz

CARLOTA PEREIRA DE QUEIROZ
(90 anos)
Médica, Escritora, Pedagoga e Política

* São Paulo, SP (13/02/1892)
+ São Paulo, SP (14/04/1982)

Carlota Pereira de Queiroz foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Ela participou dos trabalhos na Assembléia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935.

Era filha de José Pereira de Queiroz e de Maria V. de Azevedo Pereira. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1926,  ocasião em que recebeu o Prêmio Miguel Couto pela sua tese  "Estudos Sobre o Câncer".

Chefe do laboratório de clínica pediátrica da Faculdade de Medicina de São Paulo em 1928, foi comissionada pelo governo de São Paulo em 1929 para estudar Dietética Infantil em centros médicos da Europa. 

Membro da Associação Paulista de Medicina de São Paulo, Association Française Pour l'Étude du Cancer, Academia Nacional de Medicina e Academia Nacional de Medicina de Buenos Aires. Fundou a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, em 1950.


Na Política, a Primeira Deputada

Durante a Revolução Constitucionalista, movimento de contestação à Revolução de 1930, ocorrido em São Paulo em 1932, organizou, à frente de 700 mulheres, a assistência aos feridos. Em maio de 1933, foi a única mulher eleita deputada à Assembléia Nacional Constituinte, na legenda da Chapa Única por São Paulo.

Na Constituinte, Carlota integrou a Comissão de Saúde e Educação, trabalhando pela alfabetização e assistência social. Foi de sua autoria o primeiro projeto sobre a criação de serviços sociais, bem como a emenda que viabilizou a criação da Casa do Jornaleiro e a criação do Laboratório de Biologia Infantil.

Seu mandato foi em defesa da mulher e das crianças. Trabalhava por melhorias educacionais que contemplassem melhor tratamento as mulheres. Além disso, publicou uma série de trabalhos em defesa da mulher brasileira.

Após a promulgação da Constituinte em 17 de julho de 1934, teve o seu mandato prorrogado até maio de 1935. Ainda em 1934, ingressou no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Eleita pelo Partido Constitucionalista de São Paulo, no pleito de outubro de 1934, permaneceu na Câmara até 1937, quando foi instaurado o Estado Novo por Getúlio Vargas quando o mesmo  fechou o Congresso Nacional (1937-1945). Durante esse período lutou pela redemocratização do país.

Segue abaixo o discurso proferido por ela em 13 de março de 1934:

"Além de representante feminina, única nesta Assembléia, sou, como todos os que aqui se encontram, uma brasileira, integrada nos destinos do seu país e identificada para sempre com os seus problemas. (…) Acolhe-nos, sempre, um ambiente amigo. Esta é a impressão que me deixa o convívio desta Casa. Nem um só momento me senti na presença de adversários. Porque nós, mulheres, precisamos ter sempre em mente que foi por decisão dos homens que nos foi concedido o direito de voto. E, se assim nos tratam eles hoje, é porque a mulher brasileira já demonstrou o quanto vale e o que é capaz de fazer pela sua gente. Num momento como este, em que se trata de refazer o arcabouço das nossas leis, era justo, portanto, que ela também fosse chamada a colaborar. (…) Quem observar a evolução da mulher na vida, não deixará por certo de compreender esta conquista, resultante da grande evolução industrial que se operou no mundo e que já repercutiu no nosso país. Não há muitos anos, o lar era a unidade produtora da sociedade. Tudo se fabricava ali: o açúcar, o azeite, a farinha, o pão, o tecido. E, como única operária, a mulher nele imperava, empregando todas as suas atividades. Mas, as condições de vida mudaram. As máquinas, a eletricidade, substituindo o trabalho do homem, deram novo aspecto à vida. As condições financeiras da família exigiram da mulher nova adaptação. Através do funcionalismo e da indústria, ela passou a colaborar na esfera econômica. E, o resultado dessa mudança, foi a necessidade que ela sentiu de uma educação mais completa. As moças passaram a estudar nas mesmas escolas que os rapazes, para obter as mesmas oportunidades na vida. E assim foi que ingressaram nas carreiras liberais. Essa nova situação despertou-lhes o interesse pelas questões políticas e administrativas, pelas questões sociais. O lugar que ocupo neste momento nada mais significa, portanto, do que o fruto dessa evolução."

Teve valiosa participação na Revolução Constitucionalista de 1932 lutando pelos ideais democráticos defendidos por São Paulo.


Academia Nacional de Medicina

Eleita membro da Academia Nacional de Medicina em 1942, fundou, oito anos depois, a Academia Brasileira de Mulheres Médicas, da qual foi presidente durante alguns anos. Apoiou o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, em 1964.

Escritora

Foi escritora e historiadora, com as publicações "Um Fazendeiro Paulista no Século XIX" e "Vida e Morte de um Capitão".

Homenagens

Homenageada com o monumento intitulado "Carlota Pereira de Queiroz", na Praça Califórnia, bairro de Pinheiros, Zona Oeste da Capital de São Paulo e com a Avenida Drª Carlota Pereira de Queiroz, no distrito de Socorro, localizado na região Sul de São Paulo.

Nelson Caruso

NELSON CARUSO
(43 anos)
Ator

* Rio de Janeiro, RJ (1939)
+ Itacuruçá, RJ (15/02/1982)

Nelson Caruso foi um ator brasileiro de cinema e televisão. Foi casado com com a atriz Íris Bruzzi, com quem teve um filho, Marcelo Bruzzi Caruso, que mora e foi político nos Estados Unidos. De seu primeiro casamento com Sandra de Viçoso Jardim, teve dois filhos: Nelson Frederico Jardim Caruso e Carlos Frederico Jardim Caruso. Seu último casamento foi com a atriz Rose Rondelli.

Nelson Caruso começou sua carreira em 1970 com a novela Irmãos Coragem de Janete Clair.  No cinema sua estréia foi no filme O Grande Gozador, em 1972. Ao lado de Íris Bruzzi, atuou no filme Um Soutien Para o Papai.

Nelson Caruso faleceu durante o carnaval de 1982 vítima de um Ataque Cardíaco quando mergulhou numa piscina no Hotel Charles, em Itacuraçá no Estado do Rio.


Televisão

  • 1980 - Chico City
  • 1979 - Feijão Maravilha
  • 1979 - Memórias de Amor ... Alfredo
  • 1979 - Pai Herói
  • 1978 - Sinal de Alerta ... Norival
  • 1978 - O Pulo do Gato ... Olivares
  • 1977 - Espelho Mágico ... Roberto
  • 1974 - A Barba Azul ... Tony Duarte
  • 1973 - Divinas & Maravilhosas ... Fred
  • 1972 - Uma Rosa Com Amor ... Dr. Antoninho
  • 1971 - Minha Doce Namorada
  • 1970 - A Próxima Atração
  • 1970 - Irmãos Coragem ... Cláudio


Cinema


  • 1981 - O Beijo no Asfalto
  • 1980 - Prova de Fogo
  • 1977 - O Crime do Zé Bigorna
  • 1976 - Senhora
  • 1976 - O Ibraim do Subúrbio
  • 1976 - Tem Alguém na Minha Cama
  • 1975 - Um Soutien Para Papai
  • 1972 - O Grande Gozador

Fonte: Wikipédia

General Zerbini

EURYALE DE JESUS ZERBINI
(74 anos)
Militar

* (1908)
+ (1982)

Foi um general-de-brigada do Exército, irmão do médico Euryclides de Jesus Zerbini. Foi casado com Therezinha Zerbini, uma das líderes do movimento pela anistia. Foi comandante em Caçapava, Quitaúna, e da Divisionária de Lorena.

No Golpe Militar de 1964, o general Zerbini, assumiu uma posição legalista. Enveredou pelo Vale do Paraíba rumo ao Rio de Janeiro. Pretendia confrontar as tropas favoráveis ao golpe dos generais Olympio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, que tinham partido de Minas Gerais também em direção ao Rio de Janeiro. Porém, na medida em que Zerbini foi caminhando, a adesão ao golpe por parte dos generais foi se multiplicando, de modo que Zerbini se encontrou isolado no meio do Vale do Paraíba e como resultado teve de entregar-se, não tinha mais como resistir. Foi preso e logo reformado.

A estrada SP-66 antiga Rio-São Paulo recebe em um dos seus trechos, o nome de Rodovia General Euryale de Jesus Zerbini. Guaratinguetá, sua terra natal, também lembrou o militar dando o seu nome a uma das ruas da cidade. Os municípios de São Paulo e Jacareí também homenagearam o general Zerbini.

Fonte:  Wikipédia

Dom Carlos Motta

CARLOS CARMELO DE VASCONCELOS MOTTA
(92 anos)
Bispo e Arcebispo

* Bom Jesus do Amparo, MG (16/07/1890)
+ Aparecida, SP (18/09/1982)

Foi um sacerdote católico brasileiro, vigésimo quarto bispo do Maranhão e seu segundo arcebispo, décimo quinto bispo de São Paulo, sendo seu terceiro arcebispo e primeiro cardeal. Foi também o primeiro arcebispo de Aparecida.

Era filho de João de Vasconcellos Teixeira da Motta e de Francisca Josina dos Santos Motta.

Estudos

Realizou seus estudos fundamentais na Fazenda da Prata, na paróquia de Taquaraçu, Caeté, Minas Gerais. Estudou humanidades no Colégio Matosinhos, dos Irmãos Maristas, em Congonhas do Campo.

Em 1904, matriculou-se no seminário menor de Mariana, saindo após breve período. Entre 1910 e 1911 cursou a Faculdade de Direito de Belo Horizonte. Em 1914 matriculou-se no seminário maior.

Presbiterado

Foi ordenado presbítero no dia 29 de junho de 1918, por Dom Silvério Gomes Pimenta, arcebispo de Mariana. Celebrou sua primeira missa, em Taquaruçu, a 7 de julho de 1918.

Atividades Antes do Episcopado

Após ser ordenado, foi nomeado vigário coadjutor de Taquaruçu, onde permaneceu por seis meses. Depois foi nomeado capelão do Asilo São Luís da Serra da Piedade.

Foi depois capelão do Recolhimento das Macaúbas, e trabalhou nas paróquias de Caeté e Sabará. Foi reitor do seminário de Belo Horizonte até 1932.

Episcopado

Em 29 de julho de 1932 foi eleito bispo-titular de Algiza e auxiliar da Arquidiocese de Diamantina, aos 42 anos.

Recebeu a ordenação episcopal em 30 de outubro de 1932, na Igreja Matriz de São José, em Belo Horizonte, sendo sagrante principal Dom Antônio dos Santos Cabral, arcebispo de Belo Horizonte, e consagrantes: Dom Ranulfo da Silva Farias, então bispo de Guaxupé, e Dom Antônio Colturato, então bispo de Uberaba.

Em 19 de dezembro de 1935 foi nomeado arcebispo do Maranhão, onde permaneceu por oito anos.

Em 13 de agosto de 1944, aos 54 anos, foi nomeado arcebispo de São Paulo, da qual tomou posse por procuração a 7 de setembro do mesmo ano. No dia 16 de novembro fez sua entrada solene na Igreja de Santa Ifigênia, então catedral provisória. Em 18 de abril de 1964, aos 73 anos, foi nomeado primeiro arcebispo de Aparecida, cargo que exerceu até sua morte, em 18 de setembro de 1982, aos 92 anos.

Cardinalato

No Consistório do dia 18 de fevereiro de 1946, presidido pelo Papa Pio XII, na Basílica de São Pedro, Dom Carlos Motta foi criado cardeal-presbítero, do título de São Pancrácio. Como cardeal, participou de dois conclaves, o de 1958 e o de 1963.

Atividades e Contribuições

Dom Carlos Motta foi administrador da Arquidiocese de Diamantina, de 1933 a 1934. No Maranhão, criou o Colégio Marista de São Luís, orfanatos, hospitais e um leprosário. Instalou diversas congregações religiosas. Promoveu a criação das dioceses de Caxias e Pinheiro, sendo administrador desta última entre 1940 e 1944.

Preocupadíssimo com a formação católica dos universitários, o Dom Carlos Motta criou em 18 de março de 1946 a Faculdade Paulista de Direito, núcleo inicial da Universidade Católica, que a 10 de maio de 1945 teve seu primeiro reitor nomeado, Dom Gastão Liberal Pinto e foi instalada a 2 de setembro de 1946. Em 1947, o Papa Pio XII, lhe concede o título de Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no antigo convento carmelita, no bairro de Perdizes.

Dom Carlos Motta estimulou, em São Paulo o Movimento Familiar Cristão e a Ação Católica, que ganhou grande força na década de 1950 do século XX.

Em 14 de outubro de 1952, foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Empenhou-se muito para concluir as obras da nova catedral, inaugurando-a, a 25 de janeiro de 1954, ainda sem as torres, durante as comemorações do quarto centenário da cidade de São Paulo. A catedral teve seus sinos e o carrilhão abençoados, pelo cardeal Motta, a 6 de janeiro de 1959.

Em 2 de março de 1956 fundou a Rádio Nove de Julho, em comemoração aos oitenta anos do Papa Pio XII. Preocupado em aumentar o número de sacerdotes, o cardeal Motta promoveu entre 4 e 9 de novembro de 1957 o Segundo Congresso Nacional da Vocações Sacerdotais. O cardeal procurou implantar e incentivar as reformas do Concílio Vaticano II na arquidiocese.

A Arquidiocese de Aparecida, no Vale do Paraíba, havia sido erguida a 19 de abril de 1958 e o Cardeal Motta era seu administrador apostólico, desde então. A 25 de abril de 1964, foi ele nomeado para ser o primeiro arcebispo daquela sede.

Em Aparecida, o cardeal assumiu, com grande empenho, a construção do novo santuário nacional da padroeira do Brasil.

Curiosidades

  • Seu pai João de Vasconcelos Teixeira da Motta foi deputado durante o Império.
  • Foi o cardeal Motta quem escolheu pessoalmente o nome de Brasília para ser a nova Capital Federal da nação. Em 3 de maio de 1957, e celebrou a 1ª missa em Brasília.
  • Foi o primeiro presidente da CNBB, de 1952 a 1958.
  • Foi arcebispo de São Paulo por 20 anos, criando mais de 100 paróquias.
  • Participou de dois conclaves: do Papa João XXIII e do Papa Paulo VI.

Bispos Ordenados

O cardeal Motta foi o principal sagrante dos seguintes bispos:
  • Dom Luís Gonzaga Peluso
  • Dom Francisco Prada Carrera
  • Dom João Batista Costa
  • Dom Antônio Maria Alves de Siqueira
  • Dom Manuel Pedro da Cunha Cintra
  • Dom Paulo Rolim Loureiro
  • Dom Afonso Maria Ungarelli
  • Dom João Resende Costa
  • Dom Romeu Alberti

E foi consagrante de:
    • Dom Rodolfo das Mercês de Oliveira Pena
    • Dom Filipe Benedito Condurú Pacheco
    • Dom Luís Gonzaga da Cunha Marelim
    • Dom Francisco Xavier Elias Pedro Paulo Rey

    Fonte: Wikipédia

    Edu da Gaita

    EDUARDO NADRUZ
    (65 anos)
    Compositor e Gaitista

    * Jaraguão, RS (13/10/1916)
    + Rio de Janeiro, RJ (23/08/1982)

    Eduardo Nadruz, artisticamente conhecido por Edu da Gaita, nasceu na cidade gaúcha de Jaguarão em 13 de outubro de 1916, filho de imigrantes árabes.

    Seu primeiro contato com a harmônica de boca cercou-se do mesmo sentido casual e despreocupado com que todo menino procurava as melodias conhecidas no despretensioso instrumento.

    1940
    No ano de 1926 chegava à cidade de Pelotas um certo professor Charles, representante da fábrica de gaitas Hohner, que promoveu um concurso do qual tomaram parte cerca de 300 alunos dos colégios Gonzaga e Pelotense. Charles fez uma eliminatória oferecendo um prêmio de 200 mil réis ao primeiro colocado. Foram selecionados 15 finalistas que participariam do espetáculo a ser realizado no Teatro GuaraniEdu era um deles.

    No dia da decisão o teatro estava lotado. Pela ordem de apresentação Edu seria o último a tocar. Um garoto de Dom Pedrito, Simplício Garcia, arrancou aplausos frenéticos da platéia ao executar o tango argentino El Panuelito Blanco e era o franco favorito.

    O público foi se tornando cada vez mais irreverente com os outros candidatos que eram freqüentemente interrompidos por apupos e gritos de "Simplício já ganhou!", e foi nesse clima que chegou a vez de Edu. A platéia continuava gritando mas, indiferente, Edu iniciou sua apresentação com uma seleção de trechos de óperas que começava com a Tosca emendando com Fausto, Rigoleto, Madame Butterfly, La Traviata, Cavalaria Rusticana e para finalizar, a protofonia de O Guarani, sendo que essa última surpresa levou o público ao delírio. Aclamado como vencedor, foi carregado em triunfo pelas ruas da cidade e arrematou o prêmio de 200 mil réis.

    1953
    Em janeiro de 1933, o pai de Edu atravessava uma fase bastante negativa em seus negócios e resolveu enviar o filho mais velho a São Paulo com o objetivo de conseguir um emprego e ajudar nas despesas da família:

    "Tens aqui 300 mil réis. Foi o máximo que pude arranjar. Vai tentar a tua vida. Não quero saber como, mas tenho absoluta confiança em ti".

    Compenetrado da empreitada que estava assumindo e ciente do clima de hostilidade para com os gaúchos em São Paulo no após Revolução de 1932, Edu foi primeiramente para Santos, seguindo logo após para a capital.

    Munido de algumas cartas de apresentação dadas pelo amigo Nassif Miguel, dirigiu-se à famosa Rua 25 de Março, tradicional reduto da colônia árabe em São Paulo. Apesar disso, a resposta era sempre a mesma:

    "Eu sei que você é filho de patrícios mas esse problema de ser gaúcho é que atrapalha tudo. Nós não podemos nos comprometer."

    O ambiente de frieza era total. O dinheiro dado pelo pai havia acabado e a dona da pensão deu-lhe um prazo de quinze dias para pagar o aluguel ou ir embora. Em pânico, Edu arrumou sua mala e deixou a pensão descendo a Rua Quintino Bocaiúva em direção à Rua Direita. Atingiu a Avenida São João entrando pela Rua São Bento e, ao descer a Ladeira do Martinelli, parou subitamente. Na esquina de Líbero Badaró com Avenida São João um homem soprava uma gaita enquanto um outro recolhia uns trocados.

    1959
    A lembrança de sua infância imediatamente veio à tona mas era preciso arrumar uma gaita. Onde? De mala em punho, dirigiu-se à tradicional Casa Manon que distava cerca de cem metros de onde se encontrava e perguntou ao vendedor:

    "O senhor tem gaitas para vender?"

    O balconista o olhou de alto a baixo e desconfiado chamou o gerente. Edu insistiu na pergunta e o gerente respondeu:

    "Esse instrumento não vende... ninguém toca... tenho um estoque antigo aí."

    Imediatamente Edu fez uma proposta perguntando-lhe que comissão poderia receber caso vendesse as gaitas do estoque. Combinaram trinta por cento.

    Eram duas dúzias de gaitas e após escolher uma delas, Edu começou a tocar na porta da loja. Em menos de duas horas todas estavam vendidas. Vitorioso, o menino com então 17 anos, iniciou sua vida como músico ambulante. Seu primeiro repertório era composto da fantasia lírica, nome que passou a dar à seleção de trechos de óperas com a qual havia ganho o concurso, além de alguns tangos e rancheiras.

    Em 1934, um grupo de amigos o convidou para acompanhá-los numa viagem de carro ao Rio de Janeiro, aonde chegou em pleno sábado de carnaval desembarcando na porta da Galeria Cruzeiro, atual Edifício Avenida Central.

    O clima do Rio de Janeiro era bem mais acolhedor e o ambiente cultural fervilhava. No famoso Café Nice, rapidamente se integrou com os famosos nomes da época. Mário Lago, Luiz Barbosa, Frazão, Nássara, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Custódio Mesquita, Lamartine Babo, Braguinha, Jorge Murad e Nônô foram os primeiros que conheceu.

    1973
    No mesmo ano, foi levado à Rádio Mayrink Veiga onde conheceu César Ladeira que o contratou para fazer o prefixo de um novo programa, sendo escolhido o tema de "O Gordo e o Magro". Há no entanto um problema – disse César Ladeira. Eduardo Nadruz é anti-radiofônico... Após pensar um pouco, sugeriu: "Que tal Edu e sua gaita? Edu é apelido de Eduardo, nome curto e incisivo!" - arrematou. A partir daquele momento, como num passe de mágica, Eduardo foi transformado em Edu da Gaita pelo mesmo homem que deu o nome de Pequena Notável à Carmem Miranda.

    Seu novo emprego não duraria no entanto mais do que dois meses, pois uma limitação técnica do antigo instrumento não lhe permitia grande variação do repertório. As antigas gaitas de boca não possuíam a chave de meio tom. Era como tocar num piano só com as teclas brancas. Apesar de demitido, insistiu se apresentando em circos, na porta de cinemas, teatros e restaurantes.

    Entre 1935 e 1939, tudo o que um homem pudesse imaginar no sentido de garantir o seu sustento pessoal aconteceu a Edu: Camelô, pianista de bordel, secretário de bookmaker, cantor de tangos, datilógrafo e vendedor de livros didáticos, isso entremeado com apresentações esporádicas com sua gaita.

    Músico Excêntrico
    Em princípios de 1937, foi convidado a participar do espetáculo no Cassino Copacabana, porém era necessário apresentar a carteira profissional. Dirigiu-se ao ministério do trabalho onde ocorreu um diálogo que deu lugar à concessão de um dos documentos mais surrealistas da história da música profissional do Brasil:

    "Impossível! O homem não tem profissão definida, diz que é tocador de gaita... isso não existe em nenhuma categoria musical ou artística!"

    Chega um outro e comenta:

    "Seu Furtado, se o homem faz música é músico... seja em que instrumento for. Quem toca piano é pianista, violino é violinista, gaita só pode ser gaitista..."

    Furtado mais uma vez argumentou que a classificação tinha que ser como músico e não como instrumentista e, após uma calorosa discussão, entregou a Eduardo Nadruz a carteira profissional número 70.748, série 27, determinando sua condição de "Músico Excêntrico" (em 1948, já famoso e reconhecido, foi emitida a segunda via, ratificando a primeira).

    1979
    Mais uma vez o novo emprego não duraria muito e pela mesma razão: a limitação técnica da harmônica de boca e por isso, no início de 1939, Edu resolveu deixar de vez o instrumento que lhe atormentava. Entretanto, não tinha coragem de dizer que o abandonara.

    Certo dia, ao chegar no Café Nice foi surpreendido por uma pergunta de Nônô:

    "Edu, você não toca mais aquela gaitinha?"

    Edu respondeu que o problema era a falta de recursos técnicos do instrumento. Na mesa ao lado, o guitarrista da famosa orquestra de Romeu Silva - Fernando - ouvia o diálogo e interviu:

    "Acabei de chegar da feira mundial de Nova York e lá, por uma questão de curiosidade, comprei uma gaita que tem uma chave ao lado que, quando acionada sobe meio tom na afinação original."

    Edu segurou as mãos de Fernando e começou a gritar:

    "Ela existe, nunca me enganei! Estou salvo!"

    Às nove horas da noite, Fernando retornou trazendo um estojo com uma gaita cromática de 64 vozes. Trêmulo, Edu quase não consegui abri-lo. Pegou a gaita, olhou o instrumento, acionou a chave e soprou levemente. Em sua volta, em plena rua do Rio de Janeiro, compositores, músicos, cantores, garçons e fregueses no Café Nice aguardavam ansiosos a demonstração. Edu começou a tocar e um fato surpreendente ocorreu: tudo o que estava armazenado no seu subconsciente foi sendo executado o que arrancou aplausos da platéia improvisada.

    Ainda em 1939, Sílvio Caldas o leva para a Rádio Mayrink Veiga, agora em definitivo, onde trabalharia durante onze anos.

    Edu gravando seu ultimo disco - Eldorado Studios - 1980
    Apresentado ao dono do Cassino da Urca - Joaquim Rolla - foi contratado porém começaria com uma experiência no Cassino Icaraí, onde no entanto não permaneceria por mais de três meses devido a um sério desentendimento motivado pela falta de apoio às suas pretensões como solista. Jaime Redondo, o diretor artístico, entendia que suas apresentações eram apenas uma questão de curiosidade e nunca de uma arte definida. Enfim, uma excentricidade de pouca duração.

    Ao retornar para o Rio de Janeiro na barca da Cantareira, o artista estava plenamente convencido de que o desentendimento com Jaime Redondo era apenas o início de uma luta que perduraria por toda a sua vida.

    Na Rádio Mayrink Veiga, as coisas não eram muito diferentes e então Edu procurou o superintendente da emissora, Edmar Machado, e o fez ver que sua carreira estava ameaçada, pois necessitava de orquestrações para poder se desenvolver mais seriamente. Era preciso de uma vez por todas quebrar aquele "tabu". Edmar concordou, mas não sabia como resolver o problema.

    Ao sair do escritório, um músico que entrava na sala de Edmar para pedir um "vale" e tinha ouvido a conversa disse-lhe: "Quero conversar com você. Me espere."

    Esse músico chamava-se Printeas Passos, na época um dos maiores trombonistas do Brasil. Atuava na orquestra da Rádio Mayrink Veiga e era uma das atrações do conjunto do célebre Fon-Fon - "jamais escrevi uma orquestração para ninguém, mas tenho certeza que não terei dificuldade. Quer tentar comigo?"

    Foram para o estúdio e Edu executou uma seleção de melodias espanholas que incluía La Leyenda Del Beso, Lady Of Spain, La Violetera e El Relicário. Passos pediu um prazo de duas semanas e ao fim desse período, concluiu o trabalho que foi coroado de pleno êxito, conquistando inclusive a aprovação dos músicos da orquestra.

    Edu consertando gaitas
    Inaugurava-se a partir daquele momento, uma nova fase da carreira de Edu. A fantasia espanhola abriu o caminho para uma série de outras orquestrações que o fariam retornar ao Cassino da Urca, agora como atração principal, onde permaneceu até o fechamento do jogo em 1946.

    No período compreendido entre outubro e dezembro de 1945, um fato ocorrido no Estúdio A da Rádio Mayrink Veiga mudaria em definitivo o destino artístico de Edu que se deparou com um violinista – João Corrêa de Mesquita - ensaiando o Moto Perpétuo de Paganini...

    "O que é isso Mesquita, vai tocar o Moto Perpétuo?" - perguntou.

    Mesquita respondeu que não. Somente tinha o hábito de ensaiar aquela peça para melhorar sua técnica. Edu se interessou... Será que eu conseguiria tocar pelo menos alguns compassos em meu instrumento?

    "Bem, alguns você poderá executar, mas se você conseguisse tocar todo o Moto Perpétuo seria uma proeza, pois você se tornaria o primeiro músico no mundo a soprá-lo..."

    Naquela época, Edu já havia se tornado famoso ao apresentar em sua modesta harmônica aquilo que dela não se esperava. Tendo evoluído em seus estudos e pesquisas, considerou que poderia figurar dentro de âmbito mais responsável e, motivado pelo entusiasmo e pelo futuro que vislumbrava para justificativa da presença de sua harmônica no cenário artístico mundial, resolveu empreender a suprema escalada de sua carreira profissional.

    Onze anos de estudos foram precisos para a conquista da peça na qual se esbarra com as tremendas dificuldades representadas por 2400 notas, executadas sem pausa de espécie alguma, num tempo máximo de 4 minutos.

    Em junho de 1956, Edu gravou na íntegra o célebre Moto Perpétuo de Paganini no tempo recorde de 3 minutos e 21 segundos, tornando-se o primeiro em toda a história da música instrumental de sopro a alcançar essa façanha, demonstrando indiscutivelmente as possibilidades técnicas de seu instrumento. Mais do que a conquista pessoal, o seu grande objetivo era demonstrar que a harmônica de boca é um instrumento completo que deveria figurar no mesmo nível dos outros. Infelizmente, ainda hoje a gaita de boca é um instrumento "sem cátedra" ou seja, não é estudado e ensinado nas escolas de música.

    Edu da Gaita
    Sua luta não foi totalmente em vão: em 22 de novembro de 1958, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, acompanhado pela Orquestra Sinfônica Brasileira e em primeira audição mundial, Edu executou o concerto para harmônica de boca e orquestra de Radamés Gnattali, sob a regência do autor, ganhando o prêmio de música erudita conferido pela Prefeitura do Rio de Janeiro naquele mesmo ano. Isso significa que uma literatura musical da mais alta relevância já foi iniciada, abrindo caminho para que a modestíssima harmônica se transforme num instrumento definido e respeitado. Edu ainda trabalharia durante longos anos na Rádio Nacional e se apresentaria também em excursões pelo exterior.

    A partir do final da década de 60, o país que tanto amou e ao qual dedicou a conquista do Moto Perpétuo e todo o restante de sua obra, começou a esquecê-lo. Edu no entanto nunca quis deixar sua pátria, apesar dos conselhos dos amigos e, na solidão de sua casa, mesmo abandonado, continuou se dedicando com afinco à arte que jamais aviltou ou vendeu. Morreu pobre e nobre.

    "A música foi a razão da minha vida."

    Essas foram, literalmente suas últimas palavras, ditas na manhã de 22 de agosto de 1982, após uma homenagem proporcionada por seu filho, esposa e alguns poucos amigos, que reproduziram num pequeno gravador o Moto Perpétuo de Paganini, aplaudindo artista que ainda teve forças para agradecer.

    Em 23 de agosto, falecia Eduardo Nadruz, um dos maiores músicos que o Brasil já teve.

    O resgate de sua obra tem importância não apenas para a preservação da cultura nacional, mas também para divulgar de uma forma mais ampla, inclusive em outros países - onde seu trabalho ainda é praticamente inédito - o nível técnico que é possível atingir com a harmônica de boca, permitindo que outros no futuro possam sucedê-lo e até mesmo superá-lo.

    Fonte: Edu da Gaita