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Yolanda Penteado

YOLANDA DE ATALIBA NOGUEIRA PENTEADO
(80 anos)
Fazendeira e Mecenas 

* Leme, SP (06/01/1903)
+ Stanford, Estados Unidos (14/08/1983)

Yolanda de Ataliba Nogueira Penteado era membro de umas das famílias mais tradicionais da aristocracia brasileira, filha de Juvenal Leite Penteado e de Guiomar de Ataliba Nogueira, descendendo por seu pai de João Corrêa Penteado e Izabel Paes de Barros.

Nasceu na riquíssima Fazenda Empyreo, no município de Leme, São Paulo, sendo fazendeira sensível aos rumos da produção rural no Brasil, e amante e incentivadora das artes, mulher pioneira e grande colecionadora. Também costumava frequentar a famosa casa do senador José de Freitas Valle, o senhor da Villa Kyrial, no bairro de Vila Mariana em São Paulo, o salão cultural mais importante da capital paulista, no início do século XX, sendo um dos idealizadores da Semana da Arte Moderna, em 1922, onde abrigou grandes nomes da arte, como Lasar Segall, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Sarah Bernhardt e tantos outros.

Sobrinha de Olívia Guedes Penteado, "Baronesa do Café" e também grande patronesse das artes de São Paulo, na década de 1920, teve um rápido relacionamento afetivo com o aviador e patrono da Aeronáutica Alberto Santos Dumont no fim de sua adolescência. Aos 16 anos conhece Assis Chateaubriand, um jovem jornalista de 27 anos, com quem estabelece uma amizade duradoura e que abusada, mas carinhosamente, a chamava de a "caipirinha de Leme", justo a ela, uma aristocrata refinada.

Yolanda Penteado e Ciccillo exibem óleo de G. De Chirico - (Banco de Dados: Folhapress)
Em 1921 casou-se com com Jayme da Silva Telles, amigo de sua família, de quem se desquitou após 13 anos, causando polêmica em São Paulo, e, em 1943, casou-se no México (ou "mexicou", como se dizia na ocasião, pois não era uma união válida no Brasil), com o ítalo-brasileiro Francisco Matarazzo Sobrinho, conhecido como Ciccillo, uma pessoa muito rica e influente na época.

Não tiveram filhos, pois Yolanda Penteado tinha "útero infantil", e jamais poderia engravidar. Era extremamente ligada aos sobrinhos, especialmente à sobrinha Marilu Pujol Penteado Novaes, filha de Juvenal Penteado e Odila Pujol Penteado, que se casou com Otávio Novaes, filho da renomada pianista Guiomar Novaes. Marilu faleceu em desastre automobilístico aos 27 anos, exatamente quando se dirigia à Fazenda Empyreo

O casamento com Ciccillo Matarazzo, em 1947, dá início a seu envolvimento com as artes plásticas, gosto que compartilha com Assis Chateaubriand, que nesse ano inaugura o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), em área na sede de seus Diários Associados.

Yolanda Penteado testando um invento de seu amigo Santos Dumont
Numa temporada em Davos, na Suíça, para recuperação da saúde de seu marido, ele e Yolanda Penteado conhecem o pintor Alberto Magnelli, que os assessora na aquisição da coleção de arte que iria formar o acervo inicial do Museu de Arte Moderna de São Paulo, fundado pelo casal em 1948. Na Itália adquirem o "Auto-Retrato", de Modigliani, e "O Cavalo", de Marino Marini.  

Inspirada nos moldes da Bienal de Veneza, a 1ª Bienal Internacional de São Paulo foi inaugurada em 20 de outubro de 1951, organizada por Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, com 1.800 obras e 21 países e, na 2ª Bienal, em dezembro de 1953, trouxeram de Nova York, onde estava guardada esperando o fim da ditadura de Franco para seu retorno a Espanha, a obra "Guernica", de Pablo Picasso, como presente à cidade de São Paulo, nos seus 400 anos, comemorados em 25 de janeiro de 1954.

Teve importante papel no estabelecimento do Museu de Arte Moderna de São Paulo e das Bienais, inclusive doando sua coleção particular e generosos recursos ao Museu de Arte Contemporânea da USP e colaborou com Assis Chateaubriand no Museu de Arte de São Paulo e na implantação dos Museus Regionais (Olinda, Campina Grande e Feira de Santana).

Médici abraçando Yolanda Penteado, em 1971 (Fonte: Estadão)
Yolanda Penteado ajudou na organização da 5ª Bienal, em 1959, com destaque para 30 telas de Vincent van Gogh. Em 1961, desligou-se da bienal e se separou de Ciccillo Matarazzo, com quem viveu por 14 anos.

Em 1962 a Bienal Internacional de São Paulo se dissocia do MAM/SP, com a criação da Fundação Bienal, e o patrimônio do museu foi transferido para a Universidade de São Paulo, dando origem ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP).

Em 1975 Yolanda Penteado escreveu sua biografia, intitulada "Tudo Em Cor-de-Rosa", com prefácio de Sérgio Buarque de Holanda.

Não foram poucas as marcas profundas deixadas por Yolanda Penteado, assim como abundam os episódios com personalidades e mesmo de sua vida pessoal, tal como a separação de Ciccillo Matarazzo ou a venda da Fazenda Empyreo, ao senador Pedro Piva, e a tristeza da área que restou dela, cortada pela rodovia.

A lendária Fazenda Empyreo, hoje propriedade da família Piva, no município de Leme, interior de São Paulo, tinha escritura em nome de Yolanda Penteado. Não era de marido nenhum, era dela.

Yolanda Penteado morreu vítima de câncer em 1983.


Minissérie é Inspirada em Yolanda Penteado

A minissérie "Um Só Coração", de Maria Adelaide Amaral, conta a história de São Paulo por meio de Yolanda Penteado. O papel de Yolanda Penteado foi de Ana Paula Arósio. Já o papel de Guiomarita, irmã de Yolanda Penteado, foi da estreante Gabriela Hess, de 28 anos, descendente direta de Yolanda Penteado. Guiomarita era sua bisavó na vida real.

Blecaute

OTÁVIO HENRIQUE DE OLIVEIRA
(63 anos)
Cantor e Compositor

*  Espírito Santo do Pinhal, SP (05/12/1919)
+  Rio de Janeiro, RJ (09/02/1983)

O mais carioca dos paulistas, como ele mesmo se dizia, durante quase 40 anos, ajudou a animar, com seu sorriso muito branco, a voz e a ginga de corpo, a maior festa popular brasileira. Era a figura ilustre que abria o Carnaval carioca, sábado de manhã, na Cinelândia: "Eu não gosto de carnaval. Eu sou o Carnaval".

Era também conhecido pela alcunha de "General da Banda", devido a seu maior sucesso.

Em 1925, aos seis anos, órfão de pai e mãe, foi para São Paulo. Teve uma infância difícil em São Paulo. Foi engraxate, entregador de jornais, biscateiro.

Em 1933, participou do programa de calouros "A Peneira de Ouro", na Rádio Tupi. Em 1941, já cantava na Rádio Difusora, adotando o nome artístico, sugerido por Capitão Furtado, de Black-Out, aportuguesado para Blecaute, devido a sua etnia negra.

Em 1942, contratado pela Rádio Tamoio, foi para o Rio de Janeiro. Lá apresentou-se também na Rádio Mauá e na Rádio Nacional.

Em 1944 participou, como cantor, do filme "Tristezas Não Pagam Dívidas" e gravou o primeiro disco, "Eu Agora Sou Casado".

O Carnaval de 1949 trouxe os grandes sucessos "O Pedreiro Valdemar" (Wilson Batista e Roberto Martins) e "General da Banda" (Tancredo Silva, Sátiro de Melo e José Alcides), que lhe valeria a alcunha que carregaria para o resto da vida.

Em 1954, faria participações nos filmes "Malandros em Quarta Dimensão", de Luiz de Barros, e "O Rei do Movimento", de Victor Lima e Hélio Barroso.

Morte

Blecaute morreu aos 63 anos de idade às 12:45 hs do dia 09/02/1983, após uma prolongada doença. Ele estava internado no Hospital Cardoso Fontes em Jacarepaguá, Rio de Janeiro. Foi enterrado mo Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Blecaute estava afastado do mundo artístico por conta de sua saúde se encontrar debilitada. Ele sofria de Hipertensão Arterial e, segundo os médicos do Hospital Cardoso Fontes, onde estava internado, originou outros males. No atestado de óbito constam como causas da morte, além da  Hipertensão Arterial, Choque Cardiogênito, Cardiopatia Hipertensiva, Insuficiência Renal Crônica e Hemorragia Subaracnóide.

Blecaute viveu os últimos anos em sérias dificuldades financeiras, com saúde extremamente debilitada. "Tudo isso é assim mesmo", dizia conformado. Um anos antes de morrer, artistas realizaram um show beneficente. Sabia que não realizaria mais o antigo sonho que nutriu a vida inteira: um LP reunindo todos os seus sucessos de carnaval.

Discografia

  • 1944 - Minha Tereza / Eu Agora Sou Casado
  • 1947 - Opa.. Opa… / Dona Maria
  • 1948 - O Biriba Esteve Aqui / Carioca Bonita
  • 1948 - Chegou a Bonitona / Zing-zing-bum
  • 1948 - Vote! Que Mulher Bonita! / Que Samba Bom
  • 1948 - Pedreiro Waldemar / Desce, Favela
  • 1949 - Moreninha, Moreninha / Meu Guarda-Chuva
  • 1949 - Oito Mulheres / Baiana Tereza
  • 1949 - Rei Zulu / O Presidente Chegou
  • 1949 - General da Banda / Marcha do "O"
  • 1949 - Leilão de Ali Babá / Salve Mangueira
  • 1950 - Ave-Maria / Rosinha, Vem Cá
  • 1950 - Joãozinho Boa-Pinta / Meu Doce de Côco
  • 1951 - Ai Cachaça / Papai Adão
  • 1951 - Borocochô / Onda Vai, Onda Vem
  • 1951 - Dia dos Namorados / O Delegado Quer Prender o Antônio
  • 1951 - Mambo no Samba / Fã Número 1
  • 1951 - Sujeito Sem Jeito / Televisão
  • 1951 - Borboleta Dourada / Que Coisa Boa!
  • 1951 - Maria Candelária / Não Dou Cartaz
  • 1952 - Santo Antônio Não Gosta
  • 1952 - Pedido à São João / Calvário do Amor
  • 1953 - Dona Cegonha / Rico Vai na Chuva
  • 1953 - A Banca do Guarda / Não Agüento Essa Mulher
  • 1953 - Santo Antonio Sabe / Tim Tim o Lá Lá
  • 1953 - A Dor Que Mais Dói / Primeiro Eu
  • 1953 - Escravo da Obrigação / Papagaio Falador
  • 1953 - Ai Meu Senhor / Piada de Salão
  • 1954 - Marina Sapeca / Primeira Valsa
  • 1954 - Caridade / Cabrocha
  • 1954 - Batuque dos Meninos / Samambaia Pegou Fogo
  • 1955 - Lágrimas / Maria Escandalosa
  • 1955 - Napoleão Boa Boca / Velha Guarda
  • 1955 - Quem Será? / Agarradinho
  • 1955 - Torcedor do Mengo
  • 1955 - Minha Senhora / Ingrata Rosinha
  • 1955 - Linguagem do Povo / Use a Cabeça
  • 1955 - Natal das Crianças / Noiva Querida
  • 1956 - Ressurreição / Marcha das Fãs
  • 1956 - Mulher é Aquela / Maria Champanhota
  • 1956 - Vou-me Embora Sá Dona / A Vez do Bobo
  • 1956 - Baião de Minas Gerais / A Mulher do Palhaço
  • 1956 - Mambo Bacana / Carla
  • 1957 - Aquele Amor / Lavadeira
  • 1957 - Inventor da Mulata / Meu Coração Soluçou
  • 1957 - Ambição / Lá Vem Ela
  • 1957 - Mambo Carioca / Triste Recordação
  • 1957 - Canção da Mamãe
  • 1957 - Se Papai Fosse Eleito / História de Sempre
  • 1957 - Decisão Amarga / Rei dos Reis
  • 1958 - Tô de Prontidão / Serenou, Serenou
  • 1958 - Chora, Doutor / Volta Redonda
  • 1958 - Está Chegando o General / Rebola Feola
  • 1959 - Um Romance em Brasília / Samba do Play-Boy
  • 1959 - Natal de Jesus / Feliz Ano Novo
  • 1959 - É Pra Todo Muno Cantar
  • 1960 - Banho Diferente / A Sogra Vem Aí
  • 1960 - Sem Mulata é Fogo / Balançou, Balançou
  • 1960 - Rosa Errante / Quero Morrer no Rio
  • 1961 - Samba da Cor
  • 1961 - Acabou a Sopa / Direitos Iguais
  • 1961 - Mulher Toda Hora / A Casa Oficial
  • 1961 - Maria Brasília
  • 1962 - Na Boca do Povo
  • 1968 - Carnavália - Museu da Imagem e do som LP
  • 1993 - Carnaval - Sua História e Sua Glória, Vol. 9
  • 1994 - Carnaval - Sua História e Sua Glória, Vol. 11

Fonte: Wikipédia

Humberto Mauro

HUMBERTO MAURO
(86 anos)
Cineasta

* Volta Grande, MG (30/04/1897)
+ Volta Grande, MG (05/11/1983)

Humberto Mauro foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Fez filmes entre 1925 e 1974 sempre com temas brasileiros.

Filho de Gaetano Mauro, imigrante italiano, e de Teresa Duarte, mineira culta e poliglota, ele nasceu na Zona da Mata mineira dois anos depois da histórica sessão cinematográfica promovida pelos irmãos Lumière, em Paris. Quando criança, mudou-se com a família para Cataguases.


O Começo: O Ciclo de Cataguases

Desde cedo se dedicou à música, tocando o violino e o bandolim. Interessado também em mecânica, ingressou no curso de engenharia em Belo Horizonte, que abandonou um anos depois para voltar a Cataguases. Como as linhas de transmissão de eletricidade chegavam à região, trabalhou na instalação de energia elétrica nas fazendas.

Foi para o Rio de Janeiro em 1916, onde trabalhou como eletricista, retornando a Cataguases em 1920. Neste mesmo ano casou com Maria Vilela de Almeida (Dona Bebê), com quem permaneceu casado pelo resto da vida.

Em 1923, passou a se interessar por fotografia. Adquiriu uma câmera Kodak de Pedro Comello, pai da atriz Eva Nill, imigrante italiano a quem convenceu a se instalar em Cataguases como fotógrafo e de quem se tornaria amigo inseparável. Ambos compartilhavam de uma paixão pelo cinema, principalmente pelos filmes americanos de aventura. Admirava D.W. Griffith e King Vidor.

Em 1925, Humberto Mauro e Pedro Comello compraram uma câmara cinematográfica de 9,5 mm, marca Pathé, com a qual Humberto Mauro filmou um curta-metragem cômico de apenas 5 minutos de duração. Mostraram esse filme a comerciantes locais, tentando convencê-los a investir numa companhia produtora de filmes em Cataguases. Com o apoio financeiro de Homero Domingues compraram uma câmara de 35 mm e centenas de metros de filme. Mas o filme que resolveram fazer ficou inacabado.

Ainda em 1925, com a participação do negociante Agenor Cortes de Barros, fundaram em Cataguases a Phebo Sul América. Em 1926 realizam "Na Primavera da Vida" e em seguida "Thesouro Perdido", um filme nos moldes dos filmes de aventura americanos, com muitas e complicadas cenas de ação. Foi premiado como o melhor filme brasileiro de 1927. Este filme contou com a única participação nas telas da mulher de Humberto Mauro, com o nome artístico de Lola Lys.

Com o sucesso de "Thesouro Perdido", Humberto Mauro pôde ampliar sua produtora, rebatizada de Phebo Brasil, e desenvolver filmes de acordo com sua visão pessoal. Seu trabalho seguinte, "Brasa Dormida", é uma bem sucedida mistura de aventura e romance, com excelente aproveitamento dos cenários naturais, em que não falta uma excitante, para os padrões da época, cena erótica. Lançada em 1929, foi distribuída para todo o país.

Seu longa-metragem seguinte, seu último para a  Phebo Brasil, "Sangue Mineiro" é considerado sua obra-prima em Cataguases. Lançado em julho de 1929, percorreu todo o país com sucesso de crítica e público. Aqui ele deixa de lado a aventura e faz um filme intimista, em que os únicos conflitos são os do coração.

Humberto Mauro manteve estreitas ligações com poetas e escritores modernistas da época, especialmente com os integrante do chamado Movimento Verde. Criado em Cataguases após a Semana de Arte Moderna de 1922, tinha como integrantes Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Ascânio Lopes e Guilhermino César, dentre outros, que eram responsáveis pela edição da Revista Verde, um dos marcos da literatura modernista brasileira.

Humberto Mauro e Ronaldo Werneck (1975)
Cinédia

Com o surgimento da Cinédia, em 1929 ele vai para o Rio de Janeiro e começa a trabalhar com Adhemar Gonzaga, dirigindo as primeiras produções do estúdio, "Barro Humano" e "Lábios Sem Beijos", mostrando domínio na técnica do cinema falado.

O sucesso desses filmes tornou a Cinédia o estúdio mais importante da época. Em 1931 foi lançado "Mulher", na qual Humberto Mauro atuou como câmera, cabendo a direção a Octavio Gabus Mendes. Seu filme seguinte, "Ganga Bruta", teve dificuldades na sua realização que se prolongou de 1931 a 1933. Era um filme de estrutura narrativa revolucionária para a época, com flashbacks e cortes rápidos.

Depois de dirigir a "Voz do Carnaval" (1933), seu primeiro musical, troca a Cinédia pela Brasil Vita Filmes (1934), um estúdio fundado pela atriz Carmen Santos, estrela de vários filmes de Humberto Mauro. Na nova casa, fez "Favela dos Meus Amores" (1935) e "Cidade Mulher" (1936).

Instituto Nacional do Cinema Educativo

A convite de Edgar Roquette-Pinto, Humberto Mauro se junta ao Instituto Nacional do Cinema Educativo, onde por décadas realizou documentários sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música.

Enquanto trabalhou no Instituto Nacional do Cinema Educativo, Humberto Mauro dirigiu apenas três longas metragens: "Descobrimento do Brasil" (1937), com música de Villa-Lobos, "Argila" (1940) e "Canto da Saudade" (1952), onde também trabalha como ator, num papel secundário.

Afastado do cinema desde 1974, quando fez o curta-metragem "Carro de Bois", passou a viver em seu sítio Rancho Alegre, em Volta Grande, onde morreu, aos 86 anos, quase que completamente cego, após uma forte pneumonia.

Humberto Mauro é autor do mais significativo ciclo regional do cinema brasileiro, iniciado em 1926 com "Na Primavera da Vida". Durante seus últimos anos de vida, Humberto Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados.

Mesmo sem dirigir, deu colaboração informal a cineastas como o próprio  Nelson Pereira, para quem escreveu os diálogos em tupi-guarani de "Como era Gostoso o Meu Francês", Paulo César Saraceni e Alex Vianny.

Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Em 1936 a carreira de Humberto Mauro sofreu mudança, ele se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquette-Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo e convidou Humberto Mauro. Filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: "Dia da Pátria", "Lição de Taxidermia", "Vacina Contra Raiva", "A Velha a Fiar" e "Higiene Doméstica", e, a série "As Brasilianas", na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

Fonte: Wikipédia

Gilberto Lima

GILBERTO LIMA
(40 anos)
Radialista e Locutor

* Varginha, MG (23/12/1942)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/08/1983)

Gilberto Lima iniciou a carreira numa emissora de sua cidade, a Sociedade Rádio Clube de Varginha no programa infantil chamado "Petizada Alegre" que também revelou outro talento bastante conhecido, o cantor Sílvio Brito. Além da apresentação do programa ele fazia locução de vários comerciais dos patrocinadores: Palácio do Lar, Café Dubom, Pastifício Santa Maria e Macarrão Cristal.

Ainda jovem foi para São Paulo e conseguiu ser contratado pela Rádio Piratininga. Nessa época, existe um fato curioso a ser relatado: Ele gravou um compacto com duas faixas em 1976 pela gravadora Continental mas desistiu da carreira de cantor. As duas músicas são "Dê-me Um Beijo" e "Você é Demaisss".

Foi para São Paulo contratado pela Rádio Globo do Rio de Janeiro em 15/11/1978 para cobrir férias dos comunicadores, até que conseguiu o seu próprio programa.

Gilberto Lima trabalhou com Sílvio Santos na Rádio Nacional. Em 1977, tornou-se narrador do programa de TV "Fantástico", da Rede Globo.

Foi casado com a cantora Bárbara Martins.

Sílvio Santos e Gilberto Lima
Morte

Gilberto Lima era epiléptico e morava sozinho em um apartamento próximo a Rádio Globo no Rio de Janeiro. E como ele não chegava ao local de trabalho, todo mundo desesperado começou a procura-lo. Logo depois tiveram a notícia que Gilberto Lima havia falecido vítima de asfixia. Estava dormindo e teve uma convulsão. Morreu em 17/08/1983 no auge da carreira aos 40 anos de idade.

Ângelo Antônio

ÂNGELO ANTÔNIO GUERRA POVOA
(44 anos)
Ator e Cantor

* Santana do Livramento, RS (16/06/1939)
+ Rio de Janeiro, RJ (23/09/1983)

O ator e cantor Ângelo Antônio fez vários filmes na década de 70, especialmante as pornochanchadas. A estréia do ator no cinema foi em 1966, ano em que atuou em quatro filmes: Essa Gatinha é Minha, 007 1/2 no Carnaval, Na Onda do Iê-Iê-Iê e Nudista à Força.

Em 1969, Ângelo Antônio atuou nos filmes: A Um Pulo da Morte, e A Penúltima Donzela.

Os filmes Pais Quadrados... Filhos Avançados e Um Uísque Antes, Um Cigarro Depois, também tiveram sua participação.

Em 1971, Ângelo Antônio participou dos filmes O Doce Esporte do Sexo, Bonga, o Vagabundo com Renato Aragão, Como Ganhar na Loteria sem Perder a Esportiva e Lua-de-Mel e Amendoim.

Em seguida, fez os filmes Ali Babá e os Quarenta Ladrões (1972), Um Virgem na Praça (1973), Banana Mecânica (1974), Ainda Agarro Essa Vizinha (1974), Uma Mulata Para Todos (1975), Costinha e o King Mong (1977), A Árvore dos Sexos (1977), As Aventuras de Robinson Crusoé (1978), Bonitas e Gostosas (1979), Nos Tempos da Vaselina (1979) e Um Marciano em Minha Cama (1981).

Ângelo Antônio participou da novela Cinderela 77 da TV Tupi, onde interpretou pela segunda vez, em novelas, um personagem motoqueiro. A primeira vez foi na novela O Primeiro Amor (1972), do mesmo autor, Walter Negrão.

Na novela O Primeiro Amor, Ângelo Antônio interpretou Mobi Dick, seu personagem mais conhecido do grande público. Mobi Dick fazia parte da Turma do Rafa, uma gangue de bad boys que andava de motocicletas pela cidade causando confusões. Os personagens eram vividos por Marcos Paulo (Rafa), Sérgio Mansur (Rica) e o cantor João Luiz Wildner (João).

O personagem Moby Dick é equivocadamente atribuído a outro ator com o mesmo nome: Ângelo Antônio, ex-marido de Letícia Sabatella que viveu o personagem Beija-Flor na novela O Dono do Mundo e Francisco no filme 2 Filhos de Francisco. Em 1972, quando foi exibida a novela O Primeiro Amor, Ângelo Antônio tinha apenas 8 anos de idade e não poderia ter interpretado o motoqueiro Mobi Dick.

Em 1973, Ângelo Antônio lançou pelo selo Continental, um LP, depois de ter gravado algumas músicas na Gravadora CID. Ângelo Antônio disputava uma faixa do mercado jovem e descompromissada, oferecendo composições com títulos em inglês: Becky Come Back, Mary Help, ou faixas já conhecidas, como Garota do Pasquim.

Ângelo Antônio fez parte do grupo musical Turma da Pesada.

Compôs, em parceria com Carlos Imperial, a música Pior Pra Ela.

Ângelo Antônio faleceu aos 44 anos de idade. Era casado com Yara Carvalho Fonseca e deixou um filho.

Não há registro sobre as causas de sua morte.


Alceu Amoroso Lima

ALCEU AMOROSO LIMA
(89 anos)
Crítico Literário, Professor, Escritor e Líder Católico

* Rio de Janeiro, RJ (11/12/1893)
+ Petrópolis, RJ (14/08/1983)

Filho de Manuel José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima, estudou no Colégio Pedro II, formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1913, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O paraninfo de sua turma foi o professor de Filosofia do Direito Sílvio Romero. Estagiou e advogou no escritório do advogado João Carneiro de Sousa Bandeira, que foi seu professor na Faculdade de Direito.

Adotou o pseudônimo Tristão de Ataíde, ao se tornar crítico em 1919 no O Jornal. O pseudônimo servia para distinguir a atividade de industrial da literária. Alceu Amoroso Lima então dirigia a Fábrica de Tecidos Cometa, que herdara de seu pai.

Casou-se com Maria Teresa de Faria, filha do escritor Alberto de Faria, que também foi membro da Academia Brasileira de Letras. O escritor e acadêmico Octávio de Faria era irmão de Maria Teresa e cunhado de Alceu Amoroso Lima. O escritor e acadêmico Afrânio Peixoto era casado com uma irmã de Maria Teresa de Faria, sendo assim concunhado de Alceu Amoroso Lima.

Alceu Amoroso Lima e Hamilton Nogueira em 1957.
Aderiu ao Modernismo em 1922, sendo responsável por importantes estudos sobre os principais poetas do movimento.

Após publicar seu primeiro livro, o ensaio "Afonso Arinos" em 1922, travou com Jackson de Figueiredo um famoso e fértil debate, do qual decorreu sua conversão ao catolicismo em 1928. Tornou-se um líder da Renovação Católica no Brasil.

Em 1932, fundou o Instituto Católico de Estudos Superiores, e, em 1937, a Universidade Santa Úrsula.

Após a morte de Jackson de Figueiredo, o substituiu na direção do Centro Dom Vital e da revista A Ordem.

Em 1941, participou da fundação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde foi docente de literatura brasileira até a aposentadoria em 1963.


Foi representante brasileiro no Concílio Vaticano II, o que o marcaria profundamente. Foi um dos fundadores do Movimento Democrata-Cristão no Brasil.

Publicou dezenas de livros sobre os temas mais variados. Morou na França e nos Estados Unidos no início da década de 50, onde foi diretor do Departamento de Assuntos Culturais da União Panamericana, cargo em que foi sucedido por Érico Veríssimo em 1952. Durante esse período, ministrou cursos sobre civilização brasileira em universidades inclusive na Sorbonne e nos Estados Unidos.

Tornou-se símbolo de intelectual progressista na luta contra às transgressões à lei e à censura que o Regime Militar após 1964 iria impor ao povo brasileiro.

Denunciou pela imprensa a repressão que se abatia sobre a liberdade de pensamento em sua coluna semanal no Jornal do Brasil e na Folha de São Paulo.

Patrocinou em múltiplas ocasiões as cerimônias de formatura de estudantes de diversas especializações que rendiam tributo à sua luta constante contra os regimes de caráter autoritário.

Foi reitor da então Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro e também membro do Conselho Nacional de Educação.


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 29/08/1935 para a cadeira 40 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Miguel Couto, sendo recebido em 14/12/1935 pelo acadêmico Fernando Magalhães.

Morte


Obras

Impõem-se ao olhar de quem lê os seus textos os termos interligados de pessoa, ser, liberdade, eterno e moderno. Estas palavras são recorrentes em muitos de seus livros.

  • 1927 - Estudos - Segunda Série
  • 1932 - Política
  • 1938 - Idade, Sexo e Tempo
  • 1938 - Elementos de Ação Católica
  • 1943 - Mitos de Nosso Tempo
  • 1946 - O Problema do Trabalho
  • 1951 - O Existencialismo e Outros Mitos de Nosso Tempo
  • 1953 - Meditações Sobre o Mundo Interior
  • 1962 - O Gigantismo Econômico
  • 1965 - O Humanismo Ameaçado
  • 1973 - Memórias Improvisadas
  • 1975 - Os Direitos do Homem e o Homem Sem Direitos
  • 1977 - Revolução Suicida
  • 1983 - Tudo é Mistério
Fonte: Wikipédia

Janete Clair

JANETE STOCCO EMMER DIAS GOMES
(58 anos)
Escritora, Autora de Novela

* Conquista, MG (25/04/1925)
+ Rio de Janeiro, RJ (16/11/1983)

Janete Clair, nome artístico de Jenete Stocco Emmer Dias Gomes, foi uma escritora brasileira, autora de peças teatrais, contos skatches, libretos e de folhetins para rádio e televisão. O sobrenome Dias Gomes é agregado pelo marido, o também escritor Dias Gomes.

Ainda na adolescência, na pequena e bucólica cidade de Conquista, no Triangulo Mineiro no vale do Rio Grande, próxima a Uberaba, em Minas Gerais, a jovem Jenete escrevia contos e fábulas, dando asas à sua incrível capacidade criativa. Por razões familiares e pelo avassalador desejo de mudanças, foi para São Paulo, onde muito jovem, (16, 17 anos) iniciou a carreira de rádio atriz na Rádio Tupi. Adotou o sobrenome artístico Clair, inspirada na música "Clair De Lune" de Claude Debussy.

Nos anos 50, incentivada pelo marido, o também dramaturgo Dias Gomes, passou a escrever radionovela e teve grande sucesso com "Perdão, Meu Filho", na Rádio Nacional, 1956.

Com  Dias Gomes, Janete Clair teve os filhos Guilherme, Alfredo, Denise e Marcos Plínio, este falecido ainda criança com dois anos e meio.

Na década de 1960 iniciou a produção para a televisão, com as telenovelas "O Acusador" e "Paixão Proibida", ambas pela TV Tupi. Em 1967, recebeu a incumbência de alterar a trama da telenovela "Anastácia, A Mulher Sem Destino", da TV Globo, para reduzir drasticamente as despesas de produção. Ela, então, inseriu na história um terremoto que matou a metade das personagens e destruiu a maior parte dos cenários (Em 1969, um incêndio na TV Excelsior de São Paulo destruiu cenários e grande parte do acervo). Depois disso, ficou em definitivo na TV Globo, onde escreveu algumas telenovelas como "Sangue E Areia", "Passo Dos Ventos", "Rosa Rebelde" e "Véu De Noiva".

Nos anos 70 escreveu algumas das telenovelas de maior sucesso, como "Irmãos Coragem" (1970), "Selva de Pedra" (1972) e "Pecado Capital" (1975), período este em que passou a ser chamada de "a maga das oito", por garantir grandes índices de audiência nas telenovelas exibidas neste horário.


Em 1978, parou o Brasil com a telenovela "O Astro", em torno do mistério de "quem matou Salomão Hayala?" , interpretado por Dionísio Azevedo. Janete Clair se tornou a maior autora popular da história da televisão do Brasil, a única a alcançar 100 pontos de audiência.

Morreu vitima de um Câncer no Intestino. Ao morrer, escrevia a telenovela "Eu Prometo", que deixou inacabada, sendo concluída pela colaboradora Glória Perez, que viria a tornar-se novelista e pelo seu viúvo Dias Gomes.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #JaneteClair

Mané Garrincha

MANUEL FRANCISCO DOS SANTOS
(49 anos)
Jogador de Futebol

☼ Pau Grande, RJ (18/10/1933)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/01/1983)

Manuel Francisco dos Santos, mais conhecido por Garrincha, foi um grande jogador de futebol brasileiro que se notabilizou por seus dribles desconcertantes apesar do fato de ter suas pernas tortas. É considerado um dos maiores jogadores da história do futebol de todos os tempos.

No auge de sua carreira, passou a assinar Manoel dos Santos, em homenagem a um tio homônimo, que muito o ajudou. Garrincha também é amplamente considerado como o maior driblador da história do futebol.

Garrincha, "O Anjo de Pernas Tortas", foi um dos heróis da conquista da Copa do Mundo de 1958 e, principalmente, da Copa do Mundo de 1962 quando, após a contusão de Pelé, se tornou o principal jogador do time brasileiro. Com Garrincha e Pelé jogando juntos, a seleção brasileira de futebol jamais perdeu uma partida sequer. A força do seu carisma ficou marcada rapidamente nas palavras do poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, numa crônica publicada no Jornal do Brasil, no dia 21 de janeiro de 1983, um dia após a morte do genial Garrincha:


"Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."

(Carlos Drummond de Andrade)

Pelé e Garrincha
Infância: O Apelido "Garrincha"

De origem humilde, com quinze irmãos na família, Manoel dos Santos era natural de Pau Grande, distrito de Magé, Rio de Janeiro. Sua irmã o teria apelidado de Garrincha, fazendo uma associação com um passarinho muito comum na região serrana de Petrópolis, conhecido por este nome.

As Pernas Tortas

Uma das características marcantes que envolvem a figura de Garrincha relaciona-se a uma distrofia física: as pernas tortas. Numa perspectiva frontal, por exemplo, sua perna esquerda, seis centímetros mais curta que a direita, era flexionada para o lado direito, e a perna direita, apresentava o mesmo desenho. Afirma Ruy Castro em seu livro que já teria nascido assim, mas há vários depoimentos no sentido que tal característica tenha sido sequela de uma poliomielite.

Com quatorze anos de idade começou a jogar no Esporte Clube Pau Grande e seu talento, já manifestado, despertou a atenção de Arati, um ex-jogador do Botafogo. Teve uma breve passagem pelo Serrano Foot Ball Club, time de Petrópolis, região serrana do Rio. Foi este o primeiro clube a pagar quantias em dinheiro para que Garrincha jogasse futebol. Após esta passagem pelo Serrano, foi treinar no time do Botafogo de Futebol e Regatas. Não se sabe com certeza quem o levou a fazer um teste no Botafogo, mas nos minutos iniciais do primeiro treino, ele teria dado vários dribles em Nílton Santos, o qual já era um renomado jogador.

Garrincha e Elza Soares
Vida Pessoal

Garrincha casou-se com Nair, namorada infância, com quem teve oito filhas. Separou-se dela e foi casado com Elza Soares por 15 anos. Os dois tiveram um filho, Manuel Garrincha dos Santos Junior (09/07/1977 - 11/01/1986), morto aos 9 anos de idade num acidente automobilístico. Nenem, o filho dele com Iraci, sua esposa antes de conhecer Elza Soares,  também morreu num acidente em Portugal em 20 de janeiro de 1992 aos 28 anos.

Jogador Profissional

Por praticamente toda a sua carreira, 95% das partidas, Garrincha defendeu o Botafogo, no período de 1953-1965, além da Seleção Brasileira de 1957-1966.

Já em fim de carreira jogou alguns meses no Sport Club Corinthians Paulista, (1966), no Clube de Regatas do Flamengo, (1969), e no Olaria Atlético Clube, porém já estava longe de seu auge. Integrou o elenco do Vasco, em um amistoso contra a seleção da cidade de Cordeiro, RJ, marcando um gol nesta partida. Sua contratação não foi fechada pela equipe cruzmaltina devido a sua má condição física e foi devolvido ao Sport Club Corinthians Paulista após o supracitado amistoso.

Jogou sessenta partidas pelo Brasil entre 1955 e 1966. Em todos os seus jogos, participou de apenas uma derrota (de 3 a 1 para a Hungria na Copa de 66).

Mesmo na Seleção Brasileira, Garrincha nunca abandonou sua forma irreverente de jogar. Voltava a driblar o jogador oponente, no mesmo lance, ainda que desnecessariamente, só pela brincadeira em si.

Nos clubes, jogou 614 vezes, marcando 245 gols pelo Botafogo e sua carreira profissional se prolongou de 1953 a 1972.

O último gol de Garrincha aconteceu no empate do Olaria Atlético Clube em 2 a 2 com o Comercial, dia 23 de março de 1972, no Estádio Palma Travassos em Ribeirão Preto. Foi, inclusive, o único gol de Mané pelo Olaria Atlético Clube.

Em 2010, torcedores do Botafogo custearam uma estátua de quatro metros e meio e cerca de 300 kg, ao custo de R$ 56.000,00 pagos ao artista plástico Edgar Duvivier. Essa estátua encontra-se hoje em frente ao Estádio João Havelange, onde o Botafogo manda seus jogos.

Já em novembro de 2011 durante a convenção mundial de futebol Soccerex, Eusébio, maior jogador português e contemporâneo tanto de Pelé quanto Garrincha, declarou abertamente que considerava Garrincha o melhor jogador de todos os tempos.

Garrincha foi considerado o mais habilidoso jogador que já existiu em todos os tempos sua capacidade de driblar e envolver seus adversários era impressionante. Pelo Brasil perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa da Seleção. Em 1998, foi escolhido para a seleção de todos os tempos da Fifa, em eleição que contou com votos de jornalistas do mundo inteiro.


A Morte

A bebida e problemas no joelho gerados pela ambição de inescrupulosos dirigentes, que o mantinham em campo á base de poderosas drogas, que também destruíam sua saúde, encurtaram a carreira de Mané. Uma artrose nos dois joelhos - uma espécie de desgaste entre o fêmur e a tíbia - acabaram a magia de Garrincha. Os dribles geniais exigiam muito dos joelhos. E a dor vinha a cada freada ou giro em cima do adversário. O mágico saía de campo.

Garrincha viveu os últimos anos de sua vida sem glamour. Levava uma vida simples, humilde e abandonado por aqueles que lucraram milhões com sua arte. O adeus veio aos 49 anos, depois de três casamentos e 13 filhos. Morria a alegria do povo em 20 de janeiro de 1983 vítima de problemas generalizados causados pelo excessivo consumo de álcool. A causa foi cirrose hepática.

Em seu epitáfio lê-se:

"Aqui jaz em paz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha"

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #Garrincha #ManeGarrincha

Altemar Dutra

ALTEMAR DUTRA DE OLIVEIRA
(43 anos)
Cantor e Compositor

☼ Aimorés, MG (06/10/1940)
┼ Nova York, Estados Unidos (09/11/1983)

Altemar Dutra de Oliveira, mais conhecido por Altemar Dutra, foi um cantor e compositor nascido em Aimorés, MG, no dia 06/10/1940.

Altemar Dutra foi sucesso em toda a América Latina, interpretando obras como "Sentimental Demais", "O Trovador", "Brigas" e "Que Queres Tu de Mim", boa parte das canções de autoria da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim. Foi progressivamente destacando-se no gênero musical bolero, e de fato, veio a ser aclamado como o Rei do Bolero no Brasil.  É considerado um dos maiores fenômenos da música romântica brasileira.

Ainda pequeno, sua família mudou para Colatina, ES. Nessa época, ganhou da mãe um violão, que aprendeu a tocar sozinho. Ainda na mesma cidade, apresentou-se pela primeira vez em público, no programa da Rádio Difusora de Colatina. Ficou em primeiro lugar e incentivado pelo sucesso que começava a fazer pela cidade, veio para o Rio de Janeiro com apenas 17 anos.


Altemar Dutra
chegou no Rio de Janeiro em 1957, trazendo uma carta de apresentação para o compositor Jair Amorim, que, percebendo o seu potencial, o apresentou a vários amigos do meio artístico. Tentou a sorte como crooner em boates e casas de espetáculos.

Começou então a se apresentar na boate Baccarat, porém, como ainda era menor de idade, teve que várias vezes se esconder do juizado de menores. A convite de Helena de Lima, que o ouvira cantar na boate Baccarat, passou a se apresentar, entre 1960 e 1965, na boate O Cangaceiro, uma das mais famosas da cidade. Nela fez amizade com várias pessoas do meio artístico, principalmente com os membros do Trio Irakitan. Foi, inclusive, Joãozinho, membro do trio, que o levou para a Odeon em 1963.

Lançou com sucesso o seu primeiro disco em 1963, no qual se destacou o bolero "Tudo de Mim", composição da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim. A partir daí, o cantor se tornou o intérprete ideal da dupla que sempre o requisitava para cantar suas composições, entre as quais "Que Queres Tu de Mim?", "O Trovador" e "Somos Iguais", todas com sucesso.

Em 1964 gravou com sucesso "Que Queres Tu de Mim" e "Serenata da Chuva".


Em 1965 lançou o LP "Sentimental Demais", com destaque para a música título, de
Evaldo Gouveia e Jair Amorim, que se tornou uma marca de seu repertório. Outro sucesso do disco foi "O Trovador", título que lhe valeria a denominação carinhosa usada pelos fãs.

Em 1966, gravou com grande sucesso a música "Brigas" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), com a qual, declarou em um programa na TV Globo, gostaria de ser lembrado no futuro.

Seu sucesso extrapolou as fronteiras nacionais e chegou à América Latina, com apresentações em vários países. As versões dos seus sucessos em espanhol chegaram a vender 500 mil cópias no continente, dando-lhe prestígio e fazendo com que gravasse com Lucho Gatica, um dos maiores ícones do bolero, o disco "El Bolero Se Canta Así".

A partir de 1969, começou a investir no mercado de música latino-americana nos Estados Unidos, obtendo vários êxitos e tornando-se um dos mais famosos cantores latinos neste país. No mesmo ano lançou o LP  "Trovador das Américas", no qual cantou diversas músicas em espanhol, além de "Espera" (Tito Madi) e "Ébrio de Amor" (Romancito Gomes e Palmeira).


Em 1971 gravou com sucesso "Que Será?" (Sebastião Ferreira da Silva, Fontana e Migliacci) e "Bloco da Solidão" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim).

Em 1977, no LP "Sempre Romântico", gravou "Os Olhinhos do Menino" (Luiz Vieira) e "Um Jeito Estúpido de Te Amar" (Isolda e Milton Carlos) e que foi sucesso na voz de Roberto Carlos.

Em 1981 lançou pela RCA Victor o LP "Eu Nunca Mais Vou Te Esquecer", com música título de Moacyr Franco, que alcançou grande sucesso.

Em 1988, a BMG lançou uma caixa de LPs intitulada "O Trovador", nome de um dos seus maiores sucessos. Posteriormente foi relançada em CD, com suas 60 faixas remasterizadas e com um detalhado livreto com a biografia do autor escrita pelo jornalista Egídio Grandinetti.

Em 2000, sua gravação da música "Brigas" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim) foi incluída na seleção "As Cem Melhores do Século da MPB" em votação de vários críticos musicais coordenada pelo crítico Ricardo Cravo Albin.

Morte

Altemar Dutra faleceu na quarta-feira, 09/11/1983, aos 43 anos, em New York, Estados Unidos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), no palco, enquanto se apresentava para a comunidade hispânica da cidade, na boate La Tanquera.

Altemar Dutra foi casado com a cantora Marta Mendonça, tendo dois filhos, Deusa Dutra e Altemar Dutra de Oliveira Júnior, este também seguiu a carreira artística.
#FamososQuePartiram #AltemarDutra

Clara Nunes

CLARA FRANCISCA GONÇALVES PINHEIRO
(40 anos)
Cantora

☼ Caetanópolis, MG (12/08/1942)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/04/1983)

Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, conhecida como Clara Nunes, foi uma cantora nascida em Caetanópolis, MG, no dia 12/08/1942, considerada uma das maiores intérpretes do país.

Pesquisadora da Música Popular Brasileira, de seus ritmos e de seu folclore, Clara também viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, ela se converteu à umbanda. Clara seria uma das cantoras que mais gravaria canções dos compositores da Portela, sua escola do coração. Também foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, derrubando um tabu segundo o qual mulheres não vendiam discos.

Caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes, Clara nasceu no interior de Minas Gerais, no distrito de Cedro - à época pertencente ao município de Paraopeba e depois esse distrito virou cidade e foi emancipado com o nome de Caetanópolis, onde viveu até os 16 anos.

Marceneiro na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, o pai de Clara era conhecido como Mané Serrador e também era violeiro e participante das festas de Folia de Reis. Mas Manuel morreu em 1944 e, pouco depois, Clara ficaria também órfã de mãe e acabaria sendo criada por sua irmã Maria Gonçalves, a Dindinha, e o irmão José, conhecido como Zé Chilau. Naquela época, Clara participava de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística. Lá também cantava ladainhas em latim no coro da igreja.

Segundo as suas próprias palavras, cresceu ouvindo Carmen Costa, Angela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.

Em 1952, ainda menina, Clara venceu seu primeiro concurso de canto organizado em sua cidade, interpretando "Recuerdos de Ypacaraí". Como prêmio, ganhou um vestido azul. Aos 14 anos, ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira, a mesma para o qual seu pai trabalhou.

Teve que se mudar para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim, por causa do assassinato de um namorado, cometido em 1957 por seu irmão Zé Chilau. Em Belo Horizonte, Clara trabalhou como tecelã durante o dia e fez o curso normal à noite.

Aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Naquela época, conheceu o violonista Jadir Ambrósio, conhecido por ter composto o hino do Cruzeiro. Admirado com a voz da jovem de 16 anos, Jadir Ambrósio levou Clara a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual ela se apresentou com o nome de Clara Francisca.

Mudança de Nome

No início da década de 1960, Clara conheceu também Aurino Araújo, irmão de Eduardo Araújo, que a levou para conhecer muitos artistas. Aurino também seria seu namorado durante dez anos. Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes, usando o sobrenome da mãe. Quando solteira se chamava Clara Francisca Gonçalves de Araújo, depois de casada que adotou o sobrenome Pinheiro.

Em 1960, já com o nome de Clara Nunes e ainda como tecelã, ela venceu a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC, com a música "Serenata do Adeus" (Vinicius de Moraes), gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Na final nacional do concurso realizada em São Paulo, Clara Nunes obteve o terceiro lugar com a canção "Só Adeus" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia).

A partir daí, Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte. Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Ela também passou a se apresentar como crooner em clubes e boates na capital mineira e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento, àquela altura conhecido como Bituca.

Naquela época, fez sua primeira apresentação na televisão, no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte.

Em 1963, Clara Nunes ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, chamado "Clara Nunes Apresenta" e exibido por um ano e meio. No programa se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, entre os quais Altemar DutraAngela Maria.

Clara Nunes morou em Belo Horizonte até 1965, quando se mudou para o Rio de Janeiro, passando a viver no bairro de Copacabana.

Os Primeiros Discos

Já no Rio de Janeiro, Clara Nunes se apresentava em vários programas de televisão, como "José Messias", "Chacrinha", "Almoço Com as Estrelas" e "Programa de Jair do Taumaturgo". Antes de aderir ao samba, Clara Nunes cantava especialmente boleros. Além de emissoras de rádios e televisão, ela também percorreu escolas de samba, clubes e casas noturnas nos subúrbios cariocas.

Ainda em 1965, ela passou por um teste como cantora na gravadora Odeon, onde registrou pela primeira vez a sua voz em um LP. O disco foi lançado pela Rádio Inconfidência, onde Clara Nunes trabalhou quando morava em Belo Horizonte, e contava com a participação de outros artistas, todos da Odeon.

Em 1966, Clara Nunes foi contratada por esta gravadora, a primeira e a única em toda a sua vida. Nesse mesmo ano, foi lançado o primeiro LP oficial da cantora, "A Voz Adorável de Clara Nunes". Por insistência da gravadora para que ela interpretasse músicas românticas, Clara  Nunes apresentou neste álbum um repertório de boleros e sambas-canções, mas o LP foi um fracasso comercial.

Em 1968, Clara Nunes gravou "Você Passa e Eu Acho Graça", seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título de Ataulfo Alves e Carlos Imperial foi seu primeiro grande sucesso radiofônico.

Em 1969, a Odeon lançou "A Beleza Que Canta", LP no qual a cantora interpretou "Casinha Pequena", uma canção de domínio público. Ainda em 1969, Clara Nunes ganhou o primeiro lugar no I Festival da Canção Jovem de Três Rios com a música "Pra Que Obedecer" (Paulinho da Viola e Luís Sérgio Bilheri) e ainda classificou a canção "Encontro" (Elton Medeiros e Luís Sérgio Bilheri) na terceira colocação. Ficou em oitavo lugar no IV Festival Internacional da Canção Popular com a música "Ave Maria do Retirante" (Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo), que foi lançada naquele mesmo ano em disco homônino.

Afirmação no Samba

Em 1970, Clara Nunes se apresentou em Luanda, capital angolana, em convite de Ivon Curi. No ano seguinte, a cantora gravou seu quarto LP, no qual interpretou "É Baiana" (Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), música que obteve considerável sucesso no carnaval de 1971, e "Ilu Ayê", samba-enredo da Portela, de autoria de Norival Reis e Silvestre Davi da Silva. Na capa do álbum, a cantora mineira fez um permanente nos cabelos pintados de vermelho e passou a partir daí a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.

Em 1972, Clara Nunes se firmou como cantora de samba com o lançamento do álbum "Clara Clarice Clara". Com arranjos e orquestrações do maestro Lindolfo Gaya e com músicos como o violonista Jorge da Portela e Carlinhos do Cavaco. O disco teve como grandes destaques as canções "Seca do Nordeste", um samba-enredo da escola de samba Tupi de Brás de Pina, "Morena do Mar" (Dorival Caymmi), "Vendedor de Caranguejo" (Gordurinha), "Tributo aos Orixás" (Mauro Duarte, Noca da Portela e Rubem Tavares) e a faixa-título "Clara Clarice Clara" (Caetano Veloso e Capinam). Ainda naquele ano, Clara Nunes se apresentou no Festival de Música de Juiz de Fora e gravou um compacto simples da música "Tristeza, Pé no Chão" (Armando Fernandes), que vendeu mais de 100 mil cópias.

A Odeon lançou em 1973 o disco "Clara Nunes". Nesse mesmo ano, a cantora estreou com Vinicius de Moraes e Toquinho o show "O Poeta, a Moça e o Violão" no Teatro Castro Alves, em Salvador. Também em 1973, Clara Nunes foi convidada pela Radiotelevisão Portuguesa para fazer uma temporada em Lisboa. Depois, percorreu alguns outros países da Europa, como a Suécia, onde gravou um especial ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo para a TV local.

Sucesso Comercial

Clara Nunes integrou a comissão que representou o Brasil no Festival do Midem, em Cannes no ano de 1974. Por lá, a Odeon lançou somente para o público europeu o disco "Brasília", que foi base para o LP "Alvorecer". Este álbum emplacou grandes sucessos como "Contos de Areia" (Romildo S. Bastos e Toninho Nascimento), "Menino Deus" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) e "Meu Sapato Já Furou" (Mauro Duarte e Elton Medeiros). O LP bateu recorde de vendagem para cantoras brasileiras, com mais de 300 mil cópias vendidas, um feito nunca antes registrado no Brasil. Ainda em 1974, a cantora atuou ao lado de Paulo Gracindo, em "Brasileiro Profissão Esperança", espetáculo de Paulo Pontes, referente à vida da cantora e compositora Dolores Duran e do compositor e jornalista Antônio Maria. O show ficou em cartaz no Canecão até 1975 e gerou o disco homônimo.

Também em 1975, a Odeon lançou ainda o LP "Claridade" com grandes sucessos como "O Mar Serenou" (Candeia) e "Juízo Final" (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). Este álbum se tornou o maior sucesso da carreira da cantora, batendo o recorde de vendagem feminina e alavancando o samba-enredo da "Portela na Avenida", "Macunaíma", "Herói da Nossa Gente" (Norival Reis e Davi Antônio Correia), com o qual a escola classificou-se em 5º lugar no Grupo 1. Ainda em 1975, Clara Nunes se casou com o poeta, compositor e produtor Paulo César Pinheiro e percorreu vários países da Europa em turnê.

Clara Nunes gravou o LP "Canto das Três Raças" em 1976. Além da faixa-título de autoria de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, grande sucesso na carreira da cantora, o disco contava ainda com "Lama" (Mauro Duarte), "Tenha Paciência" (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), "Riso e Lágrimas" (Nelson Cavaquinho, Rubens Brandão e José Ribeiro), "Fuzuê" (Romildo e Toninho) e "Retrato Falado" (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro).

Em 1977, a Odeon lançou o disco "As Forças da Natureza", um álbum mais dedicado ao Partido Alto. O LP teve como principais destaques a faixa-título, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, "Coração Leviano" (Paulinho da Viola) e "Coisa da Antiga" (Wilson Moreira e Nei Lopes). O disco ainda contou com a participação de Clementina de Jesus na faixa "PCJ - Partido da Clementina de Jesus" (Candeia) e lançou "À Flor da Pele", primeira composição de Clara Nunes, feita em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro.

Em 1978, foram lançados os álbuns "Guerreira", no qual Clara Nunes interpretou vários ritmos brasileiros além do samba, sua marca registrada, e "Esperança", com destaque para a faixa "Feira de Mangaio" (Sivuca e Glorinha Gadelha). Ainda em 1978, participou do LP "Vida Boêmia", de João Nogueira, no qual interpretou "Bela Cigana" (João Nogueira e Ivor Lancellotti), e esteve ao lado de Chico Buarque, Maria Bethânia e outros artistas, no show do Riocentro, que marcaria a história política brasileira devido à explosão de uma bomba.

Em 1979, Clara Nunes participou do LP "Clementina", de Clementina de Jesus. Naquele mesmo ano, a cantora mineira se submetia a uma Histerectomia (remoção do útero), após sofrer três abortos espontâneos, por causa dos miomas que possuía no útero. Também carregava problemas desse tipo desde a infância. Ela tentou de todos os métodos e não obtinha respostas. Por nutrir obsessão pela maternidade, a impossibilidade de ser mãe a fez sofrer muito, causando a Clara Nunes fortes abalos emocionais, superados pela entrega absoluta à carreira artística, a fazendo compor músicas belíssimas e de intensa carga emocional.

Últimos Anos de Vida

Em 1980, Clara Nunes gravou o álbum "Brasil Mestiço", que fez sucesso nas emissoras de rádio de todo o país com "Morena de Angola" (Chico Buarque), "Brasil Mestiço, Santuário da Fé" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), "Peixe Com Côco" (Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), "Última Morada" (Noca da Portela e Natal) e "Viola de Penedo" (Luiz Bandeira). Ainda em 1980, a cantora participou dos LPs "Cabelo de Milho" (Sivuca), "Fala Meu Povo" (Roberto Ribeiro) e viajou para Angola representando o Brasil ao lado de Elba Ramalho, Djavan, Dorival Caymmi, Chico Buarque, entre outros.

Gravou em 1981 o LP "Clara", com grande sucesso para a música "Portela na Avenida" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), com a participação especial da Velha Guarda da Portela nesta faixa, e estreou o show "Clara Mestiça", por Bibi Ferreira. Ainda naquele ano, a Odeon lançou uma coletânea intitulada "Sucesso de Ouro".

Em 1982, a Odeon lançou "Nação", o último álbum de estúdio da cantora. O LP teve como destaques "Nação" (João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio), "Menino Velho" (Romildo e Toninho), "Ijexá" (Edil Pacheco), "Serrinha" (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) - uma homenagem dos compositores à escola de samba Império Serrano e ao Morro da Serrinha, reduto do Jongo (manifestação cultural de africanos essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil), situadas em Madureira, subúrbio carioca. Ainda nesse ano, Clara Nunes se apresentou na Alemanha ao lado de Sivuca e Elba Ramalho, e participou do LP "Kasshoku", lançado no Japão pela gravadora Toshiba / EMI, gravando um especial para a emissora de TV NHK.

Morte Polêmica

Em 05/03/1983, Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes, mas a cantora acabou tendo uma reação alérgica a um componente do anestésico. Clara Nunes sofreu uma parada cardiorrespiratória e permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro.

Neste ínterim, Clara Nunes foi vítima de uma série de especulações que circulavam na mídia sobre sua internação, entre elas inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio, surra de seu marido Paulo César Pinheiro, porem há quem diga que Clara Nunes teria sito vitima de trabalhos espirituais realizados pelo bruxo Tio Chico, em episódio semelhante ao ocorrido na morte de Elis Regina, no ano anterior.

Na madrugada do Sábado de Aleluia, dia 02/04/1983, a poucos meses de completar 40 anos, Clara Nunes entrou oficialmente em óbito, vítima de um choque anafilático.

A sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, na época, foi arquivada, o que geraria por muitos anos suspeitas sobre as causas da morte da cantora.

O corpo de Clara Nunes foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da escola de samba Portela. O sepultamento ocorreu no Cemitério São João Batista e foi acompanhado por uma multidão de fãs e amigos.

Em sua homenagem, a rua em Madureira onde fica a sede da Portela, sua escola de coração, recebeu seu nome.

Após a Morte

Em 1986, a Velha Guarda da Portela interpretou "Flor do Interior" (Manaceia), uma das muitas músicas feitas em homenagem à Clara Nunes, no disco "Doce Recordação", produzido por Katsunori Tanaka e lançado no Japão. Outro compositor, Aluízio Machado, da Império Serrano, também compôs a música "Clara" em homenagem à cantora.

Em 1988, Maria Gonçalves, irmã mais velha de Clara Nunes, que passou a criar a cantora quando esta tinha apenas quatro anos, reuniu várias peças do vestuário, adereços e objetos pessoais da cantora, e criou uma sala que abriga o acervo de sua obra em um espaço físico com cerca de 120 metros, anexado à creche que leva o seu nome em Caetanópolis, MG.

Em 1989, a gravadora EMI-Odeon produziu a coletânea "Clara Nunes, O Canto da Guerreira". Também naquele ano, o selo WEA lançou para o mercado estadunidense o álbum "O Samba: Brazil Classics 2", com vários artistas e incluindo Clara Nunes.

Três anos depois, a EMI-Odeon lançou "Série 2 em 1", compilação em CD de dois LPs: "Brasil Mestiço" e "Nação", e a gravadora norte-americana World Pacific lançou "Best Of Clara Nunes" no mercado dos Estados Unidos.

Em 1993, o selo Som Livre lançou "Clara Nunes - 10 Anos" - em lembrança ao décimo aniversário de morte da cantora - e a EMI-Odeon lançou pela "Série 2 em 1" os discos "Adoniran Barbosa" e "Adoniram Barbosa e Convidados", este último também contou com a participação de Clara Nunes.

Esta mesma gravadora lançaria em 1994 as coletâneas "O Canto da Guerreira", "O Canto da Guerreira Volume 2" e "Meus Momentos". Ainda em 1994, a gravadora Saci lançou o álbum "Homenagem a Mauro Duarte", que contou com a voz de Clara Nunes, uma de suas maiores amigas e a sua principal intérprete.

Em 1995, a Odeon lançou "Clara Nunes Com Vida", álbum produzido por Paulo César Pinheiro e José Milton, no qual foram acrescidas as vozes de outros artistas como Emílio Santiago, Martinho da Vila, Chico Buarque, Nana Caymmi, Roberto Ribeiro, João Bosco, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Alcione, Marisa Gata Mansa, Paulinho da Viola, Angela Maria e João Nogueira, fazendo duetos com Clara Nunes, e "O Talento de Clara Nunes", outra coletânea.

Em 1996, a EMI-Odeon reeditou a obra completa de Clara Nunes, que incluíam 16 discos com as capas reproduzidas do original, remasterizados no Estúdio Abbey Road, em Londres, considerado o melhor do mundo.

Em 1999, a cantora Alcione gravou "Claridade", um álbum com os maiores sucessos da carreira da amiga.

Em 2001, foi apresentado no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o musical "Clara Nunes Brasil Mestiço", e no ano seguinte foi lançado o livro "Velhas Histórias, Memórias Futuras" de Eduardo Granja Coutinho, no qual o autor faz várias referências à cantora.

Em comemoração aos seus 60 anos, que seriam completados em 2003, a gravadora DeckDisc lançou "Um Ser de Luz - Saudação à Clara Nunes", álbum produzido por Paulão Sete Cordas e que contou com a participação de diversos artistas interpretando parte de seu repertório, como Mônica Salmaso (Alvorecer), Élton Medeiros (Lama), Rita Ribeiro (Morena de Angola), Mart'nália (Ijexá), Fafá de Belém (Sem Compromisso), Renato Braz (Menino Deus e Nação), Falamansa (Feira de Mangaio), Monarco e Velha Guarda da Portela (Peixe Com Côco), Cristina Buarque (Derramando Lágrimas), Dona Ivone Lara (Juízo Final), Nilze Carvalho (A Deusa dos Orixás), Teresa Cristina (As Forças da Natureza), Pedro Miranda (Candongueiro), Alfredo Del Penho (Coisa da Antiga), Wilson Moreira (O Mar Serenou), Helen Calaça (Basta Um Dia) e ainda participações de Seu Jorge, Walter Alfaiate, Elza Soares, entre outros.

Instituto Clara Nunes foi fundado em 19/05/2005 pela irmã de Clara NunesMaria Gonçalves (Dindinha), conhecida na cidade como Mariquita, e está instalado no mesmo prédio onde funciona aCreche Clara Nunes e o Artesanato Ponto de Luz, que produz tapetes cuja venda ajuda na manutenção da Creche.

O Festival Cultural Clara Nunes faz parte dos eventos culturais da cidade e todo ano é realizado no mês de agosto, mês de nascimento de Clara Nunes.

Em agosto de 2006 a Prefeitura Municipal de Caetanópolis lançou o 1º Festival Cultural Clara Nunes. com o objetivo de desenvolver a cultura no município e região, e também resgatar a obra da cantora. Ainda em 2006 foi encontrada mais uma interpretação inédita de Clara Nunes. A composição "Quem Me Dera" (Maurício Tapajós e Hermínio Bello de Carvalho) foi incluída no álbum póstumo de Maurício Tapajós"Sobras Repletas", que também trouxe uma outra composição, também em sua homenagem, desta vez feita em sua homenagem, "Surdina" (Maurício Tapajós e Cacaso).

Em 04/08/2007, na abertura do 2º Festival Cultural Clara Nunes, a Prefeitura Municipal de Caetanópolis inaugurou a Casa de Cultura Clara Nunes, onde havia sido o cinema da cidade e onde a Clara Nunes se apresentou pela primeira vez. Ainda em 2007, o jornalista Vagner Fernandes lançou a biografia "Clara Nunes - Guerreira da Utopia", que trouxe entrevistas com vários compositores e intérpretes, entre os quais Chico Buarque, Paulinho da Viola, Alcione, Hermínio Bello de Carvalho, Hélio Delmiro, Milton Nascimento, Monarco, Paulo César Pinheiro, além de familiares e amigos. A gravadora EMI lançou "Clara Nunes Canta Tom e Chico", coletânea na qual compilou algumas gravações de discos anteriores da cantora, entre elas "Apesar de Você", "Umas e Outras", "Desencontro", "Morena de Angola" e "Novo Amor"todas de Chico Buarque, "Insensatez" e "A Felicidade" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), além de "Sabiá" (Tom e Chico).

Em 2010 foi realizado o 5º Festival Cultural Clara Nunes. A Casa de Cultura Clara Nunes, administrada pela Secretaria Municipal de Cultura, é local onde se realizam oficinas de dança, música, pintura e teatro, oferecidas gratuitamente à população. O Instituto Clara Nunes foi criado para administrar e zelar pelo acervo da cantora.

Discografia

  • 1966 - A Voz Adorável de Clara Nunes (Odeon)
  • 1968 - Você Passa e Eu Acho Graça (Odeon)
  • 1969 - A Beleza Que Canta (Odeon)
  • 1971 - Clara Nunes (Odeon)
  • 1972 - Clara Clarice Clara (Odeon)
  • 1973 - Clara Nunes (Odeon)
  • 1974 - Brasileiro Profissão Esperança (Odeon)
  • 1974 - Alvorecer (Odeon)
  • 1975 - Claridade (Odeon)
  • 1976 - Canto das Três Raças (EMI-Odeon)
  • 1977 - As Forças da Natureza (EMI-Odeon)
  • 1978 - Guerreira (EMI-Odeon)
  • 1979 - Esperança (EMI-Odeon)
  • 1980 - Brasil Mestiço (EMI-Odeon)
  • 1981 - Clara (EMI-Odeon)
  • 1982 - Nação (EMI-Odeon)

Ao Vivo


 Coletâneas

  • 1979 - Sucessos de Ouro (EMI-Odeon)
  • 1983 - Clara Morena (EMI-Odeon)
  • 1984 - Alvorecer (Som Livre)
  • 1984 - A Deusa dos Orixás (Som Livre)
  • 1985 - Clara (EMI-Odeon)
  • 1989 - O Canto da Guerreira (EMI)
  • 1990 - O Canto da Guerreira Vol.2 (EMI)
  • 1993 - 10 Anos (Som Livre)
  • 2003 - Para Sempre Clara
  • 2005 - Clara Nunes Canta Tom e Chico
  • 2007 - Mestiça (EMI)
  • 2008 - Sempre (Som Livre)

Tributos

  • 1995 - Clara Nunes Com Vida (EMI) - Vários Artistas
  • 1999 - Claridade (Globo/Universal) - Alcione
  • 2003 - Um Ser de Luz - Uma Saudação a Clara Nunes - Vários Artistas

DVD

  • 2008 - Clara Nunes (EMI - Globo Marcas) - Coletânea com alguns dos videoclipes da cantora exibidos no programa Fantástico - Rede Globo 

Fonte: Wikipédia
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