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Augusto Rademaker

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD
(80 anos)
Militar e Presidente do Brasil

* Rio de Janeiro, RJ (11/05/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1985)

Foi um militar brasileiro que integrou a Junta Militar que presidiu o país de 31 de agosto a 30 de outubro de 1969, após a morte do presidente Artur da Costa e Silva. Posteriormente foi eleito vice-presidente na chapa encabeçada pelo general Emílio Garrastazu Médici. Na época em que ocupava o cargo, em 1971, foi criada a Bandeira Vice-Presidencial do Brasil.

Almirante, com cursos de especialização realizados nos Estados Unidos, participou de operações na Segunda Guerra Mundial como comandante das corvetas Camocim e Carioca, e também como encarregado geral do armamento do Cruzador Bahia.

Ativo colaborador do golpe militar que depôs o presidente João Goulart em 31 de março de 1964, foi membro do Conselho Supremo da Revolução e Ministro da Marinha na segunda passagem de Paschoal Ranieri Mazzilli pela Presidência da República, cargo que exerceu cumulativamente com o de Ministro de Viação e Obras Públicas (o atual Ministério dos Transportes só seria criado em 1967).

Retornou ao Ministério da Marinha no governo Artur da Costa e Silva sendo que, com o afastamento deste em 31 de agosto de 1969 ascendeu ao poder como integrante de uma junta militar que governou o país até a posse de Emílio Garrastazu Médici em 30 de outubro daquele ano, com Rademaker ocupando o posto de vice-presidente do Brasil, exercendo-o até 15 de março de 1974.

Augusto Rademaker, Márcio de Souza Mello e Aurélio de Lyra Tavares

A Junta Governativa Provisória de 1969 era composta por: Aurélio de Lyra Tavares (Ministro do Exército), Augusto Hamann Rademaker Grünewald (Ministro da Marinha) e Márcio de Souza Mello (Ministro da Aeronáutica).

Investido no governo como integrante de uma Junta Militar por força do Ato Institucional nº 12/69 não há registro oficial desse fato no Livro de Posse, cabendo ao respectivo Ato Institucional referenciar tal acontecimento. Como vice-presidente da República ocupou por três vezes a condição de titular por motivo de viagens ao exterior do presidente da República.

Foi casado com Ruth Lair Rist Rademaker, nascida no Rio de Janeiro, tendo como filhos, Eliana Rist Rademaker, Anecy Rist Rademaker, André Rist Rademaker, Pedro Rist Rademaker (falecido ao nascer), Ana Laura Rist Rademaker e Guilherme Rist Rademaker.

Augusto Rademaker faleceu vítima de uma Parada Cardiorrespiratória.

Fonte: Wikipédia

Emílio Garrastazu Médici

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
(79 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Bagé, RS (04/12/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1985)

Foi um militar e político brasileiro, Presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Obteve a patente de General do Exército.

Vida Antes da Presidência

Médici era neto de um combatente Maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandú, e seu pai era de origem italiana.

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 1930 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Em abril de 1964, por ocasião do Golpe Militar de 1964 - ou Revolução de 1964, na visão dos militares -, Médici era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.

Com o afastamento definitivo do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência da República uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo Presidente da República.

Na Presidência da República

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, Emílio Garrastazu Médici foi eleito Presidente da República por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, havendo 75 abstenções.

Tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. No entanto, seu governo foi considerado o mais obscuro e repressivo de toda a história do Brasil independente. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, permitindo que seu sucessor Ernesto Geisel iniciasse a abertura política. As denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil.

No campo político, o governo Médici foi responsável pela eliminação das guerrilhas de esquerda rurais e urbanas. A repressão às manifestações populares e à guerrilha (para alguns, terrorismo) ficou a cargo do Ministro do Exército Orlando Geisel. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no Regime Militar (Castelo Branco e Artur da Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político.

Nas duas eleições ocorridas durante seu governo, a Arena saiu amplamente vitoriosa, fazendo, em 1970, 19 senadores contra 3 do MDB, e, em 1972, elegendo quase todos os prefeitos e vereadores do Brasil. Eram proibidas manifestações populares e reivindicações salariais por trabalhadores.

Os três ministros mais importantes de seu governo, e que tinham grande autonomia, eram Delfim Netto, que comandava a economia, João Leitão de Abreu, como coordenador político, e Orlando Geisel, que comandava o combate à subversão.

O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico que ficou conhecido como o Milagre Brasileiro. Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis e a produção de automóveis, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. Em 1972, passou a funcionar a televisão a cores no Brasil.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de propaganda associando patriotismo com apoio ao Regime Militar, e o fato de ter feito o senador, ex-participante da Coluna Prestes e ex-chefe de polícia do Rio de Janeiro durante o Estado Novo e a era Vargas, Filinto Müller, presidente do Congresso Nacional e da Arena.

Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: Brasil, ame-o ou deixe-o inspirada no dístico conservador americano Love it or leave it.

Foi o período durante o qual o país viveu o chamado Milagre Brasileiro: crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e grandes incentivos fiscais à indústria e à agricultura foram a tônica daquele período.

Assim os ministros mais famosos do governo Médici foram os da Fazenda, Delfim Netto e dos Transportes, Mário Andreazza, além de Jarbas Passarinho, por causa do MOBRAL.

Nessa época, também foram construídas casas populares através do Banco Nacional da Habitação (BNH). O Milagre Econômico começou a entrar em crise, já em 1973, com a Crise do Petróleo de 1973.

No seu governo, concluiu-se o acordo com o Paraguai para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, à época a hidrelétrica de maior potência instalada do mundo.

No campo social, foi criado o Plano de Integração Social (PIS) e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos trabalhadores rurais.

Foi feita uma grande campanha de alfabetização de adultos através do MOBRAL e uma campanha para melhoria das condições de vida na Amazônia com a participação de jovens universitários chamado Projeto Rondon. Esse projeto foi reativado em 19 de janeiro de 2005, durante o Governo Lula.

No entanto, segundo a Fundação Getúlio Vargas, no governo Médici persistiu a miséria e a desigualdade social. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

A euforia provocada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol (Médici dizia-se torcedor do Grêmio), em 1970, conviveu com a repressão velada ou explícita aos opositores do regime, notadamente os ativistas de orientação esquerdista. Médici foi aplaudido, em uma partida de futebol, no estádio do Maracanã.

Em 1972, foi comemorado o Sesquicentenário da Independência do Brasil, sendo levados para São Paulo os restos mortais do Imperador Dom Pedro I.

Fim do Mandato e Sucessão

Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Medici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".

Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.

Morte

Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em entrevista ao programa Roda Viva na decadá de 1980, João Saldanha o chamou de "O maior assassino da historia do Brasil".

Fonte: Wikipédia

Rodolfo Mayer

RODOLFO JACOB MAYER
(75 anos)
Ator

* São Paulo, SP (04/02/1910)
+ Niterói, RJ (01/08/1985)

Estreou em 1927 fazendo radionovelas na Rádio Record e depois na Rádio Jornal do Brasil.

Trabalhou por décadas, estreando no cinema na primeira versão da obra A Escrava Isaura, nos anos 30 e em TV na novela Os Quatro Filhos de J. Silvestre, na TV Excelsior, em 1965.

Ele foi um dos monstros sagrados do teatro brasileiro, atuando durante vinte anos no monólogo As Mãos de Eurídice de Pedro Bloch, com grande sucesso no Brasil e no exterior. Ele fez mais de quatro mil apresentações desse espetáculo.

Participou de mais de quatrocentas radionovelas, 110 peças de teatro, dezesseis filmes e 25 telenovelas. Foi casado com a atriz, também já falecida, Lourdes Mayer com quem teve dois filhos, Ricardo e Rodolfo.

Cinema
  • 1929 - Escrava Isaura
  • 1931 - Casa de Caboclo
  • 1931 - O Mistério do Dominó Negro
  • 1935 - Favela dos Meus Amores
  • 1937 - Samba da Vida
  • 1938 - Tererê Não Resolve
  • 1938 - Maridinho de Luxo
  • 1939 - Está Tudo Aí
  • 1939 - Onde Estás Felicidade?
  • 1941 - A Sedução do Garimpo
  • 1948 - Obrigado, Doutor
  • 1948 - Inconfidência Mineira
  • 1949 - O Homem que Passa
  • 1955 - Leonora dos Sete Mares
  • 1955 - Mãos sangrentas
  • 1964 - Viagem aos Seios de Duília
  • 1972 - A Marcha
  • 1974 - O Signo de Escorpião

Televisão
  • 1965 - Os Quatro Filhos ... Dario
  • 1965 - A Grande Viagem ... Padre Lucas
  • 1966 - Redenção ... Juvenal
  • 1968 - Legião dos Esquecidos ... Pierre
  • 1969 - Sangue do Meu Sangue ... Raposo
  • 1969 - Dez Vidas
  • 1970 - Mais Forte que o Ódio ... César
  • 1971 - Editora Mayo, Bom Dia ... Mayo
  • 1971 - Pingo de Gente
  • 1971 - Sol Amarelo
  • 1972 - Os Fidalgos da Casa Mourisca ... Dom Luís
  • 1972 - O Leopardo ... Padre Júlio
  • 1972 - Quero Viver
  • 1973 - Vendaval
  • 1973 - Vidas Marcadas
  • 1975 - Um Dia, o Amor ... Doutor Marcial
  • 1976 - Xeque-mate ... Doutor Arnaldo Lemos
  • 1977 - Um Sol Maior ... Giácomo Nerone/Mário D'Angelo
  • 1978 - João Brasileiro, o Bom Baiano ... Barão
  • 1978 - O Direito de Nascer ... Bispo
  • 1979 - Dinheiro Vivo ... Nonô
  • 1980 - Cavalo Amarelo ... Maldonado
  • 1981 - Brilhante ... Ernani Sampaio
  • 1983 - Eu Prometo ... Juiz

Se aposentou após 56 anos de atividades artísticas e foi um dos fundadores da Associação dos Amigos do Teatro Municipal de Niterói (ATEM).

Morreu em Niterói vítima de uma Insuficiência Respiratória.

Fonte: Wikipédia

Vilanova Artigas

JOÃO BATISTA VILANOVA ARTIGAS
(69 anos)
Arquiteto

* Curitiba, PR (23/06/1915)
+ São Paulo, SP (12/01/1985)

Vilanova Artigas foi um arquiteto brasileiro cuja obra é associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola Paulista.

Embora tenha nascido na cidade de Curitiba, Artigas é considerado um dos principais nomes da história da arquitetura de São Paulo, seja pelo conjunto de sua obra aí realizada, seja pela importância que teve na formação de toda uma geração de arquitetos.

Graduando-se engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São PauloVilanova Artigas se envolveu ainda estudante com um grupo de artistas de vanguarda, dentre os quais destacar-se-ia mais tarde o pintor Alfredo Volpi, conhecido como Grupo Santa Helena, devido ao seu constante interesse pela atividade do desenho - tema cujo estudo viria a se tornar um dos elementos mais presentes em sua obra.

Tendo se tornado professor da Escola PolitécnicaVilanova Artigas fez parte do grupo de professores que deu origem à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU). Tornou-se um dos professores mais envolvidos com os rumos desta nova escola. É de sua autoria o projeto de reforma curricular implantado na década de 1960 que redefiniria o perfil de profissional formado por aquela escola e foi responsável, junto ao arquiteto Carlos Cascaldi, pelo projeto da nova sede da Faculdade: um edifício localizado na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira que leva seu nome e sintetiza seu pensamento arquitetônico.

A reforma curricular desenhada por Vilanova Artigas foi também importante ao definir uma séria de novas possibilidades de prática e atuação profissional aos novos arquitetos, associando a eles áreas como o desenho industrial e a programação visual, a partir da crença de que tal profissional deveria participar ativamente no desenvolvimento de todos os processos industriais requeridos pelo projeto nacional-desenvolvimentista então em voga no país.

Em 1969, por determinação do Regime Militar vigente no país, foi afastado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e obrigado a se exilar brevemente no Uruguai, devido à sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Embora tenha vivido no Brasil na década de 1970, foi impedido de atuar plenamente pelo regime. Seu retorno à faculdade se deu em 1979 - fruto do processo de anistia instaurado no país a partir daquele ano - e foi celebrado pelos alunos.

Continuaria a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo até sua morte, em 1985, ano em que lhe é atribuído o cargo de professor titular. Ironicamente, neste período de redemocratização, foi professor da disciplina Estudos de Problemas Brasileiros, criada pela Ditadura Militar e imposta pelo regime às faculdades brasileiras como instrumento de controle ideológico. Durante este curso, subverteu o programa clássico da disciplina e levou à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo diversas personalidades do mundo artístico, político, cultural, intelectuais de esquerda que também haviam sido perseguidos pelo regime, entre eles o pintor Aldemir Martins, o ator Juca de Oliveira e o então cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Cronologia de Sua Obra

São Paulo

  • 1946 - Edifício Louveira, no bairro de Higienópolis
  • 1960 - Estádio do Morumbi
  • 1961 - Garagem de barcos do Santa Paula Iate Club
  • 1962-1969 - Edifício-sede da FAU-USP, na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo
  • 1966 - "Casinha", no bairro de Campo Belo

Guarulhos

  • 1968-1972 - Conjunto habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque CECAP)
  • 1961 - Inaugurado Ginasio Estadual de Guarulhos

Itanhaém

  • 1959 - Escola de Itanhaém

Londrina

  • 1950 - Estação Rodoviária
  • 1950 - Casa da Criança

Curitiba

  • 1946 - Dupla residencia para seus irmãos
  • 1946 - Hospital São Lucas
  • 1953 - Residência Bettega
  • Residência Niclevicz

Jaú

  • 1971 - Estádio Zezinho Magalhães
  • 1973 - Estação Rodoviária
  • 1973 - Edifício do Paço Municipal (Prefeitura)

Fonte: Wikipédia

Aracy Côrtes

ZILDA DE CARVALHO ESPÍNDOLA
(80 anos)
Atriz e Cantora

* Rio de Janeiro, RJ (31/03/1904)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/01/1985)

Uma das atrizes de maior destaque no Teatro de Revista, Aracy Cortes se caracteriza pela interpretação e pelo tipo físico brasileiros.

Inicia sua carreira aos 16 anos, no Circo Democrático, cantando e dançando Maxixe. Sua veia cômica lhe vale o convite para atuar em seu primeiro espetáculo teatral, Nós Pelas Costas (1922), de J. Praxedes.

No teatro, os primeiros trabalhos de sua carreira são na companhia do empresário Pascoal Segreto e entre os mais destacados revisteiros.

Atua em Secos e Molhados (1924), de Luiz Peixoto e Marques Porto; O Baliza (1925) de Luiz Peixoto. De Bastos Tigre interpreta Dito e Feito (1924) e Zig-Zag e Bric-à-Brac, ambos 1926.

Torna-se rapidamente popular entre o público da Praça Tiradentes - onde se concentra os espetáculos musicais da época - e passa a ser o destaque dos espetáculos em que atua.

Protagoniza, em 1928, Miss Brasil, de Marques Porto e Luiz Peixoto, em que canta Ai, Ioiô, Eu Nasci Pra Sofrê, música feita para ela e que se torna um grande sucesso da Música Popular Brasileira.

Na segunda metade da década, trabalha alternadamente nas companhias Tro-lo-ló e Ra-ta-plan. Entre 1929 e 1934, faz vários espetáculos com direção de João de Deus, a maioria textos de Teatro de Revista, como Compra um Bonde, de Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses e Alfredo de Carvalho; Laranja da China, de Olegário Mariano e Às Urnas! de Luís Iglesias e Freire Jr., todos de 1929.

Na década de 30, funda sua própria companhia, que encena principalmente textos de Luís Iglesias e Freire Jr. - entre eles, Co-co-ro-có, Paz e Amor e É Batatal, só em 1936. É eleita Rainha do Rádio (1935) e Rainha das Atrizes (1939).

Nos primeiros anos da década de 40, trabalha exclusivamente na companhia do empresário Walter Pinto, atuando, entre outros, em É Disso que Eu Gosto, de Miguel Orrico, Oscarito Brennier e Vicente Marchelli; e Acredite Se Quiser (1940) de Paulo Guanabara, Assim... Até Eu, de Olavo de Barros e Saint-Clair Senna, Os Quindins de Yayá, de J. Maia e Walter Pinto; A Cabrocha Não É Sopa, de Freire Júnior (1941). Em seguida se associa aos autores Luís Iglesias e Freire Júnior em uma companhia de curta duração.

O Teatro de Revista, alvo da censura do Estado Novo, muda de feição: em lugar da comédia, o luxo, em lugar dos autores, os produtores.

Na década de 50, quando o gênero revista entra em declínio, Aracy trabalha junto aos autores J. Maia e Max Nunes em espetáculos dirigidos por Rosa Mateus e Geysa Bôscoli.

A partir dos anos 60, atua eventualmente em musicais. Seu último sucesso acontece em 1965, num show realizado pelo Teatro Jovem e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, Rosa de Ouro, em que atua ao lado de Geysa Bôscoli e Paulinho da Viola.

Em 1978, estrela o espetáculo A Eterna Aracy, com direção de J. Maia, contando sua carreira e cantando seus maiores sucessos, como Jura, de Sinhô e Tem Francesa no Samba, de Assis Valente.

Quando morre, em 1985, os jornais associam a ela o próprio gênero teatral:

"A quase totalidade das artistas de teatro de revistas em atividade no Brasil guiava-se pelo modelo francês, tinha uma malícia de boulevard, parecia importada de um music hall parisiense. A morena Aracy Cortes, de cabelos crespos, olhos vivos, corpo bonito que não procurava esconder com suas roupas ousadas para os palcos da época, era brasileira em tudo, na malícia dos gestos, nas insinuações do olhar, no gosto pelo duplo sentido das frases. Foi a primeira grande desbocada do teatro brasileiro".

Ema D'Ávila

EMA D'ÁVILA
(68 anos)
Atriz e Humorista

* Porto Alegre, RS (10/04/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (25/03/1985)

Talentosa comediante no teatro, no cinema atuou em filmes do período da chanchada. Na televisão, participou de programas humorísticos e telenovelas.

Irmã do comediante Walter D'Ávila, ela também logo mostrou interesse pela arte de representar e pela comédia. Começou em rádio, embora tenha trabalhado com o irmão em teatro, cinema e televisão. Seu gênero de comédia não era histriônico, era contido, humano, próxima da realidade. Ganhou por isso várias vezes prêmios de Melhor Comediante Feminina. Interpretava ricaças neuróticas e roceiras cheias de maneirismos.

Em palco estreou em 1938, em rádio em 1946 e em cinema e televisão, um pouco depois.

Em cinema sua atuação foi marcante nas comédias: "Na Corda Bamba", "Pintando o Sete" e "Os Dois Ladrões". Participou em filmes ao lado dos famosos Oscarito e Grande Otelo.

Na televisão atuou em diversos programas humorísticos como "Balança Mas Não Cai" e "Noites Cariocas". Sempre seus tipos marcavam e ela era elogiada. Também participou da novela "Marrom Glacê", onde viveu uma simpáticas velhinha, Dona Bá.

Ema D'Ávila faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 25 de março de 1985, vítima de um Acidente Vascular Cerebral.

Ricardo Zambelli

RICARDO ZAMBELLI
(33 anos)
Ator e Modelo

* Rio de Janeiro, RJ (1952)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/02/1985)

Ele foi um dos modelos mais requisitados das revistas na década de 70 e se tornou ator. Participou da minissérie Viver a Vida na TV Manchete.

Foi casado com a também atriz Zaira Zambelli. Destacou-se por papeis no cinema, como em Inocência e Menino do Rio, de Antônio Calmon e Chico Rei, que não havia ainda sido lançado quando o ator morreu, num acidente de motocicleta, no Rio de Janeiro, onde estava gravando a telenovela da Rede Globo Um Sonho a Mais, em que fazia o papel de Felipe, um rico entendiado. Esse era seu primeiro personagem em uma novela da TV Globo.

Televisão
  • 1985 - Um Sonho a Mais
  • 1984 - Viver a Vida
Cinema
  • 1983 - Inocência
  • 1982 - Menino do Rio
  • 1981 - A Mulher Sensual
  • 1980 - Prova de Fogo

Carlos Galhardo

CATELLO CARLOS GUAGLIARDI
(72 anos)
Cantor

* Buenos Aires, Argentina (24/04/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (25/07/1985)

Foi um dos principais cantores da Era do Rádio.

Filho de italianos, Pietro Guagliardi e Saveria Novelli, teve três irmãos. Dois nascidos na Itália, uma nascida no Rio de Janeiro.

Dois meses depois de seu nascimento, a família mudou-se para São Paulo e logo após ao Rio de Janeiro.

Aos oito anos de idade, com o falecimento de sua mãe, o menino passa a viver com um parente no bairro do Estácio e aprende o ofício de alfaiate. Aos quinze anos torna-se já um oficial, apesar de não gostar do ofício. Chega até a abandonar os estudos (completou o primário) para dedicar-se à profissão.

Passou por várias alfaiatarias e numa delas trabalhou com o barítono Salvador Grimaldi, com quem costumava ensaiar duetos de ópera.

Apesar de em casa e para amigos cantarolar cançonetas italianas e árias de ópera, sua carreira iniciou em uma festa na casa de um irmão, onde encontravam-se presentes personalidades como Mário Reis, Francisco Alves, Lamartine Babo e Jonjoca. Ali cantou para os convidados, "Deusa", de Freire Junior, canção do repertório de Francisco Alves.

Aprovando-o, aconselharam-no a tentar o rádio. Foi então apresentado ao compositor Bororó e através deste conseguiu uma oportunidade na Rádio Educadora do Brasil onde cantou "Destino", de Nonô e Luís Iglesias. No dia seguinte foi procurado e convidado a fazer um teste na RCA Victor. Aprovado, passa a fazer parte do coro que acompanhava as gravações da gravadora.


Seu primeiro disco solo é lançado em 1933, com os frevos "Você Não Gosta de Mim", dos Irmãos Valença e "Que é Que Há", de Nélson Ferreira.

Conhecendo o compositor Assis Valente, gravou muitas canções suas tais como "Para Onde Irá o Brasil", "É Duro De Se Crer", "Elogio Da Raça" (em dueto com Carmen Miranda), "Pra Quem Sabe Dar Valor" e "Boas Festas", esta última seu primeiro grande sucesso.

Passou cantando por várias emissoras de rádio do Rio de Janeiro, tais como: Rádio Mayrink Veiga, Rádio Clube do Brasil, Rádio Philips, Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Cruzeiro, Rádio Cajuti, Tupi, Rádio Nacional e Rádio Mundial.

Em 1935, estréia como cantor romântico com a valsa-canção "Cortina de Veludo", de Paulo Barbosa e Oswaldo Santiago e obtém grande sucesso.

Em sua carreira além de na RCA Victor, gravou também na Columbia, Odeon e Continental. Foi o segundo cantor que mais gravou no Brasil, cerca de 570 músicas (só perdeu para Francisco Alves).

Além das canções carnavalescas, Galhardo foi quem mais cantou temas de datas festivas como dia das mães, dia dos pais, destas juninas, dia do trabalhador, dia dos namorados e outras.


Participou dos seguintes filmes: "Banana da Terra", dirigido por J. Ruy (1938), "Vamos Cantar", de Leo Martins (1940), "Entra na Farra", de Luís de Barros (1941), "Carnaval em Lá Maior", de Ademar Gonzaga (1955), "Metido a Bacana", de J. B. Tanko (1957).

Em 1945, grava juntamente com Dalva de Oliveira e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil "Branca de Neve e os Sete Anões", com canções de Radamés Gnattali.

Em 1952, passa um ano apresentando-se em Portugal.

Em 1953 a Revista do Disco deu-lhe o slogan "Rei do Disco". Também ficou conhecido como "O Rei da Valsa", título dado pelo apresentador Blota Júnior e "O Cantor Que Dispensa Adjetivos".

Daí pra frente começou a apresentar-se por todo o Brasil, inclusive através da televisão.

Em 1983, fez a sua última apresentação no espetáculo "Allah-lá-ô", de Ricardo Cravo Albin, dedicado ao compositor Antônio Nássara, realizado na Sala Funarte - Sidney Miller.

Carlos Galhardo faleceu com 72 anos e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva, Vicente Celestino e Sílvio Caldas, formou o quadro dos grandes cantores da era do rádio.

Fonte: Wikipédia

Teixeirinha

VÍTOR MATEUS TEIXEIRA
(58 anos)
Cantor, Compositor e Ator


☼ Rolante, RS (03/03/1927)
┼ Porto Alegre, RS (04/12/1985)

Vítor Mateus Teixeira, mais conhecido pelo seu nome artístico Teixeirinha ou o Rei do Disco, pelos recordes de vendas, foi um cantor, compositor e ator brasileiro, nascido em Rolante, distrito de Mascaradas, RS, no dia 03/03/1927.

Teixeirinha era filho de Saturnino Teixeira e Ledurina Mateus Teixeira, e teve um irmão e duas irmãs. Com 6 anos perdeu o pai e, com 9 anos, perdeu a mãe, ficando órfão. Foi morar com parentes, mas estes não tinham condições de sustentá-lo. Saiu de sua terra ainda menino, seguindo sua caminhada pelo mundo fazendo de tudo um pouco.

Aprendeu a ler nos poucos meses que frequentou a escola, e fez sua morada as muitas cidades por onde passou: Taquara, Santa Cruz do Sul, Soledade, Passo Fundo e Porto Alegre. Para sobreviver trabalhou em granjas no interior. Seu primeiro emprego foi em Porto Alegre, na pensão de Dona Aidê, carregando malas, vendendo doces como ambulante, entregador de viandas, vendedor de jornais, enfim fazia qualquer atividade para poder sobreviver.

Com Dezesseis anos se auto-registrou como Cidadão Brasileiro. Aos dezoito anos se alistou no Exército, mas não chegou a servir. Nesta ocasião foi trabalhar no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER), como operador de máquinas, durante seis anos. Dali saiu para tentar a carreira artística, cantando nas rádios do interior nas cidades de Lajeado, Estrela, Rio Pardo e Santa Cruz do Sul. Nesta última conheceu sua esposa Zoraida Lima Teixeira.

Casaram-se em 1957 e foram morar em Soledade, em seguida mudaram-se para Passo Fundo, onde compraram um "Tiro ao Alvo" que era cuidado por ele e sua esposa. Durante a noite Teixeirinha se apresentava na Rádio Municipal de Passo Fundo.

Com o coração voltado para a música, nas horas vagas já era solicitado para animar festas, iniciando assim sua carreira com shows. Sem estudar canto nem música, possuía muita capacidade de improvisação e repentismo. A beleza simples de suas letras e a melodia comunicativa de suas músicas eram frutos de inspiração espontânea, gerados por sua vivência, seu amor à vida e aos seus semelhantes.

Em 1959 foi convidado para gravar em São Paulo. Viajou na segunda classe de um trem. Gravou seu primeiro 78RPM onde de um lado tinha a música "Xote Soledade" e do outro "Briga no Batizado".

Segundo depoimento de um dos membros da Gravadora Chantecler, Drº Biaggio Baccarin, o sucesso assim aconteceu:

Como se constata, "Coração de Luto" ocupou o lado B do quarto disco gravado por Teixeirinha, o qual foi lançado sem qualquer preocupação de sucesso que, no entanto, aconteceu espontaneamente após seis meses de seu lançamento.

As primeiras reações vieram de Sorocaba, SP, e em pouco tempo já era sucesso nas demais cidades da região. Foi nessa ocasião que a gravadora Chantecler resolveu trazer o cantor para São Paulo a fim de trabalhar o disco, cujo trabalho teve início com um show na cidade de Sorocaba, SP e, posteriormente, nas demais cidades do Estado de São Paulo, até o triângulo mineiro.

O sucesso aconteceu em todo o Brasil, com venda superior a um milhão de cópias no ano de 1961. Um acontecimento inédito na história da música popular brasileira. Para se ter uma idéia deste fato, o disco "Coração de Luto" chegou a ser vendido no câmbio negro em Belém, PA, onde haviam filas para comprá-lo.

A gravadora não tinha condições de atender aos pedidos e era obrigada a distribuir cotas para cada loja. O fato de Belém foi registrado pelo saudoso Edgard Pina, então agente da Chantecler naquela capital.

Teixeirinha voltou a Passo Fundo, vendeu o "Tiro ao Alvo" e se mudou para Porto Alegre. Foi chamado novamente pela Chantecler, desta vez para morar em São Paulo e continuar a divulgação do sucesso "Coração de Luto", no entanto, recusou domiciliar-se em São Paulo, voltando para Porto Alegre.


Com o que ganhou na excursão em São Paulo, comprou uma casa, no bairro da Glória em Porto Alegre, onde viveu toda sua vida e uma Kombi para viajar por todo o Brasil. Então, definitivamente Teixeirinha assumiu a carreira artística, passando a trabalhar em circos, parques, teatros, cinemas e demais casas de espetáculos. Como o próprio cantor relatou em uma de suas últimas entrevistas à imprensa:

"... onde o povo me pediu para estar, eu fui!"
(RBS/TV - julho/1985)

Teixeirinha começou a viajar por todo o Brasil como o "Gaúcho Coração do Rio Grande".

Em 1963, ganhou o troféu Chico Viola outorgado pela TV Record de São Paulo, no programa "Astros do Disco", um programa de gala da televisão brasileira que tinha por objetivo premiar os melhores do disco de cada ano, e Teixeirinha ganhou por ter sido o cantor campeão de vendagem por dois anos consecutivos, em 1962 e 1963.

Internacionalmente ganhou o troféu Elefante de Ouro como maior vendagem de discos em Portugal.

A música "Coração de Luto", até hoje, vendeu mais de 25 milhões de cópias.

Em 1964, Teixeirinha escreveu a história do filme "Coração de Luto", que foi produzido pela Leopoldis Som, em 1966, se transformando em outro recorde de bilheteria.

Em 1969, encenou no filme "Motorista Sem Limites" juntamente com Walter D’Avila, produzido por Itacir Rossi.

Em 1970 criou sua própria produtora Teixeirinha Produções Artísticas Ltda., pela qual escreveu, produziu e distribuiu dez filmes: "Ela Tornou-se Freira" (1972), "Teixeirinha 7 Provas" (1973), "Pobre João" (1974), "A Quadrilha do Perna Dura" (1975), "Carmem a Cigana" (1976), "O Gaúcho de Passo Fundo" (1978), "Meu Pobre Coração de Luto" (1978), "Na Trilha da Justiça" (1978), "Tropeiro Velho" (1980) e "A Filha de Iemanjá" (1981).


Teixeirinha e Mazzaropi foram os maiores fenômenos populares do cinema sul-americano regional. No caso do cantor gaúcho, seus filmes chegaram a superar 1,5 milhões de espectadores, obtidos apenas nos três Estados do sul do país. A fórmula era semelhante: baseavam-se em músicas de autoria de Teixeirinha, que interpretava a si mesmo. Eram coproduzidos por distribuidores e exibidores locais, que lhes asseguravam a permanência em cartaz. Sua última produção, "A Filha de Iemanjá", foi distribuída pela Embrafilme, com fracos resultados.

Durante 20 anos, apresentou programas de rádio diariamente com duas edições: "Teixeirinha Amanhece Cantando" (Manhã), "Teixeirinha Comanda o Espetáculo" (Noite) e "Teixeirinha Canta Para o Brasil "(Domingos pela manhã) em diversas rádios da capital, com transmissão para o interior e outros Estados brasileiros.

Teixeirinha recebeu 9 discos de ouro, foi cidadão emérito de vários municípios como Passo Fundo, Santo Antônio da Patrulha e Rolante.

Em 1973 foi contratado para fazer 15 apresentações nos Estados Unidos.

Em 1975 foi para o Canadá, onde realizou 18 espetáculos.

Teixeirinha fez shows na maioria dos países da América do Sul.

Durante 22 anos Mary Terezinha lhe acompanhou com acordeon em shows, rádio e cinema.

Teixeirinha teve um recorde de venda de discos sendo que até 1983, lançou 70 LPs, compôs por volta de 1200 canções e vendeu mais de 80 milhões de cópias.

Teixeirinha teve sete filhas e dois filhos: Sirley, Liria Luisa, Victor Filho, Margareth, Elizabeth, Fátima, Márcia Bernadeth, Alexandre e Liane Ledurina.

Morte

Teixeirinha faleceu vítima de câncer, aos 58 anos, em Porto Alegre, RS, no dia 04/12/1985, e está sepultado no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, Quadra 04, Túmulo 04.

Sua viúva, Zoraida Lima Teixeira, com quem Teixeirinha se casara em 1956, faleceu em 2014.

Discografia

  • 1961 - O Gaúcho Coração do Rio Grande
  • 1961 - Assim é Nos Pampas
  • 1961 - Um Gaúcho Canta Para o Brasil
  • 1962 - O Gaúcho Coração do Rio Grande, Volume 4
  • 1963 - Saudades de Passo Fundo
  • 1963 - Êta Gaúcho Bom
  • 1963 - Teixeirinha Interpreta Músicas de Amigos
  • 1964 - Teixeirinha Show
  • 1964 - Gaúcho Autêntico
  • 1964 - Canarinho Cantador
  • 1965 - O Rei do Disco
  • 1965 - Bate-bate Coração
  • 1965 - Disco de Ouro
  • 1966 - Teixeirinha no Cinema
  • 1967 - Coração de Luto (Trilha Sonora do Filme)
  • 1967 - Mocinho Aventureiro
  • 1967 - Dorme Angelita
  • 1968 - Doce Coração de Mãe
  • 1968 - Última Tropeada
  • 1969 - O Rei
  • 1969 - Volume de Prata
  • 1970 - Carícias de Amor
  • 1970 - Doce Amor
  • 1971 - Num Fora de Série
  • 1971 - Entre a Cruz e o Amor
  • 1971 - Chimarrão da Hospitalidade
  • 1972 - Ela Tornou-se Freira (Trilha Sonora do Filme)
  • 1972 - Minha Homenagem
  • 1973 - O Internacional
  • 1973 - Sempre Teixeirinha
  • 1974 - Última Gineteada / Menina Que Passa
  • 1975 - Pobre João (Trilha Sonora do Filme)
  • 1975 - Aliança de Ouro
  • 1975 - Lindo Rancho
  • 1977 - Novo Som de Teixeirinha
  • 1977 - Norte a Sul
  • 1977 - Canta Meu Povo / Fronteira Gaúcha
  • 1978 - Amor de Verdade / Inseparável Violão
  • 1978 - Menina da Gaita / O Centro-Oeste Brasileiro
  • 1979 - 20 Anos de Glória
  • 1979 - Menina da Gaita
  • 1980 - Menina Margareth / Vida e Morte
  • 1981 - Rio Grande de Outrora / Crime de Amor
  • 1981 - Iemanjá (Trilha Sonora do Filme)
  • 1982 - Que Droga de Vida / Infância Frustrada
  • 1982 - Os Reis do Desafio - Dez Desafios Inéditos (Teixeirinha e Mary Terezinha)
  • 1983 - Chegando de Longe / Apenas Uma Flor
  • 1984 - Guerra dos Desafios - Teixeirinha e Nalva Aguiar
  • 1984 - Quem é Você Agora / Amor Desfeito
  • 1985 - Amor Aos Passarinhos
  • 1993 - Milonga da Fronteira (Póstumo)
  • 1994 - Teixeirinha Canta Com Amigos (Póstumo)


Participação Especial

  • 1981 - A Grande Noite da Viola (Ao Vivo)


Filmografia

  • 1967 - Coração de Luto
  • 1969 - Motorista Sem Limites
  • 1972 - Ela Tornou-se Freira
  • 1973 - Teixeirinha a 7 Provas
  • 1974 - O Pobre João
  • 1976 - Na Trilha da Justiça
  • 1976 - Carmen a Cigana
  • 1976 - A Quadrilha do Perna Dura
  • 1978 - Meu Pobre Coração de Luto
  • 1978 - Gaúcho de Passo Fundo
  • 1979 - Tropeiro Velho
  • 1981 - A Filha de Iemanjá

Fonte: Wikipédia

Tancredo Neves

TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
(75 anos)
Advogado, Empresário, Político e Presidente do Brasil

* São João Del Rey, MG (04/03/1910)
+ São Paulo, SP (21/04/1985)

Tancredo de Almeida Neves foi um advogado, empresário e político brasileiro, tendo sido primeiro-ministro de 1961 a 1962, ministro da Justiça e Negócios Interiores de 1953 a 1954, ministro da Fazenda em 1962, e governador do estado de Minas Gerais de 1983 a 1984.

Bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ingressando na política pelo Partido Progressista (PP), pelo qual foi eleito vereador em São João del-Rei em 1935, cargo que exerceu até 1937.

Já pelo Partido Social Democrático (PSD), elegeu-se deputado estadual (1947-1950) e deputado federal (1951-1953). Passou a atuar no ministério a partir de 25 de junho de 1953, exercendo os cargos de ministro da Justiça e Negócios Interiores até o suicídio do presidente Getúlio Vargas.

Em 1954, foi eleito novamente deputado federal, cargo que ocupou por um ano. Foi diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais (1955) e da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil (1956-1958). De 1958 a 1960, assumiu a Secretaria de Finanças do Estado de Minas Gerais.

Foi nomeado primeiro-ministro com a instauração do regime parlamentarista, logo após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Ocupou o cargo de 1961 a 1962. No ano seguinte, voltou a ser eleito deputado federal.

Foi um dos líderes do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido criado em 27 de outubro de 1965, a partir do AI-2, que decretou a extinção de todos os partidos políticos até então existentes e instituiu o bipartidarismo. Foi reeleito deputado federal seguidas vezes entre 1963 e 1979.

Após a volta do pluripartidarismo, Tancredo Neves foi senador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em 1978 e fundou o Partido Popular (PP), partido pelo qual continuou exercendo o mandato até 1982. No ano seguinte, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi eleito governador de Minas Gerais (1983-1984).

Neste período político, houve grande agitação política em prol do movimento "Diretas Já", numa ação popular que mobilizou os jovens e pregava as eleições diretas para presidente. Porém, com a derrota da Emenda Dante de Oliveira, que instituía as eleições diretas para presidente da República em 1984, Tancredo Neves foi o nome escolhido para representar uma coligação de partidos de oposição reunidos na Aliança Democrática.

Em 1984, Tancredo Neves aceitou o desafio de se candidatar à Presidência da República, com o apoio de Ulysses Guimarães. Em 15 de janeiro de 1985 foi eleito presidente do Brasil pelo voto indireto de um colégio eleitoral, mas adoeceu gravemente, em 14 de março do mesmo ano, véspera da posse, morrendo 39 dias depois, sem ter sido empossado, tendo sido vítima, oficialmente, de diverticulite. A 27 de Março desse ano foi ainda agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.

Apesar de ter falecido antes de ser empossado, pela lei nº 7.465, promulgada no primeiro aniversário de sua morte, seu nome deve figurar em todas as galerias de presidentes do Brasil. Tancredo Neves foi o último mineiro a ser eleito presidente do Brasil no século XX, tendo o próximo presidente brasileiro natural de Minas Gerais, Dilma Rousseff, sido eleita somente em 2010.

Tancredo Neves foi casado com Risoleta Guimarães Tolentino Neves, com quem teve três filhos. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra. Era chamado por seus próximos por "Doutor Tancredo".

Tancredo Neves é avô de Aécio Neves, governador do estado de Minas Gerais entre 2003 e 2010, e atualmente, (2013), Senador da República.

Tancredo Neves foi um dos mais importantes políticos brasileiros do século XX, e um dos maiores estadistas da história do país.


Carreira Como Advogado

Tancredo Neves nasceu em São João del-Rei, MG, de ascendência predominante portuguesa, mas também austríaca. O sobrenome Neves vem de um trisavô natural de Angra do Heroísmo, no arquipélago dos Açores, do Alferes José António das Neves, açoriano que se estabeleceu em São João del-Rei, MG, e aí faleceu em 1862.

Filho de Francisco de Paula Neves e Antonina de Almeida Neves, transferiu-se para Belo Horizonte, MG, após concluir os estudos em sua cidade natal e na capital mineira. Ingressou na Faculdade de Direito onde, simpatizante da Aliança Liberal (AL) que levou Getúlio Vargas ao poder com a eclosão da Revolução de 1930.

Tancredo Neves formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tendo exercido o cargo de promotor público em 1933.

Político à Mineira

Durante a República Velha fez oposição a Arthur Bernardes, sendo um anti-bernadista. São João del-Rei era uma das poucas cidades em que Arthur Bernardes não ganhava.

Tancredo Neves foi lançado na política pelo líder político municipal de São João del-Rei, Augusto Viegas, pelo qual sempre guardou gratidão.

Quando perguntado, pelo jornal Pasquim, em 1984, sobre os partidos políticos ao qual pertenceu, explicou que escolheu um partido político como todos fazem em Minas Gerais, por questões municipais.

Filiou-se ao Partido Progressista (PP), partido formado por membros do Partido Republicano Mineiro (PRM) que apoiaram a Revolução de 1930, e depois se filiou ao Partido Nacionalista Mineiro (PNM), quando foi extinto o Partido Progressista (PP).

Tancredo Neves não pode viabilizar sua candidatura a deputado estadual, em 1934, mas, em 1935, foi eleito vereador em São João del-Rei chegando à presidência da Câmara Municipal, quando assumiu a prefeitura municipal interinamente. Quando as câmaras municipais foram fechadas, com o advento do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, Tancredo Neves era o presidente da Câmara de Vereadores de São João del-Rei.

Extinto seu mandato de vereador, retornou à advocacia e advogou para o Sindicato dos Ferroviários de sua cidade. Exerceu, também, por algum tempo, a profissão de empresário do setor têxtil. Conforme informou ao Pasquim, foi convidado pelo governador Benedito Valadares para ser Chefe de Polícia em Belo Horizonte e recusou, alegando que não servia a ditaduras.

A Redemocratização do Brasil em 1945 - Tancredo Neves Deputado Estadual, Federal e Ministro

Pressionado pela conjuntura internacional ditada pela iminente vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial e cada vez mais suscetível a pressões e contestações internas, Getúlio Vargas põe em marcha um estratagema de liberalização do regime e com isso um quadro político erigido sob os auspícios democráticos viu nascer novas agremiações políticas.

Assim, em 8 de abril de 1945 foi criado o Partido Social Democrático (PSD), que, em Minas Gerais era controlado por Benedito Valadares, nomeado interventor federal em Minas Gerais em 15 de dezembro de 1933 e que governou até Getúlio Vargas ser deposto em 29 de outubro de 1945.

A queda de Getúlio Vargas, em 29 de outubro de 1945, abriu caminho para as eleições de 2 de dezembro nas quais foram escolhidos o presidente da República e os membros da Assembleia Nacional Constituinte, que promulgaria a nova Constituição em 18 de setembro de 1946. Sob a vigência da Constituição de 1946, foram realizadas eleições em 19 de janeiro de 1947 para governador de estado, membros do Congresso Nacional e legislativos estaduais.

Tancredo Neves foi eleito deputado estadual mineiro pelo Partido Social Democrático (PSD) de Benedito Valadares e foi designado um dos relatores da Constituição estadual mineira. Uma vez findos os trabalhos constituintes, assumiu a liderança da bancada do Partido Social Democrático e comandou a oposição ao governo de Milton Campos, da União Democrática Nacional (UDN), que havia chegado ao Palácio da Liberdade após uma cisão no Partido Social Democrático mineiro. Devido a um incêndio ocorrido em 1954 no antigo edifício da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, pouco restou dos documentos daquela Constituinte.

Em 1950, Tancredo Neves foi eleito deputado federal e Juscelino Kubitschek foi eleito governador de Minas Gerais, derrotando o situacionista Gabriel Passos.

Em 1953, surgindo uma vaga de ministro da Justiça que caberia a um deputado do Partido Social Democrático mineiro, Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas acordaram a indicação do nome de Tancredo NevesTancredo Neves licenciou-se do mandato parlamentar e exerceu o cargo de ministro a partir de 26 de junho de 1953. Durante sua gestão foi sancionada a Lei de Imprensa, Lei 2.083 de 1953, e a Lei 2.252, sobre corrupção de menores.

Entregou o cargo de ministro quando do suicídio de Getúlio Vargas, ocorrido em 24 de agosto de 1954, vinte dias após o atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, que resultou na morte do major da Força Aérea Brasileira Rubens Florentino Vaz e gerou um grave crise política. Tomou posse então na Presidência da República Café Filho.

Segundo a Fundação Getúlio VargasTancredo Neves teria recebido das mãos do próprio Getúlio Vargas uma das cópias da carta-testamento de Getúlio Vargas que seria divulgada por ocasião da morte do presidente. Na versão de Leonel Brizola, foi João Goulart quem a recebeu, lendo-a no enterro de Getúlio Vargas, em São Borja, RS, no qual Tancredo Neves estava presente. De Getúlio VargasTancredo Neves ganhou uma caneta-tinteiro Parker-21, que atualmente pertence ao seu neto, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.

No livro "Carlos Castelo Branco - O Jornalista do Brasil", o jornalista Pedro Jorge de Castro narra o episódio da caneta Parker-21, dizendo que encerrada a reunião ministerial, Getúlio Vargas sobe as escadas do Palácio do Catete para ir ao seu apartamento. Vira-se e despede-se do ministro da Justiça Tancredo Neves, dando a ele uma caneta Parker-21 de ouro e diz, pouco antes de se matar:


"Para o amigo certo das horas incertas!"
(Getúlio Vargas)

Benedito Valadares, Juscelino Kubitschek, e Getúlio Vargas foram os principais mestres de Tancredo Neves na política.

Fiel à memória de Getúlio Vargas, Tancredo Neves fez oposição ao governo de João Café Filho e foi um dos articuladores da candidatura de Juscelino Kubitschek à Presidência da República nas eleições em 1955. Por não ter se desligado do ministério de Getúlio Vargas em tempo hábil, Tancredo Neves não disputou a reeleição para deputado federal em outubro de 1954. Foi nomeado presidente do Banco de Crédito Real de Minas Gerais pelo governador Clóvis Salgado da Gama.

Em 1956, Juscelino Kubitschek nomeou Tancredo Neves para a carteira de redesconto (uma diretoria) do Banco do Brasil, cargo que deixou, em 1958, ao ser nomeado secretário de Fazenda do governo de José Francisco Bias Fortes, fato que o impediu de disputar as eleições legislativas em 1958. Permaneceu no cargo de secretário até 1960, deixando o cargo para disputar o governo do Estado de Minas Gerais. Foi derrotado por Magalhães Pinto, da União Democrática Nacional (UDN).

Nota: O site do Senado Federal dá erroneamente Tancredo Neves como tendo sido presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no período em que foi secretário da Fazenda de Bias Fortes. Tancredo Neves não aparece na Galeria de ex-presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Primeiro-Ministro

Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, articulou a instalação do parlamentarismo evitando que João Goulart fosse impedido de assumir a Presidência por um golpe militar. Depois de mais de uma semana de incertezas, todos os setores diretamente envolvidos na crise verificaram que a solução do impasse teria de ser de natureza política e não militar. Com o desenvolvimento das negociações, foi apresentada a proposta de uma emenda constitucional que convertia o regime presidencialista em parlamentarista, reduzindo bastante os poderes do presidente da República. Esta fórmula foi considerada satisfatória pelos ministros militares. Em seguida, Tancredo Neves viajou para Montevidéu a fim de obter a concordância de João Goulart, retornando a Brasília no dia 1º de setembro com a missão cumprida. A emenda foi aprovada pelo Congresso no dia 2, abrindo o caminho para a volta de João Goulart, que assumiu a presidência em 7 de setembro.

No dia seguinte, o novo presidente enviou mensagem ao Congresso, aprovada imediatamente por 259 contra 22 votos, indicando Tancredo Neves para primeiro-ministro. O primeiro gabinete parlamentarista, buscando construir uma base política ampla, capaz de reconstruir o diálogo entre os principais partidos do país, era composto por Antônio de Oliveira Brito (Educação), Armando Monteiro Filho (Agricultura) e Ulysses Guimarães (Indústria e Comércio), do Partido Social Democrático (PSD); Francisco Clementino de San Tiago Dantas (Relações Exteriores) e Estácio Souto Maior (Saúde), do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); Virgílio Távora (Viação e Obras Públicas) e Gabriel Passos (Minas e Energia), da União Democrática Nacional (UDN); André Franco Montoro (Trabalho e Previdência Social), do Partido Democrata Cristão (PDC); Walter Moreira Sales (Fazenda), sem partido; general João de Segadas Viana (Guerra), almirante Ângelo Nolasco (Marinha) e brigadeiro Clóvis Travassos (Aeronáutica). De 8 de setembro a 13 de outubro, Tancredo Neves ocupou interinamente a pasta da Justiça, aguardando que o Partido Social Progressista (PSP), presidido pelo ex-governador paulista Ademar de Barros, indicasse um nome para concretizar seu apoio ao gabinete. Ademar de Barros sugeriu o deputado goiano Alfredo Nasser, que tomou posse em seguida.

O programa do gabinete, submetido à Câmara em 28 de setembro e aprovado no mesmo dia, foi relativamente genérico na formulação dos seus temas. Sua apresentação teve mais a finalidade de cumprir uma formalidade indissociável da natureza do novo regime do que propriamente de determinar uma política de governo. Defendia a prática de reajustes salariais periódicos compatíveis com os índices de expansão inflacionária, acolhia a tese da "Política Externa Independente", elogiava a Operação Pan-Americana, a pastoral pontifícia Mater et Magistra e reiterava o apoio ao recurso da mediação como forma de solução de conflitos internacionais. Apontava a reforma agrária "como passo inicial e precípuo para a integração do homem do campo em nossa vida econômica" e proclamava sua identificação com uma política de portas abertas ao capital estrangeiro, frisando: "O Brasil reclama capitais alienígenas para consolidar e ampliar sua estrutura econômica". O novo governo defendia ainda a existência de uma lei de controle de remessa de lucros, desde que não desencorajasse os investimentos estrangeiros, considerados indispensáveis ao custeio do desenvolvimento econômico nacional.

Surgido em meio a uma grave crise político-militar, o primeiro gabinete parlamentarista conseguiu diminuir as rivalidades entre as principais correntes políticas do país. Entretanto, a insatisfação social crescia, com a multiplicação de protestos contra a inflação e por maiores reajustes salariais. A crise decorrente da renúncia de Jânio Quadros havia paralisado o país durante 13 dias, contribuindo para o agravamento da crise econômica, e os repetidos impasses nas negociações trabalhistas levaram à deflagração de sucessivas greves. Várias unidades de produção da Petrobras estiveram paradas nessa época durante 40 dias, enquanto o ministro Gabriel Passos enfrentava dificuldades dentro do próprio governo para promover a substituição do presidente e de um diretor dessa empresa.

Segundo Tancredo Neves, o gabinete parlamentarista considerou a reforma agrária "item de prioridade absoluta na agenda do governo" e orientou o ministro da Agricultura para criar uma comissão encarregada de levantar e apreciar os estudos e propostas existentes sobre o tema. Em janeiro de 1962, o governo recebeu um projeto de autoria do senador mineiro Milton Campos, da União Democrática Nacional (UDN), e no mês seguinte o Ministério da Agricultura apresentou também o seu. No dia 15 de fevereiro, o governo criou o Conselho Nacional de Reforma Agrária, composto por Dom Hélder Câmara (bispo-auxiliar do Rio de Janeiro), Pompeu Acióli Borges, Paulo Schilling e Edgar Teixeira Leite, encarregado de fixar as áreas prioritárias para efeito de reforma agrária. Enquanto isso, a tensão social crescia no campo, especialmente na região Nordeste.

Em abril, o assassinato do presidente da Liga Camponesa de Sapé, Paraíba, João Pedro Teixeira, provocou manifestações de protesto logo proibidas pelo comandante do IV Exército, general Artur da Costa e Silva. Tancredo Neves atribuiu a movimentação camponesa à existência de "uma estrutura rural arcaica" e tomou a iniciativa de propor medidas políticas para enfrentar o problema, especialmente o Plano de Sindicalização Rural, aprovado em seguida pelo conselho de ministros, abrangendo potencialmente um contingente de 16 milhões de trabalhadores agrícolas, inclusive analfabetos.

Nesse período, ao lado do aprofundamento da crise econômica, crescia a radicalização da luta política entre as correntes defensoras das chamadas reformas de base (constitucional, agrária, urbana, bancária e tributária) e as forças conservadoras que se opunham a elas e acusavam o governo de patrocinar a agitação social.

No dia 01/05/1962, João Goulart pronunciou um discurso em Volta Redonda, RJ, defendendo o caráter inadiável das reformas e pregando o retorno ao regime presidencialista para garantir a ação de um poder executivo forte e mais estável. Cresceu então a desconfiança dos setores conservadores em relação às intenções do governo. Nesse contexto, o gabinete de Tancredo Neves - que se caracterizava por uma política de compromisso para obter um amplo consenso nacional - começou a perder sua razão de existir.

No dia 6 de junho seguinte, o gabinete se demitiu em bloco, inclusive o primeiro-ministro, e seus membros ficaram em condições de concorrer às eleições parlamentares de outubro daquele ano, nas quais foi eleito deputado federal por Minas Gerais. Na sua prestação de contas ao Congresso, Tancredo Neves salientou que a previsão do déficit orçamentário girava em torno de duzentos bilhões de cruzeiros, mas o aumento previsto dos vencimentos do funcionalismo público federal elevaria esse montante a 330 bilhões.

Em seu governo logrou êxito parcial na sua meta para pacificar os ânimos políticos nacionais.

Deste período, como primeiro-ministro, destacam-se a Lei nº 4.070, de 15/06/1962, que elevou o Território do Acre à categoria de Estado, e a Lei nº 4.024, de 20/12/1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Entre 08/09/1961 e 12/10/1961, Tancredo Neves ocupou interinamente o cargo de ministro da Justiça. O pernambucano Estácio Gonçalves Souto Maior, pai do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet, foi o ministro da Saúde do gabinete Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, ministro da Indústria e Comércio, e Franco Montoro, ministro do Trabalho e Previdência Social.


Oposição Ao Regime Militar

De volta à Câmara dos Deputados manteve o apoio ao governo João Goulart até que o mesmo fosse deposto pelo Golpe Militar de 1964. Tancredo Neves foi um dos poucos políticos que foram se despedir de João Goulart no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, quando este partiu para o exílio no Uruguai. Foi o único membro do Partido Social Democrático (PSD) que não votou, em 11/04/1964, no general Humberto de Alencar Castelo Branco, na eleição à Presidência da República pelo Congresso Nacional.

Extinto o pluripartidarismo foi convidado a ingressar na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), oferta polidamente recusada em razão da presença de adversários seus da União Democrática Nacional (UDN), especialmente José de Magalhães Pinto, na nova agremiação situacionista.

Apesar de ter sido primeiro-ministro de João Goulart e seu amigo, Tancredo Neves não teve seus direitos políticos cassados durante o Regime Militar devido ao seu prestígio junto aos militares.

Opositor moderado do Regime Militar de 1964 logo procurou abrigo no Movimento Democrático Brasileiro (MDB) sendo reeleito deputado federal em 1966, 1970 e 1974. Em sua atuação parlamentar evitou sobremaneira criar atritos com o governo militar e fez parte da ala moderada do Movimento Democrático Brasileiro não se negando, inclusive, ao diálogo com as forças situacionistas, postura contrária àquela adotada pelo grupo "autêntico" do Movimento Democrático Brasileiro. Em 1978 foi eleito senador por Minas Gerais.

Com a reforma partidária de 1979, durante o governo do presidente João Figueiredo, a qual recriou o pluripartidarismo no Brasil, Tancredo Neves aglutinou os moderados do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em torno de si, inclusive Magalhães Pinto seu antigo rival, e fundou o Partido Popular (PP), em 1980, sendo eleito seu presidente.

No ano seguinte defendeu a incorporação do Partido Popular (PP) ao PMDB em face de dificuldades criadas pelas regras eleitorais a serem aplicadas nas eleições de 1982 e com isso foi escolhido vice-presidente nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e nesse mesmo ano, foi eleito Governador de Minas Gerais, após uma renhida disputa com o candidato Eliseu Resende do Partido Democrático Social (PDS). Fundamental para sua eleição foi o apoio do seu vice-governador Hélio Garcia profundo conhecedor dos pequenos municípios mineiros, chamados, por Tancredo Neves, de "grotões". Sua vitória foi difícil pois a lei eleitoral da época previa o "voto vinculado", obrigando o eleitor a votar em prefeito, vereador e governador do mesmo partido, o que favorecia o PDS, que era forte nos pequenos municípios mineiros.
Na sua posse, pronunciou a frase célebre:

"Mineiros, o primeiro compromisso de Minas é com a liberdade!"
(Tancredo Neves)

Renunciou ao mandato de senador poucos dias antes de assumir o Palácio da Liberdade, sendo substituído por Alfredo Campos e nomeou Hélio Garcia para a Prefeitura de Belo Horizonte. Mesmo à frente de um cargo executivo Tancredo Neves não abandonou sua postura conciliatória, o que lhe garantia um bom trânsito junto ao Governo Federal. Renunciou ao governo do estado em 14/08/1984 para concorrer à Presidência da República, passando o governo de Minas Gerais a Hélio Garcia.

Ulysses Guimarães, José Sarney e Tancredo Neves
"Diretas Já" e o Colégio Eleitoral

Tão logo foram empossados, em 15 de março de 1983, os governadores eleitos em 15 de novembro de 1982, começaram os debates em torno da sucessão do presidente João Figueiredo. A ausência de um nome de consenso nas hostes do PDS denotava fissuras na agremiação governista, pois já em sua mensagem de fim de ano de 1982, o Presidente da República abdicou de coordenar os debates em torno da sucessão presidencial e remeteu a questão ao seu partido, o PDS. Surgiram, então, os nomes, para sua sucessão, do Ministro do Interior Mário Andreazza, do senador Marco Maciel, e do deputado federal Paulo Maluf, cada qual trazendo consigo uma porção considerável do PDS. O vice-presidente Aureliano Chaves logo entrou em atrito com o presidente João Figueiredo, o que complicou o quadro sucessório.

As articulações para a candidatura de Tancredo Neves à presidência da república começaram logo em 1983 quando recebeu a visita de 15 senadores do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), liderados por José Fragelli, propondo sua candidatura a presidente na eleição pelo Colégio Eleitoral marcada para 15 de janeiro de 1985, assim contado na biografia do senador José Fragelli:

"Fragelli teve como um momento significativo a sua participação ativa, em 1983, na articulação da candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. No início desse ano organizou um grupo de 14 senadores, todos desconhecidos, para uma visita ao Governador Tancredo Neves, que estavam dispostos a trabalhar por seu nome para Presidente da República. Foi o próprio Senador Fragelli, logo depois desse encontro, quem procurou o Senador Pedro Simon para dizer que, se o PMDB fosse ao Colégio Eleitoral, o candidato seria Tancredo Neves."
(Biografia do Senador José Fragelli na Galeria dos Presidentes no site do Senado Federal)

Outros segmentos da oposição ao regime militar, por sua vez, agiram de maneira diversa ao inserir em sua agenda o restabelecimento das eleições diretas para Presidente da República sendo que o primeiro ato dessa campanha ocorreu no município pernambucano de Abreu e Lima em 31 de março de 1983, dia em que o Regime Militar de 1964 completava dezenove anos de existência. Convocada por políticos do PMDB, a manifestação havida no Nordeste do Brasil resultou em um manifesto divulgado em São Paulo, em 26 de novembro de 1983, dos dez governadores da oposição (nove do PMDB e um do PDT) exigindo o restabelecer das eleições diretas para Presidente da República.

No dia seguinte, um comício pró-Diretas se realizou na capital paulista reunindo dez mil pessoas após uma convocação feita pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Vários comícios pró-diretas foram realizados entre janeiro e abril de 1984, que receberam o nome de Campanha das Diretas Já, frustrado pela rejeição da Emenda Constitucional Dante de Oliveira, 25 de abril de 1984, apesar de a proposta contar com um apoio significativo dentro do próprio PDS.

Ciente dos riscos que se avizinhavam em razão de tamanha fragmentação do PDS, o senador José Sarney, presidente do partido, propôs a realização de prévias eleitorais, junto aos filiados para a escolha do candidato governista à Presidência da República, proposta esta logo rechaçada pelos malufistas que a interpretaram como uma tentativa de inviabilizar a candidatura do líder, fato que levou José Sarney a deixar a presidência do PDS e dias depois abandonar o partido, no que foi seguido pelo também senador Jorge Bornhausen.

Dez dias mais tarde, os governadores do PMDB, e mais Leonel Brizola do PDT, anunciaram seu apoio ao nome de Tancredo Neves como candidato oposicionista nas eleições no Colégio Eleitoral (que se compunha do Congresso Nacional e representantes das Assembleias legislativas), ao passo que, no PDS, houve a retirada dos nomes de Aureliano Chaves e de Marco Maciel da disputa, o que deixou Paulo Maluf e Mário Andreazza como postulantes à vaga de candidato, todavia a vitória de Paulo Maluf fez com que os seus adversários passassem a apoiar Tancredo Neves.

Após um acordo firmado entre o PMDB e a dissidência Frente Liberal do PDS ficou estabelecido que Tancredo Neves seria o candidato a presidente e José Sarney (ex-ARENA, e que deixara o PDS para se filiar ao PMDB) seria o candidato a vice-presidente. A Frente Liberal surgiu em 1984, de uma dissidência no PDS, que posteriormente tornou-se o Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM). Essa dissidência foi aberta no PDS quando Paulo Maluf, ex-governador de São Paulo, venceu a disputa interna dentro do PDS, contra o ministro do Interior Mário Andreazza, e foi escolhido, pelo PDS, para ser seu candidato à presidência da República e enfrentar Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985.

Os rebelados do PDS, liderados pelo vice-presidente da República Aureliano Chaves e pelos senadores Marco Maciel e Jorge Bornhausen, entre outros, criaram uma ala dentro do PDS chamada Frente Liberal que viria a ser o embrião do Partido da Frente Liberal (PFL) e que votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral.

O PMDB estava em minoria no colégio eleitoral, por isso precisava de votos do PDS para conseguir eleger o presidente da república.

Não eram, naquela época, permitidas as coligações partidárias, os candidatos a presidente e a vice-presidente da república tinham que serem do mesmo partido. José Sarney podia se filiar ao PMDB por ter sido eleito senador pela ARENA em 1978, partido que havia sido extinto. Assim, sua troca de partido não era considerada, pela lei eleitoral da época, uma infidelidade partidária, sujeita a perda de mandato eletivo, pois José Sarney não estaria deixando o partido pelo qual fora eleito. O que não era o caso de Marco Maciel que não podia trocar de partido, pois fora eleito senador por Pernambuco, pelo PDS, em 1982. Aureliano Chaves não podia se candidatar a presidente pelo PMDB, mesmo tendo sido eleito vice-presidente da república pela ARENA, em 1978, pois assumira a presidência da república várias vezes como substituto de João Figueiredo, tornando-se inelegível para a presidência. Aureliano Chaves era inelegível também para a vice-presidência pois não era permitida, na época, a reeleição.

Tancredo Neves foi lançado candidato por ser aceito por grande parte dos militares e tido como moderado. Na área militar foi decisivo o apoio do ex-presidente Ernesto Geisel. Essa moderação, porém, era alvo de críticas do PT que não aceitava o Colégio Eleitoral. Sob sua moderação Tancredo Neves dizia:

"Se é mineiro não é radical, se é radical não é mineiro!"
(Tancredo Neves)

Tancredo Neves também ganhara prestígio dentro do PDS, nas reuniões com governadores do Nordeste, (todos os nove foram eleitos pelo PDS, e a maioria deles eram políticos da nova geração e que admiravam Tancredo Neves), nas reuniões da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), a qual Minas Gerais pertencia, pelo fato de o norte de Minas Gerais fazer parte da área da seca, o Polígono das Secas. Vários destes governadores passaram para à Frente Liberal, depois PFL. Entre estes governadores que aderiram a Tancredo Neves, e cujo apoio fora decisivo, estava o ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, o ACM.

Antônio Carlos Magalhães reagiu às declarações do ministro da Aeronáutica Délio Jardim de Matos que dissera que quem abandonava o candidato do PDS era traidor, e disse que traidor era ele, o ministro. Foi a primeira vez que um ministro militar era contestado durante o regime militar. A partir de então, a adesão a Tancredo Neves cresceu. O líder baiano, Antônio Carlos Magalhães, completou:

"Trair a Revolução de 1964 é apoiar Maluf para presidente!"
(Antônio Carlos Magalhães)

Tancredo Neves, na entrevista ao jornal Pasquim, em 1984, definiu, assim, Paulo Maluf:

"Maluf simboliza tudo quanto a Revolução realizou de negativo nesses 20 anos!"
(Tancredo Neves)

Mesmo a eleição sendo indireta, Tancredo Neves fez diversos comícios populares em praça pública. E, em um discurso, durante a campanha eleitoral, na cidade de Vitória, em novembro de 1984, Tancredo disse:

"Restaurar a democracia é restaurar a República. É edificar a Nova República, missão que estou recebendo do povo e se transformará em realidade pela força não apenas de um político, mas de todos os cidadãos brasileiros!"
(Tancredo Neves)

Essa expressão "Nova República" se tornou a denominação da época política brasileira posterior ao período do regime militar que se encerrou, em 1985, com o fim do governo de João Figueiredo.

A chapa Tancredo-Sarney foi então oficializada e assim os oposicionistas foram às ruas para defender suas propostas em comícios tão concorridos quanto os da campanha pelas Diretas Já. Saudado como candidato da conciliação, Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, numa terça-feira, 15 de janeiro de 1985, recebendo 480 votos contra 180 dados a Paulo Maluf e 26 abstenções. A maioria destas abstenções foi de parlamentares do PT, partido este que expulsou de seus quadros os parlamentares que, desobedecendo a orientação do partido, votaram em Tancredo Neves. Foram expulsos do PT os deputados Beth Mendes, Aírton Soares e José Eudes.

Assim que foram anunciados os resultados, em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves discursou:

"Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la!"
(Tancredo Neves)

Sua vitória foi entusiasticamente recebida pela população e é tida ainda hoje como uma das mais complexas e bem-sucedidas obras de "engenharia política" na história política do Brasil.

Logo em seguida, PT e CUT passam a fazer oposição a Tancredo Neves, tendo, o Jornal da Tarde de São Paulo, dado em manchete, no dia 11 de fevereiro de 1985:

"A CUT e o PT declaram guerra a Tancredo"
(Jornal da Tarde)

Um exemplo dessas dificuldades e dessas manobras: No final de 1984, as pesquisas de intenção de votos, mostravam que Tancredo Neves tinha a maioria do Colégio Eleitoral. Receoso de uma manobra de João Figueiredo tentando prorrogar seu mandato em dois anos, estabelecendo eleições diretas para seu sucessor, Tancredo Neves foi à televisão e declarou que Paulo Maluf ia renunciar à sua candidatura. Paulo Maluf reagiu e garantiu que não renunciaria. Assim com Paulo Maluf firme na disputa, João Figueiredo e o PDS nada puderam fazer para mudarem as regras do jogo sucessório.

Assim que foi eleito, Tancredo Neves fez um giro internacional encontrando se com vários chefes de estado para conquistar apoio à sua posse, considerada incerta, e só aceitou ser submetido à operação cirúrgica, depois que vários chefes-de-estado já haviam chegado à Brasília para a sua posse.

Tão bem-sucedidas foram as suas articulações que fizeram com que até mesmo Ulysses Guimarães, o "Senhor Diretas", abdicasse da disputa para apoiá-lo. O acordo político teria incluído até mesmo um futuro apoio a Ulysses Guimarães para sucedê-lo nas eleições seguintes que seriam diretas. Ulysses Guimarães, na passagem do ano de 1984 para 1985, de férias em Nova York, se lançou candidato a presidente para provocar Tancredo Neves. Este afirmou, na televisão, que Ulysses Guimarães sempre foi o candidato natural do PMDB, o que esvaziou a candidatura Ulysses Guimarães, que não mais voltou ao assunto.

Tancredo Neves e Equipe Médica
A Doença e a Morte

Tancredo Neves havia se submetido a uma agenda de campanha bastante extenuante, articulando apoios do Congresso Nacional e dos governadores estaduais e viajando ao exterior na qualidade de presidente eleito da República. Tancredo Neves vinha sofrendo de fortes dores abdominais durante os dias que antecederam a posse. Aconselhado por médicos a procurar tratamento, teria dito:

"Façam de mim o que quiserem - depois da posse!"
(Tancredo Neves)

Tancredo Neves temia que os militares da chamada "linha-dura" se recusassem a passar o poder ao vice-presidente. Então decidiu só anunciar a doença no dia da posse, 15 de março, quando já estivessem em Brasília os chefes de estados esperados para a cerimônia de posse, com o que ficaria mais difícil uma ruptura política. A sua grande preocupação com a garantia da posse era respaldada pela frase que ouvira de Getúlio Vargas a esse respeito:

"No Brasil, não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse!"
(Getúlio Vargas)

Porém, a sua saúde não resistiu e, na véspera da posse, 14 de março de 1985, adoeceu com fortes e repetidas dores abdominais durante uma cerimônia religiosa no Santuário Dom Bosco, em Brasília. Foi, às pressas, internado no Hospital de Base de Brasília. Ao primo Francisco Dornelles, indicado à época para assumir o Ministério da Fazenda, Tancredo Neves afirmara que só aceitaria se submeter à cirurgia se tivesse garantias que João Figueiredo iria empossar o vice-presidente José Sarney.

José Sarney assumiu a Presidência em 15 de março, jurando a Constituição de 1967, no Congresso Nacional, aguardando o restabelecimento de Tancredo Neves. Leu o discurso de posse que Tancredo Neves havia escrito e que pregava conciliação nacional e a instalação de uma assembleia nacional constituinte.

"Não celebramos, hoje, uma vitória política. Esta solenidade não é a do júbilo de uma facção que tenha submetido a outra, mas festa da conciliação nacional, em torno de um programa político amplo, destinado a abrir novo e fecundo tempo ao nosso País. A adesão aos princípios que defendemos não significa, necessariamente, a adesão ao governo que vamos chefiar. Ela se manifestará também no exercício da oposição. Não chegamos ao poder com o propósito de submeter a Nação a um projeto, mas com o de lutar para que ela reassuma, pela soberania do povo, o pleno controle sobre o Estado. A isso chamamos democracia!"
(Tancredo Neves)

Na cerimônia de transmissão do cargo, no Palácio do Planalto, o presidente João Figueiredo não compareceu, se recusando a passar a faixa presidencial a José Sarney.

Existia grande tensão na época devido à possibilidade de uma interrupção na abertura democrática em andamento. Caso José Sarney não assumisse, deveria ser empossado em seu lugar o então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães do PMDB, pouco aceito pelos militares. O grande risco era que ocorresse um retrocesso, já que na época os setores militares mais conservadores, a chamada "linha-dura", tentavam desestabilizar a redemocratização e manter o regime militar.

Na madrugada de 14 para 15 de março, em uma reunião em que estavam presentes Ulysses Guimarães, Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e o ministro do exército Leônidas Pires Gonçalves, a opinião deste sobre a interpretação da Constituição de 1967 prevaleceu, e, na manhã de 15 de março, as 10:00 horas, o Congresso Nacional deu posse a José Sarney.

Devido às complicações cirúrgicas ocorridas - para o que concorreram as péssimas condições ambientais do Hospital de Base do Distrito Federal, que estava com a Unidade de Tratamento Intensivo demolida, em obras -, o estado de saúde se agravou, e teve de ser transferido em 26 de março para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Durante todo o período em que ficou internado, Tancredo Neves sofreu sete cirurgias. No entanto, em 21 de abril, na mesma data da morte de Tiradentes, Tancredo Neves faleceu vítima de Infecção Generalizada, aos 75 anos. A morte de Tancredo Neves foi tristemente anunciada pelo então porta-voz oficial da presidência para a imprensa, Antônio Britto.

Na época, havia rumores que Tancredo Neves já havia morrido há dias e sua morte não era anunciada a espera de se resolverem os problemas políticos resultantes da formação do novo governo presidido por José Sarney e para a data da morte coincidir com a data da morte de Tiradentes.

"Lamento informar que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Tancredo de Almeida Neves, faleceu esta noite no Instituto do Coração, às 10 horas e 23 minutos [...]"
(Antônio Britto, porta-voz oficial - 1985)

Houve grande comoção nacional, especialmente porque Tancredo Neves era o primeiro civil eleito presidente da república desde 1960, quando Jânio Quadros foi eleito presidente, e era o primeiro político de oposição ao regime militar a ser eleito presidente da república desde o Golpe Militar de 1964.

O Brasil, que acompanhara tenso e comovido a agonia do político mineiro, promoveu um dos maiores funerais da história nacional. Calculou-se na época que, entre São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e São João del-Rei, mais de dois milhões de pessoas viram passar o esquife. "Coração de Estudante", uma canção do cantor mineiro Milton Nascimento, marcou o episódio na memória nacional.

O epitáfio que o presidente eleito previra certa vez numa roda de amigos, em conversa no Senado, não chegou a ser gravado na lápide, no cemitério, ao lado da Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei:

"Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves!"

Seu enterro, em São João del-Rei, foi transmitido em rede nacional de televisão, tendo discursado, a beira do túmulo 85, que lembra o ano em que foi eleito presidente, o deputado federal Ulysses Silveira Guimarães, na época, presidente da Câmara dos Deputados.

No cemitério da Igreja de São Francisco de Assis há uma placa comemorativa da visita do presidente francês François Mitterrand que conhecera Tancredo Neves, quando este viajara à Europa.

Em março de 2008, a sepultura de Tancredo Neves foi violada e a peça de mármore da parte superior do túmulo foi quebrada.

Na cidade de São João del-Rei, foi homenageado com a colocação de uma estátua sua ao lado da estátua de Tiradentes.

Tancredo Neves e Aécio Neves
Legado e Homenagens

Vinte anos após, o corpo médico do Hospital de Base de Brasília revelou que não divulgou o laudo correto da doença à época, que não teria sido diverticulite, mas sim um tumor. Embora benigno, o anúncio de um tumor poderia ser interpretado como câncer, causando efeitos imprevisíveis no andamento político no momento.

Assumiu a Presidência da República o vice José Sarney, encerrando o período de 5 governos conduzidos por militares.

Mesmo sem ter tomado posse, Tancredo Neves é, por força de lei, elencado entre os ex-presidentes do Brasil, pela lei nº 7.465, de 21 de abril de 1986:

"O cidadão Tancredo de Almeida Neves, eleito e não empossado, por motivo do falecimento, figurará na galeria dos que foram ungidos pela Nação brasileira para a Suprema Magistratura, para todos os efeitos legais."

Em 2010, ocorreu o centenário de nascimento de Tancredo Neves. Em 01/03/2010, foi lançado um selo comemorativo do centenário de nascimento do ex-presidente. O evento fez parte de uma série de homenagens que se seguiram até o dia do centenário de seu nascimento: 4 de março de 2010.

Um busto foi inaugurado em 03/03/2010, no Salão Nobre do Senado Fedral, em Brasília, durante homenagem prestada ao centenário de nascimento do ex-presidente.

É lembrado "como político conciliador e hábil articulador político".

A cidade baiana Presidente Tancredo Neves foi nomeada em sua homenagem. Assim como a capital baiana, Salvador, tem como centro financeiro e empresarial a Avenida Tancredo Neves.

Além de reportagens que escreveu na juventude para o jornal Estado de Minas e O Correio, Diário de São João del Rei, Tancredo Neves foi autor de "O Regime Parlamentar e a Realidade Brasileira", publicado na Revista Brasileira de Estudos Políticos (Belo Horizonte, UFMG, 1962), "O Panorama Mundial e a Segurança Nacional" (Rio de Janeiro, ESG, 1962), e de numerosos discursos e pareceres publicados em jornais, revistas e anais parlamentares. Em 24 de fevereiro de 1983 tomou posse, sucedendo a Alberto Deodato, na cadeira nº 12 da Academia Mineira de Letras, patrocinada por Alvarenga Peixoto.

Deixou dois depoimentos que saíram em livros: o primeiro: "Tancredo Neves, A trajetória de um Liberal", a partir de uma entrevista dada à sua sobrinha Lucília de Almeida Neves, narra sua trajetória política até 1954 apenas, pois Tancredo Neves parou a entrevista para se dedicar integralmente à eleição no colegial eleitoral que ocorreria em 1985. O segundo livro entrevista foi "Tancredo Fala de Getúlio", onde dá seu depoimento sobre o antigo presidente e a sua atuação política ao lado de Getúlio Vargas.

Sobre a vida de Tancredo Neves foram produzidos o filme de longa-metragem "A Céu Aberto", de João Batista de Andrade, e a biografia "Tancredo Neves, A Trajetória de um Liberal" (1985), escrita por sua sobrinha Lucília de Almeida Neves Delgado e Vera Alice Cardoso a partir de depoimento dado pelo tio. Em 2011, foi lançado o documentário "Tancredo - A Travessia", de Silvio Tendler.

No final de março de 2010, o então Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, inaugurou a nova sede do Governo do Estado, denominada Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves.

Fonte: Wikipédia