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Pimentinha

WALTER SEYSSEL
(66 anos)
Ator e Palhaço

* Juiz de Fora, MG (16/06/1926)
+ Itu, SP (17/07/1992)

Walter Seyssel, mais conhecido pelo nome artístico Pimentinha foi um ator e palhaço brasileiro. Trabalhou ao lado de seu tio Arrelia, no programa da TV Paulista, canal 5, no ano de 1953 e depois foi para a TV Record, onde trabalhou durante vários anos.

Pimentinha foi dos tempos de ouro do circo no Brasil. Inaugurou uma época na televisão, pertenceu a uma família que durante quatro gerações, viveu sob a lona. Pimentinha contava ser sobrinho do Arrelia por parte de pai, e Arrelia que era 20 anos mais velho que ele, que lhe deu o nome de Walter.

Pode-se dizer que Pimentinha nasceu no circo e que era a quarta geração de sua família circense, que se originou na França e se espalhou por diversos países da Europa e veio para o Brasil. Nasceu em Juiz de Fora, MG, correu o Brasil e depois estabeleceu-se em Itu, SP.

A primeira apresentação ao público, de cara pintada, foi aos dois anos de idade. Foi a vez de alguém anunciar, do alto do picadeiro: "Respeitável público, aqui vem Espirro!". E ali entrou o novo palhaço fazendo as trapalhadas que o pai, Paulo Seyssel, o palhaço Aleluia do circo que ainda esta vivo, havia lhe ensinado. Dali em diante, todos os dias, ele subia no picadeiro, fazia brincadeiras e palhaçadas e depois ia dormir no colo da primeira moça que não tivesse ensaiado ou se apresentado. Ela o levava ate o camarim e entregava-o a sua mãe, Dona Leontina, que na época desafiava o trapézio.


E assim, aos poucos e quase que automaticamente, foi ensaiado. Inicialmente umas cambalhotas, mais tarde vieram o salto mortal e toda espécie de aventura.

Na vida real Espirro chamado de Valtinho ou então de Pimenta ou Pimentinha, de tão levado que era. Não aceitava apanhar de ninguém e mexia em tudo, até com os animais ferozes. Com ArreliaPimentinha começou a trabalhar desde cedo, no Circo Seyssel, que já havia sido do seu avô.

Valtinho Arrelia já trabalharam juntos até que, em 1952, os Seyssel e a população de São Paulo entraram em pânico: o circo entrou em chamas, debaixo do Viaduto Santa Efigênia. Daí então sua vida se complicou. Já casado com Amélia Rocha, mulher circense, aramista, comediante e cantora, um filho e outro para nascer, Pimentinha teve que se virar.

Com PiolimArrelia, foi para a TV Paulista, canal 5. No ano seguinte, em 1953, Arrelia começou a trabalhar na TV Record, onde numa sala pequena, montou seu circo. E ali, entrou também o mestre do riso Pimentinha.

Trabalhou até o ano de 1976, desenvolvendo diversas atividades na TV, onde fez papéis dramáticos e dublagens, marcando presença com facilidade em interpretar sotaques de diversas línguas, principalmente a chinesa. De 1976 a 1980, ele atuou em programas infantis da TV Cultura, contracenando com Torresmo.

Em 1980, mudou-se para Itu, interior paulista, onde veio a falecer em 17/07/1992, aos 66 anos de idade.


Caracterização do Palhaço Pimentinha

Um estilo bastante sofisticado, considerando um cômico "clown" de perfil clássico para o mundo do circo, usava um cone na cabeça, uma camisa amarela (estilo convencional), vestia calça com suspensório. A sua maquiagem revelava o quanto este mestre entendia a arte de fazer rir e os seus traços do rosto revelavam a tradição dos "clowns" clássicos europeus.

Cinema
  • 1975 - O Trapalhão na Ilha do Tesouro


Viriato Ferreira

VIRIATO FERREIRA
(62 anos)
Figurinista e Carnavalesco

* Rio de Janeiro, RJ (24/04/1930)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/09/1992)

Viriato Ferreira foi um figurinista e carnavalesco brasileiro. Trabalhou para Teatro de Revista durante muitos anos. Foi lá que aprendeu a criar figurinos que eram ao mesmo tempo leves, cômodos e de grande efeito visual, características que marcariam seus trabalhos como carnavalesco de grandes escolas de samba cariocas. Mas sua ligação com o carnaval começou quando desfilava como destaque pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro.

Durante alguns anos colaborou com seu trabalho para o sucesso de Joãosinho Trinta no Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor, mas foi no Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela e no Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense que pode assumir o posto de carnavalesco e desenvolver enredos inesquecíveis como "Hoje Tem Marmelada" (Portela, campeã de 1980) e "O Que É Que A Banana Tem" (Imperatriz Leopoldinense, 1991).

Em 2009, foi homenageado num dos setores do desfile da Imperatriz Leopoldinense, que levava à Passarela do Samba o enredo "Imperatriz.... Só Quer Mostrar Que Faz Samba Também!"

Viriato Ferreira no barracão da Imperatriz Leopoldinense
Carnavais de Viriato Ferreira

  • 1979 - "Incrível, Fantástico, Extraordinário" (GRES Portela)
  • 1980 - "Hoje Tem Marmelada" (GRES Portela)
  • 1981 - "Das Maravilhas Do Mar Fez-se O Esplendor De Uma Noite" (GRES Portela)
  • 1982 - "Meu Brasil Brasileiro" (GRES Portela)
  • 1991 - "O Que É Que A Banana Tem" (GRES Imperatriz Leopoldinense)
  • 1992 - "Não Existe Pecado Abaixo Do Equador" (GRES Imperatriz Leopoldinense - Junto com Rosa Magalhães)
  • 1993 - "Marquês Que É Marquês Do Saçarico É Freguês" (GRES Imperatriz Leopoldinense - Junto com Rosa Magalhães)

Fonte: Wikipédia

Adelaide Carraro

ADELAIDE CARRARO
(55 anos)
Escritora

* Vinhedo, SP (30/07/1936)
+ São Paulo, SP (07/01/1992)

Adelaide Carraro foi uma escritora brasileira. Era uma escritora que escrevia livros fortes, com temas polêmicos e em plena época da ditadura militar, quando havia muita censura.

Poucas foram as escritoras que souberam lidar com a libido em seus textos. Polêmica, a cada livro que lançava despertava a curiosidade em alguns e a ira em outros. Principalmente, os políticos e a alta sociedade que sempre apareciam biografados, e nem sempre da forma que gostariam.

Adelaide Carraro nasceu na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo, em 30/07/1936. Logo cedo, aos 7 anos, ficou órfã com mais onze irmãos. As dificuldades eram grandes, e então, passou a viver em um orfanato.

Seu primeiro texto que chegou ao conhecimento público foi a crônica "Mãe", que lhe rendeu um prêmio aos 13 anos de idade.


Adelaide Carraro deixou uma obra bastante extensa, com mais de 40 edições, tendo mais de 2 milhões de exemplares vendidos, entre eles "O Estudante", "O Estudante II", "O Estudante III", "Meu Professor, Meu Herói" e "Eu e o Governador". Este último é o seu texto mais polêmico, referente à descrição de um suposto romance com Jânio Quadros em seu período como governador de São Paulo.

Escreveu também outras obras como "Podridão" e "O Mundo Cão de Sílvio Santos".

"Falência das Elites" é a segunda e uma das mais importantes obras de Adelaide Carraro. Ela exibe de maneira perturbadora o retrato de uma sociedade cheia de preconceitos, em decomposição e intolerante, que despreza todos aqueles que não ingressaram em seu meio egocêntrico aristocrático do dinheiro.

Pasquim Num. 427 (Entrevista Com Adelaide Carraro)
Sincera, clara e simples, a autora ofende a vaidade da chamada elite. Para Adelaide Carraro, a elite apresenta duas caras: uma é feliz e amável e finge-se filantrópica, a outra é sombria, oculta e repulsiva.

Adelaide Carraro era solteira convicta, jamais cogitou se casar, porém, foi mãe adotiva de duas crianças. Muitos foram os adjetivos na tentativa de classificar sua obra, entre os quais "literatura pornográfica" e "escritora maldita".

Adelaide Carraro morreu em janeiro de 1992 aos 55 anos.

Ernâni Alvarenga

ERNÂNI ALVARENGA
(77 anos)
Cantor, Compositor e Instrumentista

* São Paulo, SP (10/06/1914)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/01/1992)

Ernâni Alvarenga foi um compositor, instrumentista e cantor, nasceu em São Paulo, SP, no bairro da Barra Funda, aos quatro anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde fez o curso primário.

Aprendeu a tocar cavaquinho e em 1927 participava de um regional, começando a compor no ano seguinte. Durante o carnaval, convidado pelo sambista Paulo da Portela, que desfilava pelo bloco "Vai Como Pode", passou a participar, juntamente com seu "Bloco da Rua D", da escola de samba que estava sendo organizada e que em 1935 se tornaria conhecida como Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela.

Em 1931 o "Vai Como Pode" desfilou na Praça Onze, cantando "Dinheiro Não Há", samba de sua autoria, que mais tarde, com uma segunda parte composta por Benedito Lacerda, foi gravado por Leonel Faria.

Sambista da velha guarda da Portela, atuou na escola compondo e tocando cavaquinho de quatro e cinco cordas, instrumento no qual se aperfeiçoou com a ajuda de Luperce Miranda.

Em 1937, a convite de Paulo Leblon, diretor da Rádio América, de São Paulo, afastou-se da escola para apresentar-se como cantor no programa "Big Show América". Depois de passar alguns anos em São Paulo, voltou ao Rio de Janeiro para trabalhar na Rádio Mayrink Veiga e a seguir na Rádio Guanabara.

Doente das cordas vocais, deixou a vida artística por alguns anos, reaparecendo no início da década de 1970.

Morador do subúrbio carioca de Osvaldo Cruz, foi um dos últimos remanescentes do grupo de fundadores da Portela. Frequentava esporadicamente os ensaios e rodas de samba promovidos pela escola. Dois de seus sambas, "Salário Mínimo" e "Dinheiro Não Há", foram regravados por Beth Carvalho.

Fonte: Cifra Antiga

Gilberto Alves

GILBERTO ALVES MARTINS
(76 anos)
Cantor

* Rio de Janeiro, RJ (15/04/1915)
+ Jacareí, SP (04/04/1992)

Gilberto Alves Martins, "carioca da gema", como ele próprio dizia, nasceu no bairro de Lins de Vasconcelos no Rio de Janeiro, em 15/05/1915.

Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse trabalho. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.

Gilberto Alves conheceu Jacob do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a frequentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.

Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Um dia Almirante "A Maior Patente do Rádio" ouviu Gilberto Alves cantar, e o convidou a se apresentar na Rádio Club do Brasil, onde era o diretor artístico, além de um programa que fazia. Corria o ano de 1935, e, mesmo sem contrato, Gilberto Alves se apresentou por algum tempo no programa de Almirante, ganhando 30 mil réis por mês.

É bom que se diga que na Rádio Club do Brasil, na mesma época, eram contratados Orlando Silva e Aracy de Almeida, com 70 e 50 mil réis por mês, respectivamente. Gilberto Alves permaneceu na Rádio Club do Brasil, por treze meses, cantando sem contrato, recebendo apenas cachê.

Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, hoje Rádio Bandeirantes, onde atuava no "Programa Carioca" programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel.

Gilberto Alves cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista, Marília e Henrique, atuando paralelamente em outras emissoras. O Souza Barros, diretor da Rádio Tupi do Rio de Janeiro, resolveu fazer um pesquisa para saber dos cantores novos, qual o de maior possibilidades de se tornar um grande cartaz no futuro, qual o mais promissor. Para isso determinou uma votação que foi feita entre os grandes da época. Votaram Francisco Alves, Carlos GalhardoSílvio Caldas, Saint Clair Senna, Moacir Fenelon, Bide, Marçal.

Gilberto Alves foi escolhido por unanimidade o cantor revelação, e assinou o seu primeiro contrato com a Rádio Tupi para fazer um programa semanal de ¼ de hora. Era o ano de 1939. E, pela primeira vez, Gilberto Alves se deu conta que era um cantor profissional, preso a uma emissora de rádio através de um contrato. Ele, que praticamente só cantava por prazer.

Gilberto Alves ficou na Rádio Tupi até o ano de 1948, quando então foi para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas "Mulher Toma Juízo" (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e "Favela Dos Meus Amores" (Roberto Cunha), na gravadora Columbia.

Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, "Mãos Delicadas", além de "Duas Sombras", esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela gravadora Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi.

O primeiro grande êxito de Gilberto Alves junto ao público brasileiro foi a música "Tra La La" (Roberto Martins e Mário Rossi), lançada em 1940 pela gravadora Odeon. Depois veio, em 1941, "Uma Grande Dor Não Se Esquece" "Sonhos de Outono"; em 1942, "Algum Dia Te Direi", "Gavião Caçudo" e "Pombo Correio", músicas de grande efeito e enorme vendagem de discos.

Nas gravações de Gilberto Alves, mesmo as mais antigas, cuja qualidade técnica deixa a desejar, o ouvinte tem condições de entender plenamente todas as palavras. Segundo as declarações do cantor, ele nunca tinha sequer sonhado em se tornar profissional do canto. Vivia cantando entre amigos e em rodas de samba. Primeiro porque o convidavam e, segundo, gostava muito. Mas nunca pensou em ser artista. Tudo aconteceu de forma natural.

Gilberto Alves ficou na gravadora Columbia por pouco tempo, transferindo-se a seguir para a Odeon, onde se firmaria como um dos maiores cantores brasileiros, dono de uma discografia de mais de 400 discos 78 rpm, além de diversos LPs.

Cada cantor do passado, mesmo sendo detentor de vários sucessos em suas apresentações fora do Rio de Janeiro, era praticamente obrigado a interpretar a música que o definia junto ao grande público. Com Francisco Alves este fato ocorria com "A Voz do Violão", com Carlos Galhardo, "Fascinação", com Sílvio Caldas, "Chão de Estrelas", com Vicente Celestino, "O Ébrio", e com Gilberto Alves "Algum Dia Te Direi", composição de Felisberto Martins e Cristóvão de Alencar.

Onde fosse, em qualquer parte do Brasil, o público pedia ou até exigia "Algum Dia Te Direi", a música com a "cara" de Gilberto Alves. A este seguiram-se outros sucessos, como "Natureza Bela" (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha "Cecília, No Carnaval" de 1943, e no ano seguinte o fox "Adeus", dos mesmos autores.

Em 1944 gravou "Despedida" (Tito Ramos), "Algum Dia Te Direi" (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), "Sinfonia Dos Tamancos" (Roberto Martins) e "Capital Do Samba" (José Ramos). No ano seguinte, deixou a gravadora Odeon e foi para a RCA Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco "Rosa Maria" (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional.

Em 1949 Gilberto Alves casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão.

Em 1975 completou quarenta anos de carreira. Nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada Velha Guarda.


Uma particularidade de Gilberto Alves era sua prodigiosa memória. Quando morava no Rio de Janeiro, depois de se aposentar em 1970 da Rádio Nacional e, posteriormente, em Cezário Lange, pequena cidade do interior paulista, onde viveu seus últimos anos, sempre era convidado a participar das serestas quando estas ocorriam. Nestas ocasiões, sempre lhe pediam que cantasse aquelas músicas antigas com letras quilométricas e, às vezes rebuscadas, que ele sabia de memória, mas não se lembrava de como as tinha aprendido. Devia ser coisa de sua infância, pois ele não tinha ideia de como tomara conhecimento delas.

Pelo temperamento alegre e sempre disposto a uma boa brincadeira, Gilberto Alves era um alvo predileto de "gozações" de seus amigos do meio radiofônico. Sílvio Caldas, por exemplo, dizia que o cabelo de Gilberto Alves era "penteado a metralhadora", tal o número de ondulações que possuía, por ser muito crespo. Gilberto Alves retrucava chamando Sílvio Caldas de "saci", pelo fato dele ser extremamente magro e muito experto, "elétrico" mesmo, além de apelidá-lo de "rompe-fronha", por possuir cabelo crespo e duro.

Além do grande cantor que foi, possuidor de uma das mais belas e expressivas vozes do nosso cancioneiro, Gilberto Alves era ainda um estudioso da nossa música popular, possuindo uma enorme coleção de discos de chorinho, gênero que adorava.

Fonte: Letras
Indicação: Miguel Sampaio

Aladim

JOSÉ NASCIMENTO CARDOSO
(35 anos)
Cantor

* Visconde do Rio Branco, MG (1956)
+ (01/10/1992)

Alan & Aladim formaram a dupla no ano de 1976 durante um concurso musical onde Aladim deu nota zero a Alan num concurso musical. Alan, antes da carreira artística  foi torneiro mecânico. Aladim teve outras duplas com outros parceiros antes de formar a dupla Alan & Aladim e tocou quatro anos com João Mineiro & Marciano.

Alan & Aladim gravaram o seu primeiro LP no ano de 1981, pela gravadora CBS/Sony Music com ajuda de Marciano da dupla João Mineiro & Marciano. Na época a CBS estava investindo na área sertaneja, contudo fecharam seu departamento sertanejo e eles viram-se novamente sem gravadora. Mais uma vez Marciano os apoiou, levando a dupla para a Copacabana onde permaneceram até o último LP.

Em seu primeiro LP pela nova gravadora fizeram sucesso com a música "Parabéns amor", mesmo assim ficaram quase três anos sem gravar. Gravam mais três álbuns, sendo um no ano de 1987 que vendeu quase um milhão de cópias e os consagrou em todo Brasil, um segundo no ano de 1989 que vendeu 200 mil cópias, cinco meses depois já haviam vendido 500 mil repetindo o sucesso do disco anterior e ainda o último álbum da formação original, que emplacou o sucesso "Remédio ou Veneno", no ano de 1991. Os maiores sucessos da primeira formação ainda com José Nascimento, o Aladim, foram as músicas "Parabéns Amor", "Dois Passarinhos" , "Liguei Pra Dizer Que Te Amo", "A Dois Graus", "Dona", "Pra Poder Voltar Aqui", "Remédio ou Veneno" e outras.

Com os sucessos dos discos, a dupla conquistou três discos de ouro e um de platina.


Morte

Infelizmente, a formação original terminou em 01/10/1992, quando Aladim faleceu em decorrência de uma corriqueira cirurgia dentária aos 35 anos. O cantor desenvolveu alergia a anestesia, que lhe causou uma Parada Cardiorrespiratoria. Aladim deixou dois filhos de 8 e 2 anos na época. Este relato foi mostrado no SBT Repórter, em 2006.

O último show de Aladim foi realizado na cidade de Cristalina, no estado de Goiás, a 120 km de Brasília.

Novo Integrante

Após a morte do parceiro, Alan buscou novas parcerias, formando dupla com Alex, não obtendo boa aceitação, e também com Nando, ambos em 1995, com o qual também gravou um disco, mas não deslanchou.

Em 1996, formou novamente a dupla, onde a gravadora Copacabana fez uma seleção para encontrar um substituto que assumisse o nome artístico de Aladim, e o parceiro escolhido desta vez foi Patrick, um cantor de músicas italianas nas noites de São Paulo, adotando Alan & Alladin, mudando a grafia com "l" dobrado e "n" no final. Gravaram 05 álbuns e após 11 anos da formação, se separaram.

Atualmente Alan forma dupla com Arnaldo dos Reis, irmão da dupla Gian & Giovani, mantendo o nome Alan & Aladim.

Discografia

  • 1997 - Alan e Aladin (EMI Music - 98006)
  • 1991 - Alan e Aladin (Copacabana - 603.003)
  • 1989 - Alan e Aladin (Copacabana - 612.991)
  • 1987 - Alan e Aladin (Copacabana - COMLP 25213)
  • 1984 - A Distância (Copacabana - COELP 41951)
  • 1981 - Alan e Aladin (Veleiro/CBS - 2013)

Participações

  • 2000 - Bis Sertanejo (EMI Music - CD)
  • 1992 - O Melhor do Sertanejo (Som Livre - LP)

Otto Lara Resende

OTTO DE OLIVEIRA LARA RESENDE
(70 anos)
Escritor e Jornalista

* São João Del-Rei, MG (01/05/1922)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/12/1992)

Otto Lara Resende nasceu em 01/05/1922, na Rua da Matola 9, São João Del Rey. Foi um jornalista e escritor brasileiro. Otto Lara Resende é pai do economista André Lara Resende. Seu pai, Antônio de Lara Resende, era professor, gramático e memorialista, e foi casado com Maria Julieta de Oliveira, com quem teve 20 filhos, dos quais Otto era o quarto.

O seu pai, professor, era dono do próprio colégio, o Instituo Padre Machado que foi transferido para Belo Horizonte em 1938, levando toda a família. Otto começou a escrever no jornalzinho do colégio que era vistoriado pelo professor Benone.

Em 1938, aos 16 anos, quando já morava em Belo Horizonte, Otto começou a ter maior contato com autores lançados na época. Conheceu Fernando Sabino e entrou para o escotismo, frequentou o curso de inglês com Paulo Mendes Campos e tornou-se amigo de Hélio Pellegrino, com quem lançou o jornal Liberdade em oposição ao Estado Novo.

Nesta época, Otto já trabalhava como professor de português e francês. Em 1939, foi convidado para trabalhar no serviço do Imposto Territorial da Secretaria de Finanças de Minas Gerais. Aos dezoito anos, iniciou como jornalista no jornal O Diário, de Belo Horizonte, estreando com o artigo "Panelinhas Literárias".

No decorrer de sua vida trabalhou no Diário de Minas e no Rio de Janeiro, nos veículos Diário de Notícias, O Globo, Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora, Manchete, Jornal do Brasil, TV Globo, e no paulista Folha de São Paulo.


Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro, já formado em direito, trabalhou como jornalista e funcionário público. Em 1948, casou-se com Helena, neta do ex-governador de Minas Gerais, João Pinheiro.

Otto Lara Resende publicou o seu primeiro livro de contos, "Lado Humano", em 1952, pela editora A Noite. Em 1957, publicou o seu segundo livro "Boca do Inferno", pela editora José Olympio. Depois de ter trabalhado na revista Manchete como redator-chefe e diretor, se demitiu e viajou com a família para a Bélgica, onde exerceu trabalhos culturais na embaixada brasileira.

Fundou com Rubem Braga e Fernando Sabino, entre outros amigos, a Editora do Autor. Lá, publicou "O Retrato Na Gaveta" (1962) e "O Braço Direito" (1963). Em 1964, escreveu "A Cilada", um conto sobre a avareza, no livro "Os Sete Pecados Capitais", publicado pela Editora Civilização Brasileira, e do qual participaram também Guimarães Rosa (Soberba), Carlos Heitor Cony (Luxúria), Mário Donato (Ira), Guilherme Figueiredo (Gula), José Condé (Inveja) e Lygia Fagundes Telles (Preguiça).

Na década de 60, tornou-se editoralista do Jornal do Brasil. Em 1967, estreou o programa de TV "O Pequeno Mundo De Otto Lara Resende", na TV Globo, uma participação diária de 60 segundos durante a qual falava sobre os acontecimento do dia. Em 1979, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira 39, em 2 de outubro.

Depois de prestigiado sucesso como cronista da Folha de São Paulo, no início da década de 90, em 1992, largou o jornalismo aos 70 anos de idade.

Em 28 de dezembro de 1992, faleceu vitimado por uma Embolia Pulmonar e Infecção Hospitalar. Na época de sua morte, trabalhava como cronista para o jornal Folha de São Paulo.


Academia Brasileira de Letras

Em 3 de julho de 1979, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, na cadeira 39, vaga com a morte de Elmano Cardim.

Obras

  • 1952 - O Lado Humano (Contos)
  • 1957 e 1998 - Boca Do Inferno (Contos)
  • 1962 - O Retrato Na Gaveta (Contos)
  • 1964 - O Braço Direito (Romance)
  • 1965 - A Cilada (Conto, publicado em "Os Sete Pecados Capitais")
  • 1975 - As Pompas Do Mundo (Contos)
  • 1991 - O Elo Partido e Outras Histórias (Contos)
  • 1993 - Bom Dia Para Nascer (Crônicas na Folha de São Paulo)
  • 1994 - O Príncipe E O Sabiá E Outros Perfis (História)
  • 1995 - A Testemunha Silenciosa (Novelas)



Zilá Fonseca

IOLANDA RIBEIRO ANGARANO
(63 anos)
Cantora

* São Paulo, SP (12/04/1929)
+ Rio de Janeiro, RJ (30/05/1992)

Zilá Fonseca nasceu em São Paulo, cidade onde iniciou sua carreira artística. Em 1939, foi contratada pela Rádio Tupi de São Paulo.  Trabalhou depois na Rádio Cruzeiro do Sul, transferindo-se em seguida para o Rio de Janeiro, passando a atuar na Rádio Mayrink Veiga.

Lançou pela Columbia, seu primeiro disco, com acompamento de Antônio Rago e seu conjunto regional, interpretando a marcha "Se Ele Perguntar Por Mim" e o samba "Fiz Esta Canção", ambas do compositor Sereno.

Em 1940, participou do filme "Vamos Cantar", dirigido por Leon Marten.  Gravou um disco na Columbia, incluindo o samba "Coração Em Festa" (José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro) e "Carta Verde" (Valfrido Silva e Armando Lima).  No mesmo ano lançou dois de seus grandes sucessos,  a marcha "A Charanga do Oscar", de Malfitano, Silva Araújo e Geraldo Mendonça e o samba "Sei Lá Si Tá", de Valfrido Silva e Alcir Pires Vermelho.

Em 1942, gravou na RCA Victor as marchas "A Vontade do Freguês" (Malfitano e Jorge Faraj) e "Olha a Conga" (Malfitano e Silva Araújo).

Em 1945, foi contratada pela Odeon e lançou os sambas "Já Não Posso Mais" (Milton de Oliveira e Gilberto de Carvalho) e o grande sucesso de "Muita Gente No Samba" (Ari Monteiro). No ano seguinte gravou o samba "Nicanor Vai Ser Chutado" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira).

Em 1948, transferiu-se para a Star, onde gravou "Quero Um samba" (Assis Valente e Júlio Zamorano), "Onde Vamos Morar" (Antônio Valentim dos Santos e Aldacir Evangelista), "Eta Pessoal" (Henrique de Almeida, Gadé e Humberto de Carvalho) e o grande sucesso "A Aurora Vem Raiando" (Nelson Trigueiro), além da marcha carnavalesca "Galo Garnizé" (Antônio Almeida, Luís Gonzaga e Miguel Lima).

Em 1949, atuou no filme "Estou Aí", com direção de José Cajado Filho. Nesse mesmo ano, casou-se com Osvaldo Luís, na época locutor da Rádio Mayrink Veiga.

Em 1951, foi para a Odeon e transferiu-se neste mesmo ano para a Todamérica, estreando com a marcha "Meu Barracão Não Cai" (Valdir Gonçalves e Irani de Oliveira), o samba "Nome Manchado" (Paulo Marques e Alice Chaves), e para o carnaval "Balança Mas Não Cai" (Abel Ferreira), seguido de "Não Te Quero Mais" (Mário Sena e Armando Rosas), "Revés do Passado" (Plínio Gesta), "Minha Vida e Meus Amores" (Luís Vieira) e "O Príncipe Maru" (Oldemar Magalhães).

Em 1952 gravou o baião "A Jangada Não Vem", de sua parceria com Osvaldo Silva e o samba "Agradeço a Você" (Altamiro Carrilho e Armando Nunes). No ano seguinte, retornou para a Columbia e gravou o samba-canção "Jerusalém" (Castro Perret) e a canção "Noite de Luz" (Gruber e Osvaldo Molles).

Em 1954, gravou com Cauby Peixoto o bolero "Vaya Con Dios" (Russel, James e Pepper), com versão de Joubert de Carvalho e o baião "Elvira" (Rômulo Paes e Henrique de Almeida). No ano seguinte gravou o clássico samba "A Voz do Morro" (Zé Keti).


Em 1956, registrou o samba "Vingança de Pobre" (Hianto de Almeida e Francisco Anysio) e no ano seguinte o samba "Se Acaso Você Chegasse" (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins). Gravou ainda na Chantecler e nos pequenos selos Sarau e Ritmos.

Zilá Fonseca durante muito tempo foi considerada uma especialista na arte de cantar tangos e boleros.   
Fonte: Cifra Antiga

Alzira Vargas

ALZIRA VARGAS DO AMARAL PEIXOTO
(78 anos)
Arquivista

* São Borja, RS (22/11/1914)
+ Rio de Janeiro, RJ (26/01/1992)


Alzira Vargas do Amaral Peixoto, em solteira Alzira Sarmanho Vargas, nasceu em São Borja, RS no dia 22 de novembro de 1914, filha de Getúlio Dornelles Vargas, que viria a ser presidente da República de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, e de Darci Sarmanho Vargas.

Com a vitória da Revolução de 1930 liderada pelo pai, e com a posse deste na chefia do Governo Provisório em 03/11/1930, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Arquivista particular do pai desde 1932, em janeiro de 1937, quando cursava o último ano da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, foi oficialmente nomeada auxiliar de gabinete, passando a integrar o Gabinete Civil da Presidência da República.

Em 1939, durante o Estado Novo (1937-1945), casou-se com o interventor federal do estado do Rio de Janeiro, o oficial de Marinha Ernani do Amaral Peixoto, com quem teria uma filha. Ao lado dele, atuou como mensageira entre Getúlio Vargas e o presidente americano Franklin Roosevelt, realizando várias viagens aos Estados Unidos.

Almoço no Jockey Club, na Gávea, oferecido pelo chanceler Macedo Soares. À esquerda, Alzira Vargas.
Com o enfraquecimento do Estado Novo e o início da redemocratização, Alzira foi uma das articuladoras do Partido Trabalhista Brasileiro, fundado em maio de 1945. Em 29 de outubro, Getúlio Vargas foi afastado do poder por um golpe militar. Conseqüentemente, Amaral Peixoto, a exemplo dos demais interventores, deixou o governo do Estado do Rio de Janeiro. Após o retorno de Getúlio Vargas à presidência e do marido ao governo fluminense no pleito de 3 de outubro de 1950, Alzira voltou a assessorar o pai, vindo a exercer papel de relevo na crise político-militar de 1954, que culminou com o suicídio do presidente.

O assassinato do major Rubens Vaz, em 5 de agosto, em atentado na Rua Toneleros, cujo alvo era o jornalista oposicionista Carlos Lacerda, foi o estopim dessa crise, agravada quando o inquérito policial revelou o envolvimento de membros da guarda pessoal de Getúlio Vargas. Pressionado por generais e brigadeiros, Getúlio Vargas marcou uma reunião extraordinária do seu ministério para a madrugada do dia 24.

Alzira e Amaral Peixoto participaram da reunião. Nesse encontro, Alzira, divergindo da posição do Ministro da Guerra, general Zenóbio da Costa, defendeu a permanência de Getúlio Vargas no poder, baseada em informações de que a oposição ao presidente entre os militares não era tão ampla como se divulgava. Ao final da reunião, Getúlio Vargas decidiu licenciar-se da presidência temporariamente. Em seguida, Alzira procurou o pai em seu quarto, encontrando-o em companhia do seu tio Benjamim Vargas. O presidente mostrou a ambos a chave de um cofre, advertindo-os de que, caso lhe acontecesse algo, deveriam retirar dali alguns valores e papéis de importância.

De manhã, Alzira recebeu um telefonema do general Ciro do Espírito Santo Cardoso em que este lhe comunicava que os generais haviam decidido que a licença de Getúlio Vargas deveria ser definitiva. A conversa telefônica foi interrompida quando alguém avisou-lhe de que Getúlio Vargas se suicidara. Nessa mesma manhã, Alzira abriu o cofre e dele retirou, entre diversos papéis, duas cópias do que passaria à história como a Carta-Testamento.

Cópia da Carta-Testamento de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954:

"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.
 
Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte.

Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."

(Getúlio Vargas)

Em 1955, Amaral Peixoto deixou o governo fluminense e em 1956 foi nomeado embaixador nos Estados Unidos. Alzira seguiu com o marido para Washington, onde permaneceu até 1959. De volta ao país, publicou em 1960 a biografia Getúlio Vargas, Meu Pai.

Em 1973, doou os arquivos de seu pai, que começara a organizar na década de 1930, ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Alzira Vargas Faleceu no Rio de Janeiro no dia 26 de janeiro de 1992.

O arquivo de Alzira Vargas do Amaral Peixoto encontra-se depositado no Cpdoc.


Humberto Marçal

SEBASTIÃO HUMBERTO DE SOUZA
(56 anos)
Locutor e Radialista

* Batatais, SP (12/08/1936)
+ São Paulo, SP (14/08/1992)

Filho de Sebastião de Souza e Deonísia de Paula, nasceu em 12/08/1936, na cidade de Batatais, interior do estado de São Paulo. Depois sua família mudou-se para Marília e Humberto Marçal começou a trabalhar em rádio. Em Marília começou na Rádio Dirceu, do grupo da Rádio Piratininga.

Humberto Marçal era um jovem estudante, que estava ainda fazendo o 2º grau e foi convidado para apresentar um programa cultural, mas logo depois de um tempo foi chamado a integrar o corpo de locutores profissionais.

Seus pais não queriam com medo que isso atrapalhasse seus estudos. Mas Humberto Marçal bateu o pé e consegui permissão para trabalhar em alguns horários. Daí ele foi dilatando seus horários e dedicando-se cada vez mais ao rádio. Acabou realmente por reprovar no colégio e a ocupar todos os cargos que uma emissora do interior pode ter.

Depois, Humberto Marçal foi convidado para a Rádio ABC de Santo André, passando a seguir para a Rádio Cultura, em São Paulo.

Na Rádio Cultura fazia os programas Sucessos do Dia e É Só Pedir. Na Rádio Bandeirantes apresentou o "Jornal Primeira Hora" e o programa "Mil Discos é o Limite".

Trabalhou na Rádio Globo, Rádio Excelsior (Sistema Globo de Rádio), Rádio Nacional e Rádio Record.

Além de fazer rádio, Humberto Marçal gravou jingles, quase sempre na RGE, e fez a voz em comerciais como Café Seleto, Varig, Banco Real e outros.

De uma segurança e credibilidade que poucos profissionais conseguem conferir à voz, fez uma carreira de sucessos no rádio, na tv e na publicidade. Ele criou uma produtora de som Sonotec por onde passaram todos os melhores e maiores locutores de comerciais da época, alguns ainda entre nós, atuando a toda.

Durante anos foi o locutor dos comerciais da Varig, empresa aérea que fazia campanhas muito criativas e estava constantemente na mídia. Gravou muitos comerciais em toda a sua carreira e sua voz marcante será sempre uma referência do que é um bom profissional.

Humberto Marçal foi casado com Anna Maria de Mello com quem teve 2 filhos.

Escute aqui a voz de Humberto Marçal: Voz Humberto Marçal

Percy Aires

PERCY AIRES LOESH
(60 anos)
Ator

* São Paulo, SP (28/01/1932)
+ São Paulo, SP (03/09/1992)

Percy Aires começou sua carreira artística no rádio em 1952, tendo estreado na TV Tupi em seguida e posteriormente contratado pela Rede Globo. Em 1957, atuava no TV de Vanguarda que, entre outros, apresentou Doze Homens Furiosos, uma adaptação de Walter George Durst.

Em sua passagem pela TV Record na década de 70, participou da novela O Espantalho, de Ivani Ribeiro, ao lado de Jardel Filho e Nathalia Thimberg.

No cinema, atuou em O Santo Milagroso em 1966, ao lado de Dionísio Azevedo e Leonardo Vilar.

Em 1988, participou de dois filmes do grupo humorístico Os Trapalhões: Os Heróis Trapalhões e Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva.

Era pai de Patrícia Aires, que ficou conhecida em 1968 por sua atuação na novela A Pequena Orfã, um dos maiores sucessos do gênero e que também virou filme estrelado pela própria atriz.

Em sua passagem pelo TV de Comédia, na TV Tupi, onde encenou ao vivo a peça Os Maridos Atacam de Madrugada, em 1959, Percy foi vítima de um incidente curioso: numa das cenas, o ator aparecia sentado numa cadeira com a atriz Carmen Marinho no colo. Ela levantou-se e tornou a sentar e, nesse movimento, o pé da cadeira dobrou, levando Percy ao chão com os cinquenta e poucos quilos de Carmen sobre ele. Diante das câmeras, que registraram o flagrante, Percy não se deu por embaraçado e exclamou: "Nesta casa tudo acontece!"

Participou de mais de 40 telenovelas, tendo se destacado em Brega e Chique, onde fazia o papel do marido autoritário da personagem interpretada por Neuza Amaral, numa vaga alusão ao estilo do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, e em Roda de Fogo, ambas da TV Globo.

O ator faleceu aos 60 anos, vitimado por uma hemorragia interna provocada por problemas no estômago.


Tavares de Miranda

JOSÉ TAVARES DE MIRANDA
(75 anos)
Jornalista, Escritor e Colunista Social

☼ Vitória de Santo Antão, PE (16/11/1916)
┼ São Paulo, SP (20/08/1992)

José Tavares de Miranda, mais conhecido como Tavares de Miranda, foi um jornalista, escritor e colunista social, natural de Pernambuco e radicado em São Paulo, onde se projetou.

Chegou em São Paulo com uma carta de apresentação em 1938. Ao chegar em São Paulo, trabalhou por 5 anos, no jornal Diário da Noite, como repórter policial, transferiu-se, posteriormente, para a Folha de S.Paulo, onde trabalhou por 42 anos, assinando a coluna social que o notabilizou. Em São Paulo, também, concluiu seus estudos de Direito na Faculdade de Direito do  Largo de São Francisco.

Tavares de Miranda tornou-se uma lenda viva do jornalismo, ao longo desses 47 anos. Lançava novas expressões, gírias, moda, modismos, divulgava furos de reportagem, selecionava as mais elegantes de São Paulo, sua importância era equivalente a de Maneco Muller, Jacinto de Thormes e Ibrahim Sued na imprensa de São Paulo.

Tavares de Miranda foi membro da Academia Paulista de Letras, ocupando a Cadeira nº 36, cujo patrono é Euclides da Cunha, e o fundador, Raul Soares de Moura, teve como antecessores, Afonso d'Escragnolle Taunay e Sérgio Buarque de Holanda, e, como sucessores, Oracy Nogueira e Esther de Figueiredo Ferraz.

Tavares de Miranda foi casado com Emerentina Lúcia de Oliveira Ribeiro, Dona Nini, por 45 anos, e teve três filhas.

Sua atividade profissional o levou a constituir um eclético arco de amizades, Lygia Fagundes Telles, Miguel Reale, Giba Um, Hebe Camargo, Alik Kostakis, Erasmo Dias e Alice Carta integravam seu circulo de amigos, entre muitas outras personalidades.

Tavares de Miranda nasceu em família católica, tornou-se ateu e comunista na juventude, e retornou ao seio do catolicismo. Frequentava a missa todos os dias na Igreja de Santa Terezinha na capital paulista.

O Repórter Zé, como se denominava, era um apaixonado pela poesia, escreveu seis livros de poesia, dois romances, dentre os quais "O Nojo" (1946), e um guia de etiqueta intitulado "Boas Maneiras e Outras Maneiras".

Sua saída da Folha de S.Paulo, em 1985, foi o culminar de um processo de transformação editorial que apontava para um colunismo mais contemporâneo, mais ágil, segundo a nova filosofia da direção, fato que o deixou muito deprimido.

Tavares de Miranda faleceu aos 75 anos, em São Paulo, SP, no dia 20/08/1992.

A prefeitura de São Paulo homenageou Tavares de Miranda batizando uma rua com seu nome em 1993.

Fonte: Wikipédia

Paulo Villaça

PAULO VILLAÇA
(58 anos)
Ator, Professor, Jornalista e Publicitário

☼ Bauru, SP (1933)
┼ Rio de Janeiro, RJ (24/01/1992)

Paulo Villaça nasceu em Bauru, interior de São Paulo, em 1946. Professor de literatura, jornalista e publicitário, abandonou a profissão de professor de grego para, aos 32 anos, estrear na carreira artística.

Depois de passar pela Escola de Arte Dramática (EAD) e pelo Teatro Oficina, estreia no cinema, protagonizando um dos filmes mais importantes do Cinema Marginal e Clássico do cinema brasileiro, em 1968, "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla.

Na sequência, foi um dos atores mais presentes no cinema nacional, participando em mais de 20 filmes, como "A Mulher de Todos" (1969), "Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa" (1971), "A Dama do Lotação" (1978), "Aventuras de um Paraíba" (1983), "A Dama do Cine Xangai" (1985), entre outros.

Paulo Villaça e Helena Ignes em cena do filme "O Bandido da Luz Vermelha"
No teatro, contracenou com Marília Pêra em 1969, na peça "Fala Baixo Senão Eu Grito", texto de estreia da dramaturga Leilah Assumpção, com direção de Clóvis Bueno. Mas seu grande momento nos palcos é na montagem de "Navalha na Carne", de Plínio Marcos, em 1968, ao lado de Ruthinéa de Moraes e Edgard Gurgel Aranha.

Na televisão, atuou nas novelas "O Bofe" (1972) e nas minisséries "Quem Ama Não Mata" (1982) e "Anos Dourados" (1986), da TV Globo.

Nos anos 70 foi casado com a atriz Marília Pêra.

Paulo Villaça morreu no dia 24/01/1992, no Rio de Janeiro, devido a complicações de saúde provocadas pelo vírus da AIDS, mas pediu para ser cremado em São Paulo.

Paulo Villaça e Sônia Braga em "A Dama do Lotação"
Cinema

  • 1992 - Perfume de Gardênia ... Ladrão
  • 1990 - O Quinto Macaco ... Watts
  • 1988 - Prisoner Of Rio ... Drº Falcão
  • 1988 - Banana Split
  • 1987 - A Dama do Cine Shanghai ... Desdino
  • 1987 - Leila Diniz
  • 1987 - Quincas Borba ... Quincas Borba
  • 1987 - Eternamente Pagu
  • 1986 - O Homem da Capa Preta ... Maragato
  • 1986 - Fulaninha
  • 1982 - Aventuras de um Paraíba
  • 1982 - Rio Babilônia ... Dante
  • 1981 - O Torturador
  • 1979 - Os Trombadinhas
  • 1979 - A República dos Assassinos
  • 1979 - O Princípio do Prazer
  • 1978 - O Gigante da América
  • 1978 - A Dama do Lotação
  • 1978 - Nos Embalos de Ipanema ... André
  • 1977 - Paranóia ... João
  • 1977 - Gente Fina é Outra Coisa
  • 1977 - Ajuricaba, o Rebelde da Amazônia
  • 1974 - O Forte
  • 1974 - O Lobisomem
  • 1973 - Sagarana, o Duelo
  • 1972 - Revólveres Não Cospem Flores
  • 1971 - Mangue Bangue
  • 1971 - Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa ... O amigo
  • 1971 - Um Pistoleiro Chamado Caviúna
  • 1970 - OSS 117 Prend Des Vacances
  • 1970 - Copacabana Mon Amour ... Drº Grilo
  • 1970 - Beto Rockfeller
  • 1970 - Jardim de Guerra
  • 1970 - Perdidos e Malditos
  • 1970 - Os Senhores da Terras
  • 1969 - A Mulher de Todos ... Ramón
  • 1978 - O Bandido da Luz Vermelha ... O Bandido
  • 1968 - O Matador

Paulo Villaça e Denise Bandeira na minissérie "Anos Dourados"
Televisão

  • 1990 - Barriga de Aluguel
  • 1990 - Fronteiras do Desconhecido
  • 1989 - Colônia Cecília ... Delegado Tavares
  • 1988 - Vale Tudo ... Gustavo
  • 1988 - Chapadão do Bugre ... Perciva
  • 1987 - Helena ... Salvador
  • 1986 - Selva de Pedra ... Juiz
  • 1986 - Anos Dourados ... Joel
  • 1985 - Armação Ilimitada
  • 1985 - Tudo em Cima ... Drº Ciro Benetti
  • 1984 - A Máfia no Brasil ... Alfredo Adauto
  • 1982 - Quem Ama Não Mata ... Raul
  • 1981 - Os Adolescentes ... Odilon
  • 1972 - O Bofe ... Paulo
  • 1969 - Super Plá ... Cícero
  • 1967 - O Jardineiro Espanhol
  • 1967 - O Morro dos Ventos Uivantes ... José