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Elza Soares

ELZA GOMES DA CONCEIÇÃO
(91 anos)
Cantora e Compositora

☼ Rio de Janeiro, RJ (23/06/1930)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/01/2022)

Elza Soares, nome artístico de Elza Gomes da Conceição, foi uma cantora, compositora e puxadora de samba-enredo nascida no Rio de Janeiro, RJ, no dia 23/06/1930. Elza Soares flertou com vários gêneros musicais como samba, jazz, samba-jazz, sambalanço, bossa nova, MPB, soul, rock e música eletrônica.

Ao longo de pouco mais de 60 anos de carreira, teve inúmeras músicas no topo das listas de sucesso no Brasil. Alguns dos maiores sucessos incluem: "Se Acaso Você Chegasse" (1960), "Boato" (1961), "Cadeira Vazia" (1961), "Só Danço Samba" (1963), "Mulata Assanhada" (1965) e "Aquarela Brasileira" (1974).

Em 1999, foi eleita pela Rádio BBC de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto The Millennium Concerts, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, Elza Soares aparece na 16ª posição da lista das 100 maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil.

Elza Soares nasceu em uma família muito humilde, composta por dez irmãos, na Favela da Moça Bonita, atualmente Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel, e ainda pequena mudou-se para um cortiço no bairro da Água Santa, onde foi criada.

Em sua infância, vivia a brincar na rua, soltar pipa, piões de madeira, até brigar com os meninos. Era uma vida pobre, porém feliz para uma criança, apesar de ter que ajudar a mãe nos serviços domésticos, levando latas d'água na cabeça.

Primeiros Trabalhos

Cultivando o sonho de cantar desde a infância, já compunha desde essa época suas primeiras canções. Aos 21 anos, havia acabado de ficar viúva, e estava com quatro filhos para criar, tendo já perdido dois filhos recém nascidos para a desnutrição alguns anos antes, e uma filha havia sido sequestrada havia um ano.

Nesta época, estava trabalhando como faxineira para sustentá-los, e ainda precisava comprar remédios para o seu filho de dois anos, que estava com pneumonia. Temendo a morte de mais um filho, sozinha e sem expectativa de uma vida melhor, vislumbrando seu sonho artístico cada vez mais longe e inacessível, resolveu lutar por seu filho e não desistir.

Elza Soares, confiante em seu talento para cantar, devido aos elogios que recebia de parentes e amigos, se inscreveu no concurso musical do programa radiofônico Calouros Em Desfile, em meados de 1953, que era apresentado pelo compositor Ary Barroso. Para a apresentação, usou um vestido da mãe, aproximadamente vinte quilos mais gorda, ajustado com vários alfinetes de fralda, fazendo um penteado de maria-chiquinha no cabelo.

Elza Soares com sua mãe, Dona Rosária, em Água Santa, RJ, em 1950

Quando Elza Soares subiu ao palco, foi recebida pelo auditório e por Ary Barroso, com gargalhadas. Ary Barroso tentou ridicularizar Elza Soares perguntando-lhe: "De que planeta você veio, minha filha?". E Elza Soares rebateu: "Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome!". Depois, Elza Soares cantou "Lama" (Paulo Marques e Aylce Chaves), e ganhou a nota máxima do programa. Ary Barroso, então, anunciou que, naquele exato momento, acabava de nascer uma estrela.

Então, se inscreveu no concurso de música do programa de Ary Barroso, na Rádio Tupi, e fez sua primeira apresentação ao vivo no auditório da emissora, a maior na época. A princípio não foi levada a sério, por conta de seu jeito bem humilde de falar e se vestir.

Apesar deste momento de chacota por parte do apresentador, Elza Soares não se abalou e, ao cantar, mostrou todo seu potencial. Ganhou um pouco de dinheiro pela participação e o utilizou para comprar os remédios do filho, que ficou bem. Sua participação bem-sucedida no programa de Ary Barroso não se traduziu em oportunidades de trabalho, inicialmente. Até que um dia seu irmão Ino a desafiou a fazer um teste para a orquestra de seu professor e com a interpretação de "Lamento", conquistou uma vaga no conjunto.

Elza Soares passou a acompanhar o grupo em apresentações em festas, bailes, casamentos e eventos sociais em geral. Nem sempre ela se apresentava, contudo, pois alguns clubes não admitiam uma cantora negra no palco.

Primeiros Contratos e Gravações

Em 1960 conseguiu realizar seu sonho de trabalhar somente com a música, quando surgiu um concurso na rádio, tendo que cantar as músicas escolhidas por eles e, como foi a vencedora, ganhou uma oportunidade de trabalho, assinando um contrato e cantando semanalmente. Com o tempo, acabou sendo convidada para aparecer na TV, e nesse mesmo ano fez sua primeira turnê internacional, e percorreu os países da América do Sul, América do Norte e Europa.

Sua primeira turnê internacional foi na Argentina, para onde ela foi em setembro de 1958. Contudo, ela recebeu um calote do empresário que a contratou e ficou sem dinheiro para voltar, tendo de se apresentar por conta própria em boates até levantar fundos suficientes para viajar ao Rio de Janeiro, um processo que levou um ano. Nesse meio tempo, seu pai morreu sem que ela pudesse estar perto dele.

Por meio de Aldacir Louro, conseguiu sua primeira oportunidade de gravar um disco, pela RCA Victor. Contudo, foi novamente barrada pelo racismo quando os executivos da gravadora se decepcionaram ao descobrirem que ela era negra. Aldacir Louro não desistiu e, com a ajuda de Moreira da Silva, gravou um compacto com "Brotinho de Copacabana" e "Pra Que é Que Pobre Quer Dinheiro?" pelo selo independente Rony, que não fez muito sucesso.


Pouco depois, a cantora Sylvinha Telles apresentou Elza Soares a seu marido, Aloysio de Oliveira, produtor da Odeon, que a convidou para um teste, a partir do qual ela foi contratada para o seu primeiro registro de uma grande gravadora: "Se Acaso Você Chegasse", que teve grande visibilidade nas rádios.

Quando começou a cantar na Rádio Tupi, foi vítima de racismo mais uma vez quando alguém jogou uma lâmina de barbear dentro de seu vestido sem que ela percebesse, o que lhe causou um corte que a fez sangrar muito.

Tornou-se mundialmente conhecida por seu tom suavemente grave e levemente rouco da voz, o que a fez conquistar muitos prêmios ao longo da carreira. Suas músicas falam bastante sobre romance, preconceito racial e feminismo. As palavras principais da frase, Planeta Fome, viraram o título de seu 34º álbum. As roupas alfinetadas que Elza usou em 1953, foram inspiração para o figurino da turnê do álbum.

No fim da década de 1950, Elza Soares fez uma turnê de um ano pela Argentina, juntamente com Mercedes Baptista. Tornou-se popular com sua primeira música "Se Acaso Você Chegasse", na qual introduziu o scat similar ao do jazzista Louis Armstrong, contudo, Elza Soares dizia que não conhecia a música americana feita à época. Mudou-se para São Paulo, onde se apresentou em teatros e casas noturnas.


A voz rouca e vibrante tornou-se sua marca registrada. Após terminar seu segundo LP, "A Bossa Negra", Elza Soares foi ao Chile representando o Brasil na Copa do Mundo da FIFA de 1962, onde conheceu pessoalmente Louis Armstrong.

No início dos anos 1960, por conta da campanha negativa que a imprensa fazia contra ela como reação ao seu envolvimento com Garrincha, os convites para shows foram ficando cada vez mais raros.

Elza Soares participou do Festival de Música Popular Brasileira 1966 e ficou em segundo lugar com a música "De Amor ou Paz", atrás de "A Banda" (Escrita por Chico Buarque e interpretada por ele mesmo e Nara Leão) e "Disparada" (Escrita por Geraldo Vandré e Téo de Barros e interpretada por Jair Rodrigues).


Na edição de 1968, Elza Soares participou novamente e ganhou o prêmio de melhor intérprete feminina com "Sei Lá, Mangueira".

Na mesma década, Elza Soares chegou a ter um programa na TV Record, "Dia D... Elza", em que ela trabalhava junto a Germano Mathias. Mas o projeto foi descontinuado após o terceiro grande incêndio que a emissora sofreu nos anos 1960.


Em 1968, Elza Soares foi aos Estados Unidos e ao México, onde realizou vários shows bem-sucedidos, o que a fez considerar uma mudança para a os Estados Unidos para aproveitar o sucesso e fugir da perseguição da imprensa no Brasil. Contudo, a gravadora Odeon vetou sua ideia, lembrando que seu contrato ainda previa outros discos com eles.

Em 1969, Elza Soares e a família se mudam para a Itália, onde ela faria alguns shows. A princípio, seriam algumas semanas, mas as semanas viraram meses. Elza Soares gravou em italiano para a RCA Victor local e chegou a substituir Ella Fitzgerald em uma turnê que ela planejara pela Europa.

Em 1971, um convite para um show no Brasil serviu de estímulo para a família voltar ao país. De volta ao Brasil, descobriu que sua gravadora Odeon havia cedido todo o seu repertório à nova promessa deles, sua amiga Clara Nunes. Mesmo assim, Elza Soares tentou emplacar um novo projeto: Um disco em parceria com Roberto Ribeiro. A gravadora relutou por ele ser desconhecido e por ele ser um cantor de escola de samba desacostumado ao estúdio, e quando aceitou gravá-lo, passou a recusar registrá-lo na capa. A desculpa era que ele era feio. Mas Elza Soares suspeitava de discriminação racial, o que se confirmou quando, segundo ela, um diretor disse: "Não quero esse nego feio e sujo na capa!". Elza Soares disse que ou o disco saía ou eles a perderiam, e o projeto foi concretizado, fazendo grande sucesso e rendendo a Roberto Ribeiro pelo menos mais um disco pela Odeon, este com Simone.

Elza Soares e Garrincha
Elza Soares
também se preocupava em reabilitar Garrincha, que se afundava cada vez mas no álcool. Comprou com ele um espaço chamado Bigode, rebatizaram como La Boca e passaram a oferecer refeições e shows no local.

Também nos anos 1970, a relação com a Odeon se deteriorou e Elza Soares foi para a então recém-inaugurada Tapecar. Na mesma década, Elza Soares iniciou uma turnê pelos Estados Unidos e Europa.

Na década seguinte, apesar de algumas apresentações (incluindo uma participação no Projeto Pixinguinha), Elza Soares teve um período de depressão e desleixo da gravadora, o que a fez cogitar encerrar a carreira, antes de se revitalizar com a ajuda de Caetano Veloso, que a convidou para gravar com ele "Língua" em seu álbum de 1984, "Velô".

Em 1986, poucos dias após a morte do filho Garrinchinha, Elza Soares surpreendeu Lobão e apareceu no estúdio onde ela gravaria, a convite dele, uma participação em "A Voz da Razão", do então futuro disco do cantor, "O Rock Errou".

Elza Soares flertou com o rock em outros momentos, como na parceria "Milagres", com Cazuza, e um projeto abortado com Branco Mello, dos Titãs.


Em 1989, Elza Soares recebeu um convite para se apresentar nos Estados Unidos, para onde foi em novembro. Ficou lá por mais de um ano, pulando de show em show, sem um caminho definido. 

Retornou ao Brasil em agosto de 1991 para algumas apresentações ao longo de algumas semanas, voltou aos Estados Unidos e enfrentou outra crise. Envolveu-se com uma seita religiosa, casou-se com um homem do qual nem se lembra, mas só para conseguir um green card e afirma ter levado um golpe de empresários que tiraram dinheiro de bancos, interessados em investir na carreira de Elza Soares e depois sumiram com o montante. Depoimentos de brasileiros a jornais na época acusam Elza Soares de ser a golpista, acusação da qual ela se defendeu em sua biografia de 2018 escrita por Zeca Camargo.

Em 1997, Elza Soares lançou "Trajetória", seu primeiro disco de estúdio desde "Voltei", de 1988. O álbum trazia uma parceria com Zeca Pagodinho e uma versão de "O Meu Guri", de Chico Buarque.

Em 1999, lançou pela gravadora Luna "Carioca da Gema - Elza ao Vivo", que conteria uma versão de "Sá Marina" (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar). Contudo, a Universal iria lançar a estreia solo de Ivete Sangalo na mesma época e com a mesma faixa, o que levou a gravadora de Ivete Sangalo a pedir o embargo do disco de Elza Soares, que já estava com 5 mil cópias prensadas. A certa altura, Ivete Sangalo convenceu a Universal a liberar a faixa, mas o disco não fez sucesso.

Século XXI

Em 2000, foi premiada como Melhor Cantora do Milênio pela BBC em Londres, quando se apresentou num concerto com Gal Costa, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Virgínia Rodrigues. No mesmo ano, estreou uma série de shows de vanguarda, dirigidos por José Miguel Wisnik, no Rio de Janeiro. Em Londres, apresentou-se no Royal Albert Hall, mesmo tendo sofrido uma forte queda alguns dias antes, o que lhe rendeu uma semana no hospital e a atenção de enfermeiras em sua casa para se recuperar.

Em 2002, o álbum "Do Cóccix Até o Pescoço" garantiu-lhe uma indicação ao Grammy. O disco foi bem recebido pelos críticos musicais e divulgou uma espécie de quem é quem dos artistas brasileiros que com ela colaboraram: Caetano Veloso, Chico Buarque, Carlinhos Brown, Jorge Ben Jor, entre outros. O lançamento impulsionou numerosas e bem-sucedidas turnês pelo mundo.

Em 2003, Elza Soares lançou o álbum "Vivo Feliz". Não tão bem-sucedido em vendas quanto suas obras anteriores, o álbum continuou a executar o tema de fazer um mix de samba e bossa com música eletrônica e efeitos modernos. O álbum teve colaborações de artistas, como Fred Zero Quatro e Zé Keti

Nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, Elza Soares interpretou o Hino Nacional Brasileiro, no início da cerimônia de abertura do evento, no Maracanã e lançou o álbum "Beba-me", no qual gravou as músicas que marcaram sua carreira.


A partir de 2008, a vida e obra da cantora começou a ser pesquisada pela cineasta e jornalista Elizabete Martins Campos, que roteirizou, dirigiu e produziu o longa-metragem "My Name Is Now, Elza Soares". Realizado pela IT Filmes, o filme já rodou 18 festivais, sendo destaque no Festival do Rio - Rio Internacional Film Festival, com quatro indicações: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro e Melhor Fotografia. O longa foi selecionado para a Official Competition do Festival Internacional de Cine Guadalajara, no México, maior festival da América Latina. Recebeu os prêmios de Melhor Filme - Júri Oficial,  Melhor Filme - Júri Popular, Melhor Trilha Sonora, no Cine Jardim, em Pernambuco e de Melhor Roteiro no Fest Cine/CE.

Mesmo antes de ser lançado, "My Name Is Now, Elza Soares" foi noticiado nos principais jornais impressos, rádios, TVs e portais do país. Indicado ao Prêmio Netflix em 2016, o documentário conquistou ainda mais visibilidade.

Em 2009, começou a preparar um disco de nome "Arrepios", que sofreu alguns adiamentos e acabou nunca lançado. Elza Soares também atuou como puxadora de samba-enredo, tendo realizado passagens pelo Salgueiro, Mocidade Independente de Padre Miguel e Acadêmicos do Cubango.


Em 2010, gravou a faixa "Brasil", no disco tributo a Cazuza "Treze Parcerias Com Cazuza", produzido pelo saxofonista George Israel, da banda Kid Abelha. Nessa faixa, há a participação do saxofonista e do rapper Marcelo D2. Como grande amiga do artista, já havia gravado a faixa "Milagres" antes, inclusive apresentando-a ao vivo com o próprio Cazuza. Também em 2010, pela primeira vez a artista comandou e puxou um trio elétrico no circuito Dodô (Barra-Ondina). O trio levou o nome de "A Elza Pede Passagem", arrastando uma grande multidão pelas ruas de Salvador no carnaval daquele ano. Ainda em 2010, Elza Soares causou comoção em seus fãs ao tirar a roupa para um ensaio sensual com o fotógrafo Yuri Graneiro.

Em 2011, gravou a canção "Perigosa", já cantada pelo grupo As Frenéticas, para a minissérie "Lara Com Z", da TV Globo. Também gravou a música "Paciência", de Lenine, para o filme "Estamos Juntos".

Em 2012, fez uma participação na música "Samba de Preto" da banda paulista Huaska, faixa título do terceiro CD da banda.

Em 2014, estreou o show "A Voz e a Máquina", baseado em música eletrônica acompanhada na palco apenas pelos DJs Ricardo Muralha, Bruno Queiroz e Guilherme Marques. Nesse mesmo ano, Elza Soares fez uma série de espetáculos intitulada "Elza Canta e Chora Lupicínio Rodrigues", em comemoração ao centenário do cantor e compositor gaúcho de marchinhas e de samba Lupicínio Rodrigues.


Em 2015, Elza Soares lançou o disco "A Mulher do Fim do Mundo", primeiro álbum em sua carreira só com músicas inéditas. O Pitchfork, um dos sites de música mais importantes do mundo, o elegeu como Melhor Novo Álbum. No artigo, o site diz que Elza Soares "desenvolveu uma das vozes mais distintas da MPB". As canções do disco falam sobre sexo, morte, negritude, e foram compostas pelos paulistas José Miguel Wisnik, Rômulo Fróes e Celso Sim. Nos shows, a cantora vinha acompanhada dos músicos Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Romulo Fróes, Felipe Roseno e Guilherme Kastrup, além da participação especial da banda Bixiga 70, do Quadril - Quarteto de Cordas e do cantor Rubi. O álbum surgiu do encontro da cantora com a estética musical contemporânea de São Paulo.

Em 2017, a turnê do álbum a levou a um show no Central Park em New York, elogiado pela crítica local, incluindo o músico David Byrne.

Em 2018, Elza Soares lançou o álbum "Deus é Mulher".

Em 2019, lançou "Planeta Fome", eleito um dos 25 melhores álbuns brasileiros do segundo semestre de 2019 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Para este disco, ela planejou uma regravação de "Comida", dos Titãs, com os então membros atuais da banda (Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto), mas acabou optando por deixar a faixa para um outro momento e o trabalho foi lançado em outubro de 2020 para marcar o aniversário de um ano do disco e celebrar a indicação do mesmo ao Grammy Latino.

Em dezembro de 2021, Elza Soares tornou-se imortal da Academia Brasileira de Cultura, instituição instalada naquela oportunidade.

Elza Soares com o filho caçula, Juninho.
Casamento Com Alaordes e Primeiros Filhos

Aos 12 anos de idade (outra fonte informa que foi aos 13 anos) foi obrigada pelo pai a abandonar os estudos e casar-se com Lourdes Antônio Soares, um amigo de seu pai conhecido como Alaordes, que havia tentado abusar de Elza Soares. O pai acreditava que "a honra de sua filha só estaria limpa com o casamento". Elza Soares sofreu muito neste matrimônio arranjado, por conta da violência doméstica e sexual a qual era constantemente submetida. Aos 13 anos de idade (outra fonte informa que foi aos 14 anos) deu à luz seu primeiro filho. Aos 15 anos de idade, Elza Soares passou por outro grande trauma: Seu segundo filho morre de fome. Com o marido doente, acometido por tuberculose, passou a trabalhar como encaixotadora e conferente na fábrica de sabão Véritas, no Engenho de Dentro.

Elza Soares também trabalhou em um manicômio, o Instituto Municipal Nise da Silveira (atual Museu de Imagens do Inconsciente), onde não só conseguia um salário mas também um pouco de comida, que ela furtava pouco antes do local ser fechado e os funcionários voltarem para casa. Com a recuperação do marido, um ano depois, ele a proibiu de trabalhar fora novamente, e Elza Soares voltou a ser dona de casa.

Aos 18 anos, oficializou seu matrimônio, passando a assinar Elza da Conceição Soares, seu sobrenome artístico posteriormente. Aos 21 anos ficou viúva, pois seu marido teve uma nova tuberculose e não resistiu. Outra fonte diz que ela se separou de Alaordes quando este lhe deu dois tiros ao descobrir que ela trabalhava como cantora e que ela não o viu mais até ele morrer em agosto de 1959, quando ela teria 29 anos.

Em 1950, sua filha recém nascida, Dilma, foi sequestrada. O casal que tomava conta da menina enquanto Elza Soares trabalhava sumiu com o bebê de um ano de idade. Foram trinta anos de busca, com policiais e detetives à procura. Elza Soares, sempre triste e angustiada, só reencontrou a filha, que não sabia de nada, já adulta. Com o tempo, se aceitaram como mãe e filha. Como o crime prescreveu, o casal não foi preso. Mesmo com revolta e dor, perdoou os sequestradores de sua filha, já que a criaram muito bem.

Casamento Com Garrincha e o Filho Garrinchinha

Elza Soares conheceu Garrincha em 1962, e iniciaram um romance enquanto ele era casado. Após um ano juntos, ela pediu para que ele tomasse uma decisão: Ou a assumiria ou ela o abandonaria. Meses depois, ele veio procurá-la, afirmando ter saído de casa e estar desquitado da esposa. Começaram a namorar, mas sem revelar nada à imprensa, sabendo da repercussão negativa que o evento teria.

Quatro anos depois do namoro, em 1966, decidiram morar juntos. A união de ambos foi motivo de revolta para os fãs e a imprensa, que acusaram Elza Soares de ter acabado com o casamento de Garrincha. Para fugirem do assédio da imprensa, venderam a casa no Rio de Janeiro, e Elza Soares mudou-se com os filhos e o marido para São Paulo.

A perseguição chegou a tal ponto que Elza Soares foi impedida pela multidão de realizar um show na Mangueira: Ela teve que sair disfarçada para escapar do público.

Ainda no Rio de Janeiro, Elza SoaresGarrincha foram passar alguns dias no sítio de Adalberto, então goleiro do Botafogo. Uma noite, ao ouvir tiros, Elza Soares correu pela casa e levou um tombo, após o qual descobriu que havia perdido um bebê que ela nem sabia que estava esperando.

Na nova casa onde moravam, na Ilha do Governador, Elza SoaresGarrincha sofriam ataques anônimos, como pedras arremessadas contra a residência. O primeiro ataque invasivo foi realizado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em 20 de junho de 1964. Agentes entraram na casa da família à noite, renderam todos os moradores, reviraram o interior do imóvel e executaram o mainá de estimação de Garrincha. Elza Soares nunca soube o real motivo da invasão, mas suspeita do fato ter sido causado pela sua amizade com Juscelino Kubitschek e/ou do fato de ter se juntado a vários outros artistas para gravar uma música pró João Goulart.


Os ataques foram aumentando e a família de Elza Soares passou a receber cartas e ligações telefônicas com xingamentos e ameaças. Na mesma época, Elza Soares gravou o samba "Eu Sou a Outra", cuja letra enfureceu ainda mais a imprensa e a opinião pública. Radialistas quebravam o disco com a canção no ar, uma medida comum na época para expressar descontentamento com uma nova canção.

Um dia, morando em uma nova casa na Lagoa Rodrigo de Freitas, Garrincha decidiu ir visitar suas filhas do casamento anterior. Elza Soares havia tido um sonho na noite anterior e, considerando-o um presságio, pediu que Garrincha não fosse. Mas sua mãe Rosária se ofereceu para ir junto, e o trio se completou com a filha Sara. Horas depois, Elza Soares recebeu a notícia de que o Ford Galaxie de Garrincha bateu na traseira de um caminhão na Via Dutra e capotou três vezes, matando sua mãe. Após o acidente, Garrincha entrou em depressão.

Mudaram-se para uma casa no Jardim Botânico, mas as ameaças e os ataques se intensificaram, culminando em uma aparente tentativa de sequestro, da qual conseguiram escapar, e um atentado a tiros contra a casa deles que destruiu a sala de estar, onde estavam as crianças. Quando o empresário Franco Fontana convidou Elza Soares para uma temporada na Itália, a família se mudou para Roma.

Com a morte da esposa anterior de Garrincha, Elza Soares decidiu adotar as seis filhas do jogador, que foram morar com ela, Garrincha e seus filhos.

Em uma viagem ao Rio de Janeiro para gravar um disco, Elza Soares descobriu estar grávida de Garrincha e em 09/07/1976, nasceu Manuel Francisco dos Santos Júnior, apelidado de Garrinchinha.


Garrincha
 havia prometido a Elza Soares que pararia de beber caso ela lhe desse um menino, mas ele quebrou a promessa logo após o nascimento. Um dia, Elza Soares o flagrou alcoolizado, segurando o filho deles por uma perna e ameaçando jogá-lo escada abaixo e decidiu deixá-lo, mesmo sabendo que era tudo uma brincadeira.

Em 1982, após 16 anos de matrimônio, o casamento de Elza SoaresGarrincha chegou ao fim, por conta de constantes agressões físicas, ciúmes doentios, traições e humilhações, em que o alcoolismo de Garrincha tornou-se insuportável. Durante todos estes anos, Elza Soares tentou ajudar o marido a parar de beber, mas ele e os amigos dele a chamavam de bruxa, por acharem que ela não queria que ele bebesse na rua por ciúmes. No mesmo ano, divorciaram-se.

Elza Soares voltou a usar o nome de solteira, abrindo mão da pensão a que tinha direito, só lutando na justiça pela pensão do filho. Por um tempo, lutaram pela guarda do menino, favorável a Elza Soares.

Em 20/01/1983, Garrincha morreu vítima de cirrose hepática. Mesmo separada, Elza Soares sofreu muito, e teve que consolar o filho pequeno, que não entendia a ausência do pai.

Em 2002, conheceu Anderson Lugão e ambos iniciaram um relacionamento romântico e musical, por meio do qual Elza Soares começou a conhecer o hip hop, a música eletrônica e outros movimentos contemporâneos da música brasileira.

Em 2008, rompeu com Anderson Lugão e conheceu seu último marido, Bruno Lucide, em Itabira, MG. Os dois oficializariam o casamento numa grande festa produzida pela revista Caras, mas abortaram o projeto e fizeram apenas uma cerimônia discreta no civil.

Em 2012, Elza Soares e Bruno Lucide romperam, término que só foi oficializado em 2018.

Filhos

Elza Soares teve oito filhos, todos nascidos de parto normal, no Rio de Janeiro. Seus dois primeiros filhos, ambos meninos, que não tinham nome, pois não foram registrados, morreram ainda bebês, com poucas semanas de vida, devido à desnutrição. Posteriormente teve João Carlos, Gerson (que ela teve de entregar para a adoção por falta de condições para criá-lo), Gilson (morto em 2015, aos 59 anos), Dilma (sequestrada com 1 ano de idade em 1950, e reencontrada somente em 1980), Sara e Manoel Francisco, apelidado de Garrinchinha.

No dia 11/01/1986, passou por outra grande perda: Seu filho, Garrinchinha, morreu aos 9 anos de idade, em um acidente de carro. Ele e alguns amigos voltavam de Magé para o Rio de Janeiro após terem visitado a família de Garrincha, que gostava de manter contato com o menino. Mas o carro derrapou na estrada e caiu de uma ponte em um rio. Garrinchinha foi arremessado para fora e levado pelas águas. Seu corpo só seria encontrado na manhã do dia seguinte.

Elza Soares ficou desesperada, entrou em depressão, tentou o suicídio, passou a tomar antidepressivos, até decidir deixar o tratamento e viajar pelo mundo a trabalho, focando exclusivamente na sua carreira, fazendo muitos shows, o que a fez morar em diversos países, até ter condições psicológicas de retornar ao Brasil, quatro anos depois.

Elza Soares começou uma terapia para conseguir lidar com mais esta perda. No período pós-morte de Garrinchinha, ela também se afundou nas drogas, frequentando diversas comunidades do Rio de Janeiro para poder se aproximar dos traficantes e quem mais pudesse lhe fornecer entorpecentes.

Em 26/07/2015, Elza Soares perdeu seu quarto filho, Gilson, de 59 anos de idade, vítima de complicações de uma infecção urinária. O fato a abalou muito:
"A única coisa do passado que ainda me machuca é a perda dos meus quatro filhos. O resto tiro de letra. Mas filho é uma ferida aberta que não cicatriza. Estará sempre presente!"
(Elza Soares)

Saúde

Após uma queda durante um show promovido pelo Sindicato dos Jornalistas, no Rio de Janeiro, em setembro de 1999, Elza Soares passou a se locomover com muita dificuldade. Operou a coluna vertebral por conta deste acidente (numa cirurgia que poderia ter afetado suas cordas vocais) e, em 2014, fez mais uma cirurgia, desta vez na região lombar.

Em 2007, teve uma diverticulite aguda e foi operada às pressas. Alguns dias depois, já em casa, seus pontos abriram e ela viu as próprias entranhas saindo do corpo. Voltou para a mesa de cirurgia e enfrentou 12 horas de cirurgia. Depois, passou por uma colostomia.

Em dezembro de 2008, após um show em Tallinn, na Estônia, Elza Soares sofreu um acidente de carro e perdeu alguns dentes. Sua produção providenciou um tratamento dentário de emergência em Helsinque, na Finlândia, onde ela se apresentou 48 horas após o acidente.

Morte

Em 20/01/2022, a assessoria de Elza Soares informou que a cantora havia falecido vítima de causas naturais, em sua casa, aos 91 anos de idade. O empresário de Elza Soares comentou que o dia aparentava ser como qualquer outro, que ela acordou e fez mais uma sessão de fisioterapia, apenas apresentando um cansaço maior. Pediu para descansar e aparentava estar ofegante. Depois de um tempo, ela confidenciou aos familiares: "Eu acho que vou morrer".

Rapidamente acionaram o médico de Elza Soares, que enviou uma ambulância para a residência. Neste meio tempo, segundo o empresário, o semblante da cantora foi mudando, até que ela apagou:
"Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: Ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou!"
Por coincidência, seu falecimento ocorreu exatos 39 anos após a morte de seu ex-marido Garrincha.

O corpo de Elza Soares foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em cerimônia aberta ao público. O sepultamento ocorreu no Cemitério Parque Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A morte de Elza Soares repercutiu no meio cultural e artístico. A Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba do coração de Elza Soares, decretou luto oficial e escreveu em suas redes sociais:
"Você foi uma das maiores deste país. Só podemos agradecer por tudo. Consternados! Essa é a nossa despedida! Obrigado, Deusa. Nós não vamos sucumbir nunca!"

Discografia

  • 1960 - Se Acaso Você Chegasse (Odeon)
  • 1960 - A Bossa Negra (Odeon)
  • 1961 - O Samba é Elza Soares (Odeon)
  • 1963 - Sambossa (Odeon)
  • 1964 - Na Roda do Samba (Odeon)
  • 1965 - Um Show de Elza (Odeon)
  • 1966 - Com a Bola Branca (Odeon)
  • 1967 - O Máximo em Samba (Odeon)
  • 1967 - Elza, Miltinho e Samba (Odeon)
  • 1968 - Elza Soares, Baterista: Wilson das Neves (Odeon)
  • 1968 - Elza, Miltinho e Samba - Vol. 2 (Odeon)
  • 1969 - Elza, Carnaval e Samba (Odeon)
  • 1969 - Elza, Miltinho e Samba - Vol. 3 (Odeon)
  • 1970 - Samba e Mais Sambas (Odeon)
  • 1970 - "Maschera Negra / Che Meraviglia" (Compacto Simples - Itália)
  • 1972 - Elza Pede Passagem (Odeon)
  • 1972 - Sangue, Suor e Raça (Odeon) - Com Roberto Ribeiro
  • 1973 - Elza Soares (Odeon)
  • 1974 - Elza Soares (Tapecar)
  • 1975 - Nos Braços do Samba (Tapecar)
  • 1976 - Lição de Vida (Tapecar)
  • 1977 - Pilão + Raça = Elza (Tapecar)
  • 1978 - Grandes Sucessos de Elza Soares (Tapecar)
  • 1979 - Senhora da Terra (CBS)
  • 1980 - Elza Negra, Negra Elza (CBS)
  • 1982 - "Som, Amor, Trabalho e Progresso / Senta a Púa" (Compacto Simples - RGE)
  • 1985 - "Alegria do Povo / As Baianas" (Compacto Simples / Recarey)
  • 1985 - Somos Todos Iguais (Som Livre)
  • 1988 - Voltei (RGE)
  • 1994 - Meus Momentos - Vol. e 2 (EMI Brasil)
  • 1997 - Trajetória (Universal Music)
  • 1997 - Salve a Mocidade (Tapecar)
  • 1999 - Carioca da Gema - Elza Ao Vivo (Luna)
  • 1999 - Elza Soares - Raízes do Samba (EMI Brasil)
  • 2002 - Do Cóccix Até o Pescoço (Maianga)
  • 2003 - Vivo Feliz (Tratore)
  • 2003 - Sambas e Mais Sambas - Vol. 2 (EMI Brasil)
  • 2007 - Beba-me - Ao Vivo (Biscoito Fino)
  • 2009 - Deixa a Nega Gingar - 50 Anos de Carreira (EMI Brasil)
  • 2015 - A Mulher do Fim do Mundo (Circus)
  • 2018 - Deus é Mulher (Deckdisc)
  • 2019 - Planeta Fome (Deckdisc)
  • 2021 - Elza Soares & João de Aquino (Deckdisc)

Homenagens

  • 2012 - Elza Soares foi enredo da Unidos do Cabuçu, no grupo de acesso do carnaval carioca.
  • 2013 - Recebeu homenagem do Bola Preta de Sobradinho, tradicional agremiação do Distrito Federal. Enredo: "Elza Soares - Planeta Fome, Nasce Uma Estrela!".
  • 2019 - Recebeu o título de Doutora Honoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
  • 2020 - Elza Soares foi enredo da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel cujo enredo foi "Elza Deusa Soares". A agremiação do coração de Elza Soares terminou na terceira colocação.

Prêmios

  • 2015 - Troféu APCA - Melhor Álbum: "A Mulher do Fim do Mundo"
  • 2015 - Prêmio Plumas & Paetês Cultural: Homenagem
  • 2016 - Prêmio da Música Brasileira - Melhor Álbum: "A Mulher do Fim do Mundo"
  • 2016 - Prêmio Multishow de Música Brasileira - Canção do Ano: "Maria da Vila Matilde"
  • 2016 - Grammy Latino - Melhor Álbum de MPB: "A Mulher do Fim do Mundo"
  • 2016 - Troféu Raça Negra: Homenagem
  • 2017 - WME Awards - Melhor Show: "A Mulher do Fim do Mundo"
  • 2015 - WME Awards - Videoclipe do Ano: "Na Pele"
  • 2019 - Grande Prêmio do Cinema Brasileiro - Melhor Trilha Sonora Original: "My Name Is Now"
  • 2019 - WME Awards: Homenagem

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ElzaSoares

Darci Rossi

DARCI ROSSI
(70 anos)
Cantor e Compositor

☼ Guaxupé, MG (1947)
┼ Valinhos, SP (20/01/2017)

Darci Rossi foi um cantor e compositor de música sertaneja nascido em Guaxupé, MG em 1947.

Filho de João Rossi e Natércia Boldrini Rossi, nasceu na cidade de Guaxupé, MG, mas com um ano de idade foi morar em São Caetano do Sul, SP.

Darci Rossi teve um início de vida adulta com dificuldades. A mãe faleceu quando ele tinha 18 anos e o rapaz teve de ajudar na criação de alguns dos irmãos, que eram oito.

Trabalhou na General Motors, onde entrou em 1969 e em 1977 chegou a ocupar a gerência do Banco GM. Nesta função, conheceu dois jovens clientes que estavam procurando financiamento para comprar um carro modelo Chevrolet Opala. Estes jovens eram Chitãozinho & Xororó em início de carreira. A amizade entre os três iniciou, porque Darci já compunha letras de músicas, entusiasmando a dupla pela qualidade dos versos que escrevia.

Foi neste período que nasceu o compositor Darci Rossi, dono de mais de 400 canções gravadas e responsável pelos maiores sucessos das duplas Chitãozinho & Xororó, principalmente "Fio de Cabelo", João Paulo & DanielJoão Mineiro & Marciano, entre tantos outros.


Em 1979, Chitãozinho & Xororó gravaram a polca "Tudo Está Desarrumado" (Darci RossiMarciano), a rancheira "Nosso Filho Com Quem Vai Ficar" (Darci Rossi e Marciano) e o rasqueado "Pensando em Voltar" (Darci RossiXororó e Bekeké), "Amor Perigoso" (Darci Rossi e Waldemar de Freitas Assunção), a polca "Noites do Passado" e "60 Dias Apaixonado" (Darci Rossi e Constantino Mendes "Chamamé"), em disco do mesmo nome.

Em 1981, Chitãozinho & Xororó gravaram o rasqueado "Pais e Filhos", o huapango "Não Consigo Repartir Você"  e a rancheira "Amor a 3", todas composições de Darci Rossi com Marciano, e a polca "Vida e Saudade" (Darci Rossi Chitãozinho).

Em 1982, Chitãozinho & Xororó gravaram "Somos Apaixonados" (Darci Rossi e Chitãozinho), que deu nome ao disco da dupla naquele ano e "Eu Quero é Amor". No mesmo ano gravaram a guarânia "Fio de Cabelo" (Darci Rossi e Marciano), que se tornou um dos maiores sucessos da música sertaneja em todos os tempos, abrindo o caminho para a nova onda sertaneja que tomou conta da música brasileira na década de 1980.

Em 1983, Ataíde & Alexandre gravaram "Fingindo Dormir" (Darci Rossi e Marciano).

Em 1984, Chitãozinho & Xororó gravaram "Minha Amiga" (Darci Rossi Chitãozinho), "Nossas Roupas" (Darci Rossi e Marciano), "Marcados" (Darci Rossi e Martinez), "A Carne é Fraca" (Darci Rossi e Xororó) e "Dizem Que Sou Velho" (Darci Rossi e Xororó), no disco "Amante".

Marciano e Darci Rossi
Em 1985, Chitãozinho & Xororó gravaram "Metade de Alguém" (Darci Rossi e Marciano) e "Ela Chora, Chora" (Darci Rossi, Alcino Alves e Xororó) no LP "Fotografia".

Em 1988, João Mineiro & Marciano gravaram "Crises de Amor" (Darci Rossi, Marciano e José Homero).

Em 1998, Chitãozinho & Xororó gravaram no disco "Na Aba do Meu Chapéu", "Ai Maria" (Daniel Moore), em versão de Darci Rossi, e "Te Esquecer é Impossível" (Darci Rossi e Chitãozinho).

Um de seus parceiros mais constantes foi Marciano, da dupla João Mineiro & Marciano, com quem compôs, entre outras, "Tudo Está Desarrumado", "Filho de Jesus", "Na Metade da Vida", "Momentos Especiais" e "Valeu a Pena".

Em 2008, teve a sua música "Estrada do Amor" (Darci Rossi e Alexandre) gravada pela dupla Zezé di Camargo & Luciano. Teve a música "Quem Disse Que Te Esqueci" (Darci Rossi e Alexandre), gravada pela dupla Milionário e José Rico, no DVD "Atravessando Gerações". Ainda em 2008, participou da gravação do DVD "Inimitável - 15 Anos de Carreira Solo", de Marciano, seu parceiro de composições, cantando "Fio de Cabelo" (Darci Rossi e Marciano).

Darci Rossi e seu amigo Antônio Julio Pedroso de Moraes
A composição "Fio de Cabelo" (Darci Rossi e Marciano), desde os anos 1980, é uma das músicas mais regravadas do estilo sertanejo, e tornou-se uma referência do segmento a partir dos anos 2000. Entre mais de 40 nomes que já gravaram a música, estão Bruno & Marrone, Fábio Júnior, Chitãozinho & Xororó, Tinoco & Zé Paulo, Ivan Villela, Zezé di Camargo & Luciano, Leonardo, entre vários outros.

Em 2009, Darci Rossi foi homenageado com a concessão do título de Cidadão Honorário do município de Valinhos e em 2010, com o Diploma de Mérito Cultural e Artístico Adoniran Barbosa, também concedido pela câmara de Valinhos, pelo "Seu trabalho, dedicação e altruísmo, divulgando a música sertaneja e o município onde vive".

Em 2010, Chitãozinho & Xororó gravou "Comendo Em Sua Mão" (Darci Rossi e Alexandre), no CD "Double Face", lançado pela Sony Music. O disco recebeu indicação ao prêmio Grammy Latino do mesmo ano.

Em 2017, teve "Fio de Cabelo" (Darci Rossi e Marciano) incluída no repertório da peça teatral "Bem Sertanejo - O Musical", estrelada por Michel Teló e dirigida por Gustavo Gasparani. O espetáculo esteve em cartaz em diversas cidades brasileiras, entre elas São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Ribeirão Preto.

Fio de Cabelo

Apesar da personalidade tímida e do jeito humilde, com a caneta nas mãos criava mundos, histórias de amor e cenários em poesias para a música sertaneja. Foi assim que, no ano de 1982, escreveu:
"E hoje, o que encontrei me deixou mais triste, um pedacinho dela que existe, um fio de cabelo no meu paletó!"
A música "Fio de Cabelo" foi escrita em 40 minutos, uma parceria que Darci Rossi assinou com Marciano. Gravada por Chitãozinho & Xororó, ultrapassou as barreiras até então nunca alcançadas pelo gênero, abrindo as portas para o que viria ser um fenômeno musical de massa, e que se sustenta nesses moldes, com algumas variações, até os dias de hoje.

Darci Rossi era gerente do Banco GM, no final dos anos 1970, quando foi procurado pelos jovens irmãos Chitãozinho & Xororó. Os cantores com nome de passarinho já faziam considerável sucesso, mas o Fusca que os transportava já não estava dando mais conta do recado e eles queriam financiar um novo carro. Nesta época, os irmãos moravam em Mauá, também no Grande ABC.

Na conversa para negociar a compra do carro, foram informados que o gerente também era escritor e que fazia belas rimas e versos. Xororó perguntou se ele não poderia colocar letra em uma música. Tempos depois, após algumas trocas de ideias, nascia sua primeira composição ao lado da dupla: "Querida" (1977).


A amizade já estava firmada. Darci Rossi e a esposa são, inclusive, padrinhos de casamento tanto de Xororó, quanto de Chitãozinho.

Quando da mudança para a GM em Campinas, no início dos anos 1980, a dupla passou a visitar o compadre e, após simpatizar tanto com a cidade, transferiram-se para Campinas, onde vivem até hoje.

"Todos costumam dizer que existe uma música sertaneja antes e outra depois de 'Fio de Cabelo'", relatou Xororó em depoimento ao documentário da TV Câmara de Valinhos.

Quando a música foi lançada, em 1982, os irmãos já carregavam um destaque inédito ao gênero musical, pois seu último álbum, "Amante Amada" (1981) havia alcançado 400 mil cópias vendidas, o que era um feito para a época.

"'Fio de Cabelo' rompeu todas as barreiras do preconceito, triplicou essa venda para 1,5 milhão de discos (...) Ultrapassou o limite do ouvinte do sertanejo, abriu as portas de rádios FM onde, até então, esses artistas só eram divulgados pelas emissoras AM, televisão em horário nobre e não apenas para nós dois, mas para o estilo musical inteiro", complementou Chitãozinho, no mesmo vídeo.


O escritor Alonso também reforçou as dimensões do sucesso desse álbum. "Até então, poucos artistas haviam vendido um milhão de exemplares de um disco, tendo sido Roberto Carlos o primeiro, em 1977", disse.

Um detalhe interessante na biografia de Darci Rossi é que, mesmo tendo escrito em parceria sucessos como "Fio de Cabelo", "60 Dias Apaixonado", "Crises de Amor", "Deixei de Ser Cowboy Por Ela" e outros tantos sucessos, e apesar de receber pelos direitos autorais dessas produções, o compositor teve sempre de trabalhar em outras atividades para garantir o sustento da casa.

"Acho que se meu pai fosse compositor fora do Brasil ele seria um trilhardário", comentou a filha Lissandra, ressaltando que o pai foi funcionário da GM, dono de concessionária, de padaria e só nos últimos dez anos é que estava, de fato, vivendo apenas das suas composições.

Darci Rossi foi casado com Sônia Maria e tiveram quatro filhos.

Morte

Darci Rossi faleceu às 6h30 de sexta-feira, 20/01/2017, aos 70 anos, em Valinhos, SP, vítima de infecção pulmonar. Ele estava internado em um hospital de Valinhos, no interior de São Paulo.

A informação foi confirmada por Marcelo Rossi, filho do compositor.
"Ele esteve internado dos dias 23 a 25 de dezembro de 2016. Teve uma melhora, estava em casa. Na última terça-feira, 17/01/2017, teve uma recaída, foi direto para a UTI e hoje à 06h30 veio a óbito!"
O velório de Darci Rossi aconteceu na sexta-feira, 20/01/2017, a partir das 15h00 e, o sepultamento, no sábado, 21/01/2017, às 10h00 no cemitério São João Batista, em Valinhos, SP.

Darci Rossi deixou a esposa Sônia Maria, quatro filhos, seis netos e um legado de mais de 400 composições.

Em um áudio bastante emocionado, Marciano afirmou ter perdido um grande amigo, com quem iniciou a carreira, ainda nos anos 1970.
"Estou arrasado, chorando o tempo todo", disse o cantor, "foram tantas as músicas que a gente gravou e cantou, nossa história foi maravilhosa. Ele era extremamente inteligente, tudo o que a gente falava para ele dava certo, ele desenvolvia os temas com a maior clareza, com nitidez!"
(Marciano)

#FamososQuePartiram #DarciRossi

Márcia Cabrita

MÁRCIA MARTINS ALVES
(53 anos)
Atriz e Humorista

☼ Niterói, RJ (20/01/1964)
┼ Rio de Janeiro, RJ (10/11/2017)

Márcia Martins Alves, mais conhecida como Márcia Cabrita, foi uma atriz e humorista brasileira, nascida em Niterói, RJ, no dia 20/01/1964. Filha de imigrantes portugueses, possuía uma irmã mais velha.

Estudou teatro e em 1992 estreou na TV no elenco de "As Noivas de Copacabana".

Em 1997, entrou para o elenco de "Sai de Baixo" interpretando a empregada Neide. Deixou o programa em outubro de 2000 devido a uma gravidez, sendo substituída por Cláudia Rodrigues.

Posteriormente participou de telenovelas da TV Globo, atuando também no "Sítio do Pica-Pau Amarelo", nos papéis de sobrinha do seu Elias em 2003, como Estelita em 2005 e Cacá em 2006.

Em março de 2010, Márcia foi diagnosticada com câncer de ovário, iniciando então o tratamento contra a doença.

Márcia Cabrita foi casada com o psicanalista Ricardo Parente de 2000 a 2004, eles tiveram uma filha chamada Manuela.

Márcia Cabrita também fez uma participação na série do canal Multishow, "Vai Que Cola" onde interpretou Elza Lacerda, a mãe do protagonista Valdomiro Lacerda (Paulo Gustavo).

Em 2017, voltou a TV Globo para integrar o elenco da telenovela "Novo Mundo" na pele de Narcisa Emília O'Leary, esposa de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência

Inicialmente, iria interpretar a personagem Germana, mas devido as complicações de sua doença, foi substituída por Vivianne Pasmanter. Apesar da troca, Márcia precisou se afastar da trama para continuar o tratamento. Seu retorno estava confirmado para o último capítulo, o que não se concretizou.

Morte

Márcia Cabrita faleceu na sexta-feira, 10/11/2017, durante a madrugada, aos 53 anos. Márcia vinha lutando contra um câncer no ovário, diagnosticado em 2010. Ela estava internada há dez dias, no hospital Quinta D'Or, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em decorrência do agravamento da doença.

Márcia deixa uma filha, Manuela, de 17 anos. De acordo com o ex-marido, o psicanalista Ricardo Parente, com quem foi casada por quatro anos, a atriz morreu "em paz" e sem sofrer.

O velório será no sábado de 10h00 às 13h00, no Parque da Colina, em Pendotiba, Niterói. Em seguida, o corpo será cremado.

Trabalhos

Novelas & Seriados
  • 1992 - As Noivas de Copacabana ... Adelaide
  • 1993-95 - Os Trapalhões ... Vários Personagens
  • 1997-2000 - Sai de Baixo ... Neide Aparecida
  • 2001 - Brava Gente  ... Donária
  • 2002 - Desejos de Mulher ... Juvelina
  • 2003 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Dulce
  • 2005 - Sob Nova Direção ... Dora
  • 2005 - Sítio do Pica-Pau Amarelo ... Estelita
  • 2007 - Sete Pecados ... Eudóxia
  • 2008 - Beleza Pura ... Drª Gina
  • 2008 - Dicas de Um Sedutor ... Gilda
  • 2009-10 - A Grande Família ... Beth
  • 2011 - Morde & Assopra ... Madame Chuchu
  • 2013 - Pé na Cova ... Felícia
  • 2013 - Sai de Baixo ... Neide Aparecida
  • 2013 - Vai Que Cola ... Elza Lacerda
  • 2014 - Por Isso Eu Sou Vingativa ... Jéssica
  • 2014 - As Canalhas ... Flávia
  • 2014 - Meu Amigo Encosto ... Yolanda
  • 2014 - Trair e Coçar é Só Começar ... Inês
  • 2016 - Vai Que Cola ... Elza Lacerda
  • 2016 - Treme Treme ... Síndica
  • 2017 - Novo Mundo ... Narcisa Emília O'Leary

Cinema
  • 2004 - Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida ... Flauta Morena
  • 2004 - Um Show de Verão ... Lupe
  • 2006 - Xuxa Gêmeas ... Diana
  • 2006 - Trair e Coçar é Só Começar ... Vera
  • 2012 - O Diário de Tati ... Anita

Fonte: Wikipédia 
Indicação: Neyde Almeida, Valmir Bonvenuto e Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #MarciaCabrita

Euclides da Cunha

EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA
(43 anos)
Escritor, Sociólogo, Repórter Jornalístico, Historiador, Geógrafo, Poeta e Engenheiro

☼ Cantagalo, RJ (20/01/1866)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/08/1909)


Euclides da Cunha nasceu na Fazenda Saudade, em Cantagalo, RJ. Era filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudóxia Alves Moreira da Cunha. Órfão de mãe desde os 3 anos de idade, Euclides da Cunha passou a viver em casa de parentes em Teresópolis, São Fidélis e no Rio de Janeiro.

Em 1883 ingressou no Colégio Aquino, onde foi aluno de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, que muito influenciou sua formação introduzindo-lhe à filosofia positivista.

Em 1885, ingressou na Escola Politécnica e, no ano seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, onde novamente encontra Benjamin Constant como professor.

Cadete Republicano

Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclides da Cunha negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina e em 1888, desligou-se do Exército.

Euclides da Cunha participou ativamente da propaganda republicana no jornal A Província de São Paulo.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu ser primeiro-tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências Físicas e Naturais.

Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República.

Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Ludgero Prestes
Ciclo de Canudos

Durante a fase inicial da Guerra de Canudos, em 1897, Euclides da Cunha escreveu dois artigos intitulados "A Nossa Vendeia" que lhe valeram um convite do jornal O Estado de São Paulo para presenciar o final do conflito como correspondente de guerra. Isso porque ele considerava, como muitos republicanos à época, que o movimento de Antônio Conselheiro tinha a pretensão de restaurar a monarquia e era apoiado por monarquistas residentes no país e no exterior.

Em Canudos, Euclides da Cunha adotou um jaguncinho chamado Ludgero, a quem se refere em sua Caderneta de Campo. Fraco e doente, o menino foi trazido para São Paulo, onde Euclides da Cunha o entregou a seu amigo, o educador Gabriel Prestes. O menino foi rebatizado de Ludgero Prestes.

Livro Vingador

Euclides da Cunha deixou Canudos quatro dias antes do final da guerra, não chegando a presenciar o desenlace final. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar "Os Sertões: Campanha de Canudos" (1902). Os Sertões foi escrito "nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante", visto que Euclides da Cunha se encontrava em São José do Rio Pardo liderando a construção de uma ponte metálica.

O livro trata da Campanha de Canudos (1897), no nordeste da Bahia. Nesta obra, ele rompe por completo com suas idéias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha.

Euclides da Cunha se tornou internacionalmente famoso com a publicação desta obra-prima que lhe valeram vagas para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Divide-se em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Nelas Euclides da Cunha analisa, respectivamente, as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.

Euclides da Cunha em Canudos (Tela de Edmundo Migliaccio)
Ciclo Amazônico

Em agosto de 1904, Euclides a Cunha foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Esta experiência resultou em sua obra póstuma "À Margem da História", onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.

Ele partiu de Manaus para as nascentes do Rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclides da Cunha escreveu o ensaio "Peru Versus Bolívia", publicado em 1907.

Escreveu, também durante esta viagem, o texto "Judas-Ahsverus", considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria.

Após retornar da Amazônia, Euclides da Cunha proferiu a conferência "Castro Alves e Seu Tempo", prefaciou os livros "Inferno Verde", de Alberto Rangel, e "Poemas e Canções", de Vicente de Carvalho.

Concurso de Lógica

Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides da Cunha prestou concurso para assumir a Cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Raimundo de Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides da Cunha foi nomeado. Depois de sua morte, Farias Brito acabaria ocupando a cátedra em questão.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 21/09/1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18/12/1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.

A "Tragédia da Piedade"

Sua esposa, Ana Emília Ribeiro, tornou-se amante de um jovem tenente, 17 anos mais novo do que ela, chamado Dilermando de Assis. Ainda casada com Euclides da Cunha, teve dois filhos de Dilermando de Assis, um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclides de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclides da Cunha aceitou como seu esse menino louro.

A traição de Ana Emília Ribeiro desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclides da Cunha teria entrado na casa de Dilermando de Assis, armado, dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando de Assis reagiu e matou-o.

Foi julgado pela justiça militar e absolvido. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Dilermando de Assis casou-se com Ana Emília Ribeiro e o casamento durou 15 anos.

O corpo de Euclides da Cunha foi velado na Academia Brasileira de Letras. O médico e escritor Afrânio Peixoto, que assinou o atestado de óbito, mais tarde ocuparia sua cadeira na Academia Brasileira de Letras.

O corpo de Euclides da Cunha exposto numa sala da Academia Brasileira de Letras
Versões

As versões sobre o desfecho da história abrigam diferentes hipóteses. A mais comedida defende que o escritor tenha sido vítima de uma emboscada, quando apenas queria resgatar seus filhos do ambiente libertino construído por Ana Emília Ribeiro e Dilermando de Assis.

A mais exasperante é a de que, movido pela humilhação da traição, Euclides da Cunha, em defesa de sua honra, partira disposto a matar seu rival e vingar-se de Ana Emília Ribeiro.

Exímio atirador, Dilermando de Assis justificou seu ato como legítima defesa, alegando que Euclides da Cunha agiu de forma premeditada, ao seguir armado à sua procura. Aos olhos da Justiça, o gesto de Dilermando de Assis foi leal, tanto que foi absolvido pelo júri popular.


Semana Euclidiana e Euclidianismo em Cantagalo

A cidade de São José do Rio Pardo, no Estado de São Paulo, realiza todos os anos, entre 9 e 15 de agosto, a Semana Euclidiana, em memória do escritor que ali vivia quando escreveu sua obra-prima "Os Sertões". São José do Rio Pardo tornou-se uma cidade turística conhecida como O Berço de Os Sertões.

Também em São Carlos, SP, celebra-se todos os anos, uma Semana Euclidiana, em homenagem ao escritor que morou na cidade entre 1901 e meados de 1903, ali terminando seu trabalho "Os Sertões" e o publicando em 1902.

A cidade de Cantagalo, berço natal de Euclides da Cunha, também mantém viva a memória do escritor, através de eventos e um museu dedicado a Euclides da Cunha e suas obras.

Em 2009, ano do centenário de sua morte, a cidade de Cantagalo realizou o Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides. Na cidade, o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais (GEAC) é o difusor do movimento.

Fonte: Wikipédia