TELÊ SANTANA DA SILVA
(74 anos)
Jogador de Futebol e Técnico
* Itabirito, MG (26/07/1931)
+ Belo Horizonte, MG (21/04/2006)
Foi um dos mais importantes treinadores da história do futebol brasileiro. Após perder duas
Copas do Mundo no comando da
Seleção Brasileira de Futebol, amargou por muito tempo a fama de
pé-frio. Mesmo assim, em pesquisa realizada pela revista esportiva
Placar, nos idos dos anos 1990, foi eleito por jornalistas, jogadores e ex-atletas o maior treinador da história da
Seleção Brasileira de Futebol.
É considerado o maior treinador são-paulino em todos os tempos e um dos idolos do clube, sendo apelidado pela torcida com a alcunha de Mestre Telê.
Como jogador, é ícone do
Fluminense pela intensa dedicação que ofereceu ao seu clube do coração — que valeu-lhe o apelido
Fio de Esperança - onde também começou a sua vitoriosa carreira de treinador de futebol.
Biografia
Encerrou a carreira no
São Paulo, depois de ter levado o time a suas maiores conquistas na primeira metade dos anos 1990.
Começou no
Itabirense Esporte Clube, cuja sede situava-se próximo a sua casa, e depois jogou no
América de São João del-Rei de onde saiu para jogar no
Fluminense.
Fluminense
Pelo
Fluminense iniciou sua carreira sendo campeão de juvenis em 1949 e 1950 e promovido para os profissionais em 1951. A partir daí despontou seu melhor futebol e conseguiu suas maiores conquistas como atleta. Foi um dos primeiros pontas no futebol brasileiro a voltar para marcar no meio.
Com a camisa do
Fluminense jogou 557 partidas e marcou 162 gols, sendo o terceiro jogador que mais atuou pelo clube tricolor e seu terceiro maior artilheiro.
O Fio de Esperança
Quando
Telê era jogador, tinha o apelido de
Fio de Esperança, que recebeu após um concurso entre os torcedores promovido pelo jornalista
Mário Filho, então diretor do
Jornal dos Sports.
O concurso tinha surgido como idéia do dirigente tricolor
Benício Ferreira. Na época,
Telê tinha os apelidos pejorativos de
Fiapo e
Tarzan das Laranjeiras, em função de seu corpo franzino. O dirigente achava que o jogador merecia algo mais honroso e deu a idéia ao amigo
Mário Filho, que criou o concurso com o tema "
Dê um slogan para Telê Santana e ganhe 5 mil cruzeiros".
Ao seu final, mais de quatro mil sugestões tinham sido enviadas à redação do jornal.
José Trajano conta que seu pai participou do concurso propondo o apelido
A Bola. Três leitores acabaram empatados no primeiro lugar na votação final, com as alcunhas
El Todas,
Big Ben e
Fio de Esperança. Foi a última que caiu no gosto dos torcedores tricolores.
Telê se transferiu do
Fluminense para o
Guarani por conta do presidente histórico do bugre, o carioca
Jaime Silva, ser torcedor do clube carioca e ter influenciado os dirigentes cariocas a permitirem a sua transferência para
Campinas.
Telê deu mais uma demonstração de amor ao
Fluminense, quando já no final de sua carreira como jogador, atuando pelo
Madureira marcou o único gol de sua equipe na derrota por 5 a 1 para o
Fluminense. Embora aquele gol não tenha influenciado no resultado,
Telê chorou ao final da partida por ter feito um gol em seu clube do coração.
Treinador
Com uma visão particular de futebol, formada nos muitos anos de trabalho no
Fluminense, em que não acreditava em
ganhar por ganhar ou
ganhar a qualquer custo, era um intransigente defensor de um futebol diferenciado e disciplinador exigente, que exigia de seus comandados uma postura profissional dentro e fora dos campos. Foi este futebol que transformou
Telê em
Mestre, no comando do time do
São Paulo que conquistou vários títulos no início da década de 1990. Ganhou um total de onze títulos, incluíndo um
Campeonato Brasileiro, duas
Libertadores da América e dois
Campeonatos Mundiais.
Após encerrar a carreira como jogador, foi aproveitado como técnico e acabou marcando uma época de glórias e estigmas. Começou na categoria de juvenis (atual juniores) do
Fluminense, sendo campeão carioca em 1968. Em 1969 foi promovido a técnico do time profissional, sendo campeão carioca e formando a base do time campeão do
Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1970.
Lá também brigou pelos direitos de seus jogadores, que eram obrigados a entrar e sair do clube pela porta dos fundos. Depois de uma reunião à noite com dirigentes, pediu que abrissem a porta dos fundos para ele. Responderam que ele não era jogador e podia sair pela entrada social, mas Telê recusou-se e pulou o muro, porque não achou ninguém para abrir a porta dos fundos. "Eu disse que também fui jogador e que o aviso servia para mim também", contou, anos mais tarde.
Curiosamente, o mesmo time do
Fluminense disputou a final contra o
Atlético Mineiro, na época dirigido por
Telê, que seria Campeão Mineiro em 1970 e Campeão Brasileiro em 1971. Em 1973 passou pelo
São Paulo, mas foi afastado ao entrar em conflito com os ídolos
Paraná e
Toninho Guerreiro.
Em 1977, dirigiu o histórico time do
Grêmio, levando-o a recuperar a hegemonia do
Campeonato Gaúcho após oito anos de domínio do
Internacional. Após ganhar fama de bom treinador de clubes, com mais uma passagem marcante, agora pelo
Palmeiras, em 1979, quando fez um time sem estrelas realizar belos jogos, foi contratado para ser técnico da
Seleção Brasileira.
Como treinador da
Seleção na
Copa do Mundo de 1982, na
Espanha, encantou o mundo com um futebol bonito e envolvente, aclamado como o melhor da época. Reconhecendo que privilegiava a técnica, escalou uma esquadra com jogadores como
Zico,
Sócrates e
Falcão entre outros grandes jogadores.
Nem assim sua seleção foi uma unanimidade, pois muitos - inclusive o humorista
Jô Soares, que criou o bordão "
Bota ponta, Telê!" - cobravam a presença de um ponta direita no time.
"
Eu me aborrecia um pouco com isso", contou Telê mais de vinte anos depois. "
O time buscava ocupar o espaço ali na direita. Se eu tivesse um grande ponta, como o Garrincha, é lógico que ele iria jogar. Comigo sempre jogam os melhores". Mesmo assim, não conseguiu o almejado título, deixando o comando da
Seleção.
Retornou para a
Copa do Mundo de 1986, no
México, como grande esperança brasileira de levantar a taça. Desta vez, buscando valorizar a experiência, montou um time não tão vibrante, com jogadores remanescentes de 1982, alguns já em fim de carreira. Criticado anteriormente por não exigir muita disciplina dos jogadores, voltou mais vigilante, o que resultou no corte da principal revelação do time, o ponta-direita do
Grêmio Renato Gaúcho, quando este chegou tarde à concentração, fato que levou o melhor amigo do jogador, o lateral
Leandro, a pedir para também sair da equipe.
Perdeu a
Copa invicto, em uma disputa de pênaltis contra a
França.
Telê então foi marcado com a pecha de
pé-frio por parte da imprensa brasileira, reforçada até por uma capa da
Revista Placar no ano seguinte, quando o
Atlético Mineiro treinado por ele foi eliminado nas semi-finais da
Copa União depois de passar invicto pela primeira fase.
Em maio de 1990,
Telê assumiu o
Palmeiras, na época da fase final do
Campeonato Paulista, o
Palmeiras foi eliminado terminando em quarto na classificação geral, e em segundo no seu grupo da fase final, atrás apenas do
Novorizontino por causa de um empate com a
Ferroviária em 0x0 no
Palestra Itália ficando um ponto atrás do
Novorizontino. Por causa disso, a torcida fez um grande quebra-quebra na sala de troféus do clube. Chega o
Campeonato Brasileiro, e
Telê se demite após uma derrota em casa para o
Bahia por 2x1. Ele se demitiu também pelo fato de na época, o
Palmeiras só ter conseguido apenas uma vitória no campeonato, contra o
Internacional, vitória de 1x0 para o
Palmeiras, gol de
Betinho.
Chegou ao tricolor paulista em outubro de 1990 e encontrou um time que três meses antes tinha tido um desempenho pífio no
Campeonato Paulista, com seu principal jogador,
Raí, no banco e ocupando posição intermediária no
Campeonato Brasileiro. O time recuperou-se a ponto de chegar à final, ficando com o vice-campeonato frente ao
Corinthians, o que serviu para mais uma vez trazer à tona a fama de
pé-frio. Mas com
Telê,
Raí e outros jogadores, como o lateral direito estreante
Cafu, foram ganhando confiança e evoluíram, ajudando o
São Paulo a conquistar o
Campeonato Brasileiro de Futebol de 1991, enterrando de vez a fama de azarado.
Com o título paulista conquistado no mesmo ano, passou a ser o único técnico brasileiro a ter conquistado os quatro principais campeonatos estaduais do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).
Títulos Como Jogador
Campeonato Carioca de Juvenis (1949 e 1950)
Campeonato Carioca (1951, 1959)
Copa Rio (Internacional) (1952)
Torneio Início (1954 e 1956)
Torneio Rio-São Paulo (1957, 1960)
Títulos Como Treinador
Campeonato Carioca de Juvenis(atual Juniores) (1968)
Taça Guanabara (1969, 1989)
Campeonato Carioca (1969)
Campeonato Mineiro (1970 e 1988)
Campeonato Gaúcho (1977)
Campeão Árabe (1983)
Copa do Rei Árabe (1984)
Copa do Golfo (1985)
Campeonato Brasileiro (1971 e 1991)
Campeonato Paulista (1991 e 1992)
Copa Libertadores da América (1992 e 1993)
Mundial Interclubes (1992 e 1993)
Recopa Sul-Americana (1993 e 1994)
Supercopa dos Campeões da Libertadores (1993)
Morte
Após sofrer uma
Isquemia Cerebral em janeiro de 1996, teve que abandonar o futebol e viu a sua saúde debilitar-se bastante, com problemas na fala e na locomoção, entre outros. Apesar de debilitado, acreditava que poderia voltar a trabalhar e, nos dias de mau humor, culpava a família por "impedi-lo". No começo de 1997, chegou a fechar contrato para ser o técnico do
Palmeiras, mas seus problemas de saúde impediram que ele assumisse o cargo.
No dia 21 de abril de 2006, depois de ficar por cerca de um mês internado devido a uma infecção intestinal, que desencadeou uma série de outras complicações, o
Mestre Telê Santana faleceu em
Belo Horizonte.