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Sérgio Rodrigues

SÉRGIO RODRIGUES
(86 anos)
Arquiteto e Designer

* Rio de Janeiro, RJ(1927)
+ Rio de Janeiro, RJ (01/09/2014)

Sérgio Rodrigues arquiteto e designer de móveis, ingressou em 1947 na Faculdade Nacional de Arquitetura (FNA) da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.

Em 1949, atuou como professor assistente de David Xavier de Azambuja, que, em 1951, o convidou a participar da elaboração do projeto do Centro Cívico de Curitiba, com os arquitetos Olavo Redig de Campos e Flávio Regis do Nascimento, por intermédio de quem, conhece Lúcio Costa.

Sérgio Rodrigues formou-se em arquitetura em 1951. Transferiu-se para Curitiba, onde criou a Móveis Artesanal Paranaense, em sociedade com os irmãos Hauner, que em 1954 contratam-no para comandar o setor de criação de arquitetura de interiores de sua nova empresa, a Forma S.A., em São Paulo. Nesse período, entrou em contato com a produção de diversos designers europeus, conheceu Gregori Warchavchik e Lina Bo Bardi.

Em 1955, pediu demissão da Forma S.A., e voltou ao Rio de Janeiro. Alimentou a idéia de criar um espaço de produção e comercialização do design brasileiro, que se concretizou com a abertura da Oca, em 1955.

Criou na década de 50 a Poltrona Mole, Cadeira Lúcio Costa e Poltrona Oscar Niemeyer.

"De fato, nesse momento ele fez coexistir o Brasil-brasileiro com o Brasil-de-Ipanema, cantada mais tarde, em 1962, por Tom Jobim e Vinicius de Morais na célebre 'Garota de Ipanema'"
(Oscar Niemeyer)


De 1959 a 1960, fez os primeiros estudos do SR2 (Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados Para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira). Os protótipos das construções são expostos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). O sistema foi utilizado na construção do Iate Clube de Brasília e de dois pavilhões de hospedagem e restaurante da Universidade de Brasília (UNB) em 1962.

Com uma variação da Poltrona Mole, recebeu o primeiro prêmio no Concorso Internazionale Del Mobile (Concurso Internacional do Móvel), em 1961, em Cantù, na Itália, escolhido entre mais de 400 convidados de 35 países. Tal premiação deu projeção internacional a sua carreira como designer de móveis. Produzida na Itália pela ISA, a poltrona foi exportada para vários países com o nome de Sheriff.

Com o objetivo de comercializar móveis produzidos em série a preços acessíveis, criou em 1963 a empresa Meia-Pataca, que se manteve no mercado até 1968. Nesse ano, vendeu a Oca e montou ateliê no Rio de Janeiro, onde trabalhou com arquitetura de interiores para residências, escritórios e hotéis e realizou projetos para o Banco Central em Brasília e a sede da Editora Bloch, no Rio de Janeiro, além de desenvolver linhas de móveis para produção industrial. Participou da exposição Mobiliário Brasileiro - Premissas e Realidade, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).

Recebeu o Prêmio Lapiz de Plata na Bienal de Arquitetura de Buenos Aires pelo conjunto de sua obra, em 1987. Participou com Lúcio Costa e Zanine Caldas da Mostra Brasile 93 - La Costruzione de Una Identità Culturale (Brasil 93 - A Construção de uma Identidade Cultural), em Brescia, Itália.

Apresentou em 1991, na exposição Falando de Cadeira no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), diversos trabalhos realizados desde os anos 50.

Obteve em 2006, o 1º lugar na categoria mobiliário na 20ª edição do Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, com a Poltrona Diz.

Comentário Crítico

Um dos mais importantes designers de móveis do Brasil, ao lado de nomes como Joaquim Tenreiro e Zanine Caldas, Sérgio Rodrigues tem um papel decisivo na história do mobiliário brasileiro. Autor de vasta obra, iniciou a carreira como designer na década de 50, no Rio de Janeiro, período de consolidação da arquitetura moderna. Em expressa crítica ao ecletismo, desenvolveu móveis condizentes com os novos espaços da arquitetura.

São de 1956 duas criações bastante conhecidas, a Cadeira CD-7 ou Lúcio Costa, de madeira maciça torneada e assento em palhinha - assim apelidada em homenagem ao arquiteto, grande incentivador do trabalho de Sérgio Rodrigues - e a Poltrona PL-7Jockey ou Oscar Niemeyer, com estrutura de madeira e trançado de palhinha, braços esculpidos como peças únicas, com desenho anatômico, solução construtiva considerada autenticamente brasileira por Lúcio Costa, embora possam ser percebidas semelhanças com certos trabalhos do arquiteto e designer dinamarquês Finn Juhl.

Num período em que os critérios de nacionalidade e originalidade pautam os julgamentos estéticos na arquitetura e nas artes visuais, diversos comentadores das realizações de Sérgio Rodrigues, entre eles Lúcio Costa, difundem uma interpretação de seu trabalho como exemplar da singularidade brasileira.

Sua criação mais famosa é a Poltrona Mole, de 1957. Confortável e robusta, é considerada um símbolo do design nacional. Tal viés de brasilidade é reforçado pelo comentário do relatório do concurso em Cantù, em 1961, que justifica o 1º prêmio dado à peça pelos critérios de modernidade e expressão de regionalidade. O desejo de conceber um móvel que expressasse a identidade nacional é professado pelo próprio autor e enfatizado por vários comentadores e estudiosos, que associam a poltrona a um modo brasileiro de sentar, a idéias como preguiça e relaxamento, e enfatizam a sintonia dos móveis de Sérgio Rodrigues com a descontração, informalidade e contestação de um novo estilo de vida da juventude dos anos 60. Consideram-na uma originalidade, embora a Poltrona Mole remeta a criações como a 670, de Charles Eames. De fato, o móvel contrasta com os padrões da época, dos delgados pés palitos, trazendo a grossura e a robustez da estrutura de madeira torneada, com correias de couro que formam uma cesta para receber os almofadões, também de couro, o que possibilita ao usuário moldar o corpo anatomicamente ao sentar-se. A poltrona, que integra o acervo do Museum Of Modern Art (MoMA) de New York, é até hoje um sucesso de vendas.


Sérgio Rodrigues recebeu em 1958 um convite para elaborar peças do mobiliário para o edifício do Congresso Nacional, em Brasília, então em construção. Para a sala de espera, projetou a Poltrona PO-3, que recebeu mais tarde o nome de Beto, com estrutura de aço cromado e braço de madeira de lei, assento e encosto de espuma. Produziu, em 1960, a mesa que ficou conhecida como Itamaraty, para o Ministério das Relações Exteriores de Brasília, projeto de Oscar Niemeyer. Com pequenas variações, o mobiliário foi usado na Embaixada do Brasil em Roma.

"Naquela época, no início de Brasília, não se tinha tempo de pensar em desenhar móvel nenhum. Nós usamos móveis correntes no mercado, selecionando como o Palácio exigia. O principal designer a quem solicitei móveis foi Sérgio Rodrigues."
(Lúcio Costa)

A convite de Darcy Ribeiro, então reitor da Universidade de Brasília (UNB), criou em 1962 os assentos do Auditório dos Candangos, projetado pelo arquiteto Alcides da Rocha Miranda, para o que encontrou uma criativa solução construtiva: o uso de balancins, que conferiram mais conforto e facilitam a passagem de transeuntes. De concepção semelhante é a poltrona criada em 1965 para o auditório do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/DF), de Brasília, menção honrosa no concurso do IAB naquele ano, utilizada em vários auditórios brasileiros, como o Anhembi e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em São Paulo.

Outra poltrona célebre é a Tonico, criada em 1963 para a empresa Meia-Pataca, com almofada roliça para apoio do pescoço, sustentado por cintas reguláveis.

De 1973 é a Poltrona Leve Kilin PL-104, de madeira maciça e assento e encosto de lona ou couro, premiada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) em 1975.


Na década de 80, elaborou projetos para hotéis, como a cadeira DAAV e a Poltrona Júlia.

Nos anos 90 continuou a desenhar móveis, como as cadeiras Chico e Adolpho, feitas para a sala de reuniões da Editora Bloch.

A irreverência que marcava seus projetos o acompanhou ao longo de mais de 50 anos de carreira ininterrupta, notada em projetos, como a espreguiçadeira Nina, de 1992, cujo desenho remete a uma caravela de Pedro Álvares Cabral, na qual ressalta a busca pelo conforto do repouso, com direito a um apoio para livros.

O exame de sua vasta produção de mobiliário permite perceber a preferência pela madeira como material principal, utilizada muitas vezes combinada com o couro ou a palhinha, outras com estofados de tecidos de fibras naturais, como o algodão e a lona e, em menor freqüência, com metal. Vale ressaltar, além do caráter inovador das peças produzidas para a Oca, a importância dessa empresa para o desenvolvimento da indústria de móveis modernos no Brasil, por sua contribuição na difusão do design brasileiro e sua aceitação no mercado. Criada em 1955 como um estúdio de arquitetura de interiores, e galeria de arte, a Oca surgiu estimulada pela excelente fase por que passava a arquitetura nacional.

De sua atuação como arquiteto, relativamente obliterada pela notoriedade como designer de móveis, destaca-se a idealização do SR2 (Sistema de Industrialização de Elementos Modulados Pré-Fabricados Para Construção de Arquitetura Habitacional em Madeira). Na década de 1960, foram produzidas e montadas centenas de unidades, muitas delas na floresta amazônica, entre casas, conjuntos habitacionais, pousadas, clubes, restaurantes e postos ambulatoriais.

"O móvel não é só a figura, a peça, não é só o material de que esta peça é composta, e sim alguma coisa que tem dentro dela. É o espírito da peça. É o espírito brasileiro. É o móvel brasileiro."
(Sérgio Rodrigues)

Morte

Sérgio Rodrigues morreu na manhã de segunda-feira, 01/09/2014, aos 86 anos. Segundo funcionários de seu escritório, a morte foi em casa, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, vítima de insuficiência hepática. Sérgio Rodrigues já estava sendo submetido a tratamento por complicações no fígado, mas não resistiu. Ele será cremado no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na quarta-feira, 03/09/2014. Sérgio Rodrigues deixa mulher, Vera Beatriz, três filhos, além de netos e bisnetos.

A morte do designer foi lamentada pela presidente Dilma Rousseff. Em nota, ela disse:

"Rodrigues elevou o designer do nosso mobiliário aos mais altos padrões de criatividade e qualidade internacionais, sem perder um profundo toque de brasilidade. Sua morte entristece a todos. Meus sentimentos a sua família, amigos e admiradores."

Cronologia

  • 1952 - Se formou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  • 1953 - Formou juntamento com os imãos Hauner a primeira loja de arte e móveis modernos em Curitiba a Móveis Artesanal Paranaense.
  • 1954 - É contratado para trabalhar na loja de móveis Forma S.A. desenvolvendo projetos de móveis modernos.
  • 1955 - Fundou a Indústria Oca, um dos estúdios de arquitetura de interiores e cenografia mais importantes para a indústria do mobiliário brasileiro expondo mais de mil criações de móveis ao longo dos anos, onde ficou até 1968.
  • 1961 - Ganhou o primeiro prêmio no Concurso Internacional do Móvel, na Itália.
  • 1968 - Montou seu próprio ateliê no Rio de Janeiro de design de móveis e arquitetura onde realizou vários projetos nacionais e internacionais como a Embaixada do Brasil em Roma, o Palácio dos Arcos e o Teatro Nacional de Brasília.
  • 1973 - Montou a empresa Sérgio Rodrigues Arquitetura no Rio de Janeiro produzindo linhas de móveis e projetos de arquitetura e ambientação de hotéis, residências e escritórios, além de sistemas de casas pré-fabricadas. A empresa funciona até hoje no bairro de Botafogo.


Móveis Mais Famosos

  • 1956 - Cadeira Oscar
  • 1957 - Poltrona Mole
  • 1962 - Poltrona Aspas "chifruda"
  • 1973 - Poltrona Killin
  • 1997 - Banco Sônia
  • 2001 - Poltrona Diz

Indicação: Miguel Sampaio

Tutu Quadros

DIRCE MARIA QUADROS
(70 anos)
Política

* São Paulo, SP (28/12/1943)
+ Los Angeles, Estados Unidos (28/08/2014)

Dirce Maria Quadros, conhecida por Tutu, foi uma política brasileira, tendo como formação original a Biologia. Era filha única do ex-presidente Jânio Quadros, falecido em 1992, e de Eloá do Valle Quadros, falecida em 1990.

Dirce Maria casou-se aos 16 anos com o jornalista Alaor José Gomes, que trabalhava no gabinete do então governador Jânio Quadros, tendo o casal três filhas. Mais tarde, separando-se, Dirce Maria se casou novamente e foi morar nos Estados Unidos, sendo que teve um filho de prenome John Jânio.

Seu filho, de casamento posterior, John JânioJânio Quadros Neto, também tentou ingressar na política, candidatando-se a deputado estadual por São Paulo nas eleições de 1994 e 2006, não obtendo, entretanto, êxito em ambas as oportunidades.

Dirce Maria foi eleita deputada federal constituinte em 1986 pelo Partido Social Cristão (PSC), tomando posse no ano seguinte e cumprindo o mandato até 1991. Após um período no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), inscreveu seu nome como uma das fundadoras do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

Candidatou-se à reeleição pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) em 1990, sem sucesso. Desde então, abandonou a política e passou a residir nos Estados Unidos.


Morte

Dirce Tutu Quadros morreu na quinta-feira, 28/08/2014, aos 70 anos. Ela estava em companhia de suas duas filhas Ana Claudia e Ana Laura, quando faleceu. Estava internada há alguns dias em clínica para clientes terminais nos Estados Unidos, ela lutava contra um enfisema pulmonar.

O corpo de Tutu foi cremado. Ela deixou os filhos Ana Paula, Ana Cláudia, Ana Laura, Jânio Quadros NetoMichel e três netos.

Deodato Borges

DEODATO TAUMATURGO BORGES
(80 anos)
Jornalista, Radialista e Quadrinista

* Campina Grande, PB (1934)
+ João Pessoa, PB (25/08/2014)

Deodato Taumaturgo Borges foi um jornalista, radialista e quadrinista brasileiro, criador do super-herói Flama e pai do também quadrinista Mike Deodato Jr.

Em 1963 transpôs o personagem para a revista "As Aventuras do Flama", a primeira do gênero no Nordeste brasileiro. Inspirada em sucessos da época, como "Jerônimo, o Herói do Sertão" e "The Spirit". A publicação tinha 40 páginas, com capa dura e imagens em preto e branco. Surgiu como uma propaganda da série de rádio homônima, comandada por Deodato Borges e transmitida pela Borborema AM, de Campina Grande, PB, em 1961. "As Aventuras do Flama" era dada como brinde aos ouvintes do programa e logo angariou uma legião de fãs. Flama foi um dos primeiros heróis dos quadrinhos brasileiros, segundo a Brasil Comic Con.

Considerado uma lenda dos quadrinhos brasileiros, Deodato Borges estava confirmado como uma das atrações da Brasil Comic Con, que acontecerá nos dias 15 e 16 de novembro de 2014, em São Paulo. Ao lado do filho, ele participaria dos dois dias de evento

Ainda na década de 60, Deodato Borges foi diretor geral dos Diários Associados de Pernambuco.

Em 1973, tornou-se editor de cultura do jornal O Norte, de João Pessoa, no qual introduziu as tiras de quadrinhos. Foi também secretário de Comunicação do Governo da Paraíba.

Deodato Borges e seu filho Mike Deodato Jr.
Morte

Deodato Borges morreu em João Pessoa, aos 80 anos. A morte foi constatada às 12:50 hs de segunda-feira. 25/08/2014, durante uma sessão de hemodiálise em que Deodato Borges teve duas paradas cardíacas. Na segunda, os médicos não conseguiram reanimá-lo.

Segundo informações da nora de Deodato Borges, Ana Paula Falcão,  ele havia sido diagnosticado com câncer no sistema urinário há cerca de dois meses. Ele já estava há aproximadamente 15 dias internado em um hospital particular de João Pessoa e chegou a fazer uma cirurgia para retirar um dos rins na semana passada. Ainda de acordo com ela, ele estava tendo uma melhora significativa depois da cirurgia, mas não resistiu à segunda sessão de hemodiálise.

O velório ocorreu na segunda-feira, 25/08/2014, na Funerária São João Batista, no bairro da Torre em João Pessoa. A família informou que o sepultamento ocorrerá na tarde de terça-feira, 26/08/2014, às 16:00 hs, no Cemitério Jardim Mangabeira, com entrada localizada nas proximidades da Praça do Coqueiral, no bairro de Mangabeira, Zona Sul da Capital.

Mike Deodato Jr. informou sobre a morte do pai nas redes sociais. "O Flama Morreu", publicou. Tendo o pai como referência, Mike Deodato Jr. é ilustrador da Marvel e responsável por quadrinhos como "Os Vingadores".

Fonte: WikipédiaG1
Indicação: Miguel Sampaio

Antônio Ermírio de Moraes

ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
(86 anos)
Empresário, Engenheiro e Industrial

* São Paulo, SP (04/06/1928)
+ São Paulo, SP (24/08/2014)

Antônio Ermírio de Moraes foi um empresário, engenheiro e industrial brasileiro. Foi presidente e membro do conselho de administração do Grupo Votorantim e presidente da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Seu pai, o engenheiro pernambucano José Ermírio de Morais, criou o Grupo Votorantim, comprando as ações de uma empresa de tecelagem localizada na cidade de Votorantim, São Paulo que pertencia ao seu sogro, avô de Antônio Ermírio, o imigrante português António Pereira Inácio, diversificando o negócio. Sua mãe, Helena Rodrigues Pereira, nasceu em Boituva, SP, e teve com José Ermírio de Morais, quatro filhos, dos quais Antônio Ermírio foi o segundo.

Antonio Ermírio nasceu sem um rim e isso o ajudou a lutar toda a vida. Formou-se em engenharia metalúrgica em 1949 pela Colorado School Of Mines, mesma universidade que o seu pai, José Ermírio de Morais, estudou. Casou em 1953 com Maria Regina, com quem passou a lua-de-mel na Europa.

Na década de 50, sua família foi taxada de louca por querer concorrer com os grandes produtores de alumínio, como Alcan, Alcoa e Vale, e fundou a Companhia Brasileira de Alumínio. A empresa iniciou suas operações em 1955 produzindo apenas 4 mil toneladas e completou seu cinquentenário com 400 mil toneladas.

Em 1956, Antônio Ermírio de Moraes, teve de contrair empréstimos que equivaliam a 16 meses de faturamento, na mesma época sofreu um acidente ao visitar a unidade e, queimado por soda cáustica, ficou um mês de cama. Esta experiência ajudou a sedimentar em sua obsessão por conduzir o Grupo Votorantim da forma mais conservadora possível, evitando contrair dívidas.

Após assumir o grupo, Antônio Ermírio transformou-o em uma multinacional, com a aquisição de uma fábrica de cimento no Canadá. Expandiu o Grupo Votorantim, com mais de 60 mil funcionários, atuou nas áreas de cimento, celulose, papel, alumínio, zinco, níquel, aços longos, filmes de polipropileno bi orientado, especialidades químicas e suco de laranja.

Apesar do Grupo Votorantim possuir um banco, Antônio Ermírio de Moraes era um crítico do sistema financeiro e da especulação financeira:

"Se eu não acreditasse no Brasil, seria banqueiro!"

Antônio Ermírio de Moraes, 1980
Quando o banco foi criado não se conformava com o fato dele, ocupando somente um andar e empregando poucos funcionários, ser mais lucrativo do que sua Companhia Brasileira de Alumínio. Em relação ao banco Antônio Ermírio de Moraes costumava brincar que a instituição só foi criada "para não pagar os juros cobrados pelo mercado e estabelecidos pelo Banco Central".

Ao mesmo tempo que lidava com matérias-primas, Antônio Ermírio de Moraes deu o aval para a criação da Votorantim Ventures, a caçula das empresas do grupo criada há quase quatro anos. A Votorantim Ventures é um fundo de investimento com 300 milhões de dólares para investir em áreas tão diversas como biotecnologia, bioinformática, distribuição de MRO, serviços de datacenter e de call center, comércio eletrônico e biodiversidade.

Assim como o pai, aventurou-se na política, lançando-se à candidatura ao governo do Estado de São Paulo em 1986 pela União Liberal Trabalhista Social (PTB, PL e PSC), ficando em segundo lugar, perdendo para Orestes Quércia, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em uma época em que não havia segundo turno. Durante esta experiência ficou chocado com as manobras políticas e fisiológicas, todos que o abordavam pediam cargos para poder ficar sem trabalhar.

Foi a frustração com a política que o levou a escrever peças teatrais, dizia que "a política é o maior de todos os teatros". É autor de três peças de teatro, duas já lançadas no circuito paulistano: "Brasil S.A.", "Acorda Brasil" e "S.O.S Brasil". Todas as peças acabaram virando livro e a peça "Acorda Brasil" foi vista por 26 mil pessoas.

Também escreveu para a Folha de São Paulo uma coluna dominical durante 17 anos. O empresário sempre dedicou parte de seu tempo à Sociedade Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma hora e meia todo dia. Também se dedicou à Associação Cruz Verde de São Paulo, à Fundação Antônio Prudente, entre outras organizações não governamentais.

Em 2001 deixou a presidência do conselho de administração do Grupo Votorantim e entregou o comando do conglomerado aos filhos e sobrinhos. Trabalhador incansável, uma combinação de doenças afetaram sua mente e seus movimentos, imobilizando-o numa cama, levando-o a sofrer de Hidrocefalia e Mal de Alzheimer.


Resultados e Homenagens

Em 2013 a família de Antônio Ermírio de Moraes apareceram entre os 100 maiores bilionários do mundo, segundo ranking da Forbes, com fortuna avaliada em US$ 12,7 bilhões. No Brasil, a família foi considerada a terceira mais rica, segundo ranking divulgado pela revista em maio de 2014.

Antônio Ermírio de Moraes trabalhava 12 horas por dia, mas ponderava que era preciso moderação.

"Na vida, o meio termo é o correto, nem tanto ao mar,  nem tanto à terra. Eu acho que é preciso trabalhar, mas não se descuidar do lazer, para você, para sua família, para sua saúde inclusive!"
(Antônio Ermírio de Moraes durante uma entrevista à rádio CBN)

Pela intensa atividade social e pela trajetória empresarial ascendente, o empresário é um ícone da classe empresarial industrial. O currículo exibe ainda o Prêmio Eminente Engenheiro do Ano, mérito reconhecido em 1979. Em 2003 recebeu a Medalha do Conhecimento do Governo Federal.

Sua família ganhou o destaque do Prêmio Octavio Frias de Oliveira, tanto pela administração do Hospital Beneficência Portuguesa há mais de 50 anos, quanto pela participação no conselho curador da rede voluntária do Hospital A.C. Camargo e ser uma das maiores doadoras da Associação de Assistência à Criança Deficiente.

Em 2013, a vida do empresário foi retratada pelo sociólogo José Pastore em uma biografia intitulada "Antônio Ermírio de Moraes: Memórias de Um Diário Confidencial".

"No campo pessoal, a marca de Antônio Ermírio foi a simplicidade, sempre acompanhada de humildade e generosidade. Como empresário ele tinha como meta investir continuamente para gerar empregos de boa qualidade. [...] Como investidor ele pregava ser de responsabilidade dos empresários não apenas produzir e pagar impostos, mas também, ajudar o próximo. E para tanto, ele deu o exemplo ao longo dos seus 60 anos de trabalho", disse José Pastore, em nota.

Maria Regina Costa de Moraes e Antônio Ermírio de Moraes
Família

Antônio Ermírio de Moraes tinha 9 filhos, entre eles, Regina de Moraes, presidente da ONG Velho Amigo. Seu filho Carlos Ermírio de Moraes faleceu no dia 18/08/2011 após lutar durante 4 anos contra um câncer.


Morte

Antônio Ermírio de Moraes morreu na noite de domingo, 24/08/2014, em São Paulo, aos 86 anos. Segundo informações da assessoria de imprensa da empresa, ele morreu em sua casa, no Morumbi, Zona Sul, vítima de insuficiência cardíaca.

O corpo do empresário será velado a partir das 09:00 hs de segunda-feira, 25/08/2014, no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa. A partir das 16:00 hs, o cortejo deve seguir ao Cemitério do Morumbi, onde ele será sepultado. Antônio Ermírio de Moraes deixa a esposa, Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos.


Nota do Grupo Votorantim

"É com grande pesar que o Grupo Votorantim comunica o falecimento do Drº  Antônio Ermírio de Moraes, aos 86 anos, na noite deste domingo, 24 de agosto, em São Paulo.
Presidente de honra do Grupo Votorantim, Dr. Antônio era engenheiro metalúrgico formado pela Colorado School Of Mines (EUA) e iniciou sua carreira no Grupo em 1949, sendo o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio, inaugurada em 1955.
Com o falecimento do Drº Antônio Ermírio de Moraes, o Grupo Votorantim perde um grande líder, que serviu de exemplo e inspiração para seus valores, como ética, respeito e empreendedorismo, e que defendia o papel social da iniciativa privada para a construção de um país melhor e mais justo, com saúde e educação de qualidade para todos.
Drº Antônio deixa a esposa, Dona Maria Regina Costa de Moraes, com quem teve nove filhos. O corpo será velado a partir das 9h desta segunda-feira no Salão Nobre do Hospital Beneficência Portuguesa e o cortejo sairá às 16h rumo ao Cemitério do Morumbi, onde o corpo será enterrado."

Cybele

CYBELE RIBEIRO DE SÁ LEITE FREIRE
(74 anos)
Cantora

* Ibirataia, BA (03/05/1940)
+ Rio de Janeiro, RJ (21/08/2014)

Cybele Ribeiro de Sá Leite Freire foi uma cantora brasileira. É irmã das cantoras e compositoras Cyva, Cynara e Cylene, todas do grupo vocal Quarteto em Cy.

Nascida em 03/05/1940 em Ibirataia, na Bahia, Cybele formou o grupo vocal com as irmãs. Originalmente conhecido como As Baianinhas, o grupo começou a cantar junto em 1959.

Em 1963, o quarteto gravou a trilha sonora composta por Pixinguinha e Vinicius de Moraes para o filme "Sol Sobre a Lama", de Alex Viany.

No dia 30/06/1964 o grupo estreou no Rio de Janeiro, no Bottle's Bar, casa do Beco das Garrafas, em Copacabana. O grupo chegou à projeção nacional ao participar do disco de Dorival Caymmi "Caymmi And The Girls From Bahia", de 1964.

Cybele desligou-se do grupo três anos depois e, juntamente com a irmã Cynara, formou a dupla Cynara e Cybele, que se desfez em 1968.

No III Festival Internacional da Canção, interpretando "Sabiá" (Tom Jobim e Chico Buarque), a dupla desbancou Geraldo Vandré e "Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores", hino contra a Ditadura Militar. Apesar de uma estrondosa vaia do público pela derrota de Geraldo Vandré, o músico fez um apelo para que "Sabiá" fosse reconhecida por seu valor musical.

Posteriormente, Cybele dublou a voz de Branca de Neve e cantou no filme homônimo de Walt Disney.

Em 1974, gravou um compacto duplo lançado pela gravadora CID, com produção musical de Paulinho Albuquerque e participação do Terra Trio.

Entre 1974 e 1983, Cybele fez parte do Coral da TV Globo.

Em 1980, retomou sua participação no Quarteto em Cy, sendo integrante do grupo até 2013, quando deu lugar à Keyla Fogaça para se dedicar mais à família.

O Quarteto em Cy (Cyva, Cybele, Cynara e Sonya)
Morte

Cybele morreu na tarde de quinta-feira, 21/08/2014, em casa, no Rio de Janeiro. Recuperando-se de uma pneumonia, ela sofreu um desmaio e veio a falecer vítima de uma isquemia pulmonar. O velório ocorreu à partir de 12:00 hs de sexta-feira, 22/08/2014, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro e o sepultamento às 14:00 hs.

Mercedes Baptista

MERCEDES IGNÁCIA DA SILVA KRIEGER
(93 anos)
Bailarina

* Campos dos Goytacazes, RJ (20/05/1921)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/08/2014)

Mercedes Ignácia da Silva Krieger, Mercedes Batista, nasceu em 1921, no município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, em uma família humilde que vivia do trabalho de sua mãe, a costureira Maria Ignácia da Silva.

Ainda jovem, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, exercendo diversas atividades profissionais. Trabalhou em uma gráfica, em fábrica de chapéus e como não podia fugir a regra de grande parte das meninas negras de seu tempo, foi empregada doméstica. Trabalhou, também, em bilheteria de cinema e quando podia, assistia aos filmes. Neste período acalentava o sonho dos palcos. Mobilizada por realizar seu sonho, começou a dedicar-se a dança.

Cabe salientar que Mercedes Baptista foi iniciada no balé clássico e dança folclórica, pela grande Eros Volúsia, bailarina que abrilhantou o Brasil através de suas coreografias inspiradas na cultura brasileira.

Na década de 40 ingressou na Escola de Danças do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo a oportunidade de estudar com Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek, artistas que possuíam projeção internacional.

No ano de 1947 foi admitida como bailarina profissional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se assim a primeira mulher negra a ingressar como bailarina nesta casa de espetáculos.


Embora fizesse parte do Corpo de Baile do Teatro Municipal, teve poucas chances de atuar, pois pouquíssimas vezes foi escalada para as apresentações. Percebeu então um traço do preconceito. Enquanto mulher negra e artista sofreu discriminação, mas também aprendeu com os próprios passos e escolhas a criar mecanismos de superação. É neste mesmo período que conheceu Abdias do Nascimento e passou a acompanhar os ideais do Teatro Experimental do Negro. Juntamente com as forças renovadas e ao perceber que outros negros e negras, desenvolviam formas de atuação de luta contra o racismo no Brasil, uniu forças com estes grupos, criando espaços e estratégias para lutar contra o preconceito racial.

Neste cenário, buscou formas de valorizar a cultura brasileira, assim como lutou contra o preconceito que tentava inferiorizar a população negra. Foi então, que sistematicamente trabalhou pela reafirmação do artista negro na dança, com talento, perseverança e o uso da pesquisa enquanto instrumento/ferramenta. Conseguiu magistralmente, embasar e aprofundar o conhecimento sobre as artes negras, assim entendendo e conhecendo suas origens usando-a enquanto elemento criativo, e, portanto, uma nova postura sobre a dança afro-brasileira.

Mercedes Baptista participou de diversos eventos promovidos pelo Teatro Experimental do Negro, sendo, em 1948, eleita a Rainha das Mulatas. No ano de 1950, tornou-se membro do Conselho de Mulheres Negras.

Em finais da década de 50 foi selecionada pela coreógrafa e antropóloga americana Katherine Dunham e conquistou uma bolsa de estudos em New York. Quando de sua volta para o Brasil, no Rio de Janeiro, fundou o Ballet Folclórico Mercedes Baptista. Grupo formado por bailarinos negros que desenvolviam pesquisas e divulgavam a cultura negra e afro-brasileiras, descortinando novos horizontes para a dança, introduzindo elementos afro na dança moderna brasileira. O grupo ganhou notoriedade e respeito, apresentaram-se na Europa e vários países da América do Sul.


Na década de 60, Mercedes Baptista, teve a oportunidade de atuar no Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, elaborando coreografia, para o tema "O Quilombo dos Palmares", escolhido pela escola. As escolas de samba curvaram-se ao talento de Mercedes Baptista, pois foi ela quem idealizou as apresentações das escolas com alas coreografadas. E não fica por aí, coreografou para cinema, televisão e teatro.

Mercedes Baptista ministrou diversos cursos fora do Brasil - New York e Califórnia. Influenciou a dança em outros países, mas também teve consistência e prestígio para introduzir na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a disciplina dança afro-brasileira.

Por sua capacidade de conciliar técnica e talento, por inovar, por sua trajetória de vida e sua importância para dança nacional, e por que não dizer mundial, no ano de 2005 recebeu uma homenagem através da exposição "Mercedes Baptista: A Criação da Identidade Negra na Dança", com curadoria de Paulo Melgaço e Jandira Lima.

Em desdobramento a exposição, no ano de 2007 foi lançado o livro "Mercedes Baptista: A Criação da Identidade Negra na Dança", de autoria de Paulo Melgaço da Silva Júnior, publicado pela Fundação Cultural Palmares.

Também recebeu, em 2008, a homenagem da Escola de Samba Cubango (grupo de acesso), sendo considerado um dos sambas mais bonitos deste ano. No ano seguinte a Escola de Samba Vila Isabel, escolheu por tema o centenário do Teatro Municipal, quanto este lhe rendeu a merecida homenagem, por ser Mercedes Baptista uma figura emblemática da dança nacional e referência obrigatória no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Seu legado é a valorização das culturas de matrizes africanas e a introdução de elementos da dança afro a dança moderna brasileira, mais sobretudo o exemplo de superação e criatividade para a juventude negra, fazendo dela um dos nomes mais respeitado no Brasil nessa área.


Morte

Mercedes Baptista morreu na segunda-feira, 18/08/2014, aos 93 anos, na casa de repouso onde morava, em Copacabana, Rio de Janeiro. O corpo foi velado na casa de repouso onde ela morava e cremado no Memorial do Carmo, no Caju. Mercedes Baptista sofria de diabetes e problemas cardíacos.

Em nota, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro lamentou a morte de Mercedes Baptista.

Nicolau Sevcenko

NICOLAU SEVCENKO
(61 anos)
Historiador

* São Vicente, SP (1952)
+ São Paulo, SP (13/08/2014)

Nicolau Sevcenko foi um historiador brasileiro que dedicou-se ao estudo da história, com ênfase na cultura brasileira e desenvolvimento social das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Formou-se na Universidade de São Paulo (USP), onde manteve o cargo de professor de história da cultura, além de membro do Center For Latin American Cultural Studies do King's College da Universidade de Londres.

Foi professor visitante também na Universidade de Georgetown, Washington, DC, e na Universidade de Illinois, Urbana-Champaign, nos Estados Unidos.

Nascido em 1952, em uma família de ucranianos fugidos da Guerra Civil Russa, Nicolau Sevcenko nasceu em São Vicente, no litoral do estado de São Paulo. Sua infância, conciliada entre o trabalho, esporte e estudos, lhe deu uma visão de mundo bastante ampla e significativa, o que o levou a optar pela História.

Graduado em 1975 e doutorado em História Social, em 1981, ambos pela Universidade de São Paulo (USP), em 1990, fez pós-doutorado pela Universidade de Londres. Já lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lecionando na Universidade de São Paulo desde 1985 até sua aposentadoria em 2012. Desde então passou a dar aulas na Universidade Harvard.

É autor de obras como "A Corrida Para o Século XXI", "Orfeu Extático na Metrópole - São Paulo nos Frementes Anos 20", "Literatura Como Missão: Tensões Sociais e Criação Cultural na I República", "A Revolta da Vacina, Mentes Insanas Em Corpos Rebeldes", "O Renascimento" e "Pindorama Revisitada".


Morte

Nicolau Sevcenko morreu por volta das 19:00 hs de quarta-feira, 13/08/2014, em sua residência em São Paulo, aos 61 anos. Sua esposa, a editora Cristina Carletti, afirmou que ele deve ter sofrido um infarto.

Fonte: Wikipédia

Eduardo Campos

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS
(49 anos)
Economista e Político

* Recife, PE (10/08/1965)
+ Santos, SP (13/08/2014)

Eduardo Henrique Accioly Campos foi um economista e político brasileiro, ex-governador de Pernambuco, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidato à Presidência da República.

Nascido na cidade do Recife, PE, capital pernambucana, Eduardo Campos é filho do poeta e cronista Maximiano Campos com a ex-deputada federal e atual ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes. É neto de Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco que em 1979 retornou ao Brasil após 15 anos no exílio, sendo considerado seu principal herdeiro político, além de sobrinho de Guel Arraes, cineasta e diretor da Rede GloboEduardo Campos desde cedo conviveu com nomes emblemáticos da política local e nacional.

Eduardo Campos formou-se em Economia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Aprovado no vestibular desta instituição com 16 anos, concluiu a faculdade aos 20, como aluno laureado e orador da turma.

Era casado com a também economista e auditora do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco Renata Campos, com quem tem cinco filhos. Seu filho mais novo, Miguel, nascido no dia 28/01/2014, foi diagnosticado com Síndrome de Down.


Vida Política

Eduardo Campos começou na política ainda na universidade quando foi eleito presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia. Em 1986 trocou a oportunidade de fazer um mestrado nos Estados Unidos pela participação na campanha que elegeu o avô Miguel Arraes como governador de Pernambuco. Com a eleição de Miguel Arraes, em 1987, passou a atuar como chefe de gabinete do governador. Neste período foi o responsável pela criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE).

Assembleia Legislativa

Eduardo Campos se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), em 1990. No mesmo ano foi eleito deputado estadual e conquistou o Prêmio Leão do Norte concedido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco aos parlamentares mais atuantes.

Congresso Nacional

Em 1994, Eduardo Campos foi eleito deputado federal com 133 mil votos. Pediu licença do cargo para integrar o governo de Miguel Arraes como secretário de Governo e secretário da Fazenda, entre 1995 e 1998. Neste último ano voltou a disputar um novo mandato de deputado federal e atingiu o número recorde de 173.657 mil votos, a maior votação no estado.

Em 2002, pela terceira vez no Congresso Nacional, Eduardo Campos ganhou destaque e reconhecimento como articulador do governo de Luiz Inácio Lula da Silva nas reformas da Previdência e Tributária. Por três anos consecutivos esteve na lista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.

No decorrer de sua vida pública no Congresso Nacional, Eduardo Campos participou de várias CPIs, como a de Roubo de Cargas e a do Futebol Brasileiro (Nike/CBF). Nesta última, atuou como sub-relator, onde denunciou o tráfico de menores brasileiros para o exterior fato que, inclusive, teve ampla repercussão na imprensa nacional e internacional.

Como deputado federal, Eduardo Campos foi ainda presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, criada por sua iniciativa em 13/06/2000. A Frente tem natureza suprapartidária e representa, em toda a história do Brasil, a primeira intervenção do Parlamento Nacional no setor.

Eduardo Campos é também autor de vários projetos de lei. Entre eles, o que prevê um diferencial no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para as cidades brasileiras que possuem acervo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN); o do uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para pagamento de curso superior do trabalhador e seus dependentes; o que tipifica o sequestro relâmpago como crime no código penal; e o da Responsabilidade Social, que exige do Governo a publicação do mapa de exclusão social, afirmando seu compromisso com os mais carentes.

Ministério da Ciência e Tecnologia

Em 2004, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Campos assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, tornando-se o mais jovem dos ministros nomeados. Em sua gestão, o Ministério da Ciência e Tecnologia reelaborou o planejamento estratégico, revisou o programa espacial brasileiro e o programa nuclear, atualizando a atuação do órgão de modo a assegurar os interesses do país no contexto global.

Como ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos também tomou iniciativas que repercutiram internacionalmente, como a articulação e aprovação do programa de biossegurança, que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e de transgênicos. Também conseguiu unanimidade no Congresso para aprovar a Lei de Inovação Tecnológica, resultando no marco regulatório entre empresas, universidades e instituições de pesquisa. Outra ação importante à frente da pasta, foi a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - considerada a maior olimpíada de Matemática do Mundo em número de participantes.

Presidência do Partido Socialista Brasileiro

Eduardo Campos assumiu a presidência nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no ano de 2005. A solenidade de posse no cargo foi uma expressiva demonstração de que ele é hoje uma das principais referências da política brasileira. Após seu discurso, Eduardo Campos foi aplaudido de pé pelo então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, José Alencar, seis ministros, os presidentes nacionais de vários partidos e outras lideranças.

No início de 2006, se licenciou da presidência nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) para concorrer ao governo de Pernambuco, pela Frente Popular. Em 2011, foi reeleito presidente do partido, com mandato até 2014. Foi reconduzido ao cargo, por aclamação, e sem concorrentes.


Governador de Pernambuco

Campanha 2006

Em 2006 se lançou candidato ao governo do estado de Pernambuco, tendo como coordenadores o ex-deputado estadual José Marcos de Lima, também ex-prefeito de São José do Egito, PE. Mas também contou com apoio de importantes lideranças do interior do estado, como o deputado federal Inocêncio Oliveira e o então prefeito de Petrolina, PE, Fernando Bezerra Coelho. Eduardo Campos contou com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se dividiu entre o palanque do socialista e do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) ao governo, Humberto Costa. Os candidatos de esquerda marcaram posição frente ao nome da situação, o então governador e candidato a reeleição, Mendonça Filho (PFL), apoiado pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB).

O primeiro turno apresentou um fato curioso: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio para dois candidatos à sucessão estadual: Eduardo Campos, do PSB, e Humberto Costa, do PT. Tal posicionamento foi encarado pelos críticos políticos como uma estratégia dos partidos de esquerda do estado para quebrar a hegemonia do ex-governador Jarbas Vasconcelos, que apoiava a reeleição do candidato pelo Partido da Frente Liberal (PFL), Mendonça Filho, governador que assumiu o poder após a renúncia de Jarbas Vasconcelos em abril de 2006, que saiu do governo para disputar uma vaga de senador, visando a levar as eleições estaduais para o segundo turno.

Eduardo Campos iniciou a campanha eleitoral, de acordo com as pesquisas eleitorais, na terceira colocação. Mas a coligação que apoiava Mendonça Filho, utilizou extensivamente denúncias de corrupção que pesavam sob o candidato Humberto Costa quando ocupou o cargo de Ministro da Saúde, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Os aliados de Mendonça Filho e Jarbas Vasconcelos acreditavam que os votos dos potenciais eleitores de Humberto Costa poderiam migrar naturalmente para Mendonça Filho. Afirmavam que, mesmo as eleições sendo levadas para um segundo turno, o candidato Eduardo Campos seria um alvo mais fácil para ser atacado na campanha por causa do seu envolvimento, como secretário da Fazenda, nas operações dos precatórios no último governo de Miguel Arraes. O que eles não contavam é que ainda no período eleitoral ele e o governo do avô foram inocentados na justiça, em última instância, sobre o caso.

Humberto Costa, que saiu da campanha do primeiro turno na terceira colocação, manifestou logo de imediato apoio a Eduardo Campos. O candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) conseguiu aglutinar em seu palanque quase todas as forças sociais e partidos opositores de Mendonça Filho e Jarbas Vasconcelos. O governador candidato a reeleição, Mendonça Filho, não conseguiu se eleger e Eduardo Campos foi eleito com mais de 60% dos votos válidos para governador no segundo turno.

Reeleição

Com o governo bem avaliado e a popularidade em alta, Eduardo Campos concorreu à reeleição em 2010. Assim como em 2007, contou com o apoio do então presidente Luiz Inácio Lula da SilvaEduardo Campos foi reeleito, desta vez como o governador mais bem votado do Brasil: mais de 80% dos votos válidos no primeiro turno, derrotando o senador Jarbas Vasconcelos.

A Gestão de Eduardo Campos

Eduardo Campos ocupou o Governo de Pernambuco durante sete anos, entre 2007 e 2014. Na primeira gestão se destacam projetos e obras estruturadoras como a ferrovia Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, a fábrica de hemoderivados Hemobrás e a recuperação da BR-101.

O socialista colocou as contas públicas na internet com o Portal da Transparência do Estado - considerado pela ONG Transparência Brasil o segundo melhor do país, entre os vinte e sete estados da Federação. O estado de Pernambuco cresceu acima da média nacional (3,5% em 2009) e os investimentos foram de mais de R$ 2,4 bilhões em 2009 - contra média histórica de R$ 600 milhões/ano. A administração foi premiada pelo Movimento Brasil Competitivo.

Na segurança pública houve redução dos índices de violência com a implantação do programa Pacto Pela Vida. O número de homicídios no estado sofreu uma queda 39,10% desde o início do programa. Além disso, 88 municípios pernambucanos chegaram a uma taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) menor que a média nacional que é de 27,1 por 100 mil habitantes. A redução também ocorreu com crimes como roubos e furtos. Entre 2007 e 2013 houve uma diminuição de 30,3% neste tipo de delito no estado.

"Esse prêmio é um reconhecimento muito especial, porque é o maior prêmio de gestão pública do mundo. Vamos recebe-lo com muita alegria em nome de tantos, que no anonimato, diariamente nos ajudam no Pacto Pela Vida. Estamos no caminho certo para transformar Pernambuco no lugar mais seguro do País."
(Sobre o prêmio conquistado pelo Pacto pela Vida)

Em 2013 Eduardo Campos anunciou o rompimento com o governo Dilma Rousseff, saindo da base aliada, junto com seus correligionários, orientando-os a entregarem os cargos de confiança nos vários escalões.

Entre os motivos do rompimento, Eduardo Campos apontou a manutenção da aliança do governo Dilma Rousseff com setores políticos tradicionais, entre os quais, com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Aproximou-se de Marina Silva e a acolheu, com seus aliados, no Partido Socialista Brasileiro (PSB), chamando o novo movimento de "Nova Política".

Saúde

Foram construídos três novos hospitais na Região Metropolitana do Recife (RMR) e 14 Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s), além da expansão do número de leitos de UTI e UCI.

Entre 2006 e 2013, Pernambuco se firmou como o estado nordestino com o maior ganho de anos na expectativa de vida (3,72 anos), superando a média da região. Houve também redução de 9,6% na taxa de mortalidade por causas evitáveis. Em 2011, Pernambuco alcança a média nacional em relação à mortalidade infantil, reduzindo em 47,5% o seu coeficiente.

Educação

Entre 2007 e 2011, Pernambuco registrou um crescimento de 14,8% no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O número é mais de duas vezes superior à média nacional de 6,2%. Os alunos das Escolas Técnicas Pernambucanas apresentaram um desempenho médio 47% superior em relação aos estudantes de outras partes do Brasil, como São Paulo e Santa Catarina, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).

Pernambuco tem hoje a maior rede de Escolas de Referência do Brasil, com, 260 unidades. De acordo com pesquisa do INEP, somente em 2012 mais de 85 mil alunos foram matriculados – o que corresponde a 10 vezes mais que a média nacional de 8.509. Em 2013, foram 163 mil alunos matriculados. A Educação Profissional foi ampliada e atualmente 26 Escolas Técnicas estão em funcionamento no estado. O Programa Ganhe o Mundo levou 2.270 alunos para intercâmbios em países como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Chile, Argentina e Espanha.

Emprego

Entre 2007 e 2013 foram gerados 560 mil empregos formais, sendo 150 mil apenas no interior do estado - o que representa uma expansão de 48% no mercado formal de Pernambuco. O governo também atraiu mais de R$ 78 bilhões de investimentos privados. Empresas como Sadia (Vitória de Santo Antão), Perdigão (Bom Conselho), Novartis (Goiana), Kraft Foods (Vitória de Santo Antão) e Fiat Chrysler (Goiana) se instalaram no estado.


Eleição Presidencial 2014

Oficialmente confirmada como pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff tem entre seus principais adversários o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o senador do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) por Minas Gerais, Aécio Neves.

Eduardo Campos firmou uma aliança programática com Marina Silva, ex-senadora pelo Acre e ex-ministra do Meio Ambiente da primeira gestão do governo Luiz Inácio Lula da Silva e atual líder da Rede Sustentabilidade. A dupla confirmou a pré-candidatura da chapa que teria Eduardo Campos como candidato a presidente e Marina Silva na vice, durante evento realizado em Brasília, em 14/04/2014.

Aécio Neves também confirmou a sua pré-candidatura pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O senador e ex governador de Minas Gerais tem como vice o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Aliança Programática PSB - Rede Sustentabilidade

Em outubro de 2013 o então governador Eduardo Campos anunciou a aliança programática com a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, cujo pedido de registro do novo partido foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A aliança foi formalizada em 04/02/2014, no evento que lançou as bases para elaboração do programa de governo do PSB-Rede. Na mesma data, o Partido Popular Socialista (PPS), através do deputado federal Roberto Freire, formalizou a entrada do partido na aliança.

As diretrizes para elaboração do programa de governo são:
  • Estado e democracia de alta densidade;
  • Economia para o desenvolvimento sustentável;
  • Educação, cultura e inovação; Políticas sociais e qualidade de vida e Novo urbanismo e o pacto pela vida.

Eduardo Campos anunciou em abril de 2014, em um evento realizado em Brasília, a pré candidatura a presidência do Brasil, tendo como vice a líder da Rede Sustentabilidade, Marina Silva.


Premiações

  • 2009 - Considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
  • 2010 - Primeiro colocado no ranking de governadores estabelecido pelo Instituto Datafolha de Pesquisas, sendo uma dessas com 80% de aprovação entre os pernambucanos.
  • 2011 - Apontado pela pesquisa Ibope/Band como o melhor governador do Brasil e novamente, pela Revista Época, um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
  • 2013 - Pacto Pela Vida recebe o prêmio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na categoria "Governo Seguro - Boas Práticas em Prevenção do Crime e da Violência".


Morte

Eduardo Campos morreu na manhã de quarta-feira, 13/08/2014, após sofrer um acidente aéreo em Santos, SP. O jato em que estava o político iria para um compromisso em evento na cidade de Santos chamado SantosExport. A aeronave em que viajava do Rio de Janeiro para Guarujá perdeu contato com controle aéreo.

Conforme o Comando da Aeronáutica, não houve sobreviventes na queda. Ainda de acordo com o Comando da Aeronáutica, a aeronave é um Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, que decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao Aeroporto de Guarujá, SP. Quando se preparava para pouso, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave.

Fonte: Wikipédia e Globo