Mostrando postagens com marcador 2020. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2020. Mostrar todas as postagens

Maria Alice Vergueiro

MARIA ALICE MONTEIRO DE CAMPOS VERGUEIRO
(85 anos)
Professora e Atriz

☼ São Paulo, SP (19/01/1935)
┼ São Paulo, SP (03/06/2020)

Maria Alice Monteiro de Campos Vergueiro, foi uma professora e atriz com uma extensa carreira nos palcos, no cinema e na televisão, nascida em São Paulo, SP, no dia 19/01/1935.

Membro da tradicional família Campos Vergueiro, Maria Alice tem sangue quatrocentão. No entanto, durante sua criação, sua família tinha poder aquisitivo de classe média alta.

Era filha de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro Neto e de Maria Antônia Borges, sendo pentaneta do senador Vergueiro, um dos mais influentes políticos do Império do Brasil (1822-1889), e sobrinha-trineta do Barão de Vergueiro e Visconde de Vergueiro. Também vem a ser pentaneta do Barão de Antonina e sobrinha-pentaneta do Barão de Ibicuí. Para além disso, o irmão de seu pai, o ator, compositor e roteirista Carlos Vergueiro, foi um dos fundadores do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), e seus primos, Guilherme e Carlinhos Vergueiro, também são artistas, além de Maria Alice ser tia de segundo grau da cantora e apresentadora Dora Vergueiro e da jornalista Maria Clara Vergueiro.

Maria Alice casou-se com Sílvio de Almeida, com quem teve dois filhos, Maria Sílvia e Roberto Vergueiro de Almeida.


Maria Alice
estreou no teatro no ano de 1962, no espetáculo "A Mandrágora", sob a direção de Augusto Boal. Depois, sua carreira em teatro passou pelo Teatro Oficina, onde atuou na histórica montagem de "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade), sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, que veio a se transformar em filme.

Maria Alice atuou junto ao Living Theatre. Foi fundadora, ao lado de Luiz Roberto Galízia e Cacá Rosset, do Teatro do Ornitorrinco, onde atuou em diversos espetáculos.

Maria Alice também foi professora de teatro na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da mesma universidade.

É conhecida no teatro paulistano como Dama do Underground ou Velha Dama Indigna. Esteve presente como atriz em alguns dos mais importantes e instigantes espetáculos da cena paulistana nos últimos 40 anos, entre eles: "O Rei da Vela" (José Celso Martinez Corrêa), "Mahagony Songspiel" (Cacá Rosset), "Electra Com Creta", "Katastrophé" (Rubens Rusche), dentre outros. Além de fundadora, foi atriz do Teatro do Ornitorrinco e assistente de direção de Cacá Rosset em "Sonho de Uma Noite de Verão".

Em 1987, quando interpretou Lucrécia em "Sassaricando", contracenava com um núcleo de atores e atrizes de trajetória eminentemente teatral, entre os quais Ileana KwasinskiJandira Martini e Paulo Autran.


Em 1992, atuou e dirigiu o espetáculo "O Amor de Dom Perlimplim Com Belisa em Seu Jardim"(Federico Garcia Lorca), inaugurando o Núcleo 2 da companhia no qual contava com a colaboração de vários profissionais que também passaram pelo Núcleo 1: Ricardo Castro, Luciano Chirolli, Gerson StevesRosana Seligman e Wanderley Piras.

Em 1995 dirigiu a peça "Quíntuplos", ainda pelo Núcleo 2, com Christiane Tricerri, Luciano Chirolli e outros.

Em 2002, já afastada do Teatro do Ornitorrinco, adaptou "Mãe Coragem", no qual atuou sob a direção de Sérgio Ferrara ao lado de Rubens Caribé, José Rubens Chachá e outros.

Recentemente ficou mais conhecida pelo curta-metragem "Tapa na Pantera", dirigido por Esmir Filho, Mariana Bastos e Rafael Gomes, no qual interpreta uma senhora que fuma maconha há trinta anos e fala sobre suas experiências com a droga, personagem criado pela própria atriz. O curta fez sucesso na internet em menos de uma semana após ter sido posto no site YouTube (Sem a permissão dos autores).

Em 2016, protagonizou o curta-metragem "Rosinha", dirigido por Gui Campos. O filme recebeu mais de 40 prêmios nacionais e internacionais, inclusive o Prêmio Especial do Júri no 44º Festival de Gramado.

Morte

Maria Alice Vergueiro faleceu na quarta-feira, 03/06/2020, aos 85 anos, no Hospital das Clínicas de São Paulo, vítima de pneumonia após ficar internada na UTI com suspeita de Covid-19.

Carreira

Teatro
  • 1962 - A Mandrágora
  • 1964 - A Ópera de Três Vinténs
  • 1965 - A Grande Chantagem
  • 1967 - O Rei da Vela
  • 1972 - Gracias, Señor
  • 1973 - O Casamento do Pequeno Burguês
  • 1975 - Galileu Galilei
  • 1977 - Delírio Tropical
  • 1977 - Os Mais Fortes
  • 1977 - Teatro do Ornitorrinco Canta Brecht e Weillcom
  • 1978 - A Ópera do Malandro
  • 1981 - O Percevejo
  • 1982 - O Lírio do Inferno
  • 1983 - Mahagonny Songspiel
  • 1983 - O Belo Indiferente
  • 1985 - O Gosto da Própria Carne
  • 1986 - Eletra Com Creta
  • 1986 - Katastrophé
  • 1988 - A Velha Dama Indigna
  • 1989 - E Ponha o Tédio no... Ó
  • 1989 - O Doente Imaginário
  • 1992 - O Amor de Dom Perlimplim Com Belisa em Seu Jardim
  • 1994 - A Comédia dos Erros
  • 1996 - No Alvo
  • 1998 - O Avarento
  • 1999 - Sabah das Bruxas
  • 2002 - Mãe Coragem e Seus Filhos
  • 2003 - Temporada de Gripe
  • 2005 - O Clássico da Vanguarda: Documentação e História
  • 2005 - Vigília Literária
  • 2008 - As Três Velhas de Alejandro Jodorowsky

Cinema
  • 1974 - Amor e Medo
  • 1978 - O Bom Marido ... Freguesa do Camelô
  • 1980 - Maldita Coincidência
  • 1980 - Muito Prazer ... Mãe
  • 1983 - O Rei da Vela ... Dona Cesarina
  • 1983 - Do Outro Lado da Vida
  • 1984 - Divina Previdência
  • 1985 - Non Plus Ultra
  • 1987 - Urubus e Papagaios ... Dona Matilde
  • 1987 - Carlota Amorosidade
  • 1988 - Romance ... Amiga de Paulo César
  • 1991 - O Corpo ... Mulher do chefe da polícia
  • 1991 - Olímpicos ... Jogadora de poker
  • 1992 - Perfume de Gardênia
  • 1992 - PK Cadeia ... Ouvinte
  • 1995 - Disseram Que Voltei Americanizada
  • 1997 - A Grande Noitada ... Brunhilde
  • 2000 - Cronicamente Inviável ... Senhora do atropelamento
  • 2004 - Ato II Cena 5 ... Atriz
  • 2005 - Tudo o Que é Sólido Pode Derreter ... Dona do sebo
  • 2006 - Tapa na Pantera ... Pantera
  • 2008 - Relicário ... Avó
  • 2009 - Quanto Dura o Amor? ... Síndica
  • 2010 - Topografia de um Desnudo ... Mendiga
  • 2011 - César! ... Professora
  • 2013 - Jogo das Decapitações ... Renata
  • 2014 - Rubras Mariposas ... Jussara
  • 2016 - Rosinha ... Rosinha
  • 2018 - Górgona ... Ela mesma
  • 2019 - Vergel ... Mãe (voz)

Televisão
  • 1987 - Sassaricando ... Lucrécia
  • 1988 - Bebê a Bordo ... Carcereira (Participação especial)
  • 1996 - Brava Gente  ... Elisinha
  • 2007 - O Sistema ... Leda "Rabsicocha" J.
  • 2009 - Tudo o Que é Sólido Pode Derreter ... Diabo
  • 2010 - Elvirão ou Como Vovó Já Dizia ... Elvirão
  • 2016 - Condomínio Jaqueline  ... Síndica maconheira

Youtube
  • 2006 - Tapa na Pantera - Um dos famosos vídeos do YouTube, por sua ficcional defesa da maconha
  • 2014 - Os Últimos Desejos da Kombi - Tem grande participação, onde narra o comercial impactante da despedida da Kombi (Carro famoso produzido pela Volkswagen).

Fonte: Wikipédia

Jimy Raw

GERMANO RAW NETO
(58 anos)
Cantor, Radialista e Apresentador de Televisão

☼ Niterói, RJ (04/07/1961)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/06/2020)

Germano Raw Neto, mais conhecido como Jimy Raw foi um cantor, radialista e apresentador de televisão nascida em Niterói, RJ, no dia 04/07/1961.

Jimy Raw começou sua carreira bem jovem, como um dos produtores do programa "Aqui e Agora" na extinta TV Tupi . No mundo do rádio, onde era muito respeitado e considerado uma referência de voz carioca, começou na Rádio Capital, mas como contato comercial.

Jimy Raw mudou-se em 1982 para o estado do Paraná, atendendo ao convite do jornalista Ari Soares, para integrar a equipe de produtores e apresentadores do programa "Na Boca do Povo" nas tardes da TV OM, então afiliada da Bandeirantes, atual CNT.

Foi em Curitiba que começou sua vitoriosa carreira no rádio, se destacando como comunicador na FM 104, atual Jovem Pan FM Curitiba.

Jimy Raw voltou para o Rio de Janeiro, onde ficou famoso por seus programas nas seguintes estações de rádio: Antena1 FM e 98 FM, atualmente Rádio Globo, pertencente ao Sistema Globo de Rádio.


Jimy Raw teve uma rápida passagem por São Paulo no início dos anos 1990 pela X FM, atual CBN São Paulo, onde apresentou o programa "Show da X".

Jimy Raw chegou a apresentar programas também na televisão, tendo trabalhado na Rede Manchete nos programas "Bike Show" e "Shock", com várias participações em eventos televisivos e no carnaval. Depois obteve consagração na apresentação do "Globo de Ouro", na TV Globo, de setembro de 1989 até dezembro de 1989, com a atriz Isabela Garcia. Ele voltou para apresentar o último programa ,em 28/12/1990, junto com a atriz Adriana Esteves.

Em 1992, Jimy Raw atuou como cantor, gravando o LP "Tudo Bem".

Entre 2006 a 2016 trabalhou na Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro, do Grupo Diários Associados, apresentando o "Baú da Tupi" aos domingos das 00:00 às 03:00.

Afastado da Rádio Tupi, participava do canal do Youtube chamado "A Turma do Rádio", junto com outros radialistas sem espaço nas rádios comerciais.

Jimy Raw teve como companheira Luciana Sargentelli, filha do sambista e apresentador do "Show de Mulatas" Oswaldo Sargentelli.

Morte

Jimy Raw foi três vezes a Unidades de Pronto Atendimento (UPA) reclamando de sintomas, a última em estado mais grave em 07/05/2020.

No dia 11/05/2020, deu entrada na UTI do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla e chegou a ser liberado. No entanto, teve uma piora no último fim de semana e voltou para UTI.

No dia 20/05/2020, deixou a UTI, aparentemente em processo de recuperação. Porém, sentiu-se mal e voltou a ser internado no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Jimy Raw faleceu na noite de terça-feira, 02/06/2020, aos 58 anos, no Rio de Janeiro, RJ, vítima da Covid-19. 

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #JimyRaw

Evaldo Gouveia

EVALDO GOUVEIA DE OLIVEIRA
(91 anos)
Cantor, Compositor e Violonista

☼ Orós, CE (08/08/1928)
┼ Fortaleza, CE (29/05/2020)

Evaldo Gouveia de Oliveira foi um compositor, cantor e violonista nascido em Orós, CE, no dia 08/08/1928.

Aos 6 anos, já cantava num sistema de alto-falantes na praça de sua cidade, Orós. Aos 11 anos, mudou-se para Fortaleza para estudar. Nessa época, trabalhava como feirante e não dispensava o violão nas horas de folga.

Aos 19 anos, passou a tocar violão num conjunto e acabou conseguindo um contrato numa rádio local.

Em 1950, formou o Trio Nagô, com Mário Alves (seu alfaiate) e Epaminondas de Souza (colega de boemia). Após representar o Estado do Ceará no Programa Cesar de Alencar, na Rádio Nacional, o grupo foi contratado pela Rádio Jornal do Brasil e posteriormente pelas boates Vogue, no Rio de Janeiro e Oásis em São Paulo. Dois anos depois, iniciaram um programa semanal na Rádio Record em São Paulo, que duraria pelos cinco anos seguintes.


Em 1957, Evaldo Gouveia compôs sua primeira canção, "Deixe Que Ela Se Vá" (Evaldo Gouveia e Gilberto Ferraz), obtendo sucesso na voz de Nelson Gonçalves. No mesmo ano, compôs "Eu e Deus" (Evaldo Gouveia e Pedro Caetano), gravada por Nora Ney.

A partir de julho de 1958, quando conheceu o também compositor Jair Amorim na União Brasileira de Compositores (UBC), sua carreira deslanchou.

Logo no primeiro dia de contato, compuseram "Conversa", gravada inicialmente por Alaíde Costa, em 1959. Essa seria a primeira de uma série de 150 composições da dupla nos dez anos que se seguiram, normalmente sambas-canções abolerados, cujo primeiro sucesso de vendas foi "Alguém Me Disse", lançada por Anísio Silva em 1960.

Em 1962, o Trio Nagô se desfez com a saída de Mário Alves, mas Evaldo Gouveia prosseguiu compondo com Jair Amorim, sucessos como "Poema do Olhar", gravado por Miltinho, e o bolero "E a Vida Continua" nas vozes de Morgana e Agnaldo Rayol.


Moacyr Franco também vendeu muitos discos com o bolero "Ninguém Chora Por Mim", em 1962, assim como Cauby Peixoto em 1963 com "Ave Maria dos Namorados", lançada por Anísio Silva pouco antes.

No ano seguinte, 1963, Altemar Dutra foi içado ao sucesso com a gravação de um bolero da dupla, "Tudo de Mim" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), passando a ser seu intérprete mais constante com sambas-canções e boleros tais como "Que Queres Tu de Mim", "Somos Iguais", "Sentimental Demais", "Brigas", "Serenata da Chuva" e as marchas-rancho "O Trovador" e "Bloco da Solidão".

Outros intérpretes da dupla foram Wilson Simonal, "Garota Moderna" em 1965, Agnaldo Timóteo, "Quem Será" em 1967, Jair Rodrigues, "O Conde" em 1969, a escola de samba Portela, "O Mundo Melhor de Pixinguinha" em 1973, Maysa, "Bloco da Solidão" em 1974, Angela Maria, "Tango Para Teresa" em 1975, Jamelão, "Certas Mulheres" em 1977, Dalva de Oliveira, "E a Vida Continua", além de Elymar Santos, Chitãozinho & Xororó, Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Emílio Santiago, Julio Iglesias, Joanna, Cris Braun, Ana Carolina, Simone, Fafá de Belém, dentre muitas regravações.

Morte

Evaldo Gouveia faleceu na noite de sexta-feira, 29/05/2020, aos 91 anos, em um hospital particular de Fortaleza, vítima de COVID-19.

Evaldo Gouveia ficou internado em 2017, inicialmente em São Paulo, quando apresentou um quadro de pneumonia, sofrendo um Acidende Vascular Cerebral (AVC). Em Fortaleza, ficou em tratamento até contrair a doença causada pelo SARS-CoV-2.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #EvaldoGouveia

Nicolau dos Santos Neto

Nicolau dos Santos Neto
(91 anos)
Advogado, Auditor Fiscal, Procurador, Desembargador, Juiz e Bandido

☼ São Paulo, SP (15/07/1928)
┼ São Paulo, SP (31/05/2020)

Nicolau dos Santos Neto foi um advogado, auditor fiscal do trabalho, procurador do ministério público do trabalho, desembargador federal e criminoso, nascido em São Paulo, SP, no dia 15/07/1928.

Nicolau dos Santos Neto se formou em 1954 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, foi antigo juiz do trabalho do Tribunal Regional do Trabalho paulista, que presidiu esta Corte de 1990 até 1992.

Ficou popularmente conhecido como Lalau, Nicolau Lalau ou Nicolalau após o desvio de recursos, ocorrido de 1994 a 1998, no caso do superfaturamento na construção da sede do Fórum Trabalhista de São Paulo, na Barra Funda. Um dos maiores escândalos do Judiciário brasileiro.

Começou a carreira no Ministério do Trabalho como auditor fiscal. Nomeado por Getúlio Vargas, de quem, dizia, um tio seu foi alfaiate.

Passou a ser procurador do Ministério Público do Trabalho, nomeado por João Goulart e, na vaga do quinto constitucional, foi nomeado juiz do trabalho no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT/SP).

Escândalo

Nicolau dos Santos Neto passou a presidir a Comissão de Obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT/SP), deixando a presidência. A construção só começou em meados do ano de 1997 mas, já antes, os fiscais e auditores tinham descoberto inúmeras irregularidades, e delas logo dão conhecimento ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Sugerem a anulação da licitação, a rescisão do contrato e a devolução do dinheiro pago no valor de R$ 35,7 milhões de reais. Mas a burocracia não permitiu a tomada das medidas que se impunham. E só no ano seguinte o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu pela existência das irregularidades.

Mas nem por isso impediu que a construção continuasse. Por meio do empreiteiro Fábio Monteiro de Barros Filho, dono da construtora Incal Alumínio, Nicolau dos Santos Neto conheceu o empresário Luís Estêvão, também com empresas construtoras em Brasília, o Grupo OK, e um dos principais implicados na fraude da construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT/SP).

Nicolau dos Santos Neto, o ex-senador Luís Estêvão e os donos da Incal Alumínio foram acusados de desviar verbas gigantes dos cofres públicos.

Em 1995, o Tesouro já tinha liberado R$ 100 milhões, mas dessa quantia só a quarta parte tinha sido devidamente aplicada. Em apenas um ano, em 1996, foram destinados R$ 52 milhões para a "construção" do prédio e, no entanto, nenhuma autoridade parece ter se dado conta das irregularidades.


Somente em setembro de 1998, depois que o Ministério Público descobriu a saída de algo em torno de R$ 70 mil por dia, à sombra da construção do fórum trabalhista de São Paulo, são interrompidas as obras.

Apesar disso, Nicolau dos Santos Neto continuou administrando os dinheiros da Comissão de Obras por mais um mês. E só então é destituído do cargo e o Ministério Público pede o bloqueio dos seus bens. Ao mesmo tempo o Congresso Nacional, num jogo de cena, protagonizado por Antonio Carlos Magalhães suspende todo e qualquer pagamento relativo às obras.

O tamanho da fraude, porém, só viria a público em 1999, quando foi criada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Judiciário. Graças a esse recurso, com a quebra do sigilo bancário dos envolvidos nas obras do fórum paulista, foi possível saber o montante do pagamento.

Neste ano também o Tribunal de Contas da União (TCU) levou ao Congresso Nacional o resultado da auditoria, segundo a qual foram repassados R$ 223,9 milhões para a construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT/SP) e desse total foram desviados R$ 169,5 milhões.

Somente em julho de 2011, a União conseguiu recuperar R$ 55 milhões ou 6% desse total (R$ 923 milhões atualizados na data da apresentada pela Justiça Federal em Brasília). Foi o maior volume de recursos do tipo já apreendido no país.

Nicolau dos Santos Neto vendeu por US$ 750 mil o apartamento que tinha comprado em Miami, nos Estados Unidos. O imóvel, que lhe custara US$ 800 mil, tinha três quartos espaçosos, quatro banheiros, sala de entrada, sala de estar e sala de jantar e terraço. O juiz preferiu desfazer-se do apartamento por um preço inferior ao da compra.


A 1ª Vara Federal Criminal do Júri e das Execuções Penais, de São Paulo, expediu mandado de prisão preventiva contra Nicolau dos Santos Neto. Antes de receber ordem de prisão, Nicolau passou duas semanas em Miami com a mulher, Maria da Glória e quatro crianças. Hospedou-se num dos hotéis mais luxuosos, o Windham Grand Bay, onde reservou três apartamentos, cada um dos quais custava 500 dólares por dia.

Apesar de já ter seu rosto estampado nos jornais, revistas e televisores como criminoso, o juiz continuava a passear em carros vistosos, embora mais modestos que os anteriores.

Desde 2000, a vida do ex-juiz ficou restrita de idas e vindas à carceragem da Polícia Federal, onde, após a obtenção de habeas corpus por seu advogado Alberto Zacharias Toron, conseguiu voltar à sua residência, uma mansão na Rua Amarilis, no bairro do Morumbi, em São Paulo, onde ficava em prisão domiciliar.

A idade avançada e a saúde frágil, segundo seus advogados, foram fatores que o credenciaram a ter o benefício de cumprir a pena em casa.

Em maio de 2006, foi condenado a 26 anos, 6 meses e 20 dias, em regime fechado, pelos crimes crimes de peculato, estelionato e corrupção passiva.

No final de janeiro de 2007, o ex-juiz mais uma vez teve que se apresentar à Polícia Federal e, na iminência de ser preso numa penitenciária comum, conseguiu um habeas corpus, voltou à sua residência, que na ocasião acabou sendo pichada.

Desde agosto de 2007, voltou a cumprir prisão domiciliar por motivo de saúde.

Em 2008, voltou a ser lembrado pela imprensa ao tentar a liberação de cerca de R$ 7 milhões de uma conta em Genebra ao alegar ser referente a uma "herança não declarada".

Prisões

Em 2000, além da ordem de prisão expedida contra Nicolau dos Santos Neto, foram presos Fábio Monteiro e José Eduardo Teixeira Ferraz, da Incal Alumínio. O senador Luiz Estevão teve cassado seu mandato e o ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge Caldas Pereira, admitiu que teve contatos com Nicolau, mas negou qualquer envolvimento comercial com ele. Ainda assim, o episódio serviu para prejudicar a imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Durante quase um mês de negociações para a rendição, o advogado de Nicolau, Alberto Zacharias Toron, insistiu na tecla de que seu cliente não usaria algemas, não seria exposto à opinião pública e receberia um tratamento privilegiado na cadeia. Em troca, o governo queria mais do que a prisão do procurado. O que interessava mesmo era o silêncio do ex-juiz. O foragido teria de se preocupar exclusivamente em se defender das acusações, sem jamais revelar seus parceiros de falcatrua."
(Revista Isto É)

Em 03/06/2014, Nicolau dos Santos Neto deixou Penitenciária 2 de Tremembé, interior de São Paulo, onde estava preso desde março de 2013. O ex-magistrado, que contava com 85 anos na época, foi beneficiado por um indulto, visto que ele preenchia os requisitos previstos no Decreto nº 7.873/2012, que concede liberdade a presos com mais de setenta anos, que tenham cumprido mais de um terço da pena e que possuem problemas de saúde.

Aposentadoria Cassada

Em 2013, o ex-juiz do Trabalho Nicolau dos Santos Neto teve sua aposentadoria cassada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. O ex-magistrado continuou recebendo a aposentadoria desde a condenação definitiva em 2006 pelo crime de corrupção.

Morte

Nicolau dos Santos Neto faleceu no domingo, 31/05/2020, aos 91 anos, em São Paulo, SP. A informação foi confirmada pelo advogado do ex-juiz, Celmo Márcio de Assis Pereira.

Nicolau estava internado em um hospital de São Paulo com pneumonia e sintomas de Covid-19. Um teste para confirmação do novo coronavírus foi realizado, mas, segundo o advogado, o resultado ainda não havia saído até a confirmação da morte.
"O Drº Nicolau foi internado com quadro de pneumonia. Não vi ainda o resultado do teste, mas é mesmo provável que ele tenha sido vítima da Covid-19"
(Disse o advogado do ex juiz, Celmo Márcio de Assis Pereira)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram, #NicolauDosSantosNeto, #NicolauLalau, #Lalau

Carlos José

CARLOS JOSÉ RAMOS DOS SANTOS
(85 anos)
Cantor, Compositor e Advogado

☼ São Paulo, SP (22/09/1934)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/05/2020)

Carlos José Ramos dos Santos, mais conhecido como Carlos José, foi um cantor e seresteiro nascido em São Paulo, SP, no dia 22/09/1934.

Irmão do instrumentista Luís Cláudio Ramos, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1939. Aluno dos colégios Santo Inácio e Andrews e, mais tarde, da Faculdade de Direito, esteve sempre ligado a grupos musicais amadores.

Em 1947, foi classificado em 1º lugar no programa  de calouros "Papel Carbono", apresentado por Renato Murce na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.

Carlos José ingressou na Faculdade de Direito, onde organizou um grupo de teatro e música, que revelou, entre outros, Geraldo Vandré e Sylvia Telles.

Considerado um grande seresteiro, atuou em várias capitais do país consolidando o repertório tradicional da Música Popular Brasileira.

Do seu casamento com a jornalista e produtora Maria D'Ajuda, nasceram dois filhos.

Carlos José atuou durante muitos  anos na sede da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (SOCINPRO), no Rio de Janeiro, onde chegou a ser presidente, marcando-se como intransigente defensor dos direitos autorais dos compositores e intérpretes brasileiros.


Carlos José iniciou sua carreira profissional em 1957, apresentando-se no programa "Um Instante, Maestro", de Flávio Cavalcanti, transmitido pela TV Rio. Ainda nesse ano, gravou seu primeiro disco, um 78 rpm, lançado pela Polydor, com os sambas canção "Ouça" (Maysa), e "Foi a Noite" (Tom Jobim e Newton Mendonça). O disco lhe valeu o título de Cantor Revelação do Ano, concedido pelos cronistas do Rio de Janeiro. Em seguida, começou a ser solicitado para realizar shows em todo o Brasil. Abandonou a carreira de advogado e passou a dedicar-se exclusivamente à música.

Em 1958, gravou seu primeiro LP, que incluiu uma música de sua autoria, o samba canção "Oferta" (Carlos José).  No mesmo ano, gravou o fox "Tarde Demais Para Esquecer" (H. Adamson, McCarey, Chandler e Warren), com versão de Alberto Ribeiro, os sambas canção "Se Alguém Telefonar" (Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim), "Só Louco" (Dorival Caymmi), e o samba "Viva o Meu Samba" (Billy Blanco).

Em 1959, gravou "Cantiga de Enganar Tristeza" (Ary Barroso e Tiago de Melo), e "Prenúncio" (Marino Pinto e Vadico). No mesmo ano, gravou os sambas "Garotas" (Billy Blanco) e "Recado" (Djalma Ferreira e Luiz Antônio), e o samba canção "A Noite do Meu Bem" (Dolores Duran).

Em 1960, passou a gravar na Continental, estreando com o samba toada "Esmeralda" (Filadelfo Nunes e Fernando Barreto), um de seus maiores sucessos, e o samba "Saudade Querida" (Tito Madi). Ainda em 1960, gravou pela Odeon o bolero "A Noite de Nós Dois" (Fernando César e Otelo Zucolo).

Carlos José e Agnaldo Rayol
Em 1961, gravou o samba "História Singular" (Esdras Silva e Armando Cavalcânti), e o samba canção "Ninguém Chora Por Mim" (Evaldo Gouveia e Jair Amorim). Gravou também os sambas canção "Paciência (Vou Brigar Com Ela)" (Lupicínio Rodrigues), e "O Tema é Solidão" (Edson Borges e Hianto de Almeida).

Em 1962, gravou na Continental os boleros "Gota de Carinho" (Umberto Silva, P. Aguiar e A. Pessanha), e "Não Importa" (Rossini Pacheco).

Em 1963, gravou os sambas canção "Mensagem" (Raul Sampaio e Benil Santos), e "Serra da Boa Esperança" (Lamartine Babo).

Nesta década de 1960, além das canções já mencionadas, destacou-se com outros sucessos como "Esmeralda" (Fernando Barreto e Filadelfo Nunes), "Lembrança", uma versão de Serafim Costa Almeida, "Queria" (Carlos Paraná) e "Guarânia da Saudade" (Luís Vieira).

Em 1966, lançou pela CBS o LP "Uma Noite de Serestas", no qual interpretou obras como "Boa Noite, Amor" (Francisco Mattoso e José Maria de Abreu), "Por Ti" (Sá Roris e Leonel Azevedo), "A Voz do Violão" (Horácio Campos e Francisco Alves) e "Serenata" (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa).

Em 1968, lançou "Uma Noite de Seresta - Volume 3", LP que trazia entre outras composições, "Se Me Faltar o Amor" (Mário Rossi e Gastão Lamounier), "Modinha" (Jaime Ovalle e Manuel Bandeira), "Pisando Corações" (Ernani Campos e Antenógenes Silva) e "Branca" (Duque de Abramonte e Zequinha de Abreu).


Em 1969, lançou o LP "Uma Noite de Seresta - Volume 4", no qual gravou "A Mulher Que Ficou na Taça" (Orestes Barbosa e Francisco Alves), "Duas Vidas" (Claudionor Cruz e Pedro Caetano), "Maria Bethânia" (Capiba), "Lágrimas" (Cândido das Neves), entre outras composições do repertório romântico e seresteiro.

Em 1970, gravou "Sombras na Madrugada", registrando entre outras, "A Volta" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia) e "Seria Bem Melhor" (Pedro Paulo e Renato Barros).

Em 1974, gravou pela Polydor "Eu Quero" (Sergio Bittencourt), "Rotina" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), "Prelúdio Pra Ninar Gente Grande" (Luiz Vieira), "Dono Dos Teus Olhos" (Humberto Teixeira), "Oração da Mãe Menininha" (Dorival Caymmi) e "Viagem" (Paulo César Pinheiro e João de Aquino).

Em 1975, a RCA Victor lançou o álbum "Meu Canto de Paz", que registrou músicas de compositores novos ao lado de composições mais antigas como "Arrependimento" (Cristóvão de Alencar e Sílvio Caldas), "Cabelos Brancos" (Marino Pinto e Herivelto Martins) e "O Filho Que Eu Quero Ter" (Toquinho e Vinicius de Moraes).

A discografia de Carlos José registra mais de 25 discos e inclui uma série de seis LPs com o título "Uma Noite de Seresta", na qual interpreta canções famosas gravadas por Francisco Alves, Orlando Silva, Sílvio Caldas e Carlos Galhardo.

Em 1982, a convite de Ricardo Cravo Albin, estreou o show "Carlos José e Viva Voz", em que atuou ao lado da filha Luciana (uma das integrantes do conjunto), que depois tornou-se produtora musical.


Oito anos depois, em 1990, e com o mesmo produtor, tomou parte no elepê duplo "Há Sempre Um Nome de Mulher", distribuído pelas agências do Banco do Brasil e do qual se venderam 600 mil cópias em todo o país.

Em 1993, gravou o CD "Serestas Brasileiras", incluído no projeto Academia Brasileira de Música, destacando-se as faixas "Esses Moços" e "Nervos de Aço", ambas de Lupicínio Rodrigues, "Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda" (Lamartine Babo e Francisco Matoso) e "Carinhoso" (Pixinguinha e João de Barro), entre outras.

Em 1997, regravou seus principais sucessos, como "Lembrança", "Esmeralda" e "Guarânia da Saudade" no CD "20 Super Sucessos de Carlos José", lançado pela PolyGram, que incluiu também as faixas "Olhos Nos Olhos" (Chico Buarque), "Menino de Rua" (J. Júnior), "Naquela Mesa" (Sérgio Bittencourt), "Cabecinha no Ombro" (Paulo Borges) e "Você é Uma Mentira" (Joelma).

Em 1999, organizou e estrelou espetáculo no auditório principal da Academia Brasileira de Letras, quando do lançamento das 14 canções do século XX e do livro "MPB - A História De Um Século", de Ricardo Cravo Albin.

Ao longo de sua carreira, Carlos José apresentou-se nos palcos de todo o Brasil, além de ter realizado shows em Portugal, México, Argentina, Uruguai, Paraguai e Equador.

Em 2014, aos 80 anos, voltou a gravar, lançando com o irmão e violonista Luiz Cláudio Ramos, o CD "Musa Das Canções", apenas com voz e violão, no qual interpretou somente composições com nomes de mulher, como por exemplo, "Odete" (Herivelto Martins e Waldemar de Abreu, o Dunga), cantada em dueto com Chico Buarque, "Doralice" (Dorival Caymmi e Antônio Almeida), "Laura" (João de Barro e Alcyr Pires Vermelho), em dueto com Jerry Adriani, "Maria" (Ary Barroso), "Ai Que Saudades da Amélia" (Ataulfo Alves e Mário Lago), "Esmeralda"(Filadelfo Nunes), seu primeiro grande sucesso, e "Cantiga Por Luciana" (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), além da inédita "Celina" (Carlos José).

Morte

Carlos José faleceu na manhã de sábado, 09/05/2020, aos 85 anos, no Hospital São Francisco na Providência de Deus, na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde estava internado com problemas respiratórios, vítima de Covid-19.

Sua esposa, Vera Goulart, também ficou internada, com sintomas da doença provocada pelo Covid-19.

#FamososQuePartiram #CarlosJose

Aldir Blanc

ALDIR BLANC MENDES
(73 anos)
Compositor, Escritor e Cronista

☼ Rio de Janeiro, RJ (02/09/1946)
┼ Rio de Janeiro, RJ (04/05/2020)

Aldir Blanc Mendes foi um compositor, escritor e cronista nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 02/09/1946. Médico de formação, com especialização em psiquiatria, abandonou a profissão para se tornar compositor e um dos grandes letristas da história da música brasileira.

Em cinco décadas de atividade como compositor, foi autor de mais de 600 canções, com cerca de 50 parceiros, dentre os principais: João Bosco, Guinga, Moacyr Luz, Cristovão Bastos, Maurício Tapajós e Carlos Lyra.

Entre seus trabalhos mais notáveis como compositor estão "Bala Com Bala", "O Mestre-Sala dos Mares", "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", "De Frente Pro Crime", "Kid Cavaquinho", "Incompatibilidade de Gênios", "O Ronco da Cuíca", "Transversal do Tempo", "Corsário", "O Bêbado e a Equilibrista", "Catavento e Girassol", "Coração do Agreste" e "Resposta ao Tempo".

Além de compositor, Aldir Blanc foi também cronista, tendo escrito colunas em publicações como as revistas O Pasquim e Bundas, e os jornais O Globo, Jornal do Brasil e O Dia. Muitas dessas crônicas foram lançadas mais tarde como livros, como são os casos de "Rua dos Artistas e Arredores", "Porta de Tinturaria" e "Vila Isabel, Inventário da Infância".

Apaixonado pelo Vasco da Gama escreveu, em parceria com José Reinaldo Marques, o livro "Vasco - a Cruz do Bacalhau".

Salgueirense boêmio por muitos anos, acabou se tornando uma pessoa quase totalmente reclusa em seu apartamento na Muda, no bairro carioca da Tijuca. Segundo o próprio Aldir Blanc, usar a reclusão era consequência de uma fobia social desenvolvida a partir de um grave acidente de carro, em 1991, que limitara os movimentos da perna esquerda.

Em 2010, ao descobrir sofrer de diabetes tipo 2 e pressão alta, parou de fumar e consumir álcool.

Aldir Blanc e João Bosco
Vida Pessoal

Aldir Blanc nasceu no dia 02/09/1946, no bairro do Estácio, no décimo mês de gestação de sua mãe, Helena, cujo trauma deixou uma espécie de depressão pós-parto na mãe. Nunca mais engravidou e quase não saía de casa - comportamento mais tarde adotado pelo filho - até sua morte, em 2002, com 80 anos.

Seu pai, Alceu, era funcionário do antigo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Estivadores e Transportes de Cargas (IAPTEC) e amava jogar sinuca e nos cavalinhos. Sujeito de poucas palavras, tornou-se o maior amigo de Aldir com o tempo. Filho único, teve no avô materno, o português Antônio Aguiar, a presença mais afetuosa em sua infância, que praticamente criou o neto na casa de Vila Isabel, bairro onde estariam tipos e cenários fundamentais para os textos e as letras do futuro compositor e cronista.

Tinha 11 anos, na época em que os avós foram morar no Estácio. Com o passar dos anos, o contato com os malandros da área ficava cada vez pior, o que levou os avós a persuadi-lo a morar com um primo um pouco mais velho, na Tijuca, que o levou a conhecer bailes, noitadas boêmias, mulheres, futebol, os blocos de Carnaval e a quadra da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, que se tornaria a escola do coração de Aldir Blanc.

Aluno exemplar em biologia, conseguiu ingressar em 1965 na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, de onde saiu em 1971 com especialização em psiquiatria. Fez residência dentro do Centro Psiquiátrico Pedro II, no Hospital Gustavo Riedel, em Engenho de Dentro. Mas como se negava constantemente à rotina de eletrochoques em pacientes do manicômio, saiu de lá após um ano para abrir seu próprio consultório, no centro do Rio de Janeiro. Às vezes, chamava o paciente para conversar na rua ou num bar.

Assim foi até 1973, época em que já era um parceiro de João Bosco e, gravado por Elis Regina tinha vontade de se dedicar exclusivamente à carreira de compositor. Concretizou a decisão em 1974, logo após o trauma deixado pelas mortes de Maria e Alexandra, as filhas gêmeas prematuras de sete meses que seriam as primeiras de seu casamento com a professora Ana Lúcia.


Dessa relação, eles teriam mais tarde as filhas Mariana (nascida em 1975) e Isabel (nascida em 1981). Quando Aldir Blanc se casou com a professora Mary Sá Freire, em 1988, ela já tinha duas filhas, Tatiana e Patrícia, que foram criadas como suas também.

Aldir Blanc viveu por muitos anos em seu apartamento na Rua Garibaldi, na Muda, onde frequentou assiduamente os botequins da região. Nunca viajou para fora do Brasil.

Durante a década de 1980, passou a beber com maior frequência, foi se afastando de alguns hábitos sociais e foi desenvolvendo fobia social, chegando a ser diagnosticado com depressão. O quadro piorou e o levou a viver em reclusão quase permanente na década seguinte, agravada por um grave acidente de automóvel, sofrido em 1991, que lhe dificultou para sempre o movimento da perna esquerda.

Sem poder andar nas ruas com a frequência de outrora, Às vésperas da Copa do Mundo FIFA de 2010, recebeu diagnóstico de Diabetes Tipo 2, o que lhe exigiu o fim do consumo de álcool e de cigarros. Embora recluso, adorava falar pelo telefone com os amigos, onde comentava o noticiário e compartilhava informações sobre a família.

Além do tempo dedicado ao convívio com a família e às conversas por telefone com os amigos, passava muito tempo em seu espaçoso escritório lendo seus livros e ouvindo seus discos. Ateu, adorava ler obras sobre mitologia grega, Segunda Guerra Mundial, psicanálise, além de romances policiais. Aldir Blanc era também grande apreciador de discos de jazz.

Em 2013, o jornalista Luiz Fernando Vianna lançou uma biografia autorizada sobre Aldir Blanc.

Aldir Blanc e João Bosco
Música

Aldir Blanc deu seus primeiros passos na música em meados da década de 1960, quando começou a compor aos 16 anos e aos 17 aprendeu a tocar bateria, fundando o grupo Rio Bossa Trio, que com a entrada do músico Sílvio da Silva seria rebatizado para GB-4. Com o novo integrante, Aldir Blanc firmou sua primeira parceria musical. Uma dessas parcerias, "A Noite, a Maré e o Amor", competiu no III Festival Internacional da Canção em 1968.

A partir de 1969, surgiu uma nova parceria com César Costa Filho, compositor do qual foi colega no Movimento Artístico Universitário, que integrou ao lado de nomes como Ivan Lins e Gonzaguinha. Dessa parceria, classificou duas canções no II Festival Universitário da Música Popular Brasileira: "De Esquina em Esquina", interpretada por Clara Nunes, e "Mirante", interpretada por Maria Creuza.

Também nesse festival teve "Nada Sei de Eterno", defendida por Taiguara e fruto da parceria com Sílvio da Silva.

Em 1970, com a co-autoria de Sílvio da Silva, despontou o primeiro grande sucesso, "Amigo é Pra Essas Coisas", que chegou ao segundo lugar no III Festival Universitário de Música Popular Brasileira, da TV Tupi, na interpretação do grupo MPB-4. Ainda em 1970, teve no V Festival Internacional da Canção a composição "Diva", feita com César Costa Filho - mas desentendimento entre os compositores por questões ideológicas ceifou essa parceria em 1971.

Aldir Blanc em sua casa no Rio de Janeiro, em 1993
Em 1971, por intermédio de um amigo, conheceu o então estudante de engenharia civil João Bosco. Desse encontro, surgiu uma das mais importantes parcerias da música brasileira. Como o violonista morava em Ouro Preto, MG, a primeira leva de composições deu-se por correspondência, como é o caso de "Agnus Sei", lançada como lado B de um compacto do jornal O Pasquim, em 1972, que tinha como lado A a inédita "Águas de Março", interpretada por Tom Jobim. Ainda naquele ano, a dupla mostrou algumas músicas para Elis Regina, que gostou de "Bala Com Bala" e a incluiu no seu LP "Elis". A partir dali, a cantora gaúcha tornar-se-ia uma das principais intérpretes da dupla, tendo gravado 20 músicas da parceria, além de ter a primazia de ouvir antes a produção da dupla naquela década para escolher o que queria lançar.

Um dos seus maiores sucessos da carreira foi "O Bêbado e a Equilibrista", lançado no LP "Essa Mulher", cuja melodia de João Bosco foi inspirada inicialmente em "Smile", do ator e cineasta Charlie Chaplin, e cuja letra ganhou forma com outros deslocados na história, como os exilados pela ditadura militar brasileira. Assim que foi lançada por Elis Regina, a canção tornou-se símbolo do movimento pela anistia, de 1979.

A parceria João BoscoAldir Blanc rendeu outras canções marcantes, como "O Mestre-Sala dos Mares", "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", "De Frente Pro Crime", "Kid Cavaquinho", "Incompatibilidade de Gênios", "O Ronco da Cuíca", "Transversal do Tempo", "Corsário", "Bijuterias", "Nação" (esta em parceria Paulo Emílio e gravada por Clara Nunes), "De Frente Pro Crime" (sucesso na voz de Simone) e "Caça à Raposa". No entanto, a partir da década de 1980, os amigos foram se afastando gradualmente, tendo voltado a se aproximar em 2002, quando João Bosco convidou o velho parceiro para uma gravação de "O Bêbado e a Equilibrista" em seu songbook, e dali voltaram a se falar por telefone diariamente, além de às vezes comporem. Ao todo, realizaram mais de 100 músicas.


Outros parceiros importantes na carreira de Aldir Blanc foram o violonista Guinga (mais de 80 parcerias), o sambista Moacyr Luz (mais de 60 parcerias) e o pianista Cristovão Bastos (mais de 30 parcerias).

Contendo apenas canções compostas com Aldir Blanc, Guinga lançou o seu disco de estreia, "Simples e Absurdo", início de uma parceria que renderia músicas como "Catavento e Girassol", "Nítido e Obscuro" e "Baião de Lacan".

Da parceria com Moacyr Luz vieram "Medalha de São Jorge" e "Coração do Agreste", esta um dos maiores sucessos da carreira de Fafá de Belém e tema da novela "Tieta" (1989). Compôs "Resposta ao Tempo", parceria com Cristovão Bastos gravada por Nana Caymmi, que virou tema de abertura da minissérie "Hilda Furacão" (1998).

Aldir Blanc também é autor, com Cleberson Horsth, da canção "A Viagem", sucesso gravado pelo grupo Roupa Nova e tema da novela com o mesmo nome, sucesso em 1994.


Embora tenha sido letrista de centenas de músicas, Aldir Blanc gravou como cantor apenas dois álbuns de estúdio. O primeiro deles em 1984, "Aldir Blanc e Maurício Tapajós", com Maurício Tapajós. E o segundo deles em 2005, "Vida Noturna", onde interpretou 12 faixas de sua autoria. Além desses, participou do tributo em sua homenagem, "Aldir Blanc - 50 Anos", lançado em 1996, que contou com a participação de Betinho ao lado do MPB-4 em "O Bêbado e a Equilibrista", e diversas participações especiais, como de Edu Lobo, Paulinho da Viola, Danilo Caymmi e Nana Caymmi.

Outra de suas grandes paixões, o futebol, foi também inspiração para diversas canções, como é o caso de "Gol Anulado" (Aldir Blanc e João Bosco). Vascaíno fanático, homenageou Roberto Dinamite em "Siri Recheado e o Cacete" (Aldir Blanc e João Bosco) e Romário "Yes, Zé-Manés" (Aldir Blanc e Guinga). Ainda compôs "Coração Verde e Amarelo" (Aldir Blanc e Tavito), que virou tema de uma emissora de televisão para a Copa do Mundo FIFA de 1994.

Um dos últimos trabalhos de Aldir Blanc foi compor, em parceria com Carlos Lyra, a trilha do musical "Era no Tempo do Rei", baseado no romance de Ruy Castro e com adaptação de Heloisa Seixas e Júlia Romeu.

Literatura

Paralelamente a sua carreira como compositor, Aldir Blanc começou a escrever crônicas inspiradas na sua vida nos subúrbios cariocas para os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa e a revista Homem, até fixar-se em O Pasquim, em 1975.

Da compilação de crônicas escritas para este último nasceriam os livros "Rua dos Artistas e Arredores" (1978) e "Porta de Tinturaria" (1981), que seriam reunidos em um só volume como o título "Rua dos Artistas e Transversais" (2006). Em suas crônicas, Aldir Blanc reconstruía cenas do cotidiano de ruas e personagens da sua infância em Vila Isabel, que segundo o cronista, existiram de fato, como o primo Esmeraldo (conhecido pelas domésticas da Penha como "Simpatia é Quase Amor", cognome que inspirou a criação do famoso bloco de Carnaval de Ipanema), Lindauro, Belizário, Pelópidas, Tatinha, Gogó de Ouro, Paulo Amarelo, Waldir Iapetec, Tuninho Sorvete. Também foi cronista dos jornais O Globo, Jornal do Brasil e O Dia, além da revista Bundas.

Outras antologias de crônicas lançadas foram "Brasil Passado a Sujo: A Trajetória de Uma Porrada de Farsantes" (1993), "Vila Isabel - Inventário de Infância" (1996) e "Um Cara Bacana na 19ª"(1996).

Aldir Blanc teve em 2008 publicado "Guimbas", uma coleção de aforismos, e no ano seguinte o lançamento de "Uma Caixinha de Surpresas", sua estreia na literatura infantil.

Em 2009, foi publicado o livro "Vasco - A Cruz do Bacalhau", escrito em parceira com o jornalista José Reinaldo Marques, em homenagem ao time do coração de Aldir Blanc.

Na década de 2010, teve alguns títulos reeditados, além do lançamento de duas antologias de crônicas inéditas: "O Gabinete do Doutor Blanc: Sobre Jazz, Literatura e Outros Improvisos", compilação de textos saídos na revista eletrônica No, e "Direto do Balcão" reunião de colunas publicadas na imprensa.

Morte

Em 10/04/2020, Aldir Blanc deu entrada no Hospital Municipal Miguel Couto com infecção urinária e pneumonia. Com o agravamento do seu quadro clínico, ele foi transferido dias depois para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Pedro Ernesto, onde um exame revelou uma infecção pelo COVID-19.

Na madrugada de segunda-feira, 04/05/2020, Aldir Blanc acabou por não resistir e faleceu aos  73 anos, vítima de complicações da Covid-19, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Aldir Blanc foi cremado na tarde de terça-feira, 05/05/2020, no Crematório do Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Por conta da pandemia de coronavírus, não houve velório.

Aldir Blanc deixou a esposa Mari Lucia, quatro filhas, cinco netos e um bisneto.

Discografia

Álbuns de Estúdio

  • 1984 - Aldir Blanc e Maurício Tapajós
  • 2005 - Vida Noturna

Coletâneas

  • 1984 - Rio, Ruas e Risos (Com Maurício Tapajós)
  • 1994 - Aldir Blanc e Maurício Tapajós

Tributos

  • 1991 - Simples e Absurdo (De Guinga)
  • 1996 - Aldir Blanc - 50 Anos (Com vários artistas)
  • 1996 - Catavento e Girassol (De Leila Pinheiro)
  • 1999 - Pequeno Círculo Íntimo (De Adriana Capparelli)
  • 2006 - Dorina Canta Sambas de Aldir e Ouvir Ao Vivo

Trilha Sonora

  • 2010 - Era no Tempo do Rei (Com vários artistas)


Livros


  • 1978 - Rua dos Artistas e Arredores (Ed. Codecri)
  • 1981 - Porta de Tinturaria
  • 1993 - Brasil Passado a Sujo (Ed. Geração)
  • 1996 - Vila Isabel - Inventário de Infância (Ed. Relume-Dumará)
  • 1996 - Um Cara Bacana na 19ª (Ed. Record)
  • 2004 - Heranças do Samba (Parceria com Hugo Sukman e Luiz Fernando Vianna)
  • 2006 - Rua dos Artistas e Transversais
  • 2008 - Guimbas
  • 2009 - Vasco - A Cruz do Bacalhau (Parceria com José Reinaldo Marques)
  • 2010 - Uma Caixinha de Surpresas
  • 2016 - O Gabinete do Doutor Blanc - Sobre Jazz, Literatura e Outros Improvisos
  • 2017 - Direto do Balcão

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #AldirBlanc