(34 anos)
Piloto Automobilístico
* São Paulo, SP (21/03/1960)
+ Bolonha, Itália (01/05/1994)
Ayrton Senna da Silva foi um piloto brasileiro de Fórmula 1, três vezes campeão mundial, nos anos de 1988, 1990 e 1991. Foi também vice-campeão no controverso campeonato de 1989 e em 1993. Morreu em acidente no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, durante o Grande Prêmio de San Marino de 1994. É reconhecido como um dos maiores nomes do esporte brasileiro e um dos maiores pilotos da história do automobilismo.
Ayrton Senna começou sua carreira competindo por kart. Mudou-se para competições de automobilismo em 1981, e foi campeão dois anos seguintes da Campeonato Britânico de Fórmula 3. Seu bom desempenho em categorias anteriores o levou a estrear na Fórmula 1 no Grande Prêmio do Brasil de 1984 pela equipe Toleman-Hart.
Em sua primeira temporada na categoria, Ayrton Senna rapidamente teve
resultados, levando a pequena equipe inglesa a obter performances jamais
alcançadas. No ano seguinte, trocou a Toleman-Hart pela Lotus-Renault, equipe pela qual venceu seis Grands Prix ao longo de três temporadas.
Em 1988, juntou-se o francês Alain Prost, que seria seu maior rival em sua carreira, na McLaren-Honda e viveu anos vitoriosos pela equipe. Os dois juntos venceram 15 dos 16 Grands Prix daquela temporada, e Ayrton Senna sagrou-se campeão mundial pela primeira vez. Alain Prost levou o campeonato de 1989, e Ayrton Senna retomou o título em 1990 - ambos títulos foram decididos por colisões entre os pilotos no Grande Prêmio do Japão.
Na temporada seguinte, Ayrton Senna faturou seu terceiro título mundial, tornando-se o piloto mais
jovem a conquistar um tricampeonato na Fórmula 1, façanha que ainda
mantém até os dias atuais. A partir de 1992, a equipe Williams-Renault dominou amplamente a competição. Ainda assim, Ayrton Senna conseguiu terminar a temporada 1993 como vice-campeão, vencendo cinco corridas. Negociou uma transferência para Williams em 1994.
Sua reputação de piloto veloz ficou marcada pelo recorde de pole positions que deteve entre 1989 até 2006.
Sobre asfalto chuvoso, demonstrava grande capacidade e perícia, como
demostrado em atuações antológicas no Grande Prêmio de Mônaco de 1984,
Grande Prêmio de Portugal 1985 e
Grande Prêmio da Europa 1993. Ayrton Senna ainda detém o recorde de maior número de
vitórias no prestigioso Grande Prêmio de Mônaco - seis - e é o terceiro piloto mais bem sucedido de todos os tempos em termos de vitórias.
Em dezembro de 2009 a revista inglesa Autosport publicou uma matéria onde fez uma eleição para a escolha do melhor piloto de Fórmula 1 de todos os tempos. A revista consultou 217 pilotos que passaram pela categoria, e Ayrton Senna venceu tal votação.
Paulistano nascido no tradicional bairro de Santana,
filho de um empresário
brasileiro, logo interessou-se por automóveis. Incentivado pelo pai, um
entusiasta das competições automobilísticas, ganhou o seu primeiro
kart, feito pelo próprio pai,
Srº Milton, aos quatro anos de idade, e
que tinha um motor de máquina de cortar grama. A habilidade do garoto na
condução do novo brinquedo impressionou a família. Aos nove anos, já conduzia jipes pelas estradas precárias dentro das propriedades rurais do pai.
Ayrton Senna cursou o primário nos
Colégio Santana e
Colégio Jardim São Paulo, situados no mesmo bairro de Santana onde morava, e os antigos ginásio e colegial no tradicional
Colégio São Luís.
Começou a competir oficialmente nas provas de kart aos treze anos.
Depois de terminar como segundo colocado em várias ocasiões, em 1977 ganhou o Campeonato Sul-Americano de Kart e também em 1978 e 1980, o Campeonato Brasileiro em 1977, 1978 e 1980.
Faltaram para
Ayrton Senna as conquistas no Campeonato Paulista e principalmente no
Campeonato Mundial
. Ele sentia-se frustrado por não ter alcançado o título de
melhor piloto do mundo. Tentou quatro vezes, sendo vice em 1979 e 1980.
Como ele dizia, é o primeiro lugar ou nada.
Em 1981 começou a competir na Europa, ganhando o Campeonato Inglês de Fórmula Ford 1600, pela equipe de
Ralf Firman. Em 1982,
foi campeão europeu e britânico de
Fórmula Ford 2000, pela equipe de
Dennis Rushen. Nessa época adotou o nome de solteira da mãe,
Senna, pois
Silva é um nome bastante comum no Brasil.
Em 1983,
Ayrton Senna ganhou o Campeonato Inglês de Fórmula 3, pela equipe de Dick Bennetts, depois de muita luta e das muitas vezes controversa batalha com
Martin Brundle. Também triunfou no prestigioso Grande Prêmio de Macau pela
Teddy Yip's Theodore Racing Team, diretamente relacionado à equipe que o conduziu à F3 britânica.
Neste último campeonato, após várias vitórias em Silverstone, a imprensa inglesa especializada chegou a chamar o circuito de
"Silvastone" em homenagem a
Ayrton Senna.
Ayrton Senna atraiu a atenção de diversas equipes de Fórmula 1 como
Williams,
McLaren,
Brabham e
Toleman. Ao contrário do que se imagina, seu compatriota
Nelson Piquet não se opôs à sua contratação pela
Brabham. A patrocinadora da equipe, a
Parmalat,
tinha mais interesse em ter um piloto italiano na equipe do que ter
dois brasileiros, influenciando na decisão da equipe em contratar o
piloto italiano
Teo Fabi
para a temporada.
Ayrton Senna, imaginando que
Nelson Piquet tinha mais influência na
equipe, ficou ressentido, declarando em uma entrevista que
"Ele
(Piquet) não ajudou e nem atrapalhou", dando a entender que sua ida à
Brabham foi vetada pelo então bicampeão mundial.
Assim, das três remanescentes, apenas a equipe
Toleman ofereceu a ele um carro para disputar o campeonato do ano de 1984.
1984: Toleman
Ayrton Senna marcou seu primeiro ponto no campeonato mundial de pilotos logo no segundo grande prêmio que disputou, em Kyalami na África do Sul. Ele repetiu o resultado duas semanas depois, no Grande Prêmio da Bélgica, disputado no Circuito de Zolder. Uma semana depois, o piloto brasileiro não conseguiu tempo para o Grande Prêmio de San Marino, em Imola. Foi a única vez na carreira que isso aconteceu.
Mas sua performance no Grande Prêmio de Mônaco em 1984 trouxe-lhe todas as atenções das demais equipes. Classificou-se em 13º no grid de largada, e fez um rápido progresso através das estreitas ruas de Monte Carlo. Na volta 19, passou
Niki Lauda, que estava em segundo, e começou a ameaçar o líder
Alain Prost,
e continuou por várias voltas lutando pelo primeiro lugar com seu
limitado
Toleman. A esta altura já chovia muito no circuito e a corrida
foi interrompida na 31ª volta por razões de segurança.
Ayrton Senna chegou a
comemorar a vitória ultrapassando
Alain Prost a poucos metros da linha
de chegada mas, nesses casos, o regulamento mandava considerar as
colocações da volta anterior e, ainda, por ter sido interrompida com
mais da metade da corrida, os pontos deveriam ser computados pela metade.
|
O primeiro Fórmula 1 de Ayrton Senna |
Ayrton Senna ainda ganhou dois pódios naquele ano - terceiro no Grande Prêmio da Inglaterra, em Brands Hatch, e no Grande Prêmio de Portugal, em Estoril. Isso o deixou empatado com
Nigel Mansell com 13 pontos, apesar de ter perdido o Grande Prêmio da Itália
quando a
Toleman o suspendeu de correr por quebra de contrato, depois
de ele ter assinado com a
Lotus para a temporada seguinte.
Ainda em 1984,
Ayrton Senna tomou parte nos 1000 km de Nürburgring, onde pilotou o Porsche 956 para o oitavo lugar, correndo em parceria com
Henri Pescarolo e
Stefan Johansson.
Também participou de uma corrida de exibição para celebrar a
inauguração do novo Circuito de Nürburgring. A maioria dos melhores
pilotos da Fórmula 1 participaram do evento, dirigindo carros Mercedes 190e 2.3-16 idênticos.
Ayrton Senna venceu
Niki Lauda e
Carlos Reutemann.
1985-1987: Lotus
Na
Lotus, em 1985, ele tinha como parceiro o italiano
Elio de Angelis.
Ayrton Senna largou em quarto na sua primeira corrida pela nova equipe na abertura da temporada no Brasil, no Circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas abandonou a prova devido a problemas elétricos.
Na segunda corrida do ano, o Grande Prêmio de Portugal, disputado no Autódromo do Estoril, em 21 de Abril de 1985, conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, largando na
pole position sob pesada chuva.
Alain Prost, em segundo, abandonou depois de bater no muro.
Ayrton Senna conseguiu sua segunda vitória, também sob chuva, no Grande Prêmio da Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps.
Graças ao excelente motor
Renault
de treinos,
Ayrton Senna passaria a ser o
"rei das pole positions". Mas, nas
pistas, ele não terminou a maioria dos grandes prêmios. Encerraria o ano
com uma corrida marcante no Grande Prêmio da Austrália, quando repetiu um feito de seu ídolo
Gilles Villeneuve
e pilotou um bom tempo sem o bico do carro, saindo várias vezes da
pista mas mantendo a segunda posição. O carro mais uma vez não aguentou o
esforço e
Ayrton Senna abandonou a corrida.
Ayrton Senna terminou a temporada em 4º lugar no Campeonato Mundial de
Pilotos com 38 pontos e seis pódios, duas vitórias, dois segundos e dois
terceiros lugares, além de sete
pole positions.
Em 1986,
Ayrton Senna escolheu o escocês
Johnny Dumfries como parceiro, vetando o inglês
Derek Warwick sob a alegação de que a
Lotus não tinha condições de manter carros competitivos para dois pilotos de ponta ao mesmo tempo.
A nova Lotus 98T
mostrou ser mais confiável em 1986 e a temporada começou bem para
Ayrton Senna, terminando em segundo, a corrida vencida pelo também brasileiro
Nelson Piquet, numa dobradinha caseira, no Grande Prêmio do Brasil em Jacarepaguá. Reconhecendo estar com um carro inferior aos das
Williams e
McLaren,
Ayrton Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus,
buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Com
essa tática, ele passou a liderar o campeonato pela primeira vez na
carreira, depois de vencer o Grande Prêmio da Espanha, em Jerez de la Frontera, no qual bateu a
Williams de
Nigel Mansell por 0,014s - uma das menores diferenças de chegada da história da Fórmula 1.
Mas a liderança do campeonato não foi mantida por muito tempo já que
Ayrton Senna abandonou diversas outras corridas por problemas mecânicos. A caça
ao primeiro título mundial acabou sendo uma luta entre
Alain Prost e sua McLaren-TAG e a dupla
Nelson Piquet e
Nigel Mansell da
Williams-
Honda.
Na Hungria,
um circuito ainda mais travado, que não permitia ultrapassagens,
repetiu uma vez mais a estratégia, mas foi ultrapassado por
Nelson Piquet.
Ainda nesse ano,
Ayrton Senna se tornaria definitivamente um ídolo no Brasil ao conquistar sua segunda vitória na temporada no Grande Prêmio dos Estados Unidos, disputado em Detroit, e terminou o campeonato novamente na quarta colocação, com 55 pontos, oito
poles e seis pódios.
|
Lotus |
O ano de 1987 veio com muitas promessas de dias melhores. A
Lotus tinha um novo patrocinador, o
Camel, e o mesmo poder dos motores
Honda e das
Williams depois que a
Renault
decidira se retirar do esporte. Depois de um começo lento,
Ayrton Senna ganhou
duas corridas em seguida: o prestigioso Grande Prêmio de Mônaco, a primeira do
recorde de seis vitórias no principado, e o Grande Prêmio dos Estados Unidos em Detroit, também pelo segundo ano seguido, e mais uma vez chegou à liderança do campeonato.
Nesse momento, a Lotus 99T Honda
parecia ser mais ou menos igual aos ótimos
Williams-Honda, mais uma vez
pilotados por
Nelson Piquet e
Nigel Mansell. Mas apesar da performance do Lotus 99T Honda, que
usava a tecnologia da suspensão ativa, as Williams FW11B de
Nelson Piquet e
Nigel Mansell eram ainda carros a serem batidos. A diferença entre as duas equipes nunca foi tão evidente quanto no Grande Prêmio da Inglaterra, em Silverstone, onde
Nigel Mansell e
Nelson Piquet voaram sobre as
Lotus de
Ayrton Senna e seu parceiro
Satoru Nakajima. Depois de rodar na pista devido a uma falha na embreagem a três voltas do final no Grande Prêmio do México,
Ayrton Senna ficou fora da luta pelo campeonato, deixando
Nelson Piquet e
Nigel Mansell brigando por ele nas últimas duas corridas.
Nigel Mansell feriu-se nas costas em um grave acidente durante os treinos para o Grande Prêmio do Japão de 1987, em Suzuka,
deixando o campeonato nas mãos de
Nelson Piquet. Entretanto, isso significava
que
Ayrton Senna poderia terminar a temporada em segundo lugar se ele
terminasse a corrida entre os três primeiros nas duas corridas que
faltavam: Japão e Austrália. Ele terminou as duas em segundo, mas as medições feitas no carro depois do Grande Prêmio da Austrália constataram que os dutos dos freios
eram mais largos do que o permitido pelo regulamento e
Ayrton Senna foi
desclassificado, dando à
Lotus a sua última bem sucedida temporada. Ele
acabou classificado em terceiro na colocação final, com 57 pontos, uma
pole
e oito pódios (duas vitórias, quatro segundos e dois terceiros). Essa
temporada marcou uma reviravolta na carreira de
Ayrton Senna depois de ele ter
construído uma profunda relação com a
Honda,
que lhe rendeu grandes dividendos.
Ayrton Senna foi contratado pela
McLaren,
que acertou com a
Honda o fornecimento de motores V6 Turbo para 1988.
Em 1988, as
McLaren-Honda ostentavam os números 11 e 12, desta vez com a dupla
Alain Prost e
Ayrton Senna. A competição entre
Ayrton Senna e
Alain Prost fez rachar
a relação entre os dois e culminou com um alto número de dramáticos
acidentes entre eles. A dupla venceu 15 das 16 corridas disputadas, com
predomínio total da McLaren MP4/4 em 1988, e
Ayrton Senna conquistou seu primeiro campeonato mundial.
Ayrton Senna dirigia a McLaren MP4/5 em 1989. Nesse ano, a rivalidade entre ele e
Alain Prost intensificou as batalhas na pista e uma grande guerra psicológica.
Alain Prost conquistou o tri-campeonato em 1989, depois de uma colisão com
Ayrton Senna durante o Grande Prêmio do Japão, em Suzuka, penúltima corrida da temporada, e
que
Ayrton Senna precisava vencer para ter chances de conquistar o campeonato
mundial na última etapa.
Ayrton Senna tentou ultrapassar
Alain Prost na
chicane, os dois
"tocaram" os pneus e foram para fora da pista com os carros entrelaçados, (na
câmera onboard da McLaren número 2, o francês guinou o volante para
evitar que o seu companheiro de equipe realizasse a ultrapassagem e
contornasse a chicane à frente dele),
Ayrton Senna retornou à pista
auxiliado pelos fiscais, que empurraram seu carro pois o motor havia
apagado e ele foi direto aos boxes para reparar o bico do carro
danificado na manobra. Voltando à pista, tirou a liderança de
Alessandro Nannini, da
Benetton, e chegou em primeiro, sendo desclassificado pela FIA por cortar
a
chicane depois da colisão com
Alain Prost. A penalização e a suspensão
temporária de sua superlicença - que é a habilitação de um indivíduo
para pilotar carros de Fórmula 1 - fez com que
Ayrton Senna travasse uma batalha de
palavras com a FIA e seu presidente
Jean-Marie Balestre.
Em 1990, no mesmo circuito e com os dois pilotos novamente disputando o título mundial,
Ayrton Senna tirou a
pole
de
Alain Prost. A
Ferrari de
Alain Prost fez uma largada melhor e pulou à frente da
McLaren de
Ayrton Senna, que antes mesmo da largada havia declarado que não
permitiria uma ultrapassagem de
Alain Prost. Na primeira curva,
Ayrton Senna tocou a
roda traseira de sua
McLaren na
Ferrari de
Alain Prost a 270 km/h (170 mph),
levando os dois carros para fora da pista. Ao contrário do ano anterior,
desta vez o abandono dos pilotos deu a
Ayrton Senna o seu segundo título
mundial.
Em 1991, depois de conquistar seu terceiro título mundial,
Ayrton Senna explicou à imprensa o que acontecera no ano anterior em Suzuka. Ele tinha como prioridade conseguir a
pole
pois havia recebido informações seguras de que esta mudaria de lado,
passando para a esquerda, o lado limpo da pista, somente para descobrir
que essa decisão havia sido revertida por
Jean-Marie Balestre depois que ele
conquistara a
pole. Explicando a colisão com
Alain Prost,
Ayrton Senna disse
que queria deixar claro que ele nunca iria aceitar as decisões injustas
de
Jean-Marie Balestre, incluindo a sua desclassificação em 1989 e a
pole de 1990:
"Eu acho que o que aconteceu em 1989 foi imperdoável e eu nunca irei
esquecer isso. Eu me empenho em lutar até hoje. Você sabe o que
aconteceu aqui: Prost e eu batemos na chicane, quando ele virou
sobre mim. Apesar disso, eu voltei à pista, ganhei, e eles decidiram
contra mim, o que não foi justo. E o que aconteceu depois foi 'teatro',
mas eu não sei o que pensei. Se você faz isso, você será penalizado,
multado e talvez perca sua licença. Essa é a forma correta de trabalhar?
Não… Em Suzuka no ano passado eu pedi aos organizadores para trocar o
lado da pole. Não foi justo, porque o lado direito é sempre o sujo. Você se esforça pela pole e
é penalizado por isso. E eles dizem: 'Sim, sem problema'. E depois o
que acontece? Balestre dá a ordem para não mudar nada. Eu sei como o
sistema funciona e eu pensei que foi mesmo uma m****. Então eu disse a
mim mesmo: 'Ok, aconteça o que acontecer, eu vou entrar na primeira
curva antes - Eu não estava preparado para deixar o outro (Alain Prost)
chegar na curva antes de mim. Se eu estou perto o suficiente dele, ele
não poderá virar na minha frente - e ele será obrigado a me deixar
seguir'. Eu não me importo em bater; eu fui para isso. E ele não quis
perder a chance, virou e batemos. Foi inevitável. Tinha que acontecer.
'Então você deixou isso acontecer', alguém diria. 'Por que eu causaria
isso?' Se você se ferrar cada vez que estiver fazendo o seu trabalho
limpo, conforme o sistema, o que você faz? Volta para trás e diz
'Obrigado?' De jeito nenhum! Você deve lutar para o que você acha que é
certo. Se a pole estivesse colocada na esquerda, eu teria chegado
na frente na primeira curva, sem problemas. Que foi uma péssima decisão
manter a pole na direita, e isso foi influenciado pelo Balestre,
isso foi. E o resultado foi que aconteceu na primeira curva. Eu posso
ter contribuído, mas não foi minha responsabilidade."
Em 1992,
Ayrton Senna estava determinado a vencer apesar do desânimo na
McLaren com as Williams FW14B, o melhor carro da temporada.
Ayrton Senna chegou até a cogitar correr na Fórmula Indy. O novo carro da
McLaren, o modelo MP4/7A, para a temporada, tinha diversas falhas.
Houve um atraso em fazer o novo carro, (ele estreou na 3ª corrida, o Grande Prêmio do Brasil), além da carência de confiabilidade da suspensão ativa, que deixava o carro imprevisível nas curvas rápidas, enquanto os motores Honda V12 não eram os mais potentes.
Ayrton Senna venceu em Mônaco, Hungria e Itália naquele ano, e acabou o campeonato num modesto 4º lugar, perdendo o 3º para o jovem alemão
Michael Schumacher
na última corrida.
O que chamou atenção naquele ano, já que o título
foi conquistado com grande antecedência pelo inglês
Nigel Mansell, foi o
enrosco que o piloto brasileiro teve com o jovem
Michael Schumacher. Na oitava
etapa, o Grande Prêmio da França em Magny-Cours, após a largada, ocupando a 4ª posição,
Ayrton Senna ia contornar a curva
Adelaide,
quando de repente foi atingido por trás pelo
Benetton número 19. Sem
condições de sair do local,
Ayrton Senna abandonou a corrida prematuramente.
Antes de começar a segunda largada, o brasileiro sem o macacão foi até o
grid onde estava posicionado o carro do piloto. O tricampeão brasileiro
queria conversar rapidamente com ele antes de dar entrevistas para a
imprensa.
"Você fez uma cagada do tamanho de um bonde e me jogou para fora da pista" disse o piloto brasileiro ao jovem piloto alemão no meio da pista e com
o dedo em riste. Embora
Ayrton Senna quisesse inicar uma conversa amigável com
Michael Schumacher, o próprio piloto alemão não quis dialogar com o tricampeão
naquele momento, porque não era o local e o momento adequado para essa
discussão, já que o piloto da
Benetton
estava se concentrando com a equipe para a nova largada. Sem muito o
que fazer,
Ayrton Senna deixou o local, pulou a mureta da pista e foi embora,
deixando a impresa internacional que estava ao seu redor sem dar maiores
explicações.
|
McLaren |
Ayrton Senna demorou muito a decidir o que fazer em 1993
e chegou ao final do ano sem ser contratado por nenhuma equipe. Ele
sentiu que os carros da
McLaren não seriam competitivos, especialmente
depois que a
Honda resolveu se retirar da Fórmula 1 no final de 1992, e não
poderia ir para a
Williams enquanto
Alain Prost estivesse por lá, pois o
contrato dele proibia a equipe de ter
Ayrton Senna como seu parceiro.
Ron Dennis, chefe da
McLaren, estava tentando assegurar um fornecimento de motores Renault V10 para 1993. Com a recusa da
Renault, a
McLaren foi obrigada a pegar os motores Ford V8
como um cliente comum. Dessa forma, a
McLaren recebeu versões de
motores mais velhas do que os clientes preferenciais da
Ford, como a
Benetton,
e tentou compensar essa deficiência de potência com mais tecnologia e
sofisticação, inclusive um sistema efetivo de suspensão ativa.
Ron Dennis
finalmente persuadiu
Ayrton Senna a voltar para a
McLaren, mas o brasileiro
concordou somente em assinar para a primeira corrida da temporada, na África do Sul, onde ele iria verificar se os carros da
McLaren eram competitivos o bastante para lhe proporcionar uma boa temporada.
Ayrton Senna concluiu que esse novo carro tinha um surpreendente potencial,
mas ainda estava abaixo da potência, e não seria páreo para a
Williams-Renault de
Alain Prost.
Ayrton Senna decidiu não assinar por uma temporada e
sim por cada corrida a ser disputada. Eventualmente ele poderia
permanecer por um ano, apesar de algumas fontes afirmarem que isso foi
mais um jogo de marketing entre
Ron Dennis e
Ayrton Senna.
Depois de terminar em 2º lugar na corrida de abertura da temporada na África do Sul,
Ayrton Senna ganhou os GPs do Brasil e da Europa,
na chuva. Esta última é frequentemente lembrada como sendo uma de suas
maiores vitórias na Fórmula 1. Ele largou em quarto e caiu para quinto na
primeira curva, mas já estava liderando antes da primeira volta ser
completada. Alguns pilotos precisaram de sete
pit stops para trocar os pneus de chuva/lisos, dependendo das mudanças climáticas ao longo da corrida.
Ayrton Senna foi 2º na Espanha e quebrou o recorde de seis vitórias em Mônaco, o que lhe fez jus ao antigo apelido de
Graham Hill:
Mister Mônaco.
Depois de Mônaco, a sexta corrida da temporada, Ayrton Senna liderou o
campeonato à frente da Williams-Renault de Alain Prost e da Benetton de Michael Schumacher,
apesar da inferioridade dos motores da McLaren. A cada corrida, as Williams de Alain Prost e Damon Hill mostravam a superioridade, com Alain Prost
caminhando para o campeonato enquanto Damon Hill mantinha os segundos lugares. Ayrton Senna concluiu a temporada e sua carreira na McLaren com cinco vitórias
(Brasil, Europa, Mônaco, Japão e Austrália)
e ficou com o vice na classificação geral. A penúltima corrida da
temporada foi marcada por um incidente entre o estreante norte-irlandês Eddie Irvine e Ayrton Senna, iniciado numa manobra do atrevido piloto. Após a prova, o brasileiro, inflamado, foi aos boxes da equipe Jordan e socou o estreante na categoria.
Ayrton Senna já havia tentado entrar para a
Williams em 1993, mas foi
impedido por
Alain Prost, que vetou seu nome.
Ayrton Senna se ofereceu para pilotar
por nada, pois seu desejo era fazer parte da vencedora equipe
Williams-Renault, mas foi impedido por uma cláusula no contrato do
francês que impedia o brasileiro de entrar para a equipe, ato declarado
no filme
"Senna". Porém, essa cláusula não se estenderia até 1994, o
que fez
Alain Prost se retirar das corridas um ano antes de vencer seu
contrato, preferindo isso a ter seu principal rival como companheiro de
equipe. Em 1994,
Ayrton Senna finalmente assinou com a equipe
Williams-Renault.
Ayrton Senna agora estava na equipe que havia ganho os dois campeonatos
anteriores com um veículo muito superior aos demais. Era natural que, na
pré-temporada, ele fosse considerado o favorito ao título, acompanhado
de
Damon Hill, que deveria fazer o papel de coadjuvante.
Alain Prost,
Damon Hill e
Ayrton Senna haviam ganho todas as corridas exceto uma, vencida por
Michael Schumacher.
A pré-temporada de testes mostrou que o carro era rápido mas difícil
de dirigir. A FIA havia banido os sistemas eletrônicos, incluindo a
suspensão ativa, o controle de tração e os freios ABS
para fazer o esporte mais
"humano". A
Williams não se mostrou um carro
equilibrado no início da temporada. O próprio
Ayrton Senna fez várias
declarações de que o carro era instável e desajeitado, indicando que o FW16,
depois de perder a suspensão ativa, os ABS e o controle de tração,
entre outras coisas, já não oferecia a mesma superioridade mostrada
pelos FW15C e FW14B dos anos anteriores. Apesar de menor potência, a equipe
Benetton pilotada por
Michael Schumacher apontou como maior rival.
|
Williams |
A primeira corrida da temporada 1994 foi no Brasil, disputada em
Interlagos, quando
Ayrton Senna fez a
pole. Na corrida,
Ayrton Senna assumiu a ponta, mas
Michael Schumacher com a
Benetton tomou a liderança depois de passar
Ayrton Senna nos boxes na volta 21.
Ayrton Senna, determinado a vencer no Brasil,
errou, perdendo o controle de sua
Williams e rodando na
Curva da
Junção, ficando encalhado na zebra e abandonando a prova na volta 55.
A segunda prova foi no
Grande Prêmio do Pacífico, disputado em Aida, no Japão, onde
Ayrton Senna novamente ganhou a
pole, porém envolveu-se numa colisão já na primeira curva. Ele foi tocado atrás por
Mika Häkkinen e sua corrida acabou definitivamente quando a
Ferrari de
Nicola Larini também bateu na sua
Williams. Seu companheiro de equipe,
Damon Hill, terminou em segundo enquanto
Michael Schumacher venceu novamente.
Este foi o seu pior início de temporada de
Fórmula 1, falhando por não
terminar e em não pontuar nas duas primeiras corridas, apesar de ter
sido
pole em ambas.
Michael Schumacher com sua
Benetton estava liderando o campeonato com vinte pontos de diferença para
Ayrton Senna, que estava com zero.
Luca Di Montezemolo, diretor da
Ferrari naquela ocasião, informou que
Ayrton Senna veio até ele na quinta-feira anterior à prova de Ímola
e elogiou a
Ferrari pela batalha contra os eletrônicos na Fórmula 1.
Ayrton Senna
disse também que ele gostaria de encerrar sua carreira correndo pela
Ferrari.
Morte - Acidente Fatal em Ímola
Na terceira corrida da temporada, o Grande Prêmio de San Marino, em Ímola,
Ayrton Senna declarou que esta deveria ser a corrida de início da temporada
para ele, pois não havia terminado as anteriores e agora faltavam apenas
quatorze corridas.
Ayrton Senna mais uma vez conquistou a
pole, mas o
fim de semana não seria tão fácil. Ele estava particularmente preocupado
com dois eventos. Um deles, na sexta-feira, durante a sessão de
qualificação da tarde, o piloto brasileiro
Rubens Barrichello,
envolveu-se em um grave acidente perdendo o controle de sua Jordan nº 14, passou por cima de uma zebra e voou da pista, chocando-se
violentamente contra uma barreira de pneus.
Felizmente,
Rubens Barrichello saiu desse acidente com pequenas escoriações e
o nariz quebrado, ferimento suficiente para impedi-lo de correr no
domingo.
Ayrton Senna visitou seu amigo no hospital
- ele pulou o muro depois que foi impedido de visitá-lo pelos médicos -
e ficou convencido de que as normas de segurança deveriam ser
revisadas.
O segundo ocorreu no sábado, durante os treinos livres, quando o austríaco
Roland Ratzenberger, correndo pela
Simtek, bateu violentamente na
Curva Villeneuve num acidente que começou a se formar na fatídica
Curva Tamburello,
quando a asa dianteira de seu carro se soltou fazendo-o perder o
controle do veículo. Levado ao
Hospital Maggiore de Bolonha, ele faleceu
minutos depois. Essa foi a primeira morte de um piloto na pista em dez
anos desde que a FIA adotara sérias medidas de segurança.
Ayrton Senna
convenceu os oficiais de pista a levá-lo ao local do acidente para ver
ele mesmo o que poderia ter acontecido e essa ousadia lhe custou mais
uma advertência e algum desgaste na sua atribulada relação com a FIA.
Ayrton Senna passou o final da manhã reunido com outros pilotos, determinado
a recriar a antiga
Comissão de Segurança dos Pilotos, a fim de melhorar
a segurança na Fórmula 1. Como um dos pilotos mais velhos, ele se ofereceu
para liderar esses esforços.
Apesar de tudo,
Ayrton Senna e todos os outros pilotos concordaram em correr. Ele saiu em primeiro, mas
J.J. Lehto deixou morrer sua
Benetton, fazendo os outros pilotos desviarem dele. Porém
Pedro Lamy, da
Lotus-Mugen, bateu na parte traseira de
J.J. Lehto, o que levou o
Safety Car à pista por cinco voltas.
Na sétima volta a corrida foi reiniciada, e
Ayrton Senna rapidamente fez a
terceira melhor volta da corrida, seguido por
Michael Schumacher.
Ayrton Senna iniciara
o que seria a sua última volta. Ele entrou na
Curva Tamburello e perdeu
o controle do carro, seguindo reto e chocando-se violentamente contra o
muro de concreto. A telemetria
mostrou que
Ayrton Senna, ao notar o descontrole do carro, ainda conseguiu,
nessa fração de segundo, reduzir a velocidade de cerca de 300 km/h
(195 mph) para cerca de 200 km/h (135 mph).
Os oficiais de pista chegaram à cena do acidente e, ao perceber a
gravidade, só puderam esperar a equipe médica. Por um momento a cabeça
de
Ayrton Senna se mexeu levemente, e o mundo, que assistia pela TV, imaginou
que ele estivesse bem, mas esse movimento havia sido causado por um
profundo dano cerebral.
Ayrton Senna foi removido de seu carro pelo professor
Sidney Watkins, neurocirurgião
de renome mundial pertencente aos quadros da
Comissão Médica e de
Segurança da Fórmula 1 e chefe da equipe médica da corrida, e recebeu os
primeiros socorros ainda na pista, ao lado de seu carro destruído,
antes de ser levado de helicóptero para o
Hospital Maggiore de Bolonha onde, poucas horas depois, foi declarado morto.
Mais tarde o professor
Sidney Watkins declarou:
"Ele estava sereno. Eu levantei suas pálpebras e estava claro, por suas pupilas, que ele teve um ferimento maciço no cérebro. Nós o tiramos do cockpit e o pusemos no chão. Embora eu seja totalmente agnóstico, eu senti sua alma partir nesse momento."
Foi encontrado no carro de
Ayrton Senna uma bandeira austríaca que, em
caso de uma possível vitória, ele empunharia em homenagem ao
austríaco
Roland Ratzenberger, morto um dia antes.
Foi um Grande Prêmio trágico. Além do acidente de
Rubens Barrichello e das mortes de
Ayrton Senna e
Roland Ratzenberger, o acidente entre
J.J. Lehto e
Pedro Lamy fez
arremessar dois pneus para a arquibancada, ferindo vários torcedores. O italiano
Michele Alboreto, da
Minardi, perdeu um pneu na saída dos boxes e se chocou contra os mecânicos da
Ferrari, ferindo também um mecânico da
Lotus.
Não bastando isso, durante alguns minutos as comunicações no circuito entraram em colapso, permitindo que o piloto
Erik Comas, da equipe
Larousse, deixasse o
pit-stop
e retornasse à corrida quando ela já havia sido interrompida.
Erik Comas
somente entendeu o que estava acontecendo quando os fiscais de pista
mais próximos ao acidente tremularam nervosamente suas bandeiras
vermelhas indicando-lhe a situação. Se não fosse por essa atitude, ele
poderia ter se chocado com o helicóptero que se encontrava pousado no
asfalto da pista aguardando para levar
Ayrton Senna ao hospital.
A imagem de
Ayrton Senna apoiado na sua
Williams, flagrado pelas TVs, com
o olhar distante e perdido, pouco antes do início do Grande Prêmio, ficaria
marcada para sempre entre seus fãs.
No Brasil, ficou muito difundida uma frase dita pelo jornalista
Roberto Cabrini ao
"Plantão da Globo", boletim de notícias extraordinário da Rede Globo. Logo após a confirmação da morte de
Ayrton Senna, pelo hospital,
Roberto Cabrini noticiou dizendo, por telefone:
"Morreu Ayrton Senna da Silva... Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar."
Investigações Sobre os Acidentes
De acordo com a perícia,
Ayrton Senna perdeu o controle do carro devido à quebra da coluna de direção
do seu
Williams. O documento sugere que houve negligência dos técnicos
da equipe numa reparação feita na coluna de direção.
Em novembro de 1996, a denúncia do promotor
Maurizio Passarini foi acolhida pelo juiz
Diego Di Marco.
Frank Williams,
Patrick Head,
Adrian Newey,
Federico Bondinelli (um dos responsáveis pela empresa que administrava o
autódromo de Ímola),
Giorgio Poggi (o responsável pela pista),
Roland
Bruinseraed (o diretor da prova), e o mecânico que soldou a coluna de
direção do
Williams foram indiciados por
homicídio culposo, por negligência e imprudência. Porém, em dezembro de 1997, o juiz
Antonio Constanzo absolveu os acusados.
Em 2004, um documentário de televisão da National Geographic chamado
"A Morte de Ayrton Senna" foi transmitido para o mundo inteiro. O
programa considerou os dados disponíveis do carro de
Ayrton Senna para
reconstituir a sequência de eventos que o conduziu ao acidente fatal. O
programa concluiu que o longo período que o
safety-car permaneceu na
pista fez reduzir as pressões nos pneus de
Ayrton Senna, abaixando o carro. Com
o carro mais baixo, o chassi tocou o solo, fazendo o carro saltar e
tornando a direção incontrolável.
Ayrton Senna teria reagido, mas, com os pneus
travados, ele foi arremessado para fora da curva. O programa concluiu
que se as reações do piloto tivessem sido mais lentas, ele talvez
pudesse ter sobrevivido. Pilotos e especialistas em Fórmula 1 consideram
parte dessa teoria como improvável, pois os pneus de Fórmula 1 se
aquecem até a temperatura ideal depois de percorrer apenas 2 km, meia
volta no circuito de San Marino, assim na volta 7 os pneus do carro de
Ayrton Senna já estariam aquecidos.
Ayrton Senna tinha 34 anos quando morreu. Sua morte aconteceu primariamente
por um impacto inesperado da roda com o muro, que fez o pneu estourar e,
a uma velocidade incrível, o pneu estourado com a roda voou a cerca de
208 km/h, atingindo o capacete verde e amarelo na frente, acima do olho
direito. O impacto foi tão forte que a roda voou quase 60 metros e o
carro de
Ayrton Senna ainda voltou para a pista. Feitos os cálculos da
quantidade de movimento de uma roda de 17 kg e a força proveniente do
impacto, concluiu-se que ela seria insuportável e o resultado esperado
seria que o cérebro tivesse danos extensos e parte dele vindo
praticamente se
"liquefazer", mas o capacete suportou boa parte do
impacto.
O capacete de
Ayrton Senna mostrou uma quebra com grande afundamento
acima da viseira, o que assustou todos com a violência do impacto,
obviamente insuportável para qualquer ser vivo. Na análise dos médicos
na pista, no hospital e na autópsia, depois de constatada a morte cerebral, foram percebidos três graves traumas, um grande choque que provocou fraturas na têmpora e rompeu a artéria temporal, uma fratura na base do crânio
devido à potência do impacto, e além do mais, um pedaço de fibra de
carbono da carenagem penetrou o visor do capacete e adentrou a órbita
acima do olho direito, danificando irreversívelmente o lobo frontal. Qualquer um dos três ferimentos seria suficiente para lhe tirar a vida.
Tanto a FIA como as autoridades italianas mantém a versão de que
Ayrton Senna não morreu instantaneamente, e sim no hospital, para onde ele foi
levado rapidamente de helicóptero. Existe uma interminável discussão
entre as autoridades a esse respeito.
Ainda se discute por que
Ayrton Senna não foi declarado morto na pista.
Especula-se que isso se deve à lei italiana que diz que, quando uma
pessoa morre em um evento desportivo, essa morte deve ser investigada,
fazendo com que o evento seja cancelado. O diretor do instituto legal de
medicina do Porto, Portugal, o professor
José Eduardo Pinto da Costa, informa o seguinte:
"Do ponto de vista ético, o tratamento dado a Senna foi errado. Isso se chama distanásia,
que significa que uma pessoa esteve mantida viva impropriamente depois
que a morte biológica devido aos ferimentos de cérebro tão sérios que o
paciente nunca poderia permanecer vivo sem meios mecânicos da
sustentação. Não haveria nenhuma perspectiva de vida normal. Mesmo se
ele tivesse sido removido do carro quando seu coração ainda estava
batendo é irrelevante à determinação de quando morreu. A autópsia
mostrou que Senna sofreu fraturas múltiplas na base do crânio, esmagando
a testa e rompendo a artéria temporal com hemorragia nas vias respiratórias.
É possível reanimar uma pessoa depois que o coração para de bater com
os procedimentos cardiorrespiratórios. No caso de Ayrton, há um ponto
sutil: as medidas da ressuscitação foram executadas. Ainda sob o ponto de vista ético isto pode bem ser condenado, porque
as medidas não foram em benefício do paciente, mas um pouco porque
serviriam ao interesse comercial da organização. A ressuscitação ocorreu
de fato, com a traqueostomia e quando a atividade do coração foi
restaurada com o auxílio dos procedimentos cardiorrespiratórios. A
atitude na pergunta era certamente controversa. Qualquer médico saberia
que não havia nenhuma possibilidade de sucesso em restaurar a vida na
circunstância em que o Senna tinha sido encontrado."
O professor
Jose Pratas Vital, diretor do
Hospital de Egas Moniz em Lisboa, um neurocirurgião e chefe da equipe médica no Grande Prêmio português, oferece uma opinião diferente:
"As pessoas que conduziram a autópsia indicam que, na evidência de seus
ferimentos, o Senna estava morto. Mas eles não poderiam dizer isso. Ele
realmente teve os ferimentos que o conduziram à morte, mas nesse ponto o
coração pode ainda ter funcionado. Os médicos que atendem a uma pessoa
ferida, e que percebem que o coração ainda está batendo, têm apenas duas
atitudes a tomar: uma é assegurar-se de que as vias respiratórias do
paciente permaneçam livres, o que significa que ele pode respirar. No
caso de Senna, eles realizaram uma traqueostomia, liberando as vias
respiratórias. Com oxigênio e a batida do coração, passamos à segunda
atitude: a perda de sangue. Estas são as etapas a ser seguidas em todo
caso envolvendo ferimento sério, se na rua ou em uma pista. A equipe de
salvamento não pode pensar de nada mais nesse momento exceto imobilizar a
coluna cervical do paciente. Então a pessoa ferida deve ser levada
imediatamente à unidade de cuidados intensivos do hospital o mais
próximo."
Rogério Morais Martins afirmou:
"De acordo com o primeiro boletim clínico emitido pela Drª. Maria Teresa
Fiandri às 16:30 hs, o paciente Ayrton Senna teve dano de cérebro com
choque hemorrágico e encontrava-se em coma profundo. Entretanto, a equipe de médica não notou nenhuma ferida na caixa torácica ou no abdômen.
A hemorragia foi causada pela ruptura da artéria temporal. O
neurocirurgião que examinou o Senna no hospital mencionou que as
circunstâncias não exigiam uma cirurgia porque a ferida foi generalizada
no crânio.
Às 18:05 hs, a Drª Maria Teresa
Fiandri leu um outro comunicado, com a voz agitada,
anunciando que Senna estava morto. Nesse momento ele ainda estava ligado
aos equipamentos que mantiveram sua pulsação. A liberação pelas
autoridades italianas dos resultados da autópsia de Senna que revelaram
que o piloto tinha morrido instantaneamente durante a corrida em Imola,
inflamou ainda mais controvérsia. Agora haviam perguntas a serem
respondidas pelo diretor da corrida e pelas autoridades médicas. Embora
os porta-vozes do hospital indicassem que Senna ainda estava respirando
na chegada a Bolonha, a autópsia em Roland Ratzenberger
(que morreu um dia antes) indicou que a morte tinha sido instantânea.
Sob a lei italiana, uma morte dentro do circuito exigiria o cancelamento
da corrida e toda a área deveria ser mantida intacta para a
investigação."
Dessa forma, eles teriam evitado a morte de
Ayrton Senna.
Os médicos não são capazes de afirmar se
Ayrton Senna morreu
instantaneamente. Não obstante, estavam bem cientes de que suas
possibilidades de sobrevivência eram mínimas. Se vivesse, o dano no
cérebro deixá-lo-ia severamente deficiente.
Os acidentes como este são quase sempre fatais. Além disso, existem os
efeitos no cérebro da desaceleração brusca, que causa dano estrutural
aos tecidos cerebrais.
Estima-se que as forças envolvidas no acidente de
Ayrton Senna sugerem uma
taxa de desaceleração equivalente a uma queda vertical de 30 metros. A
autópsia revelou que o impacto a 208 km/h causou os ferimentos múltiplos
na base do crânio, tendo por resultado a insuficiência respiratória.
Havia um esmagamento do cérebro, que foi arremessado junto à parede do
crânio que causa o edema, a hemorragia e o aumento de pressão
intra-cranial, junto com a ruptura da artéria temporal que causou a
hemorragia nas vias respiratórias e a consequente parada cardíaca.
Quanto à possibilidade de os pilotos estarem ainda vivos quando foram
postos nos helicópteros que os levaram ao hospital, os experts
acreditam que os organizadores da corrida atrasaram o anúncio das mortes
a fim de evitar o cancelamento e assim proteger seus interesses
financeiros.
A
Sagis, organização que administra o Circuito de Ímola, chegou a
cancelar a prova mesmo com um prejuízo estimado em US$ 6.5 milhões. A FIA desmente essa informação.
Por conta desse e do acidente de
Roland Ratzenberger, a
Curva Tamburello e a
Curva Villeneuve foram transformadas em
chicanes.
No ano 2000,
Ayrton Senna foi postumamente incluído no
International Motorsports Hall of Fame.
Funeral
A morte do piloto foi considerada pelos
brasileiros como uma tragédia nacional e o governo brasileiro declarou
três dias de luto oficial. O governo brasileiro também lhe concedeu honras de chefe de Estado, com a característica salva de tiros.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas foram às ruas para ver seu
ídolo e render-lhe as últimas homenagens, sem contar os milhões que
acompanharam pela televisão desde a chegada do avião que trouxe seu
corpo no Aeroporto de Guarulhos, às 5:30 hs.
A maioria dos pilotos de Fórmula 1 estiveram presentes no funeral de
Ayrton Senna. Porém o então presidente da FIA,
Max Mosley, não compareceu, alegando que estava nos funerais de
Roland Ratzenberger no dia 7 de maio, em Salzburgo, na Áustria.
Max Mosley disse à imprensa, dez anos depois:
"Fui a esse funeral porque todos estavam no de Senna. Achei que era importante alguém ir a esse."
Na corrida seguinte, em Mônaco, a FIA decidiu deixar vazias as duas
primeiras posições no grid de largada, e elas foram pintadas com as
cores das bandeiras brasileira e austríaca, em homenagem a
Ayrton Senna e
Roland Ratzenberger.
O corpo de
Ayrton Senna está sepultado no jazigo 11, quadra 15, sector 7, do
Cemitério do Morumbi, em São Paulo.
Legado
Na reforma do autodromo de Interlagos em 1990, uma mudança radical do
traçado foi proposta para seguir as regras de limites de distância de um
circuito da FIA, e uma grande curva inclinada foi sugerida para ligar a
reta dos boxes à curva do sol.
Ayrton Senna propôs um "S" que ligasse as duas
retas, daí o nome de
"S do Senna", pelo design do tricampeão, e não
somente uma homenagem dada a ele.
Em 2005, o cantor italiano
Cesare Cremonini gravou uma canção intitulada
"Marmelata #25" e, no refrão, há uma parte que diz:
"Ahh! Desde que Senna não corre mais… não é mais domingo".
Com a morte de
Ayrton Senna, novas normas de segurança foram
implementadas para a Fórmula 1. Novas barreiras, curvas redesenhadas, altas
medidas de segurança e o próprio
cockpit dos pilotos. Foram mudanças feitas ligadas diretamente à sua morte.
Vida Pessoal
Ayrton Senna era devoto do catolicismo e costumava ler a Bíblia durante os voos que fazia entre São Paulo e Europa. Em
"Senna", documentário sobre sua carreira de piloto, lançado em 2010,
Viviane Senna, irmã de
Ayrton, revelou que pouco antes de sua morte, ele abriu a Bíblia em uma página:
"Naquela
manhã quando ele acordou, pediu a Deus para falar com ele. Abriu a
Bíblia e leu um texto que falava que Deus ia dar para ele o maior
presente de todos os presentes. Que era Ele mesmo."
Com ajuda do pai, Milton da Silva, do irmão Leonardo Senna e do primo Fábio Machado, Ayrton Senna comandava a holding de empresas da família, a Ayrton Senna Promoções e Empreendimentos. Entre elas, a Ayrton Senna Licensing - criada em 1990
para administrar a concessão do uso da marca (um "S" estilizado, como
uma das curvas do autódromo de Interlagos) e a Senna Import - que entre
outros, foi responsável pela importação exclusiva para o Brasil de carros da marca Audi. O próprio carro pessoal de Senna em 1994 era um Audi S4.
Ayrton Senna demonstrava publicamente preocupação com a pobreza generalizada
no Brasil, especialmente em relação às crianças. Após sua morte, foi
descoberto que ele havia doado em segredo uma porção muito grande de sua
fortuna pessoal, estimada em cerca de US$ 400 milhões, para ajudar as
crianças pobres.
Pouco antes de sua morte, ele criou a estrutura de uma organização
dedicada às crianças pobres brasileiras, que mais tarde se tornou o Instituto Ayrton Senna.
Em relação à política, Ayrton Senna nunca gostou de dar declarações a
respeito, evitando revelar votos em eleições, a elencar candidatos de
sua estima e a opinar sobre questões ideológicas específicas. Mas
sabia-se que Ayrton Senna mantinha um posicionamento mais conservador, sendo um admirador do notório líder de direita Paulo Maluf, que fora governador de São Paulo e que à época de seu falecimento era prefeito da capital paulista.
No futebol, Ayrton Senna se declarava torcedor do Sport Club Corinthians Paulista, fato muito celebrado pela torcida do referido clube por sua própria condição de ídolo nacional.
Na vida afetiva, Ayrton Senna - sempre muito focado em sua carreira -
teve somente quatro casos sérios: Liliane Vasconcellos Souza, Adriane
Yasmin, Xuxa Meneghel e Adriane Galisteu. Teve um curto namoro com Rosângela Lago Ferreira da Silva, um menina de
Santana, bairro da zona norte de São Paulo.
Casou-se com Liliane
Vasconcellos Souza, amiga de infância e namorada na adolescência no
Jardim Tremembé, também bairro da zona norte de São Paulo. Os dois
chegaram a viver juntos na época em que o piloto competia pela Fórmula
Ford 1600, mas a união durou apenas oito meses.
Após o divórcio com Liliane, Ayrton Senna se envolveu em 1984 com Adriane Yasmin, à época com 15 anos, herdeira das empresa Duchas Corona. O relacionamento durou até o final de 1988.
Teve um breve e agitado relacionamento com Xuxa Meneghel e rápidos casos com diversas mulheres, especialmente modelos, como Patrícia Machado, Vanusa Sppindler e Marcella Praddo, que chegou a reclamar de Ayrton Senna a paternidade da filha, Vitória, algo que foi descartado por exames posteriores.
Ayrton Senna iniciou um namoro com Adriane Galisteu após o Grande Prêmio do Brasil de 1993, em festa em uma danceteria de São Paulo. O relacionamento durou até a morte do piloto.
A falta de apego de
Ayrton Senna a suas namoradas rendeu fofocas de que ele tinha pouco interesse pelo sexo oposto. Em 1988,
Nelson Piquet, em entrevista ao
Jornal do Brasil,
sugeriu que
Ayrton Senna não gostava do sexo oposto ao pedir que a imprensa
perguntasse ao mesmo por que é que ele não gostava de mulher. A revista italiana
Panorama, a de maior circulação do país, dedicou reportagem às dúvidas levantadas por
Nelson Piquet e a questão foi parar na Justiça.
Nelson Piquet preferiu se retratar, mas o estrago estava feito.
Ayrton Senna passou a conviver com os boatos e se tornou desafeto de
Nelson Piquet.
Em Agosto de 1990, em uma entrevista para a resvista
Playboy,
Ayrton Senna afirmou que,
Nelson Piquet não poderia ter feito a insinuação, sugerindo
que tinha tido um caso com
Catherine Valentim, então mulher do rival.
"Eu conheci a Catherine (Valentim, então mulher de Piquet).", disse Senna
"Conheceu como?", perguntou-lhe a revista.
"Eu a conheci como mulher." respondeu Senna.
Além de
Nelson Piquet, o francês
Alain Prost, que foi companheiro de
Ayrton Senna por duas temporadas na
McLaren-Honda, fez uma das rivalidades mais acirradas da história da Fórmula 1. Desde o final do Campeonato de 1988,
havia tensão no relacionamento entre ambos, com o francês acusando a
McLaren de dar tratamento preferencial a
Ayrton Senna. A relação se deteriorou
durante a temporada de 1989, quando ambos já não se falavam. A colisão dos pilotos durante o Grande Prêmio do Japão daquele ano selou o auge da inimizade.
Na temporada de 1990,
Alain Prost trocou a equipe pela
Ferrari, e
Ayrton Senna daria o troco no rival, em mais um campeonato decidido em uma batida - desta vez favorável ao brasileiro. Mas a relação entre os dois pilotos melhorou após a aposentadoria do francês, e
Ayrton Senna e
Alain Prost se aproximaram em 1994.
Antes do anúncio da morte de
Ayrton Senna,
Alain Prost imediatamente havia se
solidarizado após o acidente. O francês participou do funeral do piloto.
"O
Ayrton e eu tínhamos uma ligação. A sua morte foi o final da minha
história com a Fórmula 1. Ninguém pode falar do Ayrton sem falar de mim e
ninguém pode falar de mim sem falar dele", declarou
Alain Prost. O piloto francês chegou a fazer parte do conselho consultivo do
Instituto Ayrton Senna.
Ayrton Senna era amigo íntimo com de
Gerhard Berger, que foi seu companheiro de equipe na
McLaren entre as temporadas 1990 e 1993. Os dois costumavam brincar um com o outro.
Gerhard Berger, é citado dizendo:
"Ele me ensinou muito sobre nosso esporte, ensinei-o a rir".
No documentário
"The Right To Win", feito em 2004 como uma homenagem a
Ayrton Senna,
Frank Williams recordou que, além de um grande piloto,
Ayrton Senna "era um homem ainda maior fora do carro que ele estava nele".
Ayrton Senna foi tio do piloto
Bruno Senna, filho de
Viviane Senna, de quem declarou em 1993:
"Se vocês acham que eu sou rápido, esperem para ver meu sobrinho Bruno".
Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #AyrtonSenna