Francisco de Paula Cândido Xavier, mais conhecido como
Chico Xavier, foi um médium e um dos mais importantes divulgadores do espiritismo no Brasil. O seu nome de batismo
Francisco de Paula Cândido, em homenagem ao santo do dia de seu nascimento, foi substituído pelo nome paterno de
Francisco Cândido Xavier logo que psicografou os primeiros livros, mudança oficializada em abril de 1966, quando chegou da sua segunda viagem aos Estados Unidos.
Nascido no seio de uma família humilde, era filho de
João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de
Maria João de Deus, uma dona de casa. Segundo biógrafos, a mediunidade de
Chico Xavier teria se manifestado pela primeira vez aos quatro anos de idade, quando ele respondeu ao pai sobre ciências, durante conversa com uma senhora sobre gravidez. Ele dizia ver e ouvir os espíritos e conversava com eles.
|
Lar de Chico Xavier na infância |
Os Abusos da Madrinha
A mãe faleceu quando
Chico Xavier tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos seguintes,
Chico Xavier foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe,
Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e, mais tarde, sob a alegação de que o
"menino tinha o diabo no corpo".
|
Chico Xavier adolescente |
Não se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo,
Rita de Cássia passou a cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade. O menino viu-a após uma prece, junto à sombra de uma
bananeira no quintal da casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava-lhe
"paciência, resignação e fé em Jesus".
A madrinha ainda criava outro filho adotivo,
Moacir, que sofria de uma ferida incurável na perna.
Rita de Cássia decidiu seguir a
simpatia de uma benzedeira, que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno
Chico Xavier. Revoltado com a imposição,
Chico Xavier conversou novamente com o espírito da mãe, que o aconselhou a
"lamber com paciência". O espírito explicou-lhe que a simpatia
"não é remédio, mas poderia aplacar a ira da madrinha", esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de
Moacir,
Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a
Chico Xavier.
|
Cidália Batista a madrasta de Chico Xavier |
A Madrasta
O seu pai casou-se novamente e a nova madrasta,
Cidália Batista, exigiu a reunião dos nove filhos.
Chico Xavier tinha então sete anos. O casal teve ainda mais seis filhos. Por insistência da madrasta, o menino foi matriculado na escola pública. Nesse período, o espírito de
Maria João parou de manifestar-se. O jovem
Chico Xavier, para ajudar nas despesas da casa, começou a trabalhar vendendo os legumes da horta da casa.
Na escola, como na igreja, as faculdades paranormais de
Chico Xavier continuaram a causar-lhe problemas. Durante uma aula do 4º ano primário, afirmou ter visto um homem, que lhe ditou as composições escolares, mas ninguém lhe deu crédito e a própria professora não se importou. Uma redação sua ganhou menção honrosa num concurso estadual de composições escolares comemorativas do centenário da
Independência do Brasil, em
1922. Enfrentou o ceticismo dos colegas, que o acusaram de plágio, acusação essa que sofreu durante toda a vida. Desafiado a provar os seus dons,
Chico Xavier submeteu-se ao desafio de improvisar uma redação, com o auxílio de um espírito, sobre um grão de areia, tema escolhido ao acaso, o que realizou com êxito.
A madrasta
Cidália pediu a
Chico Xavier que consultasse o espírito da falecida mãe dele sobre como evitar que uma vizinha continuasse a
furtar hortaliças e esta lhe disse para torná-la responsável pelo cuidado da horta, conselho que, posto em prática, levou ao fim dos furtos. Assustado com a mediunidade do jovem, o seu pai cogitou em interná-lo.
O padre
Scarzelli examinou-o e concluiu que seria um erro a internação, tratando-se apenas de
"fantasias de menino".
Scarzelli simplesmente aconselhou a família a restringir-lhe as leituras, tidas como motivo para as fantasias, e a colocá-lo no trabalho.
Chico Xavier, então, ingressou como operário em uma fábrica de tecidos, onde foi submetido à rigorosa disciplina do trabalho fabril, que lhe deixou sequelas para o resto da vida.
No ano de
1924, terminou o antigo
curso primário e não mais voltou a estudar. Mudou de trabalho, empregando-se como caixeiro de venda, ainda em horários extensos. Apesar de católico devoto e das incontáveis penitências e contrições prescritas pelo padre confessor, não parou de ter visões e nem de conversar com espíritos.
O Contato Com a Doutrina Espírita
Em 1927, então com dezessete anos de idade,
Chico Xavier perdeu a madrasta
Cidália e se viu diante da insanidade de uma irmã, que descobriu ser causada por um processo de obsessão espiritual. Por orientação de um amigo,
Chico Xavier iniciou-se no estudo do espiritismo.
No mês de maio desse mesmo ano, recebeu nova mensagem de sua mãe, na qual lhe era recomendado o estudo das obras de
Allan Kardec e o cumprimento de seus deveres. Em junho, ajudou a fundar o
Centro Espírita Luiz Gonzaga, em um simples barracão de madeira de propriedade de seu irmão. Em julho, por orientação dos espíritos seus mentores, iniciou-se na prática da psicografia, escrevendo dezessete páginas. Nos quatro anos subsequentes, aperfeiçoou essa capacidade embora, como relata em nota no livro
"Parnaso de Além-Túmulo", ela somente tenha ganho maior clareza em finais de
1931.
Desse modo, pela sua mediunidade começaram a manifestar-se diversos poetas falecidos, somente identificados a partir de 1931. Em
1928, começou a publicar as suas primeiras mensagens psicografadas nos periódicos
"O Jornal", do
Rio de Janeiro, e
"Almanaque de Notícias", de
Portugal.
As Primeiras Obras
Em
1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra
"Parnaso de Além-Túmulo". Esse ano, que marca a
"maioridade" do médium, é o ano do encontro com seu mentor espiritual
Emmanuel,
"...à sombra de uma árvore, na beira de uma represa...". O mentor informa-o sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros e explica-lhe que para isso são lhe exigidas três condições:
"disciplina, disciplina e disciplina".
Severo e exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a
Jesus Cristo e a
Allan Kardec, mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o médium conheceu que
Emmanuel havia sido o senador romano
Publius Lentulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre jesuíta
Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.
Em
1932, foi publicado o
"Parnaso de Além-Túmulo" pela
Federação Espírita Brasileira. A obra, coletânea de poesias ditadas por espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão junto à
imprensa e à opinião pública brasileira e causou espécie entre os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se saber que a obra tinha sido escrita por um
"modesto escriturário" de armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário. Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos críticos.
Os direitos autorais das suas obras são concedidos à
Federação Espírita Brasileira. Nesse período, inicia a sua relação com
Manuel Quintão e
Wantuil de Freitas. Ainda nesse período, descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos seus mentores,
Emmanuel e
Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os recursos da
medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos espíritos.
Continuou com o seu emprego de escrevente-datilógrafo na
Fazenda Modelo da
Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, iniciado em
1935 e a exercer as suas funções no
Centro Espírita Luís Gonzaga, atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as obras do Além. O administrador da fazenda era o engenheiro agrônomo
Rômulo Joviano, também espírita, que além de conseguir o emprego para
Chico Xavier, o ajudava a ter a paz necessária para os trabalhos de psicografia, além de acompanhar as sessões do
Centro Espírita Luís Gonzaga, do qual se tornaria presidente. Foi justamente no período em que psicografava nos porões da casa de
Joviano que foi escrita uma de suas maiores obras, intitulada
"Paulo e Estevão". Paralelamente, iniciou uma longa série de recusas de presentes e distinções, que perdurará por toda a vida, como por exemplo a de
Fred Figner, que lhe legou vultosa soma em testamento, repassada pelo médium à
Federação Espírita Brasileira.
Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo. Além dessas pessoas,
Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações.
Souto Maior relata uma tentativa de
"linchamento pelos espíritos", bem como um episódio em que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada
"prova", comum em histórias de santidade.
O Processo da Viúva de Humberto Campos
No decorrer da
década de 1930, destacaram-se ainda a publicação dos romances atribuídos a
Emmanuel e da obra
"Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", atribuída ao espírito de
Humberto de Campos, onde a
história do Brasil é interpretada de forma
mítica e teológica. Essa última obra trouxe como consequência uma ação judicial movida pela viúva do escritor, que pleiteou por essa via
direitos autorais pelas obras psicografadas, caso se confirmasse a autoria do famoso escritor
maranhense.
A defesa do médium foi suportada pela
Federação Espírita Brasileira e resultou, posteriormente, no clássico
"A Psicografia Perante os Tribunais", do advogado
Miguel Timponi. Em sua sentença, o juiz decidiu que os direitos autorais referiam-se à obra reconhecida em vida do autor, não havendo condição de o tribunal se pronunciar sobre a existência ou não da
mediunidade. Ainda assim, para evitar possíveis futuras polêmicas, o nome do escritor falecido foi substituído pelo
pseudônimo Irmão X.
Nesse período,
Chico Xavier ingressou no serviço público federal, como auxiliar de serviço no
Ministério da Agricultura. Vale salientar que, em toda a sua carreira como funcionário público, não existe registro de qualquer falta ao serviço.
Nosso Lar
Em
1943, vem a público uma das obras mais populares da literatura espírita no país, o romance
"Nosso Lar", o mais vendido e divulgado da extensa obra do médium, que no ano de 2010 se tornou um filme. Esse é o primeiro de uma série de livros cuja autoria é atribuída ao
espírito André Luiz.
Nesse período, a celebridade de
Chico Xavier é crescente e cada vez mais pessoas o procuram em busca de curas e mensagens, transformando a pequena cidade de Pedro Leopoldo em um centro informal de peregrinação. Tendo morrido na miséria o seu antigo patrão,
José Felizardo, o médium empenha-se em arranjar-lhe um sepultamento digno, pedindo doações de casa em casa para esse fim. De acordo com o seu biógrafo
Ubiratan Machado,
"...até mesmo um mendigo cego doou-lhe toda a féria do dia".
Em 1958, o médium viu-se no centro de uma nova polêmica, desta vez por conta das denúncias de um sobrinho,
Amauri Pena, filho da irmã curada de obsessão. O sobrinho, ele mesmo médium psicógrafo, anunciou-se pela imprensa como falso médium, um imitador muito capaz, acusação que estendeu ao tio.
Chico Xavier defendeu-se, negando ter qualquer proximidade com o sobrinho. Já com antecedentes de alcoolismo e com sérios remorsos pelos danos causados à reputação do tio,
Amauri Pena foi internado num sanatório psiquiátrico em São Paulo, onde veio a falecer.
|
Waldo Vieira |
A Parceira Com Waldo Vieira
No mesmo período,
Chico Xavier conheceu o jovem médico e médium
Waldo Vieira, em parceria com quem psicografou diversas obras em comum, até à ruptura de ambos, alguns anos depois. Em
1959, estabeleceu residência em
Uberaba, onde viveu até ao fim de seus dias. Continuou a psicografar inúmeras obras, passando a abordar os temas que marcam a
década de 60, como o
sexo, as
drogas, a questão da juventude, a
tecnologia, as viagens espaciais e outros. Uberaba, por sua vez, tornou-se centro de peregrinação informal, com caravanas a chegar diariamente, de pessoas com esperança de um contato com parentes falecidos. Nesse período, popularizam-se os livros de
"mensagens": cartas ditadas a familiares por espíritos de pessoas comuns. Prosseguem também as campanhas de distribuição de alimentos e roupas para os pobres da cidade.
Em
22 de maio de
1965,
Chico Xavier e
Waldo Vieira viajaram para
Washington,
Estados Unidos, a fim de divulgar o espiritismo no exterior. Com a ajuda de
Salim Salomão Haddad, presidente do centro
Christian Spirit Center, e sua esposa
Phillis, estudaram inglês e lançaram o livro
"Ideal Espírita", com o nome de
"The World of The Spirits".
No alvorecer da
década de 70,
Chico Xavier participou de programas de televisão que alcançaram picos de audiência. Nessa década, além da
catarata e dos problemas de pulmões, passou a sofrer de
angina. Passou ainda a ajudar pessoas pobres com o dinheiro da vendagem de seus livros, tendo para tanto criado uma fundação.
As Décadas de 80 e 90
Em
1981, foi proposto para o
Prêmio Nobel da Paz, que não ganhou. Nesse período, a sua fama ampliou-se no exterior, com diversas de suas obras sido vertidas em diversas línguas, assim como ganhou adaptações para telenovelas. Ao final da
década de 90, o médium contava com mais de quatrocentos títulos de livros psicografados. Nesse período, estimava-se em aproximadamente cinquenta milhões os livros espíritas circulando no Brasil, dos quais quinze milhões eram atribuídos a
Chico Xavier e doze milhões a
Allan Kardec.
No ano de
1994, o tablóide estadunidense
National Examiner publicou uma matéria em que, no título, declarava que
"Fantasmas Escritores Fazem Romancista Milionário". A matéria foi alardeada no Brasil com destaque pela hoje extinta revista
Manchete, com o título de
"Secretário dos Fantasmas", onde se declarava que, segundo informava a
National Examiner, o médium brasileiro ficou milionário, havendo ganho 20 milhões de dólares como
"Secretário dos Fantasmas".
A revista
Manchete continuava:
"Segundo o jornal, ele é o primeiro a admitir que os 380 livros que lançou são de 'ghost-writers', mas 'ghosts' mesmo, em sentido literal", concluindo que
Chico Xavier simplesmente transcreve as obras psicografadas de mais de 500 escritores e poetas mortos e enterrados.
O médium não respondeu, mas a
Federação Espírita Brasileira, por seu então Presidente
Juvanir Borges de Souza, editora de boa parte das obras de
Chico Xavier, enviou uma carta à revista em que informava utilizar os direitos autorais e a remuneração pelas obras de
Francisco Cândido Xavier para uso da caridade, o mesmo se passando com outras editoras, ressaltando que
"os direitos autorais são cedidos gratuitamente, visando a tornar o livro espírita bastante acessível e a contribuir, destarte, para a difusão da Doutrina Espírita".
O mesmo Presidente da
Federação Espírita Brasileira, em
4 de outubro daquele ano, por ocasião do
I Congresso Espírita Mundial, apresentou uma
"moção de reconhecimento e de agradecimento ao médium Francisco Cândido Xavier", aprovada pelo Conselho Federativo Nacional da
Federação Espírita Brasileira, em proposta apresentada pelo presidente da
Federação Espírita do Estado de Sergipe. No documento, as entidades representativas do espiritismo no Brasil devotavam a sua gratidão e respeito ao médium
"pelos intensos trabalhos por ele desenvolvidos e pela vida de exemplo, voltados ao estudo, à difusão e à prática do espiritismo, à orientação, ao atendimento e à assistência espiritual e material aos seus semelhantes".
Morte
O médium faleceu aos 92 anos de idade, em decorrência de
Parada Cardiorrespiratória, no dia
30 de junho do ano de
2002, mesma data da morte de
Chacrinha. Conforme relatos de amigos e parentes próximos,
Chico Xavier teria pedido a Deus para morrer em um dia em que os brasileiros estivessem muito felizes e em que o país estivesse em festa, por isso ninguém ficaria triste com seu passamento. O país festejava a conquista da
Copa do Mundo de Futebol daquele ano, no dia de seu falecimento.
Chico Xavier morreu cerca de nove horas depois da partida
Brasil x
Alemanha.
Homenagens
Chico Xavier foi eleito o mineiro do
século XX, seguido por
Santos Dumont e
Juscelino Kubitschek.
Recentemente, iniciou-se a construção de um centro em sua homenagem.
Filme Biográfico
Em 2 de abril de 2010, data em que
Chico Xavier completaria 100 anos, estreou
"Chico Xavier, O Filme", baseado na biografia
"As Vidas de Chico Xavier", do jornalista
Marcel Souto Maior. Dirigido e produzido pelo cineasta
Daniel Filho,
Chico Xavier é retratado pelos atores
Matheus Costa,
Ângelo Antônio e
Nelson Xavier, respectivamente, em três fases de sua vida: de 1918 a 1922, 1931 a 1959 e 1969 a 1975.
Psicografias
Chico Xavier psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a morte. Nunca admitiu ser o autor de nenhuma dessas obras. Reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam. Por esse motivo, não aceitava o dinheiro arrecadado com a venda de seus livros. Vendeu mais de cinquenta milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile. Psicografou cerca de dez mil cartas de mortos para suas famílias. Cedeu os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade desde o primeiro livro.
Suas obras são publicadas pelo
Centro Espírita União,
Casa Editora O Clarim,
Edicel,
Federação Espírita Brasileira,
Federação Espírita do Estado de São Paulo,
Federação Espírita do Rio Grande do Sul, Fundação Marieta Gaio,
Grupo Espírita Emmanuel S/C Editora,
Comunhão Espírita Cristã,
Instituto de Difusão Espírita,
Instituto de Divulgação Espírita André Luiz,
Livraria Allan Kardec Editora,
Editora Pensamento e
União Espírita Mineira. Mesmo não tendo ensino completo, ele escrevia em torno de seis livros por ano, dentre eles livros de romances, contos, filosofia, ensaios, apólogos, crônicas, poesias etc. É o escritor mais lido da América Latina.
Seu primeiro livro,
"Parnaso de Além-Túmulo", com 256
poemas atribuídos a poetas mortos, dentre eles os
portugueses João de Deus,
Antero de Quental e
Guerra Junqueiro e os brasileiros
Olavo Bilac,
Cruz e Sousa e
Augusto dos Anjos, foi publicado pela primeira vez em
1932. O livro gerou muita polêmica nos círculos literários da época. O de maior tiragem foi
"Nosso Lar", publicado no ano de
1944, atualmente com mais de dois milhões de cópias vendidas, atribuído ao espírito
André Luiz, sendo o primeiro volume da coleção de dezessete obras, todas psicografadas por
Chico Xavier, algumas delas em parceria com o
médico mineiro
Waldo Vieira.
Uma de suas
psicografias mais famosas, e que teve repercussão mundial, foi a do caso de Goiânia em que
José Divino Nunes, acusado de matar o melhor amigo,
Maurício Henriques, foi inocentado pelo juiz, que aceitou como prova válida, entre outras que também foram apresentadas pela defesa, um depoimento da própria vítima, já falecida, através de texto psicografado por
Chico Xavier. O caso aconteceu em outubro de
1979, na cidade de
Goiânia,
Goiás. Assim, o presumido espírito de
Maurício teria inocentado o amigo dizendo que tudo não teria passado de um acidente.
Acusações de Fraude
Durante décadas,
Chico Xavier produziu cartas psicografadas para pais e mães que o procuravam para ter notícias de seus filhos no além. Segundo um estudo da
Associação Médico-Espírita de São Paulo, de 1990, nomes de parentes apareciam em 93% das cartas e 35% delas tinham assinaturas semelhantes às dos falecidos. Sempre havia citações que davam impressão de familiaridade aos leitores a quem eram dirigidas.
A fonte dessas informações sempre esteve sob suspeita. Mesmo assim eram tidas como legítimas pelos familiares e chegaram a ser usadas como provas em três julgamentos.
Além das cartas, houve a polêmica com os muitos livros de
poesia e
prosa que
Chico Xavier produziu em nome de espíritos de escritores famosos do Brasil como
Olavo Bilac e
Castro Alves.
Chico Xavier colecionava cadernos com recortes de textos e poesias, notadamente dos autores espirituais que o procuravam.
O verdadeiro escândalo veio quando
Amauri Pena Xavier, sobrinho de
Chico Xavier, disse poder imitar as psicografias dele com truques e acusou o tio de ser também um impostor. Depois, sentindo-se culpado, ele retirou a acusação.
Durante os transes mediúnicos, eletroencefalogramas do médium mostraram que ele apresentava características clínicas que variavam da
epilepsia à
criptomnésia. Clinicamente ele nunca foi epiléptico.
Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ChicoXavier