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Roniquito

RONALD RUSSEL WALLACE DE CHEVALIER
(46 anos)
Economista

☼ Manaus, AM (1937)
┼ Rio de Janeiro, RJ (Janeiro de 1983)

Ronald Russel Wallace de Chevalier, mais conhecido por Roniquito, foi um economista nascido em Manaus no ano de 1937.

Filho do escritor Ramayana de Chevalier e irmão da atriz, jornalista, escritora e compositora Scarlet Moon, falecida em 05/06/2013, Roniquito talvez tenha sido o sujeito mais sem censura da história de Ipanema.

Segundo conta Ruy Castro, no livro "Ela é Carioca", o economista Roniquito de Chevalier foi o verdadeiro inventor da palavra "Aspone" (Assessor de Porra Nenhuma).

Ele às vezes entrava num botequim e se anunciava:
"Senhoras e senhores, aqui Ronald de Chevalier. Dentro de alguns minutos... Roniquito!"
Mesas estremeciam. Todos sabiam que aquele rapaz bem-nascido, bem vestido, bem-falante e de profissão economista, que acabara de entrar recitando Shakespeare ou Baudelaire, iria cumprir a ameaça.

Dali a três ou quatro uísques (não havia uma progressão, era de repente), ele se aproximava de alguém (o queixo proeminente quase espetando a cara do outro) e dizia alguma coisa tão ofensiva que fazia o outro espumar e partir para assassiná-lo. Talvez porque o que ele dissesse fosse a verdade.

Certa vez o cartunista Jaguar tentou acompanhá-lo por uma noite: Foram expulsos de quatro bares.

Scarlet Moon não lembra o ano exato, apenas que o fato se deu no começo da década de 70. Ladrões invadiram o Antonio's, principal reduto da boemia carioca, dominaram os frequentadores e começaram a esvaziar os caixas. Assustados, todos ficaram em silêncio, exceto um homem franzino, que interrompeu a ação diversas vezes insistindo para que os ladrões levassem também uma lista de pessoas e valores ao lado da caixa registradora: Era a relação dos devedores do bar, o "pendura".

Esse homem era Ronald Russel Wallace de Chevalier, o Roniquito, e a história é uma das muitas que cercam um dos personagens ao mesmo tempo mais amados e odiados da Ipanema dos anos 60 e 70. 

Roniquito era tão corajoso quanto frágil fisicamente. Escapou centenas de vezes de ser desmembrado ou de ter os ossos da face transformados em paçoca por punhos poderosos. Muitas vezes foi salvo pelos amigos, que brigavam por ele. Em outras, apanhou de verdade e aguentou firme.

Conta-se que, numa dessas, o sujeito que o espancava perguntou-lhe: "Chega ou quer mais?". E Roniquito, no chão, com o sapato do brutamontes sobre seu pescoço, ainda conseguiu olhar para cima e articular: "Cansou, filho da puta?".

Roniquito dizia o que pensava para qualquer um, não importava o cargo, a idade, a cor, o sexo, ou o tamanho da pessoa.

Umas dessas foi o cronista Antônio Maria, que, sozinho, seria capaz de massacrar vinte Roniquitos. Numa discussão no Bottle’s Bar, no Beco das Garrafas, em 1962, Roniquito provocou Antônio Maria ao duvidar de sua competência como homem de televisão. Para ele, homem de televisão era seu amigo Walter Clark, então diretor comercial da TV Rio e que estava calado na mesa, temendo o pior.

Roniquito ofendia Antônio Maria e pedia o testemunho do boêmio dentista Jorge Arthur Graça, o "Sirica", também sentado com eles. Antônio Maria aguentou enquanto pôde, até que Roniquito soltou a frase final: "Antônio Maria, você foi parido por um ânus!".

Ao ouvir isso, Antônio Maria ficou vermelho e atirou-se enfurecido sobre RoniquitoWalter Clark e quem mais estivesse por ali. A muito custo, foi contido por Jorge Arthur Graça e mais uns dez.

Walter Clark e Roniquito eram amigos de adolescência em Ipanema. Conheceram-se no Colégio Rio de Janeiro, depois de uma prova de redação na qual Walter Clark, recém-chegado de São Paulo, teria tirado 10. A primeira frase de Roniquito para Walter Clark foi: "Você é o garoto que tirou 10? Você me parece bem medíocre...". Nunca mais se separaram.

Nos anos 60, Walter Clark contratou Roniquito para trabalhar na administração da TV Rio e toureou os insultos que Roniquito disparava contra o próprio chefe, Péricles do Amaral.

Quando Walter Clark saiu para fazer a TV Globo, em 1965, levou Roniquito com ele. Com o estrondoso sucesso da TV Globo a partir de 1970, a máquina começou a andar sozinha e Roniquito e o próprio Walter Clark pareceram ficar sem função. Dizia-se que a única utilidade de Roniquito era beber uísque com Walter Clark durante o expediente - em xícaras de chá, para dar menos na vista.

Foi quando, ao ser perguntado sobre o que fazia na TV Globo, Roniquito respondeu com a expressão depois popularizada por Carlinhos de Oliveira:
"Sou aspone. As-po-ne. Assessor de porra nenhuma!"
A palavra, consagrada nacionalmente, ainda não chegou ao Dicionário Aurélio.

Mas não era bem assim. Na própria TV Globo, sua atuação esteve longe de ser a de um "Aspone". Numa época de crise, por exemplo, ajudou a equacionar uma pesada dívida da TV Globo para com a Receita Federal.

Roniquito era um economista brilhante, ex-aluno de Octávio Gouveia de Bulhões, Roberto Campos e Mário Henrique Simonsen, e fora o orador da sua turma, da qual fazia parte Maria da Conceição Tavares.

Em fins dos anos 50, saiu da faculdade para um emprego na Comissão Econômica Para a América Latina (CEPAL). Mário Henrique Simonsen, por sinal, vivia consultando-o sobre questões econômicas, antes, durante e depois de ser Ministro do Planejamento do governo de Ernesto Geisel - e sendo derrotado por ele no xadrez.

Sóbrio, Roniquito trabalhava também no Ministério da Fazenda, escrevia uma coluna semanal no Correio Braziliense e dava palestras em universidades e cursos de pós-graduação. E, sóbrio ou ébrio, passava a impressão de ser íntimo de todos os livros do mundo: Falava inglês e francês, sabia poetas inteiros de cor e conhecia muita literatura, sendo apaixonado por William Faukner.

Suas estantes eram impecáveis, com os livros organizados por assunto, todos sempre à mão. Em música Roniquito era capaz de assobiar até os clássicos. Parte dessa erudição lhe vinha de família: Seu pai, o amazonense Walmik Ramayana de Chevalier, era poeta e médico. O Ramayana do nome era uma referência ao célebre poema hindú.

Walmik Ramayana de Chevalier carimbou seus filhos com nomes bonitos, mas, para brasileiros, estrambóticos: Roniquito era Ronald Russel Wallace de Chevalier. Dois de seus irmãos eram Stanley Emerson Carlyle de Chevalier e, claro, Scarlet Moon de Chevalier.

Por intermédio do pai, Roniquito ainda usava calças curtas quando se sentou para beber pela primeira vez com Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos. Ou seja, já começou entre os profissionais. Na mesma época, para exibir Roniquito, o pai mandou-o imitar Ruy Barbosa para Lúcio Cardoso. Roniquito imitou Ruy Barbosa à perfeição, com todos os pronomes no lugar. Lúcio Cardoso ficou fascinado: "Nunca vi um menino de dez anos beber tão bem!".

Muitos anos depois, Lúcio Cardoso deu-lhe para ler os originais de seu romance "Crônica da Casa Assassinada" e pediu-lhe sua opinião.

Mas, quando Lúcio Cardoso o enxotou de uma festa em seu apartamento por ele estar zombando do namoro secreto de Paulinho Mendes Campos com Clarice Lispector, Roniquito foi para debaixo da janela de Lúcio Cardoso e começou a gritar o insulto que, na sua opinião mais o ofenderia: "Faukner do Méier! Faukner do Méier!".

A relação de Roniquito com os escritores era cruel. Ao cruzar com Fernando Sabino num restaurante, Roniquito perguntou-lhe: "Fernando Sabino, quem escreve melhor, você ou Nelson Rodrigues?".

Fernando Sabino gaguejou: "Bem... Nelson Rodrigues, é claro!".

Mas Roniquito fulminou: "E quem é você para julgar Nelson Rodrigues?".

Roniquito fez pior com o suave Antônio Callado, a quem perguntou se já tinha lido FaulknerAntônio Callado disse que, evidentemente, já tinha lido. Roniquito então disse: "Bem, se já leu Falkner, você sabe que você é um bosta!".

Para Roniquito, segundo a crônica escrita por Ferreira Gullar, a música do amigo Tom Jobim seria uma simples cópia da música do maestro Villa-Lobos. Clarice Lispector surgiria como uma "wannabe" Virginia Woolf.

Amicíssimo de seus amigos, certa vez Roniquito foi ao velório de um deles, entrou na sala errada e, diante da família compungida esbravejou: "Esse defunto é horroroso! O nosso é muito mais bonito!". Sob o mesmo tema escapou de várias surras no circuito Ipanema-Leblon, quando ao chegar nos bares e verificar a ausência dos seus amigos dizia: "O lugar está cheio de ninguém!".

Comemoração de vitória do Fluminense no Antônio's Bar
Na foto, da esquerda para direita, o garçom Marcos Vasconcellos, Roniquito Chevalier, Nelson Motta, Chico Buarque e Lúcio Rangel
Se Roniquito se limitasse a desfeitear os amigos, seria apenas um bebum inconveniente. Mas ele também não tinha a menor cerimônia com o poder, nem mesmo quando esse era o truculento poder militar. Certa vez, numa recepção na TV Globo, Roniquito foi apresentado a um general. Depois de certificar-se de que ele nunca lera Machado de Assis, perguntou-lhe se pelo menos entendia de música. O general hesitou e Roniquito exemplificou: "Nem essa?". E, com a voz e os dedos imitando uma corneta, solou o toque da alvorada.

Em outra visita de autoridades à TV Globo, Roniquito perguntou a Pratini de Moraes, Ministro dos Transportes do governo Emílio Garrastazu Médici, se ele sabia o tamanho de um vergalhão. O ministro vacilou e Roniquito emendou: "Pois devia saber, porque o governo está enfiando um vergalhão no rabo do povo!".

De outra feita, no governo de Ernesto Geisel, quando Roniquito conversava com o seu amigo, o Ministro da Previdência Luiz Gonzaga do Nascimento Silva, outro ministro, Severo Gomes, este da Indústria e Comércio e dono dos cobertores Parahyba, tentou se meter. Roniquito cortou-o: "Não estou falando com fabricante de lençóis!".

Em todas essas ocasiões, Roniquito foi salvo do opróbrio na Globo porque era adorado por Walter Clark e Boni. Chegou a ser posto de quarentena diversas vezes, mas a punição nunca era mais do que simbólica. De certa forma, Roniquito era o que Walter Clark, com todo o seu poder, gostaria de ser: Fino de berço e grosso por opção - Walter Clark era o contrário.

Mas a maior sem-cerimômia de Roniquito para com o poder foi em 1967 e envolveu o Marechal Costa e Silva, já presidente. Segundo a história muito bem contada por Ferdy Carneiro, Roniquito estava ciceroneando um figurão americano convidado do Governo, a pedido de Nascimento Silva. Naquela manhã ele levou o visitante para almoçar no restaurante do Museu de Arte Moderna (MAM). Antes de irem para a mesa, resolveram reforçar-se no bar com alguns uísques.

Por coincidência, na mesma hora, Costa e Silva também estava no Museu de Arte Moderna (MAM) para almoçar. A comitiva presidencial, sem as normas de segurança que depois se tornariam comuns, passou por Roniquito no momento em que este catava seu isqueiro no paletó para acender um cigarro.

Com o cigarro no canto da boca, Roniquito viu o presidente. Avançou, cravou o queixo nas medalhas de Costa e Silva e perguntou: "O senhor tem fogo?".

Os seguranças, como que subitamente acordados de um rigor mortis, pularam sobre ele. O americano, sem entender o que se passava e já incapaz de fazer um quatro, se a isso fosse solicitado, balbuciou qualquer coisa como "Whatthegoddamfuckdoyouthinkyouredoin'" e foi também abotoado.

Os dois foram levados para o 3º Distrito, na Rua Santa Luzia, por desacato à autoridade. Diante do delegado, o americano esbravejava com voz pastosa: "I’m an American shitizen! Call the embashy!".

O delegado perguntou: "Quê que o gringo tá falando?".

"Ele tá dizendo que a polícia no Brasil é uma merda!", traduziu Roniquito.

"Ah, é? Pois ele vai ver o que é merda!", bramiu o delegado.

O americano pediu para usar o telefone. Roniquito traduziu: "Ele está dizendo que no Brasil ninguém respeita os direitos humanos!".

"Direitos humanos é o cacete! Ele vai entrar no pau!", ganiu o delegado.

O americano perguntou a Roniquito por que o delegado estava tão brabo.

Roniquito sussurrou para o delegado: "Agora ele está dizendo que o Brasil é uma ditadura facista!".

Por sorte, quando estava prestes a ser apresentado ao pau-de-arara, o americano conseguiu mostrar um documento com o emblema do governo americano. Foi dado o telefonema e, em poucos minutos, chegaram as tropas da embaixada e do Itamaraty para libertar Roniquito e o gringo.

Mas, por causa de Roniquito, concluiu Ferdy Carneiro, por pouco não se declarou uma guerra entre o Brasil e os Estados Unidos, tendo como pivô um palito de fósforo.

Não admira que Roniquito não tenha sido levado a sério quando se ofereceu para ser trocado pelo embaixador Burke Elbrick, sequestrado em 1970.

Roniquito deixou sua marca como boêmio num Rio de Janeiro que não existe mais. Uma boa fonte de assunto para mesa de bar numa sexta-feira. E foi assim certa noite em 1964, quando bebia com Paulo César Saraceni e Armando Costa num bar de Copacabana. Os três esculhambavam o golpe e as Forças Armadas em altos brados. Numa das mesas próximas havia um grupo de militares que se sentiu ofendido. Os militares foram à 13ª Delegacia e convocaram a polícia para prender os difamantes.

Armando Costa estava no banheiro quando os policiais chegaram. Ao se aproximarem da mesa, foram desacatados por Roniquito. Levaram Paulo César Saraceni e ele presos. Armando Costa, saindo do lavabo, tentou ser preso também mas não conseguiu.

Na delegacia, embora Paulo César Saraceni e o delegado tentassem, não conseguiam aplacar a ira roniquitianaPaulo César Saraceni ligou para Tio Pandiá, que chegou prontamente, conversou com o delegado e convenceu-o a liberar os dois.

Conseguiu porque o delegado não aguentava mais o discurso irado de Roniquito. Num determinado momento, Paulo César Saraceni disse que ia embora e levaria o Tio Pandiá com ele, para ver se Roniquito se acalmava e ia junto. Mas Roniquito estava tomado de ódio dos militares e continuava sua peroração. Tio Pandiá e Paulo César Saraceni fizeram menção de partir. Desta vez foi o delegado que estrilou: "Pelo amor de Deus! Não deixa esse cara aqui não!"

Livre dos espíritos, Roniquito era um gentleman. Beijava as mãos das senhoras e encantava-as com sua inteligência e educação. Mas era bom não confiar. A poção que o fazia passar de Drº Jekyll a Mr. Hyde, ou de Drº Roni a Mr. Quito, segundo Marcos de Vasconcelos, vinha em toda espécie de garrafas. Com uma única palavra ele seria capaz de provocar um terremoto.

Uma elegante senhora do Flamengo, que só conhecia o seu lado fino, convidou-o para um jantar em sua casa. Roniquito comportou-se bem no jantar, mas bebeu vinho demais, desmaiou sobre o prato e foi levado roncando para um sofá.

Terminado o jantar, um dos convidados propôs uma brincadeira então na moda, "A palavra é...".

No meio do jogo, Roniquito deu sinais de que estava acordando. A dona da casa achando que ele queria participar da brincadeira, foi até o sofá, de mãos postas e com um sorriso de beatitude: "Roniquito, a palavra é...".

E Roniquito, meio zonzo de sono: "Ca-ra-lho".

Naturalmente, foi expulso pelo filho da anfitriã.

Quem o conhecesse mal, diria que Roniquito tinha um temperamento bélico. Mas era a sua falta de paciência para com os enganadores que o levava a ser radical. Poucos meses depois do golpe de 1964, intelectuais reunidos no Teatro Santa Rosa promoviam um debate emocionado e anódino sobre os "Caminhos da Democracia no Brasil". Propunham "Estratégias de Ação".

Foi quando se ouviu, do fundo da platéia, sua voz característica: "Muito bem. E quem vai fornecer as metralhadoras?". O debate acabou ali.

Roniquito ganhou sua biografia "Drº Roni & Mr. Quito - A Vida do Amado e Temido Boêmio de Ipanema", escrita por Scarlet Moon de Chevalier, sua irmã e lançada em setembro de 2006.

Drº Roni & Mr. Quito
A Vida do Amado e Temido Boêmio de Ipanema

Optando por um andamento cronológico, o livro de Scarlet Moon de Chevalier, que traz no nome uma referência a Drº Jekyll e Mr. Hyde, do livro "O Médico e o Monstro", de Robert Louis Stevenson, apresenta Roniquito, que era alcoólatra, no auge de sua lenda etílica mas também flagra a sua faceta mais sóbria, quando, por exemplo, na qualidade de economista respeitado, dava orientações de investimento a um garçom do Antonio's - que, por conta da ajuda e dos conselhos financeiros do amigo, conseguiu comprar um táxi após o fechamento do lugar.

Um dos fundadores da Banda de Ipanema, Roniquito teve em sua vida postos mais sérios. Trabalhou com Carlos Lessa na Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), como chefe do Serviço Econômico e Financeiro da Carteira de Cooperativas do Banco Nacional da Habitação (BNH), como assessor de Walter Clark na TV Globo e no Ministério da Fazenda. Nem por disso deixou de carnavalizar a pompa: A ele costuma ser atribuída a cunhagem da palavra "Aspone", diminutivo de "Assessor de Porra Nenhuma", vocábulo já acolhido pelo Dicionário Houaiss. 

Não rejeitando o mito, mas sem o edulcorar, o livro de Scarlet Moon ajuda a deixar ver as possíveis contradições e sofrimentos escondidos na figura pública de Roniquito de Chevalier.

No livro, Scarlet Moon conta, pela primeira vez em público, o episódio de sua prisão por porte de droga, em meados dos anos 70, segundo ela, involuntariamente por culpa do irmão. É o momento mais comovente do livro, pois passar três meses num presídio mudou sua vida e rompeu uma ligação que havia entre os dois.


Na época, ainda sob o impacto da raiva e da mágoa, ela escreveu uma carta ao irmão, que nunca respondeu ou falou do assunto. "Só quando eu fui escrever o livro, minha outra irmã, Bárbara, que havia arrumado as coisas de Roniquito após a morte dele, me entregou a carta. Ele a guardara por mais de cinco anos, sinal de que ficara tocado", disse. "Hoje, relendo aquela carta, me sinto moralista, como se quisesse ensinar a ele como viver".
"Andei sabendo que você anda triste, sem mulher, arrasado e sentindo-se culpado por toda essa situação que estou vivendo. [...] As penas que eu própria busquei, estou dando um jeito, e agindo, para deixá-las. Quanto a você? Tem só se lamentado e enchido a cara! Continua não confiando em seu potencial intelectual e criativo! [...] Inteligência a serviço da vacilação não leva a nada. E olha, cadeia é muito triste!"
Foram dez anos de entrevistas com amigos do irmão, 13 anos mais velho e ciumento da caçula da família, e muitas idas à Biblioteca Nacional para pesquisar os jornais da época, porque Scarlet Moon não se atém nas histórias de sua família, dá um painel da época, de como as coisas aconteciam num passado utópico em que havia uma ditadura, mas as pessoas insistiam em criar e em ser felizes, embora nem sempre fosse possível realizar os dois projetos.

Ela não doura a pílula, pois conta que o irmão, alcoólatra que chegou a um estado terminal, levou a cabo três casamentos por não suportar a rotina das pessoas comuns, e sabia ser perverso e destruidor. "No entanto, quando fui conversar com seus filhos, cada um contou uma história mais comovente da convivência com o pai", lembra Scarlet Moon. "Isso se repetiu várias vezes e, mesmo com toda a convivência, me surpreendi com o que descobri de sua vida".

Embora seja personagem dessa biografia, Scarlet Moon quase não aparece no livro e suas histórias só estão lá quando explicam o irmão. E olha que ela tinha casos para contar. Foi modelo aos 14 anos, quando nenhuma menina ainda sonhava com essa profissão, uma das fundadoras do Jornal Hoje, da TV Globo, e, durante quase três décadas, musa e mulher do roqueiro Lulu Santos, que sempre destacou a influência dela em sua música. "Eu não queria falar de mim e sim de Roniquito e de seu tempo".

Morte

Roniquito foi atropelado em dezembro de 1981, em frente ao Antonio’s. Um fusca o acertou, quebrou-lhe as duas pernas, jogou-o longe e fugiu sem socorrê-lo. Um ônibus que vinha atrás viu o acidente e parou. O motorista recolheu Roniquito, colocou-o no ônibus e levou-o para o Hospital Miguel Couto.

Histórias surgiram até em torno desse atropelamento. Segundo uma delas, ao passar voando defronte da varanda do Antonio’s e ao ver o ar assustado dos amigos, Roniquito teria perguntado: "O que foi, porra? Nunca viram o Super-Homem?".

Na verdade, o atropelamento lhe seria fatal. Roniquito quebrou as pernas em vários lugares, teve sequelas graves e foi submetido a seis operações durante o ano de 1982.

Como todo filho de médico, gostava de se automedicar e passou a tomar uma farmácia de remédios. Mas não parou de beber - mesmo de bengala e pé engessado, chegou a ir algumas vezes à Plataforma, fazendo piada com a própria desgraça.

Roniquito também foi visto em restaurantes tomando um líquido que parecia café. Ao ser perguntado, "Tomando café, Roniquito?", respondeu: "Estou. Irish cofee!" (café com uísque). Mas era também asmático e o uso da bombinha, misturado a bebida e remédios, provocou-lhe uma insuficiência cardíaca.

Quando teve um infarto fulminante, em janeiro de 1983, estava sozinho em seu apartamento no Posto 6. Só o encontraram horas depois.

Roniquito foi sepultado com o pé no gesso e de olhos abertos.

O anúncio da sua morte no Jornal do Brasil era uma enciclopédia da vida brasileira. Tinha de ministros de Estado a garçons de botequim. Carlinhos Oliveira disse a seu respeito:
"Ninguém podia ser patife perto dele. Ninguém ousava!"
Paulo Francis escreveu um comovente obituário na Folha de S. Paulo:
"Roniquito fazia o que não temos coragem de fazer - virar a mesa contra os horrores brasileiros. Mas, o leitor dirá, por que então não escrever jornalismo polêmico ou até ficção? É uma boa pergunta. Mas talvez a resposta esteja no Brasil. Nosso horror é de uma tal ordem de vulgaridade que uma resposta vulgar de baderneiro talvez seja mais adequada do que análises ou contra-modelos. Roniquito manteve uma juventude, uma infância de poeta: Protestava em pessoa, pondo a vida em risco tantas vezes, pela gente que desafiava"
Para seu amigo Jaguar, muito mais que um herói-bandido, Roniquito foi um mistério:
"Todos nós morremos de saudade de um sujeito que vivia nos desmoralizando!"
Roniquito viveu pouco e, apesar do muito que aprontou (ou talvez por isso), deixou muitos amigos, famosos como a cantora Nana Caymmi, o jornalista e escritor Sérgio Cabral e o ator Hugo Carvana, e muitos anônimos.

#FamososQuePartiram #Roniquito

Elizete Gomes da Silva

ELIZETE GOMES DA SILVA
(46 anos)
Atleta

☼ (1971)
┼ PR-445, Distrito de Irerê, Londrina, PR (22/09/2017)

Elizete Gomes da Silva foi uma atleta, tricampeã brasileira e sul-americana de heptatlo, nascida em 1971.

Com títulos conquistados no heptatlo, Elizete foi campeã sul-americana em 2001, em 2005 e em 2006. Venceu o Troféu Brasil em 2001, 2003 e 2008. Conquistou a sexta posição no Pan-Americano do Rio de Janeiro, em 2007.

Dois anos antes de se aposentar, em 2009, conseguiu no heptatlo 5.766 pontos. Foi também por seis anos seguidos a primeira colocada do ranking brasileiro.

Em agosto, como técnica da Secretaria de Esportes de Cambé, comandou a equipe de atletismo masculino da Escola Estadual Valdir Umberto de Azevedo, do Jardim Ana Eliza 3, e comemorou junto com seus atletas a conquista do título da modalidade na 64ª Edição dos Jogos Escolares do Paraná, Fase Final, realizada em Cambé.

Aos 41 anos, Elizete, à esquerda, recebe a medalha de prata no Heptatlo
Entrevistada pela equipe de jornalismo do evento, Elizete Gomes da Silva disse que a conquista era o resultado de um trabalho realizado com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes de Cambé. 
"Estamos colhendo os frutos. Fui atleta por muitos anos da Seleção Brasileira e com a experiência adquirida para fazer uma preparação. O resultado está aí, estou muito feliz pelos meus atletas e também por ser meu primeiro título como treinadora!"
Dois dos seus atletas da Escola Valdir Umberto de Azevedo estavam em Curitiba neste fim de semana participando dos Jogos da Juventude.

Anos antes, em 2012, ela estava com 41 anos quando participou, mesmo aposentada, do Jogos Abertos do Paraná e foi vice no heptatlo. Também naquela ocasião disse à assessoria de comunicação dos organizadores do evento que resolveu participar dos 55º Jogos Abertos do Paraná (JAPs) para incentivar seus alunos e os demais atletas de sua cidade, Cambé.
"Eu vim para brincar, para representar Cambé e incentivar meus alunos, até porque muitos deles disseram que nunca me viram competir. A cabeça quer muito competir, mas o corpo sente. Mesmo assim, foi bacana, fiquei muito feliz de participar dos Jogos e ainda ganhar uma medalha, mesmo sem ter treinado nada!"
Morte

Elizete Gomes da Silva morreu na tarde de sexta-feira, 22/09/2017, em um acidente envolvendo um caminhão e dois carros na PR-445, próximo ao Distrito de Irerê, em Londrina, PR. Outras três pessoas faleceram na batida, uma delas após ser levada a um hospital da região.

Segundo a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), Elizete Gomes da Silva e as três outras vítimas estavam em um veículo Volkswagen Fox, com placa de Cambé, no norte do Paraná. Também foi afirmado que um motociclista que tentava uma ultrapassagem recuou. O motociclista trafegava no mesmo sentido do Fox e na frente do caminhão seguia uma Van, que freou para evitar colisão com a moto. Logo atrás, o caminhão foi jogado de frente ao Fox para evitar bater na traseira da Van.

Estavam no veículo Elizete Gomes da Silva, 46 anos, Giselda Gomes da Silva, 51 anos, Clair Faustina Santos Soares, 56 anos, e Rossana Regina Freire de Figueiredo, 58 anos, que chegou a ser socorrida com vida, mas não resistiu a caminho do hospital. As demais morreram no local do acidente. O motorista de uma caminhonete Nissan Frontier e seu neto, de 10 anos, também se envolveram no acidente, porém não tiveram ferimentos.

Indicação: Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #ElizeteGomesdaSilva

Sidney Cipriano

SIDNEY CIPRIANO
(46 anos)
Cantor

☼ São Paulo, (24/10/1964)
┼ Sorocaba, SP (01/02/2011)

Sidney Cipriano foi um cantor nascido em São Paulo, SP, no dia 24/10/1964. Ele era vocalista do Fat Family, grupo musical formado por irmãos que se destacam pela potência das vozes. Após partir para carreira solo passou a ser conhecido por Sidney Sinay.

Sidney Cipriano apareceu na mídia em 1998, ao lado dos irmãos, no grupo Fat Family, que se destacava pelo estilo musical e tom de voz de seus integrantes. A banda fez vários sucessos, principalmente no final da década de 90 e início dos anos 2000.

Participou dos primeiros discos de sua banda de origem, que foram gravados e lançados entre 1998 e 2004. Nesta época, ainda ao lado dos irmãos, se apresentava como Sidney Cipriano.

Sidney Cipriano deixou o Fat Family em 2005, quando o grupo se tornou Gospel.

Curiosamente, ele partiu para carreira solo, também no meio Gospel, mas, se apresentando agora com o nome artístico de Sidney Sinay.

Em 2007 lançou seu primeiro e único disco solo, intitulado "Sidney Sinay Um Novo Homem". O disco, que possui 13 faixas, tem como destaque as canções: "Pra Adorar", "Deus da Provisão", "Cristo Vive", "Sonda-me" e "Coração de Adorador".

Morte

Sidney Cipriano faleceu na noite de terça-feira, 01/02/2011, aos 45 anos, no Hospital Regional de Sorocaba, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele estava internado desde o dia 07/01/2011. A assessoria do hospital informou que ele teve uma parada cardiorrespiratória.

Fat Family

Fat Family teve sua origem na cidade de Sorocaba, SP, formado inicialmente pelos irmãos SidneyCelinhoCelinhaSimoneSuzettiKátia e Deise CiprianoSuely (ex-enfermeira padrão) entrou no grupo a partir do segundo álbum da banda no ano de 1999.

Inspirados por cantores norte americanos como Whitney HoustonChaka KhanAretha FranklinJames Brown, e a tradicional música gospel americana, o grupo atraiu notoriedade rapidamente no Brasil e no mundo.

Fat Family atraiu a atenção do Brasil no final da década de 90, mais precisamente em 1998. Em programas de televisão os irmãos de peso integrantes do grupo (fato que dá nome a banda), começaram a se apresentar inspirados em grupos vocais norte-americanos do estilo gospel.

O grupo também ficou conhecido pela sua "coreografia do pescoço", que todos os fãs tentavam imitar, mas o julgavam difícil. Além do integrante Celinho ensinar para o público como se fazia o pescoço em vários programas. Mas vozes sincronizadas, agudas e graves com bastante nitidez, é o que mais se destacava.

O primeiro sucesso do grupo foi "Jeito Sexy", versão de "Shy Guy" de Diana King, canção do primeiro álbum, "Fat Family", lançado em 1998. Este álbum vendeu cerca de 250 mil cópias. Em 1998, a canção "Onde Foi Que Eu Errei?", foi o tema da personagem da atriz Cláudia Jimenez na novela "Torre de Babel", da TV Globo. No Natal daquele mesmo ano, o grupo fez uma participação especial no seriado "Sai de Baixo", onde cantaram a música "Noite Feliz".

Em 1999 foi a vez da canção "Gulosa" que foi o tema de abertura da novela "Andando Nas Nuvens", também da TV Globo. No mesmo ano o grupo recebeu a mais nova integrante, Suely, formando assim um octeto, lançaram o segundo CD, intitulado "Fat Festa". Os sucessos deste álbum ficaram por conta das canções "Eu Não Vou""Madrugada""Fat Family", versão de "We Are Family", composta por Nile Rodgers para o grupo Sister Sledge, e a regravação a capela de "Oh Happy Day".

No fim do ano foi a vez do grupo estrear nas telonas juntamente com a apresentadora Xuxa Meneghel no filme dela, chamado "Xuxa Requebra". No filme, eles interpretaram os Fat Capangas, que foram contratados pela personagem de Elke Maravilha, que era a antagonista. No final do filme, o grupo cantou a canção "Chegou a Festa", do CD "Fat Festa". Com roupas brancas e posicionados como um coral, foram regidos pela mãe deles, Nelita Cipriano.

Em 2001, o grupo lançou o terceiro álbum pela gravadora EMI Music, intitulado "Pra Onde For, Me Leve". A regravação da faixa "Fim de Tarde", que foi o grande sucesso da cantora Cláudia Telles, também obteve êxito nas rádios. Outros singles foram: "Pra Onde For, Me Leve""Sem Parar""Noite de Setembro", versão de "September" de Earth, Wind And Fire, e "Pudera", gravado primeiramente por Tim Maia. Este foi o último trabalho do grupo pela gravadora EMI.

Em 2003, o grupo lançou o quarto CD, intitulado "Fat Family", pela gravadora Sum Records. Este álbum do grupo trouxe uma grande variedade de estilos, entre eles o MPB e o Gospel. O álbum inteiro foi feito de regravações de grandes sucessos nacionais e internacionais e entre eles estão: "Lilás", de Djavan"Amor de Índio", de Milton Nascimento "Força Estranha" de Caetano Veloso.

As regravações gospel foram "Joyful, Joyful", gravada originalmente para o filme "Mudança de Hábito 2""Poor Pilgrim Of Sorrow""O Homem de Nazareth" e "Deus é o Amor", essa em especial, recebeu também uma versão remixada no mesmo álbum.

Conversão ao Cristianismo

Fat Family se converteu ao Cristianismo em 2003, na sua própria casa, por intermédio de Deise Cipriano, a irmã caçula. Por onde o Fat Family passa, em igrejas de todo o Brasil, Deise Cipriano conta como foi a conversão de sua família. Ela conta que foi em um culto na casa do lutador de vale-tudo, Vitor Belfort, amigo da família. Lá ela se converteu ao Cristianismo, e logo depois os outros membros da família também se converteram.

Cirurgias de Redução do Estômago

Em 2005, Sônia, empresária do grupo e irmã, fez a cirurgia de redução do estômago.

Em 01/02/2005, os integrantes CelinhoSuzetti e Kátia se submeteram à cirurgia de redução do estômago. Eles eliminaram juntos 177 kg.

Em 2007, a integrante Simone, também se submeteu a mesma cirurgia feita pelos irmãos SôniaCelinhoSuzetti e Kátia.

Saídas do Grupo e Carreiras Solo

Partindo para carreira solo no gênero gospel, deixaram o grupo em 2006: Sidney Cipriano, que adotou o nome artístico de Sidney Sinay e Celinha Batista.

Sidney Cipriano gravou um CD gospel em 2007 intitulado "Sidney Sinay: Um Novo Homem"Celinha Batista já tem três CDs gravados: "Tua Palavra" (2011), "Um Novo Tempo" (2013) e "Teu Espírito" (2015). Atualmente, usa o nome Célia Soul.

Suely Cipriano deixou o Fat Family em 2016, mas não seguiu carreira solo.

Fonte: Wikipédia

Andréa Maltarolli

ANDRÉA MALTAROLLI
(46 anos)
Autora de Telenovelas

* Rio de Janeiro, RJ (28/09/1962)
+ Rio de Janeiro, RJ (22/09/2009)

Escreveu novelas como Malhação e foi colaboradora do autor Sílvio de Abreu. Escreveu, em 2008, Beleza Pura, sua primeira e única novela como autora principal. Ela também colaborou com outros programas da TV Globo, como Escolinha do Professor Raimundo e Zorra Total.

Formada em História e em Comunicação Social, Andréa Maltarolli fez sua estreia na televisão um ano após chegar à Rede Globo, em 1995, na primeira fase do seriado Malhação, sendo uma das criadoras deste que tornou-se o maior seriado da televisão brasileira. Permaneceu na equipe de roteiristas até 2002. A partir daí passou a desenvolver outros projetos, entre eles sinopses de novelas.

Em 2005, teve a sinopse da novela Operação Vaca Louca aprovada. A trama, uma comédia rural,que acabou não sendo realizada. Em 2008, Andréa estreou sua primeira novela solo, Beleza Pura, no horário das sete da noite da Rede Globo.

Em setembro de 2009, Andrea Maltarolli faleceu em decorrência de um câncer, no Rio de Janeiro, aos 46 anos de idade.

Na época, Andrea estava preparando uma nova trama, com título provisório de "As Quatro Estações". Com a morte da autora, o projeto foi assumido por Maria Adelaide Amaral.

Fonte: Wikipédia

Cláudio Chirinhan

CLÁUDIO CHIRINHAN
(46 anos)
Humorista

☼ São Paulo, SP (14/08/1963)
┼ São Paulo, SP (02/02/2010)


Cláudio Chirinhan foi um comediante e cantor nascido em São Paulo, SP, no dia 14/08/1963.

Cláudio Chirinhan ficou conhecido por seu personagem ET, que fez dupla com Rodolfo no "Programa Ratinho Livre", em 1997. O sucesso da dupla fez com que ela fosse contratada pelo SBT, em 1998, para o "Domingo Legal", apresentado por Gugu Liberato.

Rodolfo & ET

Rodolfo começou a carreira como repórter na Rádio Cruzeiro, no município de Cruzeiro, SP. Posteriormente, foi assistente do apresentador Ratinho no programa "190 Urgente", na CNT/Gazeta.

Juntamente com o apresentador, transferiu-se para a TV Record em 1997, onde tornou-se conhecido nacionalmente quando compôs uma dupla humorística Rodolfo & ET no programa "Ratinho Livre".

O sucesso da dupla fez Rodolfo e seu parceiro ET serem contratados pelo SBT em fevereiro de 1998, para trabalharem no programa "Domingo Legal". No programa, a dupla possuía um quadro fixo, onde acordavam artistas, incluindo várias tentativas frustradas de acordar o próprio dono do SBT, Sílvio Santos.

Com ET, Rodolfo gravou um CD com músicas humorísticas, produzido por Rick Bonadio, que vendeu mais de 100 mil cópias, sendo premiado com Disco de Ouro pela Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD).

Com o fim da dupla em janeiro de 2001, Rodolfo manteve-se como repórter do "Domingo Legal" até julho de 2009 quando pediu demissão, Rodolfo trabalhou no SBT por 11 anos.

Morte

Cláudio Chirinhan faleceu à 1h30 de terça-feira, 02/02/2010, vítima de uma parada cardíorrespiratória em decorrência de choque séptico, broncopneumonia e insuficiência renal. Ele estava internado em coma induzido no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Cláudio Chirinhan sofria de problemas cardíacos, além de pulmonares gerados pelo tabagismo, o que o levou a ser internado no Hospital Cruzeiro do Sul, em Osasco, no último dia 16/01/2010. Segundo seu irmão, Fábio Chirinian, o quadro se agravou e por isso ele foi transferido de hospital.

O velório de Cláudio Chirinhan aconteceu na manhã de terça feira, 02/02/2010, no Cemitério Bela Vista, no centro de Osasco, e o enterro ocorreu no mesmo local, às 16h00.

Diversos amigos e familiares estiveram no local, como Walter Wanderley, o Goiabinha, diretor do programa "Domingo Legal", do SBT, que comandou as matérias externas de Rodolfo & ET.

Dona Tereza Chirinhan, mãe de Cláudio Chirinhan, estava muito emocionada durante a cerimônia e ficou quase o tempo todo ao lado do caixão.

Cláudio Chirinhan foi velado com o famoso terno branco, que utilizava durante suas matérias como ET.

Discografia

  • 1998 - Rodolfo & ET
  • 2000 - Deus Ajude que Venda

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ClaudioChirinhan

Carmen Miranda

MARIA DO CARMO MIRANDA DA CUNHA
(46 anos)
Cantora e Atriz

* Marco de Canaveses, Portugal (09/02/1909)
+ Beverly Hills, Estados Unidos (05/08/1955)

Carmen Miranda, foi uma cantora e atriz luso-brasileira. Sua carreira artística transcorreu no Brasil e Estados Unidos entre as décadas de 30 e 50. Trabalhou no rádio, no teatro de revista, no cinema e na televisão. Chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos. Seu estilo eclético faz com que seja considerada precursora do tropicalismo, movimento cultural brasileiro surgido no final da década de 60.

Infância

Carmen Miranda recebeu o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha. Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto Cunha (1887-1938) e de Maria Emília Miranda (1886-1971). Ganhou o apelido de Carmen no Brasil, graças ao gosto que seu pai tinha por óperas.

Pouco depois de seu nascimento, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro. Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido, acompanhada da filha mais velha, Olinda, e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen Miranda nunca voltou à sua terra natal, o que não impediu que a câmara do conselho de Marco de Canaveses desse seu nome ao museu municipal.

No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na Rua da Misericórdia, nº 70, em sociedade com um conterrâneo. A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a Rua Joaquim Silva, nº 53, na Lapa.

No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal: Amaro (1911), Cecília (1913), Aurora (1915 - 2005) e Oscar (1916).

Carmen Miranda estudou na escola de freiras Santa Teresa, na Rua da Lapa, nº 24. Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.

Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a residir num sobrado na Travessa do Comércio, nº 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou a Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931. Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a administrar uma pensão doméstica que servia refeições para empregados de comércio.

Em 1926, Carmen Miranda, que tentava ser artista, apareceu incógnita em uma fotografia na sessão de cinema do jornalista Pedro Lima da revista Selecta. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros, que encantado com seu talento passou a promovê-la em editoras e teatros. No mesmo ano, gravou na editora Brunswick, os primeiros discos com o samba "Não Vá Sim'bora" e o choro "Se O Samba é Moda". Pela gravadora RCA Victor, gravou "Triste Jandaya" e "Dona Balbina" (Buenas Tardes Muchachos).

O Início da Carreira Artística

O grande sucesso veio a partir de 1930, quando gravou a marcha "Pra Você Gostar de Mim" (Taí) de Joubert de Carvalho. Antes do fim do ano, já era apontada pelo jornal O Paiz como "a maior cantora brasileira".

Em 1933 ajudou a lançar a irmã Aurora Miranda na carreira artística. No mesmo ano, assinou um contrato de dois anos com a Rádio Mayrink Veiga para ganhar dois contos de réis por mês, o que hoje equivale a cerca de R$ 1000,00. Foi a primeira cantora de rádio a merecer contrato, quando a praxe era o cachê por participação. Logo recebeu o apelido de "Cantora do It".

Em 30 de outubro realizou sua primeira turnê internacional, apresentando-se em Buenos Aires. Voltou à Argentina no ano seguinte para uma temporada de um mês na Rádio Belgrano.

Em dezembro de 1936, Carmen Miranda deixou a Rádio Mayrink Veiga e assinou com a Rádio Tupi, ganhando cinco contos de réis.

Carreira Cinematográfica no Brasil

Em 20 de janeiro de 1936, estreou o filme "Alô, Alô Carnaval" com a famosa cena em que ela e Aurora Miranda cantam "Cantoras do Rádio". No mesmo ano, as duas irmãs passaram a integrar o elenco do Cassino da Urca de propriedade de Joaquim Rolla. A partir de então as duas irmãs se dividiram entre o palco do cassino e excursões frequentes pelo Brasil e Argentina.

Depois de uma apresentação para o astro de Hollywood Tyrone Power em 1938, aventou-se a possibilidade de uma carreira nos Estados Unidos. Carmen Miranda recebia o fabuloso salário de 30 contos de réis mensais no Cassino da Urca e não se interessou pela ideia.

Em 1939, o empresário estadunidense Lee Shubert e a atriz Sonja Henie assistiram ao espetáculo de Carmen Miranda no Cassino da Urca. Depois de um espetáculo no transatlântico Normandie, Carmen Miranda assinou contrato com o empresário. A execução do contrato não foi imediata, pois a cantora fazia questão de levar o grupo musical Bando da Lua para a acompanhar, mas o empresário estava apenas interessado em Carmen Miranda. Depois de voltar para os Estados Unidos, Lee Shubert aceitou a vinda do Bando da Lua. Carmen Miranda partiu no navio Uruguai em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

A Carreira nos Estados Unidos e o Começo da Consagração

Em 29 de maio de 1939 Carmen Miranda estreou no espetáculo musical "Streets of Paris", em Boston, com êxito estrondoso de público e crítica. As suas participações teatrais tornaram-se cada vez mais famosas. Em 5 de março de 1940, fez uma apresentação perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.

Em 10 de julho de 1940 retornou ao Brasil, onde foi acolhida com enorme ovação pelo povo carioca. No entanto, em uma apresentação no Cassino da Urca com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam "americanizada". Entre os seus críticos havia muitos que eram simpatizantes de correntes políticas contrárias aos Estados Unidos.

Dois meses depois, no mesmo palco, Carmen Miranda foi aplaudida entusiasticamente por uma plateia comum. No mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil, onde respondeu com humor às acusações de ter esquecido o Brasil e ter-se "americanizado". Em 3 de outubro, voltou aos Estados Unidos e gravou a marca de seus sapatos e mãos na Calçada da Fama do Teatro Chinês de Los Angeles.

Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos. A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. Apesar de ter chegado nos Estados Unidos antes da criação da Política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto.

Vida Amorosa e Casamento

Em 1946, Carmen Miranda era a artista mais bem paga de Hollywood e a mulher que mais pagava imposto de renda nos Estados Unidos. Em 17 de março de 1947 casou-se com o americano David Sebastian, nascido em Detroit a 23 de novembro de 1908. Antes, Carmen Miranda namorou vários astros de Hollywood e também o músico brasileiro Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.

Antes de partir para os Estados Unidos e antes de conhecer o marido, Carmen Miranda namorou o jovem Mário Cunha e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional família do Rio de Janeiro. Já nos Estados unidos, Carmen Miranda manteve caso com os atores John Wayne e Dana Andrews.

O casamento é apontado por todos os biógrafos e estudiosos de Carmen Miranda como o começo de sua decadência moral e física. Seu marido, David Sebastian, antes um simples empregado de produtora de cinema, tornou-se "empresário" de Carmen Miranda e conduzia mal seus negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado Carmen Miranda a consumir bebidas alcoólicas, das quais ela logo se tornaria dependente. O casamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes excessivos, brigas violentas e traições de David Sebastian, mas Carmen Miranda não aceitava o desquite pois era uma católica convicta. Engravidou em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo depois de uma apresentação e não conseguiu mais engravidar, o que agravou suas crises depressivas e o abuso com bebidas e remédios sedativos.

Dependência de Barbitúricos

Desde o início de sua carreira americana, Carmen Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante. Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por ser também viciada em cigarro e beber muito álcool, o efeito das drogas foi potencializado. Por conta do uso cada vez mais frequente, Carmen Miranda desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa por médicos americanos.

Em 3 de dezembro de 1954, Carmen Miranda retornou ao Brasil após uma ausência de 14 anos viajando e fazendo shows pelo mundo, além de estar morando nos Estados Unidos. Ela continuava casada e sofrendo com o marido, cada vez mais alcoólatra e violento. Seu médico brasileiro constatou a dependência química e tentou desintoxicá-la. Ficou quatro meses internada em tratamento numa suíte do Copacabana Palace. Carmen Miranda melhorou, embora não tenha abandonado completamente drogas, álcool e cigarro. Os exames realizados no Brasil não constataram alterações de freqüência cardíaca.

A Morte nos EUA

Ligeiramente recuperada, retornou para os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as apresentações. Fez uma turnê por Cuba e Las Vegas entre os meses de maio e agosto e voltou a usar barbitúricos, além de fumar e beber mais do que já fumava e bebia.

No início de agosto, Carmen Miranda gravou uma participação especial no programa televisivo do comediante Jimmy Durante. Durante um número de dança, sofreu um ligeiro desmaio, desequilibrou-se e foi amparada por Durante. Recuperou-se e terminou o número. Na mesma noite, recebeu amigos em sua residência em Beverly Hills, à Bedford Drive, 616. Por volta das duas da manhã, após beber e cantar algumas canções para os amigos presentes, Carmen Miranda subiu para seu quarto para dormir. Acendeu um cigarro, vestiu um robe, retirou a maquiagem e caminhou em direção à cama com um pequeno espelho à mão. Um colapso cardíaco fulminante a derrubou morta sobre o chão no dia 5 de agosto. Seu corpo foi encontrado pela mãe no dia seguinte, as 10:30 hs.  Carmen Miranda tinha somente 46 anos.

Funeral e Sucesso no Brasil

Aurora Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema do marido de Carmen Miranda avisando sobre o falecimento. Aurora Miranda se desesperou por completo e passou então a notícia para as emissoras de rádio e jornais. Heron Domingues, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte de Carmen Miranda em edição extraordinária do Repórter Esso.

Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos.

No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.

Hoje, uma herma em sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #CarmenMiranda

Antônio Marcos

ANTÔNIO MARCOS PENSAMENTO DA SILVA
(46 anos)
Cantor, Compositor e Ator

☼ São Paulo, SP (08/11/1945)
┼ São Paulo, SP (05/04/1992)

Antônio Marcos Pensamento da Silva, mais conhecido por Antônio Marcos, foi um cantor e compositor, nascido em São Miguel Paulista, distrito da Zona Leste de São Paulo, SP, no dia 08/11/1945.

Antônio Marcos levou multidões à loucura com sua bela voz e porte de galã. Cantor e compositor de clássicos populares dos anos 70, fez Roberto Carlos vender milhares de discos com a música "Como Vai Você". Ex-marido da cantora Vanusa e da atriz Débora Duarte, deixou muitas mulheres apaixonadas, mas foi tragado pelo alcoolismo.

Antônio Marcos é o segundo dos oito filhos do alfaiate e vendedor de livros Vicente e de Dona Eunice, costureira, poetisa e compositora. Como era fraquinho, o aluno do Grupo Escolar Vila Sinhá costumava contar que chegou a tomar injeção de sangue de cavalo na infância, seguindo as instruções de uma benzedeira.

Começou a trabalhar cedo para ajudar a família de baixa renda. Torcedor aficionado pelo time do São Paulo, foi office-boy do Banco Ítalo-Brasileiro e balconista de uma loja de sapatos. Desde pequeno cantava nas formaturas da escola. Conhecia as canções de Bob Nelson, cantor country pioneiro no Brasil. Aos 12 anos, já dava os primeiros goles nos botecos de São Miguel Paulista. Matava aulas para ir ao cinema, compor poesias e tocar violão na casa dos amigos. Por isso, só conseguiu concluir o segundo grau com muito esforço.


Antônio Marcos
chamava a atenção por seu belo porte e carisma. Fazia pontas em programas da TV Tupi. Sua voz garantiu-lhe uma vaga no Coral Golden Gate, dirigido por Georges Henry e uma participação no programa de rádio de Albertino Nobre, onde foi nomeado "A Voz de Ouro de São Miguel".

Em 1962, esteve na Ginkana Kibon, apresentada por Vicente Leporace e Clarice Amaral, na TV Record. Lá, cantou sucessos de Elvis Presley, de quem era fã e colecionava os discos. Dois anos depois foi destaque ao cantar, tocar violão e imitar cantores no programa de Estevam Sangirardi, na Rádio Bandeirantes.

Em 1965, juntou-se a mais três rapazes e montaram o quarteto Os Iguais. Estouraram com a música "A Partida". Mas Antônio Marcos nasceu para brilhar sozinho e, dois anos depois, lançou seu primeiro compacto com duas músicas: "A Estória de Quem Amou Uma Flor" e "Perdi Você". O disco não fez muito sucesso, mas aquela voz sobressaiu. O cantor logo conseguiu gravar seu segundo compacto e estourar nas paradas de sucesso com a música "Tenho Um Amor Melhor Que o Seu" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), que reapareceu em seu primeiro LP e vendeu mais de 300 mil exemplares. A música tocou em todas as rádios e Antônio Marcos tornou-se a coqueluche nacional: O homem ideal das mocinhas românticas da época, com 1,82 m, cabelos lisos, robusto e dono de uma voz de ouro.


Em 1967 integrou o coral Golden Gate e atuou nas peças "Pé Coxinho" e "Samba Contra 00 Dólar", de Moraci do Val, no Teatro de Arena.

Os tempos das vacas magras vão ficando para trás. Na estante de casa, já acumulava prêmios, como o Roquete Pinto e o Chico Viola, de 1969, e comprou seu primeiro carro, um Corcel Luxo. Embalou um romance com uma das estrelas da Jovem Guarda, o "Queijinho de Minas" Martinha.
"Antônio Marcos foi o grande amor da minha vida. Ficamos dois anos juntos como num conto de fadas. Na minha casa, tinha uma parede, como se fosse uma cortina, com seus poemas. Só que ele queria juntar e eu queria casar!"
(Martinha)

Em 1969, com 21 anos, Antônio Marcos deu uma guinada durante o IV Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, quando ganhou o prêmio de melhor intérprete. Ele nem ligou para as vaias, cantou bem, com os cabelos longos e uma camisa de renda preta aberta até o umbigo, exibindo o tórax cabeludo. Ao ver Vanusa, que levou o terceiro lugar do festival cantando "Comunicação", se encantou e deu a ela uma flor, ao vivo e em preto e branco, como era a televisão na época.

Antônio Marcos e Vanusa
Os dois já haviam se encontrado meses antes, rapidamente, no escritório da gravadora RCA Victor: "Nos vimos e o ar parou. Ele me deu um disco e, em casa, quando ouvi aquela tremenda voz, eu me apaixonei na hora!", lembrou Vanusa, que naquele dia, terminou o namoro com o cantor Fábio. Após o Festival da Record, alguns cantores foram comemorar na casa de Antônio Marcos, no Brooklin, bairro da capital paulista. Providencialmente, Edith, na época assessora de Roberto Carlos, deu um jeito de Vanusa pegar uma carona no Sinca Chambord lilás de Antônio Marcos. Na casa de Antônio Marcos era só festa: Todos cantando e bebendo em volta da piscina. Até que Vanusa arrumou um maiô emprestado, deu um mergulho que deixou todos os convidados surpresos.
"Saí tremendo de frio e fui para o um quarto, na edícula. Tirei o maiô, fiquei nua e entrei embaixo da coberta. De repente, sinto alguém entrando. Sabia que era ele. Fizemos amor na cama da empregada!"
(Vanusa)

Na tarde do dia seguinte, já tomavam sorvete juntos. E, daquela casa, Vanusa não saiu mais. Os dois passaram a morar juntos, mas não eram casados, como exigiam os padrões rígidos da época. Isso porque os artistas naquele tempo não podiam se casar para alimentar os sonhos dos fãs. Vanusa ficou grávida e passou a ser xingada nas ruas pelas tietes de Antônio Marcos. Em uma apresentação do cantor em "Quem Tem Medo da Verdade", o casal foi tão massacrado que Vanusaassistindo ao programa sozinha em casa, passou mal e acabou perdendo o bebê aos cinco meses de gravidez. Com o sofrimento da cantora, as fãs se sensibilizaram e a imprensa passou a chamá-los de Casal 20.

Antônio Marcos e Débora Duarte
No mesmo ano, Antônio Marcos emplacou nas rádios a música "Menina de Tranças" e, na televisão, como galã do folhetim "Toninho On The Rocks", feito para ele estrelar no horário nobre da TV Tupi, que também tinha Raul Cortez e Marilu Martinelli no elenco. A mocinha da trama? Débora Duarte.

Em uma tarde, um silêncio constrangedor tomou conta dos estúdios da TV Tupi, no Sumaré, onde gravavam a novela. Vanusa passou por lá para fazer uma surpresa para Antônio Marcos e flagrou-o, na cama do cenário, dando um beijo em Débora Duarte. Ele justificou que era o ensaio de uma cena, mas a desculpa não colou. Vanusa, novamente grávida, disse-lhe que estava tudo acabado e sumiu pelos corredores da emissora indo para a casa da mãe. Inconformado, Antônio Marcos ligava para ela de hora em hora, mandou flores, presenteou-a com um anel de brilhante, até que a cantora o aceitou de volta.

São Paulo, verão de 1975, o casal Antônio MarcosVanusa tomam o café da manhã ao lado das pequenas filhas, Amanda e Aretha. De repente, a mais velha diz que não quer mais ir para a escola: "As crianças, durante o recreio, gritam que meu pai é bêbado!"Vanusa gela e pede a babá que leve as meninas para o jardim. Há tempos que ela adiava aquele momento:

"Está vendo Toninho, o que você está causando à suas filhas?". Antônio Marcos nada responde. Vanusa continua: "Chegou a hora de você escolher: Ou a nossa vida ou o seu scotch!". Antônio Marcos ergue a garrafa de whisky, dá um gole e diz, sem encará-la: "Nunca vou parar de beber!". Sem nada mais dizer, ele levanta-se e vai embora. Vanusa debruça sobre a mesa e desaba a chorar. A xícara vira e o café escorre pela toalha. Terminou assim o casamento que durante seis anos foi o mais badalado da música popular dos anos 70.

O Auge

Foi lançado no cinema por J. B. Tanko, no filme "Pais Quadrados... Filhos Avançados" (1970), participando também de "Som, Amor e Curtição" (1972) e de outros, além de atuar em peças teatrais, como "Arena Conta Zumbi" (Teatro de Arena, direção de Augusto Boal, 1969) e "Hair" (Teatro Aquarius, direção de Altair Lima, 1970).

"Ele chegou atrasado à pré-estreia, no antigo Cine Regina. Depois do filme, nem falou e nem subiu no palco. Estava indisposto!", contou Mauricio Kus, um grande divulgador de filmes nacionais dos anos 70.

A indisposição era em decorrência de umas doses a mais: "Ele bebia muito e não comia. Seu café da manhã era Whisky", confirmou Vanusa. Antônio Marcos chegou a bater o carro várias vezes por dirigir alcoolizado. Certa vez, teve perda total de uma Ferrari: Como estava no auge da carreira, em 15 dias já tinha outra garagem.

Apesar da bebida constante, ele era muito vaidoso. Tinha um closet cheio, com diversos tipos de botas e ternos de muitos tons e com brilho. Em uma loja, se gostasse do modelo de uma camisa, levava de todas as cores. E lançou moda: foi um dos primeiros homens a usar macacão no Brasil. Afinal, Antônio Marcos, ao lado de Wanderley Cardoso e Paulo Sérgio, era ídolo do programa "Os Galãs Cantam e Dançam", de Sílvio Santos. Também fazia sucesso nas fotonovelas: Em uma delas, apareceu dando um beijo em Vera Fischer, na época estrela da pornochanchada "A Super Fêmea".


No cinema, em "Som, Amor e Curtição", contracenou com as belas Betty Faria e Rosemary. E, no mesmo ano, em 1972, Antônio Marcos oficializou o casamento com Vanusa, depois que Amanda, a primeira filha do casal, nasceu. O casal ainda teve mais uma filha, Aretha, e, com a ajuda de Sílvio Santos, que sempre gostou muito do cantor, compraram uma casa na Rua Joaquim Nabuco, em São Paulo.

Antônio Marcos era também respeitado como compositor. Foi em um jantar na casa de Roberto Carlos e Nice, no Morumbi, que ele apresentou "Como Vai Você", que rendeu a Roberto Carlos mais de 700 mil discos vendidos.

Antônio Marcos ganhava malas de dinheiro com seus shows, mas também gastava muito. Chegou a dar seu carro para um taxista bêbado que lamuriava em um bar. Aliás, não era raro o cantor fazer essas doações. Costumava comprar comida em restaurantes nobres para dar a mendigos e dividia o que tinha na carteira se um amigo estivesse sem dinheiro. Atitudes de um homem generoso, lamentavelmente consumido pelo alcoolismo. "Eu perguntava por que ele bebia tanto e ele respondia: 'Não sou deste planeta, o mundo é muito cruel e desigual'", disse Vanusa.

Antônio Marcos saía sem avisar seu paradeiro e chegava a virar noites fora de casa. Certa vez, chegou a sumir por quatro dias. A atriz Elza de Castro sabe bem:
"Eu era louca por ele. Jantávamos na churrascaria Eduardo´s, no centro. Ele bebia muito, mas era gentil e não parava de falar na Vanusa. Aí, eu o levava para casa!"

Devido aos sumiços, Vanusa chegou a ter de substituí-lo em dois shows: "Nunca fui tão vaiada, foi tão traumático quanto o vídeo do Hino Nacional no YouTube [referindo-se a uma interpretação polêmica que a cantora fez em março de 2009]", comparou Vanusa.

Em abril do ano seguinte, uma manchete chega às bancas de todo Brasil: "Bomba: Confirmado, Romance de Débora Duarte e Antônio Marcos!"

A atriz, segundo o cantor dizia para os amigos, apresentara a ele um novo mundo, que se refletiu em seu novo visual: Cortou o cabelo, passou a usar franja e bigode. Meses depois, o casal mostrou sua residência, no Morumbi, na capa de um especial da revista Amiga: "Os Ídolos da TV e Suas Casas Fabulosas". A mansão tinha piscina, campo de futebol society, veludo nos sofás e um bar de aço escovado. E, em julho de 1977, tiveram a primeira filha, Paloma Duarte.

Débora Duarte e Antônio Marcos apresentaram juntos o programa "Rosa e Azul", na TV Bandeirantes, que tinha, em 1979, atrações musicais como Miss Lane, Djavan, Lady Zu e Sidney Magal. Na mesma emissora, estrelaram a novela "Cara a Cara", de Vicente Sesso, onde tinha no elenco Fernanda Montenegro, David Cardoso e Luiz Gustavo. Antônio Marcos até gravou um compacto com as músicas da novela.

No início dos anos 80, Antônio Marcos se separou de Débora Duarte e entrou em parafuso, como ele mesmo declarou. Pensou em largar tudo para ser garçom em Amsterdã: "Se tenho de ir ao fundo do poço, eu vou. Sou mais ou menos insuportável!", reconheceu. Dois anos depois, o casal tentou uma reconciliação, que não durou muito tempo.

A Decadência

Aos 39 anos, Antônio Marcos conheceu sua terceira mulher, no aeroporto de Natal, RN. A modelo Rose, quase 20 anos mais nova que ele, teve um menino, Antônio Pablo, que levou este nome em homenagem ao poeta Pablo Neruda, um dos favoritos do cantor. Pai novamente, Antônio Marcos se viu em um mau momento: Sua carreira já não era a mesma, ele não era mais convidado para fazer novelas e não estourava hits nas rádios.

Até que uma nova parceria com o compositor e produtor Antônio Luiz, deu-lhe novo ânimo. Antônio Marcos se aproximou do autor de "Tic Tic Nervoso", um hit dos anos 80, nos bastidores do Programa do Bolinha. "As pessoas davam drogas para ele, mas não davam mantimento. Cheguei a fazer ligações anônimas ameaçando mandar a polícia atrás delas", contou Antônio Luiz, que, em 1985, compôs com Antônio Marcos 12 músicas para a peça "Zé Criança", onde Paloma Duarte, com apenas 8 anos, atuou com o pai no Teatro Nelson Rodrigues, em Guarulhos.

Em 1987, Antônio Luiz foi parceiro em quatro canções de "O Anjo de Cada Um", o último disco de músicas inéditas que Antônio Marcos lançou.

Internações em clínicas de desintoxicação passaram a fazer parte da rotina de Antônio Marcos depois que ele resolveu, enfim, travar uma luta contra o álcool e as drogas.
"Nesse período, percebi como a bebida transforma a gente. Você bebe, cheira tóxico e pensa que seu poder de criação está mais aguçado. Tudo palhaçada!"
(Antônio Marcos em entrevista a Revista Contigo)


Mas o declínio era evidente. Ele não conseguiu largar a bebida e acabou tendo que se mudar para Mairiporã, segundo Antônio Luiz, com dificuldades financeiras até mesmo para comer. Para socorrer o ex-marido, Vanusa, que já havia sido casada com o diretor Augusto César Vannucci, na época poderoso na TV Bandeirantes, pediu ao ex-marido para promover um show na emissora para arrecadar dinheiro para Antônio Marcos. O show seria promovido, mas com uma condição: Que Antônio Marcos se internasse para ficar sóbrio.

Três meses depois, em junho de 1987, Antônio Marcos saiu da clínica para o teatro Záccaro, onde aconteceria o especial. Mas, no caminho, deu um jeito de tomar um porre e chegou bêbado aos bastidores. Vanusa trancou o cantor no camarim até a hora dele entrar em cena. Antônio Marcos implorava por um copo e ela deu-lhe um dedo de uísque. O show acabou sendo um sucesso, mas o cantor não apareceu ao jantar com os convidados, que incluiu Alcione, Chitaõzinho & Xororó, Fagner, Ronnie Von, Sandra de Sá e Antônio Luiz.

No início dos anos 90, Antônio Marcos separou-se de Rose para se unir a Ana Paula Braga, enteada de Roberto Carlos.

Em 1991, depois de uma série de internações por problemas no fígado, ele ainda fez uma temporada de shows na extinta casa noturna paulistana Inverno e Verão.

Morte

Antônio Marcos faleceu no domingo, 05/04/1992, aos 46 anos, em São Paulo, SP, vítima de insuficiência hepática, consequência do alcoolismo.

O cantor foi enterrado no Cemitério Parque dos Girassóis com a presença de fãs que acenavam com lenços brancos.

Após sua morte, foram lançados os CDs "Acervo" (1994, coletânea RCA/BMG) e "Aplauso" (1996, coletânea RCA/BMG). A música "Como Vai Você" foi regravada pela cantora Daniela Duarte e Zezé di Camargo & Luciano.

Após a morte de Antônio Marcos, um exame de DNA comprovou a paternidade de mais um menino, Manoel Marcos, que passou a ser o primogênito da prole. Assim, após a trajetória de um típico romântico, ele deixou cinco filhos, quatro ex-mulheres, 14 discos e centenas de músicas.

Em São Miguel Paulista foi fundada a Casa de Cultura de São Miguel Paulista - Antônio Marcos e, em 2006, sua filha lançou o CD e DVD "Aretha Marcos Ao Vivo - Homenagem aos 60 anos de Antônio Marcos".

"Meu pai me ensinou que o importante na vida é ser feliz e falar sempre a verdade, mesmo que isso doa!", encerra Amanda, sua filha mais velha. Antônio Marcos também costumava dizer: "Nunca vou morrer. Vou ficar encantado!"

Discografia

  • 1965 - Antônio Marcos
  • 1970 - Antônio Marcos
  • 1971 - 08-11-1945
  • 1972 - Sempre
  • 1973 - Antônio Marcos
  • 1974 - Cicatrizes
  • 1975 - Ele... Antônio Marcos
  • 1976 - Felicidade
  • 1978 - Antônio Marcos
  • 1982 - O Tempo Conta Dobrado
  • 1984 - O Sonho Não Acabou
  • 1987 - Antônio Marcos
  • 1988 - Todos Os Caminhos
  • 1994 - Acervo (Coletânea)
  • 1996 - Aplauso (Coletânea)
  • 1999 - Focus (Coletânea) 

    Filmografia

    Televisão

    • 1970 - Toninho On The Rocks
    • 1979 - Cara a Cara

      Cinema

      • 1970 - Pais Quadrados... Filhos Avançados
      • 1972 - Som, Amor e Curtição
      • 1972 - Geração em Fuga
      • 1972 - Com a Cama na Cabeça
      • 1973 - Salve-se Quem Puder

      Fonte: Wikipédia e Letras.com.br
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