Antônio Lázaro da Silva, mais conhecido como Irmão Lázaro, foi um cantor, compositor e político, nascido em Salvador, BA, no dia 04/11/1966.
Como músico, Lázaro fez parte da banda Olodum e, mais tarde, se tornou um artista solo evangélico. Seu álbum "Testemunho e Louvor" (2008), deu-lhe notoriedade como artista religioso por meio de músicas como "Meu Mestre", "Eu Te Amo Tanto" e "Eu Sou de Jesus", o que lhe rendeu 10 indicações ao Troféu Talento de 2009. Nos anos seguintes, liberou outros trabalhos, até seu registro final, o EP "Entrega", lançado em 2019.
Lázaro iniciou sua carreira musical aos 18 anos, quando comprou seu primeiro violão. Poucos meses depois, dedicou-se ao baixo elétrico. Com passagens pelas bandas Terceiro Mundo e Cão de Raça, Lázaro ingressou no Olodum, grupo no qual ficou famoso através da canção "I Miss Her", com letra em inglês.
Após enfrentar problemas com drogas e com dores, Lázaro converteu-se à religião evangélica, passando a compor e cantar música cristã contemporânea.
Na nova fase da carreira lançou várias obras, entre elas, em 2008, o álbum ao vivo "Testemunho e Louvor", gravado na Igreja Batista Central, na cidade de Feira de Santana, que lhe deu notoriedade no segmento evangélico e 10 indicações ao Troféu Talento 2009 - incluindo uma indicação dupla na categoria Música do Ano com "Eu Te Amo Tanto" e "Meu Mestre".
Em 2009, assinou contrato com a gravadora Som Livre, pela qual lançou o álbum "Vai Mudar". Em seguida, optou por seguir como artista independente com o trabalho ao vivo "Um Sentimento Novo", ambos com desempenho comercial inferior a "Testemunho e Louvor".
Em abril de 2012, o cantor assinou com a gravadora Sony Music Brasil e, dois meses depois, lançou o disco "Quem Era Eu", gravado ao vivo em Feira de Santana.
Em 2013, Lázaro lançou "Entre Amigos", cujo repertório foi contemplado por regravações com participações de Fernandinho, Damares, Regis Danese, Marquinhos Gomes, entre outros.
Além de flertar com gêneros como o axé, Lázaro também gravou músicas com sonoridades de forró eletrônico, arrocha e reggae nos seus álbuns sucessores, como "O Mundo é Crazy" (2014) e "Vou Continuar Orando" (2016).
Seu último trabalho foi o EP "Entrega", lançado em 2019.
Carreira Política
Em 2014, Lázaro candidatou-se à Câmara dos Deputados, pelo Partido Social Cristão (PSC). Elegeu-se, sendo o terceiro mais votado do Estado, com 161.438, ou 2.43% do total, passando a integrar a Bancada Evangélica do Congresso Nacional. No mesmo ano, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, questionado a respeito da homofobia, declarou que se descreve conservador, mas que defende a liberdade individual.
Em abril de 2016, foi anunciado que ele se licenciaria do mandato para assumir o cargo de Secretário de Relações Institucionais da prefeitura de Salvador, em substituição a Heber Santana, que pretendia se candidatar à reeleição como vereador na capital baiana.
Morte
Lázaro foi diagnosticado com a Covid-19 no dia 15/02/2021 e desde então fazia o tratamento em casa. Entretanto, no dia 22/02/2021, ele sentiu desconforto, febre e procurou um médico. Ao chegar no hospital, foi comprovado que ele estava com metade dos pulmões comprometidos e por isso ficou internado, mas em leito clínico.
Em 25/02/2021, em Feira de Santana, precisou ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No mesmo dia em que foi internado na Unidade de Terapia Intensiva e seria transferido para outro hospital em Salvador, mas o médicos suspenderam a transferência por causa de seu frágil estado de saúde.
Após mais de um mês internado, no dia 19/03/2021, por volta das 18:00, por meio do Twitter, sua assessoria informou que o estado de saúde de Lázaro era frágil e delicado, e pediu por orações. Durante a noite, sua filha confirmou que o pai havia vindo a óbito por meio de uma publicação no Instagram. Na rede social ela escreveu:
"Hoje a pessoa mais importante da minha vida se foi, o homem que eu mais amei e continuarei amando o resto da vida!"
Discografia
2000 - Deus é Fiel
2001 - Te Agradeço Senhor
2004 - Conte a Deus
2006 - Meu Mestre
2008 - Testemunho e Louvor
2009 - Vai Mudar
2010 - Um Sentimento Novo
2012 - Quem Era Eu
2013 - Entre Amigos
2014 - O Mundo é Crazy
2015 - Só Deus
2016 - Vou Continuar Orando
2017 - Filho Chora e Mãe Não Vê
2019 - Entrega
Videografia
2007 - Testemunho e Louvor (Eu Te Amo Tanto) - Gravado na Igreja Batista Central, Feira de Santana
2010 - Um Sentimento Novo - Gravado na Igreja Assembléia de Deus, Feira de Santana
Duda Molinos foi um maquiador e cabeleireiro, nascido em Porto Alegre, RS, no dia 21/12/1964.
Aos 13 anos, Duda Molinos começou a frequentar as aulas de desenho e pintura no ateliê de arte da prefeitura de Porto Alegre. De certa forma, o destino do artista se cumpriu e ele nunca mais se separou dos pincéis, esfuminhos e da aquarela.
Aos 14 anos já morava sozinho e seu primeiro emprego foi no salão de beleza Scalp, em Porto Alegre, onde foi responsável por todos os rostos com ares de vanguarda que passaram a desfilar pela cidade. Sua vocação estava firmada.
Duda Molinos estreou no Brasil na era dos profissionais de beleza muito talentosos e que ganharam status de celebridades. Comumente, ele aparecia em programas de TV e virou amigo de clientes como Ana Paula Arósio, Luana Piovani e Cláudia Raia. Foi pioneiro a lançar uma marca de maquiagem com o seu nome, que foi um enorme sucesso.
Munido de tesouras, pincéis de maquiagem e maleta de artes plásticas, em 1984 desembarcou no circuito de moda paulistano. Sua primeira grande criação em São Paulo foi com a modelo, então estreante, Cláudia Liz, fazendo seu cabelo e maquiagem para o clique do fotógrafo J.R. Duran, sob a coordenação de moda de Constanza Pascolato. A partir daí, Duda Molinos entrou de vez no circuito e assinou como coordenador de beleza os desfiles de Paco Rabanne, Pierre Cardin, Gaultier Jeans, Christian Dior, Christian Lacroix, Vivianne Westwood, Blue Marine e Sonia Rikiel realizados no Brasil.
Atualmente, Duda Molinos era presença certa na agenda de moda brasileira como criador de beleza para os desfiles dos principais estilistas nacionais, para as campanhas publicitárias das grifes de moda e beleza e para os editoriais de mídia impressa. Era considerado uma das maiores autoridades em beleza do país. Tanto que tinha a coluna Personalidades, na revista Quem Acontece, além de dar dicas de beleza no programa de televisão da Ana Maria Braga.
Um dos últimos eventos em que esteve presente foi o Make-up & Hair, no Iguatemi Collection, em Salvador, BA. Assinou o make-up dos desfiles da Eugênia Fleury em São Paulo, participou das edições do Fashion Rio no stande da L´Oreal, fez o cabelo e a maquiagem de 30 modelos para o VI Agulhas da Alta Moda Brasileira, assinou o make-up do desfile da Ellus, durante o SP Fashion Week e foi contratado pela TV Globo para assumir a composição visual do elenco do "Programa Fama".
Graças a este talento bem aproveitado, recebeu vários prêmios em sua carreira. Vencedor de quase todas as edições do Prêmio Avon Color de Maquiagem, foi o homenageado na primeira edição do Prêmio em 1995, foi vencedor em 1996, nas categorias Desfile, Eventos Promocionais, Midia Impressa Editorial e, em 1999, na categoria Vídeo Independente Profissional e Clipe e foi homenageado na edição do Avon Color em 2018 pelo conjunto de seu trabalho. Em 2019, recebeu uma homenagem especial dos organizadores.
Ainda em 2019, ganhou o Prêmio Abit de melhor maquiador. Tudo começou com o prêmio de melhor categoria Make Up que recebeu do concurso Phytoervas Fashion Awards de 1997/1998.
Em 2000, Duda Molinos lançou seu livro "Maquiagem", um marco na história da maquiagem no Brasil. Com 224 páginas, 117 fotos, 87 ilustrações, no formato 21cm x 21cm, editado pelo Senac São Paulo e custando R$ 45,00, o livro foi redigido por Leusa Araújo e apresenta para a mulher brasileira um guia prático que mostra as facilidades, truques e técnicas que uma boa maquiagem pode proporcionar, apresentando uma infinidade de novos produtos que a maioria ainda não teve a oportunidade de descobrir com a abertura do mercado de importados nos últimos três anos.
Quem já botou a cara à prova de seu talento acha impressionante a suavidade com que vai adicionando cores, sombras e traços muito sutis no rosto até fazer revelar uma beleza singular.
No lado pessoal, Duda Molinos quebra um pouco o espelho do que se espera de um maquiador e fala pouco, foge do telefone e não tem folga às segundas-feiras. Quem o vê sair de sua casa com um contêiner metálico de mais de 30 quilos abarrotados de pincéis, aquarelas, purpurinas e perucas não dúvida: tudo o que carrega ali dentro é talento, ouro em pó, que ele vai transformar em beleza no rosto das mulheres.
Duda Molinos foi jurado do programa "Brazil's Next Top Model" e curador de beleza do Movimento HotSpot.
Morte
Duda Molinos faleceu na manhã de domingo, 07/07/2019, em casa, na Bela Vista, região central de São Paulo, aos 54 anos, vítima de uma parada cardiorrespiratória. De acordo com a assessoria, Duda Molinos enfrentou o câncer de garganta anos atrás, mas já estava 100% curado.
O velório aconteceu na manhã de segunda-feira, 08/07/2019, no Cemitério de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, onde o corpo foi sepultado.
Entre os maiores sucessos de Luiz Armando Queiroz na televisão estão os personagens Cláudio da novela "Cuca Legal" (1975), o Belchior da novela "Estúpido Cupido" (1976), o Tuco da primeira versão da série "A Grande Família" (1973), e o Tito Moreira França da novela "Roque Santeiro" (1985), todos estes trabalhos exibidos pela TV Globo.
Luiz Armando Queiroz também se destacou em trabalhos na TV Bandeirantes como em "Os Imigrantes" (1981), e na TV Manchete, onde entre outros trabalhos viveu um vilão inesquecível, o personagem Rodrigo de "A História de Ana Raio e Zé Trovão" (1990), trabalho este que pôde ser visto novamente em 2010 com a reprise da novela pelo SBT.
Luiz Armando Queiroz também se destacou como diretor de novelas, e entre seus principais trabalhos como diretor estão "A Idade da Loba" (1995) na TV Bandeirantes, "Os Ossos do Barão" (1997) no SBT e a minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999) na TV Globo, um de seus últimos trabalhos.
Morte
Luiz Armando Queiroz faleceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 16/05/1999, aos 54 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos, consequência de uma quimioterapia quando se recuperava de um câncer linfático. Ele descobriu o câncer em dezembro de 1998.
Telenovelas, Minisséries e Seriados
1997 - Mandacaru ... Tenente (Manchete)
1996 - Você Decide
1995 - A Idade da Loba ... Cândido (Bandeirantes)
1994 - Confissões de Adolescente ... Osório Neto
1993 - Guerra Sem Fim ... Narrador (Manchete)
1991 - O Guarani (Manchete)
1991 - Filhos do Sol (Manchete)
1990 - A História de Ana Raio e Zé Trovão ... Rodrigo (Manchete)
1990 - Pantanal ... Empresário Carioca (Manchete)
1990 - Fronteiras do Desconhecido (Manchete)
1988 - Abolição ... Joaquim Nabuco
1987 - A Grande Família Especial ... Tuco
1985 - Roque Santeiro ... Tito Moreira França
1984 - Caso Verdade
1982 - Os Imigrantes ... Luiz Vasconcellos (Bandeirantes)
1982 - Avenida Paulista ... Duda
1982 - As Cinco Panelas de Ouro ... Afonsinho Henriques Mourão (Cultura)
Natural do estado de Mato Grosso, ficou nacionalmente conhecido pela autoria de uma emenda constitucional que levou seu nome, propondo o restabelecimento das eleições diretas para presidente da república, num movimento que resultou na campanha das "Diretas Já".
Filho de Sebastião de Oliveira e Maria Benedita Martins de Oliveira, graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ainda na universidade militou no MR8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro) quando o referido movimento já havia optado pela via política ao invés da luta armada contra o Regime Militar de 1964 e a seguir ingressou no MDB. De volta ao seu estado disputou sua primeira eleição em 1976 quando perdeu a eleição para vereador em Cuiabá. Refeito do infortúnio foi eleito deputado estadual em 1978 e com a extinção do bipartidarismo filiou-se ao PMDB sendo eleito deputado federal em 1982 e nessa condição apresentou no ano seguinte uma emenda restabelecendo as eleições diretas para presidente que se realizariam em 15 de novembro de 1984.
Diretas Já
A ideia de apresentar uma emenda restaurando a eleição direta para Presidente da República não é uma atitude que se possa creditar exclusivamente a Dante de Oliveira, entretanto, sua iniciativa ganhou repercussão por ter sido a primeira a não ficar restrita às paredes do Congresso Nacional e ganhou as ruas num momento em que as manifestações pedindo a volta das eleições diretas se multiplicavam pelo país, a começar pelo município pernambucano de Abreu e Lima em 31 de março de 1983, e resultaria num movimento que dominaria a cena política nacional nos meses seguintes unificando as forças da sociedade civil, dos partidos de oposição e atraindo também os dissidentes governistas para o movimento "Diretas Já". Em 26 de novembro de 1983 os dez governadores de oposição subscreveram em São Paulo um manifesto pedindo o restabelecimento das eleições diretas para presidente. O primeiro "comício oficial" pró-diretas teve lugar em Curitiba dia 12 de janeiro de 1984 com a presença de trinta mil pessoas e foi seguido de outros como o realizado na Praça da Sé no dia do aniversário de 430 anos da capital paulista no qual compareceram duzentas mil pessoas.
Receoso quanto aos acontecimentos o governo João Figueiredo exerceu uma forte pressão sobre os parlamentares do PDS para que a emenda não fosse aprovada e segundo um relato de Dante de Oliveira o próprio Tancredo Neves chegou a afirmar que, diante da pressão governamental e da cúpula militar, a emenda não seria aprovada. Ainda assim a cúpula do movimento manteve a campanha nas ruas e às vésperas da votação uma pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) apontava que 84% dos entrevistados apoiavam a Emenda Dante de Oliveira. Como último recurso a fim de barrar as diretas, o governo federal enviou ao parlamento a chamada "Emenda Figueiredo" a qual, dentre outras medidas, previa o restabelecimento das eleições diretas apenas em 1988, entretanto nada foi capaz de dissuadir a apreciação da emenda oposicionista que se realizaria em 25 de abril de 1984 e foi cercada de grande expectativa, algo frustrado pela não obtenção do quórum de dois terços dos votos necessários à sua aprovação, pois embora tenha obtido 298 votos favoráveis e apenas 25 votos em sentido contrário, a ausência de 112 deputados federais do PDS (dos quais bastariam apenas 22 votos para que a emenda fosse submetida ao crivo do Senado Federal) pôs fim ao movimento. Tal resultado, porém, acentuou as fissuras no partido governista e abriu o caminho para a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985.
No Executivo
Encerrado o período militar os brasileiros foram frustrados pela morte de Tancredo Neves e assim a Presidência da República ficou nas mãos de José Sarney cujas medidas de remoção do "entulho autoritário" (leis restritivas que ainda vigiam) previam a realização de eleições diretas nas capitais dos estados, áreas de segurança nacional, instâncias hidrominerais municípios de territórios e municípios recém-criados em 15 de novembro de 1985 e nisso Dante de Oliveira foi eleito prefeito de Cuiabá pelo PMDB, cargo do qual se afastou entre 28 de maio de 1986 e 2 de junho de 1987 quando foi ministro da Reforma Agrária do governo Sarney, e desse modo a capital mato-grossense foi administrada pelo vice-prefeito Estevão Torquato da Silva.
Findo seu mandato, ingressou no PDT e foi candidato a deputado federal em 1990, não conseguindo se eleger. Essa derrota foi revertida em 1992, quando foi eleito para o seu segundo mandato como prefeito de Cuiabá, cargo ao qual renunciou em 1994, meses antes de ser eleito governador de Mato Grosso. Após divergências com sua legenda, ingressou no PSDB e foi reeleito governador em 1998 e, ao deixar o cargo em 2002, perdeu a eleição para senador.
Em 2006 tencionava disputar mais um mandato de deputado federal, mas antes disso veio a falecer em Cuiabá vítima de uma Pneumonia, num quadro agravado pelo Diabetes.
Após sua morte, recebeu várias homenagens, inclusive a Avenida dos Trabalhadores hoje se chama Avenida Governador Dante Martins de Oliveira.
Flávio Rangel, um dos principais nomes do teatro brasileiro no século 20, não foi somente o diretor de mais de 80 espetáculos no teatro e televisão. Traduziu 19 peças, iluminou, produziu e escreveu para o teatro, preparou cinco livros, colaborou com os principais órgãos de imprensa no país e dirigiu shows musicais (Simone, Nara Leão, Raíces de América). Participou de várias montagens do Teatro Brasileiro de Comédia, companhia que revitalizou e modernizou o teatro na década de 50 no Brasil.
Flávio nasceu em Tabapuã, no interior de São Paulo e com três anos de idade mudou-se para a capital. Estudou na Escola Caetano de Campos e no Colégio Estadual Presidente Roosevelt. Entrou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, mas não completou o curso. Em 1956, escreveu textos para teleteatros do Grande Teatro Tupi, mas a profissionalização veio no Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, em 1957, com "Do Outro Lado da Rua", de Augusto Boal.
Em 1958, ganhou o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais, pela encenação de "Juventude Sem Dono", de Michael Vincent Gazzo. Em 1959, para o Teatro Popular de Arte, dirigiu "Gimba, Presidente dos Valentes", de Gianfrancesco Guarnieri . Apresentou-se no Festival do Teatro das Nações, em Paris, Roma e Portugal. Com bolsa de estudo, viajou para os Estados Unidos, onde estagiou em teatros da Broadway.
No ano seguinte, Flávio Rangel assumiu a direção artística do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Levou à cena "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes e "A Semente", de Gianfrancesco Guarnieri . Conquistou consecutivamente os prêmios Saci, Governador do Estado de São Paulo e Associação Paulista de Críticos Teatrais, de melhor diretor. Em seguida, encenou "Almas Mortas", de Nikolai Gogol e "A Escada", de Jorge Andrade, que o fez premiado como o melhor diretor de 1961.
A temporada de 1962 começou com "A Morte de Um Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. Depois, com "A Revolução dos Beatos", de Dias Gomes, Flávio se desligou do TBC, pensando em transpor "Gimba" para o cinema, o que só ocorreu anos depois. Em 1964 levou à cena "Depois da Queda", de Arthur Miller. Em 1965 fez "Santa Joana", de Bernard Shaw. Para o "Grupo Opinião", junto com Millôr Fernandes, escreveu e dirigiu "Liberdade, Liberdade" - um dos maiores sucessos de sua carreira.
Num ato de protesto no Rio de Janeiro, foi preso com outros intelectuais, soltos após semanas de protestos da classe artística. Flávio voltou à prisão em 1970, por escrever crônicas para "O Pasquim". Foi colaborador do jornal "Folha de São Paulo" entre 1978 e 1984.
Grandes Sucessos
Em 1966, fez "O Sr. Puntila e Seu Criado Matti", de Bertold Brecht, e no ano seguinte "Édipo Rei", de Sófocles. Em 1969 lançou "À Flor da Pele" e uma versão para "Esperando Godot", de Samuel Beckett, com Walmor Chagas e Cacilda Becker, que fez seu último espetáculo. Flávio dirigiu ainda uma versão para "Hamlet", de William Shakespeare, e em 1971, "Abelardo e Heloísa", de Ronald Millar. Seguiram-se "A Capital Federal", de Artur Azevedo, "O Homem de la Mancha", de Dale Wasserman, "Dr. Fausto da Silva", de Paulo Pontes, e "Pippin", musical da Broadway.
Durante a década de 1970, Flávio se dedicou a "Mumu, a Vaca Metafísica", de Marcílio Morais; "À Margem da Vida", de Tennessee Williams, com Ariclê Perez (com quem foi casado); "O Santo Inquérito", de Dias Gomes; "A Nonna", de Roberto Cossa; "Tudo Bem no Ano que Vem", de Bernard Slade; "Investigação na Classe Dominante" e "O Rei de Ramos", musical de Dias Gomes e Chico Buarques. Também fez uma nova versão para "O Pagador de Promessas".
A partir dos anos 80, Flávio Rangel assumiu os musicais, dirigindo em 1982, "Amadeus". No ano seguinte, com "Piaf", marcou a carreira de Bibi Ferreira. "Vargas", porém, outro musical de Dias Gomes e Ferreira Gullar, gerou polêmicas com políticos do Rio. Em 1984, encenou o espetáculo "Freud, no Distante País da Alma", de Henry Denker. Sem destaque, fez "A Herdeira", baseado em Henry James, e "Negócios de Estado", comédia de Louis Verneuil.
Seu último trabalho foi "Cyrano de Bergerac", de Edmond Rostand, em 1985, à frente da Companhia Estável de Repertório - CER. Para Flávio, o teatro era "imperecível, imortal".
Suas crônicas jornalísticas foram reunidas em quatro títulos: "Seria Cômico Se Não Fosse Trágico", "A Praça dos Sem Poderes", "Os Prezados Leitores" e "Diário do Brasil".
Nasceu no bairro Dique do Tororó. O pai, Jacinto de Souza, trabalhava como ferreiro e tocava bongô como músico amador. A mãe, Nilza Souza, trabalhava como lavadeira.
Trabalhou como eletricista, ferreiro e camelô.
Fundador da escola de percussão do Olodum. Considerado o inventor da batida do samba-reggae.
Começou a tocar percussão nas bacias de roupa da mãe. Logo depois aos 11 anos, formou com outros meninos da mesma idade um bloco de percussionistas que tocavam em latas de leite e sacolas de plático.
Aos 13 anos, começou a tocar em blocos de carnaval, como Coruja, Internacionais e blocos de percussão como Filhos da Liberdade, Ritmistas do Samba, entre outros.
Em 1974 foi um dos fundadores do Bloco Afro Ilê Aiyê, onde confeccionava instrumentos.
Em 1982, após deixar o Ilê Aiyê, ingressou no Olodum, onde permaneceu até o ano de 1998.
Como percussionista esteve a frente do bloco Olodum por 16 anos, o que lhe possibilitou trabalhar como diversos artistas nacionais e estrangeiros, entre os quais David Byrne, Herbie Hancock, Wayne Short, Paul Simon e Michael Jackson.
Em 1990, a frente do Olodum gravou o CD "The Rhythm Of The Saints", de Paul Simon, que o presenteou com uma casa no Pelourinho, onde fundou Associação Educativa e Cultural Didá no ano de 1993.
Em 1996 atuou no clipe "They Don't Care About Us", de Michael Jackson, dirigido pleo cineasta Spike Lee, regendo os percussionistas do Olodum no Pelourinho.
Faleceu em decorrência de uma Parada Cardíaca em sua residência, um casarão no Pelourinho, sede da Associação Educativa e Cultural Didá, da qual foi o fundador e da qual faz parte a Banda Didá, integrada só por mulheres.
Sua personalidade era de tal importância para a cultura baiana que a Secretaria da Cultura suspendeu toda a programação cultural do Pelourinho por alguns dias e hasteou uma faixa preta no Largo do Terreiro de Jesus para simbolizar o luto.
Seu falecimento chegou a ser comentadono jornal New York Times em um vasto e completo obtuário com dados obtidos através de uma entrevista com a filha do percussionista.
* Rio de Janeiro, RJ (21/07/1944) + Rio de Janeiro, RJ (02/11/1998)
Indiscutivelmente, uma das grandes damas do samba e do pagode. Voz rouca, forte, amarfanhada, de tom popular e força batente. Herdeira do estilo de Clementina de Jesus, foi, como ela, empregada doméstica antes de virar sucesso no mundo artístico. Nascida em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, Jovelina Pérola Negra logo fincou pé na Baixada Fluminense, em Belford Roxo. Ela apareceu para o grande público ao participar do histórico disco Raça Brasileira, em 1985. Pastora do Império Serrano, ajudou a consolidar o que é chamado hoje de pagode.
Gravou cinco discos individuais ganhando, inclusive, um Disco de Platina. Infelizmente encontramos nas lojas apenas coletâneas com seus grandes sucessos como Feirinha da Pavuna, Bagaço da Laranja (gravada com Zeca Pagodinho), Luz do Repente, No Mesmo Manto e Garota Zona Sul, entre outros. O sucesso chegou tardiamente e ela não realizou o sonho de "ganhar muito dinheiro e dar aos filhos tudo o que não teve".
Seu estilo todo próprio conquistou muitos fãs no meio artístico, levando até mesmo Maria Bethânia a um show no Terreirão do Samba, na Praça Onze, de onde a diva da MPB só saiu depois de ouvir "Dona Jove versar". Alcione já homenageou a 'Pérola Negra' em um de seus melhores discos, Profissão Cantora.
Enquanto o samba e o verdadeiro partido alto existirem Jovelina sempre será lembrada por sua voz potente e sua ginga própria da raça negra - assim como Clementina de Jesus.
Morreu de Enfarte, aos 54 anos, na madrugada do dia 02/11/998, no bairro do Pechincha, em Jacarepaguá.
Francisco de Morais Alves, o Rei da Voz, mais conhecido por Francisco Alves, Chico Alves ou Chico Viola, foi um dos maiores e mais populares cantores do Brasil, considerado o mais versátil cantor brasileiro, também um dos mais influentes de todo Século XX, é considerado por muitos o maior do país, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 19/08/1898.
A qualidade de seu trabalho lhe rendeu em 1933, pelo radialista César Ladeira, a alcunha de Rei da Voz. Francisco Alves foi, ainda, peça decisiva para a construção de vários gêneros populares da música.
Francisco Alves era uma figura alta e magra, andava sempre elegante e bem penteado, muito sorridente e avesso às bebidas. Como seu ídolo Vicente Celestino, tinha uma voz de tenor mas, com o tempo, consolidou-se em barítono.
De origem humilde, deixou uma vasta produção de mais de quinhentos discos. Sua morte trágica causou imensa comoção no país, num sentimento que um de seus biógrafos, David Nasser (que também era amigo e compositor de algumas músicas por ele interpretadas), escreveu: "Tu, só tu, madeira fria, sentirás toda agonia do silêncio do cantor".
A despeito disso, muitos no meio artístico o consideravam bruto, de poucos amigos e vários desafetos.
Foi dele a primeira gravação de disco elétrico feita no Brasil. Graças a ele, compositores como Cartola, Heitor dos Prazeres e Ismael Silva vieram a ser consagrados, o mesmo ocorrendo com várias canções que interpretou, como "Ai! Que Saudade da Amélia", ou a primeira gravação do samba "Aquarela do Brasil" do parceiro Ary Barroso.
Representava para o país, quando de sua morte, o que o cantor Maurice Chevalier era para a França: Um Caso Raro - como então registrou o Jornal do Brasil.
Primeiros Anos e Início da Carreira
Seu pai, José Alves, era um imigrante português que se radicara no centro do Rio de Janeiro, então a capital do país. Ali, na Rua do Acre, ele abriu um bar e foi nesta rua que nasceu Francisco Alves, um dos cinco filhos que teve, e nesta rua ele passou sua infância.
Seus irmãos eram Ângela, Lina, Carolina e José. Sua mãe, Isabel Morais Alves, era também imigrante lusa.
Da irmã mais velha Ângela ganhou seu primeiro instrumento, uma guitarra. Ainda menino, a família se mudou para a Rua Evaristo da Veiga e, face às dificuldades, ele trabalhou como engraxate e, aproveitando-se da proximidade com um batalhão da polícia, passou a acompanhar os ensaios de sua banda de música. Chegou a fugir de casa para não ter que estudar para se tornar guarda-livros (contador), no Colégio da Ajuda onde seu pai tencionava matriculá-lo e, quando ficou maior, em 1916, conseguiu o primeiro emprego na fábrica de chapéus Mangueira. Depois de pouco tempo foi para a Júlio Lima.
Sua irmã Lina, por sua vez, entrou para o meio artístico e se tornou atriz como vedete no Teatro de Revista e depois nas radionovelas, adotando o nome de Nair Alves.
Em 1918, começou a cantar profissionalmente e seu primeiro lugar de apresentações foi o Pavilhão do Méier onde foi contratado após um teste, feito pelo pai de Mário Lago, o maestro Antônio Lago. Dali cantou no Circo Spinelli e fez parte de uma companhia artística que logo se dissolveu, com a chegada na cidade da pandemia de gripe espanhola, que veio a matar seu irmão José em 1918 e o pai no ano seguinte. No mesmo ano começou a trabalhar como chofer de táxi.
Com a morte do pai e do irmão, e o casamento das irmãs, morou sozinho com a mãe.
Em 1919, o grupo voltou a se organizar em Niterói e Francisco Alves, mais uma vez, passou a integrar a companhia. Neste período conheceu o já famoso compositor Sinhô que então lhe apresentou ao filho de Chiquinha Gonzaga, que estava instalando uma fábrica de discos e, já em 1919, ele gravou pelo novo selo chamado Popular.
Este trabalho trazia Sinhô como ritmista e levava algumas de suas sobrinhas para o coro. As duas composições do disco eram de autoria dele, a marchinha "O Pé de Anjo" e o samba "Fala, Meu Louro". Gravou, também de Sinhô, o samba "Alivia Esses Olhos", em seguida.
Sinhô, que foi responsável pelo lançamento de muitos artistas, foi quem ensinou a Francisco Alves as técnicas vocais.
Tornou-se um frequentador das zonas boêmias cariocas da Lapa e de Vila Isabel, onde conheceu muitos artistas, dentre os quais Pixinguinha. Foi na Lapa que, em 1920, ele conheceu, num cabaré, Perpétua Guerra Tutoia, com quem tem um breve casamento, a contragosto da família. A união com a garota que tinha o apelido de Ceci aconteceu, segundo ele, num momento de loucura, e durou cerca de uma semana.
Perpétua Guerra Tutoia
O Casamento Errado
Francisco Alves conheceu Ceci - pseudônimo adotado na vida de meretrício - num prostíbulo de baixa categoria da Rua Joaquim Silva e viu-se prontamente apaixonado pela mulher que ele mesmo descreveu como sendo "Bonita, atraente, a boca muito pintada, os olhos maliciosos e o vestido colado ao corpo" que "Davam-lhe a indescritível cor local".
Imediatamente quis tirar a moça daquela vida e ambiente de pecado. Para tanto pediu-lhe em casamento e esta aceitou. Mas nem seus amigos - que encheram-lhe de advertências - nem a família concordaram com tal união. Da mãe Isabel ouviu que este lhe seria "o maior desgosto" de sua vida, a irmã Ângela lembrou-lhe do pai, que jamais aprovaria aquele ato. Nada demoveu Francisco Alves da decisão e, no dia 24/05/1920, em celebração apenas civil, casou-se com a prostituta sem a presença nem de amigos nem de familiares. Foram testemunhas desconhecidos que, ao acaso, estavam por perto. A festa se restringiu a pão com manteiga, ou "média" como era chamado.
Após alguns dias a esposa, contudo, lhe confessou que não abandonara a profissão, que continuava a se prostituir pois o fazia não pelo dinheiro apenas, mas porque gostava da vida alegre e agitada dos bordéis. Ante o choque da revelação - ele mais tarde diria ao amigo David Nasser não entender como alguém gostasse daquela vida - o relacionamento terminou menos de um mês após ter começado.
Francisco Alves nunca entrou com um desquite. Segundo disse a David Nasser, isto se deu por ignorância e, em suas palavras:
"A Perpétua havia me processado duas vezes, injuriando-me em juízo. O juiz me deu ganho de causa e desde então ficamos juridicamente separados de corpo. Ora, como eu não tinha dinheiro e só tinha mesmo o corpo e a roupa do corpo, acreditei que era tudo!"
O fracasso no relacionamento não foi o mesmo na carreira: Ingressou na companhia de Batista de Oliveira, em Niterói, e conheceu um novo amor. Perpétua, ou Ceci, desapareceu de sua vida por trinta anos, quando retornou de forma surpreendente.
Anos 1920 - Cantor, Ainda Taxista, Começo do Sucesso
Em 1921, o empresário José Segretto convidou-o para interpretar no Teatro São José, nas peças de Teatro de Revista de sua produção, nada menos que os sucessos de seu ídolo Vicente Celestino. No Teatro São José fez parte da Companhia de Revistas do ator Alfredo Silva, onde ficou pouco tempo como corista, sendo promovido a ator secundário e, logo, protagonista da peça cômica que popularizou a canção homônima "A Malandrinha". No mesmo ano conheceu e se casou com a atriz Célia Zenatti, com quem viveria por 28 anos. Apesar de já atuar profissionalmente como artista, não abandonou a atividade de taxista.
Mudando de gravadora lançou em 1924, pela Odeon, gravações de samba e marchas, mas não alcançou bom resultado. Voltou ao estúdio de gravação após receber o convite do diretor de gravações Freire Júnior em 1926 e gravou então alguns sambas de Sinhô. Com o fim da fase rústica de gravação Francisco Alves começou a cantar mais delicadamente e mostrar mais sua beleza e técnica vocal, assim se consagrando.
Almirante contava que, a partir de 1928, Francisco Alves lançou suplementos pela Parlophon, paralelos aos discos pela Odeon. Enquanto nesta usava o nome real, naquela usava o apelido de Chico Viola. Isso gerou confusão mesmo em pessoas do ramo artístico, que debatiam qual dos dois cantores seria o melhor: Uns diziam ser Francisco Alves, outros o Chico Viola - discutindo sobre a mesma voz e o mesmo cantor.
Em 1930 começou a gravar em dupla com Mário Reis - então recém-formado em direito e trabalhando no Banco do Brasil - e isto representou, segundo o historiador Ronaldo Conde Aguiar, "um marco na história da música popular brasileira" a formação do dueto. A parceria representou um enorme sucesso e durante dois anos gravaram juntos vinte e quatro músicas, ou doze discos.
Ainda em 1930, gravou para o carnaval a marcha "Dá Nela", que foi um sucesso tão grande que mereceu da Casa Edison, dona da gravadora Parlophon, o seu maior prêmio. No meio deste ano ocorreu o assassinato do então governador da Paraíba, João Pessoa, que desencadeou o movimento revolucionário que levaria ao poder pela primeira vez a Getúlio Vargas. No calor dos fatos, Francisco Alves gravou o "Hino a João Pessoa". Quando os acontecimentos políticos se agravaram, contudo, ele viajou em excursão para Buenos Aires, contratado pela empresa de teatro de revista de Jardel Jércolis.
Francisco Alves começou a cantar em duetos a partir de 1928. Gastão Formenti gravou com Francisco Alves quatro músicas, das quais se destaca o samba-canção "Já Me Esqueci de Você" (Ary Brandão e Francisco Alves). Ainda nesse ano gravou com Rosa Negra - da qual não se sabe quase nada na atualidade, mas no passado foi uma atriz negra muito famosa no país - quatro músicas também, e assim Francisco Alves fez vários duetos no decorrer do tempo.
Década de 1930 - O Grande Sucesso
Em 1931, Francisco Alves deu uma demonstração de falta de educação e sensibilidade, que a muitos revoltou: Estavam vários amigos ao lado do jovem pianista Nilton Bastos, prestes a morrer vítima de uma tuberculose, e Francisco Alves teria entrado no quarto a cantar: "Quando eu morrer, não quero nem choro nem vela...", fato narrado por Mário Reis.
Em 1932, integrou junto a Carmen Miranda, Gastão Formenti, Mozart Bicalho, Patrício Teixeira e Elisa Coelho o cast exclusivo da Rádio Mayrink Veiga. Em maio de 1932, Francisco Alves já então consagrado como artista e ídolo popular, junto aos iniciantes Noel Rosa, com apenas 21 anos, Mário Reis, Pery Cunha (bandolinista) e Romualdo Peixoto, formam um grupo que ele denominou Ases do Samba e realizam uma excursão pelo Sul do país. No Rio Grande do Sul passaram por Porto Alegre, Caxias do Sul, São Leopoldo, Cachoeira do Sul, Pelotas e Rio Grande, indo para lá a bordo do navio Itaquera, numa viagem de sete dias.
O cronista pelotense Mário Osório Magalhães registrou que Francisco Alves foi peremptório na vestimenta que deveriam usar nas apresentações: Apenas smoking. Já na primeira apresentação, contudo, Noel Rosa apareceu com um terno branco que pegou de um garçom, para desespero de Francisco Alves, que foi então acalmado por Mário Reis dizendo que o público certamente pensaria que a diferença seria "bossa".
Na passagem por Porto Alegre, eles conheceram, num bar, o então jovem artista Lupicínio Rodrigues, a quem Noel Rosa previu que "Este moço vai longe!".
Em 1933, participou em dueto com a então desconhecida Aurora Miranda na sua gravação de estreia, que foi justamente a primeira música tipicamente junina gravada, "Cai, Cai, Balão" (Assis Valente) e "Toque de Amor" (Floriano Pinha). Aurora Miranda falou mais tarde que Francisco Alves gostava de ajudar os iniciantes.
Em 1935, teve por empregada doméstica a futura cantora Carmen Costa, na época com apenas 15 anos de idade, a quem ajudou em seu começo de carreira. Nesta década, Carlos Galhardo começou a carreira imitando sua voz e, só depois, foi se libertando para ter o próprio estilo.
Em 1939, Francisco Alves fez a primeira gravação da antológica "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso) que, com arranjos do pianista Radamés Gnattali, ocupou os dois lados do disco em que foi gravada.
Em 1940, participou em números musicais no filme "Laranja da China". Na revista especializada em cinema "A Scena Muda", Renato de Alencar escreveu uma crítica onde se lia: "Que cousa apavorante aquela das cantigas de Chico Alves entre a 'favelagem', como se estivesse num tablado de pastorinhas lá pelo nordeste!". Neste mesmo ano o cronista desta revista, Walter Rocha, narrou o seguinte caso do cantor (grifos originais):
"Dizem que Francisco Alves, quando de sua primeira tournée a Buenos Aires, apesar de possuir a maior voz do Brasil, teve a 'inteligência' de estrear cantando tangos no idioma platino. E o resultado tomou um característico anedótico, o Chico era calorosamente aplaudido, voltava ao palco, cantava, recebia novos aplausos, até que seu empresário, por trás da cortina, percebeu que o público aplaudia e cantarolava, compassadamente, em ritmo com as palavras: Canta, canta até aprender!"
Década de 1940
Em 1942, com o surgimento das primeiras radionovelas e a participação do Brasil na II Guerra Mundial, os cantores perderam momentaneamente a condição de protagonistas do rádio. O radialista Oswaldo Luiz, a respeito, escreveu que "Só quem mora fora do Rio pode aquilatar do prestígio, da popularidade e da curiosidade que um 'astro' do microfone pode causar". A despeito disto, ele assinalou que, embora ainda recebendo grandes salários, astros como Carmen Miranda, Francisco Alves, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas ou Orlando Silva já não atraíam mais tanto fãs como antes, com o surgimento das radionovelas, e os noticiários que falavam da guerra.
Em 1943, a revista "A Cena Muda" repetia:
"Que é feito dos famosos ídolos? Chico Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Sílvio Caldas... O fim do ano está batendo à porta e esses rapazes - vá lá... - não dão um ar de sua graça nem procuram variar o repertório. Por isso mesmo - falta de esforço - foi que os grandes cartazes de outros tempos foram se eclipsando até ninguém mais se lembrar deles..."
Ainda em 1943, numa associação com César Ladeira, Ary Barroso e Almirante, tentou comprar uma emissora de rádio no Rio de Janeiro. O negócio não foi adiante porque os donos, na última hora, resolveram elevar o preço a valores exorbitantes.
No começo de 1944, foi lançado o filme "Berlim na Batucada", da Cinédia, onde representou um maioral do morro. A comédia não foi bem recebida pela crítica que, entretanto, poupou-lhe a atuação, dizendo que não foi bem aproveitado. Ainda em 1944, gravou em homenagem aos pracinhas que lutavam na Europa, a "Canção do Expedicionário", revelando seu patriotismo.
Em 1945, Sérgio Peixoto registrou sobre a carreira de Francisco Alves:
"...quando o rádio começou a ganhar vulto, com o aparecimento das primeiras emissoras mercantilizadas e a venda de receptores em alta escala, a prazo longo e até a dez cruzeiros por mês. Quando o povinho conseguiu, graças aos 'salomões', adquirir seu aparelho receptor para tomar conhecimento da existência dessa grande realização de Marconi, já Francisco Alves era o 'maioral' dentro do rádio carioca. Era o artista que dava as cartas, o mais popular, o mais ouvido e o mais caro de todos. Francisco Alves, o Chico Viola, não passa, não cansa nem nada... Ele está aí, com o mesmíssimo cartaz: Continua sendo o melhor, o primeiro, o popularíssimo e o ouvidíssimo!"
De fato, Francisco Alves emplacou os maiores sucessos daquele ano, dando demonstração de sua persistência como primeiro dentre os cantores da época: As marchinhas "Que Rei Sou Eu?", "Isaura" e "Malaguenha".
Para demonstrar sua previdência, Sérgio Peixoto registrou que ele conseguira "bancar a cigarra sabida" ao saber usar a mina de ouro que era sua voz, e não dispersou os ganhos com as fãs ou a boemia, registrando que dele não se sabia nada desabonador. Acrescia que conservava, com mais de 20 anos de carreira, o mesmo timbre de voz que fez as delícias das morenas bonitas de seu bairro, quando, seresteiro adolescente, nem sequer sonhava um dia ganhar tanto dinheiro que daria para possuir um haras com cavalos de corridas.
Em 1948, Francisco Alves declarou sobre seus cavalos puro-sangue que mantinha no Hipódromo da Gávea que o negócio era uma "barbada". Neste ano mantinha um bem sucedido programa de rádio.
Em 1949, Francisco Alves era apresentado como um cantor que ainda se mantinha no topo e um turfman. Nesse ano, ele já não mais apresentava programa no rádio em horário nobre, o que motivou um editorial da revista "A Cena Muda" por Luiz Alípio de Barros a lamentar que os cantores estavam a perder seu espaço para programas de auditório de mau gosto ou para as novelas, com os seus horários modificados para os de menor audiência:
"Nos melhores tempos, o intérprete tinha o seu programa exclusivo, com um patrocinador e o absoluto apoio das organizações radiofônicos (...) Quem não se lembra dos velhos programas da magnífica Araci, de Chico Alves, Orlando Silva, Galhardo, Linda, Dircinha e de tantos outros nomes de grande expressão! Abandonando os seus intérpretes, as emissoras brasileiras estão matando aos poucos a nossa música popular. O rádio brasileiro precisa debater o mal que vem causando à nossa música!"
Ainda no ano de 1949, ele terminou o casamento com Célia Zenatti e começou novo relacionamento com uma professora chamada Iraci Alves, muito mais nova que ele a ponto de mais tarde dizerem que ela tinha idade para ser sua filha. Ficaram juntos secretamente até sua morte, e a revelação desta união mais uma vez coube ao David Nasser, na série de matérias biográficas que escreveu para "O Cruzeiro", publicada com alarde e impulsionando ainda mais as vendas da revista.
O ano de 1950 começou promissor para Francisco Alves, emplacando um sucesso no Carnaval, como registrou "A Cena Muda":
"Francisco Alves é um cantor que sabe ser artista (...) Chico não se barateia ante o público, mesmo quando se apresenta diante de uma auditório que sente a presença marcante do 'Rei da Voz'. E apesar dos seus anos todos, Chico Alves sabe entusiasmar o público cantando 'Marcha dos Brotinhos'!"
A mesma revista falava da decadência então vivida por Orlando Silva e ressalvava:
"Silvio Caldas e Francisco Alves mantêm ainda a grande classe dos velhos tempos, o que equivale dizer que souberam conservar-se com a sua voz em forma e não se deixaram baratear ou vulgarizar!"
Em 1951, Francisco Alves interpretou a marchinha "Retrato do Velho" (Haroldo Lobo e Marino Pinto), que tornou-se sucesso nacional e influiu na vitória de Getúlio Vargas na eleição, embora conste que Getúlio Vargas não tenha gostado de ser chamado de velho.
O Retorno de Ceci
Francisco Alves cuidava bem dos negócios: Tinha vários imóveis, uma loja em Miguel Pereira e os cavalos de corrida, em parceria com o sócio Mário de Almeida, conhecido como Mário Português. Ele ainda adquiriu vários apartamentos no Rio de Janeiro.
Em 1950, sua primeira esposa Perpétua Guerra Tutoia, ou Ceci, reapareceu em sua vida de forma inusitada e inesperada. Francisco Alves foi citado para responder a um processo que ela lhe movia, dizendo ser o pai de dois filhos adolescentes: Cristiano (15 anos) e Teresa (13 anos).
O processo foi um choque para Francisco Alves, diante da repercussão que o mesmo ganhou na imprensa, e o fato de ter de recorrer para serem suas testemunhas os mesmos amigos cujos conselhos recusou 30 anos antes. A imprensa dava destaque ao caso e o processo se arrastou, avançando pela década seguinte. Francisco Alves pensou mesmo em abandonar a carreira.
Década de 1950, Últimos Dois Anos
1951 foi o ano em que sua disputa contra a ex-mulher ganhou feições de verdadeiro drama público, e os detalhes eram expostos na imprensa. Perpétua se apresentava com o nome de casada, Perpétua de Morais Alves, uma vez que nunca se separou do marido. Ela alegava que os dois filhos, Cristiano, nascido em 26/04/1937 e Teresa, nascida em 12/09/1938, eram fruto de encontros furtivos que mantinha com Francisco Alves, enquanto este contraditava que ela tinha vida alegre. Fato que Perpétua não contestava.
A ação de negativa da paternidade seguiu e em setembro soube-se que Francisco Alves alegava que seu casamento durou apenas nove dias, de 20/05/1920 a 02/06/1920. Para comprovar esta última data, disse que a mulher deixou duas cartas ao abandoná-lo: Uma dirigida a ele e outra à sua família (de Francisco Alves). Ele declarou então à imprensa que, além de anular os registros dos supostos filhos, entraria finalmente com uma ação de desquite.
O caso estava nas mãos do juiz Paula Alonso e no dia 20/11/1951, uma audiência ouviu como testemunhas de Francisco Alves os amigos Mário Reis e David Nasser. Ambos confirmaram a impossibilidade de Francisco Alves ser o pai dos menores e nova audiência foi marcada para o dia 26/11/1951.
O juiz, à luz das provas e testemunhas, finalmente deu-lhe ganho de causa. Perpétua, derrotada, voltaria novamente a aparecer após a morte de Francisco Alves e novo drama viria a se desenrolar na disputa pelos bens que ele deixou.
Em setembro de 1952, Francisco Alves, que sempre procurava desenvolver atividades filantrópicas, gravou a "Canção da Criança", com a participação do coral formado por meninas da Casa de Lázaro, em benefício da qual a renda seria revertida. Foi para divulgar este trabalho que viajou à São Paulo para apresentar-se num show, pela Rádio Nacional, no Largo da Concórdia. Ali dirigiu-se, ao final, à multidão que o escutava, fazendo um pedido para que todos ajudassem a infância.
Morte
"Dizem que a gente deve saber a hora em que é bom abandonar o palco, mas eu não sei, eu não posso e eu não quero. Bem que eu gostaria, meu caro amigo, de fazer coincidir o último alento de vida com o último agudo de minha garganta!"
(Francisco Alves, citado por David Nasser)
Francisco Alves dirigia seu Buick voltando de São Paulo onde foi se apresentar na Rádio Nacional, pela rodovia Presidente Dutra, ao lado do amigo Haroldo Alves, quando no atual km 102,5 Norte (antigo km 275,5), apenas 500 metros após a ponte sobre o Rio Una, que marca a divisa de Taubaté com Pindamonhangaba, por volta das 18h30 horas do dia 27/09/1952 (algumas fontes indicam 17h23), vindo em sentido contrário, um caminhão Austin dirigido por João Valter Sebastiani, do Rio Grande do Sul, chocou-se violentamente contra ele. Com a pancada, o amigo foi jogado para fora do veículo e sobreviveu em estado grave, mas Francisco Alves sofreu morte imediata e, logo em seguida, o carro pegou fogo e seu corpo ficou totalmente carbonizado, praticamente irreconhecível.
Haroldo Alves foi socorrido por outro motorista que passou logo após o acidente, e foi levado à Santa Casa de Taubaté em estado de coma. A ocorrência foi atendida pelo delegado de Pindamonhangaba, município onde ocorreu o desastre, levando o corpo para aquela cidade onde, após diligências, foi finalmente identificado como sendo o de Francisco Alves, o Rei da Voz.
Francisco Alves fez uma apresentação em São Paulo, e teria no dia seguinte mais um programa pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, motivo de seu imediato retorno. A mesma emissora motivou esse deslocamento e o fato não passou despercebido da imprensa. Seus colegas da emissora, tanto de São Paulo como do Rio de Janeiro, se deslocaram para Pindamonhangaba a fim de acompanhar os acontecimentos.
Mais tarde Haroldo declarou:
"O carro não vinha correndo muito. Nossa conversa era sobre o jogo América x Bangu. O Chico e eu somos americanos e o nosso time estava vencendo de 2 x 1. Vínhamos felizes, comentando os lances do jogo. De repente ouvi um estrondo horrível... e quando voltei a mim, estava no Hospital de Taubaté!"
Segundo se apurou no inquérito, com a oitiva das testemunhas Gil Inácio de Andrade, Avelino Teixeira e do motorista do caminhão, o acidente foi causado por um terceiro veículo, um Mercury dirigido por Felipe Jorge Abunahman, um dentista, que vindo de uma via secundária (Estrada Municipal do Una Antônio Marçom), avançou de forma imprudente na pista Sul da Via Dutra, forçando o caminhão, que ia rumo a São Paulo, a desviar-se para a esquerda e o automóvel de Francisco Alves para a direita - de forma que ambos colidiram do lado do motorista, no acostamento da pista Norte. Um desvio, por conta de obras no local, pode ter sido uma das causas do desastre.
O local do acidente está assinalado por uma cruz vermelha, à qual foi afixado um violão. A cruz começou a atrair uma multidão de fãs que, no meio da estrada, então a mais movimentada do país, criava embaraços ao tráfego e perigo aos motoristas. Em 09/10/1952, o DNER determinou que a cruz fosse retirada, gerando protestos por parte do público e da imprensa. A cruz foi então levada para um depósito em Cachoeira Paulista, mas isto de nada adiantou pois mal foi tirada uma e logo outra foi improvisada e a medida mostrou-se inócua.
O professor Mário de Assis César, de Pindamonhangaba e proprietário do terreno no qual havia sido instalada a cruz, doou a faixa de terra, correspondente ao local do acidente, para a construção de um monumento em memória de Francisco Alves. Passados alguns anos, a ideia do monumento não havia progredido e em 1957, Mário de Assis César criou no local, às suas expensas, a Escola Francisco Alves, "o único estabelecimento primário de Pindamonhangaba conhecido no Rio de Janeiro e São Paulo, porque ele enviou circulares para todas as rádios das duas capitais", de acordo com uma notícia da época. A Escola Francisco Alves, no entanto, já não era mais mencionada na imprensa local em fins da década seguinte.
Velório e Sepultamento
Seguindo para o Rio de Janeiro, o corpo de Francisco Alves foi velado na Câmara Municipal. Uma multidão de fãs e curiosos acorreu ao lugar, para se despedir da celebridade desaparecida, além de artistas, autoridades e um representante do então presidente Getúlio Vargas. Mesmo durante a madrugada do domingo para a segunda-feira as filas diante do legislativo municipal não deixavam de crescer.
Na segunda-feira, 29/09/1952, pouco após as 11h00, o cortejo seguiu rumo ao Cemitério de São João Batista, seguido por multidão cujo número não pode ser aferido. No registro do cronista do jornal O Dia:
"Era impossível ter-se uma ideia exata do número de pessoas que formavam aquela fabulosa onda humana, que provocou colapso no trânsito, acompanhando os funerais de Francisco Alves. Cem, duzentas mil pessoas? Quem sabe ao certo, se a vista do repórter se perdia ao longo de ruas e avenidas da Zona Sul? Foi um espetáculo comovente, o coroamento das manifestações de dor popular pela morte trágica do Rei da Voz. Durante as últimas 48 horas, a cidade se transformou de tal modo, ligando-se ao destino de um artista por vinculo do mais profundo sentimentalismo, que até parecia não ter morrido apenas um seresteiro de alta classe, mas um místico de poderosa influência sobre multidão deslumbrada!"
O cortejo fúnebre seguiu com o caixão sendo levado numa viatura do corpo de bombeiros e, ao longo do percurso, as pessoas jogavam flores, a ponto de que logo estas cobriram totalmente o caixão. Benjamin Costallat descreveu o momento:
"A cidade, no seu luto, encheu-se, então, da voz de seu cantor, que nunca lhe pareceu tão bela, tão comovedora e tão triste, como se chorasse sobre si mesma o desaparecimento de seu dono, daquele bom e simples Chico Viola, filho dos morros, irmão do samba e amigo das serenatas e do luar!"
Atrás do carro dos bombeiros e da multidão que o seguia, vinha uma grande quantidade de carros a levar flores e coroas. O trajeto seguiu da Câmara pela avenida Rio Branco, passando pelos bairros do Flamengo, Botafogo e outros, sempre com o mesmo acompanhamento. Foram duas horas de percurso.
Durante o trajeto o povo cantava a música do ídolo, "Adeus, Cinco Letras que Choram". Estimativas deram conta de que meio milhão de pessoas acompanharam o cortejo. Tamanha quantidade de pessoas não coube no cemitério e apesar das medidas adotadas pela força pública, houve grande confusão, todos querendo ali adentrar e acompanhar o sepultamento do Rei da Voz.
Os oradores que programaram um último discurso não o conseguiram. As cenas de comoção extrema se repetiam em homens, mulheres, velhos e crianças que muitas vezes caíam, sendo pisoteados, e muitos ataques nervosos exigiam o socorro. Mesmo a urna funerária teve dificuldade para chegar finalmente ao jazigo, sendo necessário para isto o esforço de doze homens da Polícia Especial.
Apesar disso, as meninas atendidas pela Casa de Lázaro, em coro, entoaram a "Canção da Criança" enquanto seu corpo era baixado ao túmulo.
Missas
No dia 03/10/1952 foram mandadas celebrar várias missas em memória do cantor. O bispo de Santos Dom Idílio Soares se recusou a celebrar a missa, por ouvir dizer que o artista não tinha uma vida reta. Mas, consultando a Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, esta lhe respondeu que ele levara uma vida normal e assim poderia receber as exéquias católicas, o que o fez reconsiderar a negativa.
Em São Paulo mais de mil pessoas compareceram à cerimônia na Igreja de Nossa Senhora da Consolação ao final da qual a orquestra da Rádio Nacional executou "A Voz do Violão", canção cuja letra fazia lembrar Francisco Alves. Já no Rio de Janeiro as missas ocorreram no dia 04/10/1952, e na tradicional Candelária teve início às 11h30 com a participação dos corais da Rádio Nacional (Cantores do Céu) e do Teatro Municipal, que também apresentou sua orquestra, com transmissão ao vivo por várias emissoras de rádio da capital e do interior do país.
Ao largo dessas cerimônias públicas, a viúva "oficial", Perpétua de Morais Alves, em seu nome e dos dois filhos, mandou também celebrar uma missa no dia 04/10/1952, na Igreja de Santa Mônica, no bairro do Leblon. Na ocasião o jornalista David Nasser anunciou duas medidas: A primeira, que iria revelar publicamente o nome do pai dos dois filhos que Perpétua registrou como sendo de Francisco Alves (Dando-lhe um prazo de sete dias para ela mesma fazê-lo, espontaneamente). A segunda, que toda a vida do cantor seria objeto de uma biografia que iria publicar por O Cruzeiro e cuja renda seria revertida para a Casa de Lázaro.
Esta data marcou o início das disputas públicas e jurídicas entre Perpétua de Morais Alves (Ceci), David Nasser e parentes de Francisco Alves, que se arrastaria por vários anos.
Eventos Póstumos
Tanto a Rádio Nacional como o patrocinador do programa que Francisco Alves mantinha ao meio-dia dos domingos decidiram mantê-lo, apesar de sua morte. Na sua primeira irradiação, a cantora Linda Batista, carregada de emoção, entoou a canção "Chico Viola", fruto da parceria de Antônio Nássara com Wilson Batista.
Em Belo Horizonte, a fã Maria da Conceição, que caíra em depressão após a notícia, no dia 30/09/1952, ateou fogo às próprias roupas. Apesar de socorrida ainda com vida, veio a falecer no pronto-socorro. Neste mesmo dia, o carona do acidente, Haroldo Alves, foi finalmente transferido de ambulância para o Rio de Janeiro com a melhora de seu estado de saúde. Ele ainda não sabia que Francisco Alves tinha falecido.
Os jornais indicavam que ocorria uma peregrinação de pessoas de todas as classes sociais ao cemitério de São João Batista ao túmulo 519 da ala 5, onde foi sepultado o cantor. Os discos de Francisco Alves nas lojas haviam acabado, dado o volume de vendas. Foi neste mesmo dia que Perpétua de Morais Alves, a Ceci, deu entrada no foro ao pedido de abertura do inventário dos bens deixados por Francisco Alves. Teria início ali mais um drama que se arrastaria nos próximos anos, percorrendo todas as instâncias do poder judiciário.
Disputa Pela Herança, Revelações do Passado
Após ingressar com o pedido do inventário junto à 4ª Vara de Órfãos e Sucessões onde foi nomeada inventariante, Perpétua de Morais Alves também não descuidou do processo pedido pelo reconhecimento dos filhos como sendo do marido, e recorreu da sentença proferida na primeira instância.
David Nasser, o repórter que chamou para si a defesa da memória do amigo Francisco Alves, também não ficou imune aos ataques: Foi divulgado que ele devia uma importância superior a um milhão de cruzeiros ao amigo e ele atribuiu isto a uma campanha para o "desacreditar perante a opinião pública". David Nasser reagiu divulgando que possuía doze músicas em parceria com Francisco Alves e que estas renderiam dois milhões mas, para que a metade deste valor não fosse para Perpétua, jamais as deixaria serem gravadas. Ele reiterava a ameaça de que divulgaria o nome do verdadeiro pai dos filhos atribuídos a Francisco Alves.
Como os bens de Francisco Alves ficaram restritos, o tratador de seu cavalo de corridas, Veludo, solicitou ao juiz Lourival Gonçalves, a quem cabia o inventário, autorização para que este pudesse disputar, em 12/10/1952, na corrida do Hipódromo da Gávea para a qual foi inscrito anteriormente. Uma decisão que dependia da inventariante, Perpétua.
Em Carta de Chico: "Quem é Perpétua"
No dia 15/10/1952, David Nasser cumpriu a ameaça e divulgou na imprensa uma carta de Francisco Alves, onde este atribuía a paternidade dos filhos de Perpétua. Na missiva, o cantor dizia, a 12/09/1952, quinze dias antes de sua morte:
"Turco, ando preocupado com a ação daquela (censurado) Perpétua, a Ceci, que quer mesmo impingir-me os seus filhos como meus, depois da separação de trinta anos. O pai verdadeiro do Cristiano e da Tereza, dois pobres inocentes cujo azar é serem filhos de uma (censurado), chama-se Ernesto Pestana."
Logo o nome e a figura do rico comerciante Ernesto Pestana ganhou as páginas dos jornais. O sensacionalista Diário Carioca exibia as fotografias de Ernesto Pestana ao lado da foto de Cristiano e declarava serem evidentes as semelhanças. Por outro lado, a carta que David Nasser divulgou atribuída ao cantor desqualificava ainda mais a ex-mulher:
"Essa Perpétua é uma caluniadora e como você sabe quer o meu dinheiro, mas prefiro deixar de cantar e até botar fogo no meu violão, a dar dinheiro a essa (censurado) chantagista de uma figa!"
A certeza de Francisco Alves se expressava na carta:
"Nunca fui pai. A vida me deu muitas glórias, mas não me deu essa. Os médicos, mais ou menos em 1920, concluíram que num ligeiro acidente eu havia me tornado definitivamente estéril!"
Segundo se explicou, este acidente teria sido um chute que Francisco Alves recebeu quando jogava futebol. Acrescia o fato de não mais ter visto a esposa em 30 anos.
David Nasser revelou que Francisco Alves descobriu que as duas crianças tinham sido registradas por Perpétua em 1942, quando Cristiano tinha já 5 anos e a irmã Tereza, 4 anos. E mais, Perpétua falseou dados ao juiz ao dizer que os dois filhos haviam nascido no Hospital da Ordem Terceira da Penitência que, em certidão, informou que ela jamais esteve lá em qualquer tempo, pois não fazia parte da Ordem e, nos dias do nascimento indicados para seus filhos, não houve qualquer parto no referido hospital.
Outras incoerências foram apontadas pelo jornalista, como indicar que Francisco Alves tinha endereço incerto e ignorado quando já era figura de fama nacional. Quando Perpétua e as testemunhas das respectivas certidões reconheceram ter se equivocado com o nome do hospital, indicaram duas outras casas de saúde também de forma falsa. Ao juiz, Perpétua teria atribuído tais erros ao fato de não querer que os filhos soubessem que nasceram de cesariana.
Uma das duas testemunhas de Perpétua era sua empregada, que disse ter ido trabalhar para ela quando estava grávida, em 1935. Só que Cristiano nasceu 2 anos mais tarde, o que levaria à conclusão de que a gestação começada em 1935 durou todo o ano de 1936 para ter o parto depois de mais quatro meses de 1937. A mesma testemunha declarou que viu o menino no colo de Francisco Alves e chamando-o de papai, mas a casa onde ela trabalhou para Perpétua foi entregue ao proprietário quando a criança tinha apenas 2 meses de idade, ou seja, se o menino já falasse, então, seria um prodígio da natureza.
Para obter todas as informações Francisco Alves havia contratado os detetives da Agência Argus, que descobriram que, na época do nascimento de Cristiano, Perpétua convivia com Ernesto Pestana, sócio de uma empresa exportadora de frutas.
Em 1937 ela assinava como Perpétua Pestana, e tanto ela como o companheiro declaravam residir à Rua Garcia Dantas, nº 14, endereço que se verificou inexistente. Descobriu-se, ainda, que moraram juntos com a mãe de Perpétua, que tinha quase o mesmo nome da filha: Perpétua Clara Guerra de Tutóia.
Depois, já grávida de Tereza, os dois se mudaram e fizeram registro policial de próprio punho do novo endereço. Embora solteiro, Ernesto Pestana apresentou às autoridades Perpétua como sua esposa. Já com os dois filhos, o casal registrou-se em mais outros endereços junto a um filho que Perpétua teve antes de se casar com Francisco Alves, chamado Jorge Bath - mas que se assinava Jorge Alves - numa movimentação rastreada que durou de 1937 a 1941, quando tomaram destino desconhecido, pois se separaram.
Procurado por Francisco Alves, Ernesto Pestana fugia, chegando mesmo a viajar para a Argentina a fim de não se encontrar com ele. Com a morte de Francisco Alves, as irmãs Carolina e Ângela passaram a representá-lo na ação da negativa de paternidade, enquanto Ernesto Pestana achava-se mais uma vez desaparecido.
Perpétua Contestada
Em 21/10/1952, a família de Francisco Alves divulgou que iria finalmente entrar com ação para destituir Perpétua do inventário. A fundamentação estava num artigo do Código Civil então vigente que dispunha não poderem fazer parte da sucessão herdeiros "que acusaram, caluniosamente, em juízo, ou incorreram em crime contra a sua honra". Com isto ficou-se sabendo que Perpétua acusou Francisco Alves por duas vezes: Numa como rufião e outra como ladrão, sendo Francisco Alves absolvido em ambas. Se a tese fosse vitoriosa, Perpétua ainda teria a esperança de vencer no recurso contra a sentença de primeira instância que negou a Francisco Alves a paternidade de seus dois filhos.
Em 22/10/1952, Perpétua renunciou à função de inventariante. Com isto ela deixou de ser a administradora dos bens deixados por Francisco Alves e, para fazê-lo, declarou ao juiz que precisava sair do Rio de Janeiro a fim de se refazer do choque que sofreu com a morte do artista.
Enquanto Perpétua fazia uma retirada estratégica, Ernesto Pestana, o atribuído verdadeiro pai, continuava desaparecido. A imprensa descobriu que ele era bastante rico, um dos mais abastados comerciantes do Rio de Janeiro, contando até com navios em seu patrimônio. Os advogados das irmãs de Francisco Alves pretendiam realizar exames de sangue comparativos entre ele e os filhos de Perpétua, para assim ajudarem a dirimir a questão da paternidade.
Com a renúncia de Perpétua, o juiz nomeou novo inventariante o advogado Luiz MacDowell. No dia 24/10/1952, o novo administrador assinou o compromisso, e até aquele momento não se sabia qual o valor atribuído ao espólio.
A Disputa Se Arrasta, o Supremo Decide
No começo de 1953, as irmãs Ângela e Carolina, e o sobrinho Afonso Alves do Amaral, ingressaram finalmente com uma ação para afastar Perpétua da sucessão de Francisco Alves. Com nome o termo jurídico "indignidade", a ação foi proposta sob os argumentos revelados ainda no ano anterior de que ela havia acusado caluniosamente o falecido.
O processo continuou se arrastando e em 1955 o juiz da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões deu um despacho onde vedava a Perpétua retirar dos bens a importância de cento e vinte mil cruzeiros. Na época divulgou-se que os bens do cantor haviam sido estimados em mais de dois milhões de cruzeiros, dos quais um milhão e duzentos mil eram valores dos direitos autorais recolhidos com a venda de discos e depositados em bancos.
Em abril de 1957 o caso finalmente chegou à Suprema Corte, depois de perdas e vitórias de Perpétua e das irmãs de Francisco Alves em sucessivos recursos impetrados a partir da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões. Ali, no Supremo Tribunal Federal (STF), finalmente foi decidido que, embora Francisco Alves fosse favorável ao desquite, nunca o intentou e, portanto, deu ganho de causa àquela que era, pela lei, sua viúva e única herdeira de seus bens: Perpétua, que viveu alguns dias com Francisco Alves, tornou-se senhora de todo o patrimônio que acumulou e dos direitos sobre suas músicas.
A cobertura feita pela revista O Cruzeiro, com as revelações de David Nasser rendeu ao todo quarenta e cinco páginas e uma ampliação da tiragem da revista para 550 mil exemplares por semana: Um recorde se considerar que o país tinha apenas 50 milhões de habitantes, dos quais 30% era composta por analfabetos.
Carreira
Sua longa carreira como artista foi de importância capital para a formação de muitos dos gêneros da Música Popular Brasileira. Sua trajetória coincidiu com o desenvolvimento no país de várias novas tecnologias até então inexistentes, e com momentos sociais importantes que se refletiram na manifestação musical: Surgiu o rádio como fenômeno de divulgação de massa e também a indústria fonográfica. No plano cultural, o rápido crescimento das cidades do período fez com que os ritmos musicais tipicamente urbanos vinhessem a se formar, impulsionados ainda mais pelas festas populares, como o Carnaval, e pelo sucesso do teatro de revista e do cinema . Tudo isto a sobrelevar seu papel na história musical do Brasil.
Em 1987, várias de suas gravações foram relançadas, antecipando o centenário de seu nascimento no ano seguinte. Pela BMG Ariola, várias de suas músicas compunham a caixa de clássicos da MPB. A Collector's do Rio de Janeiro relançou parte de sua obra em seis CDs e o selo da cidade de Curitiba Revivendo outros três.
Francisco Alves além de ser o cantor mais diverso do Brasil com uma discografia extremamente rica, é também, o cantor que mais gravou no Brasil, tendo mais de 980 gravações, mais de 30 ritmos musicais, talvez o mais diverso e versátil cantor brasileiro.
Filmografia
A Enciclopédia Itaú Cultural dá como Francisco Alves tendo participado do filme de 1931, "Coisas Nossas". Isto contudo não se repete na biografia do cantor, de Ronaldo Aguiar, nem na ficha catalográfica do filme da Cinemateca Brasileira que, entretanto, reporta seu nome como integrante do elenco, segundo Araken Campos Pereira Júnior (com a ressalva de que o autor não indica suas fontes).
A Cinemateca diz ser este um filme musical, e cita Jean-Claude Bernardet que disse ter a película inaugurado "... no Brasil o filme revista e marca o início do relacionamento rádio-cinema, tornando-se pioneiro de um filão importante que se desenvolveria nos anos 30 no Rio de Janeiro".
A revista A Scena Muda, que já o criticou no filme "Laranja da China" de 1940, voltou no ano seguinte a dizer que Francisco Alves surgia fantasmagórico e que "parece ter saído de um cemitério" em "Céu Azul".
Apesar de "Coisas Nossas" trazer números musicais, Alberto Dines disse que o filme "Alô, Alô, Carnaval" (1936) é considerado o primeiro musical brasileiro. Informa que teve grande aceitação do público e trazia no elenco Francisco Alves, Barbosa Júnior, Mário Reis, Almirante, Carmen Miranda e o iniciante Oscarito. Foi reapresentado numa festa em setembro de 1952, pouco antes da morte de Francisco Alves, para comemorar seu pioneirismo. Alberto Dines escreveu, na época: "Nunca vimos um filme brasileiro tão bem recebido, tão aplaudido no seu decorrer e ao terminar!".
Teatro
Francisco Alves participou, no teatro musical, da peça "Da Favela ao Catete", de autoria de Freire Júnior. A apresentação burlesca estreou em 1935 e teve as músicas compostas por Hervé Cordovil.
Autobiografia
Em 1936, Francisco Alves publicou uma autobiografia intitulada "Minha Vida", publicada no Rio de Janeiro pela Editora Brasil Contemporâneo.
Homenagens
Nos dias seguintes ao acidente que ocasionou a morte de Francisco Alves, a Câmara de Vereadores de São Paulo apreciou projetos alterando o nome da antiga "Rua 16" para Rua Francisco Alves, e outro autorizando que fosse feito um busto do cantor numa das praças da cidade.
Colonizada a partir da década de 1950, ainda pertencendo a Iporã, em 24/08/1972 a lei estadual paranaense nº 6.314 emancipou o município com o nome que homenageia o cantor, sendo instalada apenas em 01/02/1977. Francisco Alves é também chamada pelas pessoas de Chico Viola. Os nascidos ali são os Alvenses.
Em 1974, na casa em que Francisco Alves morou na cidade de Miguel Pereira, conhecida como Castelinho, foi inaugurado o Museu Francisco Alves, além de ali ter uma rua com seu nome. Situado no centro da cidade, dentro do Jardim Municipal Francisco Marinho Andreiolo, o museu traz importantes peças pessoais do artista, dentre as quais em destaque está seu violão.
Músicas
Além de "Chico Viola" (Antônio Nássara e Wilson Batista) lançada pouco após sua morte, o samba-canção "Uma Cruz na Estrada" foi composto para homenagear o cantor, de autoria de Irany de Oliveira e Ari Monteiro. Foi gravada por Carlos Galhardo em 1953, mas só foi lançada no ano seguinte.
O filme "Chico Viola Não Morreu" já em 1955, com roteiro de Gilda de Abreu, traz a biografia do artista, que é interpretado por Cyll Farney, numa atuação que lhe rendeu os prêmios de Melhor Ator em dois festivais de cinema brasileiros da época.
Cyll Farney dubla sete canções de Francisco Alves, seus maiores sucessos. A atriz Eva Wilma também foi premiada com um Saci por sua atuação e foi a Melhor Fotografia, no Festival do Distrito Federal daquele ano.
O documentário "Uma Cruz na Estrada", dirigido por Jorge Ileli em 1970, reconta a carreira e a morte de Francisco Alves, em curta-metragem. A Cinemateca voltou a exibi-lo, em 2005.
Em 1998, ano do centenário do cantor, o musical "Chico Viola" foi exibido de 2 a 27 de setembro (data da morte), trazendo o ator Jandir Ferrari no papel do cantor. O espetáculo foi apresentado no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, sob direção de Luiz Arthur Nunes.
Bibliografia
Livros sobre Francisco Alves:
1966 - Chico Viola, David Nasser (Empresa Gráfica O Cruzeiro)
1998 - Francisco Alves: As Mil Canções do Rei da Voz (Abel Cardoso Júnior - Revivendo)
2013 - Os Reis da Voz (Ronaldo Conde Aguiar - Casa da Palavra)
1988 - Discografia de Francisco Alves (Walter Teixeira Alves - Ed. Lebasponte)