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Gal Costa

GAL MARIA DA GRAÇA PENNA BURGOS COSTA
(77 anos)
Cantora, Compositora e Multi-Instrumentista

☼ Salvador, BA (26/09/1945)
┼ São Paulo, SP (09/11/2022)

Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa, nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos e conhecida como Gal Costa, foi uma cantora, compositora e multi-instrumentista nascida em Salvador, BA, no dia 26/09/1945. Gal Costa foi eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.

Gal Costa era filha de Mariah Costa Penna, sua grande incentivadora, falecida em 1993, e de Arnaldo Burgos. Sua mãe contava que durante a gravidez passava horas concentrada ouvindo música clássica, como num ritual, com a intenção de que esse procedimento influísse na gestação e fizesse que a criança que estava por nascer fosse, de alguma forma, uma pessoa musical. O pai de Gal Costa, morto quando ela tinha quatorze anos, sempre foi uma figura ausente, vazio plenamente preenchido pelo amor de sua mãe, além dos parentes.

Por volta de muito tempo se tornou amiga das irmãs Sandra e Dedé (Andreia) Gadelha, futuras esposas dos compositores Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente.

Em 1959 ouviu pela primeira vez o cantor João Gilberto cantando "Chega de Saudade" (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) no rádio. João Gilberto também exerceu uma influência muito grande na carreira da cantora, que também trabalhou como balconista da principal loja de discos de Salvador da época, a Roni Discos.

Em 1963 foi apresentada a Caetano Veloso por Dedé Gadelha, iniciando-se a partir daí uma grande amizade e profunda admiração mútua.

Vida e Carreira

Gal Costa era discreta quanto a sua vida pessoal. Durante sua vida manteve relacionamentos estáveis, mas nunca foi oficialmente casada. De 1991 a 1992 viveu junto com o empresário Marco Pereira. Ela era assumidamente bissexual, e ao longo dos anos ficaram conhecidos seus relacionamentos afetivos com mulheres anônimas e famosas, dentre elas a cantora Marina Lima e a atriz Lúcia Veríssimo.

Em entrevistas revelou nunca ter conseguido engravidar devido a obstrução nas trompas, doença que surgiu ainda na adolescência, e que tentou o processo de fertilização, mas não obteve êxito. Seguindo os conselhos de sua mãe, decidiu entrar na fila de adoção, mas só quando tivesse emocionalmente certa deste passo.

Em 2007, conseguiu adotar um menino de dois anos de idade, que sofria de raquitismo devido às condições de miserabilidade extrema na qual vivia em uma favela carioca antes de ir para o abrigo. Ela o batizou como Gabriel. Em entrevistas, informou que o processo de adoção foi rápido, pois a criança não contemplava as características físicas que a maioria dos adotantes procurava.

Vivendo no Rio de Janeiro desde os anos 60, voltou a viver em Salvador nos fim dos anos 80, e em 2014 mudou-se com seu filho para São Paulo, vivendo em uma mansão nos Jardins. Revelou para a mídia gostar de viver na Capital Paulista, tendo se adaptado rapidamente a grande metrópole, e que tornou-se um ser humano melhor após a chegada de seu filho. Eventualmente era vista na mídia acompanhada de homens e mulheres anônimos.

No início da carreira e no primeiro compacto, a cantora se apresentava como Maria da Graça. Por sugestão do produtor Guilherme Araújo, no entanto, adotou o nome artístico Gal. Caetano Veloso não gostou da mudança, argumentando que "Gal." é abreviatura de general, de modo que o nome Gal Costa a fazia parecer homônima do então Presidente da República, o Gal. Costa e Silva.

Em entrevista concedida a Jô Soares, em 2013, a Gal Costa revelou que havia alterado o registro civil para incluir o apelido pelo qual ficou conhecida nacionalmente, passando a se chamar oficialmente Gal Maria da Graça Penna Burgos Costa.

Na religião, Gal Costa frequentava o candomblé, tendo sido iniciada no Terreiro do Gantois, por Mãe Menininha do Gantois.

Década de 1960

Gal Costa estreou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Tom Zé e outros, o espetáculo "Nós, Por Exemplo..." (22/08/1964), que inaugurou o Teatro Vila Velha, em Salvador. Neste mesmo ano participou de "Nova Bossa Velha, Velha Bossa Nova", no mesmo local e com os mesmos parceiros.

Deixou Salvador para viver na casa da prima Nívea, no Rio de Janeiro, seguindo os passos de Maria Bethânia, que havia estourado como cantora no espetáculo "Opinião". A primeira gravação em disco se deu no disco de estreia de Maria Bethânia (1965): O duo "Sol Negro" (Caetano Veloso), seguido do primeiro compacto, com as canções "Eu Vim da Bahia" (Gilberto Gil) e "Sim, Foi Você" (Caetano Veloso) - ambos lançados pela RCA, que posteriormente transformou-se em BMG (atualmente Sony BMG) - gravadora à qual Gal Costa retornaria em 1984, com o álbum "Profana". No fim do ano conheceu João Gilberto pessoalmente.

Gal Costa participou do I Festival Internacional da Canção, em 1966, interpretando a canção "Minha Senhora" (Gilberto Gil e Torquato Neto), que não emplacou.

O primeiro LP foi lançado em 1967, ao lado do também estreante Caetano Veloso, "Domingo", pela gravadora Philips, que posteriormente transformou-se em Polygram (atualmente Universal Music), permanecendo neste selo até 1983. Deste disco fez grande sucesso a canção "Coração Vagabundo" (Caetano Veloso).

Participou também do III Festival de Música Popular Brasileira defendendo as canções "Bom Dia" (Gilberto Gil e Nana Caymmi) e "Dadá Maria" (Renato Teixeira), esta última em dueto com Sílvio César no festival e com Renato Teixeira na gravação.

Em 1968, participou do disco "Tropicália ou Panis et Circencis" (1968), com as canções "Mamãe Coragem" (Caetano VelosoTorquato Neto), "Parque Industrial" (Tom Zé), "Enquanto Seu Lobo Não Vem" (Caetano Veloso), além de "Baby" (Caetano Veloso), o primeiro grande sucesso solo, que se tornou um clássico. Em novembro participou do IV Festival da Record defendendo a canção "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso e Gilberto Gil).

Lançou o primeiro disco solo, "Gal Costa" (1969), que além de "Baby" (Caetano Veloso) e "Divino Maravilhoso" (Caetano Veloso e Gilberto Gil) trouxe "Que Pena (Ele Já Não Gosta Mais de Mim)" (Jorge Benjor) e "Não Identificado" (Caetano Veloso), todas grandes sucessos. No mesmo ano gravou o segundo disco solo, "Gal", conhecido como o psicodélico, que traz os hits "Meu Nome é Gal" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e "Cinema Olympia" (Caetano Veloso), e deste disco foi gerado o espetáculo "Gal!"

Década de 1970

Em 1970, viajou para Londres para visitar Caetano Veloso e Gilberto Gil, exilados pela ditadura militar, e dessa viagem trouxe algumas músicas incluídas em seu disco seguinte, "Legal", cuja capa foi produzida por Hélio Oiticica. Do repertório desse trabalho fizeram grande sucesso as músicas "London London" (Caetano Veloso) e "Falsa Baiana" (Geraldo Pereira).

Em 1971, gravou um compacto duplo importantíssimo em sua carreira, onde estão os grandes sucessos "Sua Estupidez" (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e "Você Não Entende Nada" (Caetano Veloso). Nesse mesmo ano realizou um dos shows mais importantes da música brasileira, "Fa-Tal", dirigido por Waly Salomão e que gravado ao vivo gerou o disco que até hoje é considerado por muitos críticos como o mais importante de sua carreira, o "Fa-Tal / Gal a Todo Vapor", que traz grandes sucessos como "Vapor Barato" (Jards Macalé e Waly Salomão), "Como 2 e 2" (Caetano Veloso) e "Pérola Negra" (Luiz Melodia).

Em 1973, gravou o disco "Índia", dirigido por Gilberto Gil, que trazia os sucessos "Índia" (J. A. Flores e M. O. Guerreiro - versão José Fortuna) e "Volta" (Lupicínio Rodrigues), e desse disco fez outro show muito bem sucedido, também dirigido por Waly Salomão, "Índia". Nesse mesmo ano participou do Festival Phono 73, que gerou três discos, onde Gal Costa gravou com sucesso as músicas "Trem das Onze" (Adoniran Barbosa) e "Oração de Mãe Menininha" (Dorival Caymmi), em dueto com Maria Bethânia.

Em 1974, gravou o disco "Cantar", dirigido por Caetano Veloso, que trazia os sucessos "Barato Total" (Gilberto Gil), "Flor de Maracujá" (João Donato e Lysia Enio), "Até Quem Sabe" (João Donato e Lysia Enio) e "A Rã" (João Donato e Caetano Veloso). Desse disco gerou o show "Cantar", que não foi bem recebido por seu público por se tratar de um disco muito suave, contrastando com a imagem forte que a cantora criou a partir do Movimento Tropicalista.

Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Caetano Veloso
Em 1975, fez imenso sucesso ao gravar para a abertura da novela da TV Globo "Gabriela" a canção "Modinha Para Gabriela" (Dorival Caymmi). Desse ano também é o sucesso "Teco Teco" (Pereira da Costa e Milton Vilela), lançada em compacto. O grande sucesso da canção de Dorival Caymmi motivou a gravação do disco "Gal Canta Caymmi", lançado em 1976, que trazia os hits "Só Louco", "Vatapá", "São Salvador" e "Dois de Fevereiro", todas de Dorival Caymmi. Nesse mesmo ano, ao lado dos colegas Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, participou do show "Doces Bárbaros", nome do grupo batizado e idealizado por Maria Bethânia, espetáculo que rodou o Brasil e gerou o disco e o filme "Doces Bárbaros". O disco é considerado uma obra-prima e apesar disto, curiosamente na época do lançamento, 1976, foi duramente criticado. Doces Bárbaros foi um dos mais importantes grupos da contracultura dos anos 70 e, ao longo dos anos, foi tema de filme, DVD, enredo da escola de samba GRES Estação Primeira de Mangueira em 1994 com o enredo "Atrás da Verde-e-Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu", comandaram trio elétrico no carnaval de Salvador, espetáculos na praia de Copacabana.

Inicialmente o disco seria gravado em estúdio, mas por sugestão de Gal Costa e Maria Bethânia, foi o espetáculo que ficou registrado em disco, sendo quatro daquelas canções gravadas pouco tempo antes no compacto duplo de estúdio, com as canções "Esotérico", "Chuckberry Fields Forever", "São João Xangô Menino" e "O Seu Amor", todas gravações raras.

Em 1977, lançou o disco "Caras & Bocas", que trazia os sucessos "Tigresa" e "Negro Amor", além da música homônima ao disco que Maria Bethânia e Caetano Veloso escreveram para Gal Costa. Desse disco gerou-se o show "Com a Boca no Mundo".

Em 1978, lançou aquele que seria o primeiro disco de ouro de sua carreira, "Água Viva", que trouxe os sucessos "Folhetim" (Chico Buarque), "Olhos Verdes" (Vicente Paiva) e "Paula e Bebeto" (Milton Nascimento e Caetano Veloso). Desse disco surgiu o espetáculo "Gal Tropical", onde Gal Costa deu uma virada em sua carreira, mudando drasticamente de imagem, passando de musa hippie para uma cantora mais mainstream. O show "Gal Tropical" foi um imenso sucesso de público e crítica, e gerou o disco "Gal Tropical", em que Gal Costa cantou alguns dos maiores sucessos de sua carreira, como "Balancê" (João de Barro e Alberto Ribeiro), "Força Estranha" (Caetano Veloso), "Noites Cariocas" (Jacob do Bandolim e Hermínio Bello de Carvalho), além das regravações dos grandes sucessos "Índia" e "Meu Nome é Gal".

Década de 1980

Desde a década de 1960, quando surgiram os especiais do Festival de Música Popular Brasileira (TV Record) até o final da década de 1980, a televisão brasileira foi marcada pelo sucesso dos espetáculos transmitidos. Apresentando os novos talentos registravam índices recordes de audiência. Gal Costa participou do especial "Mulher 80" da TV Globo, um desses momentos marcantes da televisão. O programa exibiu uma série de entrevistas e musicais cujo tema era a mulher e a discussão do papel feminino na sociedade de então, abordando esta temática no contexto da música nacional e da inegável preponderância das vozes femininas, com Maria Bethânia, Gal Costa, Elis Regina, Fafá de Belém, Zezé Motta, Marina Lima, Simone, Rita Lee, Joanna e as participações especiais das atrizes Regina Duarte e Narjara Turetta, que protagonizaram o seriado "Malu Mulher".

Em 1980, gravou o disco "Aquarela do Brasil", focado na obra do compositor Ary Barroso, e que trouxe hits como "É Luxo Só" (Ary Barroso e Luiz Peixoto), "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso), "Na Baixa do Sapateiro" (Ary Barroso), "Camisa Amarela" (Ary Barroso) e "No Tabuleiro da Baiana" (Ary Barroso).

Em 1981, estreou o show "Fantasia", um grande fracasso de crítica, mas que gerou um dos mais bem sucedidos discos de sua carreira, tanto de público quanto de crítica, o premiado "Fantasia", que trouxe vários sucessos, como "Meu Bem, Meu Mal" (Caetano Veloso), "Massa Real" (Caetano Veloso), "Açaí" (Djavan), "Faltando Um Pedaço" (Djavan), "O Amor" (Caetano Veloso, Ney Costa Santos e Vladmir Maiakovski), "Canta Brasil" (David Nasser e Alcir Pires Vermelho) e "Festa do Interior" (Moraes Moreira e Abel Silva). Com o grande sucesso do disco, Gal Costa convidou Waly Salomão para dirigir o show "Festa do Interior" que a redimiu do grande fracasso do show "Fantasia". Ainda em 1981, em seu especial produzido e exibido na TV Globo no programa "Grandes Nomes", no qual o nome do seu especial foi seu nome de batismo, "Maria da Graça Costa Penna Burgos", no fim do especial, Gal Costa usou uma roupa de franjas rosas, que foi comparado a um boneco infantil da época. Os críticos disseram que o que salvou o especial foi sua apresentação com a renomada, e considerada por muitos, a maior cantora popular brasileira Elis Regina. Nessa participação, Gal Costa começou cantando "Amor Até o Fim", música que fazia parte da discografia das duas, e Elis Regina fez um dueto com a Gal Costa. Logo após, Elis Regina cantou uma música recém lançada sua, "Aprendendo a Jogar", e em seguida mais dois duetos "Ilusão à Toa" e "Estrada do Sol".

Em 1982, gravou outro disco de sucesso, "Minha Voz", em que se destacaram as gravações de "Azul" (Djavan), "Dom de Iludir" (Caetano Veloso), "Luz do Sol" (Caetano Veloso), "Bloco do Prazer" (Moraes Moreira e Fausto Nilo), "Verbos do Amor" (João Donato e Abel Silva) e "Pegando Fogo" (Francisco Mattoso e José Maria de Abreu).


Em 1983, gravou outro disco bem sucedido comercialmente, "Baby Gal", que também se tornou um show, e que trouxe os sucessos "Eternamente" (Tunai, Sérgio Natureza e Liliane), "Mil Perdões" (Chico Buarque), "Rumba Louca" (Moacyr Albuquerque e Tavinho Paes), além da regravação de "Baby".

Originalmente idealizado para a montagem do ballet teatro do Balé Teatro Guaíra (Curitiba, 1982), o espetáculo "O Grande Circo Místico" foi lançado em 1983. Gal Costa integrou o grupo seleto de artistas da MPB que viajaram pelo país apresentando o projeto, um dos maiores e mais completos espetáculos teatrais, para uma plateia de mais de duzentas mil pessoas, em quase duzentas apresentações. Gal Costa interpretou a canção "A História de Lili Braun", musicado pela dupla Chico Buarque e Edu Lobo. O espetáculo contava a história de amor entre um aristocrata e uma acrobata e a saga da família austríaca proprietária do Circo Knie, que vagava pelo mundo nas primeiras décadas do século.

Em 1984, deixou a gravadora Philips e assinou contrato com a RCA, onde gravou o disco "Profana", que trazia os hits "Chuva de Prata" (Ed Wilson e Ronaldo Bastos), "Nada Mais (Lately)" (Stevie Wonder - Versão: Ronaldo Bastos), "Atrás da Luminosidade" (Caetano Veloso) e "Vaca profana" (Caetano Veloso).

Em 1985, gravou o disco "Bem Bom", com os sucessos "Sorte" (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos), cantada em dueto com Caetano Veloso, e "Um Dia de Domingo" (Michael Sullivan e Paulo Massadas), em dueto com Tim Maia.

Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura e feminismo, cantou no coro da versão brasileira de "We Are The World", o hit americano que juntou vozes e levantou fundos para a África ou "USA For Africa". O projeto "Nordeste Já" (1985), abraçou a causa da seca nordestina, unindo 155 vozes numa criação coletiva. Surgiu o compacto, de criação coletiva, com as canções "Chega de Mágoa" e "Seca D´água". Elogiado pela competência das interpretações individuais, foi no entanto criticado pela incapacidade de harmonizar as vozes e o enquadramento de cada uma delas no coro. Em atitude que surpreendeu muitos dos fãs, em fevereiro deste mesmo ano, posou nua para a edição 127 da extinta revista Status, poucos meses antes de completar quarenta anos.

Em 1987, lançou o disco e o espetáculo "Lua de Mel Como o Diabo Gosta", um fracasso de crítica, mas que trouxe mais alguns sucessos à carreira da cantora como, "Lua de Mel" (Lulu Santos), "Me Faz Bem" (Milton Nascimento e Fernando Brant) e "Viver e Reviver (Here, There, And Everywhere)" (John Lennon e Paul McCartney - Versão: Fausto Nilo).

Em 1988, gravou com grande sucesso a música "Brasil" (Cazuza, Nilo Romero e George Israel) para a abertura da novela da TV Globo "Vale Tudo".

Década de 1990

Em 1990, gravou o disco "Plural", que trazia os sucessos de "Alguém Me Disse" (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), "Nua Ideia" (João Donato e Caetano Veloso) e "Cabelo" (Jorge Benjor e Arnaldo Antunes).

Em 1992, lançou o disco "Gal", com repertório em boa parte extraído do show "Plural", e do qual fez sucesso a música "Caminhos Cruzados" (Tom Jobim e Newton Mendonça).

Em 1993, lançou o premiado disco "O Sorriso do Gato de Alice", produzido por Arto Lindsay, com o sucesso "Nuvem Negra" (Djavan). Desse disco gerou-se o show de mesmo nome, com direção de Gerald Thomas, que causou polêmica por Gal Costa cantar a música "Brasil" com os seios à mostra.

Em 1994, reuniu-se com Gilberto Gil, Caetano Veloso e Maria Bethânia, na quadra da escola de samba Mangueira, para o show "Doces Bárbaros na Mangueira", que comemorou os 18 anos dos Doces Bárbaros.

Em 1995, lançou "Mina D'água do Meu Canto", trazendo apenas composições de Chico Buarque e Caetano Veloso, do qual fez sucesso a música "Futuros Amantes" (Chico Buarque).

Em 1997, gravou o CD "Acústico MTV", sucesso de vendas, no qual cantou vários sucessos de sua carreira e lançou com sucesso uma nova versão de "Lanterna dos Afogados", cantando ao lado do autor da canção, Herbert Vianna.

Em 1998, gravou o CD "Aquele Frevo Axé", com o hit "Imunização Racional (Que Beleza)" (Tim Maia).

Em 1999, lançou um disco duplo ao vivo "Gal Costa Canta Tom Jobim Ao Vivo", realizando o projeto do maestro, que era fazer um disco com a cantora, embora sozinha.

Década de 2000

Em 2001, gravou o CD "Gal de Tantos Amores", contendo a música "Caminhos do Mar" (Dorival Caymmi, Danilo Caymmi e Dudu Falcão). Nesse mesmo ano, foi incluída no Hall Of Fame do Carnegie Hall, sendo a única cantora brasileira a participar do Hall Of Fame, após participar do show "40 Anos de Bossa Nova", em homenagem a Tom Jobim, ao lado de César Camargo Mariano e outros artistas.

Em 2002, lançou o CD "Bossa Tropical", no qual registrou a faixa "Socorro" (Alice Ruiz e Arnaldo Antunes), sucesso originalmente gravado pela cantora Cássia Eller.

Em 2003, lançou o CD "Todas as Coisas e Eu", contendo clássicos da MPB, como "Nossos Momentos" (Haroldo Barbosa e Luis Reis), que fez sucesso.

Em 2005, lançou pela gravadora Trama o CD "Hoje", produzido por César Camargo Mariano, onde reuniu várias canções novas de compositores pouco conhecidos do grande público, tendo se destacado "Mar e Sol" (Carlos Rennó e Lokua Kanza).

Em 2006, realizou temporada na casa de shows Blue Note, em New York, espetáculo que foi gravado e lançado em setembro no CD "Gal Costa Live At The Blue Note", lançado originalmente nos Estados Unidos e Japão e somente em 2007 no Brasil. Ainda em 2006, lançou pela gravadora Trama o CD e DVD "Gal Costa Ao Vivo", gravados durante a temporada do show "Hoje".

Em 2009, reclusa nos últimos anos para se dedicar ao filho, Gabriel, Gal Costa voltou aos palcos como convidada de Dionne Warwick em show que estreou no Rio de Janeiro, passando por Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. "Aquarela do Brasil", o samba-exaltação de Ary Barroso que deu título a discos lançados tanto por Gal Costa (em 1980) como por Dionne Warwick (em 1995), é um dos duetos do show.

Década de 2010

Em dezembro de 2011, lançou o álbum "Recanto", produzido por Caetano Veloso e Moreno Veloso. Álbum com arranjos eletrônicos idealizado por Caetano Veloso, Moreno Veloso e Kassin. Elogiadíssimo pela crítica, foi eleito o melhor álbum de 2011.

Em 2012, foi eleita a sétima maior voz da música brasileira de todos os tempos, pela revista Rolling Stone Brasil.

Depois de sete anos longe de disco e show inéditos, Gal Costa estreou a turnê do elogiado álbum "Recanto" no Rio de Janeiro. Com direção de Caetano Veloso, autor de todas as músicas do CD, o show inaugurou a sofisticada casa de shows, à beira da lagoa Rodrigo de Freitas, Miranda. No repertório, além de canções inéditas como "Neguinho", "Segunda", "Tudo dói" e "Miami Maculelê", sucessos da carreira da cantora, entre eles, "Um Dia de Domingo", "Baby", "Meu Bem, Meu Mal", "Modinha Pra Gabriela", "Força Estranha", "Vapor Barato" e canções que há muito ela não cantava, como "Da Maior Importância" e "Mãe". No palco, Gal Costa está acompanhada pelo Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo e violão). O show seguiu em turnê pelo país e pelo exterior, como Portugal, Holanda, Israel, Itália e terminou na Festa Literária de Paraty em 2014, seguido de um último show no Uruguai.

No segundo semestre de 2014, lançou o elogiadíssimo show "Espelho D'água", título extraído da canção homônima que ganhou dos irmãos Camelo, e resgatou antigos sucessos como "Sua Estupidez", "Tuareg", "Caras e Bocas" e "Tigresa". Nesse ano ainda foi lançado em CD e LP o registro de um show que Gal Costa e Gilberto Gil fizeram em Londres em novembro de 1971, gravado em estéreo diretamente da mesa de som no Student Centre da City University London, "Live In London '71". O repertório inclui muitas músicas do show "Fa-tal" que estreou um mês antes no Rio de Janeiro. Um destaque do disco é a enérgica gravação ao vivo de "Acauã", onde Gal Costa e Gilberto Gil cantam juntos.

Em 2015, realizou uma turnê em homenagem ao centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues (1914-2014). Idealizado pelo cantor, compositor e produtor musical J. Velloso e produzido por Mauricio Pessoa, o show "Ela Disse-me Assim," foi dirigido por J. Velloso e e pelo jornalista Marcus Preto. No fim de maio foi lançado o disco "Estratosférica", comemorando seus cinquenta de carreira, recheado de compositores novos como Céu, Criollo, Artur Nogueira, Malu Magalhães, e antigos colegas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Tom Zé, Guilherme Arantes e João Donato. Com direção também assinada por Marcus Preto.

Em 2016, Marcus Preto lançou um documentário sobre Gal Costa, incluindo imagens do show "Fa-tal" gravadas pelo diretor Leon Hirszman em 1971. Ainda em 2016, Gal Costa foi ouvida pelo mundo, tendo sua voz em canções como "Até Quem Sabe", "Pontos de Luz" e "Vapor Barato" sendo regravadas ou sampleadas por artistas e DJ's. Neste ano também, integrou um grupo de artistas, como Zélia Duncan, Elba Ramalho, Zeca Baleiro e Maria Gadú, que saíram em turnê com o Prêmio da Música Brasileira em homenagem à Gonzaguinha.

Em 2017, lançou um CD e DVD, baseado no show "Estratosférica". No dia 25 de novembro, o Multishow exibiu, ao vivo, Gal Costa, Gilberto Gil, e Nando Reis no show da turnê "Trinca de Ases", que também virou um CD e DVD em 2018.

Em 2018, lançou o elogiado CD, "A Pele do Futuro". A sonoridade do álbum busca remeter ao estilo musical Soul e Disco da década de 1970. As canções de trabalho foram "Palavras nCorpo", "Sublime" e "Cuidando de Longe", e o título do álbum foi retirado da letra da canção "Viagem Passageira".

Em 2019, lançou o elogiado show "A Pele do Futuro", com direção musical de Pupillo e direção geral de Marcus Preto, que virou um CD duplo e DVD.

Morte

Gal Costa faleceu na quarta-feira, 09/11/2022, aos 77 anos, em São Paulo, SP. A causa da morte por suposto infarto agudo do miocárdio foi divulgada pela imprensa, que acabou desmentida pela assessoria da cantora, que não esclareceu o motivo concreto do óbito.

Gal Costa havia completado 57 anos de carreira e era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no fim de semana anterior ao falecimento. A participação de Gal Costa foi cancelada de última hora em razão da necessidade de recuperação da cantora após ter sido submetida a uma cirurgia para retirada de um nódulo na fossa nasal direita.

Gal Costa encontrava-se em plena atividade antes do procedimento e viajava o Brasil com a turnê "As Várias Pontas de Uma Estrela", na qual interpretava sucessos da MPB dos anos 1980. Além de espetáculos próprios, Gal Costa estava na lista de diversos festivais de música nacionais e programava-se para uma turnê pela Europa, que se iniciaria em novembro de 2022.

Discografia

Álbuns de Estúdio
  • 1967 - Domingo (Com Caetano Veloso)
  • 1968 - Tropicalia ou Panis et Circencis (Com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé)
  • 1969 - Gal Costa
  • 1969 - Gal
  • 1970 - Legal
  • 1973 - Índia
  • 1974 - Cantar
  • 1976 - Gal Canta Caymmi
  • 1977 - Caras & Bocas
  • 1978 - Água Viva
  • 1979 - Gal Tropical
  • 1980 - Aquarela do Brasil
  • 1981 - Fantasia
  • 1982 - Minha Voz
  • 1983 - Baby Gal
  • 1984 - Profana
  • 1985 - Bem Bom
  • 1987 - Lua de Mel Como o Diabo Gosta
  • 1990 - Plural
  • 1992 - Gal
  • 1993 - O Sorriso do Gato de Alice
  • 1995 - Mina d'Água do Meu Canto
  • 1998 - Aquele Frevo Axé
  • 2001 - Gal de Tantos Amores
  • 2002 - Bossa Tropical
  • 2003 - Todas as Coisas e Eu
  • 2005 - Hoje
  • 2011 - Recanto
  • 2015 - Estratosférica
  • 2018 - A Pele do Futuro
  • 2021 - Nenhuma Dor

Álbuns Ao Vivo
  • 1971 - Fa-Tal - Gal a Todo Vapor
  • 1974 - Temporada de Verão (Com Caetano Veloso e Gilberto Gil)
  • 1976 - Doces Bárbaros (Com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia)
  • 1997 - Acústico MTV
  • 1999 - Gal Costa Canta Tom Jobim
  • 2006 - Ao Vivo
  • 2006 - Live At The Blue Note
  • 2013 - Recanto Ao Vivo
  • 2014 - Live In London '71 (Com Gilberto Gil)
  • 2017 - Estratosférica Ao Vivo
  • 2018 - Trinca de Ases (Com Gilberto Gil e Nando Reis)
  • 2019 - A Pele do Futuro ao Vivo

DVD
  • 1997 - Acústico MTV
  • 1999 - Gal Costa Canta Tom Jobim
  • 2004 - Outros (Doces) Bárbaros
  • 2005 - Ensaio
  • 2005 - Roda Viva
  • 2006 - Ao Vivo
  • 2013 - Recanto Ao Vivo
  • 2017 - Estratosférica Ao Vivo
  • 2018 - Trinca de Ases (Com Gilberto Gil e Nando Reis)

Outros Álbuns
  • 2010 - Divina, Maravilhosa
  • 2005 - Puerto Rico Heineken Jazz 2005

Prêmios

  • 1969 - Troféu Imprensa (Melhor Revelação Feminina)
  • 1970 - Troféu Imprensa (Melhor Cantora)
  • 1983 - Troféu Imprensa (Melhor Cantora)
  • 1985 - Troféu Imprensa (Melhor Música "Chuva de Prata")
  • 1985 - Troféu Imprensa (Melhor Cantora)
  • 1986 - Troféu Imprensa (Melhor Música "Um Dia de Domingo")
  • 1986 - Troféu Imprensa (Melhor Cantora)
  • 1999 - Melhores do Ano (Melhor Cantora)
  • 2011 - Prêmio Grammy Latino à Excelência Musical (Conjunto da Obra)
  • 2012 - Prêmio Contigo! MPB FM (Melhor Álbum de MPB "Recanto")
  • 2012 - Prêmio Multishow (Melhor Show)
  • 2013 - Prêmio Contigo! MPB FM (Melhor Cantora)
  • 2015 - Prêmio Multishow (Prêmio Especial - 50 anos de Carreira)
  • 2016 - Prêmio da Música Brasileira (Melhor Cantora Pop/Rock/Reggae/Hip-Hop/Funk)

Turnês

  • 1973 - Índia
  • 1974 - Cantar
  • 1977 - Com a Boca no Mundo
  • 1979 - Tropical
  • 1980 - Tropical
  • 1981 - Fantasia
  • 1982 - Festa do Interior
  • 1983 - Baby
  • 1984 - Baby
  • 1984 - Profana
  • 1985 - Profana
  • 1988 - Lua de Mel Como o Diabo Gosta
  • 1990 - Plural
  • 1991 - Plural
  • 1994 - O Sorriso do Gato de Alice
  • 1995 - Mina D'Água do Meu Canto
  • 1997 - Acústico
  • 1998 - Acústico
  • 1998 - Aquele Frevo Axé
  • 1999 - Aquele Frevo Axé
  • 2004 - Todas as Coisas e Eu
  • 2005 - Hoje
  • 2012 - Recanto
  • 2014 - Espelho D'água
  • 2015 - Ela Disse-me Assim
  • 2015 - Estratosférica
  • 2017 - Trinca de Ases (Com Gilberto Gil e Nando Reis)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #GalCosta

Cecil Thiré

CECIL ALDARY PORTOCARRERO THIRÉ
(77 anos)
Ator, Diretor e Professor

☼ Rio de Janeiro, RJ (28/05/1943)
┼ Rio de Janeiro, RJ (09/10/2020)

Cecil Aldary Portocarrero Thiré, mais conhecido por Cecil Thiré, foi um ator e diretor nascido no Rio de Janeiro, no dia 28/05/1943. Atuou em cinema, teatro e televisão e foi, também, professor de interpretação.

Cecil Thiré foi o filho único da união entre a atriz Tônia Carrero e o artista plástico Carlos Arthur Thiré. É pai de quatro filhos: Miguel Thiré, Carlos Thiré e Luísa Thiré, frutos do seu primeiro casamento com a produtora musical Norma Thiré, e de João Cavalcanti Thiré, nascido em 1989, de sua união com sua segunda esposa, a modelo Carolina Cavalcanti. De 2006 até o seu falecimento foi casado com a diretora teatral Nancy Galvão.

Cecil Thiré recebeu este nome em homenagem ao avô, o professor Cecil Thiré, companheiro de Malba Tahan na escrita de livros de matemática, ambos professores do Colégio Pedro II. Cecil Thiré foi uma criança muito fechada e quieta, pois sofria com a ausência da mãe, envolvida com sua carreira de atriz.

Aos 17 anos estudou interpretação com Adolfo Celi e trabalhou intensamente em teatro na década de 1960. Mas, carregando o peso de ser apenas o filho de Tônia Carrero, precisou fazer muitos anos de análise para superar este estigma e conviver bem com a profissão. A partir de então, trabalhou diversas vezes ao lado da mãe.

Cecil Thiré e Tônia Carrero
Aos 18 anos teve seu primeiro trabalho profissional, como assistente de direção de Ruy Guerra em "Os Fuzis".

Aos 19 anos, dirigiu seu primeiro filme, o curta metragem "Os Mendigos".

Em 1967, assinou a direção do longa metragem "O Diabo Mora no Sangue" e, depois, de "O Ibrahim do Subúrbio". Como ator, esteve no elenco de mais de vinte filmes, tendo começado aos nove anos, numa pequena aparição em "Tico-Tico no Fubá", estrelado por Tônia Carrero.

Iniciou-se na direção teatral em 1971, em "Casa de Bonecas", de Henrik Ibsen.

Em 1975, dirigiu "A Noite dos Campeões", de Jason Miller, e ganhou o Prêmio Moliére. Seguiu ininterruptamente com trabalhos no teatro como ator e diretor, às vezes como ambos, até 1984. Neste ano, afastou-se dos palcos, para se dedicar ao ensino de teatro, retornando dez anos depois, em três montagens consecutivas. São mais de quarenta peças como ator e outros tantos como diretor. Da experiência como professor nasceu o livro "A Carpintaria do Ator", de 2013.

Na televisão, atuou em vinte novelas e minisséries e esteve por oito anos em programas humorísticos da TV Globo. Sua estreia foi em 1967, em "Angústia de Amar", da TV Tupi.

Tônia Carrero e Cecil Thiré
O ponto alto de sua carreira televisiva aconteceu na novela "Roda de Fogo" (1986), onde interpretou o vilão gay Mário Liberato, que caiu no gosto do público. Também destacou-se em outras tramas, como "O Espigão" (1974), "Escalada" (1975), "Sol de Verão" (1982), "Champagne" (1983), "Top Model" (1989) e "A Próxima Vítima" (1995), esta última onde viveu Adalberto Vasconcelos, o grande assassino da trama. A preparação de elenco de "Pai Herói" (1979) coube a Cecil Thiré.

Em 2006, saiu da TV Globo, onde participava do humorístico "Zorra Total", e assinou contrato com a TV Record para participar da novela "Cidadão Brasileiro" (2006) de Lauro César Muniz, tendo participado também da novela "Vidas Opostas" (2018) de Marcílio MoraesCecil Thiré ficou na emissora em contrato até 2014 como ator e diretor, e venceu contra esta um processo judicial por questões trabalhistas.

Cecil Thiré foi responsável pela implantação, em 1986, da Casa da Interpretação, na Casa das Artes no bairro carioca de Laranjeiras, e foi fundador da Oficina de Atores da Rede Globo. Ministrou regularmente, cursos de interpretação nessas e em outras instituições, tendo colaborado na formação de atores em várias cidades do país.

Cecil Thiré foi proprietário de um sítio em Piraí, RJ, onde criava gado, e de um restaurante no balneário de Rio das Ostras, RJ.

Desde a década de 1990, Cecil Thiré participou do espetáculo "A Paixão de Cristo", apresentado em Angra dos Reis e nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, no papel de Pôncio Pilatos.

Morte

Cecil Thiré faleceu na sexta-feira, 09/10/2020, aos 77 anos, enquanto dormia em sua casa no Humaitá, bairro da cidade do Rio de Janeiro, vítima de complicações do Mal de Parkinson, doença da qual já sofria há alguns anos.

Carreira

Televisão
  • 2013 - Se Eu Fosse Você ... Sr. Albuquerque
  • 2012 - Máscaras ... Eduardo Sotero
  • 2009 - Poder Paralelo ... Armando Orlim
  • 2007 - Vidas Opostas ... Mário Carvalho
  • 2006 - Cidadão Brasileiro ... Júlio Jordão
  • 2005 - Zorra Total ... Vários personagens
  • 2004 - Celebridade ... Drº Filipe
  • 2003 - Kubanacan ... Senador Ramirez
  • 2001 - A Padroeira ... Capitão Antunes
  • 2001 - Os Maias ... Jacob Cohen
  • 2000 - A Muralha ... Dom Bartolomeu Fernandes
  • 1998 - Malhação ... Henrique Otávio
  • 1998 - Labirinto ... Ernesto
  • 1997 - Zazá ... Dorival
  • 1996 - Quem é Você? ... Túlio
  • 1995 - A Próxima Vítima ... Adalberto Vasconcelos
  • 1994 - 74.5 - Uma Onda no Ar ... Álvaro
  • 1993 - Renascer ... Delegado Olavo
  • 1993 - Cupido Electrónico ... Realizador
  • 1992 - Pedra Sobre Pedra ... Kléber Vilares
  • 1989 - Top Model ... Alex Kundera
  • 1989 - O Salvador da Pátria ... Lauro Brancato
  • 1988 - Sassaricando ... São Sinfrônio
  • 1986 - Roda de Fogo ... Mário Liberato
  • 1983 - Champagne ... Lúcio
  • 1982 - Sol de Verão ... Virgílio
  • 1979 - Malu Mulher ... Médico (Episódio: Ainda Não é Hora)
  • 1976 - Planeta dos Homens
  • 1976 - Duas Vidas ... Tomás
  • 1975 - Caso Especial (Episódio: A Ilha do Espaço)
  • 1975 - Escalada ... Pascoal
  • 1974 - O Espigão ... Silveirinha
  • 1967 - Angústia de Amar ... Roger
Cinema
  • 2009 - Destino
  • 2009 - Bela Noite Para Voar
  • 2006 - Didi, o Caçador de Tesouros
  • 2001 - Sonhos Tropicais
  • 2000 - Cronicamente Inviável
  • 1998 - Caminho dos Sonhos
  • 1995 - O Quatrilho
  • 1994 - Mil e Uma
  • 1991 - Caccia Allo Scorpione D'oro
  • 1991 - Manobra Radical
  • 1991 - Per Sempre
  • 1988 - Fábula de La Bella Palomera
  • 1982 - Luz del Fuego
  • 1979 - Muito Prazer
  • 1975 - Eu Dou o Que Ela Gosta
  • 1974 - Ainda Agarro Esta Vizinha
  • 1973 - Como Nos Livrar do Saco
  • 1969 - O Bravo Guerreiro
  • 1968 - O Diabo Mora no Sangue (Diretor)
  • 1966 - Arrastão
  • 1965 - Society em Baby-Doll
  • 1965 - Crônica da Cidade Amada
  • 1964 - Os Fuzis (Ator e Assistente de Diretor)
  • 1962 - Os Mendigos (Ator e Assistente de Diretor)
Teatro
  • 2002 - Variações Enigmáticas
  • 2006 - O Último Suspiro da Palmeira
  • 2011 - A Lição (Governanta Maria) & A Cantora Careca (Sr. Smith)
Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #CecilThire

Germano Benencase

GERMANO BENENCASE
(77 anos)
Instrumentista, Compositor, Maestro e Professor de Música

☼ Vietri sul Mare, Itália (09/04/1897)
┼ Americana, SP (18/03/1975)

Germano Benencase foi um instrumentista, compositor, maestro e professor de música ítalo-brasileiro, nascido em Vietri sul Mare, Itália, uma pequena vila na Costa Amalfitana, no dia 09/04/1897.

Filho de Tarquino Benencase e Ana, Germano chegou ao Brasil em 1899 com seus pais e nove irmãos. Antes de se estabelecer em Americana, SP, nos anos 1900, seus pais passaram temporadas em São Paulo, Jundiaí e Campinas.

Seu pai estabeleceu uma alfaiataria na altura do número 343 da Avenida Antônio Lobo, e preferia que seu filho seguisse sua carreira. Apesar disso, sempre mostrou predileção pela música, e teve aula por apenas um mês, continuando seus estudos como autodidata. Estudou apenas o primário no Grupo Escolar Corrêa de Mello, em Campinas, SP.

De seus nove irmãos, três se tornaram artistas. Seu irmão Amálio "Lulu" Benencase, foi um famoso humorista e apresentador de rádio, conhecido principalmente pelo programa "Festa na Roça", muito popular nas rádios Difusora e Tupi de São Paulo durante os anos 30. Seus outros dois irmãos Danunzio e Paschoal foram talentosos instrumentistas.

Germano Benencase começou a compor músicas em 1913 sendo "Pensando Em Ti" a primeira delas. Seu estilo preferido era a valsa, e nos anos seguintes compôs músicas que ganharam reconhecimento a nível regional, e aos poucos se tornaram conhecidas em todo Brasil.

Seu maior sucesso, batizado como "O Piquenique Trágico" foi composto em uma circunstância muito peculiar:

Na tarde de 14/05/1916, Germano estava em sua residência quando ouviu a notícia de um acidente no Parque Ideal. Momentos depois de chegar ao local, presenciou a retirada do corpo da jovem Agar da Costa Lobo de dentro da lagoa. Ela fazia parte de um grupo de professores de Campinas que estavam visitando o parque. O pai da jovem era funcionário do Ginásio Estadual de Campinas, atual Colégio Culto à Ciência.

Em determinado momento, entraram em um grupo de cinco pessoas em um dos barcos disponíveis para aluguel no local, e foram para o meio da lagoa, local que graças a topografia tinha mais espaço para os barcos, mas que era também mais fundo. Em algum momento, movimentos bruscos fizeram o barco virar atirando todos os ocupantes no lago, resultando na morte da jovem.

Germano compôs as primeiras duas partes da música ali mesmo rabiscando as notas em seu caderno de forma improvisada. A terceira parte foi composta inspirada no choro da mãe de Agar, que seguia o cortejo fúnebre que levava sua filha até uma residência onde seria realizado o velório, antes do corpo seguir para Campinas.

Nas semanas seguintes, Germano aperfeiçoou a composição, e a finalizou no final de junho do mesmo ano. O título da obra foi inspirado na matéria do Jornal Comércio de Campinas, que trazia o título "Picnic Tragico" em grafia da época.

Germano enviou cópias das partituras para diversos jornais de Campinas e São Paulo, e obteve reconhecimento imediato.

Em 1918, a gravadora Odeon do Rio de Janeiro gravou a música e mais três composições de Germano em um disco de 78 rpm. Em 1919 novas composições foram lançadas pela mesma gravadora.

"O Piquenique Trágico" ganhou pelo mesmo duas letras. A primeira foi feita em 1916 por Inácio Dias Lemes, professor de Villa Americana, e era também inspirada nos acontecimentos do parque. A outra versão, sem relação com a tragédia, foi composta por Gomes de Almeida, amigo de Germano, e lançada em junho de 1941 pela Odeon, sendo um grande sucesso comercial.

Germano continuou sua carreira como músico. Se apresentava em bailes, festas e eventos públicos, e era diretor da orquestra do Cinema Central de Villa Americana. Na época os cinemas eram mudos e às vezes acompanhados por música ao vivo.

Em 1919, Germano se casa com Adelaide Andreoli, e nos anos seguintes nascem os quatro filhos do casal.

Em 02/01/1925, sua esposa falece, e em outubro do mesmo ano seu filho Antônio de apenas um ano de idade também morre. A morte de sua esposa e filho afetaram profundamente o compositor, o que acabou refletindo em suas músicas, que nesta época traziam títulos como: "Ao Pé da Cruz", "Caminho do Calvário", "Oração no Campo Santo", "Marcha Fúnebre", "Prelúdio da Morte", entre outros.

No final dos anos 20, Germano inicia sua carreira como professor de música. Lecionou no Colégio Piracicabano entre 1933 e 1964, onde formou várias gerações de músicos da cidade, e atuou como regente de diversos grupos do colégio e da cidade de Piracicaba.

Fundou em 1958 a Orquestra Rizzi, que nos anos 60 se uniu com a Orquestra Sinfônica de Amadores para formar a atual Orquestra Sinfônica de Piracicaba.

Germano Benencase compôs mais de 250 obras entre valsas, operetas, marchas fúnebres, hinos religiosos, escolares e esportivos.

Seu último trabalho foi no Educandário Divino Salvador de Americana, onde lecionou de 1960 até o fechamento da instituição em 1974.

Germano Benencase é reconhecido principalmente nas cidades de Americana e Piracicaba, no Estado de São Paulo. Em Americana, cidade adotada pela Família Benencase, e onde Germano trabalhou e morou até o fim de sua vida, foi agraciado com o título de Cidadão Americanense em 1973.

Em 1978, uma escola estadual da cidade de Americana recebeu a denominação de Escola Estadual Maestro Germano Benencase.

Em Piracicaba, Germano foi homenageado por seu amigo e ex-aluno do Colégio Piracicabano Egildo Rizzi. Durante concerto da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, regida por Rizzi em 20/12/2012, quando foi executada e gravada em DVD a valsa "O Piquenique Trágico" no Teatro Municipal Erotides de Campos. Foi a última regência do Maestro Rizzi, que faleceu 11 dias depois.

Germano Benencase faleceu em Americana, SP, no dia 18/03/1975.

Principais Obras

  • Pensando em Ti
  • O Piquenique Trágico
  • Triste
  • Soou a Hora de Extinguir-se o Nosso Amor
  • Palestra Itália
  • Angelina
  • Valsa da Morte
  • Agonia Lenta
  • Saudades de Tula
  • Saudades de Adelaide
  • Aniversário Fatal
  • As Flores do Meu Amor
  • Ao Pé da Cruz
  • Caminho do Calvário
  • Oração no Campo Santo
  • Marcha Fúnebre
  • Prelúdio da Morte

Nélio Nicolai

NÉLIO JOSÉ NICOLAI
(77 anos)
Eletrotécnico

☼ Belo Horizonte, MG (27/04/1940)
┼ Brasília, DF (11/10/2017)

Nélio José Nicolai foi um eletrotécnico brasileiro, nascido em Belo Horizonte, MG, no dia 27/04/1940. Cursou o ensino técnico em eletrotécnica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), e desenvolveu posteriormente tecnologias na área de telecomunicações.

Nélio Nicolai reivindicava ter inventado o identificador de chamadas, conhecido como BINA, além de também um equipamento controlador de chamadas entrantes no terminal telefônico do usuário, registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 07/07/1992 (nº 92.026.249), e um sinal de advertência em chamada entrante para terminal ocupado denominado de Salto, registrado no dia 06/08/1992 (nº 92.031.099).

"Alô? Quem fala?". Aos poucos, a tradicional saudação ao telefone vai perdendo o sentido. Afinal, quase todo mundo usa celular e todos eles indicam o número de quem está ligando. O que pouca gente sabe é que um brasileiro reivindica a invenção do sistema que permite a identificação da chamada. Nélio José Nicolai registrou a patente da primeira versão do dispositivo em 1980, quando o batizou de Bina – sigla de "B identifica o número de A". Apesar de a tecnologia estar disponível em muitos telefones fixos e em virtualmente todos os celulares do mundo, ele nunca recebeu royalties -  dinheiro que se paga ao autor de um invento pelo direito de explorá-lo economicamente. Nos últimos, ele vendeu casas, carros e até cotas de uma eventual indenização para pagar advogados e processar dezenas de empresas de telefonia. Ele já ganhou 3 ações em primeira instância e uma em segunda. Se vencer a enxurrada de recursos que os réus usam para protelar a decisão final, pode receber uma quantia bilionária, que o colocaria entre os homens mais ricos do mundo. 

A tecnologia Bina, capaz de identificar o número telefônico de quem faz e recebe ligações, foi criada em 1977 pelo eletrotécnico mineiro Nélio José Nicolai. Trata-se do invento brasileiro mais utilizado no mundo.

A história de Nicolai com o Bina começa na cidade de Brasília, em 1977, quando trabalhava na Telebrasília, operadora local da Telebrás, antiga holding estatal de prestação de serviços telefônicos. Formando em eletrotécnica, ele descobriu sua vocação para inventor desde seus primeiro emprego numa empresa de telefonia, a Ericsson.
"Quando havia problema na montagem, precisávamos transmiti-los para os laboratórios no exterior e esperar as soluções. Eu comecei a mudar isso, pois já mandava a solução a ser implementada".
Não é só seu relato que confirma o talento para a inovação: Ele tem 40 patentes registradas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com as mais variadas funções, desde leitores óticos para deficientes visuais até sistemas de proteção contra clonagem de cartões de crédito.

A ideia do Bina surgiu quando ele tentava resolver o problema de uma antiga brincadeira juvenil, os trotes telefônicos e a solução veio num sonho. Para testar, adaptou ao aparelho uma calculadora, que mostrava o número no visor e o imprimia em uma bobina. "Funcionou como primeiro protótipo", conta.

A Telebrasília não o incentivou o desenvolvimento da ideia por uma razão que hoje pode parecer piada: A estatal achava que identificar o número de quem fazia a chamada seria uma invasão de privacidade. Mesmo assim, Nélio registrou, em 1980, a patente dessa primeira versão do Bina. Dois anos depois, o destino facilitaria sua primeira aplicação prática.

"Eu alugava apartamento em um prédio em que só moravam oficiais dos bombeiros. Acabei os convencendo a fazer uma experiência", disse Nélio Nicolai. Para eles, fugir de trotes era algo muito mais importante do que questões de privacidade. Os 4 aparelhos instalados na central 193 foram produzidos em 1982, por sua primeira empresa, a Sonintel. Era um aparelho pouco maior e mais baixo do que uma caixa de sapato, com cerca de 600 gramas, conectado ao telefone. Até que o invento foi parar em um seminário do extinto Ministério da Desburocratização, e a imprensa o descobriu. "Aí, minha vida começou a mudar. Ninguém mais conseguiu esconder o Bina", lembra Nélio Nicolai. Seus problemas com a paternidade do dispositivo, porém, já haviam começado.

Coleção de Calotes

Antes de abrir sua própria empresa, Nélio Nicolai associou-se a dois colegas, que teriam copiado a ideia. O mineiro diz que a dupla chegou a registrar uma patente, a lançar e a comercializar um produto com a mesma função. O aparelho de Nélio Nicolai também despertou a atenção de companhias internacionais.

Em 1984, a empresa de telefonia Bell Canada enviou representantes ao Brasil para estabelecer uma parceria com a Telebrasília, de olho no Bina. Naquele ano, ele foi demitido da estatal. Antes e depois de sair, no entanto, visitou a empresa algumas vezes, para ajudar na montagem de um protótipo. A colaboração não foi para frente. Ou foi, porque, dois anos depois, surpresa: a Bell Canada anunciou o desenvolvimento de um identificador de chamadas, lançado em 1988. Nélio Nicolai não recebeu nenhum crédito pelo produto.

Durante os anos 1980, as centrais telefônicas se modernizaram e Nélio Nicolai inventou uma nova versão do dispositivo, cuja patente seria solicitada em 1992 e aprovada em 1997. O inventor diz que, no mesmo ano, assinou contratos de licença de exploração da patente com a sueca Ericsson, para instalar e comercializar o Bina no Brasil por dois anos. Ele transferiu a tecnologia e, quando foi às telefônicas cobrar o pagamento de royalties, outra surpresa: "Avisaram que não me pagariam. Me mandavam ir à Justiça e, quem sabe, meus bisnetos veriam alguma coisa!".

A essa altura, ele também havia cedido licenças de exploração da patente para outra fabricante de telefones brasileira, que chegou a honrar os contratos por 10 meses. Até que a empresa interrompeu a produção do aparelho para importar um similar de Hong Kong - que tampouco pagava royalties a Nélio Nicolai. Cansado de tomar calotes, ele finalmente decidiu que estava na hora de ir aos tribunais, como a outra empresa havia ironicamente o instruído a fazer.

O Tango Judicial

Mas, afinal, Nélio Nicolai é ou não é o inventor do identificador de chamadas? E, se ele criou mesmo essa tecnologia, pode-se dizer que ela é usada por aparelhos de celular modernos? Nos dois casos, há controvérsias, muito exploradas nos tribunais.

Em algumas das ações, a Justiça já decidiu que, sim, Nélio José Nicolai é inventor do Bina e merece os royalties. As telefônicas brasileiras que vendiam o aparelho e o serviço, e pagariam a conta recorreram. A Ericsson, por sua vez, entrou em 2003 com uma ação para anular a patente de 1992, alvo da disputa.

"Ela não tem suficiência descritiva nem atividade inventiva", diz Clóvis Silveira, engenheiro eletrônico, sócio de um escritório de patentes contratado por réus das ações de Nélio Nicolai. Traduzindo: A patente não explicaria direito como funciona a tecnologia e, além disso, seria sobre uma tecnologia já existente. O que descumpriria dois requisitos para registro de um invento. Mas, então, porque a patente foi aceita?

Pois é, até o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) já mudou de opinião sobre o caso. Consultado pela Justiça, o instituto concordou que a patente não era válida e, depois, voltou atrás. Diante da confusão, a Justiça encomendou um laudo independente. Enquanto esse processo não é decidido, as outras ações estão paralisadas, desde 2005. "Por lei, um processo só pode ser suspenso por um ano. É por isso que o Nélio Nicolai fica possesso", disse Luis Felipe Belmonte, advogado de Nélio Nicolai.

E a outra pergunta, sobre a tecnologia que Nélio Nicolai diz ter inventado ser a base para os celulares modernos?

"Hoje, a patente perdeu o sentido, pois qualquer informação pode ser trocada entre as partes. O número de quem chama é apenas mais uma", opinou Hermes Magalhães, do departamento de Engenharia Eletrônica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Hani Yehia, do Inova, laboratório de inovação da mesma universidade, discorda: "É como dizer que um avião de hoje não é o mesmo que um avião de 100 anos atrás. A telefonia mudou muito, mas os sinais que chegam à central telefônica são praticamente os mesmos!"

O caso de Nélio Nicolai não é uma exceção. A história está cheia de brigas por propriedade intelectual, a começar pela do próprio telefone. Graham Bell levou a fama, mas registrou sua patente no mesmo dia, e horas depois, que outro inventor, chamado Elisha Gray, fez o mesmo para um equipamento de transmissão de voz. Graham Bell venceu a briga nos tribunais, mas até hoje alguns historiadores defendem que ele roubou a ideia de Elisha Gray. Atualmente, mais do que nunca, essas disputas são decisivas no mercado de telecomunicações. No final, e no caso do Bina não será diferente, a opinião que vale é a da Justiça.

Uma informação, no entanto, indicava que Nélio Nicolai tinha a chance de levar a fatura. E ela veio justamente da maior empresa processada por Nélio Nicolai, a Vivo. Como tem ações na Bolsa de Nova York, a companhia é obrigada a apresentar relatórios à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, com informações sobre, entre outras coisas, o risco de perder processos. No relatório de 31/03/2010 está escrito: "Acreditamos, com base no parecer de nossos consultores jurídicos externos, que a probabilidade de um resultado desfavorável é possível".

Baseado em informações de 2011
Trocando Em Números

Se Nélio Nicolai vencesse, a Justiça teria outro trabalho complicado: Decidir o valor da indenização, que possivelmente seria a maior já paga do país. No Brasil, uma patente tem validade de 20 anos. O valor pago por ela é um percentual - variável - do total arrecadado com o serviço ou produto que ela descreve. Nas ações, o brasileiro pede 25%. A base de cálculo seria o faturamento das empresas de telefonia com o Bina ao longo de 20 anos. E alguém paga pela identificação de chamadas? Hoje, quase ninguém. Mas nem sempre foi assim.

"Isso está nas contas de telefone. O valor do Bina vinha discriminado. Depois, as telefônicas passaram a usar 'identificação de chamadas' e afinal pararam de citar a cobrança na fatura", disse Luis Felipe Belmonte, acrescentando que a tarifa média praticada era de R$ 10,00 por mês. O fato de a patente de Nélio Nicolai já ter expirado, e de as telefônicas não cobrarem mais pelo serviço, não elimina a dívida, que é calculada retroativamente.

A título de exemplo, o advogado faz as contas usando uma taxa de 20% de royalties, e chega ao resultado de R$ 113 bilhões. Com juros e correção monetária, o valor chegaria a cerca de R$ 185 bilhões. Para se ter uma ideia, essa fortuna faria do brasileiro o homem mais rico do mundo, com uma folga de 40 bilhões sobre o segundo colocado, o mexicano Carlos Slim Helu, que, aliás, é dono da Claro, controladora de telefônicas alvo das ações. 

Você deve estar pensando: "Ah, esse cálculo é um exagero!". Nem tanto. No único processo vencido por Nélio Nicolai em que a Justiça já arbitrou a indenização, o valor foi de R$ 550 milhões. A ação era contra a Americel, subsidiária da Claro. Como o inventor processa 40 companhias, no total, e essa é uma das menores da lista, as cifras provavelmente chegariam mesmo às dezenas de bilhões de reais.

A facada seria tão grande que as empresas de telefonia já estão apelando para terceiros. Telebrasil e Abinee, duas associações de classe, enviaram petições à Anatel, solicitando sua intervenção "em defesa dos interesses do setor". No documento, elas dizem que o prejuízo será do consumidor, "que, além de ser privado do serviço, será certamente onerado com o repasse de eventuais custos incorridos pelas operadoras"

O dinheiro viria em boa hora para Nélio Nicolai, que vendeu 3 apartamentos para pagar honorários de advogados e sustentar a família. Ele não trabalha desde que foi demitido da Telebrasília. "Nenhuma telefônica me quer por perto, né?".

Quando a situação aperta, Nélio Nicolai vende cotas de 1% da indenização - já foram 15, a última teria sido negociada por R$ 100 mil. Apesar disso, ele está com o nome sujo na praça, graças a uma dívida de cartão de crédito. "Sou muito conhecido no Serasa, não consigo comprar nem um telefone!", disse bem-humorado, apesar de tudo.

De seu celular pré-pago, ele admite que talvez só seus netos vejam a cor do dinheiro. Mas torce para que a Justiça brasileira não deixe isso acontecer. "Há mais de 10 anos, todo dia imagino que o resultado vai sair no mês que vem!" 

Em 2003 a Justiça Federal do Rio de Janeiro suspendeu liminarmente os efeitos da patente nº 92.026.249. A decisão notou evidências de que a tecnologia descrita na patente copiava invenções anteriores e não preenchia os requisitos legais. A decisão segue em vigor até hoje, já tendo sido confirmada cerca de 10 vezes por quatro juízes diferentes e pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região.

Após 20 anos em disputa judicial, a 2ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios determinou, em decisão liminar e sem a condução de exame pericial, que operadora indenize o inventor em 10% do valor cobrado pelo serviço de identificação de chamadas por usuários em cada aparelho. A operadora recorreu da decisão, que foi suspensa pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

Em 2014, Nélio Nicolai estava trabalhando com estudantes em um aplicativo de tradução simultânea no celular. A ideia é que, em uma ligação entre um japonês e um brasileiro, um entenderá o que o outro está falando.

Nélio Nicolai segura documento de patente
Reconhecimento

Nélio Nicolai recebeu um certificado e uma medalha de ouro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) e um selo da série Invenções Brasileiras, concedido pelo Ministério das Comunicações.

Morte

Nélio José Nicolai faleceu na quarta-feira, 11/10/2017, em Brasília, DF, aos 77 anos. Nélio Nicolai estava se recuperando de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que tinha sofrido há cerca de cinco meses. Nos últimos dias, no entanto, apresentou complicações pulmonares. Ele morava em Brasília, DF, no Lago Norte.

O sepultamento de Nélio Nicolai aconteceu no dia 12/10/2015, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, Brasília, DF.

Nélio Nicolai deixa quatro filhos e dois netos.

Indicação: Roner Marcelo, Rose Guido e Miguel Sampaio
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