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Zózimo Bulbul

ZÓZIMO BULBUL
(75 anos)
Ator, Cineasta e Roteirista

☼ Rio de Janeiro, RJ (21/09/1937)
┼ Rio de Janeiro, RJ (24/01/2013)

Zózimo Bulbul foi um ator, cineasta e roteirista brasileiro. Primeiro ator negro a protagonizar uma novela na televisão brasileira, "Vidas Em Conflito" (1969) na extinta TV Excelsior, onde foi par romântico de Leila Diniz. O escândalo do par fez com que a censura da ditadura militar vetasse a novela. Aproveitando-se da polêmica, o estilista Dener Pamplona convidou Zózimo para desfilar, tornando-o o primeiro modelo de uma grande grife brasileira.

"Fui capa de revista, um sucesso! Só que não me conformaria em ser um ator vazio."
(Zózimo Bulbul)

Sua carreira começou nas peças do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE) e se encorpou no cinema, no qual se tornou um dos maiores expoentes da cultura afro-brasileira, como fazia questão de ressaltar, nas décadas de 1960 e 70.

No cinema, estreou em 1962 em um dos episódios do filme "Cinco Vezes Favela", um dos no marcos do Cinema Novo. Ao longo de 50 anos de carreira, Zózimo Bulbul atuou em mais de 30 filmes, incluindo clássicos como "Terra em Transe" (1967), de Glauber Rocha, "Compasso de Espera" (1973), de Antunes Filho e "Grande Sertão" (1965), de Geraldo Santos Pereira.

Chacrinha chamava o ator Zózimo Bulbul de "O negro mais bonito do Brasil".

Em 1974, estreou como diretor com o curta em preto e branco "Alma no Olho", uma reflexão da identidade negra por meio da linguagem corporal. Zózimo aproveitou os negativos que sobraram do filme de Antunes Filho para rodar seu curta-metragem. Os integrantes da censura achavam que a obra tinha tom "subversivo" e o chamaram para depor. Perguntaram sob ordem de quem ele havia feito filme tão sofisticado, imaginando que chegariam a uma complexa mente comunista. "Sob ordens do amigo e poeta Vinicius de Moraes", respondeu Zózimo.


Seu filme mais conhecido, no entanto, é um documentário de 1988 intitulado "Abolição", com entrevistas de personalidades sobre o centenário da abolição.

Foi o fundador do Centro Afro Carioca de Cinema. Realizou três curtas, cinco medias e um longa-metragem, todos com foco na cultura afro descendente e na luta contra as desigualdades.

Em 2010, a convite do governo do Senegal, Zózimo fez o média-metragem "Renascimento Africano", que mostra o país nas comemorações dos 50 anos de independência deste país.

Em novembro de 2012, o ator foi homenageado pelos 50 anos de carreira no 6º Encontro de Cinema Negro Brasil, África e Caribe, evento que foi criado por ele.

Uma das últimas entrevistas que concedeu foi para o documentário em produção do cineasta americano Spike Lee. Em novembro de 2012, comentou como transcorreu a conversa.

"Tinha morado em Nova York quando a ditadura apertou por aqui. Fiz muitos contatos, que sempre me ajudaram na organização dos festivais de cinema. Spike esteve no Brasil e o único cineasta brasileiro que quis entrevistar foi a mim. Porque ele sabia do meu comprometimento com os irmãos africanos e em fazer com que o cinema seja ferramenta de luta."

Zózimo Bulbul já estava enfraquecido pelo câncer que enfrentava havia alguns anos. Falava com dificuldade. Estava muito atento ao noticiário e enalteceu a figura do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na condução do julgamento do mensalão.

"Que maravilha de atuação. Impôs-se com rigor e inteligência como não se via há muito."

Zózimo Bulbul trabalhou até novembro de 2012.

Morte

Zózimo Bulbul sofreu um infarto às 9h50 de quinta-feira, 24/01/2013, aos 75 anos. Zózimo estava seu apartamento, na praia do Flamengo, ao lado da mulher, Biza Vianna com que era casado havia 30 anos. Ele lutava desde junho de 2012 contra um câncer no colo do intestino.

O velório começou às 17h00 de quinta-feira, 24/01/2013, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O enterro ocorreu às 12h00 de sexta-feira, 25/01/2013, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária da cidade.

"É um sentimento horrível, horroroso, mas o que existe agora é um grande alívio, pois ele estava sofrendo muito. Tenho a certeza de que ele lutou muito, o tempo todo, e se orgulhava muito de todas as coisas que conquistou em vida. É um guerreiro, um rei africano."
(Biza Vianna, viúva de Zózimo)

Comentários e Notas de Pesar

"Minha ficha ainda não caiu. Por enquanto ainda estou reagindo de uma maneira prática a tudo isso. Mas é muito doloroso perder o Zózimo desta maneira. Ele tinha uma força de viver muito grande. Acho que é exatamente isso que está unindo as pessoas neste momento."
(Monalisa Alves, que trabalhava com o diretor no Centro Afrocarioca de Cinema há três anos)


"Zózimo Bulbul teve uma trajetória fantástica, reconhecida. Mais que um ícone do seu tempo, é alguém que rompe paradigmas, faz o novo e por isso se torna conhecido no Brasil e no exterior. Ele nos deixa o exemplo de quem sempre quis fazer mais e melhor. E fez."
(Marta Suplicy - Ministra da Cultura)


"Foi contando a história dele que comecei a dirigir. Meu primeiro trabalho no Canal Brasil foi um 'Retratos Brasileiros' sobre ele. Descobri-lo como o primeiro negro protagonista masculino de uma telenovela no Brasil e tantas outras coisas me revelou um novo mundo"
(Lázaro Ramos)

"O povo brasileiro tem avançado muito nessa caminhada para construir a igualdade de oportunidades entre negros e não negros, e o Zózimo é um dos protagonistas que vêm de longe lutando contra o racismo e em prol da igualdade. Por isso eu digo que o Brasil ficou hoje menos afro-brasileiro, com uma dor intensa. Mas as futuras gerações conhecerão o trabalho de Zózimo, a riqueza de sua obra e de sua militância."
(Eloi Ferreira de Araujo - Presidente da Fundação Cultural Palmares)

"Ele foi o primeiro cara que cunhou esse termo 'cinema negro', com características brasileiras, mas muito africano. Aqui no Brasil ele me colocou em conexão com o cinema mundial. Para mim, é uma perda muito pessoal desse pai do cinema negro, mas que também muitas vezes assumiu o papel de um pai biológico para mim."
(Jefferson De - Diretor de "Bróderr" e "5x Favela")


"Ele não era só um ator de qualidade, mas um ícone da cultura negra, um líder do movimento negro. Tinha uma capacidade imensa de agregar pessoas em torno dele."
(Cacá Diegues)

O Centro de Articulação de Populações Marginalizadas divulgou nota lamentando a morte do ator e cineasta, um dos contemplados em 2011 na última edição do Prêmio Camélia da Liberdade, concedido pela entidade.

De acordo com a nota, Zózimo Bulbul manifestou grande emoção pelo reconhecimento de seu trabalho de luta contra o preconceito.

Carreira


Televisão
  • 1996 - Xica da Silva
  • 1994 - Memorial de Maria Moura
  • 1969 - Vidas em Conflito

Cinema

  • 2005 - As Filhas do Vento
  • 2004 - O Veneno da Madrugada
  • 2003 - Oswaldo Cruz - O Médico do Brasil
  • 2002 - A Selva
  • 1988 - Natal da Portela
  • 1987 - Tanga (Deu no New York Times?)
  • 1984 - Quilombo
  • 1982 - A Menina e o Estuprador
  • 1980 - Giselle
  • 1980 - Parceiros da Aventura
  • 1978 - A Deusa Negra
  • 1975 - Ana, a Libertina
  • 1974 - El Encanto Del Amor Prohibido
  • 1974 - Brutos Inocentes
  • 1974 - Pureza Proibida
  • 1971 - Quando as Mulheres Paqueram
  • 1970 - A Guerra dos Pelados
  • 1970 - O Palácio dos Anjos
  • 1970 - República da Traição
  • 1969 - O Cangaceiro Sem Deus
  • 1969 - A Compadecida
  • 1969 - Em Compasso de Espera
  • 1968 - O Engano
  • 1968 - O Homem Nu
  • 1967 - Terra em Transe
  • 1967 - Garota de Ipanema
  • 1967 - El Justicero
  • 1967 - Proezas de Satanás na Vila do Leva-e-Traz
  • 1966 - Onde a Terra Começa
  • 1965 - O Grande Sertão
  • 1963 - Ganga Zumba
  • 1962 - Cinco Vezes Favela

Paulo César Saraceni

PAULO CÉSAR SARACENI
(78 anos)
Ator, Roteirista, Produtor de Cinema e Cineasta

* Rio de Janeiro, RJ (05/11/1933)
+ Rio de Janeiro, RJ (14/04/2012)

Paulo César Saraceni nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1933 e, quando garoto, estava mais interessado nos esportes, praticando pólo aquático, natação e até arriscando-se nos gramados dos campos de futebol, chegou inclusive a ingressar no time juvenil do Fluminense na década de 1950. 

Porém, os revolucionários anos 1960 estavam se aproximando, assim como a vontade de Sarra, como seus amigos o chamavam, de falar sobre cinema. Ele começou a trabalhar como crítico em 1954, iniciou-se nas artes como assistente de direção de algumas peças teatrais e deu seus primeiros passos no audiovisual ao realizar o curta "Caminhos" (1957), em 16mm.

Em 1960, dirigiu "Arraial do Cabo" e conquistou uma bolsa para estudar no Centro Experimental de Cinematografia em Roma, com o neorrealismo a todo vapor na Itália. Ao entrar em contato com diretores como Bernardo Bertolucci, Marco Bellochio e Guido Cosulich, sabia muito bem o tipo de cinema que queria realizar.

Retornou ao Brasil em 1962, cheio de ideias que estavam alinhadas com as de outros cineastas da época, como Glauber Rocha, Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos e Gustavo Dahl. Juntos, iniciaram o Cinema Novo, repudiando Hollywood, as produções da Atlântida e da Vera Cruz, e propondo uma cinematografia brasileira, de fato, e engajada politicamente. Glauber Rocha declarou certa vez que Paulo César Saraceni, na verdade, é o autor da famosa frase "Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão", máxima símbolo do movimento.

A primeira obra de Paulo César Saraceni no Cinema Novo foi "Porto das Caixas" (1962), com roteiro de Lúcio Cardoso, um parceiro com quem ele voltaria a colaborar em 1974, com "A Casa Assassinada", e em 1998, com "O Viajante". Musicados por Tom Jobim, eles formam uma trilogia não-oficial sobre a paixão.

"O Desafio", de 1965, é uma de suas obras mais comemoradas, ao colocar em xeque a própria esquerda política brasileira diante do golpe de estado realizado no ano anterior. Filmado em pouco mais de duas semanas e com baixo orçamento, o cineasta usa a trajetória de um jornalista em crise amorosa e moral para analisar os acontecimentos políticos do país, que só viriam a piorar.

Seu trabalho seguinte, "Capitu" (1968), foi a ousada adaptação do clássico livro "Dom Casmurro", de Machado de Assis. O filme, no entanto, não foi bem recebido, com severas críticas tanto pela narrativa escolhida, que não conseguiu trazer a ambiguidade típica da obra literária, quanto pela dupla principal de atores: Othon Bastos, como Bentinho, e Isabella, na época esposa do diretor, como Capitu.

Paulo César Saraceni era um apaixonado por samba e carnaval, e abordou o tema quatro vezes em sua filmografia. Em 1973, realizou "Amor, Carnaval e Sonhos", com Leila Diniz no elenco. Em 1988, "Natal da Portela", com Milton Gonçalves e Paulo César Peréio, sobre um lendário bicheiro carioca. Ele também retornou à música por meio de documentários, com "Bahia de Todos os Sambas" (1996) e "Banda de Ipanema - Folia de Albino" (2003).

Além de samba e política, Paulo César Saraceni também gostava de sexo, como demonstrou no longa "Ao Sul do Meu Corpo" (1982), estrelado por sua segunda mulher Ana Maria Nascimento e Silva.

Em 1993, lançou o livro "Por Dentro do Cinema Novo", no qual narra os bastidores do movimento cinematográfico e sua trajetória pessoal. Como Paulo César Saraceni sempre foi conhecido como um grande conquistador de mulheres, as pessoas estavam mais interessadas nos "nomes" do que analisar o conteúdo da obra.

Em 1999, o diretor também provocou algumas risadas no Festival de Miami, onde apresentava "O Viajante". Ao seu lado estava o colega documentarista Silvio Tendler, que levou "Castro Alves". Perguntado por um jornalista sobre o que achava do lançamento de "Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma", que invadia os cinemas do mundo todo na época, Paulo César Saraceni simplesmente respondeu que tinha um pacto com George Lucas: jamais assistiria aos filmes dele e o americano faria o mesmo.

Seu bom-humor também foi visto durante as gravações de seu último filme, "O Gerente", ainda inédito no circuito comercial brasileiro. Para que os atores compreendessem o que ele queria, o próprio diretor, apesar da saúde debilitada, fez questão de ensaiar uma cena de dança, estrelada por Letícia Spiller e Ney Latorraca. Em entrevista à Folha de São Paulo, o produtor Zelito Viana disse que "O Gerente" foi realizado no estilo Cinema Novo, com baixo orçamento. Todos da equipe, inclusive atores, teriam trabalhado com o mesmo salário: "Uma ajuda entre amigos".

Paulo César Saraceni preparava o lançamento do filme quando sofreu um AVC. O cineasta lutou por meses, internado num hospital do Rio de Janeiro, mas não resistiu. Ele deixa a esposa Ana Maria Nascimento e Silva, com quem foi casado por 35 anos.


Morte

O cineasta brasileiro Paulo César Saraceni, morreu no início de sábado, 14/04/2012, no Rio de Janeiro, vítima de Falência Múltipla de Órgãos. Paulo César Saraceni estava internado desde outubro no Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul da cidade, após sofrer um Acidente Vascular Verebral (AVC).

O velório aconteceu no domingo, 15/04/2012, no Parque Lage, no Jardim Botânico, na Zona Sul da cidade das 14:00 hs às 22:00 hs. O corpo foi cremado na segunda-feira, 16/04/2012, às 14:00 hs, no Crematório da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária.


Filmografia

  • 2011 - O Gerente (Direção e Roteiro)
  • 2003 - Banda de Ipanema - Folia de Albino (Direção e Roteiro)
  • 2003 - O General (Interpretação)
  • 1998 - O Viajante (Direção e Roteiro)
  • 1996 - Bahia de Todos os Sambas (Direção)
  • 1988 - Natal da Portela (Direção e Interpretação)
  • 1983 - Quadro a Quadro Newton Cavalcanti
  • 1981 - Ao Sul do Meu Corpo (Direção e Roteiro)
  • 1977 - Anchieta, José do Brasil (Direção, Produção e Roteiro)
  • 1972 - Amor, Carnaval e Sonhos (Direção, Interpretação e Roteiro)
  • 1970 - A Casa Assassinada (Direção, Produção e Roteiro)
  • 1967 - Capitu (Direção, Produção e Roteiro)
  • 1965 - O Desafio (Direção, Produção e Roteiro)
  • 1964 - Integração Racial (Direção)
  • 1962 - Porto das Caixas (Direção e Roteiro)
  • 1960 - Arraial do Cabo (Curta-Metragem) (Direção)
  • 1957 - Caminhos (Curta-metragem)

Premiações

  • 1970 - Candango de Melhor Filme, no Festival de Brasília, por "A Casa Assassinada"
  • 1970 - Candango de Melhor Diretor, no Festival de Brasília, por "A Casa Assassinada"
  • 1998 - Prêmio Especial do Júri, no Festival de Brasília, por "O Viajante"
  • 1967 - Candango de Melhor Roteiro, no Festival de Brasília, por "Capitu"
  • 1998 - Prêmio Especial do Júri, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, por "O Viajante"
  • 1998 - Prêmio FIPRESCI, no Festival de Moscou, por "O Viajante"


Fonte: Pipoca Moderna e G1

Olney São Paulo

OLNEY ALBERTO SÃO PAULO
(41 anos)
Cineasta

* Riachão do Jacuípe, BA (07/08/1936)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/02/1978)

Olney Alberto São Paulo foi um cineasta brasileiro. Casado com a também cineasta Maria Augusta, era pai dos atores Irving São Paulo e Ilya São Paulo, do poeta e músico Olney São Paulo Junior e de Maria Pilar.

Filho de Joel São Paulo Rios e Rosália Oliveira São Paulo (Zali), Olney São Paulo fez os primeiros estudos em sua cidade natal. Perdeu o pai Joel aos 7 anos de idade, e foi morar com seu avô, o tabelião Augusto Aclepíades de Oliveira, em Riachão do Jacuípe.

Em 1948, o avô levou Olney São Paulo, sua mãe, Dona Rosália, e seus irmãos Valnei, Valdenei e Walneie, para morarem em Feira de Santana, que neste período já era o entreposto comercial mais importante do sertão baiano. Ali Olney continuou seus estudos no Colégio Santanópolis.

Algum tempo depois Dona Rosália se casou novamente e Olney ganhou mais três irmãos, Carlos Antônio, Colbert Francisco e Alberto Ulysses. Olney se destacou no colégio, participando do grêmio, escrevendo sobre a cinema no jornal e afinal foi escolhido orador da turma do ginásio.

A paixão pelo cinema nasceu com a chegada a Feira de Santana, em 1954, da equipe do diretor Alex Viany para filmar o episódio "Ana" do filme "Rosa dos Ventos" (Die Windrose), com roteiro de Alberto Cavalcanti e Trigueirinho Neto. Olney engajou-se na equipe durante todo o tempo em que esteve em Feira de Santana, acompanhou as filmagens e atuou como figurante em algumas cenas. Em carta escrita a Alex Viany, em 05 de novembro de 1955, escreveu:

"Eu sou um jovem que tem inclinação invulgar para o cinema. Porém, como neste mundo aquilo que desejamos nos foge sempre da mão, eu luto com incríveis dificuldades para alcançar o meu objetivo."

Em 1955, foi redator do jornal "O Coruja". Sob o pseudônimo de Conde D'Evey escreveu sátiras e críticas ao colunismo social de Feira de Santana, na coluna Causerie, para desgosto da burguesia local. Escreveu também sobre literatura e arte, e também criou e dirigiu o programa "Cinerama" na Rádio Cultura de Feira de Santana, onde comentava filmes em exibição e novidades da produção mundial. Lecionou Contabilidade Pública e a Organização Técnica Comercial na Escola Técnica de Contabilidade da cidade. No mesmo ano foi aprovado no concurso do Banco do Brasil. No ano seguinte, leitores ofendidos forçaram Olney a encerrar a coluna "Causerie". O programa de rádio também chegou ao fim.

Na impossibilidade de realizar produções cinematográficas escreveu sobre casos e fatos, alguns verídicos, outros imaginários, transformando-os em novelas e contos, escritos em estilo cinematográfico, abordando temas nordestinos - o misticismo, a magia do seu povo, personagens e histórias do sertão reconstruídas em narrativa linear, encadeada à moda do cancioneiro popular -, registrando o linguajar regional do catingueiro.

Ainda em 1955, com fotógrafo Elídio Azevedo, produziu seu primeiro curta-metragem intitulado "Um Crime na Feira". Com uma filmadora 16mm Kodak antiga e, coletando dinheiro entre os amigos, comprou os negativos. Filmou o roteiro em sequência linear, efetuando os cortes com as paradas na própria câmera, já que não dispunha de moviola. Finalizado entre 1956 e 1957, com dez minutos de duração, o filme foi exibido em clubes de Feira de Santana e outras cidades do interior da Bahia, acompanhando espetáculos teatrais que o próprio Olney organizava, pela Associação Cultural Filinto Bastos. Nessa época, Olney criou a Sociedade Cultural e Artística de Feira de Santana (SCAFS) e o Teatro de Amadores de Feira de Santana (TAFS).

Em maio de 1956, conquistou a Menção Honrosa do Concurso de Contos da revista "A Cigarra" do Rio de Janeiro, com o conto "Festim à Meia-noite". Em outubro do mesmo ano, conquistou outra Menção Honrosa, desta vez com o conto "A Última História".

Começou a se interessar pela obra de Jorge Amado. Escreveu-lhe algumas cartas, entre 1956 e 1957, pedindo informações sobre o andamento das filmagens de algumas de suas obras.

Em 1958, Olney foi baleado pelas costas pelo amigo Luiz Navarro. Ambos disputavam a jovem Maria Augusta. Luiz Navarro disse que foi acidental. O ferimento perfurou seu pulmão esquerdo.

Em 1959, durante uma viagem a Maceió, AL, adquiriu uma câmera Bell & Howeel. Escreveu o roteiro do documentário "O Bandido Negro", sobre um personagem da literatura popular, Lucas da Feira (1804-1849), chefe de um bando terrível, que assolou a região de Feira de Santana, realizando saques e assaltos e também lutou pela abolição da escravatura na Bahia. Escreveu também o roteiro do "O Vaqueiro das Caatingas", ambos os roteiros não concretizados por falta de recursos.


Encontro Com o Cinema Novo

Em 1961, o diretor Nelson Pereira dos Santos foi a Feira de Santana com a intenção de realizar as filmagem de "Vidas Secas", baseado no romance homônimo de Graciliano Ramos. Os planos foram modificados em razão das chuvas torrenciais que atingiram a região, e o diretor foi obrigado a improvisar um outro roteiro, que resultaria no filme "Mandacaru Vermelho", rodado em Juazeiro, na Bahia. Nesse filme, o jovem Olney atuou como continuísta da produção, assistente de direção, produção além de também compor o elenco. Terminada a filmagem, que se prolongou por Feira de Santana, Olney e Nelson tornam-se grandes amigos.

A experiência de "Mandacaru Vermelho" marcou de fato a integração de Olney ao grupo pioneiro de cineastas do Cinema Novo.

Na véspera do natal de 1961, casou-se com Maria Augusta Matos Santana. Ainda naquele ano, começou a escrever e dirigir a revista literária, "Sertão" (1961-1963).

Em janeiro de 1962, nasceu seu primeiro filho, Olney São Paulo Junior. No mesmo ano, Olney participou como assistente de direção de "O Caipora", de Oscar Santana, rodado em Riachão do Jacuípe, nas Zonas de Pé-de-Serra, Chapada e Beira do Rio. Também na mesma época, em Salvador, estabeleceu contato com a geração liderada por Glauber Rocha.

A formação cinematográfica de Olney São Paulo é influenciada pelo neo-realismo italiano, e por filmes de guerra e western americanos. Seus principais inspiradores foram John Ford, Vittorio de Sica, Roberto Rosselini, Giuseppe De Santis, Augusto Genina e Pietro Germi. Estudou também as idéias de Vsevolod Pudovkin, sobre montagem cinematográfica, e foi leitor dos escritos de Georges Sadoul, sobre a história do cinema.

Realizou seu primeiro longa metragem, "O Grito da Terra", em (1964), abordando a realidade do nordeste brasileiro. Entre a pré-produção do filme e o início das filmagens, nasceu seu segundo filho Ilya Flayert. Nelson Pereira do Santos e Laurita dos Santos foram os padrinhos do menino.

As filmagens iniciam-se em novembro de 1963 e para compor a cenografia do filme, Olney contou com a colaboração dos comerciantes de Feira de Santana, que emprestaram móveis, roupas de cama, utensílios e adereços. O figurino era constituído por roupas dos próprios atores ou emprestado por amigos. A pré-estreia do filme ocorreu no dia 27 de novembro de 1964, com apresentação do cineasta Orlando Senna.

Em 26 de outubro de 1964, em Feira de Santana, BA, nasceu seu filho José Irving Santana São Paulo.

Entre 1965 e 1967, "O Grito da Terra" foi exibido no Rio de Janeiro, Salvador, Aracaju e Recife. Participou do I Festival Internacional do Filme de Guanabara, do Festival do Cinema Baiano, em Fortaleza, e da Noite do Cinema Brasileiro, organizada pela embaixada dos Estados Unidos, em dezembro de 1965. No entanto sofreu cortes pela Censura Federal, pois um personagem fazia menção à volta do "Cavaleiro da Esperança", Luiz Carlos Prestes, membro do Partido Comunista Brasileiro. Por conta do corte, o produtor Ciro de Carvalho, convidado pelo Itamarati, não aceitou que o filme representasse o Brasil em festivais internacionais. Os produtores receberam prêmio do governo de Carlos Lacerda, o que lhes possibilitou saldar dívidas bancárias e confeccionar uma nova cópia do filme, sem cortes, e exibi-la nos principais cinemas do nordeste.

"Manhã Cinzenta" foi realizado entre 1968 e 1969. Junto com Fernando Coni Campos, Olney decidiu registrar alguns acontecimentos da época, com sua câmera 16mm, a partir do seu conto homônimo, escrito em 1966, e da documentação feita por José Carlos Avellar, sobre protestos de rua. Para driblar a censura, confeccionou várias cópias do filme enviando-as para cinematecas de outros países e para os festivais de Viña del Mar (Chile), Pesaro, Cannes e Mannheim.

Prisão e Censura

Na manhã do dia 8 de outubro de 1969, ocorreu o primeiro sequestro de um avião brasileiro, por membros da organização MR-8. O avião foi desviado de Cuba. Um dos sequestradores era membro da diretoria da Federação Carioca de Cineclubistas, presidida na época por Sílvio Tendler. "Manhã Cinzenta" foi exibido a bordo e Olney foi vinculado pelas autoridades brasileiras ao sequestro. Foi detido e levado para local ignorado, ficando incomunicável por doze dias. Liberado, em 5 de dezembro, foi internado com suspeita de pneumonia dupla. Em 25 de dezembro, muito debilitado psíquica e fisicamente, passou alguns dias com a família e foi internado novamente.

Os negativos e cópias de "Manhã Cinzenta" foram confiscados. Mas uma das cópias do filme foi salva por Cosme Alves Neto, então diretor da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e ficou lá por vinte cinco anos escondida. Assim, embora proibido no país pela Censura Federal, o filme foi exibido na Itália, no Festival de Pesaro, no Festival Internacional de Cinema de Viña del Mar, na Quinzena de Realizadores do Festival de Cannes, em 1970. Participou também da XIX Semana Internacional de Mannheim, conquistando o prêmio de melhor média-metragem, e foi premiado no Festival de Oberhausen, na Alemanha, em 1972.

Olney São Paulo realizou ainda, em 1970, o documentário "O Profeta de Feira de Santana", sobre o artista plástico Raimundo de Oliveira. A equipe foi formada pelo produtor Júlio Romiti e Tuna Espinheira, como assistente de direção.

Em 11 de maio de 1971, nasceu a filha de Olney São Paulo, Maria Pilar.

Em 13 de janeiro de 1972, o Superior Tribunal Militar, absolveu definitivamente o cineasta das acusações de subversão da ordem, relacionadas ao filme "Manhã Cinzenta".

Apesar da saúde debilitada, ainda realizou "O Forte", baseado no romance de Adonias Filho, longa metragem no qual se destaca a paisagem de Salvador, tendo como um dos protagonistas, o sambista e ator Monsueto Menezes, que morreu durante as filmagens. O filme teve inúmeros problemas e as filmagens sofreram várias interrupções, que prejudicaram bastante a qualidade do resultado final. Com o filme "Pinto Vem Aí", sobre o ex-deputado Francisco Pinto, ganhou o prêmio Jornal do Brasil, em 1976.

Olney São Paulo morreu cedo, vítima de Câncer no Pulmão, aos 41 anos.

Sobre o Cinema de Olney São Paulo

De Glauber Rocha, em seu livro "Revolução do Cinema Novo" (Rio de Janeiro. Alambra/Embrafilme: 1981, p. 364):

"Olney é a Metáfora de uma Alegorya. Retirante dos sertões para o litoral - o cineasta foi perseguido, preso e torturado. A Embrafilme não o ajudou, transformando-o no símbolo do censurado e reprimido. 'Manhã Cinzenta' é o grande filmexplosão de 1968 e supera incontestavelmente os delírios pequeno-burgueses dos histéricos udigrudistas (...) Panfleto bárbaro e sofisticado, revolucionário a ponto de provocar prisão, tortura e iniciativa mortal no corpo do artista."

De Nelson Pereira dos Santos:

"A imagem que guardo do meu compadre é uma síntese daquele documentário que ele fez sobre os sábios do tempo, os velhos sertanejos que dominam sistemas ancestrais de medição meteorológica [Sob o ditame do rude Almajesto: Sinais de Chuva (1976)]. Vejo-o de chapéu de couro, no raso da caatinga, conversando com os ventos, para saber de onde vêm e para onde vão."

Filmografia

Curtas:

  • 1955 - Um Crime na Rua (16 mm, 10 minutos, P&B)
  • 1970 - O Profeta de Feira de Santana (35 mm, 8 minutos, Cor)
  • 1973 - Cachoeira: Documento da História (35 mm, 9 minutos, Cor e P&B)
  • 1973 - Como Nasce Uma Cidade (35 mm, 10 minutos, Cor e P&B)
  • 1975 - Teatro Brasileiro I: Origem e Mudanças (35 mm, 12 minutos, Cor)
  • 1975 - Teatro Brasileiro II: Novas Tendências (35 mm, 11 minutos, Cor)
  • 1976 - Sob o Ditame do Rude Almajesto: Sinais de Chuva (16 mm, 13 minutos, Cor)
  • 1976 - A Última Feira Livre (16 mm, Cor)

Médias:

  • 1969 - Manhã Cinzenta (35 mm, 21 minutos, P&B)
  • 1976 - Pinto Vem Aí (25 minutos, P&B)
  • 1978 - Dia de Erê (16 mm, 30 minutos, Cor)

Longas:

  • 1964 - Grito da Terra (35 mm, 80 minutos, P&B)
  • 1974 - O Forte (35 mm, 90 minutos, Cor)
  • 1976 - Ciganos do Nordeste (16 mm, 70 minutos, Cor)
  • 1974 - O Amuleto de Ogum

Fonte: Wikipédia

Humberto Mauro

HUMBERTO MAURO
(86 anos)
Cineasta

* Volta Grande, MG (30/04/1897)
+ Volta Grande, MG (05/11/1983)

Humberto Mauro foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Fez filmes entre 1925 e 1974 sempre com temas brasileiros.

Filho de Gaetano Mauro, imigrante italiano, e de Teresa Duarte, mineira culta e poliglota, ele nasceu na Zona da Mata mineira dois anos depois da histórica sessão cinematográfica promovida pelos irmãos Lumière, em Paris. Quando criança, mudou-se com a família para Cataguases.


O Começo: O Ciclo de Cataguases

Desde cedo se dedicou à música, tocando o violino e o bandolim. Interessado também em mecânica, ingressou no curso de engenharia em Belo Horizonte, que abandonou um anos depois para voltar a Cataguases. Como as linhas de transmissão de eletricidade chegavam à região, trabalhou na instalação de energia elétrica nas fazendas.

Foi para o Rio de Janeiro em 1916, onde trabalhou como eletricista, retornando a Cataguases em 1920. Neste mesmo ano casou com Maria Vilela de Almeida (Dona Bebê), com quem permaneceu casado pelo resto da vida.

Em 1923, passou a se interessar por fotografia. Adquiriu uma câmera Kodak de Pedro Comello, pai da atriz Eva Nill, imigrante italiano a quem convenceu a se instalar em Cataguases como fotógrafo e de quem se tornaria amigo inseparável. Ambos compartilhavam de uma paixão pelo cinema, principalmente pelos filmes americanos de aventura. Admirava D.W. Griffith e King Vidor.

Em 1925, Humberto Mauro e Pedro Comello compraram uma câmara cinematográfica de 9,5 mm, marca Pathé, com a qual Humberto Mauro filmou um curta-metragem cômico de apenas 5 minutos de duração. Mostraram esse filme a comerciantes locais, tentando convencê-los a investir numa companhia produtora de filmes em Cataguases. Com o apoio financeiro de Homero Domingues compraram uma câmara de 35 mm e centenas de metros de filme. Mas o filme que resolveram fazer ficou inacabado.

Ainda em 1925, com a participação do negociante Agenor Cortes de Barros, fundaram em Cataguases a Phebo Sul América. Em 1926 realizam "Na Primavera da Vida" e em seguida "Thesouro Perdido", um filme nos moldes dos filmes de aventura americanos, com muitas e complicadas cenas de ação. Foi premiado como o melhor filme brasileiro de 1927. Este filme contou com a única participação nas telas da mulher de Humberto Mauro, com o nome artístico de Lola Lys.

Com o sucesso de "Thesouro Perdido", Humberto Mauro pôde ampliar sua produtora, rebatizada de Phebo Brasil, e desenvolver filmes de acordo com sua visão pessoal. Seu trabalho seguinte, "Brasa Dormida", é uma bem sucedida mistura de aventura e romance, com excelente aproveitamento dos cenários naturais, em que não falta uma excitante, para os padrões da época, cena erótica. Lançada em 1929, foi distribuída para todo o país.

Seu longa-metragem seguinte, seu último para a  Phebo Brasil, "Sangue Mineiro" é considerado sua obra-prima em Cataguases. Lançado em julho de 1929, percorreu todo o país com sucesso de crítica e público. Aqui ele deixa de lado a aventura e faz um filme intimista, em que os únicos conflitos são os do coração.

Humberto Mauro manteve estreitas ligações com poetas e escritores modernistas da época, especialmente com os integrante do chamado Movimento Verde. Criado em Cataguases após a Semana de Arte Moderna de 1922, tinha como integrantes Rosário Fusco, Francisco Inácio Peixoto, Ascânio Lopes e Guilhermino César, dentre outros, que eram responsáveis pela edição da Revista Verde, um dos marcos da literatura modernista brasileira.

Humberto Mauro e Ronaldo Werneck (1975)
Cinédia

Com o surgimento da Cinédia, em 1929 ele vai para o Rio de Janeiro e começa a trabalhar com Adhemar Gonzaga, dirigindo as primeiras produções do estúdio, "Barro Humano" e "Lábios Sem Beijos", mostrando domínio na técnica do cinema falado.

O sucesso desses filmes tornou a Cinédia o estúdio mais importante da época. Em 1931 foi lançado "Mulher", na qual Humberto Mauro atuou como câmera, cabendo a direção a Octavio Gabus Mendes. Seu filme seguinte, "Ganga Bruta", teve dificuldades na sua realização que se prolongou de 1931 a 1933. Era um filme de estrutura narrativa revolucionária para a época, com flashbacks e cortes rápidos.

Depois de dirigir a "Voz do Carnaval" (1933), seu primeiro musical, troca a Cinédia pela Brasil Vita Filmes (1934), um estúdio fundado pela atriz Carmen Santos, estrela de vários filmes de Humberto Mauro. Na nova casa, fez "Favela dos Meus Amores" (1935) e "Cidade Mulher" (1936).

Instituto Nacional do Cinema Educativo

A convite de Edgar Roquette-Pinto, Humberto Mauro se junta ao Instituto Nacional do Cinema Educativo, onde por décadas realizou documentários sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música.

Enquanto trabalhou no Instituto Nacional do Cinema Educativo, Humberto Mauro dirigiu apenas três longas metragens: "Descobrimento do Brasil" (1937), com música de Villa-Lobos, "Argila" (1940) e "Canto da Saudade" (1952), onde também trabalha como ator, num papel secundário.

Afastado do cinema desde 1974, quando fez o curta-metragem "Carro de Bois", passou a viver em seu sítio Rancho Alegre, em Volta Grande, onde morreu, aos 86 anos, quase que completamente cego, após uma forte pneumonia.

Humberto Mauro é autor do mais significativo ciclo regional do cinema brasileiro, iniciado em 1926 com "Na Primavera da Vida". Durante seus últimos anos de vida, Humberto Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados.

Mesmo sem dirigir, deu colaboração informal a cineastas como o próprio  Nelson Pereira, para quem escreveu os diálogos em tupi-guarani de "Como era Gostoso o Meu Francês", Paulo César Saraceni e Alex Vianny.

Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Em 1936 a carreira de Humberto Mauro sofreu mudança, ele se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquette-Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo e convidou Humberto Mauro. Filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: "Dia da Pátria", "Lição de Taxidermia", "Vacina Contra Raiva", "A Velha a Fiar" e "Higiene Doméstica", e, a série "As Brasilianas", na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

Fonte: Wikipédia

Sérgio Silva

SÉRGIO ROBERTO SILVA
(66 anos)
Ator e Cineasta

* Porto Alegre, RS (19/11/1945)
+ Porto Alegre, RS (15/08/2012)

Ainda estudante no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, descobriu sua vocação teatral ao atuar no "Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna. A partir de 1975, foi ator, e também produtor e cenógrafo, em 21 espetáculos de teatro apresentados em Porto Alegre, com destaque para o período em que trabalhou com o Teatro Vivo da diretora Irene Brietzke, em uma série de montagens a partir de textos de Bertolt Brecht.

Formado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1970, lecionou literatura no Colégio Israelita por doze anos, depois foi professor de dramaturgia no Departamento de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, até se aposentar em 2010.

Mas, como sempre declarou em entrevistas, "o cinema foi a sua diversão preferida desde os 6 ou 7 anos de idade". Em 1961, tornou-se sócio do Clube de Cinema de Porto Alegre, e alguns anos mais tarde foi chamado por seu presidente P. F. Gastal para escrever crítica de cinema no jornal Correio do Povo, e depois na Folha da Manhã e Folha da Tarde.

Como diretor e roteirista, realizou 21 filmes, sendo a maior parte deles curtas-metragens e vários realizados nas bitolas 16 mm e super-8. "Sem Tradição, Sem Família e Sem Propriedade", de 1968, é considerado um dos primeiros filmes em super-8 com intenção artística realizados no Brasil. "Adiós, América do Sul" em 1984 conquistou medalha de prata no Festival Internacional da Unica, em Saint-Nazaire, na França.

Marcos Palmeira, Vivianne Pasmanter e Sérgio Silva

Nos anos 1980 realizou curtas já em 35 mm, aproveitando a vigência da Lei do Curta e a possibilidade de trabalho com equipes mais profissionalizadas. Ainda assim, seu primeiro longa-metragem, dirigido em parceria com o amigo e sócio Tuio Becker, foi em 16 mm: "Heimweh / Nostalgia" (1990), crônica ficcional da vida de um imigrante alemão no Rio Grande do Sul, totalmente falado em alemão.

Seu primeiro longa em 35 mm, com lançamento comercial em cinemas do país, só veio após o Plano Collor e a chamada Retomada do Cinema Brasileiro: "Anahy de las Misiones" (1997) conta a história de uma mulher, interpretada por Araci Esteves, que, durante a Guerra dos Farrapos, percorre os campos de batalha, pilhando os mortos em companhia de seus quatro filhos.

Quando Sérgio Silva foi indicado para receber o Prêmio Joaquim Felizardo da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, em janeiro de 2010, o Conselho do Prêmio justificou sua escolha pela qualidade do filme "Anahy de las Misiones", considerado não apenas a melhor produção cinematográfica da história do cinema gaúcho como também a melhor entre todas aquelas que já se ocuparam da realidade sócio-cultural do Rio Grande do Sul em qualquer época.

Em 12/08/2012, o Festival de Gramado prestou homenagem a Sérgio Silva e sua obra cinematográfica, mas ele não pôde comparecer por problemas de saúde. Três dias depois, morreu em sua casa, em Porto Alegre, vítima de um Câncer de Pulmão.  O corpo do cineasta foi velado no Cemitério Ecumênico João 23, em Porto Alegre.

Filmografia Como Diretor

  • 2009 - Quase Um Tango...
  • 2003 - Noite de São João
  • 1997 - Anahy de las Misiones
  • 1994 - Frau Olga, Fräulein Frieda (Curta, inacabado)
  • 1993 - O Zeppelin Passou Por Aqui (Curta)
  • 1990 - Festa de Casamento (Curta)
  • 1990 - Heimweh / Nostalgia (Longa em 16 mm, co-dir. Tuio Becker)
  • 1984 - A Divina Pelotense (Curta em 16mm)
  • 1983 - Às Margens Plácidas (Curta em super-8)
  • 1982 - Adiós América do Sul (Curta em super-8, co-dir. Tuio Becker)
  • 1979 - Os Familiares (Curta em super-8)
  • 1969 - Não tem sentido (Curta em 16 mm)
  • 1969 - Scorpion (Curta em 16 mm, inacabado)
  • 1968 - Sem Tradição, Sem família e Sem Propriedade (Curta em super-8)

Filmografia Como Ator

  • 1995 - Delirio Erótico do Sr. Nelson Rodrigues
  • 1988 - Mahagonny
  • 1986 - A Boa Alma de Setsuan
  • 1985 - Delírio e Paixão do Sr. Nelson Rodrigues
  • 1984 - Champagne Para Mãe Tuda
  • 1982 - O Rei da Vela
  • 1981 - Happy End
  • 1979 - Antígona
  • 1975 - Boneca Teresa ou Canção de Amor e Morte de Gelsi e Valdinete
  • 1974 - Rodolfo Valentino
  • 1973 - A Ópera dos Três Vinténs

Fonte: Wikipédia

Adriano Stuart

ADRIANO ROBERTO CANALES
(68 anos)
Cineasta, Ator e Diretor

*  Quatá, SP (19/02/1944)
+ São Paulo, SP (15/04/2012)

Adriano Roberto Canales, mais conhecido como Adriano Stuart foi um cineasta, ator e diretor de televisão brasileiro. De família de artistas, nasceu no circo e era filho dos atores Walter Stuart e Mora Stuart.

Filho do grande humorista Walter Stuart, Adriano Stuart sequer teve chance de escolher seu destino e desde bebe já estava lá participando como ator, de cidade em cidade, junto com a caravana do Circo Oni. Seu pai e sua mãe, a artista Mora Stuart, tiveram também 2 filhas.

Em 1950 o avô de Adriano, que chegara no Brasil em 1920 com passagem pela Argentina, vendeu o circo mudando-se para São Paulo. Com 8 anos Adriano Stuart estreiou na televisão, sem saber o que realmente era isto. Seu pai, Walter Stuart foi o primeiro e grande humorista da televisão brasileira. Na verdade toda sua família foi contratada pela TV Tupi. O circo e as rádios foram os verdadeiros doadores de talento para televisão.

Não demorou muito para que o pai lançasse as atrações circenses no programa que ficou famoso: Circo Bom-bril. Adriano, porém, fez carreira solo. Aparecia nos Grandes Teatros, TVs de Vanguarda, TVs de Comédia.

Adriano fazia também rádio, com carteira assinada e tudo. Passou para o cinema onde fez O Sobrado dirigido por Cassiano Gabus Mendes, ainda garoto. Foi ficando adolescente e bem jovem ainda, passou a dirigir programas.

Ele passou pela TV Record como ator, nas primeiras novelas produzidas pela emissora, como A Última Testemunha e Algemas de Ouro, onde conheceu a atriz Márcia Maria, com quem se casou logo após a novela As Pupilas do Senhor Reitor, em 1970, na qual ambos trabalhavam. Mas o casamento durou apenas três anos.

Depois voltou para a TV Tupi e ainda na década de 1970 foi para a TV Globo. Escreveu a série Shazan, Xerife & Cia. e por cinco anos dirigiu Os Trapalhões e vários outros programas de humor.

Para ele, o mais difícil foi dirigir o pai, Walter Stuart, que era criativo demais, e improvisava a cada segundo.  


Adriano fez também teatro, e se casou pela segunda vez com a também atriz Liza Vieira com quem teve dois filhos.

Ele passou grande tempo sem trabalhar e dizia ironicamente: "Sou um dos 25 milhões de desempregados do país". A volta aconteceu também via cinema onde ele fez Festa e Boleiros - Era uma Vez o Futebol..., Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos e Urbania , todos dirigidos por Ugo Giorgetti.

Em 2006, Adriano Stuart voltou à TV como ator e diretor. Como diretor, na TV Cultura, na serie Senta Que Lá Cem Comédia, exibida nos sábados à noite, e onde dirigiu a ex-mulher Márcia Maria e um grande elenco onde estavam Kito Junqueira, Jonas Mello, Cassiano Ricardo e Flávia Garrafa em Casa de Orates. Como ator participou da minissérie JK, na TV Globo.

Adriano sofria de depressão e foi encontrado morto no flat em que morava em São Paulo por um dos seus filhos, no domingo, 15 de abril de 2012. Seu corpo foi cremado na Vila Alpina e a causa da morte deve ter sido um Infarto do Miocárdio.  

Filmografia (Como Diretor)

  • 1998 até 1999 - TV Fofão
  • 1996 até 1997 - TV Fofão
  • 1989 - Fofão e a Nave Sem Rumo
  • 1986 até 1989 - TV Fofão
  • 1983 - A Festa é Nossa
  • 1983 - As Aventuras de Mário Fofoca
  • 1982 - Um Casal de Três
  • 1981 até 1982 - Os Trapalhões
  • 1981 - O Incrível Monstro Trapalhão
  • 1980 - Os Três Mosqueteiros Trapalhões
  • 1980 - O Rei e os Trapalhões
  • 1979 - O Cinderelo Trapalhão
  • 1978 - A Noite dos Duros
  • 1978 - Os Trapalhões na Guerra dos Planetas
  • 1976 - Já Não Se Faz Amor Como Antigamente
  • 1976 - Bacalhau
  • 1976 - Sabendo Usar Não Vai Faltar
  • 1975 - Kung Fu Contra as Bonecas
  • 1975 - Cada Um Dá o Que Tem

 Filmografia (Como Ator)

  • 2006 - Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos
  • 2004 - Garotas do ABC
  • 2002 - O Príncipe
  • 2001 - Urbania
  • 1998 - Boleiros - Era uma Vez o Futebol...
  • 1997 - Os Matadores
  • 1992 - Dudu Nasceu
  • 1989 - Festa
  • 1976 - Chão Bruto
  • 1976 - Bacalhau
  • 1976 - Sabendo Usar Não Vai Faltar
  • 1975 - Kung Fu Contra as Bonecas
  • 1975 - Cada Um Dá o Que Tem
  • 1974 - Exorcismo Negro
  • 1964 - Meu Japão Brasileiro
  • 1956 - O Sobrado

Fonte: Wikipédia e Dramaturgia Brasileira - In Memoriam

Walter George Durst

WALTER GEORGE DURST
(75 anos)
Cineasta, Escritor e Roteirista de TV e Cinema

* São Paulo, SP (15/06/1922)
+ São Paulo, SP (24/08/1997)

Walter George Durst nasceu em 15 de junho de 1922 em São Paulo. Figura bonita, claro, de estatura mediana, sempre de óculos, estava na Rádio Tupi, emissora associada, quando da chegada da TV Tupi. Estudioso de cinema, idealizador do tipo de teleteatro que a emissora implantou e que ali reinou por muitos anos.

Associou-se a Cassiano Gabus Mendes, que era o diretor artístico da televisão pioneira, Dionísio Azevedo, Silas Roberg, Álvaro de Moya, Lima Duarte e aquele grupo é que tornou-se responsável pela teledramaturgia da TV Tupi.

Walter Durst, sempre educado e de fala mansa, ao lado de Dionísio Azevedo principalmente, fazia as adaptações dos grandes textos universais. É assim que lançavam as grande peças. Eram espetáculos de duas a três horas de duração que iam ao ar a noite em domingos alternados.

Uma ousadia atrás da outra, dada o pouco tempo de ensaio e de espaço nos estúdios. Mas o publico entendeu a proposta e respondia com audiência total. O TV de Vanguarda era programa obrigatório do público no domingo a noite e ficou no ar por 16 anos consecutivos.

Mas Walter Duart, o intelectual, foi contratado pela Colgate-Palmolive e sob orientação de Glória Magadan adaptou dramalhões estrangeiros, o que resultou em muitas críticas contra ele. Walter Durst, nesta época, já era casado com a atriz Bárbara Fazio e o casal teve dois filhos: Ella e Walter.

Depois da TV Tupi, Durst esteve na TV Bandeirantes, onde dirigiu Cacilda Becker. Foi para a TV Cultura onde se destacou na criação do Teatro 2 e do núcleo de teledramaturgia. Ligou-se também ao cinema, que era sua paixão e escreveu e dirigiu alternadamente: Toda a Vida em Quinze Minutos, A Carrocinha, O Sobrado e Paixão de Gancho.

Na TV Tupi escreveu O Pequeno Mundo de Dom Camilo, Cleópatra, O Sorriso de Helena, Gutiervitos, o Drama dos Humildes, Teresa, O Cara Suja, Olhos Que Amei, A Outra, A Cor de Sua Pele, Um Rosto Perdido e Meu Filho, Minha Vida.

Por fim, foi para a TV Globo, já em meados de 1975. Estourou, ao assinar as novelas: Gabriela e Mina, que lhe valeram dois prêmios APCA, seguidos, como o Melhor Autor de Novelas.

Escreveu em seguida O Homem Que Veio do Céu, Carga Pesada, Obrigado Doutor, Terras do Sem Fim e Anarquistas.

Foi para a TV Manchete e escreveu Tocaia Grande e no SBT escreveu Os Ossos do Barão.

Walter George Durst foi vitimado por um Câncer e faleceu em 24 de agosto de 1997.

Escreveu e trabalhou até o último dia de sua vida. Walter George Durst teve duas imensas paixões na vida: a teledramaturgia e a esposa Bárbara, que a seu lado esteve até os instantes finais. Morria ali um dos mais importantes personagens da televisão brasileira.

Fonte: Museu da TV

Rudá de Andrade

RUDÁ PRONOMINARE GALVÃO DE ANDRADE
(78 anos)
Escritor e Cineasta

* São Paulo, SP (25/09/1930)
+ Bragança Paulista, SP (27/01/2009)

Filho de Oswald de Andrade e Patrícia Galvão, mais conhecida como Pagu.

Batizado como Rudá Poronominare Galvão de Andrade, por seus pais, com um ano de idade, carregou em seu nome o espírito antropofágico que marcou a história do modernismo brasileiro. Carla Caruso em seu trabalho sobre Oswald de Andrade esclarece que Rudá é o nome do deus do amor e Poronominare é o nome indígena para um um ser malicioso, humorístico. Os dois nomes são tirados de deuses da mitologia Tupiniquim, Rudá é o encarregado da reprodução de todos os seres vivos que tem a aparência de um guerreiro e vive nas nuvens. Poronominare é um herói mitológico que vive na bacia do Rio Negro, seria o primeiro ser humano criado, fundador das civilizações.

Biografia

Rudá formou-se em cinema na Itália, onde trabalhou com Vittorio de Sica. Foi também um dos criadores do Museu da Imagem e do Som, que dirigiu entre 1970 e 1981.

Na década de 1960, participou da fundação do curso de cinema da Universidade de São Paulo, onde lecionaria durante dez anos. Foi conservador da Cinemateca Brasileira, da qual era também conselheiro. Publicou também as obras completas do pai.

Na literatura, destacou-se em 1983, ao receber o Prêmio Jabuti, na categoria Biografia e Memórias, por "Cela 3 - A Grade Agride" (Ed. Globo, 2007), um livro autobiográfico de viagem a um mundo desconhecido: o das prisões europeias.

Faleceu em 27 de janeiro de 2009, em decorrência de problema cardíaco, aos 78 anos, em Bragança Paulista, estado de São Paulo. Estava internado, recuperando-se de uma fratura no fêmur sofrida em seu sítio.

Deixou a esposa Halina e três filhos.

Rogério Sganzerla

ROGÉRIO SGANZERLA
(57 anos)
Cineasta

* Joaçaba, SC (26/11/1946)
+ São Paulo, SP (09/01/2004)

Rogério Sganzerla foi um dos maiores símbolos do Cinema Marginal feito em São Paulo na década de 60, sinônimo de transgressão, picardia e genialidade na tela grande.

Ainda muito jovem, foi acolhido por Décio de Almeida Prado, que na época dirigia o Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo, e seu texto de estréia foi sobre "Os Cafajestes" (1962), filme de Ruy Guerra. Continuou no Suplemento e colaborou também com o Jornal da Tarde.

Trabalhou quatro anos como crítico de cinema no jornal O Estado de São Paulo. Estreou na direção de longas com "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), uma filme baseado na historia do criminoso João Acácio Pereira da Costa, que se apresentava com uma lanterna vermelha ao cometer seus crimes. O filme se tornou um de seus maiores sucessos e lhe deu fama. Fundou a produtora Bel-Air, responsável por filmes do diretor como "O Abismo" (1977), "Nem Tudo é Verdade" (1986) e "Tudo é Brasil" (1997).

Conseguiu, ao lado de Júlio Bressane, solidificar a argamassa do chamado Cinema Marginal. O movimento que apareceu com "A Margem" (1967), de Ozualdo Candeias, surgiu como uma espécie de reação ao Cinema Novo de Glauber Rocha e David Neves.

Seu último filme, "O Signo do Caos" (2003), sobre a passagem de Orson Welles pelo Brasil em 1942, quando não conseguiu concluir "It's All True" por ter seu material de filmagem apreendido, recebeu o Troféu Candango de melhor direção no 36º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (2003), mas ele não pôde comparecer ao festival devido ao seu estado de saúde. Na ocasião, ele foi representado pela atriz Djin Sganzerla, sua filha com a atriz Helena Ignez.

Vítima de um câncer no cérebro que o martirizou durante seus últimos seis meses de vida, morreu em 09/01,/2004 aos 57 anos, no Hospital do Câncer em São Paulo, onde estava internado desde o dia 15/12/2003 para se tratar da doença. Seu corpo foi cremado no Cemitério da Vila Alpina, em São Paulo.

Casado havia 35 anos com a atriz Helena Ignez, vivia com a esposa e suas duas filhas, Djin e Sinai, a enteada, Paloma Rocha, filha do casamento anterior de Helena com Glauber Rocha.