Mostrando postagens com marcador Diplomata. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Diplomata. Mostrar todas as postagens

Joaquim Nabuco

JOAQUIM AURÉLIO BARRETO NABUCO DE ARAÚJO
(60 anos)
Político, Diplomata, Historiador, Jurista, Abolicionista e Jornalista

* Recife, PE (19/08/1849)
+ Washington, EUA (17/01/1910)

Foi um político, diplomata, historiador, jurista e jornalista brasileiro formado pela Faculdade de Direito de São Paulo. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Foi um dos grandes diplomatas do Império, além de orador, poeta e memorialista. Além de O Abolicionismo, Minha Formação figura como uma importante obra de memórias, onde se percebe o paradoxo de quem foi educado por uma família escravocrata, mas optou pela luta em favor dos escravos.

Joaquim Nabuco diz sentir "saudade do escravo" pela generosidade deles, num contraponto ao egoísmo do senhor. "A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil", sentenciou.

"O verdadeiro patriotismo é o que concilia a pátria com a humanidade."  
(Joaquim Nabuco)

Biografia

Filho do jurista e político baiano, senador do Império, José Tomás Nabuco de Araújo Filho (Juiz dos rebeldes da Revolução Praieira), e de Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo (filha de Francisco de Sá Barreto, primo de Francisco Pais Barreto, neto do senador José Tomás Nabuco de Araújo).

Desposou Evelina Torres Soares Ribeiro, filha de José Antônio Soares Ribeiro, 1º Barão de Inoã, e neta de Cândido José Rodrigues Torres, 1º Barão de Itambi.

Dessa união nasceram: Maurício, que foi diplomata e, como o pai, embaixador do Brasil nos Estados Unidos; Joaquim, que foi sacerdote da Igreja Católica, chegando a ser Monsenhor e Protonotário Papal; Carolina Nabuco, escritora de renome; Mariana e José Tomas, este casado com Maria do Carmo Alvim de Mello Franco Nabuco, filha de Afrânio de Mello Franco, primeiro Ministro das Relações Exteriores do governo de Getúlio Vargas e irmã do jurista, historiador, parlamentar, membro da Academia Brasileira de Letras e Ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990)

Joaquim Nabuco se opôs de maneira veemente à escravidão, contra a qual lutou tanto por meio de suas atividades políticas e quanto de seus escritos. Fez campanha contra a escravidão na Câmara dos Deputados em 1878 e fundou a Sociedade Antiescravidão Brasileira, sendo responsável, em grande parte, pela abolição da escravatura em 1888.

Após a derrubada da monarquia brasileira retirou-se da vida pública por algum tempo.

Mais tarde serviu como embaixador nos Estados Unidos (1905 - 1910).

Em terras estadunidenses, tornou-se um grande propagador de Os Lusíadas (Luís Vaz de Camões), tendo publicado três conferências em língua inglesa sobre o tema: The Place Of Camões In Litterature, Camões: The Lyric Poet e The Lusiads As The Epic Of Love, mais tarde traduzidas para o português por Artur Bomilcar.

Em 1908 recebeu o grau de doutor em letras pela Universidade Yale, e foi convidado a pronunciar o discurso oficial de encerramento do ano letivo ou dia da colação de grau da Universidade de Chicago, e um discurso oficial na Universidade de Wisconsin, grandes honrarias.

Também passou muitos anos tanto na Inglaterra quanto na França, onde foi um forte proponente do pan-americanismo, presidindo a conferência de Pan-Americanos de 1906.

Joaquim Nabuco foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, tomando assento na cadeira que tem por patrono Maciel Monteiro. Entre os imortais, manteve uma grande amizade com o escritor Machado de Assis, que mantinha até mesmo um retrato de Joaquim Nabuco pendurado na parede de sua residência, e com quem costumava trocar correspondências, que acabaram publicadas.

É homenageado em Campo Grande, MS com o nome de uma importante rua da cidade.

Abolição da Escravatura

Joaquim Nabuco era um monarquista e conciliava essa posição política com sua postura abolicionista. Atribuía à escravidão a responsabilidade por grande parte dos problemas enfrentados pela sociedade brasileira, defendendo, assim, que o trabalho servil fosse suprimido antes de qualquer mudança no âmbito político.

A abolição da escravatura, no entanto, não deveria ser feita de maneira ruptúrica, ou violenta, mas assentada numa consciência nacional dos benefícios que tal resultaria à sociedade brasileira.

Também não creditava a movimentos civis externos ao Parlamento, o papel de conduzir a abolição. Esta só poderia se dar no Parlamento, no seu entender. Fora desse âmbito cabia somente assentar valores humanitários, que fundamentariam a abolição quando instaurada.

Criticou também a postura da Igreja Católica em relação ao abolicionismo, chamando-a de "a mais vergonhosa possível", pois ninguém jamais a viu tomar partido dos escravos. E emendou:

"A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação."

Liberdade Religiosa

Joaquim Nabuco, ao lado de Ruy Barbosa, assumiu posição de destaque na luta pela liberdade religiosa no Brasil que, na época, tinha a Religião Católica como oficial, constituindo-se em um Estado confessional. Assim como Ruy Barbosa, Joaquim Nabuco defendia a separação entre Estado e Religião, bem como a laicidade do ensino público.

Em um discurso proferido em 15 de maio de 1879 que abrangia tanto o tema da educação pública, quanto o da separação entre Estado e Religião, a um aparte de vários deputados, responde:

"Eu desejava concordar com os nobres deputados, em que se deveria deixar a liberdade a todas as seitas. Mas, enquanto a Igreja Católica estiver, diante das outras seitas, em uma situação privilegiada (…), os nobres deputados hão de admitir que (…) ela vai fazer ao próprio Estado, de cuja proteção se prevalece, uma concorrência poderosa no terreno verdadeiramente leigo e nacional do ensino superior. Se os nobres deputados querem conceder maiores franquezas, novos forais à Igreja Católica, então separem-na do Estado."

"É a Igreja Católica que em toda a parte pede a liberdade do ensino superior. Essa liberdade não foi pedida em França pelos liberais; mas pela Igreja. (…) E porque reconheça que o ensino deva ser livre? Não. Aí está o Syllabus que fulmina de excomunhão quem o sustentar". O que ela pretenderia é "a partilha do monopólio para, quando achar-se senhora exclusiva (…), fechar a porta à liberdade e à ciência."

Em um trecho memorável, expressa:

"A Igreja Católica foi grande no passado, quando era o cristianismo; quando nascia no meio de uma sociedade corrompida, quando tinha como esperança a conversão dos bárbaros, que se agitavam às portas do Império minado pelo egoísmo, corrompido pelo cesarismo, moralmente degradado pela escravidão. A Igreja Católica foi grande quando tinha que esconder-se nas catacumbas, quando era perseguida. Mas, desde que Constantino dividiu com ela o império do mundo, desde que de perseguida ela passou a sentar-se no trono e a vestir a púrpura dos césares, desde que, ao contrário das palavras do seu divino fundador, que disse: - O meu reino não é deste mundo, - ela não teve outra religião senão a política, outra ambição senão o governo, a Igreja tem sido a mais constante perseguidora do espírito de liberdade, a dominadora das consciências, até que se tornou inimiga irreconciliável da expansão científica e da liberdade intelectual do nosso século!"

E o orador termina com assegurar que não é inimigo do catolicismo-religião, e sim do "catolicismo-política":

"Não sou inimigo da Igreja Católica. Basta ter ela favorecido a expansão das artes, ter sido o fator que foi na história, ser a Igreja da grande maioria dos brasileiros e da nossa raça, para não me constituir em seu adversário. Quando o catolicismo se refugia na alma de cada um, eu o respeito; é uma religião da consciência, é um grande sentimento da humanidade. Mas do que sou inimigo é desse catolicismo político, desse catolicismo que se alia a todos os governos absolutos, é desse catolicismo que em toda a parte dá combate à civilização e quer fazê-la retroceder."

Por uma ironia, no ano de 2009, em que foi aprovada a lei nº 11.946 que institui o ano de 2010 como Ano Nacional Joaquim Nabuco, foi aprovado um acordo que trata das relações entre o Brasil e o Vaticano e prevê a possibilidade de ensino religioso nas escolas públicas, em franca contradição com as convicções de Joaquim Nabuco.

Interpretação Dinâmica da Constituição

Em discurso pronunciado em 29 de abril de 1879 sobre a então debatida Reforma Constitucional, Joaquim Nabuco expressou a sua visão dinâmica sobre a interpretação constitucional, algo extremamente avançado para a época, e que ainda nos dias de hoje provoca debates, nos seguintes termos:

"A nossa constituição não é imagem dessas catedrais góticas edificadas a muito custo e que representam no meio da nossa civilização adiantada, no meio da atividade febril do nosso tempo, épocas de passividade e de inação; a nossa constituição é pelo contrário de formação natural, é uma dessas formações como a do solo onde camadas sucessivas se depositam; onde a vida penetra por toda a parte, sujeita ao eterno movimento, e onde os erros que passam ficam sepultados sob as verdades que nascem."

Após manifestações de outros deputados, prossegue:

"A nossa constituição não é uma barreira levantada no nosso caminho, não são as tábuas da lei recebidas dos legislador divino e nas quais não se pode tocar porque estão protegidas pelos raios e trovões… Não, senhores."

Após novos apartes de outros deputados, prossegue:

"A nossa constituição é um grande maquinismo liberal, e um mecanismo servido de todos os órgãos de locomoção e de progresso, é um organismo vivo que caminha, e adapta-se às funções diversas que em cada época tem necessariamente que produzir."

Joaquim Nabuco, membro do Partido Liberal, conclui:

"Senhores, era o partido conservador que devia tomar as dores pela constituição e desejar que ela fosse o monumento de uma língua morta, uma espécie de Talmude, cujos artigos pudessem ser opostos uns aos outros pelos interpretes oficiais."

Morte

Joaquim Nabuco faleceu em Washington, como embaixador, após um longo período de doença.

Fonte: Wikipédia

Sérgio Vieira de Mello

SÉRGIO VIEIRA DE MELLO
(55 anos)
Diplomata

* Rio de Janeiro, RJ (15/03/1948)
+ Bagdá, Iraque (19/08/2003)

Foi um diplomata brasileiro, funcionário da Organização das Nações Unidas por 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002.

Biografia

Filho do embaixador Arnaldo Vieira de Mello, posteriormente aposentado compulsoriamente pelo Regime Militar em 1969, e de Gilda dos Santos.

Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu pai em várias missões pelo mundo. Depois de cursar o colegial no Colégio Franco-Brasileiro do Rio de Janeiro, estudou na Universidade de Paris-Sorbonne onde obteve a sua licenciatura e o mestrado para o ensino em Filosofia, em 1969 e 1970, respectivamente. Durante os quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello, prosseguiu os seus estudos de Filosofia na Universidade de Paris (Panthéon-Sorbonne), ao fim dos quais obteve um Doutoramento do Terceiro Ciclo e, em 1985 o Doutorado de Estado em Letras e Ciências Humanas, sustentando a tese Civitas Maxima.

Era funcionário da ONU desde 1969 - mesmo ano em que seu pai deixara a diplomacia. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência em 1971. No Sudão e em Chipre, após a invasão turca de 1974. Por três anos foi responsável pelas operações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados em Moçambique, durante a guerra civil que se seguiu à independência do país, em 1975, e depois, no Peru.

Em 1981 foi nomeado Conselheiro Político Sênior das forças da ONU no Líbano. Em 1982, ao lado das Forças de Paz, a invasão do país por Israel, em desacordo com resoluções da ONU, foi uma amarga decepção.

Depois disso, desempenhou diversas funções importantes, no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, de 1983 a 1991. Foi chefe do Departamento Regional Para Ásia e Oceania e diretor da Divisão de Relações Externas.

Entre 1991 e 1996, foi enviado especial do Alto Comissário ao Camboja, como diretor do repatriamento da Autoridade da ONU de Transição no Camboja (U.N. Transitional Authority in Cambodia, UNTAC), tendo sido o primeiro e único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho.

Foi diretor da United Nations Protection Force (UNPROFOR), a primeira Força de Paz na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, durante as Guerras da Iugoslávia. Foi também coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos.

Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, antes de ser enviado para Nova York, em janeiro de 1998, como Secretário-Geral-Adjunto Para Assuntos Humanitários das Nações Unidas.

Para muitos, o diplomata brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.

O Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema".

Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Como negociador atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste, entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésiose. E por fim, no Iraque, onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um caminhão-bomba. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdá há mais de uma década.

Além dos 22 mortos, cerca de 150 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil da ONU até então. Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda, o ataque provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da organização do território iraquiano.

Segundo o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, momentos depois da explosão, Vieira de Mello telefonou para a ONU de seu celular, falando sobre a situação. Ele permaneceu preso sob os escombros durante mais de três horas. Entretanto, segundo Samantha Power, que entrevistou mais de 400 pessoas (diversas das quais presentes no local da explosão) para escrever o livro O Homem Que Queria Salvar o Mundo, Vieira de Mello comunicou-se apenas com a equipe de resgate e com Carolina Larriera, sua companheira, através de um buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha Power, os contatos telefônicos com a sede da ONU em Nova York partiram de Ramiro Lopes da Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário responsável pela segurança. O chefe da administração civil dos Estados Unidos no Iraque, Paul Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello teria sido o alvo do atentado. "Tudo aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de Mello. Eu acho que ele era o alvo", disse Lone à rede BBC.

Vieira de Mello era considerado por muitos como o virtual sucessor de Kofi Annan na Secretaria-Geral das Nações Unidas. Apesar de frequentemente confrontar-se com a impotência da ONU diante de tragédias humanas, sua biografia prova que ainda existe algo a ser defendido na organização.

Desempenhou temporariamente as funções de representante especial do Secretário Geral Kofi Annan no Kosovo, onde foi substituído por Bernard Kouchner. De novembro de 1999 a maio de 2002, exerceu o cargo de administrador de transição da ONU em Timor-Leste. Em 12 de setembro de 2002, foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em maio de 2003 fora indicado pelo Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, como seu representante especial, durante quatro meses no Iraque.

Sérgio Vieira de Mello foi enterrado no Cemitério de Plainpalais (Cimetière des Rois), em Genebra. Alguns meses após o atentado, a ONU realizou uma homenagem póstuma, entregando o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que foi um dos mais importantes diplomatas do Brasil e da entidade.

Com sua esposa francesa, Annie, de quem estava separado, Vieira de Mello teve dois filhos: Laurent (1978) e e Adrien (1980), ambos atuando na área científica.

Legado

Vieira de Mello obteve êxito e visibilidade no cenário internacional por sua atividade profissional. Até a sua trágica morte, esteve dedicado a apoiar a reconstrução de comunidades afetadas por guerras e violências extremas. O caráter humanista da formação de Mello, associado ao seu talento para a negociação e a defesa da democracia, mesmo em situações adversas, foram fatores-chave do sucesso de muitas de suas iniciativas. Seu exemplar desempenho em defesa dos direitos e dos valores humanos inspira a perpetuação de sua memória e o permanente debate do seu pensamento.

Em Memória

Com Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão das Nações Unidas, morreram no mesmo atentado:

  • Nadia Younes, egípcia, chefe da equipe de Vieira de Mello. 
  • Renam Al-Farra, jordaniano, trabalhava para o gabinete de coordenação humanitária das Nações Unidas.
  • Ranillo Buenaventura, filipino, trabalhava para o gabinete de coordenação humanitária das Nações Unidas.
  • Arthur Helton, advogado de imigração, estadunidense, e integrante da organização não-governamental Council On Foreign Relations, sediada em Nova York, que visitava Vieira de Mello no momento da explosão.
  • Rick Hooper, estadunidense, trabalhava no Departamento de Assuntos Políticos. Atuou pelas Nações Unidas em Gaza.
  • Jean-Sélim Kanaan, de nacionalidade francesa, italiana e egípcia, funcionário do gabinete de Vieira de Mello.
  • Chris Klein-Beckman, canadense, trabalhava como coordenador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
  • Alya Souza, iraquiana, trabalhava para o Banco Mundial.
  • Martha Teas, estadunidense, gerente de projeto para o centro de informação humanitária do Iraque.
  • Fiona Watson, britânica, funcionária do gabinete de Vieira de Mello, no programa de petróleo por alimento.
  • Omar Kahtan Mohamed al-Orfali, iraquiano que trabalhava como motorista para uma organização não governamental que não foi identificada.
  • Raid Shaker Mustafa al Mahdawi, eletricista iraquiano, que trabalhava para a unidade de inspeção de armas, UNMOVIC.
  • Leen Assad al Qadi, funcionário iraquiano do gabinete de coordenação humanitária.
  • Alyawi Bassem, iraquiano, também conhecido como Mahmoud u Taiwi Basim.
  • Gillian Clark, de Toronto, canadense, ajudante do projeto Fundo das Crianças Cristãs.
  • Reza Hosseini, de Mashhad, norte do Irã. Iraniano, funcionário do gabinete da ONU de Coordenação Humanitária no Iraque.
  • Manuel Martin Ora, capitão naval espanhol, que atuava como ligação das forças ocupantes com a ONU.
  • Khidir Saleem Sahir, iraquiano, identificado apenas como funcionário da ONU.
  • Emaad Ahmed Salman, funcionário iraquiano, do gabinete de Vieira de Mello.
  • Ihsan Taha Husein, funcionário iraquiano, do gabinete da ONU.

Dia Mundial Humanitário

Em sessão plenária de 11 de dezembro de 2008, a Assembléia Geral das Nações Unidas resolveu designar o 19 de agosto, dia do ataque à sede da ONU em Bagdá, como Dia Mundial Humanitário, em memória de todos os trabalhadores que perderam suas vidas na promoção da causa humanitária.

Fundação Sérgio Vieira de Mello

Dédicada à promoção do diálogo visando a resolução pacífica de conflitos, a Fundação Sergio Vieira de Mello tem como objetivo prosseguir a missão de Sérgio através de:

  • Atribuição anual do Prêmio Sergio Vieira de Mello a pessoas, instituições ou comunidades que, por seu trabalho excepcional, propiciam a reconciliação do povos divididos por conflitos.
  • Realização da Conferência Anual em Memória de Sergio, em parceria com o Institut des Hautes Etudes Internationales et du Développement (HEID), por volta do dia 15 de março, data do aniversário de Sérgio.
  • Bolsa Sérgio Vieira de Mello atribuída a jovens cujas famílias foram vítimas de crise humanitária decorrente de conflito armado.
  • Apoio a iniciativas e esforços em favor da reconciliação e da coexistência pacífica entre pessoas ou comunidades em conflito.
  • Um manifesto em favor dos trabalhadores humanitários, qualquer que seja seu empregador ou local de atuação.

Fonte: Wikipédia

Saraiva Guerreiro

RAMIRO ELÍSIO SARAIVA GUERREIRO
(92 anos)
Diplomata

☼ Salvador, BA (02/12/1918)
┼ Rio de Janeiro, RJ (19/01/2011)

Foi um diplomata brasileiro e Ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 1979 e 1985, durante o governo João Figueiredo.

Formado em direito pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1939, fez em seguida o curso de Prática Consular e História da Cartografia Política do Brasil do Instituto Rio Branco.

Em 1946, serviu na missão brasileira junto à Organização das Nações Unidas (ONU) em New York, como terceiro-secretário. Entre 1950 e 1952 serviu na Bolívia.

Em 1953 transferiu-se para Madrid, onde permaneceu, como segundo secretário, até 1956, quando foi transferido para a embaixada do Brasil em Washington, onde permaneceu até 1960.

Em 1968 chefiou a delegação do Brasil à III Sessão do Comitê das Nações Unidas sobre o Fundo do Mar.

Em abril de 1974, pouco depois de o general Ernesto Geisel ser empossado na Presidência da República, assumiu a Secretaria-Geral das Relações Exteriores, em substituição ao embaixador Jorge Carvalho e Silva, subordinado ao chanceler Azeredo da Silveira. Permaneceu no cargo até março de 1978, quando foi designado para ocupar a embaixada do Brasil na França, em substituição ao ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.

Foi empossado como Chanceler em março de 1979, juntamente com o presidente João Batista Figueiredo e o restante do ministério.

Deixou o Ministério das Relações Exteriores em 15/03/1985, no fim do governo João Batista Figueiredo, tendo sido substituído por Olavo Setúbal. No início de abril, assumiu a embaixada brasileira em Roma, permanecendo na Itália até janeiro de 1987.

Durante os anos 1970 e 1980, Saraiva Guerreiro foi um dos defensores do chamado pragmatismo responsável nas relações exteriores, priorizando as relações sul-sul.

Em 1980, fez também uma histórica viagem de contatos à África, incluindo Tanzânia, Zâmbia, Zimbábue, Angola e Moçambique, que recentemente se haviam libertado do domínio colonial.


Um dos momentos mais importantes da política terceiromundista do Itamaraty foi o pronunciamento do presidente João Batista Figueiredo na abertura da 37ª Assembléia Geral da ONU em setembro de 1982, quando o presidente leu um discurso preparado por Saraiva Guerreiro, questionando a ordem econômica mundial e preconizando o fim das barreiras comerciais impostas pelos países industrializados, a redução dos juros internacionais e a necessidade de novos investimentos nos países em desenvolvimento. O discurso também defendia a "interdependência solidária entre a América Latina, a África e a Ásia", condenando a interferência estrangeira no Afeganistão e na América Central. Ratificando posições anteriores, o Brasil também reconheceu o direito do povo palestino a um Estado Soberano e da Argentina sobre as Ilhas Malvinas.

Em 1983, Saraiva Guerreiro foi um dos articuladores do Grupo de Cartagena, movimento de países latino-americanos que procurou estabelecer estratégias comuns nas negociações da dívida externa. A posição dos Barbudinhos do Itamaraty, expressão criada pelo ex-embaixador norte-americano, Anthony Motley (1981-1983), para designar a ala progressista da diplomacia brasileira, contrariava a equipe econômica do governo, chefiada pelo então ministro do Planejamento, Delfim Netto (1979-1985).

No final de sua carreira, já no governo José Sarney (1985-1990), foi nomeado embaixador extraordinário para assuntos da dívida externa - quando o Brasil já havia declarado unilateralmente a moratória, em fevereiro de 1987 - e defendeu a adequação do país às normas do Fundo Monetário Internacional (FMI) - posição que acabou prevalecendo. A moratória acabou em setembro de 1988.

Saraiva Guerreiro retirou-se da vida pública em 1992, ano em que lançou o livro "Lembranças de Um Empregado do Itamaraty".

Era casado com Maria da Glória Vallim Guerreiro e tinha dois filhos, Rosa Maria e Antônio José Vallim Guerreiro, que também é diplomata.

A presidente Dilma Rousseff recebeu com pesar a notícia da morte do embaixador Ramiro Elysio Saraiva Guerreiro, a quem considerava um exemplar defensor da democracia multilateral, das relações com os países do sul e dos fundamentos da política externa independente do Brasil. Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte do ex-chanceler:

"Nas funções de Secretário-Geral do Itamaraty, de Ministro das Relações Exteriores e de negociador da dívida externa brasileira, o embaixador Guerreiro foi exemplar defensor da diplomacia multilateral, das relações com os países do sul e dos fundamentos da política externa independente do Brasil."

Souza Dantas

LUIZ MARTINS DE SOUZA DANTAS
(78 anos)
Diplomata

* Rio de Janeiro, RJ (17/02/1876)
+ Paris, França (16/04/1954)

A História do Brasil registra feitos de muitos heróis. Heróis de guerras, heróis que morreram em defesa da liberdade do nosso país. Contudo, ainda hoje, existem outros tantos heróis desconhecidos que nos merecem todas as honrarias.

É possível que poucos ou nenhum de nós tenha ouvido falar a respeito de Luiz Martins de Souza Dantas. Seu nome, em verdade, não figura em nenhum livro-texto de História do Brasil.

Sob ofício de missão diplomática brasileira, na França, concedeu vistos para o Brasil a vários judeus e outras minorias perseguidos pelos Nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, contrariando a política do governo Vargas. O resgate de sua história deve-se ao professor Fábio Koifman em seu livro "Quixote nas Trevas".

Biografia

Após concluir os estudos de Direito aos 21 anos, ingressou no Ministério das Relações Exteriores já no período republicano. Galgou todos os postos da carreira diplomática e serviu em diversas capitais do mundo.

Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi nomeado ministro interino das Relações Exteriores e durante alguns meses respondeu pelo Itamaraty. Chegou ao posto de embaixador em 1919, quando passou a chefiar a representação brasileira em Roma.

Em fins de 1922, Souza Dantas foi nomeado embaixador do Brasil na França, cargo em que permaneceria até 1944. Entre 1924 e 1926, durante alguns períodos, foi também o representante do governo brasileiro na Liga das Nações – órgão que reunia representantes de vários países com o intuito de zelar pela paz mundial baseada na negociação e no entendimento cordial entre as nações. Em 1931, já era o decano do corpo diplomático em Paris, ou seja, o embaixador há mais tempo em atividade na capital francesa.

Resgate

Em 1940, com a iminência da invasão alemã no Norte da França, o governo francês se retirou para o Sul, instalando um governo colaboracionista na cidade de Vichy. Naturalmente, o corpo diplomático estrangeiro o acompanhou. Registros dessa época mostram que Souza Dantas já vinha intercedendo em favor de refugiados do nazismo desde a sua saída de Paris. É possível comprovar o envolvimento pessoal e direto do embaixador, que começou a emitir os primeiros vistos diplomáticos "irregulares" de próprio punho. A maioria desses documentos foi concedida em Vichy e beneficiava não apenas judeus, mas também homossexuais, comunistas e qualquer pessoa ameaçada pelo nazismo.

No entanto, de acordo com a legislação vigente na época, era raro um embaixador conceder pessoalmente um visto, e isto só costumava ser feito em casos excepcionais. Para um "indesejável" receber um visto - mesmo o que se encaixava nas poucas exceções preestabelecidas –, era necessário apresentar uma série de documentos, como atestados negativos de antecedentes criminais, de "não ser de conduta nociva à ordem pública", de saúde e prova de profissão lícita, entre outros. Era muito difícil conseguir estas declarações, principalmente para os refugiados que se encontravam longe de seus países de origem. A autoridade consular brasileira que emitia o visto, por sua vez, tinha a obrigação de informar a "origem étnica" do estrangeiro.

Uma grande quantidade de pessoas que requeriam vistos era apátrida, portadoras de Passaportes Nansen – fornecidos pela Liga das Nações para indivíduos expatriados por causa de problemas políticos. Outras não possuíam qualquer tipo de documento para viajar. Algumas provinham de países que se encontravam tecnicamente extintos naquele momento devido aos conflitos ou cujos governos não os reconheciam mais como cidadãos. A exigência de uma série de documentos e certidões dos imigrantes tinha, na realidade, a função de impedir a entrada de refugiados no Brasil.

No dia em que Souza Dantas deixou Paris rumo a Vichy, já no caminho, ao passar por cidades como Perpignan e Bordeux, começou a assinar passaportes e documentos de viagem de estrangeiros, a maioria refugiados. Não eram pessoas "especiais" ou "importantes", mas gente comum. Ele não seguiu nenhuma regra do governo brasileiro, não exigiu taxas, transferências bancárias, declarações ou atestados, e tampouco perguntou ou informou a alguém a origem étnica dos pretendentes.

Cerca de 500 vistos diplomáticos foram emitidos entre meados de junho de 1940 e 12 de dezembro do mesmo ano – data em que Souza Dantas foi proibido formalmente de conceder qualquer tipo de visto. Entretanto, de acordo com depoimentos, muitos refugiados estiveram com o embaixador nos primeiros meses de 1941 e receberam vistos com datas anteriores a 12 de dezembro de 1940. Ou seja, ele ainda concedeu alguns vistos, mesmo depois de ter sido repreendido e proibido.

Por causa da presença de soldados brasileiros na guerra, das notícias da resistência de Souza Dantas à invasão da embaixada em Vichy e de seu longo internamento na Alemanha, os jornais brasileiros passaram a tratá-lo como herói. Mas a transformação do diplomata processado pelo governo em herói não agradou ao ditador Vargas.

Rapidamente, as notícias de homenagens a Souza Dantas sumiram da mídia, então controlada rigidamente pelo Estado. Enquanto durou o Estado Novo, Getúlio tratou de manter o diplomata fora de evidência no Brasil. Com a queda da ditadura em 1945, o velho embaixador saiu do ostracismo graças à influência política de antigos companheiros do Itamaraty.

Já aposentado, Souza Dantas foi convidado pelo Ministério das Relações Exteriores para chefiar a delegação brasileira na Primeira Assembléia Geral das Nações Unidas, em Londres, entre 10 de janeiro e 14 de fevereiro de 1946. O embaixador foi o primeiro brasileiro a discursar neste órgão precursor da ONU.

Souza Dantas passou seus últimos anos de vida em Paris, morreu pobre e abandonado, em um humilde quarto de hotel, em Paris no ano de 1954, no mesmo ano da morte de Getúlio Vargas

No ano de 2003, seu nome foi inscrito no Museu do Holocausto, em Jerusalém, como Justo Entre as Nações, por seu empenho pessoal na emissão de centenas de vistos, durante os anos mais duros da repressão nazista na Europa.

O homem que pôs em risco sua carreira e sua vida, que desafiou nazistas na Europa e políticos no Brasil, recebeu a medalha póstuma, por seus méritos.

Ele merece brilhar na galeria universal dos heróis do século vinte.

Graça Aranha

JOSÉ PEREIRA DA GRAÇA ARANHA
(62 anos)
Escritor, Juiz, Diplomata e Membro da Academia Brasileira de Letras

* São Luís, MA (21/06/1868)
+ Rio de Janeiro, RJ (26/01/1931)

Foi considerado um autor pré-modernista no Brasil, sendo um dos organizadores da Semana de Arte Moderna de 1922.

Devido aos cargos que ocupou na diplomacia brasileira em países europeus, ele esteve a par dos movimentos vanguardistas que surgiam na Europa, tendo tentado introduzi-los, à sua maneira, na literatura brasileira, rompendo com a Academia Brasileira de Letras por isso em 1924.

Nascido em uma família abastada do Maranhão, Graça Aranha graduou-se em em Direito pela Faculdade do Recife e exerceu cargos na magistratura e na carreira diplomática.

Assumiu o cargo de juiz de Direito no Rio de Janeiro, ocupando depois a mesma função em Porto do Cachoeiro (hoje Santa Leopoldina), no Espírito Santo. Nesse município ele buscou elementos necessários para criar sua obra mais importante, "Canaã". Esta é um marco do chamado pré-modernismo, publicada em 1902, junto com a obra "Os Sertões", de Euclides da Cunha.

Graça Aranha apresentou uma visão filosófica e artística assimilada de fontes muito diferentes e às vezes contraditórias.

Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, sendo um dos seus organizadores, quando pronunciou o texto "A Emoção Estética na Arte Moderna", defendendo uma arte, uma poesia e uma música novas, com algo do "Espírito Novo" apregoado por Apollinaire. Rompe com a Academia Brasileira de Letras em 1924, a qual acusou de passadista e dotada de total imobilismo literário. Ele chegou a declarar "Se a Academia se desvia desse movimento regenerador, se a Academia não se renova, morra a Academia!".

Obras

1902 - Canaã
1911 - Malazarte
1921 - A Estética da Vida
1925 - Espírito Moderno
1926 - Futurismo (Manifesto de Marinetti e seus companheiros)
1929 - A Viagem Maravilhosa
1935 - O Manifesto dos Mundos Sociais

O escritor, jurista e diplomata Graça Aranha faleceu na noite do dia 26 de janeiro, vítima de um Edema Pulmonar, no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia

Ruy Barbosa

RUY BARBOSA DE OLIVEIRA
(73 anos)
Jurista, Político, Jornalista, Advogado, Diplomata, Escritor, Filólogo, Tradutor e Orador

* Salvador, BA (05/11/1849)
+ Petrópolis, RJ (01/03/1923)

Um dos intelectuais mais brilhantes do seu tempo, participou da Campanha Abolicionista. Foi também um dos organizadores da República e coautor da constituição da Primeira República juntamente com Prudente de Moraes. Ruy Barbosa atuou na defesa da Federação e na promoção dos direitos e garantias individuais. Primeiro Ministro da Fazenda do novo regime, marcou sua breve e discutida gestão pelas reformas modernizadoras da economia. Destacou-se, também, como jornalista e advogado.

Foi deputado, senador, ministro. Em duas ocasiões, foi candidato à Presidência da República. Empreendeu a Campanha Civilista contra o candidato militar Hermes da Fonseca. Notável orador e estudioso da língua portuguesa, foi nomeado presidente da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Machado de Assis.

Como delegado do Brasil na II Conferência da Paz, em Haia (1907), notabilizou-se pela defesa do princípio da igualdade dos Estados. Teve papel decisivo na entrada do Brasil na I Guerra Mundial. Já no final de sua vida, foi indicado para ser juiz da Corte Internacional de Haia, um cargo de enorme prestígio, que recusou.

Ruy Barbosa, filho de João José Barbosa de Oliveira e de Maria Adélia Barbosa de Oliveira, nasceu em 1849, na rua dos Capitães, hoje rua Ruy Barbosa, freguesia da Sé, na cidade do Salvador, na então Província da Bahia. Aos cinco anos, fez seu professor Antônio Gentil Ibirapitanga exclamar: "Este menino de cinco anos de idade é o maior talento que eu já vi. Em quinze dias aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares."

Em 1861, aos onze anos, quando estudava no Ginásio Baiano de Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, fez o mestre declarar a seu pai, João Barbosa: "Seu filho nada mais tem a aprender comigo". Ali, como disse mais tarde, viveu a maior emoção de toda a sua vida, quando recebeu uma medalha de ouro do Arcebispo da Bahia.

Em 1864, concluído o curso ginasial, mas sem idade para entrar na Universidade, passou o ano estudando alemão. No ano seguinte ingressou na Faculdade de Direito de Olinda.

Em 1867, adoeceu de "Incômodo Cerebral". Em 1868 abrigou em sua casa por alguns dias, Castro Alves, seu antigo colega no Ginásio Baiano, em razão do rompimento dele com Eugênia Câmara. Proferiu o famoso discurso saudando José Bonifácio, o Moço.

Em 1870, graduou-se como bacharel pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e retornou à Bahia, acometido, novamente, de "Incômodo Cerebral". Em 1871 começou a advogar e estreou no júri, tendo registrado: "Minha estreia na tribuna forense foi, aqui, na Bahia, a desafronta na honra de uma inocente filha do povo contra a lascívia opulenta de um mandão."

Em 1872, iniciou-se no jornalismo, no Diário da Bahia, e viveu a sua primeira crise amorosa. Brasília era o nome da senhorinha e morava no bairro de Itapagipe. Em 1873 assumiu a direção do Diário da Bahia e fez conferência no Teatro São João sobre "eleição direta". O pai confessa, numa carta, que "poucos o igualam", que ele "foi aplaudido de um modo que me comoveu", e ainda "dizem-me que é superior a José Bonifácio e sustentam que certamente hoje não se fala melhor do que ele."

Em 1876, casou-se com a baiana Maria Augusta Viana Bandeira. Em 1877, foi eleito deputado à Assembleia da Bahia. No ano seguinte foi eleito deputado à Assembleia da Corte. Em 1881 promoveu a Reforma Geral do Ensino.

Em 1885, no auge da campanha abolicionista, José do Patrocínio escreveu: "Deus acendeu um vulcão na cabeça de Ruy Barbosa". Duas semanas antes da abolição, em 30 de abril de 1888, Barbosa vaticinou: "A grande transformação aproxima-se de seu termo". A 7 de março de 1889 Joaquim Nabuco afirma: "Evaristo, na imprensa, fez a Regência e Ruy fará a República".

Em 9 de junho de 1889 recusou o convite para integrar o Gabinete Ouro Preto. "Não posso ser membro de um Ministério que não tome por primeira reforma a Federação". Em novembro daquele mesmo ano Benjamin_Constant escreveu a Ruy: "Seu artigo de hoje, Plano contra a Pátria, fez a República e me convenceu da necessidade imediata da revolução". Dias depois, em 15 de novembro de 1889, Barbosa redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado Ministro da Fazenda, no governo de Deodoro da Fonseca.

Em 1890 D. Pedro II diz: "Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia, no fundo da nave, é o talento de Ruy Barbosa". Ainda neste ano, lança os decretos de reforma bancária, no qual foi criticado por Ramiro Barcelos, que, anos depois, se penitenciou: "A desgraça da República foi nós, os históricos, não termos compreendido logo a grandeza de Ruy". Elabora-se o projeto de Constituição em sua casa.

Em 14 de dezembro do mesmo ano, Ruy Barbosa, então Ministro da Fazenda, mandou queimar os Livros de Matrículas de escravos existentes nos cartórios das comarcas e registros de posse e movimentação patrimonial envolvendo todos os Escravos, o que foi feito ao longo de sua gestão e de seu sucessor. A razão alegada para o gesto teria sido apagar "a mancha" da escravidão do passado nacional. Mas especialistas afirmam que Ruy Barbosa quis, com a medida, inviabilizar o cálculo de eventuais indenizações que vinham sendo pleiteadas pelos antigos proprietários de escravos. Apenas 11 dias depois da Abolição da Escravatura, um projeto de lei foi encaminhado à Câmara, propondo ressarcir senhores dos prejuízos gerados com a medida.

Em 1891 é nomeado Primeiro Vice-Chefe do Governo Provisório. Em 1892 abandona a bancada do Senado, depois de feita a justificativa em discurso. Dias mais tarde lança um manifesto à nação no qual diz a famosa frase: "Com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República". Em 23 de abril do mesmo ano sobe as escadarias do Supremo Tribunal Federal, sob ameaça de morte, para defender, como patrono voluntário, o habeas corpus dos desterrados de Cucui.

Em 7 de fevereiro de 1893 volta à Bahia para um encontro consagratório com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra: "Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia". Em setembro do mesmo ano, a Revolta. Refugia-se na Legação do Chile. Sob ameaça de morte, exila-se em Buenos Aires.

Em 1 de março de 1894, é candidato a presidente, obtendo o quarto lugar.

Ainda em exílio, no ano seguinte Ruy viaja a Londres, de onde escreve as Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte produz textos a serviço dos insurrectos de 1893. Escreve na imprensa: "E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, a imprensa for livre…"

Em 1897 recusa convite para ser Ministro Plenipotenciário do Brasil na questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, então vice-presidente do governo de Prudente de Moraes. Critica a intervenção militar em Canudos. Torna-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, e recebe de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro Minha Formação: "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país".

Em 3 de abril de 1902 publica parecer crítico ao projeto do Código Civil. Ao final do ano, em 31 de dezembro, lança réplica às observações feitas pelo filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, seu antigo mestre na Bahia. A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa.

Três anos depois, em 1905, chegou a se candidatar a presidente, porém retirou sua candidatura para apoiar a de Afonso Pena.

Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia, sendo sua consagração mundial. Sobre isso, escreveu o jornalista William Thomas Stead: "As duas maiores forças pessoais da Conferência foram o Barão Marschall da Alemanha, e o Dr. Barbosa, do Brasil… Todavia ao acabar da conferência, Dr. Barbosa pesava mais do que o Barão de Marschall".

Em 21 de outubro de 1908 discursa, em francês, na Academia Brasileira de Letras, em recepção a Anatole France. A partir do ano seguinte, e até 1910, inicia a Campanha civilista. Já em 1911 retorna ao Diário de Notícias. Nesse período, ao responder à carta de um correligionário civilista, em outubro de 1911, escreve uma das mais importantes obras sobre Deontologia Jurídica: O Dever do Advogado.

Para a eleição de 1 de março de 1910, integra com o presidente de São Paulo, Dr. Albuquerque Lins, a chapa dos candidatos da soberania popular, na Campanha Civilista, sendo Ruy candidato a presidente da república, e Albuquerque Lins a vice-presidente. O país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram o candidato Ruy Barbosa, e os demais estados apoiaram a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice. Hermes e Venceslau Brás venceram. Hermes teve 403.867 votos contra 222.822 votos dados a Ruy Barbosa.

Durante a Guerra do Contestado (1912 -1916), Ruy Barbosa defendeu os interesses do Paraná. Nessa época, também era advogado e possivelmente lobista da Southern Brazil Lumber & Colonization Co. Inc., grande empresa madeireira e colonizadora de terras no sul do país que integrava o grupo empresarial de Percival Farquhar.

Em junho de 1913 inicia sua terceira candidatura à Presidência pela Convenção Nacional, no Teatro Politeama do Rio de Janeiro - "a maior solenidade popular registrada, até hoje, na história brasileira". Na iminência de perder para Venceslau Brás, lança em dezembro o "Manifesto à Nação", renunciando à candidatura. Ruy obteve, em 1º de março de 1914, 47.000 votos, tendo sido derrotado por Venceslau Brás.

Três anos depois, a 9 de julho de 1917, participa do Centenário de Tucuman. Ao receber o título de professor honoris causa da Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de julho, protesta - a propósito da Guerra Mundial em curso na Europa - contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito. Em seu discurso intitulado o "Dever dos Neutros", Rui defende o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade, apoiando firmemente a causa dos aliados. Segundo ele, a invasão da Bélgica pelos alemães, no final de 1915, representava o revés das conquistas alcançadas na Conferência da Paz em Haia. O discurso teve repercussão internacional, e suas teses provocariam mudanças drásticas na política externa do Brasil - até então neutro na Guerra Mundial. Durante todo o ano de 1917, Rui participaria de comícios e manifestações contra a agressão aos navios da marinha mercante brasileira.

Finalmente, convocado pelo presidente da República, Venceslau Brás, participaria da reunião em que foi revogado o decreto de neutralidade do Brasil no conflito, em 10 de junho de 1917. Victorino de la Plaza, presidente da Argentina, após o banquete que lhe ofereceu Ruy, falou: "Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil."

Em 1917 colabora no projeto da Tradução Brasileira.

Ocorre em 1918 o Jubileu Cívico. Paul Claudel, ministro da França, entrega-lhe as insígnias de Grande Oficial da Legião de Honra.

Em 13 de abril de 1919 concorre pela quarta e última vez à Presidência, e, como anteriormente, contra a sua vontade. Perde as eleições para Epitácio Pessoa. Promove conferências pelo sertão da Bahia. Ainda em 1919, dada a intervenção de Epitácio Pessoa na Bahia, reitera a recusa, feita um ano antes, de representar o Brasil na Liga das Nações, durante a Conferência de Versalhes - que estipulou os termos da paz entre vitoriosos e derrotados na Primeira Guerra.

Em 1921, com o "coração enjoado da política", renuncia à cadeira de senador. Jubileu político ao lado dos moços doutorandos de São Paulo.

A Bahia, que ele chamou de "mãe idolatrada", reelege-o senador novamente, e ele diz: "É um ato de obediência, em que abdico da minha liberdade, para me submeter às exigências do meu Estado natal".
Recusa o cargo de Juiz Permanente na Corte de Haia (ocupado posteriormente por Epitácio Pessoa).
Ainda no mesmo ano, recusa projeto do senador Félix Pacheco para que fosse concedido a Ruy um prêmio nacional em dinheiro, dizendo: "A consciência me atesta não estar eu na altura de galardão tão excepcional".

Em julho de 1922 sucumbe a um grave Edema Pulmonar, com iminência de morte. Meses depois, em fevereiro de 1923, sofre Parilisia Bulbar.

Dr. Ruy diz a seu médico: "Doutor, não há mais nada a fazer". Ao 1º de março de 1923 falece em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade.

Fonte: Wikipédia

Vinicius de Moraes

MARCUS VINÍCIUS DE MORAES
(66 anos)
Diplomata, Dramaturgo, Jornalista, Poeta, Cantor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (19/10/1913)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/07/1980)

Poeta essencialmente lírico, o poetinha (como ficou conhecido) notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Marcus Vinicius de Moraes nasceu em 1913 no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, filho de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, funcionário da Prefeitura, poeta e violinista amador, e Lídia Cruz, pianista amadora. Vinícius é o segundo de quatro filhos, Lygia (1911), Laetitia (1916) e Helius (1918). Mudou-se com a família para o bairro de Botafogo em 1916, onde iniciou os seus estudos na Escola Primária Afrânio Peixoto, onde já demonstrava interesse em escrever poesias. Em 1922, a sua mãe adoeceu e a família de Vinicius mudou-se para a Ilha do Governador, ele e sua irmã Lygia permanecendo com o avô, em Botafogo, para terminar o curso primário.

Vinicius de Moraes ingressou em 1924 no Colégio Santo Inácio, de padres jesuítas, onde passou a cantar no coral e começou a montar pequenas peças de teatro. Três anos mais tarde, tornou-se amigo dos irmãos Haroldo e Paulo Tapajós, com quem começou a fazer suas primeiras composições e a se apresentar em festas de amigos.

Em 1929, concluiu o ginásio e no ano seguinte, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, hoje integrada à Universidade Estadual do Rio de janeiro (UERJ). Na chamada "Faculdade do Catete", conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria, que o incentivou na vocação literária. Vinicius de Moraes graduou-se em Ciências Jurídicas e Sociais em 1933.

Três anos depois, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Dois anos mais tarde, Vinicius de Moraes ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal "A Manhã". Tornou-se também colaborador da revista "Clima" e empregou-se no Instituto dos Bancários.

No ano seguinte, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Ministério das Relações Exteriores (MRE). Em 1943, concorreu novamente e desta vez foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático como vice-cônsul em Los Angeles. Com a morte do pai, em 1950, Vinicius de Moraes retornou ao Brasil. Nos anos 1950, Vinicius atuou no campo diplomático em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

No final de 1968 foi afastado da carreira diplomática tendo sido aposentado compulsoriamente pelo Ato Institucional Número Cinco.

O poeta estava em Portugal, a dar uma série de espectáculos, alguns com Chico Buarque e Nara Leão, quando o regime militar emitiu o AI-5. O motivo apontado para o afastamento foi o seu comportamento boêmio que o impedia de cumprir as suas funções. Vinícius foi anistiado (post-mortem) pela Justiça em 1998. Em 2006, foi oficialmente reintegrado na carreira diplomática. A Câmara dos Deputados brasileira aprovou em Fevereiro de 2010 a promoção póstuma do poeta ao cargo de "ministro de primeira classe" do Ministério dos Negócios Estrangeiros - o equivalente a embaixador, que é o cargo mais alto da carreira diplomática. A lei foi publicada no Diário Oficial do dia 22.06.2010 e recebeu o número 12.265.

Vinicius começou a se tornar prestigiado com sua peça de teatro Orfeu da Conceição, em 25 de setembro de 1956.

Além da diplomacia, do teatro e dos livros, sua carreira musical começou a deslanchar em meados da década de 1950 - época em que conheceu Tom Jobim (um de seus grandes parceiros) -, quando diversas de suas composições foram gravadas por inúmeros artistas. Na década seguinte, Vinicius de Moraes viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria. Foram firmadas parcerias com compositores como Baden Powell, Carlos Lyra e Francis Hime.

Nos anos 1970, já consagrado e com um novo parceiro, o violonista Toquinho, Vinicius seguiu lançando álbuns e livros de grande sucesso.

Na noite de 8 de julho de 1980, acertando detalhes com Toquinho sobre as canções do álbum "Arca de Noé", Vinicius alegou cansaço e que precisava tomar um banho. Na madrugada do dia 9 de julho, Vinicius foi acordado pela empregada, que o encontrara na banheira de casa, com dificuldades para respirar. Toquinho, que estava dormindo, acordou e tentou socorrê-lo, seguido por Gilda Mattoso (última esposa do poeta), mas não houve tempo e Vinicius de Moraes morreu pela manhã.

Fonte: Wikipédia



Soneto de Separação