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Celso Vieira

CELSO VIEIRA DE MATOS MELO PEREIRA
(76 anos)
Escritor, Historiador, Biógrafo e Ensaísta

☼ Recife, PE (12/01/1878)
┼ (19/12/1954)

Celso Vieira de Matos Melo Pereira, mais conhecido como Celso Vieira, foi um historiador, escritor, biógrafo e ensaísta brasileiro. Nasceu na cidade do Recife, PE, em 12/01/1878 e era filho de Rafael Francisco Pereira e de Marcionila Vieira de Melo Pereira.

Mudou-se para Belém, PA, onde ali estudou no Colégio Paes Leme, iniciando o curso de direito, que concluiu no Rio de Janeiro, em 1899. Já formado, voltou ao Recife, participando no ano de 1901 da fundação da Academia Pernambucana de Letras, ali assentando na Cadeira 20. Foi, ainda, presidente desta entidade.

Retornou, mais tarde, para o Rio de Janeiro, onde ocupou alguns cargos públicos, como o de auxiliar do Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, a secretaria do Tribunal de Justiça deste estado e ainda a direção do Gabinete do Ministro da Justiça, dentre outros.

Academia Brasileira de Letras

Terceiro ocupante da cadeira que tem por patrono Tobias Barreto, sucedendo a Santos Dumont que, havendo cometido suicídio, não chegou a tomar posse. Foi eleito a 20/07/1933, sendo empossado em 05/05/1934, recebido por Aloysio de Castro. No Silogeu ocupou a secretaria e a presidência, esta última em 1940. Foi o imortal encarregado de recepcionar o acadêmico  Vítor Viana, em 30/08/1935.

Celso Vieira foi sucedido na Academia Brasileira de Letras, pelo médico e professor Maurício de Medeiros.

Celso Vieira faleceu em 19/12/1954.

Excertos

"No oratório-berço donde veio Rui - berço e altar de Vera Cruz - era ainda criança e colegial, quando a voz de um poeta anunciou que ele seria um tribuno-gigante. Com efeito, à velha tribuna religiosa de Antônio Vieira, prodígio do século XVII e enlevo do templo católico, erigida no solo baiano, sucedeu a tribuna jurídica, freqüentada pela nova eloqüência e pelo novo sacerdócio, em que se multiplicaram as suas orações, flamejantes cóleras ou esplendentes milagres do Verbo nas alturas."
(Homenagem a Ruy Barbosa)

"Senhores Acadêmicos. Quando fui recebido nesta casa, em 1935, por Aloysio de Castro, sentenciou esse amável confrade, resumindo-me o longo tirocínio administrativo, que o secretariado era a minha vocação e o meu fadário. Houve sorrisos discretos no auditório ilustre. Daí por diante, confirmando o vaticínio ao colega, que exultava à hora das eleições, infalivelmente, a Academia elegeu-me 2o secretário, 1o secretário e secretário geral, posto já ofuscante, no qual supunha eu ter vencido o ápice do meu destino (...)"
(Do Discurso Inaugural da Sessão de 28/12/1939)

Publicações

Autor pouco conhecido, tanto da crítica quanto do público, Celso Vieira publicou os seguintes trabalhos, a maioria no campo biográfico:

  • 1919 - Endymião
  • 1919 - O Semeador
  • 1920 - Defesa Social
  • 1923 - Varnhagen
  • 1929 - Anchieta
  • 1932 - Para as Lindas Mãos
  • 1936 - Aspectos do Brasil
  • 1939 - Tobias Barreto
  • 1941 - Estudos e Orações (Ensaios)
  • 1945 - Manuel Bernardes, Clássico e Místico
  • 1946 - Scepticisme et Beauté
  • 1949 - Joaquim Nabuco
  • 1951 - O Gênio e a Graça

Orígenes Lessa

ORÍGENES LESSA
(83 anos)
Jornalista, Contista, Novelista, Romancista e Ensaísta

* Lençóis Paulista, SP (12/07/1903)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/07/1986)

Orígenes Lessa foi um jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta brasileiro, e imortal da Academia Brasileira de Letras.

Filho de Vicente Themudo Lessa, historiador, jornalista e pastor presbiteriano pernambucano, e de Henriqueta Pinheiro Themudo Lessa. Em 1906, foi levado pela família para São Luís do Maranhão, onde cresceu até os nove anos, acompanhando a jornada do pai como missionário. Da experiência de sua infância resultou o romance "Rua do Sol". Em 1912, voltou para São Paulo. Aos 19 anos, ingressou num seminário protestante, do qual saiu dois anos depois.

Em 1924 ele transferiu-se para o Rio de Janeiro. Separado voluntariamente da família, lutou com grandes dificuldades. Para se sustentar, dedicou-se ao magistério. Completou um curso de Educação Física, tornando-se instrutor de ginástica do Instituto de Educação Física da Associação Cristã de Moços. Ingressou no jornalismo, publicando os seus primeiros artigos na seção "Tribuna Social-Operária" de O Imparcial.


Matriculou-se na Escola Dramática do Rio de Janeiro em 1928, dirigida então por Coelho Neto, objetivando o teatro como forma de realizar-se. Saudou Coelho Neto, em nome dos colegas, quando o romancista foi aclamado "Príncipe dos Escritores Brasileiros". Ainda em 1928, voltou para São Paulo, onde ingressou como tradutor no Departamento de Propaganda da General Motors, ali permanecendo até 1931.

Em 1929, começou a escrever no Diário da Noite de São Paulo e publicou a primeira coleção de contos, "O Escritor Proibido", calorosamente recebida por Medeiros e Albuquerque, João Ribeiro, Menotti del Picchia e Sud Menucci. Seguiram-se a essa coletânea "Garçon, Garçonnette, Garçonnière", menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, e "A Cidade Que O Diabo Esqueceu".

Em 1932 participou ativamente na Revolução Constitucionalista, durante a qual foi preso e removido para o Rio de Janeiro. No presídio de Ilha Grande, escreveu "Não Há De Ser Nada", reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e "Ilha Grande", jornal de um prisioneiro de guerra, dois trabalhos que o projetaram nos meios literários. Nesse mesmo ano ingressou como redator na N. Y. Ayer & Son, atividade que exerceu durante mais de quarenta anos em sucessivas agências de publicidade.

Voltou à atividade literária, publicando a coletânea de contos "Passa-três" e, a seguir, a novela "O Joguete", e o romance "O Feijão E O Sonho", obra que conquistou o Prêmio Antônio de Alcântara Machado e teve um sucesso extraordinário, inclusive na sua adaptação como novela de televisão.

Em 1942 mudou-se para Nova York para trabalhar no Coordinator Of Inter-American Affairs, tendo sido redator na NBC em programas irradiados para o Brasil.

Em 1943, de volta ao Rio de Janeiro, reuniu no volume "Ok, América" as reportagens e entrevistas escritas nos Estados Unidos. Deu continuidade à sua atividade literária, publicando novas coletâneas de contos, novelas e romances.

A partir de 1970 dedicou-se também à literatura infanto-juvenil, chegando a publicar, nessa área, quase 40 títulos, que o tornaram um autor conhecido e amado pelas crianças e jovens brasileiros.

Orígenes Lessa foi casado com a jornalista e cronista Elsie Lessa, sua prima-irmã, com quem teve um filho, o jornalista, cronista e escritor Ivan Lessa. Também foi casado com Edith Thomas, com quem teve outro filho, Rubens Lessa. Na ocasião de sua morte, estava casado com Maria Eduarda LessaOrígenes Lessa foi sepultado em sua cidade natal, Lençóis Paulista, SP.

Orígenes Lessa recebeu inúmeros prêmios literários: Prêmio Antônio de Alcântara Machado (1939), pelo romance "O Feijão E O Sonho", Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1955), pelo romance "Rua Do Sol", Prêmio Fernando Chinaglia (1968), pelo romance "A Noite Sem Homem", Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (1972), pelo romance "O Evangelho De Lázaro".


Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 09/07/1981 para a cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Osvaldo Orico, foi recebido em 20/11/1981 pelo acadêmico Francisco de Assis Barbosa.

Contos, Romances e Reportagens

  • 1929 - O Escritor Proibido (Contos)
  • 1930 - Garçon, Garçonnette, Garçonnière (Contos)
  • 1931 - A Cidade Que O Diabo Esqueceu (Contos)
  • 1932 - Não Há De Ser Nada (Reportagem)
  • 1933 - Ilha Grande (Reportagem)
  • 1935 - Passa-três (Contos)
  • 1938 - O Feijão E O Sonho (Romance)
  • 1945 - Ok, América (Reportagem)
  • 1946 - Omelete Em Bombaim (Contos)
  • 1948 - A Desintegração Da Morte (Novela)
  • 1955 - Rua do Sol (Romance)
  • 1956 - Oásis Na Mata (Reportagem)
  • 1959 - João Simões Continua (Romance)
  • 1960 - Balbino, O Homem Do Mar (Contos)
  • 1963 - Histórias Urbanas (Contos)
  • 1968 - A Noite Sem Homem (Romance)
  • 1968 - Nove Mulheres (Contos)
  • 1972 - Beco Da Fome (Romance)
  • 1972 - O Evangelho De Lázaro (Romance)
  • 1979 - Um Rosto Perdido (Contos)
  • 1984 - Mulher Nua Na Calçada (Contos)
  • 1984 - O Edifício Fantasma (Romance)


Ensaios

  • 1973 - Getúlio Vargas Na Literatura De Cordel
  • 1985 - O Índio Cor-de-Rosa - Evocação de Noel Nutels
  • 1982 - Inácio da Catingueira e Luís Gama, Dois Poetas Negros Contra O Racismo Dos Mestiços
  • 1984 - A Voz Dos Poetas


Literatura Infanto-Juvenil

Apresenta quase 40 títulos, entre os quais destacam-se:

  • 1934 - O Sonho De Prequeté
  • 1971 - Memórias De Um Cabo De Vassoura
  • 1972 - Sequestro Em Parada De Lucas
  • 1972 - Memórias De Um Fusca
  • 1972 - Napoleão Ataca Outra Vez
  • 1972 - A Escada De Nuvens
  • 1972 - Confissões De Um Vira-Lata
  • 1972 - A Floresta Azul
  • 1976 - O Mundo É Assim, Taubaté
  • 1978 - É Conversando Que As Coisas Se Entendem
  • 1983 - Tempo Quente Na Floresta Azul


Fonte: Wikipédia

Décio Pignatari

DÉCIO PIGNATARI
(85 anos)
Poeta, Ensaísta, Ficcionista, Tradutor, Ator, Publicitário e Professor

* Jundiai, SP (20/08/1927)
+ São Paulo, SP (02/12/2012)

Décio Pignatari formou-se pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Estreou como poeta em fevereiro de 1949 nas páginas da Revista de Novíssimos, juntamente com os irmãos Haroldo e Augusto de Campos.

Desde os anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético que fundou junto com Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas Noigandres e Invenção,  publicou a "Teoria da Poesia Concreta" (1965) e com os quais também colaborou na Revista Brasileira de Poesia.

Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio "Informação, Linguagem e Comunicação" (1968). Sua obra poética está reunida em "Poesia Pois é Poesia" (1977).


Décio Pignatari publicou traduções de Dante AlighieriJohann Wolfgang von Goethe e William Shakespeare, entre outros, reunidas em "Retrato do Amor Quando Jovem" (1990) e 231 poemas. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1950 "Carrossel", o volume de contos "O Rosto da Memória" (1988) e o romance "Panteros" (1992), além de uma obra para o teatro, "Céu de Lona".

Durante anos publicou artigos no "Suplemento Dominical" do Jornal do Brasil. Tornou-se professor de Teoria Literária no curso de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e se doutorou em 1973, sob orientação de Antonio Cândido. 

Escreveu "Semiótica e Literatura" e "Poesia, Pois é, Poesia". Também se aventurou como ator, primeiro no filme "O Gigante da América" (1978) e depois no documentário "Poema: Cidade" e em "Sábado", filme de Ugo Giorgetti, realizado em 1995.

Morte

Décio Pignatari morreu vítima de Insuficiência Respiratória no domingo, 02/12/2012, aos 85 anos. Ele estava internado desde sexta-feira, 30/11/2012, no Hospital Universitário de São Paulo, e faleceu por volta das 9:00 hs da manhã, segundo a assessoria do hospital. Ele também sofria de Mal de Alzheimer.

Fonte: Wikipédia

Lêdo Ivo

LÊDO IVO
(88 anos)
Jornalista, Poeta, Romancista, Contista, Cronista e Ensaísta

* Maceió, AL (18/02/1924)
+ Sevilha, Espanha (23/12/2012)

Quinto ocupante da Cadeira nº 10, eleito em 13 de novembro 1986, na sucessão de Orígenes Lessa e recebido em 7 de abril de 1987 pelo acadêmico Dom Marcos Barbosa. Recebeu os acadêmicos Geraldo França de Lima, Nélida Piñon e Sábato Magaldi.

Lêdo Ivo nasceu no dia 18 de fevereiro de 1924, em Maceió, AL, filho de Floriano Ivo e Eurídice Plácido de Araújo Ivo. Casado com Maria Lêda Sarmento de Medeiros Ivo (1923-2004), tem o casal três filhos: Patrícia, Maria da Graça e Gonçalo.

Fez os cursos primário e secundário em sua cidade natal. Em 1940, transferiu-se para o Recife, onde ocorreu sua primeira formação cultural. Em 1941, participou do I Congresso de Poesia do Recife. Em 1943 transferiu-se para o Rio de Janeiro e se  matriculou na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, pela qual se formou. Passou a colaborar em suplementos literários e a trabalhar na imprensa carioca, como jornalista profissional.

Em 1944, estreou na literatura com "As Imaginações", poesia, e no ano seguinte publicou "Ode e Elegia", distinguido com o Prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Nos anos subsequentes  sua obra literária avolumou-se com a publicação de livros de poesia, romance, conto, crônica e ensaio.

Em 1947, seu romance de estréia "As Alianças" mereceu o Prêmio de Romance da Fundação Graça Aranha. Em 1949, pronunciou, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, a conferência "A geração de 1945". Nesse ano, formou-se pela Faculdade Nacional de Direito, mas nunca advogou, preferindo continuar exercendo o jornalismo.


No início de 1953, foi morar em Paris. Visitou vários países da Europa e, em fins de 1954, retornou ao Brasil, reiniciando suas atividades literárias e jornalísticas.

Em 1963, a convite do governo norte-americano, realizou uma viagem de dois meses (novembro e dezembro) pelos Estados Unidos, pronunciando palestras em universidades e conhecendo escritores e artistas.

Ao seu livro de crônicas "A Cidade e os Dias" (1957) foi atribuído o Prêmio Carlos de Laet, da Academia Brasileira de Letras.

Como memorialista, publicou "Confissões de um Poeta" (1979), distinguido com o Prêmio de Memória da Fundação Cultural do Distrito Federal, e "O Aluno Relapso" (1991).

Seu romance "Ninho de Cobras" foi traduzido para o inglês, sob o título "Snakes’ Nest", e em dinamarquês, sob o título "Slangeboet". No México, saíram várias coletâneas de poemas seus, entre as quais "La Imaginaria Ventana Abierta", "Oda al Crepúsculo", "Las Pistas", "Las Islas Inacabadas", "La Tierra Allende", "Mía Patria Húmeda" e "Réquiem".

Em Lima, foi editada uma antologia, "Poemas"; na Espanha saíram "La Moneda Perdida" e "La Aldea de Sal"; nos Estados Unidos, "Landsend", antologia poética; na Holanda, a seleção de poemas "Vleermuizen em blauw Krabben" (Morcegos e Goiamuns).

No Chile, saiu a antologia "Los Murciélagos". Na Venezuela, foi publicada a antologia "El Sol de los Amantes".

Na Itália foram publicados "Illuminazioni" e "Réquiem".


Em 1973, foram conferidos a "Finisterra" o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa (poesia) do PEN Clube do Brasil, o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal e o Prêmio Casimiro de Abreu do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

O seu romance "Ninho de Cobras" conquistou o Prêmio Nacional Walmap de 1973. Em 1974, "Finisterra" recebeu o Prêmio Casimiro de Abreu, do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 1982, foi distinguido com o Prêmio Mário de Andrade, conferido pela Academia Brasiliense de Letras ao conjunto de suas obras.

Ao seu livro de ensaios "A Ética da Aventura" foi atribuído, em 1983, o Prêmio Nacional de Ensaio do Instituto Nacional do Livro. Em 1986, recebeu o Prêmio Homenagem à Cultura, da Nestlé, pela sua obra poética.

Eleito "Intelectual do Ano de 1990", recebeu o Troféu Juca Pato do seu antecessor nessa láurea, o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Ao seu livro de poemas "Curral de Peixe" o Clube de Poesia de São Paulo atribuiu o Prêmio Cassiano Ricardo em 1996.

Em 2004 foi-lhe outorgado o Prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pelo conjunto da obra.

No plano internacional, Lêdo Ivo é detentor do Prêmio de Poesia del Mundo Latino Victor Sandoval (México, 2008), do Prêmio de Literatura Brasileira da Casa de las Américas (Cuba, 2009) e do Prêmio Rosalía de Castro, do PEN Clube da Galícia (Espanha, 2010).

Ao longo de sua vida literária, Lêdo Ivo foi convidado numerosas vezes para representar o Brasil em congressos culturais e participar de encontros internacionais de poesia.

É sócio efetivo da Academia Alagoana de Letras, sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, sócio efetivo da Academia de Letras do Brasil, sócio honorário da Academia Petropolitana de Letras, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.

Morte

Lêdo Ivo morreu, na madrugada de domingo, 23/12/2012, em Sevilha, na Espanha, vítima de Infarto, aos 88 anos.

Segundo informações de familiares, o jornalista passou mal quando almoçava num restaurante. Ele seguiu até o hotel onde recebeu atendimento médico, mas acabou falecendo antes mesmo de ser encaminhado ao hospital da cidade.

O corpo de Lêdo Ivo vai ser cremado na Europa. As cinzas serão trazidas para o Rio de Janeiro e serão sepultadas no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras no Cemitério São João Batista.

O imortal vai ser homenageado numa sessão extraordinária da Academia Brasileira de Letras no dia 10 de janeiro de 2013.


Condecorações

  • Ordem do Mérito dos Palmares, no grau de Grã-Cruz
  • Ordem do Mérito Militar, no grau de Oficial
  • Ordem do Rio Branco, no grau de Comendador
  • Medalha Manuel Bandeira
  • Cidadão honorário de Penedo, Alagoas
  • Grande Benemérito do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro
  • Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Alagoas
  • Pertence ao PEN Clube Internacional, sediado em Paris

Bibliografia
Conjunto da obra de Lêdo Ivo

Poesia

  • 1944 - As Imaginações
  • 1945 - Ode e Elegia
  • 1948 - Acontecimento do Soneto. Barcelona: O Livro Inconsútil
  • 1948 - Ode ao Crepúsculo
  • 1949 - Cântico. Ilustrações de Emeric Marcier
  • 1951 - Linguagem: (1949-19041)
  • 1951 - Ode Equatorial. Com xilogravuras de Anísio Medeiros
  • 1951 - Acontecimento do Soneto. Incluindo Ode à Noite
  • 1955 - Um Brasileiro em Paris e O Rei da Europa
  • 1960 - Magias
  • 1962 - Uma Lira dos Vinte Anos
  • 1964 - Estação Central
  • 1965 - Rio, a Cidade e os Dias: Crônicas e Histórias
  • 1972 - Finisterra
  • 1974 - O Sinal Semafórico
  • 1980 - O Soldado Raso
  • 1982 - A Noite Misteriosa
  • 1985 - Calabar
  • 1987 - Mar Oceano
  • 1990 - Crepúsculo Civil
  • 1995 - Curral de Peixe
  • 1997 - Noturno Romano. Com gravuras de João Athanasio
  • 2000 - O Rumor da Noite
  • 2004 - Plenilúnio
  • 2008 - Réquiem
  • 2004 - Poesia Completa - 1940-2004
  • 2008 - Réquiem. Com pinturas de Gonçalo Ivo e desenho de Gianguido Bonfanti

Antologias

  • 1965 - Antologia Poética
  • 1966 - O Flautim
  • 1966 - 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor
  • 1976 - Central Poética
  • 1983 - Os Melhores Poemas de Lêdo Ivo (2ª edição, 1990)
  • 1986 - 10 Contos Escolhidos
  • 1987 - Cem Sonetos de Amor
  • 1991 - Antologia Poética
  • 1995 - Os Melhores Contos de Lêdo Ivo
  • 1988 - Um Domingo Perdido (Contos)
  • 2000 - Poesia Viva
  • 2004 - Melhores Crônicas de Lêdo Ivo
  • 2004 - 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor
  • 2005 - Cem Poemas de Amor
  • 2010 - O Vento do Mar

Romance

  • 1947 - As Alianças (Prêmio da Fundação Graça Aranha)
  • 1948 - O Caminho Sem Aventura
  • 1964 - O Sobrinho do General
  • 1973 - Ninho de Cobras (V Prêmio Walmap)
  • 1984 - A Morte do Brasil

Conto

  • 1961 - Use a Passagem Subterrânea
  • 1966 - O Flautim
  • 1986 - 10 Contos Escolhidos
  • 1995 - Os Melhores Contos de Lêdo Ivo
  • 1998 - Um Domingo Perdido

Crônica

  • 1957 - A Cidade e os Dias
  • 1971 - O Navio Adormecido no Bosque
  • 2004 - As Melhores Crônicas de Lêdo Ivo

Ensaio

  • 1951 - Lição de Mário de Andrade
  • 1955 - O Preto no Branco. Exegese de um poema de Manuel Bandeira
  • 1958 - Raimundo Correia: Poesia (apresentação, seleção e notas)
  • 1961 - Paraísos de Papel
  • 1963 - Ladrão de Flor
  • 1963 - O Universo Poético de Raul Pompéia
  • 1967 - Poesia Observada
  • 1972 - Modernismo e Modernidade
  • 1976 - Teoria e Celebração
  • 1976 - Alagoas
  • 1982 - A Ética da Aventura
  • 1995 - A República da Desilusão
  • 2009 - O Ajudante de Mentiroso
  • 2009 - João do Rio

Autobiografia

  • 1979 - Confissões de um Poeta
  • 1991 - O Aluno Relapso

Literatura Infanto-Juvenil

  • 1990 - O Canário Azul
  • 1995 - O Menino da Noite
  • 2000 - O Rato da Sacristia
  • 2009 - A História da Tartaruga

Edição Conjunta

  • 1971 - O Navio Adormecido no Bosque (reunindo A Cidade e os Dias e Ladrão de Flor)

Augusto Boal

AUGUSTO PINTO BOAL
(78 anos)
Diretor, Dramaturgo e Ensaista

* Rio de Janeiro, RJ (16/03/1931)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/05/2009)

Augusto Pinto Boal foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social. Suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.

Nas palavras de Augusto Boal:

"O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'."

O dramaturgo é conhecido não só por sua participação no Teatro de Arena da cidade de São Paulo (1956 a 1970), mas sobretudo por suas teses do Teatro do Oprimido, inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.

Sua obra escrita é expressiva. Com 22 livros publicados e traduzidos em mais de vinte línguas, suas concepções são estudadas nas principais escolas de teatro do mundo. O livro "Jogos Para Atores E Não Atores" trata de um sistema de exercícios (monólogos corporais), jogos (diálogos corporais) e técnicas teatrais além de técnicas do teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser utilizadas não só por atores mas por todas as pessoas.

Apesar de existirem milhares grupos e centros de estudos sobre o Teatro do Oprimido no mundo (mais de 50 países nos cinco continentes), apenas o Centro de Teatro do Oprimido (CTO) do Rio de Janeiro é reconhecido como o ponto de referência mundial da metodologia. Localizado na Avenida Mem de Sá nº 31, bairro da Lapa, Rio de Janeiro, o CTO foi fundado em 1986 e dirigido por Augusto Boal até o seu falecimento, em maio de 2009.


Família e Estudos

Augusto Boal nasceu no subúrbio da Penha, Rio de Janeiro. Filho do padeiro português José Augusto Boal e da dona de casa Albertina Pinto, desde os nove anos dirigia peças familiares, com seus três irmãos. Aos 18 anos estudou Engenharia Química na antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, e paralelamente escrevia textos teatrais.

Na década de 50 enquanto realizava estudos em nível de Ph.D em Engenharia Química, na Columbia University, em Nova York, estudou dramaturgia na School of Dramatics Arts, também na Columbia University, com John Gassner, professor de Tennessee Williams e Arthur Miller. Na mesma época, assistia às montagens do Actors Studio.

Teatro de Arena

De volta ao Brasil, em 1956, passou a integrar o Teatro de Arena de São Paulo, a convite de Sábato Magaldi e José Renato. O Teatro de Arena tornou-se uma das mais importantes companhias de teatro brasileiras, até o seu fechamento, no fim da década de 1960.

Sua primeira direção é "Ratos e Homens", de John Steinbeck, que lhe valeu o prêmio de revelação de direção da Associação Paulista de Críticos de Artes, em 1956. Seu primeiro texto encenado foi "Marido Magro, Mulher Chata", uma comédia de costumes.

Depois de uma série de insucessos comerciais e diante da perspectiva de fechamento do  Teatro de Arena, a companhia decidiu investir em textos de autores brasileiros. Superando as expectativas "Eles Não Usam Black-Tie", de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por José Renato, tornou-se um grande sucesso, salvando o Teatro de Arena da bancarrota. O grupo ressurgiu, provocando uma verdadeira revolução na cena brasileira, abrindo caminho para uma dramaturgia nacional.

Para prosseguir na investigação de um teatro voltado para a realidade do Brasil, Augusto Boal sugeriu a criação de um Seminário de Dramaturgia que se tornou o celeiro de vários novos dramaturgos. As produções, fruto desses encontros, comporiam o repertório da fase nacionalista do conjunto nos anos seguintes. Sob direção de Augusto Boal o Teatro de Arena apresentou "Chapetuba Futebol Clube", de Oduvaldo Vianna Filho, 1959, segundo êxito nessa vertente.


Arena e Oficina

Depois de dirigir em 1959 "A Farsa Da Esposa Perfeita", de Edy Lima, Augusto Boal apresentou "Fogo Frio", de Benedito Ruy Barbosa, em 1960, uma produção conjunta entre o Teatro de Arena e o Teatro Oficina, através da qual orientou um curso de interpretação. Dirigiu também, para o Teatro Oficina  "A Engrenagem", adaptação dele e de José Celso Martinez Corrêa do texto de Jean-Paul Sartre.

Em 1961, Antônio Abujamra dirigiu um outro texto de Augusto Boal, "José, do Parto à Sepultura", com os atores do Teatro Oficina, que estreou no Teatro de Arena. No mesmo ano, o espetáculo "Revolução na América do Sul" estreou, com direção de José Renato. Augusto Boal tornou-se um dos mais importantes dramaturgos do período.

Em 1962, o Teatro de Arena iniciou nova fase: a nacionalização dos clássicos. José Renato deixou a companhia e Augusto Boal tornou-se líder absoluto e sócio do empreendimento. Encerrou-se a leva de encenações dos textos produzidos no Seminário de Dramaturgia.

Em 1963 encenou "O Noviço", de Martins Pena e "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams, no Teatro Oficina, em colaboração com grandes artistas do teatro brasileiro, tais como o cenógrafo Flávio Império e Eugenio Kusnet, responsável pela preparação dos atores. Ainda desta fase são "O Melhor Juiz, O Rei", de Lope de Vega e "Tartufo", de Molière, produções de 1964.

Depois do golpe militar, Augusto Boal dirigiu no Rio de Janeiro o show "Opinião", com Zé Keti, João do Vale e Nara Leão, depois substituída por Maria Bethânia. A iniciativa surgiu de um grupo de autores, Oduvaldo Vianna Filho, Paulo Pontes e Armando Costa, ligados ao Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes, posto na ilegalidade. O grupo pretendia criar um foco de resistência política através da arte. De fato evento foi um sucesso e contagiou diversos outros setores artísticos. O Opinião 65, exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), surgiu na sequência, aglutinando os artistas ligados aos movimentos de arte popular. Esse é o nascedouro do Grupo Opinião.


Musicais

A partir do "Opinião", Augusto Boal iniciou o ciclo de musicais no Teatro de Arena, com Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, apresentando "Arena Conta Zumbi" (1965), primeiro experimento com o sistema curinga onde oito atores se revezavam, fazendo todas as personagens. O sucesso de público abriu caminho para "Arena Conta Bahia", com direção musical de Gilberto Gil e Caetano Veloso, e Maria Bethânia e Tom Zé no elenco.

Em seguida, foi encenado "Tempo de Guerra", no Teatro Oficina, com texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, poemas de Bertolt Brecht e vozes de Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e Maria Bethânia, sob a direção de Augusto Boal.

No ano seguinte, foi a vez do espetáculo "Arena Conta Tiradentes", centrado em outro movimento histórico de luta nacional, a Inconfidência Mineira. Também uma aplicação do sistema curinga, a peça não propõe retratar os fatos de forma ortodoxa e cronológica, mas criar conexões com fatos, tipos e personagens que se referem constantemente ao período pré e pós-1964.

A Primeira Feira Paulista de Opinião, concebida e encenada por Augusto Boal no Teatro Ruth Escobar, foi uma reunião de textos curtos de vários autores - um depoimento teatral sobre o Brasil de 1968. Estão presentes textos de Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e do próprio Augusto Boal. O diretor apresentou o espetáculo na íntegra, ignorando os mais de 70 cortes estabelecidos pela censura, incitando a desobediência civil e lutando arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição.


Exílio

Com a decretação do Ato Institucional Nº 5, em fins de 1968, o Teatro Arena viajou para fora do país, excursionando, entre 1969 e 1970 pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Augusto Boal escreveu e dirigiu "Arena Conta Bolívar". Em seu retorno, com uma equipe de jovens recém-saídos de um curso no Teatro Arena, criaou o Teatro Jornal - 1ª Edição, experiência que aproveitou técnicas do Agitprop e do Living Newspaper, grupo norte-americano dos anos 30 que trabalhava com dramatizações a partir de notícias de jornal.

A "Resistível Ascensão De Arturo Ui", de Bertolt Brecht, foi a última incursão de Augusto Boal no sistema curinga, que entretanto não acrescentou grandes novidades na linguagem do grupo.

Em 1971, Augusto Boal foi preso e torturado. Na sequência, decidiu deixar o país, com destino à Argentina, terra de sua esposa, a psicanalista Cecília Boal. Lá permaneceu por cinco anos e desenvolveu o Teatro Invisível. Naquele mesmo ano, "Torquemada", um texto seu sobre a Inquisição, foi encenado em Buenos Aires.

Em 1973, foi para o Peru, onde aplicou suas técnicas num programa de alfabetização integral e começou a fazer o Teatro Fórum. Em 1974, seu texto "Tio Patinhas E A Pílula"  foi encenado em Nova York.

No Equador, desenvolveu, com populações indígenas, o Teatro Imagem. Esse período foi representado por Augusto Boal em seu texto "Murro Em Ponta De Faca".

Mudou-se para Portugal, onde permaneceu por dois anos. Ali, com o grupo A Barraca, realizou a montagem "A Barraca Conta Tiradentes", 1977. Lá também escreveu "Mulheres De Atenas", uma adaptação de Lisístrata, de Aristófanes, com músicas de Chico Buarque.

Finalmente, a partir de 1978 estabeleceu-se em Paris, onde criou um centro para pesquisa e difusão do Teatro do Oprimido, o Ceditade (Centre d'étude et de diffusion des techniques actives d'expression). Lá, com ajuda de sua esposa desenvolveu um teatro mais interiorizado e subjetivo, o Arco-íris do Desejo (Método Boal de Teatro e Terapia).

Enquanto isso, em São Paulo, no ano de 1978, Paulo José dirigiu, para a companhia de Othon Bastos, "Murro Em Ponta De Faca", texto em que Augusto Boal enfocou a vida dos exilados políticos.

Augusto Boal visitou o Brasil em 1979 para ministrar um curso no Rio de Janeiro, retornou, no ano seguinte, juntamente com seu grupo francês, para apresentar o Teatro do Oprimido, já consagrado em muitos países.

Em 1981, promoveu o I Festival Internacional de Teatro do Oprimido. Voltou ao Brasil definitivamente em 1986, instalando-se no Rio de Janeiro, onde iniciou o plano piloto da Fábrica de Teatro Popular, que tinha como principal objetivo tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral, e criou o Centro do Teatro do Oprimido.


Homenagem

Uma das canções de Chico Buarque é uma carta em forma de música - uma carta musicada que ele fez em homenagem a Augusto Boal, que vivia no exílio em Lisboa, quando o Brasil estava sob a ditadura militar. A canção "Meu Caro Amigo", dirigida a ele, foi gravada originalmente no disco "Meus Caros Amigos" (1976).

Augusto Pinto Boal é Patrono da Presidente da Academia de Letras do Brasil (Piracicaba, SP). A primeira escritora a imortalizar Augusto Boal em Academia de Letras foi a escritora Branca Tirollo aos 12 de agosto de 2009 na cidade de Piracicaba, SP.

Teatro Popular

Augusto Boal preconizava que o teatro deve ser um auxiliar das transformações sociais e formar lideranças nas comunidades rurais e nos subúrbios. Para isto organizou uma sucessão de exercícios simples, porém capazes de oferecer o desenvolvimento de uma boa técnica teatral amadora, auxiliando a formação do ator de teatro.

Nobel

Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2008, em virtude de seu trabalho com o Teatro do Oprimido.

Em março de 2009, foi nomeado pela Unesco embaixador mundial do teatro.

Morte

Augusto Boal morreu por volta das 2:40 hs do dia 2 de maio de 2009, aos 78 anos, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, por Insuficiência Respiratória. Augusto Boal sofria de Leucemia.

Sobre a Importância de Augusto Boal Para o Teatro

Suas ideias, adotadas em diversas iniciativas em todo o mundo, renderam-lhe um reconhecimento que pode ser expresso nos seguintes comentários, que figuram no seu livro "Teatro Do Oprimido e Outras Poéticas Políticas" (ISBN 85-2000-0265-X):

"Boal conseguiu fazer aquilo com que Brecht apenas sonhou e escreveu: um teatro alegre e instrutivo. Uma forma de terapia social. Mais do que qualquer outro homem de teatro vivo, Boal está tendo um enorme impacto mundial."
(Richard Schechner, diretor de The Drama Review)

"Augusto Boal reinventou o teatro político e é uma figura internacional tão importante quanto Brecht ou Stanislawski."
(The Guardian)


Prêmios

  • 1962 - Prêmio Padre Ventura, melhor diretor - São Paulo;
  • 1963 - Prêmio Saci, melhor diretor, São Paulo;
  • 1965 - Prêmio Saci, São Paulo;
  • 1959-1965 - Vários prêmios de Associações de Críticos de Teatro do Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre e São Paulo;
  • 1965 - Prêmio Molière pelo espetáculo "A Mandrágora" de Machiavel, Brasil;
  • 1967 - Prêmio Molière pela criação do "Sistema Curinga", Brasil;
  • 1971 - Obie Award para o melhor espetáculo Off-Broadway. Latin American Fair Of Opinion, EUA;
  • 1981 - Officier Des Arts Et Des Lettres - Ministère de la Culture, França;
  • 1981 - Prémio Ollantay, de Creación y Investigación Teatral, Celcit, Venezuela;
  • 1994 - Prêmio Cultural Award da cidade de Gävle, Suécia;
  • 1994 - Medalha Pablo Picasso da Unesco;
  • 1995 - Outstanding Cultural Contribution - Academy Of The Arts - Queensland University of Technology, Austrália;
  • 1995 - Prix Cultural - Institut Für Jugendarbeit - Gauting, Baviera;
  • 1995 - The Best Special Presentation - Manchester News, UK;
  • 1996 - Doctor Honoris Causa In Humane Letters, University of Nebraska, EUA;
  • 1996 - Tradita Innovare, Innovata Tradere, University of Göteborg, Suécia;
  • 1997 - Lifetime Achievement Award, American Theatre Association in Higher Education, Athe, EUA;
  • 1997 - Prix Du Mérite, Ministère de la Culture do Egito
  • 1998 - Premi D'Honor, Institutet de Teatre, Barcelona, Espanha;
  • 1998 - Premio de Honor, Instituto de Teatro, Ciudad de Puebla, México;
  • 1999 - Honra ao Mérito. União e Olho Vivo,  Brasil;
  • 2000 - Proclamation Of The City Of Bowling Green, Ohio, EUA;
  • 2000 - Doctor Honoris Causa in Fine Arts, Worcester State College, EUA;
  • 2000 - Montgomery Fellow, Dartmouth College, Hanover, EUA;
  • 2001 - Nominated (For July, 2001) Doctor Honoris Causa In Literature, University of London, Queen Mary, UK;
  • 2001 - International Award For Contribution Of Development Of Drama Education „Grozdanin kikot“.
  • 2002 - Baluarte do Samba, homenagem da Escola de Samba Acadêmicos da Barra da Tijuca;
  • 2005 - Comendador, Governo Federal, Brasil;
  • 2008 - Crossborder Award For Peace And Democracy.Irlanda;

Livros Publicados em Português

  • 1967 - Arena Conta Tiradentes - São Paulo: Sagarana
  • 1973 - Crônicas De Nuestra América - São Paulo: Codecri
  • 1975 - Técnicas Latino-Americanas De Teatro Popular: Uma Revolução Copernicana Ao Contrário - São Paulo: Hucitec
  • 1975 - Teatro Do Oprimido E Outras Poéticas Políticas - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1977 - Jane Spitfire - Rio de Janeiro: Codecri
  • 1978 - Murro Em Ponta De Faca - São Paulo: Hucitec
  • 1979 - Milagre No Brasil - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1980 - Stop: Ces’t Magique - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1986 - Teatro De Augusto Boal. Vol. 1 - São Paulo: Hucitec
  • 1986 - Teatro De Augusto Boal. Vol. 2 - São Paulo: Hucitec
  • 1986 - O Corsário Do Rei - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1990 - O Arco-Íris Do Desejo: Método Boal De Teatro E Terapia - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1992 - O Suicida Com Medo Da Morte - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1996 - Teatro Legislativo - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 1996 - Aqui Ninguém É Burro! - Rio de Janeiro: Revan
  • 1998 - Jogos Para Atores E Não-Atores - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 2000 - Hamlet E O Filho Do Padeiro - Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
  • 2003 - O Teatro Como Arte Marcial - Rio de Janeiro: Garamond, 2003
  • "A Estética do Oprimido". Rio de Janeiro, 2009, numa parceria entre a Funarte, o Ministério da Cultura e a Editora Garamond.

Existem também diversos livros publicados em alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, inglês, norueguês e sueco.

Fonte: Wikipédia

Austregésilo de Athayde

BELARMINO MARIA AUSTREGÉSILO AUGUSTO DE ATHAYDE
(94 anos)
Jornalista, Cronista, Ensaísta, Orador e Professor

* Caruaru, PE (25/09/1898)
+ Rio de Janeiro, RJ (13/09/1993)

Nascido na antiga Rua da Frente (atual Rua Quinze de Novembro) em Caruaru, Pernambuco, filho do desembargador José Feliciano Augusto de Athayde e de Constância Adelaide Austregésilo, e bisneto do tribuno e jornalista Antônio Vicente do Nascimento Feitosa.

Colaborador do jornal A Tribuna e tradutor na agência de notícias Associated Press, formou-se no ano de 1922 em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito do antigo Distrito Federal e ingressou no jornalismo. Trabalhou como escritor e jornalista, chegando a dirigente dos Diários Associados, a convite de Assis Chateaubriand.

Foi diretor-secretário de A Tribuna e colaborador do Correio da Manhã. Assumiu a direção de O Jornal em 1924, órgão líder dos Diários Associados. Sua declarada oposição à Revolução de 1930 e o apoio ao Movimento Constitucionalista de São Paulo (1932) levou-o a prisão e exílio na Europa e depois na Argentina.

Permaneceu muitos meses em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, e de lá se dirigiu a Buenos Aires, onde residiu por dois anos (1933-1934).

De volta ao Brasil reiniciou nos Diários Associados como articulista e diretor do Diário da Noite e redator-chefe de O Jornal, do qual foi o principal editorialista, além de manter a coluna diária Boletim Internacional. Tomou parte como delegado do Brasil na III Assembléia Geral das Nações Unidas, em Paris no ano de 1948, tendo sido membro da comissão que redigiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em cujos debates desempenhou papel decisivo.

Austregésilo de Athayde e Josué Montello
Também escreveu semanalmente na revista O Cruzeiro e, por sua destacada atividade jornalística, recebeu em 1952, na Universidade de Columbia, Estados Unidos, o Prêmio Maria Moors Cabot.

Diplomado na Escola Superior de Guerra em 1953, passou a ser conferencista daquele centro de estudos superiores. Após a morte em 1968 de Assis Chateaubriand, passou a integrar o condomínio diretor dos Diários Associados.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 9 de agosto de 1951, para a cadeira 8, sucedendo a Oliveira Viana, e foi recebido em 14 de novembro de 1951, pelo acadêmico Múcio Leão.

Tornou-se presidente da instituição em 1959, tendo sido reeleito para dirigi-la por longos 34 anos, até o fim de sua vida.

Fonte: Wikipédia

Afonso Arinos

AFONSO ARINOS DE MELO FRANCO
(84 anos)
Jurista, Político, Historiador, Professor, Ensaísta e Crítico

☼ Belo Horizonte, MG (27/11/1905)
┼ Rio de Janeiro, RJ (27/08/1990)

Afonso Arinos foi um jurista, político, historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro, nascido em Belo Horizonte, MG, em 27/11/1905. Destacou-se pela autoria da Lei Afonso Arinos contra a discriminação racial em 1951. Ocupou a Cadeira nº 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), onde foi eleito em 23 de janeiro de 1958.

Filho de Afrânio de Melo Franco e de Sílvia Alvim de Melo Franco, sobrinho do escritor Afonso Arinos. Casou-se com Ana Guilhermina Rodrigues Alves Pereira, neta do presidente Rodrigues Alves, com quem teve dois filhos. Era irmão de Virgílio Alvim de Melo Franco.

Formou-se em 1927 na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, começando a carreira como promotor de justiça da comarca de Belo Horizonte.

Viajou para Genebra a fim de aperfeiçoar seus estudos. De retorno ao Brasil em 1936, iniciou a carreira de professor na antiga Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro ministrando aulas de História do Brasil.

Atuou ainda como professor no exterior ministrando cursos de História Econômica do Brasil na Universidade de Montevidéu (1938), curso na Sorbonne, em Paris, sobre cultura brasileira (1939) e cursos de literatura na faculdade de letras da Universidade de Buenos Aires (1944).

Em 1946, foi nomeado professor de História do Brasil do Instituto Rio Branco, Instituto este responsável pela formação e aperfeiçoamento profissional dos diplomatas de carreira do governo brasileiro. Foi catedrático de Direito Constitucional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e na Universidade do Brasil.

Carreira Política

A carreira política de Afonso Arinos começou em 1947, quando foi eleito deputado federal por Minas Gerais em três legislaturas, de 1947 a 1958. Foi líder da União Democrática Nacional (UDN) até 1956, e depois líder do bloco da oposição ao Governo de Juscelino Kubitschek até 1958.

Dois fatos, sobretudo, marcaram fortemente a sua presença na Câmara dos Deputados: a autoria da lei contra a discriminação racial, que tomou o seu nome, Lei nº 1.390, de 03/07/1951, e o célebre discurso, pronunciado em 09/08/1954, pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas. Quinze dias depois o presidente suicidou-se no Palácio do Catete.

Em 1958, foi eleito senador pelo antigo Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. Permaneceu no Senado Federal até 1966, mas afastou-se duas vezes do cargo para assumir o Ministério das Relações Exteriores, no governo de Jânio Quadros, no qual implementou a Política Externa Independente (PEI) e no regime parlamentarista do primeiro-ministro Francisco Brochado da Rocha, em 1963.

Foi o primeiro chanceler brasileiro a visitar a África, estando no Senegal do então presidente Léopold Sédar Senghor, em 1961.

Chefiou a delegação do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), durante as Assembléias Gerais de 1961 e 1962. Foi embaixador extraordinário, participando do Concílio Vaticano II em 1962, terminando com a chefia da delegação brasileira à Conferência do Desarmamento, em Genebra, no ano de 1963. É de sua autoria o capítulo sobre declaração de direitos que consta da Constituição de 1967.

Foi nomeado, pelo presidente José Sarney, presidente da Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, denominada Comissão Afonso Arinos, criada pelo Decreto nº 91.450 de 18/07/1985, com o objetivo de preparar um anteprojeto que deveria servir de texto básico para a elaboração da nova constituição. Em 1986, aos 81 anos, elegeu-se senador pelo Partido da Frente Liberal (PFL).

Foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), membro do Conselho Federal de Cultura, nomeado em 1967, quando da sua criação, e reconduzido em 1973.

Afonso Arinos recebeu o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por duas vezes, quando da publicação de dois dos seus volumes de memórias: "Planalto" (1969) e "Alto-Mar Maralto" (1977).

Em 19/07/1958, Afonso Arinos tomou posse da cadeira 25 da Academia Brasileira de Letras (ABL), recebido pelo acadêmico Manuel Bandeira.

Afonso Arinos faleceu em pleno exercício do mandato de senador, em 27/08/1990. À época, encontrava-se filiado Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por defender este, em seu programa partidário, a implantação do parlamentarismo no país.

Prêmios e Títulos

  • Professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro;
  • Intelectual do Ano em 1973 (Prêmio Juca Pato, da Sociedade Paulista de Escritores);
  • Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Clube do Brasil, pela sua biografia de Rodrigues Alves.

Fonte: Wikipédia

Menotti del Picchia

PAULO MENOTTI DEL PICCHIA
(96 anos)
Poeta, Jornalista, Tabelião, Advogado, Político, Romancista, Cronista, Pintor e Ensaísta

* São Paulo, SP (20/03/1892)
+ São Paulo, SP (23/08/1988)

Com cinco anos de idade mudou-se para a cidade de Itapira, interior de São Paulo, onde foi aluno de Jacomo Stávale. Bacharel em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, formado em 1913.

Nesse ano de 1913 publicou Poemas do Vício e da Virtude, seu primeiro livro de poesias. Na cidade de Itapira foi agricultor e advogado militante. Lá criou o jornal político O Grito e escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato. Colaborou em vários jornais, entre os quais Correio Paulistano, Jornal do Comércio e Diário da Noite.

Em 1924 criou, com Cassiano Ricardo e Plínio Salgado, o Movimento Verde-Amarelo, de tendência nacionalista. Publicou vários romances, entre eles Flama e Argila, O Homem e a Morte, Republica 3000 e Salomé, além de livros de ensaios e de crônicas.

Menotti del Picchia e Joaquim Inojósa
Atividade Política

Foi membro do Partido Republicano Paulista durante a República Velha, participou da Revolução de 1932 como ajudante de ordens do governador Pedro de Toledo. Escreveu um livro sobre a Revolução de 1932, chamado A Revolução Paulista.

Exerceu vários cargos públicos. Foi o primeiro diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado de São Paulo, deputado estadual em duas legislaturas, membro da constituinte do Estado de São Paulo e deputado federal pelo Estado de São Paulo em três legislaturas.

Atividade Cultural

Foi diretor de A Noite e A Cigarra, entre 1920 e 1940, além de diversos outros jornais e revistas.

Com Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros jovens artistas e escritores paulistas, participou da Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Foi um dos mais combativos militantes da estética modernista.

Em 1937 foi diretor do Grupo da Anta, com Cassiano Ricardo, e diretor do Movimento Cultural Nacionalista Bandeira, com Cassiano Ricardo e Cândido Mota Filho.

Paulo Menotti del Picchia
Em 1943, foi eleito para a cadeira 28 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido suas principais obras Juca Mulato (1917) e Salomé (1940). Um livro seu de elevada popularidade é Máscaras (1920), pela sua nota lírica.

Presidiu a Associação dos Escritores Brasileiros, seção de São Paulo. Foi agraciado com o título de Intelectual do Ano em 1968, e aclamado Príncipe dos Poetas Brasileiros em 1982.

Em 1960, recebeu o Prêmio Jabuti de poesia, concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

A poesia de Menotti del Picchia vincula-se à primeira geração do Modernismo. Em 1984, recebeu o Prêmio Moinho Santista - Categoria poesia.

Representações na Cultura

Menotti Del Picchia já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Carlos Gregório no filme O Homem do Pau-Brasil (1982) e Ranieri Gonzalez na minissérie Um Só Coração da Rede Globo (2004).

Morte

Morreu em São Paulo, no dia 23 de agosto de 1988. Seu corpo foi velado na Academia Paulista de Letras, da qual também era membro, e sepultado no Cemitério São Paulo.

Em sua homenagem, foram fundados na cidade de Itapira o Parque Juca Mulato e a Casa Menotti Del Picchia (24 de março de 1983) onde podem ser vistos objetos e livros que pertenciam ao autor.

Fonte: Wikipédia

Oswald de Andrade

JOSÉ OSWALD DE SOUSA DE ANDRADE NOGUEIRA
(64 anos)
Escritor, Ensaísta e Dramaturgo

* São Paulo, SP (11/01/1890)
+ São Paulo, SP (22/10/1954)

Era filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e de Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Seu nome pronuncia-se com acento na letra a (Oswáld).

Foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna que ocorreu 1922 em São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Foi considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo, sendo o mais inovador entre estes.

O Papel de Oswald no Modernismo Brasileiro

Um dos mais importantes introdutores do modernismo no Brasil, foi o autor dos dois mais importantes manifestos modernistas, o "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" e o "Manifesto Antropófago", bem como do primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro afastado de toda a eloquência romântica, Pau-Brasil.

Muito próximo, no princípio de sua carreira literária, da pessoa de Mário de Andrade, ambos os autores funcionaram como um dínamo na introdução e experimentação do movimento, unidos por uma profunda amizade que durou muito tempo.

Porém, possuindo profundas distinções estéticas em seu trabalho, Oswald de Andrade foi também mais provocador que o seu colega modernista, podendo hoje ser classificado como um polemista. Nesse aspecto não só os seus escritos como as suas aparições públicas serviram para moldar o ambiente modernista da década de 1920 e de 1930.

Foi um dos interventores na Semana de Arte Moderna de 1922. Esse evento teve uma função simbólica importante na identidade cultural brasileira. Por um lado celebrava-se um século da independência política do país colonizador, Portugal, e por outro consequentemente, havia uma necessidade de se definir o que era a cultura brasileira, o que era o sentir brasileiro, quais os seus modos de expressão próprios. No fundo procurava-se aquilo que Johann Gottfried von Herder definiu como alma nacional (Volksgeist). Esta necessidade de definição do espírito de um povo era contrabalançada, e nisso o modernismo brasileiro como um todo vai a par com as vanguardas europeias do princípio do século, por uma abertura cosmopolita ao mundo.

Na sua busca por um caráter nacional, ou falta dele, que Mário de Andrade mostra em "Macunaíma", Oswald de Andrade, porém, foi muito além do pensamento romântico, diferentemente de outros modernistas. Nos anos vinte Oswald de Andrade voltou-se contra as formas cultas e convencionais da arte. Fossem elas o romance de idéias, o teatro de tese, o naturalismo, o realismo, o racionalismo e o parnasianismo, por exemplo Olavo Bilac. Interessaram-lhe, sobretudo, as formas de expressão ditas ingênuas, primitivas, ou um certo abstracionismo geométrico latente nestas, a recuperação de elementos locais, aliados ao progresso da técnica.

Foi com surpresa e satisfação que Oswald de Andrade descobriu, na sua estada em Paris na época do futurismo e do cubismo, que os elementos de culturas até aí consideradas como menores, como a africana ou a polinésia, estavam a ser integrados na arte mais avançada. Assim, a arte da Europa industrial era renovada com uma revisitação a outras culturas e expressões de outros povos.

Oswald de Andrade percebeu-se que o Brasil e toda a sua multiplicidade cultural, desde as variadas culturas autóctones dos índios até a cultura negra representavam uma vantagem e que com elas se poderia construir uma identidade e renovar as letras e as artes. A partir daí, volta sua poesia para um certo primitivismo e tenta fundir, pôr ao mesmo nível, os elementos da cultura popular e erudita.

Representações na Cultura

Oswald de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Colé Santana no filme "Tabu" (1982), Flávio Galvão e Ítala Nandi no filme "O Homem do Pau-Brasil" (1982), Antônio Fagundes no filme "Eternamente Pagu" (1987) e José Rubens Chachá, nas minisséries "Um Só Coração" (2004) e "JK" (2006).

As ideias de Oswald de Andrade influenciaram também diversas áreas da criação artística: na música o Tropicalismo, na poesia o movimento dos concretistas, e no teatro grupos como Teatro Oficina e Cia. Antropofágica têm sua trajetória ligada ao poeta.

Principais Obras

Além do "Manifesto da Poesia Pau-Brasil" (1924) e "Manifesto Antropófago" (1928), Oswald de Andrade escreveu:

Poesia

Sendo o mais inovador da linguagem entre os modernistas, abriu caminhos que influenciaram muito a poesia brasileira posterior como a de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Mello Neto, o Concretismo e Manoel de Barros, bem como à obra do poeta francês Blaise Cendrars, considerado um dos 10 maiores poetas franceses do século XX pelo poeta Paul Eluard.

  • 1925 - Pau-Brasil
  • 1927 - Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade
  • 1945 - Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão
  • 1945 - O Escaravelho de Ouro
  • 1947 - O Cavalo Azul
  • 1947 - Manhã

Romance

Seus romances ainda não são devidamente conhecidos, porém "Memórias Sentimentais de João Miramar", por exemplo, foi escrito antes de 1922, antecipando toda a linguagem do modernismo brasileiro.

  • 1922-1934 - Os Condenados (Trilogia)
  • 1924 - Memórias Sentimentais de João Miramar
  • 1933 - Serafim Ponte Grande
  • 1943 - Marco Zero à Revolução Melancólica

Teatro

Escreveu um dos mais importantes textos teatrais do Brasil, "O Rei da Vela", que só foi montado em 1967 pelo diretor José Celso Martinez. As peças de 1916 foram escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida. Os textos da década de 30 trazem conteúdo político e a constante discussão das idéias socialistas e foram os primeiros textos modernos do teatro brasileiro, antecedendo, inclusive, a Nelson Rodrigues.

  • 1916 - Mon Couer Balance e Leur Ame (Parceria Guilherme de Almeida)
  • 1934 - O Homem e o Cavalo
  • 1937 - A Morta
  • 1937 - O Rei da Vela

Fonte: Wikipédia