Mostrando postagens com marcador Farmacêutico. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Farmacêutico. Mostrar todas as postagens

Fabriciano Felisberto Carvalho de Brito

FABRICIANO FELISBERTO CARVALHO DE BRITO
(80 anos)
Comerciante, Farmacêutico, Militar e Político

☼ Antônio Dias, MG (22/08/1840)
┼ Antônio Dias, MG (28/06/1921)

Fabriciano Felisberto Carvalho de Brito foi um comerciante, farmacêutico, militar e político brasileiro. Nasceu no dia 22/08/1840 na então freguesia de Nossa Senhora de Nazaré de Antônio Dias Abaixo, hoje município de Antônio Dias, pertencente a Itabira, no interior do estado de Minas Gerais, sendo filho do professor primário Antônio de Britto e de Theresa Umbelina.

Casou-se com Anna Angélica de Carvalho Britto, nascida em 1849, filha de José Antonio Carvalho e Maria Carvalho, e juntos tiveram três filhos: Drº José Tomás de Carvalho, casado com Josefa de Miranda Britto; Drº Manoel Tomás de Carvalho, casado com Elisa Robertina de Albuquerque, e Drº Eusébio Tomás de Carvalho Britto, casado com Ernestina Lage de Britto, dos quais se originaram 21 netos e 38 bisnetos até a data do centenário de Fabriciano, em 22/08/1940.

Trajetória

Felisberto cursou o primário na Escola de Meninos de sua cidade natal, tendo ainda pequeno aprendido o ofício de sapateiro, profissão que exerceu durante sua juventude. Posteriormente atuou como comerciante e farmacêutico, herdando do sogro, José Tomás Pereira, uma casa comercial de gêneros, armarinhos e tecidos. Esse empreendimento modernizou-se a partir das viagens que fez ao Rio de Janeiro, de onde trazia mercadorias variadas e encomendas para a população da localidade.

Anos mais tarde, tornou-se um líder local, passando a exercer, por nomeação, diversos cargos públicos: Escrivão do Cartório de Paz e da Subdelegacia de Polícia em 1862, subdelegado de polícia em 1876, agente dos Correios em 1877 e primeiro suplente de Juiz Municipal para o Distrito de Antônio Dias em 1888.

Fabriciano e Anna Angélica

Fabriciano, depois de ter tido uma pequena fábrica de sapatos (ele também tinha o ofício de sapateiro e trabalhava junto com os seus empregados), estabeleceu-se como negociante. Enquanto ele ficava na loja e fazia sapatos, Anna Angélica dirigia a casa, cuidava dos filhos, fazia biscoitos para vender na loja, costurava calças e camisas para os fregueses e cuidava da cozinha. Era uma abelhinha para trabalhar. Quantas vezes a gente a ouvia dizer, mostrando as mãos: "O que estas mãos sagradas não fazem, quem há de fazer?".

Neste tempo, Antônio Dias era um pequeno arraial, que não deixava de ter os seus atrativos no seu aspecto bucólico. A igreja fora construída pelo bandeirante Antônio Dias, que morreu e foi sepultado na terra a que deu o nome. Existe uma lápide com o nome do fundador e o ano do seu falecimento na porta da igreja, o que representa uma contribuição histórica para a cidade. Em frente, na outra margem, no alto do morro, o Cruzeiro. Embaixo, o rio Piracicaba, em cujas margens se alinhava o casario, formado de casas de estilo aproximado ao colonial simples, com portas e janelas geralmente azuis e com paredes brancas.

Na praça da matriz se encontrava a loja de Fabriciano e do lado esquerdo o rancho que servia para receber as cargas e os arreios da tropa, no tempo em que funcionava a loja. Do lado direito, a casa de moradia, com graciosas janelas e a porta de entrada com a indefectível cancela.

Neste tempo, a população devia ser de 1.500 a 2.000 habitantes. As ruas eram assim denominadas: Rua de Baixo, Rua de Cima, Bonfim, Sítio, Beco da Ponte. Tudo simples, respirando paz. Distrações não havia ou a custo encontradas nas banalidades do dia-a-dia. Por exemplo, se os que chegavam a cavalo, despertavam os que estavam tranquilos em casa, com o tropel nas pedras da rua, de todas as janelas surgia gente curiosa para saber quem era e logo a notícia corria. Sabe quem está na terra? Se era gente de fora, hospedada na casa de Fabriciano, logo logo, aparecia gente para conversar, para saber novidades ou para contá-las. Uma delas era Andrelina de Castro, filha de Joaquim Tito, o sapateiro auxiliar de Coronel Fabriciano, afilhada da casa da qual participava da intimidade, passando lá diariamente, várias horas. Ao chegar ia logo dizendo: "Louvado seja Cristo, meu padrinho ou... minha madrinha".

Era uma mulher de inteligência rara. Estudou as primeiras letras e através da leitura de jornais e de um outro livro que lhe caía nas mãos, chegou a adquirir uma cultura invulgar. Sabia opinar a propósito de tudo, dos fatos corriqueiros da terra à política, que ela conhecia como ninguém. Era muito alta, dentes bons lhe enfeitavam o riso franco. Não era bonita. Quando se empolgava e defendia seus pontos de vista, levantava-se da cadeira e andava de um lado para outro, gesticulando e falando em tom de oratória. Conhecia História Geral e Religião.

Os Filhos de Fabriciano

Além do filho doutor, Manoel Tomás, que ia casar com a filha do Juiz de Direito em Itabira, e de Eusébio, Fabriciano e Anna Angélica tinham também José Tomás, o filho mais velho, que ia ser padre, tendo estudado durante seis anos no Seminário de Mariana, chegando a iniciar-se na Teologia, já no seminário maior. Era muito estudioso e conhecia latim como qualquer bom latinista. Tinha sempre um caso de seminário para contar e repetidamente citava frases latinas. As férias, passava-as em Antônio Dias, vestido de batina e dando sua mão a beijar a todos que dele se aproximassem, sobretudo as mocinhas. Mas não era por saliência, tinha mesmo gosto na vocação. Ajudava o vigário nas funções religiosas, contava o Tantum Ergo nas bençãos do Santíssimo, rezava o terço com Fabriciano e Anna Angélica.

Mas foi uma pena. Vocação se não é bem cultivada, se arrefece e se perde. José Tomás foi influenciado pelo irmão que estudava Direito e que o levou para São Paulo para entrar na Faculdade do Largo São Francisco. José Tomás hospedou-se na república dos estudantes, onde morava seu irmão. Foi o desastre: a estudantada, influenciada pelo positivismo quis atrair também José Tomás para as idéias contistas, desviando-o da vocação. Ele desistiu de ser padre, mas também não se sentiu bem no meio da mocidade sem religião. Voltou à casa dos pais, na pacata Antônio Dias.

Os Estudos dos Filhos e as "Chorosas" Partidas

Chegou o tempo de seguirem para os estudos os filhos de Fabriciano e Anna Angélica. Enquanto se preparavam para partir, Anna Angélica, muito chorosa, dizia: "Eu preferia que Inhô (Fabriciano) fosse pobre para eu não ter de separar-me de meus filhos...".

Coitadinha, de fato naquele tempo a separação dos filhos era muito penosa, pois não havia meios de comunicação que diminuíssem as distâncias, facilitando um encontro mais frequente com eles.

José Tomás (Juca), o mais velho, seguiu para Mariana, MG, para o famoso seminário onde pontificavam padres lazaritas de muito saber, sob a jurisdição de bispos como Dom Benevides, Dom Viçoso, Dom Silvério.

Manoel Tomás e Eusébio, o mais novo, continuaram os estudos iniciados em Itabira, com Mestre Emílio, na capital de Minas, ou seja, Ouro Preto, antiga Vila Rica.

Eusébio optou pela carreira de farmacêutico e tão logo se formou iniciou-se na vida prática, casando-se em seguida com uma linda moça de olhos azuis, cabelos louros e tez muita alva. Chamava-se Ernestina, pertencia à família Lage e era conhecida pelo apelido de Netinha. Eusébio era apaixonado pela noiva e muito romântico. Prova-se uma fotografia em que ele com um retrato de Netinha sobre uma mesa se deixou fotografar numa atitude embevecida de enamorado.

O casal formou uma bela família de oito filhos, três homens e cinco mulheres. Todos estudaram e se formaram, casaram e constituíram família. As bonitas filhas Ceci e Zuleika permaneceram solteiras, apesar de muito assediadas por bons partidos. Acompanharam os pais com muita dedicação e exerceram com proficiência funções na Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais.

Assim que formou, Eusébio Tomás estabeleceu-se em Antônio Dias, com uma farmácia e fazia as vezes de médico, pois naquele tempo não os havia no lugar.

Construiu sua casa num terreno pegado ao de seu pai e todo seus filhos nasceram lá. A casa era de um estilo aproximado ao normando, grande e confortável.

Mudando-se para Belo Horizonte, fez mais tarde, depois dos 40 anos, o curso de Direito, ingressando na política e, atuando como deputado, prestou muitos serviços a zona que o elegeu. Em suma, tinha um grande prestígio em todo o Vale do Rio Doce, notadamente em Itabira, Antônio Dias, Sant’Ana de Ferros, São José da Lagoa, hoje Nova Era, São Domingos do Prata e outros.

Além de político, era pessoa de fino trato, sabendo relacionar-se com todos, com os compadres e com os humildes, adquirindo assim, além do prestígio, uma amizade singular em toda zona. Quando voltava a Antônio Dias, em visita aos pais e possivelmente para politicar, as visitas que recebia eram ininterruptas. Vinha gente de todo o município, a casa ficava repleta e Sá Donana (apelido da mãe de Eusébio, Anna Angélica) era inexcedível, atendendo a todos com cafezinho e com palavras amáveis, servindo mesmo refeição para aqueles que moravam longe ou eram pessoas ligadas por uma maior amizade ou pelo compadresco.

Assim é que Antônio Dias foi adquirindo foros de uma cidade tradicional, berço de pessoas ilustres, conservando, entretanto, o cunho de vida simples, de comunidade familiar, em que todos se conheciam e se tratavam sem etiquetas: ao contrário, não se dava senhoria para quase ninguém e havia um entrelaçamento de relações entre os mais afortunados e os de condições humildes ou mesmo pobres. Era a igualdade absoluta o que tornava a vila e mais tarde, a cidade, uma comunidade "suigeneris", onde todos se sentiam bem, inclusive os forasteiros, aqueles que por uma razão particular, ali se estabeleciam. "Muitos deles criavam raiz na terra e não mais se desligavam dela e do convívio de seu povo acolhedor", relatou Maria Cecília Maurício da Rocha, sobrinha de Eusébio e filha de José Tomás

O Título de Coronel

No dia 25/08/1888, aos 48 anos, através do apoio de amigos e do Partido Conservador, recebeu de sua majestade Dom Pedro II, o título de tenente-coronel da Guarda Nacional para a região da comarca de Piracicaba. O título de coronel, dado a civis no Brasil surgiu com a criação da Guarda Nacional, em 1832, por Diogo Antônio Feijó, também conhecido como Regente Feijó ou Padre Feijó.

O agraciado com o título teria a função de reunir milícias em casos de situação premente da ordem e da defesa nacional. O coronel era geralmente um grande proprietário de terras, poderoso chefe político que se impunha sobre a população na sua área de atuação. No entanto, coronel Fabriciano que era na verdade, tenente-coronel, nem teve tempo para exercer o cargo em sua plenitude, uma vez que recebeu o título um ano antes do fim do Império.

Coronel Fabriciano Felisberto de Britto impunha-se pela sua capacidade de liderança e trabalho. Preocupado com as questões sociais de seu tempo, buscou com o seu prestígio realizar obras que promovessem o bem-estar da população da cidade de Antônio Dias.

Além da luta pela emancipação, destacam-se como seus feitos a construção do primeiro grupo escolar do Baixo Piracicaba, o segundo de Minas Gerais, em 1909; Instalação de linha do telégrafo em 1920; Fundação da Santa Casa de Misericórdia da qual foi provedor até sua morte em 1920.

Por intermédio de seu filho, Eusébio Tomás de Carvalho Britto, deputado e membro da comissão responsável pela divisão administrativa de Minas Gerais, foi um dos responsáveis pela criação da Vila de Antônio Dias, em 1911, e do Distrito de Melo Viana em 1923, sendo este mais tarde batizado de coronel Fabriciano em sua referência e emancipado em 1948.

Além da criação de um Grupo Escolar, necessária para que fosse Antônio Dias fosse instalada, Fabriciano coordenou a construção do primeiro hospital e deu início às obras da Igreja Matriz.

Homenagens

No dia 17/04/1909, foi instalada em Antônio Dias a escola que leva desde então o nome do tenente-coronel. Pelo decreto-lei estadual nº 88, de 30/03/1938, o então distrito antoniodiense Melo Viana foi batizado com o nome de Coronel Fabriciano, emancipando-se em 27/12/1948. A carta-patente da nomeação de Fabriciano Felisberto de Britto a tenente-coronel da Guarda Nacional, assinada pelo imperador Dom Pedro II em 1888, foi tombada como patrimônio cultural fabricianense através do decreto municipal nº 1.033, de 31/03/1997.

Falecimentos

Fabriciano Felisberto veio a falecer no dia 28/06/1921 e a esposa Anna Angélica de Carvalho Britto, dia 21/05/1936. O casal encontra-se sepultado na Capela São Geraldo, em Antônio Dias, MG, construída pelo coronel para mausoléu da família.

Após a reforma da capela, em meados da década de 1970, seus restos mortais, juntamente com os de sua esposa, foram transladados para o interior do templo.

Curiosidades Sobre Coronel Fabriciano Felisberto


  • Fabriciano antes de tornar-se um próspero e influente comerciante, teve uma modesta fábrica de sapatos, onde executava o ofício de sapateiro e trabalhava junto com seus empregados na cidade de Antônio Dias, ou melhor, Antônio Dias Abaixo.
  • Fabriciano era um homem muito religioso era um dever sagrado seu rezar o terço com a família todas as noites às 21:00 hs e de hábitos simples e rígido.
  • Depois da ladainha em latim servia leite quente com biscoitos, servido pela esposa e se recolhia. Era um apaixonado leitor de jornais que chegavam à antiga vila de Antônio Dias Abaixo duas vezes por semana.
  • Almoçava sempre às 09:00 hs da manhã; fazia a siesta deitado num banco da varanda; continuava a ler; atendia todos os pedidos; tratava dos assuntos políticos; e dava suas voltas conversando com conhecidos.
  • Filho de um professor, José Antônio de Britto, quando jovem Fabriciano fez promessa de nunca mais pegar em baralho, depois de perder no carteado 14 mil réis, uma vultosa quantia para a época. Sua esposa, Anna Angélica, dirigia a casa, cuidava dos filhos, fazia biscoitos para vender na loja, e costurava calças e camisas para os fregueses.
  • A Loja Grande era o nome do comércio de Fabriciano e, segundo anúncio publicado em 1903 no Correio de Itabira, possuía "um completo e variado sortimento de fazendas, ferragens, armarinho, roupas feitas, calçados, chapeos (sic) de sol e de cabeça, molhados, louças, kerozene (sic) e muito outros artigos".
  • Nesse tempo, o homem mais rico e poderoso da antiga vila de Antônio Dias Abaixo, o coronel Manoel de Barros de Araújo Silveira, viria a ter grande influência na vida de Fabriciano.
  • Sua segunda esposa, após a morte de Clara de Ataíde Barros (que morreu bem nova), foi Maria Tomásia de Carvalho, irmã de Anna Angélica. Assim, ao tornar-se concunhado de Fabriciano, cresceu um forte laço de amizade entre os dois.
  • Foi o coronel Manoel de Barros, que tinha sido deputado da província mineira durante o Império, que emprestou dinheiro para Fabriciano comprar sua primeira escrava, Luisa. Sabe-se, também, que a casa de Fabriciano, que ficava à direita da igreja de Nossa Senhora de Nazaré, era um ponto de venda de leite. Segundo a autora, as vacas do avô "não primavam pela robustez".
  • A medição de cada garrafa, vendida ao preço de cem réis, era feita pelo próprio Fabriciano, que não suportava retardatários, já após tal obrigação, era absorvido pela leitura dos jornais.
  • A propósito da promessa de Fabriciano (que comprou o título de coronel da Guarda Nacional, hábito comum na época) de nunca mais pegar em baralho e que tal fato marcou a personalidade do futuro chefe político, tornando-o mais rígido na educação dos filhos. Certa noite, notando as ausências de José Tomás e Eusébio (já casados) saiu à procura deles e os encontrou na mesa de baralho. Irritado, esbravejou: "Isto são horas de pais de família estar na rua jogando?". Sem dizer nada, os dois saíram acompanhando o pai. Detalhe: eram dez horas da noite.

Ely Camargo

ELY CAMARGO
(84 anos)
Cantora, Folclorista, Violonista e Radialista

* Goiás, Cidade de Goiás ou Goiás Velho, GO (12/02/1930)
+ Goiânia, GO (03/11/2014)

A música folclórica do Estado de Goiás não poderá jamais ser citada sem incluir o nome de sua maior representante que é a cantora e folclorista Ely Camargo

Cantora, pesquisadora de folclore, violonista, professora e também farmacêutica, Ely Camargo, assim como Inezita Barroso, é uma das principais intérpretes não somente do folclore goiano, mas também do riquíssimo folclore brasileiro.

Ely Camargo nasceu no dia 12/02/1930 na cidade de Goiás, GO, a antiga e histórica Capital do Estado, também conhecida como Goyaz Velho, que é também a cidade-natal da poetisa e escritora Cora Coralina e também da artista plástica Goiandira do Couto.

Era filha de Joaquim Edison Camargo (Goiás, GO, 07/09/1900 - Goiânia, GO, 25/03/1966) que foi compositor e regente da Orquestra Sinfônica de Goiânia. Foi comemorado o Centenário de Joaquim Edison Camargo no dia 07/09/2000, ocasião na qual Ely Camargo gravou o CD "Lembranças de Goyaz" com 10 belíssimas composições por ela interpretadas.

Durante a infância, cantou em coros de igreja. Foi integrante em 1960 do Trio Guairá de Goiânia e, em 1961 e 1962, apresentou na Rádio Brasil Central de Goiânia, um programa que era por ela produzido e que também era retransmitido em Brasília, DF pela Rádio e TV Nacional.

Em 1962, Ely Camargo passou a morar em São Paulo onde assinou seu primeiro contrato com a extinta TV Tupi e, no mesmo ano, gravou o LP "Canções da Minha Terra" pela gravadora Chantecler. Ely Camargo também lançou na mesma gravadora os LP's com o mesmo título, nos Volumes 2, 3 e 4.

Em 1964, gravou, também na Chantecler, o LP "Folclore do Brasil", no qual interpretou "Cantos de Trabalho nas Plantações de Arroz, de São João da Boa Vista, SP", e também um "Canto de Ferreiro, de Botucatu, SP", recolhido por Rossini Tavares de Lima.

Pesquisando o nosso riquíssimo folclore, Ely Camargo reuniu um enorme e riquíssimo acervo coletado em viagens por diversos rincões do Brasil, incluindo também as Regiões Norte e Nordeste.

Além de alguns compactos e dois discos 78 RPM, Ely Camargo gravou cerca de 15 LP's, alguns dos quais foram lançados também em países como África do Sul, Alemanha, Itália e Portugal.


Seus dois Discos 78 RPM foram gravados na Chantecler em 1962 e 1963, tendo no Lado A do disco n° 78-0595 (1962) o arrasta-pé "Santo Antônio Tenha Dó" (Maria do Rosário Veiga Torres) e o samba caipira "Marido Pealado" (Teddy Vieira e Almayara), no Lado B do mesmo disco.

No Lado A do disco nº 78-0660 (1963), a valsa "Tempos Passados" (Zica Bergami) e a moda de viola "Lá Na Venda Lá Na Vendinha" (Lourdes Maia), no Lado B do mesmo Disco.

Ely Camargo também integrou o Conselho da Secretaria Municipal de Cultura de Goiânia e, na Rádio da Universidade Federal de Goiás, ela apresentou os programas "Brasil de Canto a Canto", "Ely Camargo Convida" e "Alma Brasileira".

Em 1973, Ely Camargo lançou pela gravadora Chantecler/Alvorada o LP "Minha Terra" (CALP 8053), o qual foi bastante elogiado pelo crítico José Ramos Tinhorão, no Jornal do Brasil.

Um dos maiores sucessos de Ely Camargo como compositora foi sem dúvida "O Menino e o Circo" (Ely Camargo), composição musical que ficou conhecida nas belíssimas vozes de Cascatinha & Inhana, gravação que está presente na 15ª faixa do CD "Meio Século de Música Sertaneja - Volume 02" da BMG (gravação original RCA Victor).

No final dos anos 90, Ely Camargo passou a trabalhar na Secretária Municipal de Cultura de Goiânia. Seus trabalhos mais recentes foram os CD's "Cantigas do Povo - Água da Fonte", que conta com a participação especial da Banda de Pífanos de Caruaru e de um coral regido por Sérgio Vasconcellos Corrêa, lançado em 1999 pelas Edições Paulinas, além do CD "Lembranças de Goyaz", um disco-tributo que Ely Camargo gravou em 2001 por ocasião do centenário de nascimento de seu pai, e o CD "Ely Camargo e Roberto Corrêa - Canções Brasileiras", lançado em 2009.

No CD "Cantigas do Povo - Água da Fonte", comentado no encarte por Jorge Kaszás e José Ramos Tinhorão, Ely Camargo interpreta Cantos Religiosos, tais como Reisados, Benditos, Cantos Para Pedir Chuva e Incelências, dos Estados de Alagoas, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Ceará, recolhidos e adaptados por Ely Camargo e também pelo Frei Francisco Van Der Poel, OFM. 

No CD "Lembrança de Goyaz", Ely Camargo interpreta 10 belíssimas composições de seu pai Joaquim Edison Camargo que, de acordo com José Mendonça Teles, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, em comentário no encarte do CD:

"... viveu aquela geração romântica da antiga Vila Boa, dos saraus e das retretas, daí os temas apaixonados, e nostálgicos de suas músicas. Lembro-me dele dirigindo os corais do Lyceu e do Instituto de Educação de Goiás: magro, olhos fundos. estatura mediana, cabelos lisos, voz mansa, pausada, disfarçado bigodinho e inteiro na sua grandeza moral. A vida do maestro é toda ela dedicada à música, embora tenha se bacharelado em Direito. Pioneiro de Goiânia, aqui chegou em 1938, quando nasciam as primeiras casas da cidade. Foi o criador da primeira Orquestra Sinfônica de Goiânia. Este CD, comemorativo do centenário de seu nascimento, com 10 canções interpretadas por sua filha Ely Camargo, das quais 7 inéditas, resgata a memória do notável maestro que tanto cantou as belezas da terra goiana."

Gravado mais recentemente, em 2009, o CD "Ely Camargo e Roberto Corrêa - Canções Brasileiras", mixado e masterizado no Zen Studios de Brasília, DF, brinda o apreciador com a belíssima voz de Ely Camargo, acompanhada pelo solo de viola de Roberto Corrêa, com músicas tradicionais do cancioneiro popular, e também de autores conhecidos, cujas obras já caíram em domínio público. Destaque para "Casinha Pequenina" (Tradicional), e "Mostraram-me um Dia" (Gonçalves Crespo), também conhecida pelos títulos "Mucama", "Mestiça" e "Mulata", com poesia de Gonçalves Crespo, intitulada "Canção", escrita em 1870.

Morte

Na segunda-feira, 03/11/2014, um sono profundo silenciou uma das vozes mais importantes do cenário goiano. Ely Carmago, 84 anos, faleceu de causas naturais em seu apartamento. Ely Camargo era diabética, mas faleceu de causas naturais por conta da idade avançada. A cantora ficava sob os cuidados de uma cuidadora e passou mal na madrugada de segunda-feira. Após se recusar a ir para um hospital, Ely Camargo dormiu e não acordou mais.

O corpo de Ely Camargo foi velado no Cemitério Jardim das Palmeiras e o sepultamento aconteceu às 17:00 hs de 04/11/2014 no Cemitério Santana.

Discografia
  • S/D - Gralha Azul (LP)
  • S/D - Danças Folclóricas e Folguedos Populares (LP)
  • S/D - Cantos da Minha Gente (LP)
  • S/D - Cantigas do Povo (LP)
  • S/D - Água da Fonte (LP)
  • 1993 - Cantigas do Povo - Água da Fonte (LP)
  • 1978 - Minha Terra (LP)
  • 1968 - Canção da Guitarra - Músicas de Marcelo Tupinambá (LP)
  • 1964 - Canções da Minha Terra Volume 4 (LP)
  • 1964 - Folclore do Brasil (LP)
  • 1963 - Tempos Passados / Lá na Venda, Lá na Vendinha (78)
  • 1963 - Canções da Minha Terra Volume 3 (LP)
  • 1963 - Canções da Minha Terra. Volume 2 (LP)
  • 1962 - Santo Antônio Tenha Dó / Marido Pelado (78)
  • 1962 - Canções da Minha Terra (LP) • Chantecler • LP

Fonte: Boa Música
Indicação: Miguel Sampaio

Alfredo Balena

ALFREDO BALENA
(68 anos)
Médico, Farmacêutico e Humanista

* Nápoles, Itália (17/11/1881)
+ Belo Horizonte, MG (23/12/1949)

Alfredo Balena foi farmacêutico, médico e humanista ítalo-brasileiro. Foi um dos mais importantes fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

Com a idade de 2 anos ele foi para Ouro Preto, MG, onde passou sua meninice e juventude. Alí estudou as primeiras letras e ensaiou os primeiros passos. Seu ideal era a Medicina. Porém, como frisa o professor Oscar Versiani, não pôde logo estudar em vista da febre amarela que assolava o Rio de Janeiro. Em Ouro Preto mesmo, estudou Farmácia, diplomando-se em 1901.

Amainado o perigo da febre amarela no Rio de Janeiro, foi fazer seu curso médico, tendo-o terminado em 08/05/1907, quando defendeu, de modo brilhante, a tese: "Preservação da Infância contra a Tuberculose".

Em 1908 abriu seu consultório em Belo Horizonte, onde clinicou até a morte.

Alfredo Balena foi médico chefe de serviço da Enfermaria Veiga de Clínica Médica de Mulheres da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte por mais de 40 anos, entre 1908 e 1949. Nesse período, foi também membro do Conselho Médico Consultivo da direção médica da Santa Casa.

Fotografia, sem data precisa, da antiga sede da Faculdade de Medicina, inaugurada em 1914 na Avenida Mantiqueira, atual Avenida Alfredo Balena
Foi fundador, juntamente com outros 11 médicos, da atual Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais em 1911, àquela época denominada simplesmente de Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Foi importante integrante da comissão dos trabalhos para a criação da Universidade de Minas Gerais (UMG), atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), criada em 07/09/1927. Foi diretor da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte por quase 20 anos, 1927-1933 e 1935-1949, com interrupção forçada de dois anos, de março de 1933 a junho de 1935, pois foi obrigado a deixar o cargo, italiano que era de origem, sob a alegação de não ser permitido o exercício de cargos de direção pública a não-brasileiros natos. Nesse período, assumiu a direção o seu vice-diretor, professor Antônio Aleixo, de março de 1933 a maio de 1934, catedrático de Dermatologia e Sifilografia.

Ao ser restabelecida a autonomia da Universidade de Minas Gerais, que fora cassada por Getúlio Vargas, assumiu a direção o professor Olinto Meireles, de maio de 1934 a junho de 1935, catedrático de Farmacologia.

Em 1935, com a nova lei que estabelecia normas para a eleição de diretores e cancelava a exigência anterior que qualquer dirigente fosse brasileiro nato, Olinto Meireles considera terminado o seu mandato.

Com a eleição e recondução de Alfredo BalenaOlinto Meireles é escolhido vice-diretor. Foram ainda vice-diretores de Alfredo Balena, em mandatos seguintes, os professores João de Melo Teixeira e Luís Adelmo Lodi.

Em 1946 foi aprovado o plano de obras de construção do novo hospital, o Hospital São Vicente de Paulo, anexo à Faculdade de Medicina, hospital-escola para os estudantes de medicina, hoje chamado Hospital das Clínicas de Belo Horizonte.

Durante o mandato de Alfredo Balena ocorreu a federalização da Universidade, cujo empenho na comissão dos trabalhos para a federalização da Faculdade de Medicina, ocorrida em 1949, foi de extrema importância.

Calçamento da Avenida Professor Alfredo Balena em Belo Horizonte, MG
Alfredo Balena presidiu a Associação Medico-Cirúrgica de Minas Gerais em 1916, de 1921 a 1927 e 1935, e o Sindicato Médico de Minas Gerais. Foi membro do Instituto Histórico de Ouro Preto, membro honorário da Academia Paulista de Medicina, membro honorário da Academia de Ciências Psicoquímicas de Palermo, na Sicília, membro correspondente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, membro correspondente da Sociedade de Neuriatria e Psychiatria do Rio de Janeiro. Participou do Conselho Científico da Revista Médica de Minas na área de Clínica Médica, sob a direção científica do professor Lopes Rodrigues catedrático de Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina de Minas Gerais e docente da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. É o patrono da cadeira nº 57, Medicina Interna - Clínica Médica, da Academia Mineira de Medicina.

Na Faculdade de Medicina, foi professor de Fisiologia, Patologia Geral, Propedêutica Médica, Neurologia, Psiquiatria e catedrático de Clínica Médica. Era participante da comissão de redação da Revista Annaes da Faculdade de Medicina da UMG, colaborador efetivo da Revista Mineira de Medicina, órgão oficial da Associação Médico Cirúrgica de Minas Gerais, da Associação Mineira dos Farmacêuticos e da Sociedade Mineira de Odontologia.

Em 1944, convidou seu amigo e compatriota Luigi Bogliolo, residente àquela época no Rio de Janeiro, onde era professor catedrático de Clínica Médica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na época simplesmente Universidade do Brasil, para se tornar professor catedrático de Anatomia e Fisiologia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Pouco mais de um ano após a chegada de Luigi Bogliolo a Belo Horizonte, terminava a Segunda Guerra Mundial.

O espírito liberal e conciliador de Alfredo Balena poderia ser demonstrado pela citação de diversos episódios, um deles envolvendo o então diretor da Faculdade de Medicina e o então estudante Hélio Pellegrino, formado em 1947. Em seu livro "A Burrice do Demônio", publicado logo após sua morte, o escritor, poeta e psicanalista Hélio Pellegrino cita a seguinte passagem:

"Outro dia, remexendo velhos papéis, encontrei cópia de uma carta por mim endereçada ao professor Alfredo Balena, na época diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. O documento traz a data de 7 de maio de 1946 e se destina a solicitar, do mestre venerado, ajuda da Escola para a publicação do jornal Geração, órgão da União Estadual dos Estudantes. Tinha eu, naquele tempo, 22 anos e - conforme convém à juventude - nutrida prosápia. Como redator-chefe do jornal, avisava ao professor Balena, 'por dever de lealdade', que as subvenções 'seriam levadas em conta de compreensão e estímulo aos ideais da mocidade, sem que nelas se configurasse qualquer espécie de compromisso'. Além do mais, era dito, na carta, com todas as letras, que o quinzenário da União Estudantil dos Estudantes teria 'nítida tendência socialista', dispondo-se a dizer a verdade duramente, 'na certeza de ser esta a única forma de fidelidade aos interesses do povo e da classe estudantil'.
Veio a subvenção, veio o primeiro número do jornal, com suas duras verdades. Na página de rosto, Wilson Figueiredo, hoje jornalista ilustre, me estrevista a propósito da vida, do amor, da morte - e da política. Tenho guardado esse número inaugural de Geração, salvo por acaso dos roazes ácidos do tempo."

Alfredo Balena faleceu em 23/12/1949, dias após do decreto que federalizava a Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais (UMG), outro velho sonho seu, para cuja concretização lutou obstinadamente. Morreu após quatro anos de terrível sofrimento, durante os quais conviveu estoicamente com repetidas crises de angor pectoris.

Pela grande proximidade e envolvimento com os alunos da Faculdade, foi conferido, após seu falecimento, ao órgão de representação dos alunos o nome de Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Entre outras homenagens em reconhecimento aos serviços prestados à terra adotiva, seu nome foi dado à antiga Avenida Mantiqueira, hoje Avenida Alfredo Balena, onde situa, ainda hoje, a Faculdade que ajudou a criar e que tanto amou.

Obras

  • "Álbum Médico de Bello Horizonte - História da Santa Casa de Misericórdia de Bello Horizonte", 1912, constante na Biblioteca Pública Luís de Bessa de Belo Horizonte.
  • "Anatomia Patológica", oferta do Diretório Acadêmico Alfredo Balena - DAAB à Biblioteca J. Baeta Vianna, em 24 de março de 1969 - diretoria 68/69.
  • Oscar Caldeira Versiani reuniu seus trabalhos em três volumes intitulados "Obras do Professor Alfredo Balena", constantes da Biblioteca J. Baeta Vianna da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
  • Biblioteca de livros de Medicina e Biblioteca de livros de Literatura, doados à Faculdade de Medicina, como consta do seu inventário.

Trabalhos Científicos

  • Tese de doutoramento sobre "Preservação da Infância Contra a Tuberculose", aprovada com distinção, apresentada na conclusão do Curso de Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro da Universidade do Brasil - 1907.
  • "Diagnóstico Precoce da Tuberculose Pulmonar", Memória apresentada no VI Congresso de Medicina e Cirurgia - 1911.
  • "Bradicardias Gripais", Memória apresentada ao VIII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia - 1918.
  • "Syndrome de Adams-Stokes Post Grippaes" em Archivos Brasileiros de Medicina - 1919.
  • "Tratamento da Choréa de Sydenham Pelas Injecções Intra-racheanas de Electrargol", Memória apresentada no I Congresso Brasileiro da Criança - 1922.
  • "Epilepsia Endócrina" em Jornal dos Clínicos - 1926.
  • "Novo Processo Terapêutico da Coréia de Sydenham" - Leuzinger - 1926 - Rio de Janeiro.
  • "Superioridade Intellectual e Desequilibrios Endócrinos", Brasil Médico - 1927.
  • "Desordens do Rithmo Cardíaco na Ancylostomiose", Memória apresentada no X Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia - 1929.
  • "Desordens Reflexas do Ritmo Cardíaco na Uncinariose" - 1929.
  • "Derrames Pleurais nos Cardíacos" - 1930.
  • "Giardiose Biliar", Brasil Médico - 1934.
  • "Estudo Clínico da Giardiose Humana" - Memória apresentada no VI Congresso Médico Pan-Americano - 1935.
  • "Esplenomegalia Esquisotossomótica" - 1935.
  • "Insuficiência Cardíaca Incipiente" - 1935.
  • "A Giardiose e Sua Terapêutica" - 1938 e 1939.
  • "Vitamina A e a Resistência a Tuberculose Pulmonar" - 1940.
  • "Da Síndrome Gastro-Cardíaca de Roemheld" - 1946.
  • Diversas lições clínicas publicadas em várias revistas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.


Fonte: Wikipédia

Cândido Fontoura

CÂNDIDO FONTOURA SILVEIRA
(88 anos)
Farmacêutico e Empresário

* Bragança Paulista, SP (14/05/1885)
+ São Paulo, SP (05/03/1974)

Cândido Fontoura Silveira foi um farmacêutico e empresário brasileiro. Fundou o Instituto Medicamento Fontoura em 1915 e, posteriormente, as Indústrias Farmacêuticas Fontoura-Wyeth dedicada à produção de penicilina, inseticidas, entre eles o célebre Detefon, entre outros.

Em sua homenagem foi batizado o Hospital Infantil Cândido Fontoura localizado no bairro da Mooca, na cidade de São Paulo.

A biografia de Cândido Fontoura contém registros emocionantes, que relatam de forma clara e precisa seus ideais, compromissos éticos, vocação empresarial e educacional, além de sua liderança e atuação nas entidades associativas e da categoria empresarial, no início do período conhecido como a época dourada das descobertas.

Quem foi? O inventor do famoso Biotônico Fontoura foi o farmacêutico bragantino chamado Cândido Fontoura. Conhecido simplesmente como "Tio Candinho", ele se formou, em 1905, pela Escola de Farmácia, Odontologia e Obstetrícia de São Paulo, depois incorporada pela Universidade de São Paulo (USP).

O médico Orlando Parahym e Cândido Fontoura
Em 1910, Drº Cândido Fontoura deixou Bragança Paulista para estabelecer-se na Capital paulista, onde montaria o Laboratório Fontoura & Serpe para a produção deste produto. Após formar-se em São Paulo, retornou a Bragança Paulista e com demais colegas sentiu a falta de uma sociedade esportiva de futebol nesta cidade para que os jovens da época pudessem exercitar o corpo.

Em 02/08/1908 o Jornal Cidade de Bragança estampou pela primeira vez em suas páginas uma notícia vinculada ao futebol. Em 06/08/1908 foi realizado o I Match Training do Sport Club, primeiro time bragantino de futebol na várzea do Lavapés.

Cândido Fontoura era um dos 18 jogadores em campo, cumpre notar que não é de regra jogar com times formados por nove jogadores, mas como o futebol está principiando e para não arrefecer o entusiasmo dos novos futebolistas, o árbitro assim determinou, de acordo comum com os capitães dos times.

A nova sociedade esportiva foi constituída por mais de 50 sócios entre eles o farmacêutico Ernesto de Almeida, major Ernesto Assis, Drº Alfredo Teixeira, Drº Simião Stytila Jr., Francisco Martins Ferreira eleito presidente e o então ainda não famoso Drº Cândido Fontoura.

O Sport Club teve vida curta, porém um dos mais ilustres bragantinos fez parte da história do nascimento do futebol em Bragança Paulista: o Drº Cândido Fontoura.

Biotônico Fontoura

Desde meados dos anos 90, o Biotônico Fontoura havia se tornado marca do portfólio da DM Farmacêutica, que posteriormente foi vendida ao Hypermarcas que ainda produz e comercializa o produto no Brasil.

No ano de 2010 o Biotônico Fontoura completou 100 anos e entrou para a lista de medicamentos mais antigos ainda em circulação no Brasil.

O slogan do produto era "Ferro Para o Sangue e Fósforo Para os Músculos e Nervos" e seu jingle era "Bê, á, bá. Bê, e, bé. Bê, i, Bi... otônico Fontoura!", composto em 1978.

Cândido Fontoura, em 1910, fundou em São Paulo uma fábrica para a produção de um fortificante que havia criado para o tratamento de sua esposa que estava com a saúde fragilizada. Queria um produto com qualidades semelhantes ao Elixir Nogueira ou a Emulsão Scott, seus concorrentes. O nome Biotônico Fontoura foi dado por Monteiro Lobato famoso escritor e amigo profissional do farmacêutico Cândido Fontoura. Ambos trabalhavam no jornal O Estado de S. PauloMonteiro Lobato sentia-se muito cansado quando Cândido Fontoura indicou o medicamento ao amigo e este sentiu-se mais animado.


Posteriormente foi criado o "Almanaque Fontoura" que trouxe o personagem de Monteiro Lobato, o Jeca Tatuzinho, baseado no Jeca Tatu que o autor criara na literatura. O almanaque divulgava o laboratório e pregava uma campanha contra a ancilostomose.

Durante a vigência da Lei Seca, o Biotônico Fontoura foi exportado para os Estados Unidos. Como se tratava de um produto medicinal, sua comercialização e consumo eram liberados. Ainda que muitos o considerem superestimado, Cândido Fontoura contava que ganhou muito dinheiro com o negócio. Não há registros da quantidade exportada.

Sua fórmula original continha 19,5% de álcool etílico e em 2001 a Anvisa proibiu álcool em formulações destinadas às crianças. Nesta época o produto continha 9,5% de álcool etílico.

A fórmula atual contém: extrato glicólico de Aloe Perryi, Commiphora Myrrha, Myristica Fragans e Cinnamomum Zeylanicon, além de Sulfato Ferroso heptahidratado e Ácido Fosfórico.

Almanaque Fontoura

Almanaque do Biotônico Fontoura, popularmente conhecido apenas por Almanaque Fontoura, foi uma revista anual de divulgação publicitária do Biotônico Fontoura, distribuído gratuitamente como brinde pelas farmácias do país, de conteúdo recreativo e informativo de curiosidades.

Editado e ilustrado por Monteiro Lobato, o Almanaque Fontoura teve a sua primeira publicação em 1920, numa tiragem de cinquenta mil exemplares.

A sua tiragem foi crescendo a ponto de entre as décadas de 1930 a 1970 terem sido distribuídos entre 2,5 a 3 milhões de almanaques. No ano de 1982 sua tiragem foi de cem milhões de exemplares.

O Almanaque trazia um conteúdo variado, como horóscopo, dias bons para a pesca (fases da lua), passatempos e até história em quadrinhos, como a que retratava o personagem lobatiana Jeca Tatuzinho, baseada em sua criação, Jeca Tatu.

"O tempo não cessa de correr. Os anos se sucedem, 1943 já lá se foi. Estamos em 1944, e mais uma vez aparece o Almanaque do Biotônico, por intermédio do qual o Instituto Medicamenta, de São Paulo, deseja aos seus amigos todas as venturas e a maior prosperidade. E como a base da vida é a saúde, aconselho aos leitores o uso do fortificante que dá saúde, força, vigor..."

(Almanaque Fontoura, 1944)

Fonte: Wikipédia e Arquivo BDJ
Indicação: Simone Cristina Firmino

Bertha Homem de Mello

BERTHA CELESTE HOMEM DE MELLO
(97 anos)
Farmacêutica, Poetisa e Professora

* Pindamonhangaba, SP (21/03/1902)
+ Jacareí, SP (16/08/1999)

Foi uma poetisa, farmacêutica e professora, autora da letra em português da canção "Parabéns a Você", comumente cantada nos aniversários.

Única filha de casal de fazendeiros de Pindamonhangaba, Bertha formou-se em Farmácia. Casou-se e teve uma única filha, Lorice.

Tinha 40 anos de idade quando participou, junto a outros cinco mil candidatos, do concurso para a escolha da letra de Parabéns a Você, que compôs em apenas cinco minutos. Além deste concurso, que venceu usando o pseudônimo de Léa Guimarães, participava de diversos outros que ouvia pelo rádio, sendo vencedora diversas vezes - como na quadra feita para escolha do jingle de uma cera de polimento de pisos, que dizia: "Vou lhe contar um segredo / Que todos sabem de cor / Dá lustro até num rochedo / A supercera Record".

Dotourou-se em Letras, escrevendo poemas que foram mais tarde publicados no livro Devaneios. Aos 54 anos mudou-se para a cidade de Jacareí, onde lecionou por mais de 40 anos e em 12 de setembro de 1998 recebeu o título de cidadã honorária, mesmo data em que lançou seu livro. Além da canção mais conhecida, uma outra, intitulada Arraiá, foi gravada pelo cantor Rolando Boldrin.

Declarava ter se emocionado em várias ocasiões em que sua letra foi entoada, especialmente durante a festa do quarto centenário da cidade de São Paulo e durante visita do Papa João Paulo II em 1980, na cidade de Aparecida.

O Concurso

Em 1942, o compositor Almirante, insatisfeito com o fato de no Brasil a canção de aniversário ser cantada em inglês, idealizou um concurso na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, para a criação em português da canção norte-americana Happy Birthday To You.

A escolha da canção vencedora coube à Academia Brasileira de Letras, com os Imortais Olegário Mariano, Cassiano Ricardo e Múcio Leão.

A canção de Bertha foi a vencedora por dois motivos principais: foi uma das únicas que trazia cada verso diferente (a maioria repetia a mesma frase) e pela beleza.

A letra original de Parabéns a Você:

"Parabéns a você,
nesta data querida,
muita felicidade,
muitos anos de vida."

Sobre ela, diversas vezes, a autora se irritava com os erros comumente cometidos pelas pessoas, que costumam entoar os versos como "parabéns pra você / nessa data querida / muitas felicidades..." Sobre os erros grifados ela acentuava que não era "pra você", e sim "a você"; "nesta data" e nunca "nessa" e, finalmente, o terceiro erro, repetia que "a felicidade é uma só" - singular e não plural.

Direitos Autorais

A compositora, apesar de ter direitos autorais pela execução da popular canção, nunca recebeu os valores devidos pela sua composição - que no Brasil equivalem a 8,3 por cento do montante arrecadado, sendo a música mais executada no país. Outros 8,3% são devidos ao compositor Jorge de Mello Gambier, que compusera em 1978 outra estrofe, e o restante aos detentores dos direitos da música, representados pela gravadora Warner.

Faleceu na  cidade de Jacareí aos 97 anos, vítima de Pneumonia.

No ano de 2009 a filha e herdeira de Bertha, Lorice, ingressou com uma ação a fim de receber os pagamentos que lhe são devidos.

Fonte: Wikipédia

José do Patrocínio

JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO
(51 anos)
Farmacêutico, Jornalista, Escritor, Orador, Abolicionista e Ativista Político

☼ Campos dos Goytacazes, RJ (09/10/1853)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/01/1905)

José do Patrocínio destacou-se como uma das figuras mais importantes dos Movimentos Abolicionistas e Republicano no país. Foi também idealizador da Guarda Negra, que era formado por negros e ex-escravos para defender a Monarquia e o Regime Imperial.

Filho de João Carlos Monteiro, vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro de reputação na Capela Imperial, com Justina do Espírito Santo, uma jovem escrava de quinze anos, cedida ao serviço do Cônego por Dona Emerenciana Ribeiro do Espírito Santo, proprietária da região.

Embora sem reconhecer a paternidade, o religioso encaminhou o menino para a sua fazenda na Lagoa de Cima, onde José do Patrocínio passou a infância como liberto, porém convivendo com os escravos e com os rígidos castigos que lhes eram impostos.

Aos 14 anos de idade, tendo completado a sua educação primária, pediu, e obteve do pai, autorização para ir para o Rio de Janeiro. Encontrou trabalho como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia (1868), empregando-se posteriormente na casa de saúde do Drº Batista Santos. Atraído pelo combate à doença, retomou, às próprias expensas, os estudos no externato de João Pedro de Aquino, prestando os exames preparatórios para o curso de Farmácia.

Aprovado, ingressou na Faculdade de Medicina como aluno de Farmácia, concluindo o curso em 1874. Nesse momento, desfazendo-se a república de estudantes com que convivia, José do Patrocínio viu-se na iminência de precisar alugar moradia, sem dispor de recursos para tal. Um amigo, antigo colega do externato de João Pedro de Aquino, João Rodrigues Pacheco Vilanova, convidou-o a morar no tradicional bairro de São Cristóvão, na casa da mãe, então casada em segundas núpcias com o capitão Emiliano Rosa Sena, abastado proprietário de terras e imóveis.

Para que José do Patrocínio pudesse aceitar sem constrangimento a hospedagem que lhe era oferecida, o capitão Emiliano Rosa Sena propôs-lhe que, como pagamento, lecionaria aos seus filhos. José do Patrocínio aceitou e, desde então, passou também a frequentar o Clube Republicano que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiuva, Lopes Trovão, Pardal Mallet, dentre outros.

Não tardou que José do Patrocínio se apaixonasse por Maria Henriqueta, uma das filhas do militar, sendo também por ela correspondido. Quando informado do romance de ambos, o capitão Emiliano Rosa Sena sentiu-se ofendido a princípio, porém vindo, após o matrimônio, em 1879, a auxiliar José do Patrocínio em diversas ocasiões.

Nessa época, José do Patrocínio iniciou a carreira de jornalista em parceria com Dermeval da Fonseca, publicando o quinzenário satírico Os Ferrões, que circulou de 01/06/1875 a 15/10/1875, no total de dez números. Os dois colaboradores se assinavam com os pseudônimos Notus Ferrão (José do Patrocínio) e Eurus Ferrão (Dermeval da Fonseca).

Dois anos depois (1877), admitido na Gazeta de Notícias como redator, foi encarregado da coluna Semana Parlamentar, que assinava com o pseudônimo de Prudhome. Foi neste espaço que, em 1879, iniciou a campanha pela Abolição da Escravatura no Brasil.

Em torno de si formou-se um grupo de jornalistas e de oradores, entre os quais Ferreira de Meneses, proprietário da Gazeta da Tarde, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Fernandes Sampaio, Francisco de Paula Ney, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, José do Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos da associação.

Fundou, em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão. Com o falecimento de Ferreira de Meneses, em 1881, com recursos obtidos junto ao sogro, adquiriu a Gazeta da Tarde, assumindo-lhe a direção.

Em Maio de 1883, articulou a Confederação Abolicionista, congregando todos os clubes abolicionistas do país, cujo manifesto redigiu e assinou, juntamente com André Rebouças e Aristides Lobo. Nesta fase, José do Patrocínio não se limitou a escrever, também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública, etc.

Em 1882, a convite de Francisco de Paula Ney, José do Patrocínio visitou a província do Ceará, onde foi recebido em triunfo. Essa província seria pioneira no Brasil ao decretar a abolição já em 1884.

Em 1885, visitou sua cidade natal, Campos dos Goytacazes, sendo também recebido em triunfo. De volta ao Rio de Janeiro, trouxe a mãe, idosa e doente, que viria a falecer no final desse mesmo ano. O sepultamento transformou-se em um ato político em favor da abolição, tendo comparecido personalidades como as do ministro Rodolfo Dantas, o jurista Ruy Barbosa e os futuros presidentes Campos Sales e Prudente de Moraes.

Em 1886, iniciou-se na política, sendo eleito vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com votação maciça.

Em setembro de 1887, abandonou a Gazeta da Tarde para fundar e dirigir um novo periódico: A Cidade do Rio. À frente deste periódico, intensificou a sua atuação política. Aqui, fizeram escola alguns dos melhores nomes do jornalismo brasileiro da época, reunidos e incentivados pelo próprio José do Patrocínio. Foi nele que José do Patrocínio saudou, após uma década de intensa militância, a 13/05/1888, o advento da Abolição.

Obtida a vitória na campanha abolicionista, as atenções da opinião pública se voltaram para a campanha republicana. Por ironia do destino, o A Cidade do Rio e a própria figura de José do Patrocínio passam a ser identificados pela opinião pública como defensores da monarquia em crise. Nessa fase, José do Patrocínio, rotulado como um Isabelista, foi apontado como um dos mentores da chamada Guarda Negra, um grupo de ex-escravos que agia com violência contra os comícios republicanos.

Após a Proclamação da República, em 1889, entrou em conflito em 1892 com o governo do marechal Floriano Peixoto, pelo que foi detido e deportado para Cucuí, no alto Rio Negro, no Estado do Amazonas.

Retornou discretamente ao Rio de Janeiro em 1893, mas com o Estado de Sítio ainda em vigor, a publicação do A Cidade do Rio continuou suspensa. Sem fonte de renda, José do Patrocínio foi residir no subúrbio de Inhaúma.

Nos anos seguintes, a sua participação política foi inexpressiva, concentrando-se a sua atenção no moderno invento da aviação. Iniciou a construção de um dirigível de 45 metros, o Santa Cruz, com o sonho de voar, jamais concluído. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lyrico Fluminense, quando discursava saudando o inventor, foi acometido de uma Hemoptise, sintoma da Tuberculose que o vitimou.

José do Patrocínio faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade, aquele que é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da abolição.

Representações na Cultura

José do Patrocínio já foi retratado como personagem na televisão, interpretado por Antonio Pitanga na novela "Sangue do Meu Sangue" (1969) e por Kadu Karneiro no remake "Sangue do Meu Sangue" (1995), Valter Santos na minissérie "Abolição" (1988) e Maurício Gonçalves na minissérie "Chiquinha Gonzaga" (1999).

Obras


  • 1875 - Os Ferrões (Quinzenário Satírico)
  • 1877 - Mota Coqueiro ou A Pena de Morte (Romance)
  • 1879 - Os Retirantes (Romance)
  • 1883 - Manifesto da Confederação Abolicionista
  • 1884 - Pedro Espanhol (Romance)
  • 1885 - Conferência Pública em sessão da Confederação Abolicionista
  • ------ - Associação Central Emancipadora (8 boletins)

Pseudônimos

Em artigos nos periódicos da época, José do Patrocínio usou os pseudônimos de:


  • Justino Monteiro ("A Notícia", 1905)
  • "Notus Ferrão" ("Os Ferrões", 1875)
  • "Prudhome" ("A Gazeta de Notícias", "A Cidade do Rio")

Fonte: Wikipédia

Alberto de Oliveira

ANTÔNIO MARIANO ALBERTO DE OLIVEIRA
(79 anos)
Poeta, Professor e Farmacêutico

☼ Saquarema, RJ (28/04/1857)
┼ Niterói, RJ (19/01/1937)

Mais conhecido pelo pseudônimo Alberto de Oliveira, foi um poeta, professor e farmacêutico. Figura como líder do Parnasianismo brasileiro, na famosa tríade Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

Foi Secretário Estadual de Educação, membro honorário da Academia de Ciências de Lisboa e imortal fundador da Academia Brasileira de Letras. Adotou o nome literário Alberto de Oliveira no livro de estréia, após várias modificações dispersas nos jornais.

Seu pai, mestre-de-obras, transferiu residência para o município de Itaboraí, onde construiu o teatro. De origem humilde, Antônio foi, seguindo o irmão mais velho, à capital da província, trabalhar como modesto vendedor. Ambos moravam num barracão aos fundos da casa comercial do Srº Pinto Moreira, em Niterói, vizinhos do pintor Antônio Parreiras, ainda anônimo, com 17 anos.

Diplomou-se em Magistério e Farmácia, cursando Medicina, vindo a conhecer Olavo Bilac, até o terceiro ano, mediante grande esforço pessoal, o que lhe rendeu emprego na Drogaria do "Velho Granado". Também abriu um colégio em Niterói.

Após a glória literária, destacou-se na política como Oficial de Gabinete do primeiro presidente de Estado do Rio de Janeiro eleito, José Tomás da Porciúncula, do Partido Republicano Fluminense (PRF), marcadamente prudentista (Democrático) e anti-florianista (Antitotalitário), com a pasta de Diretor Geral da Instrução Pública do Rio de Janeiro, equivalente ao atual Secretário de Estado de Educação.

Durante a transferência da capital do estado de Niterói para Petrópolis, em 1894, devido às insurreições e revoltas pró e contra a Proclamação da República, permaneceu na Cidade Imperial Serrana, já que a excelência de seu trabalho o manteve no cargo durante o mandato de Joaquim Maurício de Abreu.

Foi professor de português e literatura no Colégio Pio-Americano, em 1905, e na Escola Dramática e Escola Normal, em 1914, dirigida por Coelho Neto.

Participou da famosa Batalha do Parnaso, ocorrida no Diário do Rio de Janeiro entre 1878 e 1881 contra o ultra-romantismo piegas e já desgastado, junto com Teófilo Dias, Artur Azevedo e Valentim Magalhães, resgatando as origens do Romantismo dialogadas com aqueles novos tempos.

Reunidos em torno de Artur de Oliveira num café da Rua do Ouvidor, eram integrantes da vanguarda Idéia Nova, ao lado de Fontoura Xavier, Carvalho Jr. e Affonso Celso Jr., que lhe prefaciou o "Livro de Ema", deslocado da 1ª para a 2ª série das poesias.

Inspirados na Arte Moderna da França, feita por Théophile Gautier, Théodore de Banville, Charles Baudelaire e Leconte de Lisle, os "Tetrarcas" do Parnasianismo, e, secundariamente, em Sully Prudhome e José-Maria de Heredia, fizeram todos a maior revolução na poesia brasileira até então, importantíssima para a consolidação da Modernidade do Brasil, no tocante à literatura, a partir da eleição do novo como valor e da ruptura como sistema, tradição.

Envolveu-se com os fundadores da inovadora Gazeta de Notícias, Manuel Carneiro e Ferreira de Araújo, publicando poemas posteriormente reunidos no livro "Canções Românticas", prefácio de Teófilo Dias, em 1878, e conhecendo neste jornal o amigo Machado de Assis, que o citou no famoso artigo "A Nova Geração", na Revista Brasileira, em 1879, bem como lhe prefaciou "Meridionais", em 1884, ainda financiadas pelo jornal, livro-chave para a Idéia Nova da Nova Geração, só mais tarde referida conceitualmente, rotulada ou esquematizada como Estilo Parnasiano.

Decorrido apenas um ano, publicou, sob encomenda dos leitores, "Sonetos e Poemas" (1885), consagrando-se junto ao público, o que lhe rendeu um prefácio de T. A. Araripe Jr. ao livro seguinte, "Versos e Rimas" (1895), títulos talvez alusivos a "Sonetos e Rimas" (1880), de Luís Guimarães Jr., também Jovem Poeta, como eram conhecidos esses revolucionários em prol da poesia autêntica sem os clichês românticos.

Depois de quatro livros publicados, foi convidado por Machado de Assis para a fundação da Academia Brasileira de Letras em 1897, ocasião em que se vê a longevidade do convívio entre o romancista e o poeta.

Com Raimundo CorreiaOlavo Bilac, formou a tríade mais representativa da Idéia Nova da Nova Geração, hoje chamado Parnasianismo, reunida em sua casa no bairro Barreto em Niterói, e depois no seu famoso Solar da Engenhoca, situado na mesma cidade, ou no bairro Neves, São Gonçalo, residência anterior.

Impecável na métrica e correto na forma, sofre uma vaia que parece ainda ecoar desde a Semana de Arte Moderna de 1922, na voz de críticos literários fiéis à idéia Modernista.

Mário de Andrade, rancoroso pela rejeição dos parnasianos ao seu livro parnasiano "Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema" (1917), se empenha em retaliar o velho estilo, cuja principal vítima era o poeta de Saquarema, como se vê nos ensaios "Mestres do Passado", publicados no Jornal do Commercio em 1921 e na "Carta Aberta a Alberto de Oliveira", publicada na Revista Estética nº 3, em 1925.

Nos últimos anos de sua vida, proferiu conferência "O Culto da Forma na Poesia Brasileira" (1913, Biblioteca Nacional; 1915, São Paulo) e ainda foi homenageado pelo Jornal do Commercio (1917). No mesmo ano, recebeu Goulart de Andrade na Academia Brasileira de Letras.

Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, pelo concurso da revista Fon-Fon, em 1924, título desocupado desde a morte de seu discípulo e amigo Olavo Bilac, falecido em 28/12/1918.

Em 1935, prestigiou o Cenáculo Fluminense de História e Letras, com sua gloriosa presença. Sem dúvida, o poeta-professor foi Andarilho Fluminense, semeando lirismo e educação em todos os lugares por que passou: Saquarema, Rio Bonito, Itaboraí, Niterói, São Gonçalo, Petrópolis, Campos e Rio de Janeiro, no seu Estado natal, além de Araxá, São Paulo e Curitiba.

Seus incontáveis versos falam da pujança da natureza fluminense e dos encantos da mulher brasileira, ambas freqüentemente evocadas pela memória. Os temas da Grécia Antiga, que caracterizam o Parnasianismo de moldes franceses, formam uma pequena minoria da obra, em torno de 10%.

Vê-se sua herma no Jardim do Russel, no Rio de Janeiro, obra do escultor Petrus Verdier, ou na sede histórica da Prefeitura Municipal de Niterói, no jardim de entrada, obra do escultor H. Peçanha.

Fonte: Wikipédia