Mostrando postagens com marcador Figura Folclórica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Figura Folclórica. Mostrar todas as postagens

Dona Canô

CLAUDIONOR VIANA TELES VELOSO
(105 anos)
Cidadã Baiana Centenária

* Santo Amaro da Purificação, BA (16/09/1907)
+ Santo Amaro da Purificação, BA (25/12/2012)

Claudionor Viana Teles Veloso, mais conhecida como Dona Canô, era uma cidadã baiana centenária. Mãe de seis filhos, entre eles os músicos Caetano Veloso e Maria Bethânia. É viúva de José Teles Veloso, Seu Zeca, funcionário público dos Correios e Telégrafos, falecido em 13 de dezembro de 1983, aos 82 anos.

Considerada uma das mais ilustres cidadãs de Santo Amaro da Purificação, teve publicadas suas memórias no livro "Canô Veloso, Lembranças Do Saber Viver", escrito pelo historiador Antônio Guerreiro de Freitas e por Arthur Assis Gonçalves da Silva, falecido antes do término da obra.

Dona Canô organizava periodicamente Terno de Reis na cidade.

Dona Canô e Lula

Em 2009, Caetano Veloso, em entrevista a O Estado de São Paulo ao qual declara seu apoio à candidatura de Marina Silva, disse:

"Não posso deixar de votar nela. É por demais forte, simbolicamente, para eu não me abalar. Marina é Lula e é Obama ao mesmo tempo. Ela é meio preta, é cabocla, é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem."
(Caetano Veloso, O Estado de São Paulo)

Esta frase em especial causou grande repercussão, chegando a fazer com que Dona Canô quisesse ligar para o presidente Lula para pedir desculpas por Caetano Veloso.

"Lula não merece isso. Quero muito bem a ele. Foi uma ofensa sem necessidade. Caetano não tinha que dizer aquilo. Vota em Lula se quiser, não precisa ofender nem procurar confusão."
(Dona Canô)

A polêmica praticamente se encerrou após Lula ligar pessoalmente para Dona Canô e perdoar Caetano Veloso.

"Não fique chateada, preocupada, porque gosto muito da senhora e gosto do Caetano também. Está tudo bem, essas coisas acontecem."
(Presidente Lula)

Sobre a Fama

Dona Canô também era cantora, e fez grandes cantos religiosos. Apareceu em alguns vídeos na internet, cantando com os filhos.

Quando perguntada sobre a própria fama, Dona Canô diz que não entende a razão:

"Apenas fiquei conhecida por causa de meus dois filhos que nunca se esqueceram de onde vieram nem da mãe que têm."
(Dona Canô)

Celebração

No dia 16 de setembro 2012 a cidade de Santo Amaro recebeu mais uma vez a celebração pelo aniversário da matriarca dos Veloso que completou 105 anos em 2012.

O aniversário de Dona Canô foi festejado com uma missa na Igreja da Purificação seguida de uma festa na casa da família, que este ano foi restrita para os mais íntimos.

Saúde

Em 07/07/2011, Dona Canô foi hospitalizada com dores abdominais e falta de ar. Durante o período de uma semana, os boletins médicos do hospital, assinados pelo médico pneumologista Guilherme Montal e pelo cirurgião Paulo Amaral, assinalavam que a paciente respirava sem ajuda de aparelhos e estava lúcida.

Morte

Claudionor Viana Teles Veloso, mais conhecida como Dona Canô, morreu aos 105 anos, na terça-feira, 25/12/2012, em sua residência localizada na cidade de Santo Amaro da Purificação. Dona Canô esteva internada por seis dias, recebendo alta do Hospital São Rafael, em Salvador, na sexta-feira, 21/12/2012. Ela tinha sofrido um ataque isquêmico cerebral, que gera redução do fluxo de sangue nas artérias do cérebro, segundo informou o boletim médico.

De acordo com informações de Edson Nascimento, amigo da família, Dona Canô pediu um vestido novo e branco para deixar o hospital. Foi com ele que ela foi vestida para a cidade, acompanhada da filha Mabel. Maria Bethânia acompanhou a transferência da mãe.

Antes da alta, seu quadro neurológico era considerado agudo, mas ela seguia consciente e respirava sem ajuda de aparelhos.

Dona Canô era considerada uma das mais ilustres cidadãs de Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Teve suas memórias publicadas no livro "Canô Velloso, Lembranças do Saber Viver", de Antônio Guerreiro de Freitas e Arthur Assis Gonçalves.

Fonte: Wikipédia, A Tarde e G1
Indicação: Pedro Lex  

Madame Satã

JOÃO FRANCISCO DOS SANTOS SANT'ANNA
(76 anos)
Transexual, Bandido e Figura Folcórica

☼ Glória do Goitá, PE (25/02/1900)
┼ Rio de Janeiro, RJ (11/04/1976)

João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista, visto como personagem emblemático da vida noturna e marginal carioca na primeira metade do século XX.

Filho de Manoel Francisco dos Santos e Firmina Teresa da Conceição, criado numa família de dezessete irmãos, diz-se que João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua.

Jovem, foi para o Recife, onde viveu de pequenos serviços prestados. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas, embora houvesse o boato de que foi cozinheiro de mão-cheia. Considerado marginalizado, acredita-se que o fato de ter sido negro, pobre e homossexual tenha contribuído.


Dito dotado de uma índole irônica e extrovertida, João Francisco encantou-se pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille.

Era frequentador assíduo do bairro onde morava, conhecido como reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930, onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou agressão.

Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao Presídio da Ilha Grande, agora em ruínas. Freqüentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Considerado exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.

É considerado uma referência na cultura marginal urbana do século XX.

Em 1971, concedeu uma polêmica entrevista ao jornal O Pasquim.


Morador da Vila do Abraão, Madame Satã era principalmente uma criatura enfurecida que não se conformava. Era um verdadeiro rebelde nacional ao longo de seus 76 anos de vida, 27 dos quais transcorreu como detento de vários presídios, dentre eles, o Instituto Candido Mendes em Dois Rios na Ilha Grande.

João Francisco definia-se como "Filho de Iansã e Ogum, devoto de Josephine Baker", inventando para si vários personagens como Mulata do Balacochê, Jamacy, a Rainha da Floresta, Tubarão, Gato Maracajá.

Cumpriu pena de 16 anos por assassinato de um policial em 1928. A ficha criminal ao longo de sua vida é vasta: No total foram 27 anos e 8 meses de prisão, 13 agressões, 4 resistências à prisão, 2 furtos, 2 recepções de furtos, 1 ultraje público ao pudor, 1 porte de arma, resistência à prisão entre outros.  

O último malandro da Lapa, área boêmia do Rio de Janeiro. Rei da navalha, da capoeira e um dos marginais mais famosos do país.

Madame Satã x Geraldo Pereira

Madame Satã era bastante famoso no baixo mundo carioca; homossexual, negro, artista de cabarés decadentes e, acima de tudo, valente, um homem que não levava desaforo para casa. Já matara, já brigara centenas de vezes, na maioria para defender seus direitos, em uma época que direitos para pessoas como ele não eram respeitados, e já passara dezenas de anos preso pelos mais diversos motivos. Seu encontro e sua briga com Geraldo Pereira naquele dia fatídico, no mês de maio de 1955, hoje estão envoltos em lendas e boatos.

Depois disseram que Geraldo Pereira já estava muito doente, emagrecendo a olhos vistos. Disseram até mesmo que, quando de seu aniversário, em 23/04/1955, passara mal no banheiro, com crises de vômito. Diziam também que já vinha evacuando sangue há algum tempo e que seu fígado estava em frangalhos, o que era de se esperar pela vida desregrada que levava.

Uma das versões conta que sua morte aconteceu logo depois de uma briga de bar, por causa de um copo de chopp, com Madame Satã. Depois da discussão no Restaurante Capela, na Lapa, Madame Satã teria acertado um soco no rosto de Geraldo Pereira, que, bêbado, perdeu o equilíbrio e caiu na calçada, na porta do bar. Com a queda, bateu com a cabeça no meio-fio, ficando desacordado, sendo carregado para o Hospital dos Servidores, onde morreu dois dias depois vítima de hemorragia intestinal reincidente. Muitos de seus amigos, porém, garantem que ele morreu de vítima câncer.

Madame Satã assim contou para O Pasquim o incidente com Geraldo Pereira:

"Eu entrei no Capela, estava sentado tomando um chopp. Ele chegou com uma amante dele (ainda vive essa mulher), pediu dois chopps e sentou ao meu lado. Aí tomou uns goles do chopp dele e cismou que eu tinha que tomar o chopp dele e ele quis tomar o meu copo, e eu disse pra ele: 'Olha, esse copo é meu'.
Aí ele achou que aquele copo era dele e não era o meu. Então peguei meu copo e levei para a minha mesa. Aí ele levantou e chamou pra briga. Disse uma porção de desaforos de palavras 'obicênias', eu não sei nem dizer essas coisas. Aí eu perdi a paciência, dei um soco nele: caiu com a cabeça no meio fio e morreu. Mas ele morreu por desleixo médico, porque foi para a assistência ainda vivo."

Contando com apenas 37 anos, e de maneira inglória, assim morreu um dos maiores compositores da fase de ouro da música popular brasileira.

Morte

Faleceu logo após a sua última saída da prisão, em abril de 1976 em sua casa, hoje um camping, vítima de câncer no pulmão, famoso mas sem um tostão. Foi sepultado no Cemitério da Vila do Abraão e em sua lapide consta uma foto em preto e branco de 1975 com seu nome completo e apelido, data de nascimento e de sepultamento.

Madame Satã teve publicado em 1972 o livro "Memórias de Madame Satã" e no ano de 2002, foi rodado no Brasil um filme sobre sua vida, que leva também o nome de "Madame Satã", dirigido por Karim Aïnouz, contando o início de sua história nos palcos da Lapa até a prisão pelo assassinado do policial em 1928. O filme foi premiado nacional e internacionalmente. Nesse filme, João Francisco dos Santos foi interpretado pelo ator Lázaro Ramos.

Zé Peixe

JOSÉ MARTINS RIBEIRO NUNES
(85 anos)
Prático e Figura Folclórica

☼ Aracajú, SE (05/01/1927)
┼ Aracajú, SE (26/04/2012)

José Martins Ribeiro Nunes, mais conhecido como Zé Peixe, foi um Prático brasileiro, nascido em Aracajú, SE, no dia 05/01/1927, que se tornou uma figura lendária no estado de Sergipe, devido ao seu modo incomum de exercer sua atividade. Foi agraciado com diversos prêmios e homenagens, e é lembrado como uma dos sergipanos mais notórios de todos os tempos.

Por muitos anos, Zé Peixe atuou como Prático conduzindo embarcações que entravam e saíam de Aracaju, pelo Rio Sergipe. O inusitado, em sua tarefa, se devia ao fato de não necessitar de embarcação de apoio para transportá-lo até o navio. Quando havia um navio necessitando entrar na barra do Rio Sergipe, ele nadava até o navio. Da mesma forma após conduzir o navio até fora da barra ele saltava e voltava para a terra nadando. Algumas vezes ele saia em uma embarcação e nadava até uma boia que sinalizava o acesso a barra de Aracaju onde aguardava as embarcações que necessitavam de seus serviços para entrar na barra.

Nascido em Aracaju, filho de Vectúria Martins, uma professora de matemática e de Nicanor Nunes Ribeiro, um funcionário público. Era o terceiro de uma prole de seis crianças e foi criado em uma casa em frente ao Rio Sergipe, na atual Avenida Ivo do Prado próximo a Capitania dos Portos e que pertencera aos seus avós, onde viveu até sua morte. Aprendeu a nadar com seus pais, e desde a infância brincava no rio ou o atravessava a nado para pegar os frutos dos cajueiros da outra margem.


Com 11 anos já era um exímio nadador, enquanto os outros meninos iam de canoa até a Praia de Atalaia, ele ia a nado. Um dia o comandante da marinha Aldo Sá Brito de Souza estava desembarcado na Capitania dos Portos pois sua âncora tinha enganchado no fundo do rio, e ao observar a destreza do garoto José Martins, o apelidou de Zé Peixe, alcunha que se firmou.

Dos irmãos, Rita (que também ganhou o apelido Peixe) era a única que o acompanhava nas aventuras no rio, mesmo a noite. Com a desaprovação dos pais que achavam que este não era um comportamento adequado para uma menina, sempre lhes dando broncas e mesmo escondendo a roupa de banho da garota, o que nada adiantava pois iam nadar com o uniforme escolar mesmo, o qual colocavam para secar depois nos fundos da casa.


Seus pais também preferiam que Zé Peixe se ativesse aos estudos e lições de casa, mas ele só queria saber de ficar na praia vendo o fluxo dos barcos e desenhando navios, ou no rio orientando os capitães sobre as mudanças dos bancos de areia de seu leito.

Marcos Carvalho (autor do Blog) junto a estátua de Zé Peixe no Museu da Gente Paraibana, em Aracaju, SE.
Fez o ginásio no Colégio Jackson de Figueiredo e concluiu o segundo grau no Colégio Tobias Barreto. Quando Completou 20 anos ingressou no serviço de Prático da Capitania dos Portos. Casou-se na década de 60, mas nunca teve filhos, e era viúvo há 25 anos de Maria Augusta de Oliveira Nunes.

Seu jeito vigoroso, corajoso, independente e trabalhador sempre foram vistos como exemplos de caráter e de um envelhecimento digno. Foi tema de vários jornais, revistas, livros, entrevistas e reportagens televisivas ao longo das décadas, tanto nacionais quanto internacionais. Foi uma das atrações que conduziu a tocha pan-americana em Sergipe durante os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, fazendo o trajeto de barco.

Antes de falecer se afastou do mar, pois sofria de Mal de Alzheimer, que o deixou limitado e restrito à sua casa onde era assistido pela família.

Praticagem

Em 1947, seu pai o fez ir até o serviço da Marinha, onde mediante concurso foi admitido como Prático do Estado lotado na Capitania dos Portos de Sergipe, profissão que exerceu por mais de meio século (naquela época a remuneração do prático era bem mais modesta).

A barra do Rio Sergipe era uma das piores entradas portuárias do país. Zé Peixe pela sua dedicação e seu conhecimento detalhado da profundidade das águas, das correntezas e da direção do vento sempre se destacou no serviço de Praticagem.

Mas era seu modo peculiar de trabalhar que o fez famoso em vários meios de comunicação. Quando um navio tinha que sair do porto guiado pelo Prático, ele não se utilizava de um barco de apoio. Subia a bordo e uma vez guiada a embarcação para o mar aberto, amarrava suas roupas e documentos na bermuda e saltava do parapeito da nave em queda livre de 17 metros até a água (equivale a um prédio de 5 andares), e nadava até 10 km para chegar a praia, e ainda percorria a pé outros 10 km até a sede da Capitania dos Portos.

Nas chegadas dos navios ao porto, as vezes se utilizava de uma prancha para ir em busca das embarcações mais distantes e as aguardava em cima da boia de espera (a 12 km da praia) durante toda a noite ou mesmo durante todo dia, até a maré ser propícia a aproximação e ao desembarque no porto. Estes feitos eram realizados até em sua idade mais avançada, o que surpreendia tripulação e comandantes desavisados. Certa vez um comandante russo ordenou que o segurassem antes do salto, pois pensou que o mesmo estava fora de si.


Várias outras situações demonstravam sua bravura na profissão, o que lhe rendeu muitas homenagens. Já aos 25 anos salvou três velejadores do Rio Grande do Norte. Quando vinha orientando uma embarcação a vela para fora da barra, a mesma virou e lançou todos os tripulantes no mar revolto. Zé Peixe e sua irmã Rita conseguiram trazer a salvo os velejadores até a praia. Outro acontecimento foi com o navio Mercury, que vindo com funcionários de uma das plataformas da Petrobrás, pegou fogo em alto mar. O Prático chegou ao navio em chamas em um barco de apoio, e apesar do risco de explosão, subiu a bordo e orientou a embarcação até um ponto mais seguro onde todos pudessem saltar e nadar para terra firme.

Foi agraciado com vários prêmios e medalhas:

  • Pelo salvamento da iole potiguar (barco a vela) recebeu a Medalha ao Mérito em Ouro do Rio Grande do Norte. 
  • Por seus dedicados anos de trabalho recebeu a Medalha Almirante Tamandaré (criada em 1957, homenageia instituições e pessoas que tenham prestado importante serviço na divulgação ou no fortalecimento das tradições da Marinha do Brasil).
  • Homenageado com a Medalha de Ordem do Mérito Serigy, mais alta condecoração do município de Aracaju.
  • Eleito o Cidadão Sergipano do Século XX.

Em 2009, com 82 anos e já enfermo, solicitou junto à Marinha seu afastamento definitivo da Praticagem (Portaria N 141/DPC, 13/10/2009).

Estilo de Vida

Um homem franzino e introvertido de 1,60m de altura e 53 Kg, sempre cativante pela sua humildade, dignidade e simpatia. Zé Peixe quase nunca comia ou bebia água doce, sua dieta se baseava em pães com café pela manhã e era rica em frutas durante todo o dia. Também não fumava, nunca bebeu álcool, dormia às 20h00 e acordava às 06h00. Apesar da insistência dos pais, desde criança não tomava banho de água doce, pois vivia no mar, no entanto possuía um ritual de manter barba e cabelos sempre cortados.

Quando fora de serviço, gostava de ir cedo cuidar de seus botes atracados em frente a Capitania dos Portos, ir tomar banho de mar e andar de bicicleta até o mercado onde comprava frutas. A pé ou em bicicleta, só andava descalço. Usava sapatos somente em ocasiões especiais ou quando ia às missas da Igreja do São José ou do Colégio Arquidiocesano.

Nunca saiu do lugar onde nasceu. A antiga casa é toda pintada de branca por fora e dentro é toda azul e muito simples. Entulhada de lembranças, títulos e medalhas que juntou na vida, além de miniaturas e desenhos de barcos, e de imagens de santos católicos.

Zé Peixe faleceu na tarde de 26/04/2012, vítima de insuficiência respiratória, aos 85 anos, em Aracaju, SE.

Fonte:  Wikipédia

Tavares da Gaita

JOSÉ TAVARES DA SILVA
(84 anos)
Compositor, Percussionista, Gaitista e Desenhista

* Taquaritinga do Norte, PE (10/03/1925)
┼ Caruaru, PE (08/04/2009)

José Tavares da Silva, mais conhecido como Tavares da Gaita foi um compositor, percussionista, gaitista e desenhista brasileiro nascido em Taquaritinga do Norte, PE, no dia 10/03/1925.

Quando criança já participava de bandas de forró, tocando triângulo, reco-reco e ganzá.

Trabalhou como alfaiate, sapateiro e marceneiro, mas teve contato com instrumentos musicais desde criança. Viveu a infância em sua cidade natal, fixando-se em Caruaru a partir de 1957.

Ficou conhecido como Tavares da Gaita na década de 1970, quando encontrou um realejo (realejo, na Região Nordeste do Brasil significa uma gaita feita de folha-de-flandres) numa gaveta. Tornou-se um virtuose do instrumento, inventando uma maneira de tocar gaita invertida de modo que ela soasse como um acordeão.

Tavares da Gaita trabalhou numa companhia de teatro mambembe e criou vários instrumentos para a função. Continuou fabricando seus instrumentos e vendendo-os inclusive para o exterior.

Morte

Tavares da Gaita morreu no dia 08/04/2009, em Caruaru, PE, aos 84 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele estava em coma na UTI do Hospital Municipal Casa de Saúde Bom Jesus, depois de haver dado entrada no Hospital Regional do Agreste por causa de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico.

Discografia

  • 2003 - Sanfona de Boca

Fonte: Wikipédia

Dona Militana

MILITANA SALUSTINO DO NASCIMENTO
(85 anos)
Cantora de Versos

* São Gonçalo do Amarante, RN (19/03/1925)
+ São Gonçalo do Amarante, RN (19/06/2010)

Militana nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925. O dom do canto ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo, mestre dos Fandangos. Dona Militana gravou na memória os cantos executados pelo pai. São romances originários de uma cultura medieval e ibérica, que narram os feitos de bravos guerreiros e contam histórias de reis, princesas, duques e duquesas. Além de romances, Militana canta modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.

Ao descobrir a preciosidade dos cantos de Dona Militana, na década de 90, o folclorista Deífilo Gurgel deu uma grande contribuição à cultura brasileira e permitiu que o país inteiro conhecesse o talento da filha da cidade de São Gonçalo do Amarante. A romanceira chegou a gravar um CD triplo intitulado "Cantares", lançado em São Paulo e Rio de Janeiro. Críticos e jornalistas de grandes jornais brasileiros se renderam aos encantos e a peculiaridade da voz de Dona Militana.

Em setembro de 2005 aconteceu o momento mágico quando ela recebeu das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.

Dona Militana Salustino do Nascimento, considerada a maior Romanceira do Brasil, morreu aos 85 anos de idade. O falecimento aconteceu por volta das 17h30. Dona Militana estava em sua residência, no bairro Santa Terezinha, localizado em São Gonçalo do Amarante.

No último dia sete deste mês Dona Militana foi internada após passar mal. Dois dias depois teve alta médica, mas desde então estava se alimentando através de uma sonda e sem falar. Apesar de debilitada a morte da romanceira pegou a família de surpresa.

O prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado, que ao assumir o mandato concedeu uma pensão vitalícia a Dona Militana, decretou luto oficial de três dias.

"Estamos todos consternados com a morte dessa sãogonçalense que elevou o nome do município e hoje está entre as 50 personalidades culturais do país. Dona Militana vai deixar um grande vazio na cultura de São Gonçalo, mas também vai deixar uma grande obra"

Atendendo a um pedido da família o corpo da romanceira foi velado em casa, durante a madrugada e parte da manhã do domingo (20), e a partir das 9h foi transportado para o Teatro Municipal onde aconteceu o velório público. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Público Municipal de São Gonçalo.

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br

Profeta Gentileza

JOSÉ DATRINO
(79 anos)

Figura Folclórica

Cafelândia, SP (11/04/1917)
Mirandópolis, SP (29/05/1996)

Nasceu em Cafelândia, São Paulo, no dia 11 de abril de 1917. Com mais onze irmãos, teve uma infância de muito trabalho, na qual lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades.

O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia "amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento".

Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos treze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais.

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, houve um grande incêndio no circo "Gran Circus Norte-Americano" que foi chamado de Tragédia do Gran Circus Norte-Americano e considerado uma das maiores fatalidades em todo o mundo circense. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido "vozes astrais", segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras Agradecido e Gentileza. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar "José Agradecido", ou simplesmente "Profeta Gentileza".

Após deixar o local que foi denominado "Paraíso Gentileza", o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar".

Entretanto, um artigo de autoria da professora Luiza Petersen e do jornalista e escritor Marcelo Câmara, que conviveram com Datrino ("Jornal do Brasil" de 21/02/2010) e rebatido por outro artigo publicado no Jornal do Brasil [2] afirma que ele, apesar de falar em gentileza como um mantra, era "agressivo, moralista e desbocado [...] Vociferava, ofendia e ameaçava espancar transeuntes", ao ponto de às vezes ser necessário chamar a polícia para acalmá-lo. "Suas principais vítimas eram as mulheres de minissaia ou com calças apertadas, de cabelos curtos, que usavam maquiagem, salto alto e adereços [...] A maioria da população, especialmente as mulheres e crianças, fugia dele". A imagem que se criou dele após sua morte, segundo os autores, não corresponde às lembranças dos que conviveram com ele durante os anos 1960 e 1970.

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju, que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5 km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização.

Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra.

"Gentileza gera gentileza" é a frase mais conhecida

Em 28 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no "Cemitério da paz".

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. A eliminação das inscrições foi criticada e posteriormente com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, de autoria do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no "universo" do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

Em 2001, foi homenageado pela Escola de Samba GRES Acadêmicos do Grande Rio.

Em Conselheiro Lafaiete, cidade do interior de Minas Gerais, há um amplo trabalho feito pela ONG AMAR que dá continuidade ao trabalho do Profeta Gentileza. Foram desenvolvidas oficinas com jovens da cidade, onde foi possível repassar as técnicas de mosaico. Além disso, um grande muro no bairro São João recebeu uma linda aplicação de mosaico. E a praça São Pedro, no bairro Albinopólis, foi toda decorada seguindo o exemplo do Profeta Gentileza.

Fonte: Wikipédia