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Edmundo Peruzzi

EDMUNDO PERUZZI
(57 anos)
Regente, Arranjador, Instrumentista e Compositor

* Santos, SP (29/06/1918)
+ Santos, SP (03/11/1975)

Edmundo Peruzzi iniciou sua formação musical no Conservatório Musical de Santos, onde estudou sob a orientação de Sabino de Benedictis. Foi também integrante da Banda do Corpo de Bombeiros de Santos.

Em 1932, aos 14 anos de idade iniciou a carreira artística e apresentava-se como trombonista em espetáculos circenses. Em 1935, trocou o trombone pela flauta.

Em 1945, fundou Peruzzi e Sua Orquestra, passando a atuar em programas da Rádio Gazeta de São Paulo e apresentando-se em bailes realizados nos arredores da capital paulista. Gravou com sua orquestra seu primeiro disco, pela Continental, interpretando o choro "Perigoso" (Ernesto Nazareth) e a valsa "Em Pleno Estio" (R. Firpo). Gravou também com sua orquestra, com vocal de Armando Castro o samba boogie "Dança do Boogie-Woogie" (Carlos Armando) e o samba "Não Tenho Lar" (Carlos Armando e Orlando Barros). Gravou ainda, com um quarteto de saxofones o choro "Dedicação" (Orlando Costa, o Cipó).

Em 1948, a orquestra apresentou-se na Rádio Tupi de São Paulo.

Em 1951, contratado pela Rádio Mayrink Veiga, transferiu-se para o Rio de Janeiro, lá permanecendo por 10 anos e atuando à frente de várias orquestras radiofônicas. No mesmo ano, assinou com o selo Elite Special e lançou com sua orquestra os mambos "Italianinho" (Willy Franck e Gilberto Gagliardi) e "Caruaru" (Edmundo Peruzzi e Claribalte Passos). Ainda no mesmo ano, acompanhou com sua orquestra a cantora Neide Fraga e o grupo vocal Demônios da Garoa na gravação da marcha "Quando Chega o Natal" (Sereno) e do samba "Reveillon" (Francisco Ávila).

Em 1952 gravou os frevos "Frevo a Jato" (Lourival Oliveira) e "Estou Queimado" (Levino Ferreira).

Em 1953, com sua orquestra se apresentou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro executando o "Moto Perpétuo" (Paganini) em ritmo de samba.

Em 1954, gravou com sua orquestra na Columbia o "Baião na África" (Edmundo Peruzzi e Avarese) e a barcarola "Rema, Rema" (Edmundo Peruzzi e Onízio Andrade Filho).

Edmundo Peruzzi  foi diretor da gravadora Discobras durante o período de 1957 a 1958.

Em 1958 lançou com sua orquestra de danças pela Polydor o samba rock "Rock Sambando" (Carlos Armando e Aires Viana) e o samba "Agora é Cinzas" (Bide e Marçal). Também na Polydor acompanhou a cantora Dalva de Andrade na gravação do mambo "No Azul Pintado de Azul" (Modugno e Migliacci), com versão de David Nasser e do bolero "Nunca Pensei" (José Batista e José Ribamar). Lançou pela Discobras o LP "Violinos e Teleco Teco".

Em 1959, fez a primeira das várias trilhas sonoras que compôs, para o filme "Depois do Carnaval", de Wilson Silva.

Em 1963, fez a trilha para o filme "O Cabeleira", de Milton Amaral. Fez a coordenação artística, orquestração e a regência da orquestra para o LP "As Grandes Escolas de Samba Com Orquestra e Coro", com gravações dos sambas enredo "Chica da Silva", "Rio dos Vice Reis", "Mestre Valentim", "Relíquias da Bahia", "Palmares", "Tristeza no Carnaval", "Mauá e Suas Realizações", "Vem do Morro" e "Toda Prosa".

Em 1964 realizou excursão para a Argentina.

Em 1967, apresentou-se no Paraguai.

Em 1968, fez a trilha sonora para "Traficante do Crime", filme de Mário Latini.

Em 1970, esteve no Peru onde realizou apresentações e fez arranjos para a orquestra do peruano Augusto Valderrama. Lançou ainda, pela Rosicler, o LP "Transa Junina".

Como arranjador, realizou gravações para artistas como Orlando Silva, Miltinho, Wilson Simonal, Clara Nunes e outros.

Discografia

  • 1970 - Transa Tunina (Rosicler, LP)
  • 1958 - Rock Sambando / Agora é Cinza (Polydor, 78)
  • 1958 - Violinos e Teleco Teco (Discobras, LP)
  • 1954 - Baião na África / Rema, Rema (Columbia, 78)
  • 1952 - Frevo a Jato / Estou Queimado (Elite Special, 78)
  • 1952 - Carioca / Aparecida (Elite Special, 78)
  • 1951 - Italianinho / Caruaru (Elite Special, 78)
  • 1945 - Perigoso / Em Pleno Estio (Continental, 78)
  • 1945 - Dança do Boogie-Woogie / Não Tenho Lar (Continental, 78)
  • 1945 - Dedicação / Pracinha (Continental, 78)

Indicação: Miguel Sampaio

Joaquim Callado

JOAQUIM ANTÔNIO DA SILVA CALLADO JÚNIOR
(31 anos)
Compositor e Flautista

* Rio de Janeiro, RJ (11/07/1848)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/03/1880)

Joaquim Antônio da Silva Callado Júnior foi um músico compositor e flautista brasileiro. Era filho de Joaquim Antônio da Silva Calado e de Matilde Joaquina de Sousa Calado. Seu pai tocava cornetim e foi professor de música e mestre da Banda Sociedade União de Artistas, além de pintor da Sociedade Carnavalesca Zuavos.

Joaquim Callado casou-se com Feliciana Adelaide Callado, com quem teve cinco filhos: Leonor, Alice, Luísa, Elvira e Artur. Viveu em uma modesta casa à Rua Visconde de Itaúna, nº 40, pleno centro histórico da cidade do Rio de Janeiro.

O compositor e flautista é considerado por todos os estudiosos da música popular brasileira como a figura de proa na implantação e fixação do choro, nos últimos 20 anos do Império no Brasil. Foi pioneiro, e bem pode ser considerado o criador do choro, ao incorporar a flauta aos violões e cavaquinhos, instrumental comum aos conjuntos da época.

Seu grupo, que ficou conhecido como "O Choro de Callado", era constituído por um instrumento solista, no caso a flauta, dois violões e um cavaquinho. Aos três instrumentistas de cordas exigia-se boa capacidade de improvisar sobre o acompanhamento harmônico. O compositor trabalhou com inúmeros instrumentistas, que se destacaram na fase de fixação da nova maneira de interpretar modinhas, lundus, valsas e polcas. Eram muitos os chorões com quem conviveu e dentre estes podemos citar: Viriato (flautista), Luisinho (flautista), Bacuri (flautista), Inacinho Flauta (flautista), Soares Caixa-de-Fósforos (flautista), Artur Fluminense (flautista), Juca Vale (violonista), Manduca do Catumbi (violonista), Capitão Rangel (violonista) e Zuzu Cavaquinho (cavaquinista).

Iniciou seus estudos musicais, piano e flauta, possivelmente com o pai.


Em 1856, começou a estudar composição e regência com Henrique Alves de Mesquita. O curso foi logo interrompido porque o maestro, no ano de 1857, seguiu em viagem de estudos para Paris. O compositor destacou-se com a flauta, tornando-se um virtuoso muito popular no Rio de Janeiro da 2ª metade do século XIX.

Começou a trabalhar como músico profissional desde muito jovem, tocando em festas e bailes. É provável que sua primeira exibição em sala de concertos, como flautista, tenha ocorrido em julho de 1866, numa apresentação para a família imperial no Teatro Ginásio Dramático.

Sua primeira composição, "Querosene", data de 1863.

Aos 19 anos, obteve o seu primeiro sucesso com a quadrilha "Carnaval de 1867". Em 19 de julho do mesmo ano, perdeu o pai, aos 52 anos de idade.

No dia 13/01/1869, conseguiu ver publicada, pela primeira vez, uma obra sua, a polca "Querida Por Todos", dedicada à compositora e amiga Chiquinha Gonzaga.

A década de 1870 lhe trouxe muitas vitórias profissionais. Teve outras obras suas publicadas como a polca "Linguagem do Coração" (1872), "Íman" (1873), "Como é Bom" (1875) para flauta solo e "Cruzes, Minha Prima" (1875), que por sinal foi uma das músicas de maior sucesso do final do século XIX.

Em 1873, foi o responsável pela primeira vez de um concerto do gênero lundu, tido até então como música de escravos. Seu "Lundu  Característico" obteve tamanho sucesso que, segundo o pesquisador Vasco Mariz, lhe rendeu a nomeação para a cadeira de flauta  do Imperial Conservatório de Música.

Seu prestígio era tanto no fim dos anos 1870, que em 1879 foi condecorado com a Ordem da Rosa, no grau de Comendador, junto com os outros professores do Imperial Conservatório de Música. Esta era a mais alta condecoração oferecida pelo Império.


Foi também nomeado professor de música do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, por intermédio de seu padrinho, o marechal-de-campo José Basileu Neves Gonzaga, pai de sua companheira de choro, Chiquinha Gonzaga.

Joaquim Callado elevou a virtuosidade da flauta, imprimiu estilo próprio à execução desse instrumento, tocando a melodia em rápidos saltos oitavados, de forma que os ouvintes tivessem a impressão de estarem ouvindo duas flautas simultaneamente. Tornou-se exemplo para toda uma escola de flautistas extraordinários, entre os quais, Viriato, Patápio Silva, Nola, Plínio, Henrique Flauta, Pixinguinha, Benedito Lacerda e Altamiro Carrilho.

Uma grande parte de suas composições recebeu nome de mulher e é considerado por todos como o "Pai dos Chorões".

Joaquim Callado foi homenageado em 1974 na coleção de LPs "MPB 100 Ao Vivo", extraídos da série radiofônica do mesmo nome, irradiadas para todo o Brasil pela cadeia de emissoras do Projeto Minerva, programas produzidos e apresentados por Ricardo Cravo Albin.

Em 1975, a homenagem se repetiu pelo mesmo Ricardo Cravo Albin, dentro do show "Do Chorinho Ao Samba", em que o produtor atuava como narrador ao lado de Altamiro Carrilho e de Paulo Tapajós, espetáculo que correu várias cidades.

Em 1976, seu clássico choro "Flor Amorosa" foi incluído no álbum duplo "Choradas, Chorões, Chorinhos" produzido por Ricardo Cravo Albin e Mozart Araújo para a pela Companhia Internacional de Seguros como brinde de final de ano. Para esse álbum foi feita uma gravação especial com a primeira parte, segundo a partitura original do autor e com um agrupamento musical baseado nas formações dos conjuntos da época (1880), segundo informações constantes no encarte do álbum. Dessa gravação participaram os músicos Altamiro Carrilho na flauta, Voltaire no violão de 7 cordas e Valmar no cavaquinho.


Em 2003, foi lançado pela gravadora Acari em conjunto com a Arte Fato Produto Cultural um estojo com 5 CDs com obras suas acompanhados por um livreto biográfico assinado por André Diniz. Os CDs foram produzidos por Maurício Carrilho após três anos de pesquisas. Estão presentes nos CDs os artistas Hermeto Pascoal, Sivuca, Joel Nascimento, Déo Rian, Pedro Amorim, IzaíasAltamiro Carrilho, Toninho Carrasqueira, OdetteAndréa Ernest Dias, Marcelo Bernardes,  Paulo Sérgio Santos, Yamandú Costa, Zé da Velha, Silvério Pontes e os grupos Época de Ouro, Rabo de Lagartixa, Quarteto Maogani, Nó Em Pingo D'água, Abraçando Jacaré, Galo Preto, Sarau e Quinteto Villa Lobos. Na epígrafe do livreto há uma citação do escritor Machado de Assis que assim se refere ao flautista:

"Quando me falaram de um homem que tocava flauta com as mãos respondi, eu já ouvi o Callado."

Ainda nesse conjunto de CDs, sua polca "Flor Amorosa" recebeu cinco versões diferentes.

Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA), a caixa "100 Anos de Música Popular Brasileira" com a reedição em quatro CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975.

No volume 1 desses CDs está incluído seu choro "Flor Amorosa", com letra de Catulo da Paixão Cearense, na interpretação de Altamiro Carrilho e Conjunto.


Morte

Logo após o carnaval de 1880, a população do Rio de Janeiro conviveu com uma epidemia de meningite. Joaquim Callado contraiu a doença e morreu prematuramente vítima de meningo-encefalite perniciosa no dia 20/03/1880. Deixou quatro filhos com Feliciana Adelaide Callado: Alice Callado Correia, Luísa Callado Ribeiro de Castro, Elvira Callado e Artur da Silva Callado.

Foi sepultado no dia 21/03/1880, em cova rasa, no Cemitério São João Batista, bairro de Botafogo, Rio de Janeiro. Anos depois, em 27/07/1885, músicos da época organizaram um recital no Teatro Dom Pedro II, a fim de angariar fundos para a compra de uma casa modesta na Rua do Conde para a família do compositor, e de uma sepultura junto à de seu amigo Viriato, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.

Um mês depois de sua morte, foi publicada pelas casas editoras sua última música "Flor Amorosa", que se tornou um clássico da música popular brasileira e recebeu versos de Catulo da Paixão Cearense.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB e Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio