Mostrando postagens com marcador Herói. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Herói. Mostrar todas as postagens

Max Wolf Filho

MAX WOLF FILHO
(33 anos)
Militar e Herói Brasileiro

☼ Rio Negro, PR (29/07/1911)
┼ Biscaia, Espanha (12/04/1945)

Max Wolf Filho foi um militar do Exército Brasileiro, nascido em Rio Negro, PR, no dia 29/07/1911. Participou da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na frente de combate italiana durante a II Guerra Mundial.

Era filho de Max Wolf, descendente de alemães e de Etelvina, natural de Lapa, PR. Até os 4 anos viveu as tensões da Guerra do Contestado. Aos 5 anos, durante a I Guerra Mundial, frequentava a escola em Rio Negro, PR. Aos 11 anos já era o principal auxiliar de seu pai na torrefação e moagem de café. Aos 16 anos passou a trabalhar como escriturário de uma companhia que explorava a navegação no Rio Iguaçu. Nas horas de folga, juntava-se aos carregadores para ensacar erva-mate, carregar e descarregar vapores.

Max Wolf alistou-se em Curitiba, aos 18 anos, no 15º Batalhão de Caçadores (15º BC), hoje 20º Batalhão de Infantaria Blindado Sargento Max Wolf Filho (20º BIB), onde participou da Revolução de 1930.

Na década de 1930 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e ingressou na Polícia Militar na qual permaneceu por uma década. Combateu a Revolução de 1932 no Vale do Paraíba. Foi professor de Educação Física e Defesa Pessoal.

No ano de 1944 apresentou-se voluntariamente para compor a Força Expedicionária Brasileira (FEB), integrando a então 1ª Companhia do 11º Regimento de Infantaria (11º RI), em São João del-Rei, MG.

Ingressou na Força Expedicionária Brasileira (FEB) como 3° Sargento, desde cedo tornou-se muito popular e querido, dada as suas atitudes desassombradas e a maneira carinhosa e paternalista com que tratava seus subordinados. Com o passar do tempo passou a ser admirado não só pelos seus camaradas, mas pelos superiores tanto da Força Expedicionária Brasileira (FEB) como do V Exército de Campanha Americano, pelas suas inegáveis qualidades.

Todas as vezes que se apresentava para missões difíceis de serem cumpridas, lá estava o Sgt Wolf se declarando voluntário, principalmente participando de patrulhas. Fazia parte da Companhia de Comando e, portanto, sem estar ligado diretamente às atividades de combate, participou de todas as ações de seu Batalhão no ataque de 12 de dezembro a Monte Castelo, levando, de forma incessante, munição para a frente de batalha e retornando com feridos e, na falta deste, com mortos.

Indicado por sua coragem invulgar e pelo excepcional senso de responsabilidade, passou a ser presença obrigatória de todas as ações de patrulha de todas as companhias, como condição indispensável ao êxito das incursões.

Um desses exemplos está contido no episódio em que o General Zenóbio da Costa, ao saber do desaparecimento do seu Ajudante-de-Ordens, Capitão João Tarciso Bueno, que foi colocado à disposição do escalão de ataque, pelo general, por absoluta falta de recompletamento de oficiais, ordenou ao comandante do Batalhão que formasse uma patrulha para resgatar o corpo do seu auxiliar. O comandante adiantou ao emissário que a missão seria muito difícil, mas que tentaria. Para tanto, sabedor que só um Wolf poderia cumpri-la, o chamou, deu a ordem e ouviu do Sargento Wolf, com a serenidade, a firmeza e a lealdade que só os homens excepcionalmente dotados podem ter:

''Coronel, por favor, diga ao General que, desde o escurecer, este padioleiro e eu estamos indo e voltando às posições inimigas para trazer os nossos companheiros feridos. Faremos isto até que a luz do dia nos impeça de fazer. Se, numa dessas viagens, encontrarmos o corpo do Capitão Bueno, nós o traremos também!"

Não logrou o Sargento Wolf trazer o corpo do Capitão João Tarciso Bueno que, apenas ferido, havia sido resgatado por um soldado, mas ainda lhe foi possível, naquela madrugada, salvar muitas outras vidas.

Max Wolf Filho momentos antes de ser morto em combate
A Última Missão

O Sargento Max Wolf Filho foi elevado ao comando de um pelotão de choque, integrado por homens de elevados atributos de combate, especializado para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente capital "Ponto Cotado 747", ação fundamental nos planos concebidos para a conquista de Montese.

Foi-lhe lembrado sobre a poupança da munição para usá-la no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão seria à luz do dia.

Partiu às 12h00 de Monteporte, passou pelo "Ponto Cotado 732" e foi a Maiorani, de onde saiu às 13h10 para abordar o "Ponto Cotado 747". Tomou, o Sargento Wolf todas as precauções, conseguindo aproximar-se muito do casario, tentando envolve-lo pelo norte. Estavam a 20 metros e o Sargento Wolf, provavelmente, tendo se convencido de que o inimigo recuava, estando longe, abandonou o caminho previsto para, desassombradamente, à frente de seus homens, com duas fitas de munição trançadas sobre seus ombros, alcançar o terço superior da elevação.

O inimigo deixou que ele chegasse bem perto, até quando não podiam mais errar. Eram 13h15 do dia 12/04/1945. O inimigo abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que, ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído mortalmente também o soldado que estava ao seu lado.

Após esta cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas penas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido e ousado, trouxe o Sargento Wolf à primeira cratera que se lhe ofereceu.

Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização. Os soldados do 11º Regimento de Infantaria (11º RI) queriam, a qualquer custo, buscar o companheiro na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas. Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face a eficácia dos fogos inimigos, inclusive de artilharia.

Somente vários dias após sua morte, o corpo do Sargento Max Wolf Filho foi encontrado. Foi agraciado post mortem com as medalhas de Campanha de Sangue e Cruz de Combate, do Brasil e com a medalha Bronze Star, dos Estados Unidos da América.

Montese foi conquistada e seu nome será sempre presente pois as grandes ações resistem ao tempo e são eternas. Foi promovido "post-mortem" ao posto de 2º Tenente (Decreto Presidencial, de 28/06/1945).

Max Wolf Filho deixou na orfandade sua filha Hilda, seu elevo e a maior afeição de sua vida de soldado. Da Itália, escreveu a sua irmã Isabel, relatando seu orgulho em pertencer ao Exército Brasileiro e que, se a morte o visitasse, morreria com satisfação.

Max Wolf Filho foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro, em Pistóia, na Itália. Posteriormente, seus restos mortais foram trasladados para o Brasil.

Eis a síntese do heroísmo de um homem simples e valoroso. Seus restos mortais encontram-se no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Jazigo 32, Quadra G.

Carta comunicando a morte em combate do Sgt Max Wolf Filho
Reconhecimento

Em sua homenagem, a Escola de Sargentos das Armas (EsSA) leva seu nome como patrono.

Em 2010, foi criada a Medalha Sargento Max Wolf Filho pelo Decreto nº 7118. Tal medalha é conferida a Subtenentes e Sargentos do Exército brasileiro, em reconhecimento à dedicação e interesse pelo aprimoramento profissional, que efetivamente se tenham destacado no seu desempenho profissional, evidenciando características e atitudes inerentes ao 2º Sargento Max Wolf Filho.

Em São Paulo, a Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Max Wolf Filho, Sgt. também leva o seu nome.

O 20º Batalhão de Infantaria Blindado (20º BIB), em Curitiba, PR, tem a denominação histórica de Batalhão Sargento Max Wolf Filho.

Condecorações
  • Cruz de Combate
  • Medalha Sangue do Brasil
  • Medalha de Campanha
  • Estrela de Bronze (Estados Unidos)

Arlindo Lúcio da Silva

ARLINDO LÚCIO DA SILVA
(25 anos)
Soldado e Herói Brasileiro

* São João del-Rei, MG (12/02/1920)
+ Montese, Itália (14/04/1945)

Arlindo Lúcio da Silva nasceu em São João del-Rei no dia 12/02/1920. Era filho de Maria Cipriana de Jesus e de João Olímpio da Silva. Arlindo foi um jovem pobre criado sem os cuidados do pai, pois este era doente mental, e foi internado na Escola de Preservação de Menores Padre Sacramento. Nela terminou o curso primário no ano de 1934, deixando a escola a pedido de sua mãe. Depois foi trabalhar como servente de pedreiro na Companhia Construtora Luiz Bacarini.

Como bom cidadão e no incontido desejo de servir à Pátria, e com o consentimento materno, alistou-se, voluntariamente, nas fileiras do Exército. Foi um verdadeiro soldado. De uma obediência cega às leis militares e de uma disciplina exemplar, razão porque depois de 10 meses de serviço militar, recebeu, também, a sua caderneta isenta de qualquer observação que desabonasse a sua conduta.

Tendo falecido seu pai, depois de vinte anos de cruel enfermidade, seis dos quais ele passou no leito, Arlindo, numa idade em que tudo são ilusões, na época mais encantadora da vida, achou-se na obrigação de desempenhar o importante papel de chefe de família, pois teria que prover o sustento de sua mãe e de seus quatro irmãos menores.

Em 02/02/1940, empregou-se na prefeitura, entregando todos os seus vencimentos à sua mãe. Nesta nova fase de sua vida ele foi o mais dedicado dos filhos e o irmão mais extremoso.

Em 08/12/1942, a Pátria lembrou-se de convocar aquele seu valoroso filho, que tinha jurado defendê-la a todo custo. Arlindo atendeu, pressuroso, o chamado, deixando o seu trabalho para ingressar no Exército, ficando na 1ª Cia Fzo.

Por ser arrimo de família, a sua incorporação foi adiada por tempo indeterminado. Era destino seu, morrer como soldado, pois decorridos cinco meses, isto é, em 20/05/1943, foi novamente incorporado na Força Expedicionária Brasileira (FEB). Daí em diante sua vida foi inteiramente voltada ao serviço à Pátria, em prol da qual derramaria o seu sangue.

O autor do livro "De São João del-Rei ao Vale do Pó", o Ten R/1 Gentil Palhares, que conviveu de perto com o soldado Arlindo, desde que ele prestara seu serviço militar na 2ª Cia Fzo, do 11º R.I., então comandada pelo Capitão João Manoel de Faria Filho e de onde saíra reservista, revela que ele era um soldado retraído, de pouca conversa e gestos humildes, o protótipo do moço pacato, sossegado e bom, respeitador dos regulamentos.

Detalhe do Jornal da época que está no Museu de São João del-Rei
Arlindo Lúcio andava sempre só e a sua conduta, no quartel ou na rua, não parecia de um moço de pouco mais de 20 anos. Quando os outros meninos da sua idade jogavam o futebol nas ruas de São João del-Rei, iam ao cinema ou corriam de bicicleta, o futuro pracinha, sem infância, podemos dizer, já empunhava a enxada, no amanho da terra do Patronato, que em boa hora o acolheu, tornando-o um cidadão digno da sociedade e da Pátria.

Convocado para a guerra, embora arrimo de família, não murmurou um queixume contra as leis do país, submetendo-se ao chamamento à caserna, habituado que era a obedecer sempre. Na farda, sujeito à disciplina, jamais protestava, jamais se referia desrespeitosamente aos regulamentos e às atitudes dos chefes. É que ele, pelo sofrimento, amoldara seu espírito, plasmara-o para todas as contingências da vida e tornara-se um cidadão capaz de resistir às adversidades, às surpresas que lhe surgissem. Convocado para o serviço militar, reincorporado nas fileiras do Exército, esse espírito extraordinário só poderia, na guerra, frente ao inimigo, tornar-se um herói.

Em 05/03/1944, seguiu para o Rio de Janeiro. A semana do ano findo, ele veio passar junto aos seus. Com uma coragem que não o abandonou, nem nos campos de batalha, ele falava entusiasticamente na sua próxima ida para a Itália, onde a Força Expedicionária Brasileira (FEB), lutando ombro a ombro com os nossos aliados, iria contribuir, grandemente, para exterminar as forças nazi-facistas que devastavam a Europa.

Em 22/09/1944, deixou o Brasil rumo aos campos de batalha, chegando em Nápoles, no dia 08/10/1944. A carta de despedida que ele escreveu à sua mãe é um atestado de sua coragem, do seu entusiasmo e do seu grande amor pela Pátria. Lá no "front" italiano nas horas que cessavam o ribombar dos canhões, o matraquear das metralhadoras e o roncar das fortalezas voadoras, Arlindo escrevia longas cartas à sua genitora, irmãos, parentes e amigos. Cartas repassadas de ternura filial e fraterna e impregnadas de patriotismo, de resignação e de esperança.

Em combate, Arlindo, acostumado à vida dura que tinha desde então, sobressaía-se dos demais, sendo merecedor de elogios, como o publicado em suas alterações dado pelo Comandante do Batalhão, nos seguintes termos:

"O Soldado Arlindo Lúcio da Silva, componente destacado do reconhecimento ao Ponto 759, cumpriu a missão com entusiasmo e destemor"

No dia 19/04/1945, foi publicado seu desaparecimento em ação, durante os ataques realizados nos dias 14 e 15 do mês corrente, a Montese.

Arlindo foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 1ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se:

"Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália"

11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial

A participação do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, o capítulo mais importante em sua rica história.

Como destaque tem-se a conquista da localidade de Montese, situada em terreno montanhoso e fortemente defendida pelos alemães como último baluarte a barrar o avanço das tropas aliadas na direção do Vale do Pó.

No dia 14/04/1945, o maciço de Montese transformou-se no palco da mais árdua e sangrenta batalha das armas brasileiras na Itália, no dizer do próprio Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Marechal Mascarenhas de Moraes. Tendo o Onze como esforço principal do ataque combatendo em densos campos de minas e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs, o 11º RI consagrou-se para sempre ao conquistar heroicamente Montese.

A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foi demonstrando quando um pelotão do 11º RI foi o primeiro a entrar na cidade de Montese, avançando com raro espírito ofensivo, infiltrou-se nas linhas inimigas, penetrando no objetivo, sob os fogos da infantaria e artilharia do inimigo, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando, posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da guerra.

Foram três vidas que, por um acaso do destino, se cruzaram no dia 22/09/1944, a bordo do transporte norte americano Gen. M.L. Meigs rumo à distante Itália, onde já se encontrava o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira.

Chegaram ao Porto de Nápoles, às 07:30 hs do dia 08/10/1944, de onde partiram, no dia 09, para o Porto de Livorno. Três dias depois estavam desembarcando e seguindo para a chamada "Staging Area", localizado a oeste da cidade de Pisa (Vila Rosare).

No dia 01/12/1944, o 11º RIE entrava em linha, sendo considerado em combate.

Foi então que chegou o dia 14/04/1945, dia do ataque a Montese, o combate que viria a ser, o mais sangrento que a Força Expedicionária Brasileira participaria. Dia inesquecível para muitos que ainda vivem. E lá estavam eles, Arlindo Lúcio, Geraldo Rodrigues e Geraldo Baeta. Três soldados do Brasil unidos pelo destino, três glórias nacionais, três que pareciam cem!

Durante o ataque a Montese, o pelotão, ao qual faziam parte, foi detido por violenta barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora alemã hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem colados ao solo. Não tendo mais possibilidades de sair do local, nossos três heróis ficaram desgarrados de sua fração. Imediatamente, o Soldado Arlindo, atirador de fuzil automático, localizou a resistência inimiga e num gesto de grande bravura, levantou-se, e sobre ela despejou seis carregadores da sua arma, obrigando-a a calar-se.

Geraldo Rodrigues e Geraldo Baeta não pararam de atirar. Eram três pracinhas contra uma tropa de grande número. Tropa essa que pensava estar enfrentando uma outra de efetivo igual ou superior ao seu, pois os intrépidos brasileiros não paravam de atirar.

Atiraram até a munição acabar. Arlindo foi ferido mortalmente por um franco atirador inimigo, enquanto Geraldo Rodrigues foi atingido por um cruel estilhaço e Geraldo Baeta recebeu um tiro certeiro.

De repente, o silêncio se fez presente...

E sobre o solo lá estavam três corpos empunhando seus fuzis. Fuzis que estavam com as baionetas caladas, demonstrando que eles partiram para o assalto, mesmo sabendo que iam encontrar a morte.

Cova feita pelos Alemães onde os brasileiros foram sepultados.
O comandante alemão, observando os três corpos já sem vida, reconheceu neles o sacrifício. Nunca vira tamanha demonstração de coragem. Deixando seu orgulho prussiano de lado, mandou que seus homens cavassem três covas rasas e, pegando alguns pedaços de madeira, fez uma cruz e nela escreveu: "Drei Brasilianische Helden", que traduzindo significa "Três Heróis Brasileiros", um raro reconhecimento obtido do inimigo.

Arlindo, em sua última carta que escreveu na véspera de sua morte, dizia que em breve estaria de regresso para rever o seu querido Brasil, pois sentia próxima a vitória das armas da justiça e da liberdade.

Quem adentra nos dias atuais as instalações do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, o "Regimento de São João" e observa atentamente o pátio de formatura, encontrará no seu lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um belo e bem cuidado jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate. O mais atento observará, ainda, que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz.


Nesta imagem, as três pedras que estão em primeiro plano trazem placas com o nome dos soldados, suas datas de nascimento e de morte. A rocha maior, ao fundo, abriga uma placa alusiva ao feito:

"Monumento consagrado à três soldados do 11 RI, que por motivos só conhecidos pelo inimigo, foram enterrados como heróis pelos próprios nazistas, a 14 de abril de 1945, em Montese"

Uma placa menor traz a inscrição em alemão e a tradução dela para o português. No conjunto há um fuzil com a ponta fincada no solo e um capacete depositado sobre a sua coronha. Este monumento é bem singelo porque procura reproduzir o sítio italiano onde foram encontrados os corpos dos três soldados.

Geraldo Baeta da Cruz

GERALDO BAETA DA CRUZ
(28 anos)
Soldado, Enfermeiro e Herói Brasileiro

* João Ribeiro, MG (21/07/1916)
+ Montese, Itália (14/04/1945)

Geraldo Baeta da Cruz nasceu em 21/07/1916, na pequena cidade mineira de João Ribeiro. Era filho de Antônio José da Cruz e de Maria da Conceição da Cruz. Geraldo Baeta era enfermeiro cirúrgico, pertencente ao Destacamento de Saúde. Tinha a nobre missão de amparar aqueles que tombavam na área de sacrifício, prestando-lhes o apoio médico imediato.

Geraldo Baeta da Cruz, identidade militar n° IG-295.850, Classe 1916 - 11º Regimento de Infantaria, embarcou para além-mar em 22/09/1944 e faleceu em ação no dia 14/04/1945, em Montese, Itália. Foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistóia, na Quadra C, Fileira nº 4, Sepultura nº 47, Marca: lenho provisório.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se:

"Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália"

11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial

A participação do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, o capítulo mais importante em sua rica história.

Como destaque tem-se a conquista da localidade de Montese, situada em terreno montanhoso e fortemente defendida pelos alemães como último baluarte a barrar o avanço das tropas aliadas na direção do Vale do Pó.

No dia 14/04/1945, o maciço de Montese transformou-se no palco da mais árdua e sangrenta batalha das armas brasileiras na Itália, no dizer do próprio Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Marechal Mascarenhas de Moraes. Tendo o Onze como esforço principal do ataque combatendo em densos campos de minas e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs, o 11º RI consagrou-se para sempre ao conquistar heroicamente Montese.

A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foi demonstrando quando um pelotão do 11º RI foi o primeiro a entrar na cidade de Montese, avançando com raro espírito ofensivo, infiltrou-se nas linhas inimigas, penetrando no objetivo, sob os fogos da infantaria e artilharia do inimigo, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando, posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da guerra.

Foram três vidas que, por um acaso do destino, se cruzaram no dia 22/09/1944, a bordo do transporte norte americano Gen. M.L. Meigs rumo à distante Itália, onde já se encontrava o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira.

Chegaram ao Porto de Nápoles, às 07:30 hs do dia 06/10/1944, de onde partiram, no dia 09, para o Porto de Livorno. Três dias depois estavam desembarcando e seguindo para a chamada "Staging Area", localizado a oeste da cidade de Pisa (Vila Rosare).

No dia 01/12/1944, o 11º RIE entrava em linha, sendo considerado em combate.

Foi então que chegou o dia 14/04/1945, dia do ataque a Montese, o combate que viria a ser, o mais sangrento que a Força Expedicionária Brasileira participaria. Dia inesquecível para muitos que ainda vivem. E lá estavam eles, Arlindo Lúcio, Geraldo Rodrigues e Geraldo Baêta. Três soldados do Brasil unidos pelo destino, três glórias nacionais, três que pareciam cem!

Durante o ataque a Montese, o pelotão, ao qual faziam parte, foi detido por violenta barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora alemã hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem colados ao solo. Não tendo mais possibilidades de sair do local, nossos três heróis ficaram desgarrados de sua fração. Imediatamente, o Soldado Arlindo, atirador de fuzil automático, localizou a resistência inimiga e num gesto de grande bravura, levantou-se, e sobre ela despejou seis carregadores da sua arma, obrigando-a a calar-se.

Geraldo Rodrigues e Geraldo Baêta não pararam de atirar. Eram três pracinhas contra uma tropa de grande número. Tropa essa que pensava estar enfrentando uma outra de efetivo igual ou superior ao seu, pois os intrépidos brasileiros não paravam de atirar.

Atiraram até a munição acabar. Arlindo foi ferido mortalmente por um franco atirador inimigo, enquanto Geraldo Rodrigues foi atingido por um cruel estilhaço e Geraldo Baêta recebeu um tiro certeiro.

De repente, o silêncio se fez presente...

E sobre o solo lá estavam três corpos empunhando seus fuzis. Fuzis que estavam com as baionetas caladas, demonstrando que eles partiram para o assalto, mesmo sabendo que iam encontrar a morte.

Cova feita pelos Alemães onde os brasileiros foram sepultados.
O comandante alemão, observando os três corpos já sem vida, reconheceu neles o sacrifício. Nunca vira tamanha demonstração de coragem. Deixando seu orgulho prussiano de lado, mandou que seus homens cavassem três covas rasas e, pegando alguns pedaços de madeira, fez uma cruz e nela escreveu: "Drei Brasilianische Helden", que traduzindo significa "Três Heróis Brasileiros", um raro reconhecimento obtido do inimigo.

Arlindo, em sua última carta que escreveu na véspera de sua morte, dizia que em breve estaria de regresso para rever o seu querido Brasil, pois sentia próxima a vitória das armas da justiça e da liberdade.

Quem adentra nos dias atuais as instalações do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, o "Regimento de São João" e observa atentamente o pátio de formatura, encontrará no seu lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um belo e bem cuidado jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate. O mais atento observará, ainda, que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz.


Nesta imagem, as três pedras que estão em primeiro plano trazem placas com o nome dos soldados, suas datas de nascimento e de morte. A rocha maior, ao fundo, abriga uma placa alusiva ao feito:

"Monumento consagrado à três soldados do 11 RI, que por motivos só conhecidos pelo inimigo, foram enterrados como heróis pelos próprios nazistas, a 14 de abril de 1945, em Montese"

Uma placa menor traz a inscrição em alemão e a tradução dela para o português. No conjunto há um fuzil com a ponta fincada no solo e um capacete depositado sobre a sua coronha. Este monumento é bem singelo porque procura reproduzir o sítio italiano onde foram encontrados os corpos dos três soldados.

Geraldo Rodrigues de Souza

GERALDO RODRIGUES DE SOUZA
(26 anos)
Soldado e Herói Brasileiro

* Rio Preto, MG (1919)
+ Montese, Itália (14/04/1945)

O soldado Geraldo Rodrigues de Souza, nasceu em Rio Preto, Minas Gerais (Santa Bárbara do Monte Verde), no ano de 1919. Pertenceu à Companhia de Comando do III Batalhão do 11º RIE e era filho de Josino Rodrigues de Souza e de Maria Joana de Jesus.

Foi agraciado com as Medalhas de Campanha, Sangue do Brasil de Combate de 2ª Classe. No decreto que lhe concedeu esta última condecoração, lê-se:

"Por uma ação de feito excepcional na Campanha da Itália"

11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial

A participação do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha na Segunda Guerra Mundial foi, sem dúvida, o capítulo mais importante em sua rica história.

Como destaque tem-se a conquista da localidade de Montese, situada em terreno montanhoso e fortemente defendida pelos alemães como último baluarte a barrar o avanço das tropas aliadas na direção do Vale do Pó.

No dia 14/04/1945, o maciço de Montese transformou-se no palco da mais árdua e sangrenta batalha das armas brasileiras na Itália, no dizer do próprio Comandante da Força Expedicionária Brasileira (FEB), Marechal Mascarenhas de Moraes. Tendo o Onze como esforço principal do ataque combatendo em densos campos de minas e sob o fogo cerrado das metralhadoras alemãs, o 11º RI consagrou-se para sempre ao conquistar heroicamente Montese.

A tenacidade, o ardor combativo e as qualidades morais e profissionais dos brasileiros foi demonstrando quando um pelotão do 11º RI foi o primeiro a entrar na cidade de Montese, avançando com raro espírito ofensivo, infiltrou-se nas linhas inimigas, penetrando no objetivo, sob os fogos da infantaria e artilharia do inimigo, transpondo caminhos desenfiados, neutralizando campos minados, assegurando, posteriormente, para a Divisão Brasileira, a posse definitiva dessa importante posição alemã dentro do contexto da guerra.

Foram três vidas que, por um acaso do destino, se cruzaram no dia 22/09/1944, a bordo do transporte norte americano Gen. M.L. Meigs rumo à distante Itália, onde já se encontrava o 1º Escalão da Força Expedicionária Brasileira.

Chegaram ao Porto de Nápoles, às 07:30 hs do dia 06/10/1944, de onde partiram, no dia 09, para o Porto de Livorno. Três dias depois estavam desembarcando e seguindo para a chamada "Staging Area", localizado a oeste da cidade de Pisa (Vila Rosare).

No dia 01/12/1944, o 11º RIE entrava em linha, sendo considerado em combate.

Foi então que chegou o dia 14/04/1945, dia do ataque a Montese, o combate que viria a ser, o mais sangrento que a Força Expedicionária Brasileira participaria. Dia inesquecível para muitos que ainda vivem. E lá estavam eles, Arlindo Lúcio, Geraldo Rodrigues e Geraldo Baeta. Três soldados do Brasil unidos pelo destino, três glórias nacionais, três que pareciam cem!

Durante o ataque a Montese, o pelotão, ao qual faziam parte, foi detido por violenta barragem de morteiros inimigos, enquanto uma metralhadora alemã hostilizava violentamente o seu flanco esquerdo, obrigando os atacantes a se manterem colados ao solo. Não tendo mais possibilidades de sair do local, nossos três heróis ficaram desgarrados de sua fração. Imediatamente, o Soldado Arlindo, atirador de fuzil automático, localizou a resistência inimiga e num gesto de grande bravura, levantou-se, e sobre ela despejou seis carregadores da sua arma, obrigando-a a calar-se.

Geraldo Rodrigues e Geraldo Baeta não pararam de atirar. Eram três pracinhas contra uma tropa de grande número. Tropa essa que pensava estar enfrentando uma outra de efetivo igual ou superior ao seu, pois os intrépidos brasileiros não paravam de atirar.

Atiraram até a munição acabar. Arlindo foi ferido mortalmente por um franco atirador inimigo, enquanto Geraldo Rodrigues foi atingido por um cruel estilhaço e Geraldo Baeta recebeu um tiro certeiro.

De repente, o silêncio se fez presente...

E sobre o solo lá estavam três corpos empunhando seus fuzis. Fuzis que estavam com as baionetas caladas, demonstrando que eles partiram para o assalto, mesmo sabendo que iam encontrar a morte.

Cova feita pelos Alemães onde os brasileiros foram sepultados.
O comandante alemão, observando os três corpos já sem vida, reconheceu neles o sacrifício. Nunca vira tamanha demonstração de coragem. Deixando seu orgulho prussiano de lado, mandou que seus homens cavassem três covas rasas e, pegando alguns pedaços de madeira, fez uma cruz e nela escreveu: "Drei Brasilianische Helden", que traduzindo significa "Três Heróis Brasileiros", um raro reconhecimento obtido do inimigo.

Arlindo, em sua última carta que escreveu na véspera de sua morte, dizia que em breve estaria de regresso para rever o seu querido Brasil, pois sentia próxima a vitória das armas da justiça e da liberdade.

Quem adentra nos dias atuais as instalações do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, o "Regimento de São João" e observa atentamente o pátio de formatura, encontrará no seu lado esquerdo, um monumento composto de 4 pedras, adormecidas sobre um belo e bem cuidado jardim, onde, ao seu lado, está um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte que aconteceu em combate. O mais atento observará, ainda, que, nas três pedras frontais, em cada uma delas, está colocada uma placa com o nome de três soldados: Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Rodrigues de Souza e Geraldo Baeta da Cruz.


Nesta imagem, as três pedras que estão em primeiro plano trazem placas com o nome dos soldados, suas datas de nascimento e de morte. A rocha maior, ao fundo, abriga uma placa alusiva ao feito:

"Monumento consagrado à três soldados do 11 RI, que por motivos só conhecidos pelo inimigo, foram enterrados como heróis pelos próprios nazistas, a 14 de abril de 1945, em Montese"

Uma placa menor traz a inscrição em alemão e a tradução dela para o português. No conjunto há um fuzil com a ponta fincada no solo e um capacete depositado sobre a sua coronha. Este monumento é bem singelo porque procura reproduzir o sítio italiano onde foram encontrados os corpos dos três soldados.