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Enéas Carneiro

ENÉAS FERREIRA CARNEIRO
(68 anos)
Médico, Físico, Matemático e Político


* Rio Branco, AC (05/11/1938)
+ Rio de Janeiro, RJ (06/05/2007)

Enéas Ferreira Carneiro foi um médico cardiologista, físico, matemático e político brasileiro nascido em Rio Branco, AC, no dia 05/11/1938.

Como político, fundou o extinto Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA). Foi filiado ao Prona de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu sua fusão com o Partido Liberal (PL), surgindo o Partido da República (PR), do qual foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.

Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de Friedrich Engels, o que o tornou num entusiasta do socialismo científico. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a União Soviética que emergia na Guerra Fria, mas deixou de ser socialista pois, segundo ele, "quando o estado toma conta dos meios de produção, a competição some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação,a sociedade entra em letargia e não se desenvolve!".

Após se candidatar três vezes à Presidência da República (1989, 1994 e 1998), e uma vez à prefeitura de São Paulo (2000), em 2002, foi eleito Deputado Federal pelo Estado de São Paulo, recebendo votação recorde: Mais de 1,57 milhão de votos, a maior votação já registrada no país.

Tornou-se muito famoso em todo o Brasil a partir de 1989, em sua candidatura à Presidência da República daquele ano, por seu bordão "Meu nome é Enéas!", usado sempre ao término de seus pronunciamentos no horário eleitoral gratuito brasileiro.

Era conhecido por seu nacionalismo e oposição ao neoliberalismo, por ser contrário ao comunismo e por seu conservadorismo. Seus posicionamentos políticos são colocados por vezes na extrema-direita, porém o próprio Enéas afirmou ser contrário a classificação esquerda-direita, definindo-se como nacionalista, somente. Alguns críticos, ainda, tentaram associá-lo a uma espécie de novo símbolo do Movimento Integralista, devido à semelhanças entre opiniões do eleitorado do PRONA e dos extintos partidos integralistas.

Enéas Ferreira Carneiro nasceu na cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, em 1938. Filho de Eustáquio José Carneiro, barbeiro, e Mina Ferreiro Carneiro, dona de casa. Perdeu o pai aos 9 anos de idade, sendo obrigado a trabalhar desde essa idade para sustentar a si e à sua mãe. Quando nasceu, sua família estava em condições de miséria. Se mudou para Belém, PA, com condições financeiras um pouco melhores, onde morou em um barraco e tinha como alimentação farinha e café.

Foi casado com Jamile Augusta Ferreira, que conheceu na Escola de medicina e cirurgia do Rio de Janeiro. Enéas a conheceu quando estava lendo um livro de ciências exatas, sendo abordado por ela, interessada pela leitura, posteriormente tornando-se sua namorada. O casal teve uma filha, quando terminaram os estudos na escola de medicina, chamada Janete. Cinco anos mais tarde teve outra filha chamada Gabriela com Selene Maria, relacionamento que, como o anterior, não foi duradouro.

Enéas, por volta de 1982, casou-se com a promotora da auditoria militar, Adriana Lorandi. Com ela teve sua terceira filha, Lígia. O casal se separou pois para criar o PRONA Enéas precisou se desfazer de muitos bens. "Ela não aguentou. Torrei todo meu patrimônio, uns imóveis e jóias porque queria construir o Prona".


Carreira

Em 1958 iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Saúde do Exército. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesiologia, sendo primeiro lugar de sua turma.

Em 1960 iniciou seus estudos na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

Em fevereiro de 1962, prestou exame vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), curso de licenciatura em matemática e física. Aprovado em primeiro lugar. No mesmo ano iniciou atividade como professor destas disciplinas, preparando alunos para vestibulares.

Em 1965 formou-se médico pela já citada Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, pedindo então baixa do Exército, após 8 anos de serviço ativo no Hospital Central do Exército, onde auxiliou os médicos em mais de 5.000 anestesias, já tendo recebido a Medalha Marechal Hermes.

Em 1968 diplomou-se licenciado em Matemática e Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara e fundou o Curso Gradiente, pré-universitário, do qual foi diretor-presidente e onde lecionou matemática, física, química, biologia e português.

Em 1969 fez o curso de especialização em cardiologia na 6ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, a partir daí, foi integrado como assistente naquele Serviço de Cardiologia.

De 1973 a 1975 fez um mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nesse período ministrou também aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular na mesma universidade.

Em 1975 apresentou a primeira versão de seu famoso curso "O Eletrocardiograma", no Rio de Janeiro, mais tarde ministrado em São Paulo (1983), Quito, Equador (1985) e novamente no Rio de Janeiro (1986), dessa vez como curso nacional, ocorrido no Copacabana Palace.

Em 1976 defendeu sua dissertação de mestrado, "Alentecimento da Condução AV", e recebeu o título de Mestre em Cardiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ainda em 1976 escreveu o livro "O Eletrocardiograma", referência no gênero.

Publicado em 1977 e reeditado em 1987 como "O Eletrocardiograma: 10 Anos Depois", essa obra é conhecida no meio médico como a "Bíblia do Enéas".

De acordo com Enéas, ele já trabalhou em construção civil como apontador de obras, foi tradutor de inglês, trabalhou em açougue e foi auxiliar de escritório.


Carreira Política

Candidaturas à Presidência

Enéas fundou, em 1989, o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), lançando-se imediatamente candidato à presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da Ditadura Militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de quinze segundos. Todavia, sua aparência exótica, um homem pequeno, calvo, com enorme barba cerrada e grandes óculos, aliada a uma fala rápida e a um discurso inflamado e nacionalista, terminado sempre por seu bordão: "Meu nome é Enéas!", fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos, colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven.

Percebendo a penetração de sua imagem junto ao eleitorado, Enéas voltou a se candidatar em 1994, dispondo então de 1 minuto e 17 segundos no horário eleitoral. Mesmo sendo o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, com mais de 4,6 milhões de votos (7%), posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, ficando atrás apenas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 1998, com 35 segundos disponíveis no horário eleitoral, na soma total, um tempo menor do que em 1989, Enéas expôs seu discurso em que defendeu questões polêmicas como a construção da bomba atômica, a ampliação do efetivo militar e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado, com um total de 1.447.090 votos.

Segundo o candidato, sua entrada na vida política deve-se às reclamações de sua esposa, que estava saturada de suas queixas à situação do país e aos políticos.

Candidaturas à Prefeitura de São Paulo e a Deputado Federal

Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, obtendo 3% dos votos, e conseguiu reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz.

Em 2002 candidatou-se a Deputado Federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo: cerca de 1,57 milhão de votos, recorde que permanece não superado. Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais cinco Deputados Federais, todos homens fundadores do partido, para atuação em Brasília, mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos. Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas.

Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.

No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia mieloide aguda, fazendo com que ele optasse por retirar sua emblemática barba, antes que a quimioterapia o fizesse. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistiria de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386.905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no Estado.

Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), se funde com o Partido Liberal (PL) e então é fundado um novo partido, o Partido da República (PR).

Posições Principais

Neoliberalismo, Aborto e Homossexualidade

No programa especial do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA), o candidato criticou o Estado Mínimo, alegando que o pensamento de que o Estado deve ser o menor possível é "modernismo". Em seguida o candidato ataca a política de privatizações, alegando que elas são "negociatas feitas para transferir o formidável patrimônio público para uma minoria privilegiada de representantes legítimos do sistema financeiro internacional''.

Em seu livro "Um Grande Projeto Nacional", Enéas critica várias privatizações, como a privatização da Vale do Rio Doce e das telecomunicações. Ao se referir a Vale do Rio Doce, Enéas diz:
''A Vale era e ainda é a maior mineradora de ferro do planeta. Sua alienação é inconstitucional. Não há valor para elas (as ações da empresa) e, se houvesse, esse valor estaria acima de dois trilhões de dólares, e muito mais quando se levam em conta cenários do comércio mundial diferentes do absurdo de hoje, em que não se dá valor às riquezas naturais."
Também em seu livro, Enéas critica o neoliberalismo, definindo-o como a liberdade absoluta. ''A liberdade absoluta leva a um verdadeiro massacre dos mais fracos pelos mais fortes", disse. Mais a frente, no mesmo livro, Enéas alega que o Estado defendido por ele e seus aliados é um Estado forte, técnico e intervencionista.

O político também era contrário ao aborto e à legalização de drogas. Ao referir-se, em entrevista, ao aborto, Enéas disse que ele está dentro do projeto mundial neo-malthusiano, que visa diminuir a população brasileira para que o território não possa ser defendido, em virtude da baixa natalidade. Completou afirmando que o aplauso ao homossexualismo faz parte dessas políticas. Apesar de condenar a ovação em torno do homossexualismo, o político negou atacar a existência de homossexuais. Devido às suas críticas ao que ele considera como uma ovação ao homossexualismo, Enéas foi acusado várias vezes de ser homofóbico, acusação que ele desmentiu em duas das entrevistas em que participou.

Em um debate para a prefeitura de São Paulo, transmitido pela Rede Bandeirantes, Paulo Maluf criticou Enéas sobre sua afirmação de que Lula teria assinado uma campanha de combate a guerra às drogas. Em resposta, Enéas afirmou que um documento publicado pelo The New York Times mostra a assinatura de Lula na campanha, cujo organizador principal é George Soros, citado por Enéas como o verdadeiro dono da privatização da Vale do Rio Doce. Enéas, em crítica ao documento, definiu-se como sendo radicalmente contra a legalização das drogas, e afirmou que é absolutamente imperdoável que um homem público ponha sua assinatura nisto.

Espectro Político, Efetivo das Forças Armadas e Ditadura Militar

O político se opôs a classificação esquerda-direita, dizendo que não via "no mundo moderno, condição para que se fale em esquerda e direita", confirmando este pensamento em uma entrevista ao IstoÉ, ao ser interrogado se acha a esquerda "burra". Em resposta político disse que "a discussão, ao meu ver, não é mais entre esquerda e direita. É de um lado, a globalização; de outro, o Estado nacional soberano".

Na entrevista concedida ao jornal Tribuna da Imprensa disse que defende triplicar o efetivo, no mínimo, das forças armadas para ter um braço armado do povo. Na mesma entrevista, ao ser perguntado se aumentar o efetivo das forças armadas não subjugaria o povo, disse que "o respeito às forças armadas foi uma tônica não só de nossa população como de todas as outras" e depois afirmou que "no curto período em que os generais governaram o país, com um governo muito ruim, agigantou o fosso que existia entre o Brasil e as potências do atual G-7", se referindo a Ditadura Militar de 1964.

Enéas defendia a construção da bomba atômica. "Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitados!". Enéas afirmou à IstoÉ que isso permitiria, ao país, "conversar em condições de igualdade" com as potências militares globais.

Greve, Parlamentarismo e Pena de Morte

Ao ser entrevistado no "Roda Viva" da TV Cultura, afirmou que "a greve é um direito inalienável do trabalhador [...] isto é uma coisa, outra coisa é viver da greve", ao receber uma afirmação que insinuava que o político era contra o ato. Em outra entrevista, Enéas propôs uma greve geral por um dia, apelando a quem tem capacidade de organizá-la, como forma de alertar os dirigentes da nação.

No programa "Tribuna Independente", ao ser perguntado se o comunismo é a solução, afirmou: "Não, não é. A experiência histórica é o maior de todos os mestres" e que "o comunismo nem chegou a existir, o que existiu foi o socialismo, a fase pré-comunista".

Em uma entrevista dada ao "Programa Delas", Enéas criticou o parlamentarismo: "Eles são uma fileira enorme de medíocres lutando contra a liderança" afirmou o político, completando com a afirmação "eles são uma fila de mentecaptos, cada um esperando sua vez de chegar ao poder!"

O político também se opôs a pena de morte, dizendo:
"Como médico eu jamais poderia apoiar a pena de morte. Como estadista, visto que isso é de uma seriedade extraordinária, faria uma consulta a população, medida que já é prevista. Como homem, se eu visse uma criança sendo estuprada, tenho certeza que nesse momento seria capaz de matar uma pessoa!"
Morte

Enéas Carneiro faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, RJ, no dia 06/05/2007, aos 68 anos, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito.

Seu corpo foi velado na manhã do dia 07/05/2007 no Memorial do Carmo, que fica no Cemitério São Francisco Xavier, e cremado na tarde do mesmo dia, no crematório da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.

O último pedido de Enéas foi que sua família jogasse suas cinzas na Baía de Guanabara. Sua suplente na Câmara foi Luciana Castro de Almeida, que conseguira apenas 3.980 votos na eleição de 2006.

Enéas Carneiro foi homenageado em uma passeata contra o aborto, em Brasília, no dia 08/05/2007. Segundo o Partido da República (PR), o político era um dos organizadores do evento.

Fonte: Wikipédia