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Sônia de Moraes Angel

SÔNIA MARIA DE MORAES ANGEL JONES
(27 anos)
Guerrilheira, Professora, Economista e Militante da Ação Libertadora Nacional

* Santiago do Boqueirão, RS (09/11/1946)
+ São Paulo, SP (30/11/1973)

Foi uma integrante do grupo guerrilheiro de extrema-esquerda Ação Libertadora Nacional (ALN) e participante da luta armada contra a Ditadura Militar brasileira. Presa, torturada e morta por agentes do regime militar, seus restos só foram identificados décadas após sua morte.

Filha de um oficial do Exército Brasileiro, Sônia estudou no Colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, de onde foi desligada pelo Decreto nº 477, de 24 de setembro de 1969, antes de se formar, por participar de atividades subversivas. Para se sustentar, trabalhava como professora de português, no Curso Goiás, no Leblon, na cidade do Rio de Janeiro, de propriedade de sua família.

Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgard Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que conheceu nas manifestações e reuniões de militantes de esquerda.

Foi presa pela primeira vez em 1 de maio de 1969, quando das manifestações de rua na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, e primeiro levada para o DOPS para interrogatório e em seguida para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Foi solta apenas em 6 de agosto de 1969, após ser absolvida pelo Superior Tribunal Militar, por unanimidade, passando à clandestinidade com o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar.

Em liberdade, ela auto-exilou-se na França em maio de 1970, indo estudar na Universidade de Vincennes, enquanto lecionava português na Escola de Idiomas Berlitz, em Paris.

Após a prisão e desaparecimento do marido, Stuart Edgard Angel Jones, em maio de 1971, Sônia decide voltar ao Brasil e retomar a luta armada, ingressando na Ação Libertadora Nacional (ALN), mas por causa da intensidade da repressão, foi em seguida refugiar-se no Chile de Salvador Allende, onde trabalhou como fotógrafa. Retornou ao Brasil secretamente em maio de 1973, passando a residir em São Paulo.

Morte e Identificação

Foto de Sônia, assassinada em 1973, encontrada no DOPS/SP
Com Antônio Carlos Bicalho Lana, outro integrante da Ação Libertadora Nacional com quem se unira, foi morar em São Vicente, onde alugou um apartamento em 15 de novembro de 1973. No mesmo mês, ela e Lana foram presos por agentes do DOI/CODI de São Paulo.

Foi noticiado pelo II Exército em versão oficial, publicada nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo de 1 de dezembro de 1973, que ela morrera, após combate, a caminho do hospital, num tiroteio com agentes de segurança no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo.

Existem, na verdade, duas versões posteriores para a tortura e morte de Sônia:

A primeira delas, dada pelo próprio tio da militante, coronel Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do DOI/CODI de Brasília e irmão do pai dela, que diz que "depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangüe, onde recebeu dois tiros."

A segunda versão, do ex-sargento Marival Chaves, ex-membro do DOI/CODI de São Paulo e do Centro de Informações do Exército (CIEx), em Brasília, dada à Revista Veja em 1992, afirma que "Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para um sítio na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias sendo torturados, até morrerem, dia 30 de novembro de 1973 com tiros pelo corpo, sendo colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um 'teatrinho' para justificar a versão oficial de que foram mortos em conseqüência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro).

Durante quase vinte anos, a família de Sônia investigou os fatos relativos à sua morte e a de seu companheiro Antônio Carlos Bicalho Lana. O resultado destas investigações foi transformado no vídeo Sônia Morta e Viva, dirigido por Sérgio Waismann.

Ela foi enterrada como indigente no Cemitério de Perus, em São Paulo, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar, mesmo depois de identificada como Sônia Angel. Através de um processo na 1ª Vara Cívil de São Paulo, seu pai, Tenente-coronel da reserva João Luiz de Morais, conseguiu a correção do certificado de óbito e a verdadeira identificação da filha. Com Sônia oficialmente morta, seus supostos restos, encontrados no Cemitério de Perus, foram transladados para o Rio de Janeiro em 1981, oito anos após sua morte.

No ano seguinte, na tentativa de conseguir uma maior apuração do acontecido à Sônia, através de um processo contra Harry Shibata, legista do IML/SP que atestou sua morte, descobriu-se que os ossos entregues à família eram de um homem.

Para sepultar os restos mortais da filha, sua família teve que fazer um total de seis exumações de corpos. Apenas em 1991, através da identificação dos mortos de Perus feita pela Unicamp, os verdadeiros ossos de Sônia Angel Jones puderam ser realmente identificados e foram enterrados no Rio de Janeiro, em 11 de agosto de 1991.

Homenagens Póstumas

Seu nome hoje batiza um viaduto no bairro do Jardim Santo Antônio, na cidade de São Paulo, um bairro na cidade de Mauá e uma rua no bairro do Tirol, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Em 2011, a atriz Fernanda Montenegro a homenageou fazendo seu papel numa campanha cívica da OAB pela abertura dos arquivos da Ditadura Militar, para saber a verdade sobre sua morte e de outros guerrilheiros assassinados ou desaparecidos, exibida na televisão e nos cinemas de todo o Brasil.

Fonte: Wikipédia

Lélia Abramo

LÉLIA ABRAMO
(93 anos)
Atriz e Militante Política

☼ São Paulo, SP (08/02/1911)
┼ São Paulo, SP (09/04/2004)

Lélia Abramo foi uma importante atriz, sindicalista e militante política brasileira, nascida em São Paulo, SP, no dia 08/02/1911.

Filha dos imigrantes italianos, Afra Yole Scarmagnan, natural de Monselice e de Vicenzo Abramo, nascido em Torraca, Lélia Abramo viveu na Itália entre os anos de 1938 e 1950, tendo sofrido as privações da Segunda Guerra Mundial. Junto aos seus irmãos, o artista plástico Lívio AbramoBeatriz Abramo, os jornalistas Athos AbramoFúlvio Abramo e Cláudio Abramo.

Fez parte de uma família que teve grande presença na história brasileira, tanto na militância política como na arte. Sua mãe Afra Yole era filha de Bartolomeu Scarmagnan, militante anarco-sindicalista e organizador da Greve Geral de 1917 em São Paulo.

Participou dos primeiros momentos de fundação da Oposição de Esquerda no Brasil, sempre se assumindo como uma simpatizante do trotskismo junto com Mário Pedrosa.


Eduardo Maffei, militante comunista registra participação de Lélia Abramo na Frente Única Antifascista (FUA) trocando tiros com os integralistas na Praça da Sé, em 1934. Em suas memórias Lélia Abramo afirma ter apenas portado "pedaços de pau".

Lélia Abramo foi também militante e fundadora do Partido dos Trabalhadores (PT), tendo assinado a ata de fundação com Mário Pedrosa, Manuel da Conceição, Sérgio Buarque de Holanda, Moacir Gadotti e Apolônio de Carvalho.

Foi uma personalidade presente em diversos momentos da vida política brasileira, como as Diretas Já.

Participou de 27 telenovelas, 14 filmes e 23 peças de teatro, tendo convivido com grandes nomes do teatro paulista, como Gianni Ratto e Gianfrancesco Guarnieri , com quem estreou nos palcos em 1958 em "Eles Não Usam Black-Tie".

Na TV é lembrada pela matriarca Januária Brandão em "Pai Herói" (1979), Mama Vitória em "Pão Pão, Beijo Beijo" (1983) e Bibiana na minissérie "O Tempo e o Vento" (1985).


Sua militância política custou-lhe a carreira televisiva, pois passou a ser ignorada pela TV Globo, em razão de ter assumido a presidência do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do estado de São Paulo, a partir de 1978, tendo sido a primeira chapa de oposição a tornar-se vitoriosa dentro do período iniciado pela Ditadura Militar Brasileira de 1964.

Esta eleição ganhou as principais páginas dos jornais paulistas da época, apesar da intensa censura, tendo como seus companheiros de diretoria Renato Consorte, Dulce Muniz, Cláudio Mamberti, Robson Camargo, entre outros.

A editora da Fundação Perseu Abramo lançou sua autobiografia em 1997, intitulada "Vida e Arte - Memórias de Lélia Abramo".

Antonio Candido descreve Lélia Abramo:

"Nunca vergou a espinha, nunca sacrificou a consciência à conveniência e desde muito jovem se opôs à injustiça da sociedade. Que sempre rejeitou as vias sinuosas e preferiu perder empregos, arriscar a segurança, sofrer discriminações para poder dizer a verdade e agir com seus pontos de vista…"
(Prefácio Vida e Arte - Memórias de Lelia Abramo)

Lélia Abramo faleceu em São Paulo, SP, no dia 09/04/2004, aos 93 anos, vítima de uma embolia pulmonar.

Carreira

Teatro
  • 1958 - Eles Não Usam Black-Tie ... Romana
  • 1958 - A Mulher do Outro
  • 1959 - Gente Como a Gente
  • 1960 - Mãe Coragem e Seus Filhos
  • 1961 - Raízes
  • 1961 - Pintado de Alegre
  • 1961 - Oscar
  • 1961 - O Rinoceronte
  • 1962 - Yerma
  • 1962 - As Visões de Simone Machard
  • 1963 - Os Ossos do Barão
  • 1964 - Vereda da Salvação
  • 1965 - Os Espectros
  • 1968 - Lisístrata
  • 1968 - Agamenon
  • 1969 - Romeu e Julieta
  • 1975 - Ricardo III
  • 1977 - Pozzo em Esperando Godot
  • 1978 - Hospí(cio)tal
  • 1985 - A Mãe

Televisão
  • 1990 - A História de Ana Raio e Zé Trovão ... Lúcia
  • 1990 - Fronteiras do Desconhecido
  • 1986 - Mania de Querer ... Margô
  • 1985 - O Tempo e o Vento ... Bibiana
  • 1983 - Pão Pão, Beijo Beijo ... Mama Vitória
  • 1982 - Avenida Paulista ... Bebel
  • 1979 - Pai Herói ... Januária Brandão
  • 1976 - O Julgamento ... Felícia
  • 1975 - Um Dia, o Amor ... Lucinha
  • 1973 - Os Ossos do Barão ... Bianca Ghirotto
  • 1972 - Uma Rosa Com Amor ... Amália
  • 1972 - Na Idade do Lobo
  • 1971 - Nossa Filha Gabriela ... Donana
  • 1970 - O Meu Pé de Laranja Lima ... Estefânia
  • 1970 - As Bruxas ... Chiquinha
  • 1969 - Dez Vidas
  • 1968 - O Terceiro Pecado
  • 1967 - Paixão Proibida
  • 1966 - Redenção ... Carmela
  • 1966 - Calúnia ... Sarah
  • 1965 - Um Rosto Perdido ... Irmã Rosa
  • 1965 - Os Quatro Filhos
  • 1964 - Prisioneiro de um Sonho
  • 1964 - João Pão
  • 1963 - Gente Como a Gente
  • 1961 - A Muralha

Cinema
  • 1994 - Mil e Uma
  • 1992 - Manôushe
  • 1983 - Janete
  • 1981 - Eles Não Usam Black-Tie
  • 1979 - Maldita Coincidência
  • 1975 - Joanna Francesa
  • 1974 - O Comprador de Fazendas
  • 1970 - Beto Rockfeller
  • 1970 - Cleo e Daniel
  • 1968 - O Quarto
  • 1967 - O Caso dos Irmãos Naves
  • 1967 - O Anjo Assassino
  • 1964 - Vereda de Salvação
  • 1960 - Cidade Ameaçada

Prêmios

  • 1958 - Saci
  • 1958 - APCA
  • 1958 - Governador do Estado
  • 1958 - Círculo Independente de Críticos Teatrais do Rio de Janeiro
  • 1958 - Associação Brasileira de Críticos Teatrais
  • 1964 - Roquete Pinto
  • 1975 - Associação Paulista de Críticos de Arte
  • 1976 - Governador do Estado de Melhor Atriz

Fonte: Wikipédia

Anita Garibaldi

ANA MARIA DE JESUS RIBEIRO
(27 anos)
Militante da Revolução Farroupilha

* Laguna, SC (30/08/1821)
+ Mandriole, Itália (04/08/1849)

Foi a companheira do revolucionário Giuseppe Garibaldi, sendo conhecida como a Heroína dos Dois Mundos. Ela é considerada, até hoje, uma das mulheres mais fortes e corajosas da época.

A Controvérsia Sobre o Local de Nascimento

Alguns estudiosos alegam que Anita Garibaldi teria nascido em Lages, que na cúria metropolitana daquela cidade estaria o registro dos irmãos mais velho e mais novo dela, e que teria sido retirada do livro a folha do registro de Ana Maria de Jesus Ribeiro.

Em 1998, entidades representativas da sociedade civil de Laguna promoveram uma ação judicial para obter o registro de nascimento tardio de Anita Garibaldi. A ação tramitou na primeira vara da comarca de Laguna, sendo instruída com diversos documentos que comprovariam que Anita nasceu no município de Laguna. Assim, em 5 de dezembro de 1998, proferiu-se:

"Ante o exposto, julgo procedente o pedido inicial, a fim de determinar o registro de nascimento de Ana Maria de Jesus Ribeiro, nascida em 30 de agosto de 1821, na cidade de Laguna, filha de Bento Ribeiro da Silva, natural de São José dos Pinhais, Paraná, e de Maria Antônia de Jesus Antunes, natural de Lages, Santa Catarina, sendo seus avós paternos Manuel Collaço e Ângela Maria da Silva e avós maternos Salvador Antunes e Quitéria Maria de Sousa, o que faço embasado no artigo 50, § 4º combinado com o 52, § 2º, da Lei n.º 6.015/73."
(Ação de Registro de Nascimento Tardio n.: 040.98.000395-4)

As pessoas que reivindicaram a exata data do nascimento de Anita se baseiam em provas fornecidas por autores, como Wolfwang Ludwig Rau, tal como mostra o jornal Página do Gaúcho.

Vida Familiar e Casamento

Anita Garibaldi, descendente de portugueses imigrados dos Açores à província de Santa Catarina no século XVIII, provinha de uma família modesta. O pai Bento era comerciante em Lages e casou-se com Maria Antônia de Jesus, com a qual teve seis filhos.

Após a morte do pai, Anita teve que ajudar no sustento familiar e, por insistência materna, casou-se, em 30 de agosto de 1835, aos 14 anos, com Manuel Duarte de Aguiar, na Igreja Matriz Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Depois de somente três anos de matrimônio, o marido alistou-se no exército imperial, abandonando a jovem esposa. Ela então pede o desquite por abandono e volta a casa da mãe.

Revolução Farroupilha

Durante a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi, a serviço da República Rio-Grandense, participa da tomada do porto de Laguna, na então província de Santa Catarina, onde conheceu Anita, que se apaixonou e decidiu lutar pela independência gaúcha e de outros territórios. Eles Ficaram juntos pelo resto da vida de Anita, que seguiu Giuseppe Garibaldi em seus combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e Itália.
Anita e Giuseppe Garibaldi passaram a andar a cavalo e lutar em guerras, sem ter lugar fixo para morar. Eles tiveram quatro filhos. 

Batalha de Curitibanos

Na Batalha de Curitibanos, no início de 1840, Anita foi feita prisioneira, mas o comandante do exército imperial, admirado de seu temperamento indômito, deixou-se convencer a deixá-la procurar o cadáver do marido, supostamente morto na batalha. Em um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu. Após atravessar a nado com o cavalo o Rio Pelotas, chegou ao Rio Grande do Sul, e encontrou-se com Giuseppe Garibaldi em Vacaria. Anita era uma mulher corajosa como poucos, enfrentava todo tipo de lutas e batalhas.

Em 16 de setembro de 1840 nasceu no estado do Rio Grande do Sul, na então vila e atual cidade de Mostardas o primeiro filho do casal, que recebeu o nome de Menotti Garibaldi, em homenagem ao patriota italiano Ciro Menotti. Depois de poucos dias, o exército imperial cercou a casa para prender o casal, e Anita fugiu a cavalo com o recém-nascido nos braços e alcançou um bosque aos redores da cidade, onde ficou deitada por quatro dias, até que Giuseppe Garibaldi a encontrou.

No Uruguai

Em 1841, quando a situação militar da República Rio-Grandense tornou-se insustentável, Giuseppe Garibaldi solicitou e obteve do general Bento Gonçalves a permissão para deixar o exército republicano: Anita, Giuseppe e Menotti transferiram-se a Montevidéu no Uruguai, onde permaneceram por sete anos. Em 1842 oficializaram sua união, casando-se na Paróquia de San Bernardino.

No Uruguai nasceram os outros três filhos do casal: Rosa (1843), Teresa (1845) e Ricciotti Garibaldi (1847). Rosa faleceu aos dois anos de idade por asfixia, por causa de uma infecção na garganta, o que fez Anita e Garibaldi sofrerem muito.

Na Itália

Em 1847, Anita foi para a Itália com os 3 filhos e encontrou-se com a mãe de Garibaldi. Elas depois viajaram para a cidade de Nizza, onde ficaram morando. O próprio Garibaldi reuniu-se a eles alguns meses depois, quando voltaram a Itália. Os filhos de Anita e Garibaldi ficaram morando na França com a mãe dele.

Em 9 de fevereiro de 1849, presenciou com o marido a proclamação da República Romana, mas a invasão franco-austríaca de Roma, depois da batalha no Janículo, obrigou-os a abandonar a cidade.

Com 3900 soldados (800 deles a cavalo), Giuseppe Garibaldi deixou Roma. Em sua perseguição saíram três exércitos (franceses, espanhóis e napolitanos) com quarenta mil soldados. Ao norte lhes esperava o exército austríaco, com quinze mil soldados. Anita e o marido tinham que enfrentar a guerra e lutar para salvar o território italiano. Mesmo grávida do 5º filho, ela enfrentou tudo até o fim.

Anita, no final da gravidez, tentou não ser um peso para o marido, querendo deixá-lo despreocupado para lutar sozinho na guerra, mas suas condições de saúde pioraram quando atingiram a República de San Marino. Ela e Garibaldi decidiram não aceitar o salvo-conduto oferecido pelo embaixador americano e continuaram a fuga, pois não teriam como lutar contra milhões de soldados e se fossem presos, morreriam na cadeia.

Com febre e perseguida pelo exército austríaco, foi transportada às pressas à Fazenda Guiccioli, próximo a Ravena, onde morreu no parto junto com a criança, em 4 de agosto de 1849, para desespero de Garibaldi.

Caçado pelos austríacos, sem nem sequer poder acompanhar o sepultamento da esposa, Garibaldi saiu outra vez para o exílio e nos dez anos em que esteve fora da Itália, os restos mortais de Anita foram exumados por sete vezes.

Por vontade do marido, seu corpo foi transferido a Nice. Em 1932, seu corpo foi finalmente sepultado no monumento construído em sua homenagem no Janículo, em Roma.

O Legado de Anita

Considerada, no Brasil e na Itália, um exemplo de dedicação e coragem, Anita foi homenageada pelos brasileiros com a designação de dois municípios, ambos no estado de Santa Catarina: Anita Garibaldi e Anitápolis.

Muitas cidades brasileiras possuem também ruas e avenidas com seu nome, como a Avenida Anita Garibaldi, em Salvador, Bahia.

Representações na Cultura

Na minissérie A Casa das Sete Mulheres, de Maria Adelaide Amaral e Walther Negrão, transmitida pela Rede Globo em 2003, Anita Garibaldi foi interpretada por Giovanna Antonelli, enquanto que Giuseppe Garibaldi foi interpretado por Thiago Lacerda. Camila Morgado fez o papel de Manuela de Paula Ferreira. No cinema, em Garibaldi In America, o papel de Anita foi interpretado por Ana Paula Arósio, com estréia prevista para o ano de 2011.

Fonte: Wikipédia

Ana Maria Nacinovic Corrêa

ANA MARIA NACINOVIC CORRÊA
(25 anos)
Guerrilheira e Militante da Ação Libertadora Nacional (ALN)

* Rio de Janeiro, RJ (25/03/1947)
+ São Paulo, SP (14/06/1972)

Ana Maria Nacinovic Corrêa foi uma guerrilheira e militante comunista, nascida no Rio de Janeiro, RJ, no dia 25/03/1947. Participou da luta armada durante os Anos de Chumbo da Ditadura Militar Brasileira.

Era filha de Mário Henrique Nacinovic e Anadyr de Carvalho Nacinovic.

Depoimento da mãe de Ana Maria:

"Teve uma infância feliz, apesar da separação de seus pais quando tinha apenas 7 anos de idade, vivendo a partir desta época na companhia da mãe, tia e avós, que procuraram suprir, com muito carinho, a ausência do pai.
Fez o primário, ginásio e científico no Colégio São Paulo, de freiras, em Ipanema. Destacou-se sempre durante o seu curso pelo companheirismo e cumprimento de suas obrigações escolares. Simultaneamente, estudava piano com o professor Guilherme Mignone. Possuindo um ouvido privilegiado, era estimulada pelo seu mestre a dedicar-se mais à arte.
Terminou o científico com 17 anos e sua grande inclinação para a matemática levou-a a freqüentar um curso pré-vestibular, com o objetivo de futuramente tornar-se uma engenheira. Um casamento mal sucedido interrompeu seus estudos. Aos 21 anos, ingressou, como 2ª colocada, na Faculdade de Belas Artes.
Para a idealista que era, o que sempre demonstrou no seu dia-a-dia, em atitudes de solidariedade em relação ao próximo, caíram em campo fértil as sementes de rebelião contra o regime autoritário que dominava o país. Era a época aterrorizante do ditador Emílio Garrastazu Médici. Aquela mocinha inexperiente, mal saída dos bancos escolares e de um casamento frustrado, aos poucos se converteria na guerrilheira cujos retratos nos aeroportos, rodoviárias e outros lugares públicos, apontavam como uma subversiva perigosa.
Seguiu-se uma época de aflição e angústia para sua mãe e demais familiares, até que chegasse o momento fatal. Momento em que toda a ternura daquele coraçãozinho que só aspirava à igualdade entre os homens, daqueles imensos olhos azuis que só queriam contemplar o lado bom da vida, converteu-se em escuridão e trevas.
Ana Maria foi metralhada e morta na Mooca, em 14 de junho de 1972. Estava com 25 anos de idade. Com ela morreram Marcos Nonato da Fonseca e Iúri Xavier Pereira."

Foto de Ana Maria morta.
Enquanto Ana Maria, Iúri, Marcos Nonato e Antônio Carlos Bicalho Lana almoçavam no Restaurante Varella, o proprietário do estabelecimento, Manoel Henrique de Oliveira, que era alcagüete da polícia, telefonou para o DOI/CODI-SP, avisando da presença de algumas pessoas que tinham suas fotos afixadas em cartazes de Procurados, feitos na época pelos órgãos de segurança.

Os agentes do DOI/CODI, assim que se certificaram da presença dos quatro companheiros, montaram uma emboscada em torno do restaurante, mobilizando um grande contingente de policiais.

De imediato, foram fuzilados Iúri e Marcos Nonato. Ana Maria, ainda vivia, quando um policial, ouvindo seus gritos de protesto e de dor, impotente perante a morte iminente, aproximou-se desferindo-lhe uma rajada de Fuzil FAL, à queima-roupa, estraçalhando-lhe o corpo.

Ato contínuo, os policiais fizeram uma demonstração de selvageria para a população que se aglomerou em volta daquela já horrenda cena. Dois ou três policiais agarravam o corpo de Ana Maria e o jogavam de um lado para o outro, às vezes lançando-o para o alto e deixando-o cair abruptamente no chão. Descobriram-lhe também o corpo ensagüentado, lançando impropérios e demonstrando o júbilo na covardia de tê-la abatido. Não satisfeitos, desfechavam-lhe ainda coronhadas com seus fuzis, como se mesmo morta Ana Maria representasse ainda algum perigo.


Tal cena repetiu-se com o corpo de Iúri e Marcos Nonato, sendo entretanto Ana Maria o alvo preferido.

A população, revoltada com tamanha violência e selvageria, esboçou, dias depois, uma reação de protesto, tentando elaborar um abaixo-assinado que seria encaminhado ao Governador do Estado. Mas, devido ao clima de terror existente no país naquela época, somado ao pânico de que aquelas cenas de verdadeiro horror pudessem se repetir com eles, a iniciativa foi posta de lado. Também as ameaças feitas pelos policiais, na hora do crime, intimidaram os populares.

Anos depois, em 1992, populares da Mooca que ainda lembravam do trágico episódio, sugeriram seu nome para uma creche municipal. A então prefeita Luiza Erundina aceitou a sugestão popular.


Da emboscada, conseguiu escapar, ferido, Antônio Carlos Bicalho Lana (morto em 30 de novembro de 1973), testemunha, dos três assassinatos .

Assinam o laudo de necrópsia os médicos legistas Isaac Abramovitch e Abeylard de Queiroz Orsini.

Em 16 de outubro de 1973, apesar de morta oficialmente, é condenada à revelia a 12 anos de prisão com base no artigo 28 do Decreto lei n° 898/69.

O Relatório do Ministério da Aeronáutica contém a falsa versão de que Ana Maria foi ferida após assalto em que resistiu à voz de prisão, "ocasião em que a nominada saiu gravemente ferida, vindo a falecer posteriormente".


Bibi Vogel

SYLVIA DULCE KLEINER
(61 anos)
Atriz, Cantora, Modelo Fotográfico e Militante da Amamentação e Direitos Humanos

* Rio de Janeiro, RJ (02/11/1942)
+ Buenos Aires, Argentina (03/04/2004)

Filha de imigrantes alemães. Seu pai era engenheiro e sua mãe cantora lírica.

Na adolescência, o esporte era sua grande paixão. Além da prática do frescobol nas areias do Posto 4 em Copacabana, era atleta do CIB – Centro Israelita Brasileiro, onde praticava várias esportes, entre eles o seu preferido o vôlei. Defendendo a camisa do clube, foi campeã carioca, na categoria juvenil, de Tênis de Mesa, e em 1957 ganhou o prêmio de Melhor Atleta Feminina, oferecido pelo programa de rádio Hora Israelita Brasileira.

Transferida para o Fluminense, foi convocada a integrar a Seleção Carioca para a disputa do Campeonato Brasileiro Juvenil de Vôlei, em 1959, onde se sagrou campeã.

Durante essa etapa esportiva, participou do Teatro Amador do CIB. Seu primeiro trabalho profissional foi na peça “O Ovo”, de Felicien Marceau, na Maison de France.

Entrou para ENBA - Escola Nacional de Belas Artes, Universidade do Brasil, num curso conjunto com a Faculdade de Filosofia, onde se formou em Professora de Desenho.

Em 1965 casou-se com o músico e professor de literatura, o norte-americano Bill Vogel e foi morar nos EUA. Foi quando conheceu Sergio Mendes e foi convidada a integrar o grupo musical “Sergio Mendes & Brasil 66″, com o qual vivenciou um enorme sucesso musical.


Em 1968 voltou para o Rio de Janeiro, terminou a Faculdade de Belas Artes e em seguida foi para São Paulo com o marido. Lá resolveu aceitar um convite para fazer um teste para modelo de fotografia exclusiva da Editora Abril. Foi contrata e foi a partir daí, pode-se dizer, que deu início a sua carreira profissional.

Em 1969 co-protagonizou com Juca de Oliveira na novela “Nino, o Italianinho”, da TV Tupi, de enorme sucesso. Além de diversas outras novelas, participou de programas de humor, foi apresentadora de programa (Concertos para Juventude), e, nos anos de 1971/72 fez diversos comerciais (Ela Entende de Tudo, entre eles) para TV.

No cinema participou de vários filmes, entre eles “Tonho”, com o qual ganhou o Prêmio Governador do Estado de São Paulo na categoria de Revelação de Atriz, em 1970, e “Um homem célebre”, com o qual concorreu ao Prêmio de Melhor Atriz, no Festival de Gramado.

Em 1970, entrou para o Teatro de Arena. Destacou-se na peça Hair, e trabalhou ao lado de Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal e de Lima Duarte. Com esse grupo participou nas peças “Arturo Ui, de Brecht, e “Arena conta Zumbi”, de Guarnieri e Boal. Com “Zumbi” participou do 1º Festival Latino-Americano de Teatro, em Buenos Aires, em fins de 1970, e no Festival Mundial de Teatro em Nancy, na França, em 1971. Foi nessa tournée para Buenos Aires que conheceu Alfredo Zemma, ator, diretor e autor teatral, com quem se casaria mais tarde.


Fez parceria com um dos músicos do grupo de Arena, o violonista e cantor Loni Rosa, de 1971 a 1975. Com ele gravou discos em duo, e fizeram diversos shows e apresentações em teatros, café-concertos e outras salas de espetáculos, no Brasil, na Argentina e Uruguai. Também fez shows com um quarteto em Buenos Aires. Um dos espetáculos mais apreciados chamava-se “Identidade”, que foi apresentado durante 3 anos.

Em 1976 mudou-se para Buenos Aires com seu novo marido Alfredo Zemma, o que tumultuou muito sua vida profissional, pois tinha que viver quase numa ponte aérea B.Aires/Rio.

Em 1979 nasce sua única filha Mayra e com ela vive uma de suas experiências mais marcantes: a maternidade.

Com Mayra no peito, inicia sua militância na amamentação e poucos meses depois, engaja-se no feminismo, defendendo o direito da mulher à opção por amamentar ou não o seu bebê. E é defendendo essa “bandeira” que em 1980, por sua iniciativa, funda, no Rio de Janeiro, juntamente com outras mulheres, o Grupo de Mães Amigas do Peito.

A partir de 1985, com a volta da democracia na Argentina, começa a trabalhar como voluntária na APDH, Asamblea Permanente por los Derechos Humanos, de Buenos Aires.

Em 1990 fez parte da comissão organizadora do 5º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, onde organizou a primeira oficina sobre “Amamentação e o Feminismo”.



Em 1993, 1996 e 1999 participou dos três primeiros Simpósios Argentinos de Amamentação, apresentando trabalhos e vídeos. E em 1996, convidada pela WABA - World Alliance Breastfeeding Action, apresentou um trabalho no Congresso em Bangkok, na Tailândia.

Em 1994 participou em Mar Del Plata do Encontro Preparatório para Beijing, convidada pela organização norte-americana WellStart, para defender a causa da amamentação junto à plataforma das reivindicações feministas.

Em 1996 incursionou no campo da produção de vídeos, onde produziu os seguintes vídeos:

"Prazer?" - premiado no 2º Simpósio Argentino de Amamentação, em Salta, Argentina;
"Maternidades";
"Olhares"

Em 1998 organizou na APDH - Asamblea Permanete por los Derechos Humanos, de Buenos Aires, a 1ª Mesa Redonda “Amamentação e Direitos Humanos”. E em 2000, no mesmo local, organizou um Ciclo de Vídeo-Debate, com três encontros com o mesmo título.


Em 1999, criou e organizou em Buenos Aires, com o apoio da Sociedade Argentina de Pediatria, a "1ª Exposição Argentina de Humor Gráfico sobre Amamentação", com a participação dos melhores artistas gráficos locais.

Em 2000 trouxe essa exposição para o Rio de Janeiro, onde foram incluídos os trabalhos dos mais renomados artistas gráficos brasileiros, resultando assim na "1ª Exposição Brasil-Argentina de Humor Gráfico sobre Amamentação", que foi apresentada durante o evento "20 Anos de Peito Aberto", no Museu da República, em celebração dos 20 anos de trabalho das Amigas do Peito.

Em 2001 foi incluída pelo CEDIM - Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro, na Exposição "O Século XX da Mulher", pelo seu trabalho no campo da amamentação.

Por anos, sofreu de câncer no estômago. Bibi morreu cercada de amigos, aos 60 anos. Pouco antes, pedira para comer um doce, galletita brasileña, que lembrava-lhe o Rio.

Fonte: Amigas do Peito (http://www.amigasdopeito.org.br)