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Jorginho do Pandeiro

JORGE JOSÉ DA SILVA
(86 anos)
Pandeirista

☼ Rio de Janeiro, RJ (03/12/1930)
┼ Rio de Janeiro, RJ (06/07/2017)

Jorge José da Silva, mais conhecido pelo pseudônimo Jorginho do Pandeiro, foi um pandeirista brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 03/12/1930. Jorginho realizou também atividades como produtor de discos de artistas da Música Popular Brasileira, como Sílvio Caldas, Clara NunesElizeth Cardoso, Chico Buarque e Marisa Monte.

Nascido numa família de músicos, Jorge José da Silva, aos 7 anos, já tocava ao lado do pai, o violonista Caetano José da Silva, e deixou o seu nome marcado na história do choro - mas este viria acompanhado de um novo sobrenome, oriundo do instrumento que começou a tocar aos 7 anos de idade: o pandeiro.

Seu pai sempre recebia em casa os amigos músicos, entre eles Pixinguinha.
"O baile era dentro de casa. Como havia muitos músicos, o pessoal tocava no quarto e dançava na sala!"
(Jorginho, em 2000, entrevista ao Globo)


Lino e Dino, seus irmãos mais velhos, também se tornaram-músicos. O segundo, inclusive, ficou conhecido como Dino 7 Cordas, companheiro de Jorginho no Época de Ouro.
"Apesar de meu pai e meu irmão tocarem violão, sempre gostei mais de pandeiro!"
(Jorginho)

Jorginho iniciou sua trajetória musical aos 14 anos, na Rádio Tamoio, onde se apresentou no conjunto de Ademar Nunes. Depois, se apresentaria também na Rádio Nacional e Rádio Mayrink Veiga.

Ao longo da carreira, cantores como acompanhou Sílvio Caldas, Emilinha Borba, Marlene, Orlando Silva, Beth CarvalhoClara Nunes, Paulinho da Viola, Alcione, Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Cartola e Nelson Cavaquinho.

Além de ter integrado diversas orquestras e conjuntos regionais, Jorginho do Pandeiro participou de gravações históricas de Jacob do Bandolim, o fundador do Época de Ouro, em 1964, lendário grupo no qual ele entrou em 1972, três anos após a morte de Jacob, e que liderou uma espécie de renascimento do choro nos anos 1970. Jorginho continuou no grupo até sua morte.


Tanto o filho, Celso Silva, quanto o neto, Eduardo Silva, de Jorginho, tornaram-se pandeiristas. Aos 13 anos Celso Silva já tocava atabaque com os irmãos, mas a carreira profissional começou em 1976 no conjunto de choro Os Carioquinhas, que tinha entre os integrantes Luciana e Raphael Rabello. Dois anos mais tarde ele fundou, juntamente com amigos e com o irmão Jorge, que toca cavaquinho, o grupo Nó Em Pingo D'Água.

Jorginho foi o produtor, em 1989, do álbum duplo "Há Sempre Um Nome de Mulher", editado pelo Banco do Brasil para a Campanha do Aleitamento Materno, do qual foi vendido 600 mil cópias, na época, ganhando o "Disco de Ouro" o seu criador Ricardo Cravo Albin.

Em dezembro de 2000, comemorou os 70 anos de carreira em dois dias de shows na Sala Funarte do Rio de Janeiro. No show, relembrou antigos sucessos e contou com a participação especial de amigos como Paulinho da Viola, Cristóvão Bastos, Joel Nascimento, Déo Rian, e os grupos Nó Em Pingo D'Água e Época de Ouro.

Morte

Jorginho morreu na quinta-feira, 06/07/2017, aos 86 anos, no Rio de Janeiro, RJ, vítima de complicações decorrentes de uma infecção urinária.

O sepultamento ocorreu na manhã de sexta-feira, 07/07/2017, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Indicação: Miguel Sampaio
#FamososQuePartiram #JorginhoDoPandeiro

João da Baiana

JOÃO MACHADO GUEDES
(86 anos)
Cantor, Compositor, Passista e Instrumentista

* Rio de Janeiro, RJ (17/05/1887)
+ Rio de Janeiro, RJ (12/01/1974)

João Machado Guedes, conhecido como João da Baiana, foi um compositor popular, cantor, passista e instrumentista brasileiro. Filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança. Seus avós, ex-escravos tinham uma quitanda de artigos afro-brasileiros no Largo da Sé. Sua mãe, conhecida pelo nome de Tia Perciliana, era baiana, donde surgiu seu apelido, João da Baiana, para distingui-lo de outros Joões do bairro.

Foi criado na Rua Senador Pompeu, no bairro da Cidade Nova, onde tomou lições de cartilha com Dona Maria Josefa. Na infância, teve como companheiros os futuros compositores Donga e Heitor dos Prazeres.

Seus pais constantemente promoviam festas de candomblé, para as quais deviam tirar licença com o chefe de polícia, pois na época o samba, a batucada e o candomblé eram manifestações proibidas. Sua mãe teve 12 filhos, todos baianos, exceto ele. Um de seus irmãos, o Mané, era palhaço do Circo Spinelli e tocava violão e cavaquinho. Uma de suas irmãs tocava violino.

João da Baiana começou a compor sambas desde garoto. Sua mãe apreciava os dotes do menino para a batucada, o candomblé e a macumba, dotes que o destacavam de seus irmãos. Iniciou-se no pandeiro, instrumento para o qual tinha grande aptidão.


João da Baiana foi o responsável pela introdução do pandeiro no samba. Segundo depoimento prestado ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, que abriu em 1966 o ciclo de depoimentos para a posteridade, de larga repercussão no Rio de Janeiro e em todo o país:

"Na época o pandeiro era só usado em orquestras. No samba quem introduziu fui eu mesmo. Isto mais ou menos quando eu tinha oito anos de idade e era Porta-machado no 'Dois de Ouro' e no 'Pedra do Sal'. Até então nas agremiações só tinha tamborim e assim mesmo era tamborim grande e de cabo. O pandeiro não era igual ao atual. O dessa época era bem maior."
"Eu sempre me dediquei ao pandeiro porque tinha amor ao ritmo. Os garotos formavam uma roda de samba e eu é quem tocava melhor o pandeiro."

Ainda menino, trabalhou no circo como chefe da claque dos garotos que respondiam ao "Hoje tem marmelada? Tem sim senhor!". Por essa época, passou a se dedicar à pintura, uma grande paixão do compositor. Aos nove anos, ingressou como aprendiz no Arsenal da Marinha. Deu baixa três anos mais tarde, passando então a trabalhar no 2º Batalhão de Artilharia, como ajudante de cocheiro sob o comando de Hermes da Fonseca, futuro Marechal e Presidente da República.

Em 1908, quando se apresentava na tradicional Festa da Penha, teve seu pandeiro apreendido pela polícia. O senador Pinheiro Machado, que era seu admirador e que freqüentemente promovia festas em "seu" palácio no Morro da Graça, o convidou para uma dessas festas e como ele não apareceu, quis saber o porque. Ao saber que o instrumentista tivera seu pandeiro apreendido, resolveu presenteá-lo com um novo padeiro, que trazia a seguinte inscrição: "Com a minha admiração, ao João da Baiana - Pinheiro Machado". Com essa dedicatória do senador, pôde voltar por diversas vezes à Festa da Penha, como integrante do Grupo do Malaquias, sem que a polícia fosse atormentá-lo.

Pixinguinha, João da Baiana e Donga
Além do pandeiros, sua especialidade era o prato e faca, populares nas gravações da época.

Algumas de suas composições da época foram "Pelo Amor da Mulata""Mulher Cruel""Pedindo Vingança" e "O Futuro é Uma Caveira".

Em 1910, passou a trabalhar no Cais do Porto, sendo promovido a fiscal, em 1920. Por esse motivo, não acompanhou Os Oito Batutas à Paris, pois não queria trocar seu emprego certo pela aventura.

Em 1924, compôs com Donga e Pixinguinha o samba "Mulher Cruel". Em 1928, ingressou no rádio como ritmista, tocando pandeiro, prato e faca, tendo atuado na Rádio Cajuti, Rádio Transmissora, Rádio Educadora e Rádio Philips.

Em 1930, teve o samba "Pelo Amor da Mulata", sua primeira composição, feita sete anos antes, gravado na Odeon por Patrício Teixeira, que gravou também no mesmo ano o samba "O Futuro é Uma Caveira".

Em 1931, passou a integrar o "Grupo da Guarda Velha", conjunto organizado por Pixinguinha que reuniu alguns dos maiores instrumentistas brasileiros da época. Realizaram quatro gravações na RCA Victor, acompanhando também grandes cantores como Carmen Miranda, Sílvio Caldas, Mário Reis, Jonjoca, Castro Barbosa, entre outros.

O primeiro disco da Guarda Velha, gravado em dezembro de 1931, trazia o partido alto "Há! Hu! Lahô" e a chula raiada "Patrão Prenda Seu Gado", as duas de sua parceria com Pixinguinha e Donga. Ainda no mesmo ano, gravou o samba "Viva Meu Orixá", no lado B de um disco que trazia no lado A, o cantor Francisco Sena interpretando, de sua autoria o samba "Convencida".

Em 1932, Patrício Teixeira gravou os sambas "Quem Faz a Deus Paga ao Diabo", "Cabide de Molambo" e "Ai Zezé", este uma parceria dos dois. A respeito do samba "Cabide de Molambo", afirmou em histórico depoimento ao Museu da Imagem e do Som:

 "Eu acho que este samba inspirou o Noel Rosa a fazer o 'Com Que Roupa'."

No mesmo ano, 1932, outras duas parcerias com Pixinguinha e Donga, a batucada "Já Andei" e a macumba "Que Queré", foram gravadas pelo Grupo da Guarda Velha, com Zaíra de Oliveira e Francisco Sena. Ainda em 1932, o cantor Francisco Sena lançou a batucada "Vi o Pombo Gemê" e a macumba "Xou Coringa".

João da Baiana atuou em vários conjuntos entre os quais o Grupo do Malaquias, o Grupo do Louro, o Conjunto dos Moles e o conjunto Alfredinho no Choro. Em fins de 1932, Pixinguinha organizou na RCA Victor a orquestra "Diabos do céu", com alguns dos integrantes do Grupo da Guarda Velha, grupo que estreou em disco acompanhando Carmen Miranda na gravação de "Etc", samba de Assis Valente.

Conhecedor do candomblé, gravou diversos corimás, com algumas palavras em dialeto africano, cantadas no início das sessões de candomblé.

Em 1936, seu samba "Seu Pai Não Quer" foi gravado na RCA Victor por Castro Barbosa.

Em 1937, Pixinguinha reuniu quatro músicos, Tute (violão de sete cordas), Luperce Miranda (cavaquinho), Valeriano (violão de seis cordas) e João da Baiana (pandeiro), formando o conjunto Os Cinco Companheiros, que atuou no Dancing Eldorado e no Palácio Guanabara com Vicente Celestino e Gilda de Abreu.

Em 1938, gravou na RCA Victor com seu conjunto, as macumbas "Sereia" e "Folha Por Folha", parcerias com Getúlio Marinho.


No ano de 1940, Leopoldo Stokowski solicitou a Heitor Villa-Lobos que selecionasse e reunisse os mais representativos artistas de Música Popular Brasileira, para gravação de músicas destinadas ao Congresso Pan-Americano de FolcloreHeitor Villa-Lobos incluiu no grupo escolhido a nata dos verdadeiros criadores nacionais de música: Pixinguinha, Cartola, Donga, João da Baiana e Zé Espinguela. As gravações realizaram-se na noite de 7 para 8 de agosto de 1940, a bordo do navio Uruguai atracado no Armazém 4. Foram registradas 40 músicas e apenas 16 chegaram ao disco, reproduzidas nos Estados Unidos em dois álbuns de quatro fonogramas cada um, sob o título "Columbia Presents - Native Brazilian Music - Leopold Stokowski".

Em 1950, seu tema afro-brasileiro "Ogum Nilê", com Raul Carrazatto, foi gravado pelo trio vocal Trigêmeos Vocalistas em disco Odeon.

Em 1952, lançou os ritmos afro brasileiros "Lamento de Inhançã" e "Lamento de Xangô", de sua autoria. Por quatro anos seguidos, gravou anualmente um disco intitulado "João da Baiana no Seu Terreiro", interpretando pontos de macumba de sua autoria.

Em 1954, Almirante organizou em São Paulo o I Festival da Velha Guarda, reunindo vários músicos veteranos. No II Festival da Velha Guarda, a caravana carioca formou em caráter regular um conjunto denominado Velha Guarda do qual faziam parte, alem dele, Pixinguinha, Donga, Alfredinho Flautim, entre outros.

Em 1955, alcançaram sucesso na Boate Casablanca, constituindo a grande atração do Show Zilco Ribeiro. Nesse mesmo ano, o grupo gravou seu primeiro LP na Sinter "A Velha Guarda" seguido de um outro "Carnaval da Velha Guarda".

Em 1957, lançou com Sussu pela Odeon o LP "Batuques e Pontos de Macumba", no qual interpretou "Quê, Quê, Rê, Quê, Quê", "O Cachimbo da Vovó", "Nanan Boroque" e "Amalá de Xangô", todos de sua autoria.

Em 1966, foi convidado por Ricardo Cravo Albin, depois do seu nome ter sido sufragado pela unanimidade do Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som, para realizar o primeiro depoimento para a posteridade do Museu da Imagem e do Som, que não só abriu o ciclo como também definiria a estrutura principal do museu junto à opinião pública de todo o país. Este seu histórico depoimento obteve grande repercussão na imprensa e deu por inaugurado, junto à mídia, o próprio museu, então desconhecido.

Clementina de Jesus, Pixinguinha e João da Baiana
Em 1968, foi lançado o LP "Gente da Antiga", produzido por Hermínio Bello de Carvalho para a Odeon contando além de sua participação, com as de Clementina de Jesus e Pixinguinha, onde lançou, entre outras, as ancestrais "Cabide de Molambo" e "Batuque na Cozinha", depois regravada por Martinho da Vila.

No mesmo ano, lançou na "Bienal do Samba" da TV Record o samba "Quando a Polícia Chegar", defendido por Clementina de Jesus. Segundo Ricardo Cravo Albin, foi, além de exímio pandeirista, e além de uma doce e inesquecível figura humana, um dos grandes ritmistas do prato com faca, habilidade que aprendeu ainda na infância, por influência de uma tradição cultivada na Bahia.

João da Baiana casou-se e teve dois filhos que morreram ainda na infância.

Em 1972, foi recolhido à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, onde morreu dois anos depois.

Hoje em dia, alguns pertences do músico integram o acervo do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Entre eles está o prato e faca de João da Baiana (Coleção Almirante), instrumento que o consagrou.