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André Matos

ANDRÉ COELHO MATOS
(47 anos)
Cantor, Compositor, Maestro e Pianista

☼ São Paulo, SP (14/09/1971)
┼ São Paulo, SP (08/06/2019)

André Coelho Matos foi um cantor, compositor, maestro e pianista, nascido em São Paulo, SP, no dia 14/09/1971, conhecido por ter sido vocalista das bandas Viper, Angra e Shaman. Também capitaneou os projetos Virgo e Symfonia, além de ter feito participações especiais em bandas como Avantasia e Aina. Desde outubro de 2006 André Matos estava em carreira solo.

Em seu currículo constam Regência Orquestral, Composição Musical, habilitação em Canto Lírico e habilitação em Piano Erudito. Foi eleito o 77º melhor cantor brasileiro de todos os tempos pela revista Rolling Stone Brasil.

Viper nos anos 80: Cássio Audi, Pit Passarell, Andre Matos, Yves Passarell e Felipe Machado
Viper (1985 / 1990)

André Matos começou seus estudos musicais ainda na infância, aos sete anos de idade, com aulas de piano e ingressou em sua primeira banda, o Viper, aos 13 anos. Como a banda ainda não tinha um vocalista, André Matos foi o escolhido para assumir os vocais, apesar de achar que não tinha capacidade para isso, pois o que realmente sabia fazer era tocar piano e teclado.

Com o Viper, André Matos gravou a demo "The Killera Sword" em 1985 e os álbuns "Soldiers Of Sunrise" em 1987 e "Theatre Of Fate" em 1989.

Com estes dois discos a banda teve um reconhecimento internacional, principalmente no Japão e na Europa, que resultou no lançamentos dos álbuns no Japão. Após o lançamento de "Theatre Of Fate", André Matos decidiu deixar o Viper, pois não conseguiria conciliar a banda com seus estudos na faculdade, e com isso ocorreu sua separação da banda.

André Matos ingressou na Faculdade de Artes Santa Marcelina e no último ano transferiu-se para a Faculdade de Artes Alcântara Machado, graduando-se como bacharel em Regência Orquestral e Composição Musical. André Matos também estudou durante sete anos canto lírico junto ao professor de técnica e interpretação vocais Francisco Campos, professor titular da Universidade de São Paulo (USP).

A banda Angra na primeira formação, ainda com Andre Matos no vocal.
Angra (1991 / 2000)

Enquanto esteve na faculdade, André Matos conheceu Rafael Bittencourt e com ele teve a ideia de começar uma nova banda onde pudessem mesclar o heavy metal com a música erudita, o que mais tarde resultaria na criação do Angra. Com o Angra, desenvolveu uma carreira ao longo de nove anos com turnês pelo Brasil, Europa, Ásia e América Latina, com mais de um milhão de cópias vendidas e que o deram projeção mundial, consagrando André Matos como um dos principais vocalistas do chamado power metal.

Com o Angra, André Matos gravou a demo tape "Reaching Horizons" (1992), o álbum "Angels Cry" (1993), o EP "Evil Warning" (1994), a demo tape "Eyes Of Christ" (1995) e o álbum "Holy Land" (1996), o single "Make Believe", o EP "Freedom Call", o EP ao vivo "Holy Live", os single "Lisbon" (1998) e "Rainy Nights" (1998) e o álbum "Fireworks" (1998).

Nesse mesmo período André Matos foi sondado como possível substituto de Bruce Dickinson no Iron Maiden em um concurso que escolheria o novo vocalista da banda inglesa, mas a vaga acabou ficando com Blaze Bayley.

Andre Matos, Hugo Mariutti, Luis Mariutti e Ricardo Confessori
Shaman (2000 / 2006)

No começo de 2000 André Matos decidiu deixar o Angra devido a problemas com o empresário da banda. O baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori também deixaram o Angra juntamente com André Matos e formaram a banda Shaman (que posteriormente mudou o nome para Shaaman e hoje em dia voltou a ser chamada Shaman com apenas um "A"), convidando Hugo Mariutti para ser o guitarrista.

Logo com seu primeiro álbum, o "Ritual" lançado em 2002, a banda assinou contratos com vários selos no exterior, como JVC no Japão e Universal Music no Brasil. O álbum teve inclusive uma de suas faixas, "Fairy Tale" (André Matos) incluída na trilha sonora da novela da TV Globo "O Beijo do Vampiro".

Em 2003 foi a vez do lançamento do DVD "RituAlive" gravado no Credicard Hall e que contou com as participações especiais de Marcus Viana, Tobias Sammet, Sascha Paeth, Andi Deris e Michael Weikath, um DVD cuja qualidade de vídeo e áudio foi considerada acima da média.

Em 2005, o Shaman lançou o álbum "Reason" que resultou em mais uma turnê mundial.

Nesse período André Matos também desenvolveu o projeto Virgo junto ao guitarrista e produtor alemão Sascha Paeth. Este foi um projeto mais voltado para o rock em geral, com o qual André Matos foi além do seu tradicional modo de compor.

Ainda nos primeiros anos do Shaman, André Matos fez participações especiais nos dois primeiros álbuns da banda Avantasia, idealizada por Tobias Sammet. Os álbuns "The Metal Opera" e "The Metal Opera Part II" foram lançados em 2001 e 2002 respectivamente.

André Matos ainda participou da primeira turnê do projeto em 2008, na época em que o Avantasia estava lançando o seu terceiro álbum "The Scarecrow".

Carreira Solo e Symfonia (2006 / 2011)

Em 2006, André Matos e os irmãos Luis Mariutti e Luis Mariutti decidiram deixar o Shaman e soltaram um comunicado oficial explicando a decisão. Após o fim da banda, André Matos se apresentou no festival Live 'N' Louder com um time de músicos que contava com Luis Mariutti, Hugo Mariutti, Andre Hernandes, Fabio Ribeiro e Rafael Rosa, anunciando pouco tempo depois que estes seriam os músicos que o acompanhariam em sua nova empreitada, o início de sua carreira solo.

O primeiro álbum de André Matos em sua carreira solo foi o "Time To Be Free" lançado em 2007 e sucedido por sua primeira turnê pelo Brasil, Europa e Japão com seu novo projeto.

Em 2009, o segundo álbum de sua carreira solo foi lançado sob o nome "Mentalize".

Em 2010, ele participaria mais uma vez do projeto Avantasia, desta vez no álbum "The Wicked Symphony", embora desta vez cantasse em apenas uma faixa: "Blizzard On a Broken Mirror". Ainda em 2010, André Matos e o guitarrista finlandês Timo Tolkki anunciavam a formação do supergrupo Symfonia.

Em abril de 2011, o supergrupo, que contava ainda com Jari Kainulainen, Mikko Härkin e Uli Kusch, lançou o seu primeiro disco "In Paradisum", dando a banda início a sua turnê mundial no segundo semestre de 2011. O grupo acabou alguns meses depois, após Timo Tolkki anunciar sua aposentadoria da música.

The Turn Of The Lights e Reunião do Viper (2012)

André Matos anunciou o baterista Rodrigo Silveira, que substituiria Eloy Casagrande, que foi para o Sepultura. André Matos também anunciou que no início de 2012 começaria o processo de gravação do terceiro álbum de sua carreira solo.

Em 2012 a banda Viper anunciou a turnê "To Live Again Tour" para comemorar os 25 anos do álbum "Soldiers Of Sunrise", onde tocaram pela primeira vez na íntegra os álbuns "Soldiers Of Sunrise" e "Theatre Of Fate". O primeiro show aconteceu no dia 01/07/2012 na cidade de São Paulo, com o retorno do vocalista André Matos após 22 anos desde sua saída para a banda Angra e a formação clássica de Pit Passarell, Felipe Machado e Guilherme Martin. O guitarrista Hugo Mariutti tocou no lugar de Yves Passarell, que eventualmente fez participações durante a turnê.

Em julho de 2012 André Matos anunciou que o seu terceiro álbum de estúdio em carreira solo, "The Turn Of The Lights", seria lançado mundialmente dia 22/08/2012. No Brasil foi lançado pela gravadora Azul Music.

Turnês Comemorativas e Retorno do Shaman (2013 / 2019)

Devido ao aniversário de 20 anos do lançamento de "Angels Cry", o músico tocou o álbum na íntegra durante a turnê de 2013. Devido ao sucesso da tour em 2013, a banda decidiu continuar a digressão pelo Brasil em 2014, sendo que a última apresentação dessa turnê aconteceu no dia 12/12/2014, na cidade de Sorocaba, São Paulo.

Em 08/04/2015, André Matos completou 30 anos de carreira e anunciou uma grande turnê comemorativa junto com seus companheiros da banda solo. No mesmo dia foi comemorado com uma grande festa no Manifesto Bar, na cidade de São Paulo, o aniversário de 30 anos da banda Viper. O lançamento do CD ao vivo "Viper - Live In São Paulo", referente ao show da banda Viper em julho de 2012, foi lançado no dia do evento.

No dia 30/04/2015, no último show antes da turnê comemorativa de 30 anos de carreira de André Matos, foi anunciada a saída do guitarrista André Hernandes, que tocava na banda desde 2006. A saída foi amigável e se deu por conta de Zaza, que mora em Curitiba, estar se dedicando em seus novos projetos.

Para comemorar 30 anos de carreira, André Matos lançou em 2015 uma turnê especial: O público iria escolher as músicas que fariam parte do show, dentre 110 composições que abrangem toda a história do vocalista nas bandas Viper, Angra, Shaman e André Matos, além de suas participações em projetos como Virgo, Avantasia e Symfonia. A depender da escolha dos fãs, era possível que algumas músicas fossem tocadas ao vivo pela primeira vez na história. O processo de votação seria realizado em duas etapas, através do site oficial do músico.

Em 18/05/2015, aconteceu na cidade de Piedade, São Paulo, a estreia da tour "Andre Matos 30 Anos". No mesmo dia foi apresentado o guitarrista substituto de André Hernandes. Foram feitas audições privadas com profissionais e finalmente, o nome do finalista surgiu com o aval de todos da banda - inclusive do próprio André Hernandes: João Milliet.

No dia 25/05/2018, sua banda Shaman anunciou sua volta para um show especial com a formação clássica em São Paulo, na casa de show Audio. Essa reunião deu-se após milhares de pedidos e até uma campanha com a hashtag #voltashaman, após uma árdua batalha dos fãs contra a rigidez que a formação original demonstrava em voltar com as atividades da banda. Os integrantes atenderam o chamado dos fãs que foram surpreendidos com a inesperada notícia. Após algumas semanas, foram anunciados shows para Brasília, Belo Horizonte, Rio Janeiro, Manaus junto de Arch Enemy e Kreator, Fortaleza e Recife.

Morte


André Matos faleceu no sábado, 08/06/2019, aos 47 anos, em São Paulo, SP. De acordo com a Brasil Music Press, que assessora a banda Shaman, a causa da morte ainda não foi detectada e só será esclarecida após o processo de autópsia. A assessoria afirma ainda que "por motivos de privacidade e respeito a dor da família, não serão divulgadas informações sobre velório e enterro".

André Matos tinha se apresentado no último domingo, 02/06/2019, no Espaço das Américas, em São Paulo.

Discografia

Solo
  • 2007 - Time To Be Free
  • 2009 - Mentalize
  • 2012 - The Turn Of The Lights

Viper
  • 1985 - The Killera Sword (Demo)
  • 1987 - Soldiers Of Sunrise
  • 1989 - Viper 1989 (Demo)
  • 1989 - Theatre Of Fate
  • 2007 - All My Life (Participação Especial em "Love Is All")
  • 2015 - To Live Again - Live In São Paulo

Angra
  • 1992 - Reaching Horizons (Demo)
  • 1993 - Angels Cry
  • 1994 - Evil Warning (EP)
  • 1995 - Eyes Of Christ
  • 1995 - Live Acoustic At FNAC
  • 1996 - Holy Land
  • 1997 - Freedom Call (EP)
  • 1997 - Holy Live (EP)
  • 1998 - Fireworks

Virgo
  • 2001 - Virgo

Shaman
  • 2001 - Demo (Demo)
  • 2002 - Ritual
  • 2003 - RituAlive (Ao Vivo)
  • 2005 - Reason

Symfonia
  • 2011 - In Paradisum

Bento Mossurunga

BENTO JOÃO DE ALBUQUERQUE MOSSURUNGA
(91 anos)
Maestro, Pianista, Violinista e Compositor

☼ Castro, PR (06/05/1879)
┼ Curitiba, PR (23/10/1970)

Bento João de Albuquerque Mossurunga, conhecido como Bento Mossurunga, foi maestro, pianista, violinista e compositor, nacido em Castro, PR, no dia 06/05/1879.

Bento era filho do tabelião João Bernardes de Albuquerque e de Graciliana Reis de Albuquerque. Foi registrado com um acréscimo em seu sobrenome de um simples apelido: 'Mossurunga'.

Em casa, o ambiente era muito musical, pois seu pai e seu irmão tocavam viola e violão, enquanto suas irmãs tocavam órgão. Ainda pequeno aprendeu a tocar violinha sertaneja, tendo crescido entre violeiros populares e ouvindo música produzida por ex-escravos libertos que moravam numa colônia próxima à sua casa.

Em 1895 foi para Curitiba estudar piano e violino no Conservatório de Belas Artes. Além de estudar, trabalhava numa loja de chapéus e frequentava o Grêmio Musical Carlos Gomes, tendo convivido com os compositores e músicos da época. Após um período de volta à terra natal (1897-1902), retornou a Curitiba e retomou seus estudos musicais, enquanto lecionava piano e apresentava-se num café-concerto.

Em 1905, a revista carioca O Malho publicou sua valsa "Bela Morena", o que o incentivou a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde começou a atuar como violinista no teatro de variedades Guarda Velha. Prosseguiu seus estudos no Instituto Nacional de Música, passando a integrar em 1907 a orquestra do Centro Musical, regida por Antônio Francisco Braga, como primeiro violino.

Sua carreira como maestro se iniciou em 1916 na companhia do Teatro São José, onde foi auxiliar do maestro José Nunes até a morte deste, quando então assumiu o cargo de diretor do teatro. No período de 1918 a 1922, Bento Mossurunga dirigiu ensaios, fez instrumentações e musicou operetas, revistas e burletas, de autores como Cardoso de Meneses, Viriato Correia e Gastão Tojeiro. Depois dessa fase, foi regente em diversos teatros cariocas, como o Lírico, o Apolo, o Carlos Gomes e o Recreio Dramático.

Ainda morando no Rio de Janeiro, casou-se com Belosina Lima em 21/09/1924.

Em 1930 voltou a Curitiba para dirigir um curso de música e trabalhar na Sociedade Musical Renascença. Fundou a Sociedade Orquestral Paranaense e passou a produzir para o teatro musicado e a compor hinos, canções e obras para orquestra.

Em 1946 organizou, com um grupo de estudantes e músicos, a Orquestra Estudantil de Concertos, que em 1958 se transformaria na Orquestra Sinfônica da Universidade do Paraná.

Em 1947, seu Hino do Paraná, composto em 1903, tornou-se o hino oficial do Estado. Foi professor de canto orfeônico no Colégio Estadual do Paraná e de instrumentação na Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

Sua obra popular, que inclui numerosos sambas, tangos, choros, marchas carnavalescas, valsas e mazurcas perdeu-se em grande parte. Musicou, entre outras, as seguintes peças:
  • 1920 - Gato, Baeta, Carapicu, Revista de Cardoso de Meneses
  • 1921 - Reco-reco, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Olelê Olalá, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1921 - Segura o Boi, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1922 - Meu Bem, Não Chora!, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses
  • 1927 - Florzinha, opereta de Ivete Ribeiro 
  • 1927 - Boas Falas, revista de Bastos Tigre


Bento Mossurunga faleceu em Curitiba, PR, no dia 23/10/1970, aos 91 anos.

Obras do Autor

Música Orquestral
  • Bucólica Paranaense (s.d.)
  • Dezenove de Dezembro (Hino Militar, 1904)
  • Guaicará (s.d.)
  • Hino do Paraná (1903)
  • Ingrata (Mazurca, 1904)
  • Marcha da Cidade de Curitiba (s.d.)
  • Ondas do Iapó (s.d.)
  • Pintassilgo dos Pinheirais (s.d.)
  • Rincão (s.d.)
  • Sapecada (s.d.)
  • Hino do Município de Telêmaco Borba (s.d.)
  • Hino do Colégio Estadual do Paraná

Música Instrumental
  • Doce Reminiscência (Para Piano) (s.d.)
  • Fantasia Romântica (Para Violino e Piano) (s.d.)
  • Serenata (Para Piano) (s.d.)
  • Serenata Rústica (Para Celo e Piano) (s.d.)

Música Vocal
  • Bandeira do Brasil (Para Quatro Vozes) (s.d.)
  • Berceuse (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Canções Paranaenses (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Luar no Mato (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Nosso Brasil (Para Canto e Piano) (s.d.)
  • Ondas do Iapó (Para Soprano e Orquestra)
  • Só (Para Canto e Piano) (s.d.)

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #BentoMossurunga

André Filho

ANTÔNIO ANDRÉ DE SÁ FILHO
(68 anos)
Compositor, Cantor, Arranjador, Percussionista, Instrumentista e Radialista

☼ Rio de Janeiro, RJ (21/03/1906)
┼ Rio de Janeiro, RJ (02/07/1974)

Antônio André de Sá Filho, mais conhecido com André Filho, foi um ator, multiinstrumentista (piano, violão, bandolim, violino, banjo, percussão), radialista, compositor e cantor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 21/03/1906.

Ficou órfão muito cedo, sendo por isso criado pela avó. Começou a estudar música erudita aos oito anos com Pascoale Gambardella. Estudou, anos depois, vários instrumentos como violão, violino, piano, bandolim, dedicando-se, então, à música popular brasileira.

Formou-se em Ciências e Letras no Colégio Salesiano de Niterói, RJ, onde foi colega de Almirante.

Na década de 1940, esteve internado com problemas psíquicos, que, somados a alguns outros, acabaram por fazê-lo abandonar a vida artística.

André Filho é autor de muitos sucessos, entre os quais a marcha "Cidade Maravilhosa" que se tornou o hino da cidade do Rio de Janeiro. Por isso virou uma figura histórica do Rio de Janeiro, além de ser o parceiro de Noel Rosa no samba "Filosofia".

André Filho começou a carreira artística cantando na Rádio Educadora. Foi arranjador, compositor de jingles, locutor de várias emissoras como a Rádio Tupi, Rádio Mayrink Veiga, Rádio Phillips e Rádio Guanabara.


Sua primeira composição a ser gravada foi "Velho Solar", em 1929, pela Parlophon, interpretada por Henrique de Melo Moraes, o tio de Vinícius de Moraes. No mesmo ano, Ascendino Lisboa lançou o samba "Dou Tudo".

Em 1930, Carmen Miranda lançou duas músicas suas pela RCA Victor, o samba "O Meu Amor" e a marcha "Eu Quero Casar Com Você". Sílvio Caldas gravou também pela RCA Victor o seu samba "Nem Queiras Saber" (André FilhoFelácio da Silva).

Em 1931, Carmen Miranda gravou os sambas "Bamboleô" e "Quero Só Você", Jaime Vogeler a canção "Meu Benzinho Foi-se Embora" e Francisco Alves a valsa "Manoelina". No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, na Parlophon, interpretando os sambas "Estou Mal" (André FilhoHeitor dos Prazeres), e "Mangueira" (Saul de Carvalho). Lançou com J. B. de Carvalho, a macumba "Anduê, Anduá" (Maximiniano F. da Costa) e o samba "É Minha Sina" (André Filho).

Em 1932 teve diversas composições gravadas por diferentes intérpretes. Carmen Miranda registrou os sambas "Mulato De Qualidade", "Quando Me Lembro" e "Por Causa de Você"; Sílvio Caldas o samba "Jurei Me Vingar" (André Filho Valfrido Silva); O Grupo da Guarda Velha e Trio TBT, o samba "Como Te Amei".

Em 1933, gravou os sambas "Vou Navegar" e "Nosso Amor Vai Morrendo", e teve gravados por Carmen Miranda, os sambas "Fala Meu Bem" e "Lua Amiga", e por Elisa Coelho os sambas "O Samba é a Saudade" e "A Lua Vem Surgindo". Mário Reis foi convidado por Noel Rosa para gravar "Filosofia", pela Columbia.


Em 1934, Carmen Miranda lançou, junto com Mário Reis, o samba "Alô... Alô...", um grande sucesso no carnaval daquele ano. Ainda em 1934, gravou seu grande sucesso, a marcha "Cidade Maravilhosa", em dupla formada com a então novata Aurora Miranda, de apenas 19 anos. Segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, a escolha de Aurora Miranda "refletia de certo modo a tendência de romper com uma constante da época: a hegemonia masculina na gravação do repertório carnavalesco". De qualquer modo, o certo é que a entrada de Aurora Miranda em cena deve-se mesmo ao fato de ser irmã de Carmen Miranda, já então no auge da popularidade, inclusive nos carnavais. O lançamento de "Cidade maravilhosa", se deu no entanto, sem grande sucesso na Festa da Mocidade, em outubro daquele ano.

A marchinha foi inscrita em 1935 no Concurso de Carnaval da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, obtendo, para indignação do autor, a 2ª colocação. Também em 1935, gravou a marcha "Guarde Um Lugarzinho Para Mim" (André Filho e Valfrido Silva) e o samba "Jura Outra Vez" (Alcebíades Barcelos e Valfrido Silva), e com Aurora Miranda, gravou de sua autoria, a marcha "Ciganinha Do Meu Coração" e o samba "O Que Você Me Fez".

Em 1936, lançou as marchas "Teu Cabelo Vou Pintar" e "Cadê a Minha Colombina", de sua autoria. Aurora Miranda gravou de sua autoria, o samba "Quero Ver Você Sambar" e a marcha "Bacharéis Do Amor", e Carmen Miranda a marcha "Beijo Bamba" e o samba "Pelo Amor Daquela Ingrata".

Em 1937 teve mais duas marchas gravadas por Aurora Miranda, "Se a Moda Pega..." e "Quero Ver Você Chorando".


Em 1938, Aurora Miranda gravou a marcha "Na Sua Casa Tem..." (André Filho e Heitor dos Prazeres) e o samba "Chorei Por Teu Amor".

Em 1939 lançou a marcha "Linda Rosa" e o samba "Quem Mandou?".

Em 1941, gravou a marcha "Carnaval na China" (André Filho e Durval Melo) e o samba "Estrela do Nosso Amor" (André Filho). Vicente Celestino gravou pela RCA Victor a valsa "Cinzas No Coração", obtendo grande sucesso, e a canção "Cancioneiro Do Amor".

Em 1960, um decreto oficializou "Cidade Maravilhosa" como hino da cidade. No final da década de 1960, convidado e entrevistado por Ricardo Cravo Albin, então diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), gravou histórico depoimento para o museu, tendo sido seu estado mental considerado bastante razoável pelo entrevistador.

Em 1974, Chico Buarque resgatou "Filosofia", regravando o samba em seu álbum "Sinal fechado", dedicado a outros autores por causa da censura imposta à sua produção. O samba foi, na época, grande sucesso e uma maneira inteligente de dar um recado ao regime militar. O samba voltaria a ser ouvido na voz de Mário Reis, na década de 1970 e, posteriormente, incluído no filme "Brás Cubas" (1985), adaptação do cineasta Júlio Bressane para o clássico de Machado de Assis "Memórias Póstumas de Brás Cubas". No filme, "Filosofia" é o tema do personagem Quincas Borba.

Devido a várias crises pessoais, inclusive o fim prematuro de casamento com a esposa Zilda, o que lhe teria provocado graves crises psíquico-nervosas, afastou-se completa e prematuramente da vida artística, passando a orar com a mãe que o abrigou, cercando-o de carinho e cuidados, o que obscureceu a avaliação de sua obra, fazendo com seu trabalho fosse lembrado basicamente apenas pela marcha "Cidade maravilhosa".

Em 2006, seu acervo passou a pertencer ao Instituto Moreira Salles que o homenageou por ocasião do centenário de seu nascimento com uma exposição de partituras, documentos e fotografias.

André Filho morreu aos 68 anos , no dia 02/07/1974, no Rio de Janeiro.

Discografia

  • 1941 - Carnaval Na China / Estrela Do Nosso Amor (Odeon, 78)
  • 1939 - Linda Rosa / Quem Mandou? (Columbia, 78)
  • 1938 - Perdão, Emília / Onde é Que Eu Vou Parar (Odeon, 78)
  • 1937 - Maravilhosa / Ó Rosa (Odeon, 78)
  • 1936 - Teu Cabelo Vou Pintar / Cadê a Minha Colombina (Odeon, 78)
  • 1935 - Guarde Um Lugarzinho Pra Mim / Jura Outra Vez (Odeon, 78)
  • 1935 - Ciganinha Do Meu Coração / O Que Você Me Fez (Odeon, 78)
  • 1934 - Cidade maravilhosa (Odeon, 78)
  • 1934 - Lourinha Brasileira / Não Chore Mais (Columbia, 78)
  • 1933 - Vou Navegar / Nosso Amor Vai Morrendo (RCA Victor, 78)
  • 1931 - Estou Mal / Mangueira (Parlophon, 78)
  • 1931 - Se o Teu Amor... / Você Diz Que é Melhor (Parlophon, 78)
  • 1931 - Vai De Uma Vez / Amizade Não Se Compra (Parlophon, 78)
  • 1931 - Cala a Boca / Vivo Feliz Sem Você (Parlophon, 78)
  • 1931 - Anduê, Anduá / É Minha Sina (Parlophon, 78)


Indicação: Miguel Sampaio

Severino Filho

SEVERINO DE ARAÚJO SILVA FILHO
(88 anos)
Cantor, Instrumentista, Produtor e Arranjador

☼ Belém, PA (1928)
┼ Rio de Janeiro, RJ (01/03/2016)

Severino de Araújo Silva Filho foi um cantor, instrumentista, produtor e arranjador brasileiro. Era irmão de Ismael Neto, criador do grupo Os Cariocas, e de Hortênsia da Silva Araújo, que também participou do grupo. Era pai da atriz Lúcia Veríssimo. Estudou com Hans Joachim Koellreutter.

Ao lado do irmão Ismael Neto, formou, a partir de 1942, o grupo vocal Os Cariocas.

A partir de 1956, com a morte do irmão, assumiu a liderança do grupo, sendo responsável pelas harmonizações vocais. No período de 21 anos em que o grupo suspendeu suas atividades, continuou sua carreira individual, atuando como produtor e arranjador. 

Em 1987, com a volta do conjunto ao cenário artístico, assumiu novamente a liderança do grupo, que se encontra atualmente em plena atividade.

Os Cariocas

Os Cariocas, conjunto vocal formado no Rio de Janeiro em 1942, atuou ininterruptamente até 1967, alcançando maior popularidade nos períodos de 1948 a 1955 e de 1961 a 1967.

Organizado pelos irmãos Ismael de Araújo Silva Neto e Severino de Araújo Silva Filho do bairro carioca da Tijuca. O grupo atuou como quinteto até 1961, contando inicialmente com Ari Mesquita, Salvador e Tarqüínio, amigos e moradores do mesmo bairro. Começou apresentando-se no Instituto Lafayette, colégio onde o pai dos paraenses trabalhava como professor.

Nessa época, Ismael Neto iniciou-se no violão, enquanto Severino Filho tomou aulas de teoria musical com Hans Joachim Koellreutter

Em 1945, com Valdir Prado Viviani, pianista e solista de gaita, substituindo Ari Mesquita, que adoecera, o grupo se inscreveu no "Papel Carbono", programa de calouros de Renato Murce na Rádio Clube.

Estrearam cantando o Fox "If You Please", obtendo o terceiro lugar, o que os animou a tentar nova apresentação, desta vez alcançando o primeiro lugar com a interpretação de "Rum And Coca-Cola".

Quando Renato Murce decidiu reunir o programa todos os vencedores das diversas disputas, o conjunto liderado por Ismael Neto foi o campeão absoluto.

Decidiram então profissionalizar-se e, por intermédio de um amigo da família, Ismael Neto conseguiu uma apresentação para o maestro Radamés Gnattali, na época diretor artístico da Rádio Nacional.

Este gravou um acetato com o grupo e mostrou-o a Haroldo Barbosa, chefe da discoteca da emissora, que contratou o conjunto, na base de cachê, para atuar no programa "Um Milhão de Melodias".


Em princípios de 1946, intitulando-se Os Cariocas, iniciaram carreira como artistas exclusivos da Rádio Nacional, onde permaneceram por mais de 20 anos. Ainda em 1946 Tarqüínio e Salvador deixaram o grupo, e foi com a seguinte formação que Os Cariocas atravessaram sua primeira fase de maior popularidade: Emanuel Barbosa Furtado (Badeco), primeira voz; Severino Filho, segunda voz; Ismael Neto, terceira voz e autor das vocalizações; Jorge Quartarone (Quartera), quarta voz; Valdir, quinta voz e solos, inclusive assobiados.

Em fins de 1947 João de Barro, diretor artístico da Continental e versionista de vários filmes do norte-americano Walt Disney, chamou o conjunto para realizar a dublagem do desenho animado "Ferdinando".

Convidados em seguida a gravar na Continental, lançaram, no início de 1948, "Nova Ilusão" (Luís Bittencourt e José Meneses) e "Adeus, América" (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques), que marcaram, ambos, o primeiro grande sucesso do grupo.

Entre outros discos seus lançados na Continental destacaram-se a marcha junina "Eu Também Sou Batista" (Wilson Batista e José Batista) e o baião "Juazeiro" (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira).

Atuando também como compositor, Ismael Neto fez "Marca na Parede", um dos grandes sucessos lançados por Os Cariocas na gravadora Sinter, onde passaram a gravar a partir de 1950.

Em 1953 Ismael Neto passou a compor com Antônio Maria, e a dupla tornou-se responsável por alguns dos grandes sucessos de meados da década de 1950, como "Canção da Volta", lançada por Dolores Duran em 1954, e "Valsa de Uma Cidade", gravada por Os Cariocas.

Novamente na Continental em 1954, no ano anterior haviam passado para a RCA Victor, em dezembro o grupo participou da gravação da "Sinfonia do Rio de Janeiro", um LP de dez polegadas com músicas de Tom Jobim e Billy Blanco.

Lúcia Veríssimo e Severino Filho
Em fins de 1955 Severino Filho assumiu a liderança do conjunto, quando Ismael Neto adoeceu, falecendo no ano seguinte, 1956), sendo substituído por sua irmã, Hortênsia da Silva Araújo.

Em 1956 o grupo apresentou-se na Argentina, México, Porto Rico e Estados Unidos.

Na fase da Bossa-Nova, na década de 1960, atuaram intensamente, incluindo novas composições em seu repertório e influenciando outros conjuntos vocais que surgiam, com seu estilo de interpretação.

Em 1961 o grupo sofreu suas derradeiras alterações, com a saída de Hortênsia e Valdir, este substituído por Luís Roberto Gomes. Transformados em quarteto, gravaram dois LPs na Mocambo, em 1962, e passaram depois para a Philips, onde gravaram suas mais representativas interpretações dessa segunda fase, em vários LPs, até 1967, quando o grupo se dissolveu.

Após 1967, Severino Filho continuou trabalhando como arranjador de orquestras de estúdio.

Em 1988, o grupo voltou a se apresentar e seus integrantes sofreram com a perda do contrabaixista Luís Roberto Gomes, que morreu vítima de infarto durante uma apresentação no Jazzmania, no Rio de Janeiro, em 20/10/1988.

Em novembro de 1997, comemoraram 50 anos de carreira com show no Mistura Fina, e lançaram novo disco, o CD "A Bossa Brasileira", pelo selo Albatroz, com a seguinte formação: Severino Filho (piano), Jorge Quartera (bateria), os dois que restaram da formação original, e os recém-chegados Nil Teixeira (violão) e Eloi Vicente (baixo).

 Morte

Severino de Araújo Silva Filho morreu na manhã de terça-feira, 01/03/2016, aos 88 anos, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória. Ele estava internado no Hospital Quinta d'Or, no Rio de Janeiro, desde o dia 18/01/2016 devido a uma trombose pulmonar.

Severino Filho foi internado no final do ano passado no Hospital São Luiz, em São Paulo, antes de ser transferido para o Rio de Janeiro. Desde então, seu quadro de saúde piorou e, no dia 29/01/2016, teve de amputar a perna direita. Apesar da gravidade do quadro, ele estava lúcido durante todo o tempo em que esteve hospitalizado.

Discografia

  • 2001 - Os Clássicos Cariocas (Ouver Records, CD)
  • 1997 - Amigos do Rei-Tim Maia e Os Cariocas (Vitória Régia, CD)
  • 1997 - A Bossa Brasileira (Paradoxx Music, CD)
  • 1992 - Reconquistar (Warner Music, LP)
  • 1990 - Minha Namorada (Som Livre , LP)
  • 1966 - Arte & Vozes (Philips, LP)
  • 1966 - Passaporte (Philips, LP)
  • 1965 - Os Cariocas de Quatrocentas Bossas (Philips, LP)
  • 1964 - A Grande Bossa dos Cariocas (Philips, LP)
  • 1963 - Mais Bossa Com Os Cariocas (Philips, LP)
  • 1962 - A Bossa dos Cariocas (Philips, LP)
  • 1957 - Os Cariocas a Ismael Netto (Columbia, LP)

Indicação: Miguel Sampaio

Hervé Cordovil

HERVÉ CORDOVIL
(65 anos)
Compositor, Pianista e Maestro

☼ Viçosa, MG (03/02/1914)
┼ São Paulo, SP (15/07/1979)

Hervé Cordovil foi um compositor, pianista e maestro brasileiro. Entre seus grandes sucessos destacam-se "Meu Pé de Manacá", composto com a prima Marisa Pinto Coelho, "Vida do Viajante", em parceria com Luiz Gonzaga, "Sabiá Lá Na Gaiola", com Mario Vieira, as versões "Biquíni de Bolinha Amarelinha", "Rua Augusta", entre outras.

Filho do médico Cordovil Pinto Coelho e de Maria de Lucca Pinto Coelho, que se dedicava amadoristicamente à música. Sua musicalidade aflorou já na infância, e por volta dos 5 anos de idade já dedilhava ao piano as canções tocadas por sua mãe.

Passaram a viver na cidade mineira de Manhuaçu e por volta dos 10 anos de idade Hervé Cordovil transferiu-se para o Rio de Janeiro onde ingressou no Colégio Militar concluindo o curso em 1931.

Integrou a banda de música do colégio e junto a outros colegas formou um grupo de jazz que se apresentava em casas de oficiais e em bailes promovidos pelo próprio colégio. Passou a ter aulas com Romeu Malta, maestro da banda do colégio e como já compunha algumas músicas arriscou-se a apresentá-las a Eduardo Souto, diretor da Casa Edison, que o desencorajou a seguir como compositor.

Estreou  em 1931 na Rádio Sociedade como pianista e compositor da Orquestra de Romeu Silva. Rapidamente tornou-se um dos pianistas mais requisitados pelas rádios cariocas.

Em 1933, transferiu-se para a Rádio Philips.

Foi compositor de jingles, e em 1934 compôs em parceria com Lamartine Babo a marcha "Madame do Barril", uma sátira à figura francesa "Madame Du Barry", uma de suas primeiras composições no gênero. Nesse mesmo ano fez sucesso com a marcha "Carolina" (Hervé Cordovil e Bonfiglio de Oliveira), gravada por Carlos Galhardo na época cantor em início de carreira.

Em 1935, regeu a orquestra que  participou do filme "Estudantes", dirigido por Wallace Downey, passando desde então a musicar peças de teatro entre as quais "Da Favela ao Catete" escrita por Freire Júnior.  Neste mesmo ano destacou-se com a composição "Triste Cuíca" (Hervé Cordovil e Noel Rosa), lançada por Aracy de Almeida.

Em 1936 diploma-se na Faculdade de Direito de Niterói. Compôs para o filme "Alô, Alô Carnaval", de Adhemar Gonzaga, a marcha "Não Resta a Menor Dúvida" (Hervé Cordovil e Noel Rosa). Transferiu-se para a Rádio Guarani de Belo Horizonte onde atuou por dois anos, cumprindo o compromisso de apresentar uma música inédita por dia. Por essa época compôs "Pé de Manacá", parceria com sua prima Marisa Pinto Coelho, música que fez sucesso alguns anos mais tarde, registrada por Isaura Garcia.

De volta ao Rio de Janeiro, compôs em 1938 o jingle "Esquina da Sorte" (Hervé Cordovil e Lamartine Babo), feito para uma casa lotérica e gravado pelo próprio Lamartine Babo em dueto com Aracy de Almeida.

Em 1940, teve o samba-jongo "Negro Está Sambando" (Hervé Cordovil e Humberto Porto), gravado por Dalva de Oliveira e Dupla Preto e Branco. Transferiu-se para a Rádio Tupi de São Paulo. 

O cantor Ronnie Cord e seu pai Hervé Cordovil
Em 1941, casou-se com Daicy Portugal Cordovil com quem teve quatro filhos, um deles o cantor e compositor Ronnie Cord, figura importante do movimento pop brasileiro que se estruturou em torno da Jovem Guarda, a partir de 1965. Outra filha sua, Maria Regina teve curta carreira artística no começo dos anos 60 quando gravou diversos discos.

Em 1944, o samba "Veja Você" (Hervé Cordovil e Valdomiro Pereira), foi lançado pelo Conjunto Tocantins.

Em 1945, foi convidado a trabalhar na Rádio Record de São Paulo  onde permaneceu por 26 anos, aposentando-se em 1971. Ainda em 1945, teve o samba "Nêgo" incluído no filme "Caídos do Céu" em gravação de Isaura Garcia. Nesse mesmo ano, os sambas "Mulher de Malandro" e "Quando Morre Um Sambista" foram gravados por Isaura Garcia.

Em 1946, o choro "Gavião Chô Chô" foi lançado por Isaura Garcia.

Em 1948, o grupo vocal Vagalumes do Luar gravou a marcha "A Galinha do Vizinho" (Hervé Cordovil e Armando Rosas). O maxixe "Louco Por Tuba" (Hervé CordovilArrelia e Ivando Luiz), foi gravado pelo palhaço de crico Arrelia. Nesse ano, a marcha "Você Quer Casar Comigo?" (Hervé Cordovil e David Nasser), foi incluída no filme "Poeira de Estrelas" na interpretação de Emilinha Borba.

Em 1949, o balanceio "Cabeça Inchada", sobre motivos mineiros, foi incluído no filme "Uma Aventura no Rio" na interpretação de Carmélia Alves, que com ele alcançou grande sucesso, sendo ainda gravado por Sólon Salles, Adelaide Chiozzo, Eliana, Francisco Canaro, Abel Ferreira e Seu Conjunto e Sylvio Mazzucca. Ainda nesse ano, os cantores  Ivon CuriCarmélia Alves lançaram em dueto o baião "Me Leva" (Hervé Cordovil e Rochinha).

Em 1950, obteve grande sucesso com a composição "Sabiá Lá Na Gaiola" (Hervé Cordovil e Mário Vieira), lançada por Carmélia Alves e incluída no filme "Aí Vem o Baião". Nesse ano, o baião "Pé de Manacá" composto anos antes foi lançado por Isaura Garcia, em dueto com ele mesmo, tendo conhecido ainda gravações dele próprio, Carmélia Alves, MarleneIvon Curi, Muraro e Portinho e Sua Orquestra. O samba "Tem Pena de Mim" foi gravado por Aracy de Almeida recebendo ainda registros de Sólon Salles, Carmélia Alves, André Penazzi, Norma Avian, Sambistas do Asfalto e Simonetti e Sua Orquestra.

Em 1951, o baião "A Saudade é de Matá (Adeus Pernambuco)" (Hervé Cordovil e Manezinho Araújo), foi gravada em dueto por Carmélia Alves e Jimmy Lester, recebendo ainda registro de Luiz Gonzaga. Neste mesmo ano, teve gravadas por Carmélia Alves os baiões "Adeus, Adeus Morena" (Hervé Cordovil e Manezinho Araújo), e "Baião Vai, Baião Vem". Teve ainda o samba-canção "Chuva" gravado por Isaura Garcia. Esta composição foi também registrada por André PenazziCarmélia Alves, Hebe Camargo, Agnaldo Rayol e Johnny Alf. Teve três composições incluídas em filmes: a toada-baião "Esta Noite Serenou", no filme "Meu Destino é Pecar", a toada-baião "Moreninha Moreninha", e a polca "Tô Sobrando", ambas em parceria com Luiz Gonzaga, incluídas no filme "O Comprador de Fazendas", as duas últimas na interpretação de Luiz Gonzaga, então no auge do sucesso. Ainda em 1951, gravou seu baião "Sei Lá", em dueto com Carmélia Alves em disco lançado pela gravadora Continental.

Em 1952, fez grande sucesso com "Baião da Garoa" (Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga), que o lançou, tendo sido ainda regravado por Carmélia Alves, Guio de Morais e Seus Parentes, Sérgio Reis e Dominguinhos. Nesse ano, gravou em dueto com Isaura Garcia "Baião da Solidão" (Hervé Cordovil e Marisa Pinto Coelho). Teve ainda o baião "Xaxado" (Hervé Cordovil e Luiz Gonzaga), interpretado pelo grupo vocal Quatro Ases e Um Coringa no filme "Simão, o Caolho". Outro sucesso desse ano, foi o samba-canção "Jangada" que recebeu gravações de Jimmy Lester, Esterzinha de Souza, Sílvio Caldas, Leny Eversong e José Tobias.

Hervé Cordovil (Óculos), Carmélia Alves, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
Em 1953, obteve novo grande sucesso em composição feita em parceria com Luiz Gonzaga, o xote-baião "A Vida Viajante", que foi gravado por Luiz Gonzaga e recebeu regravações, entre outros, de GonzaguinhaMarinês, Pena Branca & Xavantinho, Trio Nordestino e Chico Buarque. Nesse ano, outras de suas composições receberam mais de uma gravação, como foi o caso do samba-canção "De Tanto Acreditar" (Hervé Cordovil e René Cordovil), lançado por Dircinha Batista, José Tobias e Morgana, o samba "E Ela Não Vem" (Hervé Cordovil e Vicente Leporace), que foi gravado por Titulares do RitmoLeny Eversong e Carmélia Alves, e o samba-canção "Falaram de Você" (Hervé Cordovil e René Cordovil), registrado por Almir Ribeiro e por Isaura Garcia. Ainda em 1953, fez os arranjos para o motivo popular "Mulher Rendeira" gravado pelo Trio Marabá e que fez parte da trilha sonora do filme "O Cangaceiro", de Lima Barreto, o primeiro filme brasileiro a obter sucesso no estrangeiro, sendo interpretado por Homero Marques, Zé do Norte e Demônios da Garoa.

Em 1954, teve duas composições interpretadas por Carmélia Alves em dois filmes diferentes: o baião "O Miguel é o Maior" (Hervé Cordovil, Pascoal José e Marcílio), no filme "Carnaval em Caxias", e a marcha "Disco Voador", do filme "Carnaval Em Lá Maior".

Em 1956, gravou, em dueto com Carmélia Alves, os sambas "Nego Difíci", e "Nego Tabuleta", ambas parcerias com Osvaldo Molles.

Em 1959, gravou, pela Copacabana a "Polca do Fritz" e o choro "Não Tem Choro", ambos de sua autoria.

Em  1961, fez sucesso nacional com a marcha "Carta a Papai Noel", gravada por sua filha Maria Regina, então uma criança de 5 anos de idade.

Em 1964 compôs músicas  no estilo Jovem Guarda entre as quais "Rua Augusta", "Boliche Legal" e a versão da música "Itsy Bitsy Teenie Weenie Yellow Polka Dot Bikini" (Biquini de Bolinha Amarelinha). De sua produção, algumas composições foram feitas em parceria com seus filhos Ronnie Cord e René Cordovil.

Em 1966, compôs "Canto ao Brasil", peça sinfônica orquestrada por Gabriel Migliori e executada pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo.

Em 1977, participou do show comemorativo "30 Anos de Baião", realizado no Teatro Municipal de São Paulo, ocasião na qual também se apresentaram Luiz GonzagaCarmélia Alves e Humberto Teixeira.

Em 1997, foi publicado o livro "Hervé Cordovil - Um Gênio da Música Popular Brasileira" de autoria de Maria do Carmo Tafuri Paniago.

Discografia

  • 1959 - Polca do Fritz / Não Tem Choro (Copacabana, 78)
  • 1956 - Nego Difíci / Nego Tabuleta (Continental, 78)
  • 1951 - Sei Lá (Continental, 78)
  • 1950 - Pé de Manacá (RCA Victor, 78)

Indicação: Miguel Sampaio

Pedro Camargo

PEDRO GERALDO CAMARGO ROCHA
(74 anos)
Letrista, Publicitário, Tarólogo, Professor, Pianista, Ator e Cineasta

☼ São Paulo, SP (08/04/1941)
┼ Rio de Janeiro, RJ (24/06/2015)

Pedro Camargo foi um letrista, publicitário, tarólogo, professor, pianista, ator e cineasta. Nascido em São Paulo, em 08/04/1941, Pedro Geraldo Camargo Rocha foi para o Rio de Janeiro aos três anos. Era filho único do segundo casamento da mãe, mas teve cinco irmãos de um casamento anterior. O primeiro contato com a arte veio através da música, nas aulas de piano que a mãe insistia que fizesse. Aos 7 anos, foi apresentado ao cinema por uma amiga vizinha que trouxe uma câmera de 8 milímetros, ancestral da Super 8, e um projetor dos Estados Unidos.

Entre 1949 e 1952, estudou piano com Vera Bertucci, Nise Obino e Lúcia Branco.

Em 1959, compôs a trilha sonora para a peça "O Sol Gira Em Torno da Terra", de Andrej Widrzinski, com direção de Francisco Fernandes, encenada no Teatro do Pen Clube do Brasil, no Rio de Janeiro.

No início dos anos 60, mudou-se para Bauru, São Paulo, onde uma das irmãs morava. Estagiou na TV Bauru onde teve contato com Walter Avancini, Antonino Seabra, David Grinberg.

Em 1960, frequentou os seminários de dramaturgia do Teatro de Arena. Por essa época, integrou o elenco do Teatro Jovem no Rio de Janeiro.

No ano de 1961, escreveu, dirigiu e compôs as músicas da tele-peça "Para Viver Amanhã", apresentada no programa "Teledrama Continental", da TV Continental, canal 9 do Rio de Janeiro.

Em 1963, compôs o tema musical do programa de televisão "O Show é o Rio", escrito por Oduvaldo Vianna Filho, Dias Gomes, Armando Costa e Antônio Carlos Fontoura, com direção de Flávio Rangel, na TV Excelsior, canal 7 do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano de 1963, compôs o tema musical do programa infantil "Brincando de Show", na TV Excelsior, canal 7.


Em 1964, teve a sua primeira música gravada "Sozinha de Você", em parceria com Durval Ferreira, interpretada por Tita. Nessa época, compôs com vários parceiros, entre eles, Durval Ferreira, Eumir Deodato, José Ari e Ugo Marota, diversos jingles para a agência de publicidade Tempo Produções Artísticas e seus clientes Coca-Cola, Manchete, Fatos & Fotos e Ponto Frio.

Em 1965, foi lançada a primeira gravação de "Chuva" (Pedro CamargoDurval Ferreira), no disco "Os Gatos", com arranjos de Eumir Deodato e solo de Maurício Einhorn. Neste mesmo ano, a música foi vertida para o inglês por Ray Gilbert com o nome "The Day It Rained". Mais tarde, a canção seria regravada por vários artistas, entre eles, Sylvia Telles, Wilson Simonal, Zimbo Trio, Samba Trio, Claudette Soares, Manfredo Fest Trio, Mitchel & Ruff, Dick Farney, Baden Powell, Maurício Einhorn, Maestro Gaya, Milt Jackson, Sarah Vaughn e Emílio Santiago.

No ano de 1966, compôs com Durval Ferreira a canção infantil "ABC" para o filme "Adorável Trapalhão", de J. B. Tanko, com Renato Aragão. Também em 1966 passou a integrar o quadro da American Society Of Composers And Publishers (ASCAP).

Em 1967, Roberto Carlos interpretou "É Tempo de Amar" (Pedro Camargo e José Ari) no disco "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura". A música ainda ganhou uma versão para o italiano, "Tempo Di Sapere Amore", incluída no Lado B do compacto simples do "Festival de San Remo", vencido por Roberto Carlos com "Canzone Per Te".

No ano de 1968, Elizeth Cardoso no LP "Momentos de Amor", interpretou de sua autoria "Chuva".

Em 1969, sua composição "Chuva" foi tema do filme "Os Paqueras", de Reginaldo Farias.

Em 1976, entrou em contato com o tarô pelo livro "Um Novo Modelo do Universo", do filósofo russo P. D. Ouspensky.

No ano de 1979, escreveu, dirigiu e compôs a música para o curta-metragem "Celacanto Provoca Lerfá-um!", premiado no Festival de Brasília e no Festival de Penedo. Neste mesmo ano, compôs o tema musical "Circo", para seu filme "Amor e Traição", ou "A Pele do Bicho".

Em 1981, seu longa-metragem "Amor e Traição" representou oficialmente o Brasil na XVII Mostra Internacionale del Nuovo Cinema di Pesaro, na Itália. Mais tarde, o filme participou de 14 mostras internacionais.


Entre seus vários intérpretes estão Tito Madi e Dóris Monteiro, em "Verdade em Paz" (Pedro Camargo e Durval Ferreira); Os Gatos, em "O Show é o Rio", "Novo Sol", "Porque Somos Iguais" e "Verdade em Paz", todas em parceria com Durval Ferreira; Emílio Santiago, em "Porque Somos Iguais"; Capitão Aza e Martinha, em "ABC" (Pedro Camargo e Durval Ferreira); Rosana Toledo e Eumir Deodato, em "Encanto Triste" (Pedro Camargo e Durval Ferreira); Os Cariocas, em "Razão de Voltar" (Pedro Camargo e José Ari) e vários conjuntos da Jovem Guarda, inclusive Lafayette e Seu Conjunto, em "Tempo de Amar" (Pedro Camargo e José Ari).

Como publicitário, integrou os quadros das agências Organização Brasileira de Rádio (OBRA), Denison Propaganda e McCann-Erickson Publicidade, trabalhando como redator, diretor de comerciais e compositor de jingles.

Dirigiu cinco filmes de longa-metragem, entre eles "Amor e Traição" e alguns curtas-metragens, tendo sido contemplado com prêmios e menções honrosas no Brasil e no exterior.

Ministrou cursos de iniciação de cinema e foi o criador da primeira oficina de formação de atores para o cinema no Brasil.

Em 1983 começou a praticar o Tarô.

Em 1986, Pedro Camargo começou a dar aulas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ele inicialmente substituiu o cineasta Sílvio Tendler na disciplina "Cinedocumentário". Depois, foi convidado pelo Departamento de Comunicação da universidade para assumir a cadeira "Introdução ao Cinema" que lecionou até 2011.

Lecionou também "Interpretação Para Cinema", no Curso de Formação de Atores da Faculdade da Cidade.

Também atuou como professor de Análise de Filmes e Prática Cinematográfica no Curso de Graduação em Cinema da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.

Em 1991, foi editor da versão brasileira da revista espanhol "Año Zero" por um ano. Frequentou encontros da Organização Nova Consciência, em Campina Grande, PB, entre outros eventos para debater a prática, como o Fórum Nacional do Tarô.

Em 1992 Pedro Camargo publicou, pela Editora Nova Era, "Iniciação ao Tarô", também traduzido para o espanhol.

Morte

Pedro Camargo morreu na madrugada de quarta-feira, 24/06/2015, aos 74 anos, vítima de complicações de cirrose hepática, doença da qual se tratava há anos. O velório ocorrerá a partir das 14:00 hs de quinta-feita, 25/06/2015, e a cremação às 18:00 hs, no Memorial do Carmo.

Indicação: Miguel Sampaio