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Mário Eugênio

MÁRIO EUGÊNIO RAFAEL DE OLIVEIRA
(31 anos)
Radialista, Jornalista e Repórter Policial

☼ Comercinho, MG (03/01/1953)
┼ Brasília, DF (11/11/1984)

Mário Eugênio Rafael de Oliveira, conhecido por Mário Eugênio, o Gogó das Sete, foi um jornalista especializado em cobertura policial, nascido em Comercinho, MG, no dia 03/01/1953. Mário Eugênio foi uma lenda do jornalismo policial de Brasília nos anos 80.

Formou-se em comunicação social pela Universidade de Brasília (UNB). Era repórter policial, estava separado quando foi assassinado, aos 31 anos de idade, e não tinha filhos. Trabalhava no Correio Braziliense e comandava um programa na Rádio Planalto, o Gogó das Sete, líder de audiência na cidade, então com 500 mil habitantes, em 1984. Tinha alguns bordões que tornaram-se sua marca registrada: "Meninos, eu vi" e "Aqui a notícia é do tamanho da verdade, doa a quem doer!"

Mário Eugênio passou a incomodar pela ousadia com que denunciava os crimes. Não importava se cometidos por criminosos comuns ou poderosos. Com seu jornalismo investigativo, denunciou que policiais do Distrito Federal, sob o comando do então secretário de Segurança Lauro Rieth, atuavam como grupos de extermínio. Pagou com a própria vida pela denúncia. Foi assassinado com sete tiros na cabeça, em 11/11/1984, às 23:55 hs, quando deixava a Rádio Planalto, no Setor de Rádio e Televisão Sul, em Brasília.

O crime até hoje não foi totalmente esclarecido. Nem será, pois já prescreveu. Se falta alguém ser condenado pela morte dele, não há mais como ser julgado. O agente policial Divino José de Matos, o Divino 45, o único condenado a 14 anos de prisão, disse, em 2004, ao Correio Braziliense: "Eu não matei Mário Eugênio. Um dia a verdade vai aparecer".

Marão Era um Repórter Polêmico e Irrequieto

Mário Eugênio Rafael de Oliveira, ou Marão, como era chamado entre amigos, foi, durante muito tempo, o único repórter policial do jornal Correio Braziliense em um período de transição política em que o Brasil - e, por conseqüência, os jornalistas - tentava se livrar das amarras de 30 anos de ditadura, censura e torturas, para estabelecer as bases de uma democracia após os governos militares instalados com o golpe de 1964.

Brasília, sede da Presidência da República, não era a cidade que é hoje. "Na época, havia muita gente das Forças Armadas trabalhando na delegacia de polícia para colher informações", explica o policial civil Ivan Baptista Dias, o Ivan Kojak, falecido em 2010: "Muitos militares portavam carteira de policial civil e de delegado". Ivan Baptista Dias foi apelidado pelo próprio Mário Eugênio de Kojak pela semelhança com o personagem careca do seriado de TV. O jornalista criou vários apelidos para figuras públicas.

Naquela época, os crimes ganhavam muito mais destaque e por isso apareciam nas páginas escritas e editadas por Mário Eugênio, recorda a jornalista Ana Maria Rocha, que foi casada com ele de 1978 até 1980. O jovem repórter passou a ser conhecido na cidade por seu estilo contundente de apresentar a notícia. "Ele era constantemente ameaçado, porque expunha o lado marginal de Brasília, mas tinha um senso de justiça. Uma vez, foi criticado por ter mostrado o lado humano de um bandido, seus problemas familiares e a vida sofrida", lembra Ana Maria.

Na Rádio Planalto, Mário Eugênio ficou famoso com o Gogó das Sete, programa líder de audiência, que tinha este nome porque era patrocinado pelo Leite Gogó. Por este motivo também, a primeira emboscada planejada para eliminar Mário Eugênio (que falhou) foi chamada de Operação Leite. Às vezes, exagerava ao usar termos sensacionalistas no programa de rádio.

Foi processado, acusado de injúria, calúnia e difamação por delegados que denunciou. Nunca chegou a ser condenado. "Não defendo policial corrupto, não defendo policial ladrão, não defendo policial que bate em trabalhador. E lugar de bandido, para mim, é na cadeia ou na cova", registrou o Correio Braziliense como sendo uma das frases do jornalista.

As matérias de Mário Eugênio tinham muitos detalhes, mas ele também fazia alguns floreios, recorda o colega Carlos Honorato, que trabalhou no Correio Braziliense e é editor executivo do Jornal de Brasília. Alguns jornalistas criticavam Mário Eugênio pela relação promíscua estabelecida com suas fontes na polícia. "Ele assistiu a execuções e torturas, por isso escrevia com tantos detalhes", observou um repórter que preferiu não se identificar.

O delegado aposentado Paulo Cesar Tolentino diz que costumava sair freqüentemente com Mário Eugênio para beber à noite, e confirma que ele "chegou a fotografar algumas sessões de tortura e me mostrou as fotos. Mário Eugênio queria ter um furo de reportagem, pretendia publicar um livro. Estava fazendo um dossiê."

Tolentino foi responsável pela investigação da morte de Mário Eugênio na Delegacia de Homicídios, em Brasília. Depois do crime, o dossiê foi procurado na casa do repórter e na redação. Tolentino afirma que as anotações e fotos não foram encontradas.

Quando o jornalista entrou em atrito com o secretário Lauro Melchíades Rieth e começou a publicar denúncias envolvendo policiais e militares, Tolentino o avisou que sua vida estava em perigo. "Mário Eugênio tinha uma medalha de São Jorge e sempre dizia que o santo ia protegê-lo."

Ana Maria sabia que Mário Eugênio acompanhava de perto as operações policiais, embora ele não conversasse a respeito. Mas também ressalva que havia muito preconceito, na época, em relação aos setoristas de polícia. "Ele era discriminado pelos que se diziam da esquerda", observa. Ao candidatar-se a Deputado pelo Partido Democrático Social (PDS), considerado um partido de direita, Mário Eugênio reforçou esse estigma. "Mas ele não se metia com material político e ideológico, cobria 100% de polícia", afirmou Renato Riella, que foi editor executivo e chefe do jornalista no Correio Braziliense.


Mário Eugênio fazia toda a página policial no Correio Braziliense, desde foto (que ele às vezes tirava), texto, até edição. Próximo a sua mesa, colocou uma placa que dizia:  Editoria de Polícia - Distrito Zero, que virou a sua marca. Às vezes, irritado com os motoristas, assumia ele mesmo a direção do carro na hora de ir apurar os dados. Na semana de sua morte, tinha acertado tirar férias em dezembro. Depois de viajar, ele e Riella definiriam um novo esquema de trabalho, porque o editor o considerava sub-aproveitado. A idéia era que começasse a fazer reportagens maiores, mais profundas.

Ana Maria tem certeza de que, se estivesse vivo, Mário Eugênio estaria hoje denunciando os crimes de corrupção no governo. "Teria sido o mesmo repórter competente em qualquer editoria, porque respirava jornal o tempo inteiro", enfatiza. No início, até conciliava o trabalho com um hobby, o motociclismo. O estilo meio playboy desagradava alguns colegas. Filho de fazendeiros, dinheiro para ele não era problema. Bonito, tinha fama de conquistador. O programa na rádio lhe rendeu um fã-clube. Com o aumento da carga de trabalho, na rádio e no jornal, acabou diminuindo as saídas de moto. De madrugada, antes de se recolher, ia ver se estava tudo certo com sua página no jornal.

Desde criança, Mário Eugênio era uma pessoa inquieta e persistente e na vida adulta manteve a personalidade forte. "Foi esse temperamento que o levou à morte", acredita o irmão, Paulo Roberto Rafael de Oliveira. Todos sabiam que Mário Eugênio recebia ameaças de morte. Mas, como eram muito freqüentes, o jornalista não dava importância. Quando Paulo Roberto ficou sabendo que ele andava mexendo com gente poderosa, aconselhou-o a deixá-los "quietos". "Mário me disse que, se fosse eliminado, todos saberiam que foi por causa do Lauro (Lauro Rieth)", testemunhou Paulo.

A mãe de Mário Eugênio, Maria Eres Rafael de Oliveira, não entende por que não se chegou ao nome do responsável por planejar o assassinato. "Parece que a falha vem da Justiça. Se na época que estava todo mundo querendo saber quem foi não chegaram ao mandante, será que agora a Justiça vai agir?", questiona. Ela mesmo responde: "Minha esperança é só em Deus, porque aqui acho que não se consegue, não."

Como o Crime Ocorreu

Eram 23h55min do dia 11 de novembro de 1984. O repórter Mário Eugênio Rafael de Oliveira acabara de gravar mais uma edição do programa Gogó das Sete, que iria ao ar na manhã seguinte, uma segunda-feira. Estava saindo do prédio da Rádio Planalto, no Setor de Rádio e Televisão Sul de Brasília. Quando chegou ao estacionamento, próximo a seu carro Monza, recebeu sete tiros na cabeça.

O operador de rádio Francisco Resende, o Chiquinho, que havia gravado o programa com Mário Eugênio, ouviu os tiros e, de longe, avistou apenas um homem com chapéu, vestindo um casaco escuro, com uma arma comprida na mão, correndo. Depois viu um carro branco afastar-se rapidamente.

O inquérito policial apurou que os tiros saíram da espingarda calibre 12 e do revólver Magnum calibre 38, de Divino José de Matos, conhecido como Divino 45. O apelido, ironicamente, foi dado pelo próprio Mário Eugênio devido à reconhecida pontaria do policial e a sua habilidade com as armas. As balas especiais do revólver, do tipo Hollow Point, dilaceraram o crânio do jornalista. Seu corpo foi encontrado estendido próximo ao carro. A explosão provocada pelos tiros lançou pedaços da massa encefálica de Mário Eugênio para o asfalto e deixou resíduos na capa usada pelo matador.

Conforme apurou a polícia, Divino fugiu em um Fusca branco dirigido pelo cabo David Antônio do Couto. Ali perto, havia outros policiais que forneceram suporte para o crime. O agente policial Iracildo José de Oliveira e o sargento Antônio Nazareno Mortari Vieira acompanhavam tudo, no interior de um automóvel Fiat do Pelotão de Investigações Criminais do Exército (PIC). Estavam prontos para atuar no caso de uma eventualidade. Outra equipe de apoio era constituída pelos agentes de polícia Moacir de Assunção Loiola e Aurelino Silvino de Oliveira. Os dois simulavam estar no local para prender um suspeito de furto. Encontravam-se num carro Chevette preto, de procedência ilícita, normalmente usado pelo sargento Nazareno.

As investigações chegaram ao nome do coronel Lauro Melchíades Rieth, então Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, como suspeito de ser o mandante do crime. De acordo com as apurações da polícia baseadas em depoimentos de testemunhas, Rieth teria pedido a um de seus auxiliares, o delegado Ary Sardella, na época titular da Coordenação de Polícia Especializada (CPE), para escolher os executores, e o sargento Nazareno foi encarregado de definir quem participaria da emboscada contra o jornalista. Tanto Iracildo como Divino eram subordinados à Coordenação de Polícia Especializada (CPE). Além disso, foi comprovado que todos os demais envolvidos no crime haviam participado de uma operação policial desastrada próximo à cidade de Luziânia, em que resultou morto, por engano, um chacareiro.

Mário Eugênio havia publicado matérias no Correio Braziliense e falado no programa Gogó das Sete, várias vezes, sobre esse crime. Dizia que o chacareiro havia sido assassinado por engano por militares do Pelotão de Investigações Criminais do Exército com a ajuda da Polícia Civil do Distrito Federal. Insistia que o secretário Rieth sabia de tudo e não tomava providências. Nos dias anteriores a sua morte, denunciou a utilização ilícita de carros roubados pela Polícia do Distrito Federal, e a atuação da polícia no que denominou de Esquadrão da Morte. O próprio Rieth admitiu a existência do Esquadrão em entrevista concedida 15 horas depois do crime.

Divino José de Matos, Divino 45 (Camiseta Preta)
Em outubro de 1984, o mesmo grupo já havia feito uma primeira tentativa de matar Mário Eugênio. Divino, Iracildo, Loiola, Nazareno, Couto, Aurelino e o cabo do exército, Dirceu Perkoski, foram até o estacionamento próximo à Rádio Planalto, mas o jornalista não apareceu. Além disso, o movimento no local era muito grande. Apelidada de Operação Leite (porque Mário Eugênio apresentava o programa Gogó das Sete, patrocinado pelo Leite Gogó), a investida foi transferida para o dia 11 de novembro. O cabo Perkoski ficou de fora na segunda vez.

Depoimentos colhidos pela equipe que investigou o crime indicam que a segunda Operação Leite foi organizada na casa do sargento Nazareno, no sábado, 10 de novembro de 1984, durante um churrasco de que participaram Iracildo, Couto e Aurelino. No dia seguinte, eles voltaram à casa do sargento, sob o pretexto de darem continuidade à churrascada, junto com Divino e Loiola. Dali saíram para cumprir a operação. Para despistar, passaram antes no Pelotão de Investigações Criminais do Exército. Simularam estar participando de uma missão oficial em que Nazareno e seus subordinados fariam uma campana para prender suspeitos de praticar assaltos na Praça dos Namorados. Na verdade, daquele lugar tinham uma boa visão do prédio do Correio Braziliense e poderiam ver quando Mário Eugênio saísse do jornal e fosse até a Rádio Planalto.

Um fato inesperado quase atrapalhou os planos e, mais tarde, foi decisivo para ajudar a desvendar o crime. Enquanto Nazareno e seu grupo faziam a campana, uma equipe do Grupamento de Operações Especiais (GOE), em sua ronda, estranhou a presença de quatro homens de boné no Chevette preto, uma vez que o lugar era freqüentado apenas por casais. Os três agentes do GOE abordaram os ocupantes do carro e reconheceram Iracildo. Como era "gente da casa", foram embora. Para evitar suspeitas, Nazareno pediu, pelo rádio, o envio de um outro veículo, que foi entregue a Loiola. No novo carro, um Fiat, Nazareno se dirigiu ao lugar onde Mário Eugênio seria morto para dar apoio aos policiais que estavam ali. O Chevette se manteve na Praça dos Namorados para manter a simulação anterior.

Relatos dos envolvidos confirmaram que Divino disparou os tiros contra Mário Eugênio e que lavou a capa e a peruca usadas no crime assim que chegou ao Pelotão de Investigações Criminais do Exército. Nazareno providenciou que o revólver fosse desmontado e suas peças jogadas no Lago Paranoá. A peruca, a capa e outros objetos ficaram escondidos num barracão.

No inquérito, fica claro que, quando souberam da morte de Mário Eugênio, os agentes do Grupamento de Operações Especiais que haviam avistado Iracildo e outros policiais no carro estacionado na Praça dos Namorados suspeitaram que isso pudesse estar relacionado ao crime e comunicaram o fato a seu superior, o delegado Ângelo Neto. Este, por sua vez, avisou o delegado Benedito Gonçalves e o secretário de Segurança, Lauro Rieth. Os agentes receberam a orientação de não comentar com ninguém sobre a presença de Iracildo e outros policiais naquela noite próximo ao local onde foi assassinado o jornalista.

O fato, porém, chegou ao conhecimento dos repórteres que cobriam o caso para o Correio Braziliense. O jornal recebia denúncias anônimas, por telefone e por escrito, praticamente todos os dias. Também os delegados amigos de Mário Eugênio se empenharam em ajudar. A constatação de que Rieth foi informado, mas não tomou nenhuma providência, sobre a presença de um grupo de policiais de campana no local, na noite do crime, serviu de base para o promotor denunciá-lo como suspeito de envolvimento no caso.

Divino 45 é Preso Em Taguatinga





Vida de Mário Eugênio Vira Livro



Fonte: Proyecto Impunidad (Crímenes Contra Periodistas) - Por: Clarinha Glock e Radar Satélite

Sílvio Linhares

SÍLVIO LINHARES
(61 anos)
Locutor, Repórter Policial, Jornalista e Político

* (1950)
+ Brasília, DF (20/03/2011)

Sílvio começou puxando fios, numa época em que a experiência contava mais do que o diploma. Por conta disso, foi promovido a repórter de campo, e mais tarde veio a se firmar como locutor esportivo dos Diários Associados e da Rádio Globo.

Tinha apenas 18 anos quando participou da cobertura da Copa de 1970, no México. Viajou o mundo acompanhando a Seleção Brasileira de Futebol. Na Inglaterra, se encantou pelos tablóides: Gostava do The Sun e do The Mirror, das cores, do formato, da abordagem.

De volta ao Brasil, resolveu ingressar no jornalismo policial. Entre as coberturas que mais o marcaram, ele cita: "O Caso Ana Elizabete", Massacre do Carandiru, a Chacina de Acari, a Chacina da Candelária, e o assassinato de PC Farias. Gabava-se de ter sido "o único repórter a entrevistar Leonardo Pareja e Tommaso Buschetta".

Herdou do jornalista Walter Lima o programa de rádio Na Polícia e Nas Ruas, que transmitia pela Rádio Atividade (107,1 FM). Foi pioneiro em Brasília na produção do que se convencionou chamar de "Imprensa Marrom" (que seria muito mais apropriado chamar de "Imprensa Vermelha").

O principal motivo que o impulsionou na empreitada, afirmava, "É o tesão de ver bandido preso, tá no sangue do repórter policial". Atribui a iniciativa do Na Polícia e Nas Ruas impresso, também ao fato de que não queria mais se sujeitar ao crivo dos editores, e que preferia trabalhar com sua própria equipe.

Ele contava que atualmente já estava na 2ª geração de bandidos. Não raro topar com o filho de um criminoso que entrevistou no passado, por exemplo. Sílvio reconhecia uma função social no jornalismo que exercia: "além de ajudar nas investigações da polícia, também inibia a prática de crimes", defendia-se. Há quem discorde, e sugira o contrário: que o sensacionalismo de Na Polícia e Nas Ruas glamourize as ações criminosas, incentivando-as mais e mais.

A rotina do jornalista não era das mais relaxantes. Dormia de três a cinco horas por dia, geralmente na parte da tarde. Acordava lá pelas 17h e ficava de plantão, à espera das ocorrências. Costumava escrever as matérias de madrugada, e freqüentemente sai da redação direto para a rádio, de onde transmitia o Na Polícia e Nas Ruas a partir das 6h. Esses hábitos, aliados ao cigarro e à dieta nada moderada, podem ter contribuído para os enfartes que já acometeram-no.

Lidando diariamente com criminosos de todos os calibres, Sílvio admitia que só tinha medo de roda gigante. Não dá importância aos críticos de seu jornal: "Recebo uma crítica e mil elogios", argumentava.

Apesar de toda experiência no ramo, ele admitia: "ainda fico chocado quando vejo crimes envolvendo crianças e velhos".

O jornal era sonho antigo do repórter policial. Foi concretizado com ajuda de Fred Linhares, que apresentou o projeto do Na Polícia e Nas Ruas como trabalho final de uma disciplina na faculdade. Hoje é vice-presidente da publicação. Ao todo, são 30 pessoas fazendo o semanário, entre diagramadores, motoqueiros e gazeteiros. A reportagem está dividida em quatro equipes e cada uma cobre as ocorrências de determinadas áreas do DF. Fred Linhares, por exemplo, acompanha os crimes que acontecem em Planaltina, Sobradinho, etc.

Glossário da Polícia e das Ruas

Os repórteres do Na Polícia e Nas Ruas, assim como outros profissionais que lidam diretamente com o que se poderia chamar de "Mundo Cão", estão acostumados a usar certos jargões no linguajar cotidiano. Artigos do código penal, linguagem cifrada dos rádios de polícia e neologismos cunhados pela marginalidade integram esse vocabulário específico. Veja alguns exemplos:

157 – Assaltante
171 – Estelionatário
213 – Estuprador
Boi – Privada
Boizinho – Repórter policial novato
Cabrito – Dedo-duro
Caxanga – Casa
Caxanga muda – Casa vazia
Confere – Tiro na cabeça, para certificar-se do óbito
Grinfa – Mulher de malandro
Jaque – Estuprador
Jega – Cama
Marroque – Café
Papa-mike / Samango – Policial militar
Papa-charlie – Policial civil

Morte

Sílvio morreu domingo (20/03/2011), por volta das 14h, no Hospital Santa Helena, na Asa Norte, onde estava internado havia cinco dias. Silvio tinha 61 anos e foi vítima de Câncer. Ele deixou mulher e seis filhos, o velório ocorreu no cemitério Campo da Esperança, na manhã da segunda-feira (21/03/2011). Na terça-feira o corpo foi cremado.

Fonte: Correio de Santa Maria

Hilton Gomes

HILTON GOMES DE SOUZA
(75 anos)
Jornalista, Radialista, Apresentador e Repórter

☼ Rio de Janeiro, RJ (23/05/1924)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/10/1999)

Hilton Gomes de Sousa, mais conhecido por Hilton Gomes, foi um jornalista, radialista, apresentador e repórter brasileiro nascido em Quintino Bocaiúva, bairro do Rio de Janeiro, em 23/05/1924.

Hilton Gomes era filho de Luiz Gomes de Souza e Cacilda Normandia de Souza. Tinha irmãos, mas era ele quem mais gostava da companhia do pai, quando este ia trabalhar no jornal A Noite, de Irineu MarinhoE foi lá que um dia conversou com Roberto Marinho, que também trabalhava no jornal.

Estudou também, mas não fez curso de jornalismo, pois, segundo ele, isso nem existia na época. 

Seu primeiro cargo foi como office boy, na Companhia Telefônica, atual Oi, mas logo passou para uma agência de propaganda. Escrevia também textos para rádio e televisão.

Foi, em seguida, trabalhar na Rádio Tupi, de Assis Chateaubriand, e passou logo para a TV Tupi do Rio de Janeiro.


Cid Moreira e Hilton Gomes, primeiros apresentadores do 'Jornal Nacional', em 1969.
Em 1951, apresentou o Telejornal Brahma, consagrando-se como o primeiro noticiarista do país. Fez amizade com as pessoas importantes da época, como João Calmon, Paulo Cabral Heloisa Helena. E se enfronhou no jornalismo, embora fizesse programas de auditório também.

Figura bonita, alta, voz grave e sorriso permanente, logo conquistou a todos. Foi depois para a TV Rio, onde estavam Péricles do Amaral e Cerqueira Leite. Fez sucesso com o Telejornal Bendix.

Esteve ainda na TV Excelsior, e foi por ela que foi, representando o telejornalismo, aos Estados Unidos, fazer a cobertura do assassinato de John Kennedy em 1963. Fez a cobertura da cerimônia fúnebre narrando todos os acontecimentos pela Rádio Voz da América.

Quando voltou, já como profissional consagrado, foi para a TV Globo. Mauro Salles era o diretor de jornalismo da emissora e o apreciou muito. Roberto Marinho também se lembrou do "garoto de calças curtas", que tamborilava na máquina de escrever do pai, no jornal A Noite, muitos anos antes.

E Hilton Gomes foi logo para o horário nobre, às 20h00, na primeira fase do Jornal da Globo, ao lado de Luís Jatobá e Nathalia TimbergDepois veio o Cid Moreira, mas Hilton Gomes continuava sempre.


Hilton Gomes no Festival Internacional da Canção
Para a profissão fez inúmeras viagens e grandes entrevistas. Fez uma reportagem com o Papa João Paulo, que lhe deu um bracelete. E esteve também na NASA, nos Estados Unidos. Nos programas de auditório, em que atuava como apresentador, fez sucesso em "Oh, Que Delícia de Show" "Festival da Canção". Entrevistou Roy Rogers e vários cantores internacionais. 

Das narrações famosas a que se destaca é o primeiro pouso do homem na Lua, com a Apollo 11, em 1969. Um fato interessante é que no dia seguinte ao pouso na Lua, no bar onde ia tomar seu tradicional café, os funcionários que o atendiam, o chamaram de mentiroso, que o homem não tinha ido a Lua coisa nenhuma. Quando mais gente começou a lhe perturbar com o assunto, Hilton Gomes desistiu do café e foi embora sem que ninguém o visse.

Esteve também no Japão, sempre a trabalho.

Casado com Maria Alice, o casal teve quatro filhos e oito netos. Hilton Gomes estava afastado da profissão, pois teve um problema sério de saúde, que o fez colocar um marca-passo.

Hilton Gomes faleceu no dia 17/10/1999, aos  75 anos, no Rio de Janeiro, RJ, vítima de uma parada cardiorespiratória.

Fonte: Wikipédia

Euclides da Cunha

EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA
(43 anos)
Escritor, Sociólogo, Repórter Jornalístico, Historiador, Geógrafo, Poeta e Engenheiro

☼ Cantagalo, RJ (20/01/1866)
┼ Rio de Janeiro, RJ (15/08/1909)


Euclides da Cunha nasceu na Fazenda Saudade, em Cantagalo, RJ. Era filho de Manuel Rodrigues da Cunha Pimenta e Eudóxia Alves Moreira da Cunha. Órfão de mãe desde os 3 anos de idade, Euclides da Cunha passou a viver em casa de parentes em Teresópolis, São Fidélis e no Rio de Janeiro.

Em 1883 ingressou no Colégio Aquino, onde foi aluno de Benjamin Constant Botelho de Magalhães, que muito influenciou sua formação introduzindo-lhe à filosofia positivista.

Em 1885, ingressou na Escola Politécnica e, no ano seguinte, na Escola Militar da Praia Vermelha, onde novamente encontra Benjamin Constant como professor.

Cadete Republicano

Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante uma revista às tropas atirou sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. A liderança da Escola tentou atribuir o ato à "fadiga por excesso de estudo", mas Euclides da Cunha negou-se a aceitar esse veredito e reiterou suas convicções republicanas. Por esse ato de rebeldia, foi julgado pelo Conselho de Disciplina e em 1888, desligou-se do Exército.

Euclides da Cunha participou ativamente da propaganda republicana no jornal A Província de São Paulo.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército recebendo promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu ser primeiro-tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências Físicas e Naturais.

Casou-se com Ana Emília Ribeiro, filha do major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, um dos líderes da Proclamação da República.

Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coadjuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil.

Ludgero Prestes
Ciclo de Canudos

Durante a fase inicial da Guerra de Canudos, em 1897, Euclides da Cunha escreveu dois artigos intitulados "A Nossa Vendeia" que lhe valeram um convite do jornal O Estado de São Paulo para presenciar o final do conflito como correspondente de guerra. Isso porque ele considerava, como muitos republicanos à época, que o movimento de Antônio Conselheiro tinha a pretensão de restaurar a monarquia e era apoiado por monarquistas residentes no país e no exterior.

Em Canudos, Euclides da Cunha adotou um jaguncinho chamado Ludgero, a quem se refere em sua Caderneta de Campo. Fraco e doente, o menino foi trazido para São Paulo, onde Euclides da Cunha o entregou a seu amigo, o educador Gabriel Prestes. O menino foi rebatizado de Ludgero Prestes.

Livro Vingador

Euclides da Cunha deixou Canudos quatro dias antes do final da guerra, não chegando a presenciar o desenlace final. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar "Os Sertões: Campanha de Canudos" (1902). Os Sertões foi escrito "nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante", visto que Euclides da Cunha se encontrava em São José do Rio Pardo liderando a construção de uma ponte metálica.

O livro trata da Campanha de Canudos (1897), no nordeste da Bahia. Nesta obra, ele rompe por completo com suas idéias anteriores e pré-concebidas, segundo as quais o movimento de Canudos seria uma tentativa de restauração da monarquia, comandada à distância pelos monarquistas. Percebe que se trata de uma sociedade completamente diferente da litorânea. De certa forma, ele descobre o verdadeiro interior do Brasil, que mostrou ser muito diferente da representação usual que dele se tinha.

Euclides da Cunha se tornou internacionalmente famoso com a publicação desta obra-prima que lhe valeram vagas para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB).

Divide-se em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Nelas Euclides da Cunha analisa, respectivamente, as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, a vida, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.

Euclides da Cunha em Canudos (Tela de Edmundo Migliaccio)
Ciclo Amazônico

Em agosto de 1904, Euclides a Cunha foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Esta experiência resultou em sua obra póstuma "À Margem da História", onde denunciou a exploração dos seringueiros na floresta.

Ele partiu de Manaus para as nascentes do Rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclides da Cunha escreveu o ensaio "Peru Versus Bolívia", publicado em 1907.

Escreveu, também durante esta viagem, o texto "Judas-Ahsverus", considerado um dos textos mais filosófica e poeticamente aprofundados de sua autoria.

Após retornar da Amazônia, Euclides da Cunha proferiu a conferência "Castro Alves e Seu Tempo", prefaciou os livros "Inferno Verde", de Alberto Rangel, e "Poemas e Canções", de Vicente de Carvalho.

Concurso de Lógica

Visando a uma vida mais estável, o que se mostrava impossível na carreira de engenheiro, Euclides da Cunha prestou concurso para assumir a Cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. O filósofo Raimundo de Farias Brito foi o primeiro colocado, mas a lei previa que o presidente da república escolheria o catedrático entre os dois primeiros. Graças à intercessão de amigos, Euclides da Cunha foi nomeado. Depois de sua morte, Farias Brito acabaria ocupando a cátedra em questão.

Academia Brasileira de Letras

Foi eleito em 21/09/1903 para a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), na sucessão de Valentim Magalhães, e recebido em 18/12/1906 pelo acadêmico Sílvio Romero.

A "Tragédia da Piedade"

Sua esposa, Ana Emília Ribeiro, tornou-se amante de um jovem tenente, 17 anos mais novo do que ela, chamado Dilermando de Assis. Ainda casada com Euclides da Cunha, teve dois filhos de Dilermando de Assis, um deles morreu ainda bebê. O outro filho era chamado por Euclides de "a espiga de milho no meio do cafezal", por ser o único louro numa família de morenos. Aparentemente, Euclides da Cunha aceitou como seu esse menino louro.

A traição de Ana Emília Ribeiro desencadeou uma tragédia em 1909, quando Euclides da Cunha teria entrado na casa de Dilermando de Assis, armado, dizendo-se disposto a matar ou morrer. Dilermando de Assis reagiu e matou-o.

Foi julgado pela justiça militar e absolvido. Entretanto, até hoje o episódio permanece em discussão. Dilermando de Assis casou-se com Ana Emília Ribeiro e o casamento durou 15 anos.

O corpo de Euclides da Cunha foi velado na Academia Brasileira de Letras. O médico e escritor Afrânio Peixoto, que assinou o atestado de óbito, mais tarde ocuparia sua cadeira na Academia Brasileira de Letras.

O corpo de Euclides da Cunha exposto numa sala da Academia Brasileira de Letras
Versões

As versões sobre o desfecho da história abrigam diferentes hipóteses. A mais comedida defende que o escritor tenha sido vítima de uma emboscada, quando apenas queria resgatar seus filhos do ambiente libertino construído por Ana Emília Ribeiro e Dilermando de Assis.

A mais exasperante é a de que, movido pela humilhação da traição, Euclides da Cunha, em defesa de sua honra, partira disposto a matar seu rival e vingar-se de Ana Emília Ribeiro.

Exímio atirador, Dilermando de Assis justificou seu ato como legítima defesa, alegando que Euclides da Cunha agiu de forma premeditada, ao seguir armado à sua procura. Aos olhos da Justiça, o gesto de Dilermando de Assis foi leal, tanto que foi absolvido pelo júri popular.


Semana Euclidiana e Euclidianismo em Cantagalo

A cidade de São José do Rio Pardo, no Estado de São Paulo, realiza todos os anos, entre 9 e 15 de agosto, a Semana Euclidiana, em memória do escritor que ali vivia quando escreveu sua obra-prima "Os Sertões". São José do Rio Pardo tornou-se uma cidade turística conhecida como O Berço de Os Sertões.

Também em São Carlos, SP, celebra-se todos os anos, uma Semana Euclidiana, em homenagem ao escritor que morou na cidade entre 1901 e meados de 1903, ali terminando seu trabalho "Os Sertões" e o publicando em 1902.

A cidade de Cantagalo, berço natal de Euclides da Cunha, também mantém viva a memória do escritor, através de eventos e um museu dedicado a Euclides da Cunha e suas obras.

Em 2009, ano do centenário de sua morte, a cidade de Cantagalo realizou o Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides. Na cidade, o Grupo Euclidiano de Atividades Culturais (GEAC) é o difusor do movimento.

Fonte: Wikipédia

Airton Rodrigues

AIRTON RODRIGUES LEITE
(71 anos)
Jornalista, Repórter, Apresentador e Analista de TV

* Campinas, SP (06/10/1922)
+ São Paulo, SP (01/11/1993)

Um dos princípais críticos do "Diário da Noite" (dos "Diários Associados", São Paulo). Apresentou os programas "Clube dos Artistas", "Almoço Com as Estrelas" (até 1980, TV TUPI; o segundo também na Rede SBT) e "Os Comunicadores" (TV TUPI) - todos com sua esposa.

Nascido em Campinas, em 1922, gostava do ambiente, das pessoas, das coisas e o que queria era divulgar, levar para os Diários Associados, aquilo que via na televisão.

Sua função realmente era de critico de TV. Foi um dos principais críticos do Diário da Noite, um dos jornais dos Associados em São Paulo. Mas passou a ser um dos principais nomes da televisão. Respeitado e amado por todos, era de uma simpatia ímpar. E era ativo muito ativo. Para o programa: "Almoço com os Artistas", por exemplo, era ele quem fazia pessoalmente os convites para as 20 ou 30 pessoas que participariam no programa, aos sábados, na hora do almoço. Era ele quem os esperava na porta da Televisão Tupi, e quem pessoalmente os conduzia aos estúdios e às cadeiras, previamente selecionadas. Depois, em alguns segundos antes do início do programa, lavava o rosto, as mãos e se preparava para apresentar o programa, sem ter sequer uma dália ou referência nas mãos. Sabia a vida de todos e os tratava como irmãos. Por isso era amado e respeitado.

Foi casado com a atriz Lolita Rodrigues por trinta anos. Eles formavam o Casal 20 da televisão. E com ela apresentou na TV Tupi os programas "Clube dos Artistas" e "Almoço com as Estrelas", ambos até 1980, quando do fechamento do canal.

Posteriormente apresentou o "Almoço Com as Estrelas" no SBT. Após a separação do casal, terminou o programa. Ainda apresentaram, ainda que separados na vida real, na TV Tupi, o programa "Os Comunicadores".

Airton Rodrigues e Lolita, cujo nome na vida real é Silvia, tiveram uma filha, que hoje é médica e, segundo a mãe, dedica-se muito aos pobres. Airton Rodrigues, ao se afastar da televisão, morou muito anos na cidade mineira de Machado.

Faleceu vítima de um Ataque Cardíaco.

Fonte: Projeto VIP e Museu da TV

Tim Lopes

ARCANJO ANTONINO LOPES DO NASCIMENTO
(51 anos)
Repórter


* Pelotas, RS (18/11/1950)
+ Rio de Janeiro, RJ (02/06/2002)

Em 2001, recebeu o Prêmio Esso com a equipe da Rede Globo pela reportagem “Feirão das Drogas”, em que denunciava, por meio de uma câmera escondida, a venda livre de drogas no complexo do Morro do Alemão. Foi o primeiro prêmio Esso concedido na categoria televisão. Recebeu ainda o 11º e o 12º Prêmio Abril de Jornalismo na categoria Atualidades pelas matérias “Tricolor de Coração” publicada na revista Placar de dezembro de 1985, e “Amizade sem Limite”, de maio de 1986. Em fevereiro de 1994, recebeu um prêmio de melhor reportagem feita no jornal O Dia pela série “Funk: som, alegria e terror” - ironicamente, o mesmo tema de sua última grande reportagem na TV Globo.

Ele desapareceu em 2 de junho de 2002 e depoimentos de traficantes presos indicam que foi morto entre as 22 e 24h daquele dia.

Por volta das 17 horas de 2 de junho, domingo, Tim Lopes foi até a favela Vila Cruzeiro, no bairro do Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, com uma microcâmera escondida numa pochete que levava na cintura, para gravar imagens de um baile funk promovido por traficantes de drogas. Ele havia recebido uma denúncia dos moradores da favela de que no baile acontecia a exploração sexual de adolescentes e a venda de drogas. Iria verificar também a informação de que os traficantes construíram um parque infantil num acesso da comunidade, para dificultar a ação da polícia, e que desfilavam armados de fuzis.

Os traficantes estranharam a presença de Tim Lopes no local. Há suspeita de que, uma vez descoberto, sua morte tenha sido decidida como vingança pela reportagem feita anteriormente, sobre a venda de drogas no morro, veiculada em agosto de 2001 pela TV Globo. Depois desta reportagem, vários traficantes foram presos e o tráfico da região teve um prejuízo em suas atividades criminosas por um longo tempo. Outras hipóteses são de que Tim Lopes tenha sido confundido com um policial ou um informante da polícia.

Segundo testemunhas, a morte de Tim Lopes foi definida pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, um dos líderes do grupo criminoso Comando Vermelho, que dominava na época o Complexo do Alemão. As investigações indicam que participaram do crime outros nove traficantes de sua quadrilha. Antes da execução, os traficantes fizeram uma espécie de julgamento para decidir sobre a morte do jornalista. Ele foi torturado antes de morrer, com golpes de katana. Seu corpo foi queimado na localidade da Grota.

Ele também teria sido esquartejado antes de ser queimado - método popularmente chamado como "micro-ondas" e usado para ocultar o cadáver e o crime.

Embora fosse um jornalista destacado, Tim Lopes somente se tornou conhecido nacionalmente após sua morte, num crime que chocou o país, tendo a sua repercussão aumentada em grande parte pela influência da Rede Globo como formadora de opinião. O caso de seu desaparecimento ocupou muitas edições do Jornal Nacional, o que aumentou a pressão sobre as autoridades pela captura de todos os criminosos envolvidos; o jornal também passou a usar a expressão Poder paralelo para definir os grupos criminosos existentes nas favelas cariocas. Embora a resolução do caso fosse considerada pela sociedade em geral como uma prioridade, até pela afronta que representou à liberdade de expressão, houve quem criticasse o fato de que não tenha havido o mesmo empenho da polícia no caso de outros crimes onde não houve a influência de alguma organização influente.

Caçados pela polícia, um a um, todos os criminosos foram presos ou mortos, até que finalmente Elias Maluco foi preso em setembro, no alto da favela, após uma mega-operação policial.

Tim Lopes foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi no carnaval do ano seguinte, com o enredo "Não calem minha voz", uma homenagem à imprensa, onde um dos versos dizia "a verdade tim-tim por tim-tim", numa referência ao apelido do jornalista.

Fonte: Wikipédia

Márcia Mendes

MÁRCIA MENDES
(34 anos)
Atriz, Repórter e Jornalista

☼ Três Lagoas, MS (06/07/1945)
┼ Rio de Janeiro, RJ (06/07/1979)


Márcia Mendes foi uma atriz, jornalista e apresentadora de televisão, nascida em Três Lagoas, MS, no dia 09/12/1946.

Em 19/05/1975 apresentou, junto com Carlos Campbell, o recém-criado telejornal Amanhã, até o ano de 1977. No mesmo ano, a dupla Márcia Mendes e Carlos Campbell continuaram juntos no programa Fantástico.

Márcia Mendes atuou também como apresentadora de jornalismo no Jornal Hoje, da TV Globo, e foi casada com o ator Marcos Paulo.

Márcia Mendes foi a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional em um 08/03/1972.

Márcia Querida

O apresentador Marcos Hummel manda o seguinte bilhete:
"Hoje me lembrei de Márcia Mendes. Há uma razão especial. Num 8 de março, mais de três décadas atrás, ela e eu trabalhamos juntos. Era um sábado. Estávamos no plantão semanal. Eu apresentaria o Jornal Nacional, dividindo a bancada com, talvez, o Léo Batista. O chefe daquele plantão, num ímpeto que contrariava os padrões da empresa, decidiu homenagear a mulher na pessoa de Márcia Mendes. Márcia e eu apresentamos o noticiário daquele dia. Foi a primeira vez que uma mulher apresentou o Jornal Nacional. Ela foi uma grande profissional, uma amável colega, uma grande amiga. E era linda. Deixou saudades. Um beijo carinhoso a todas as mulheres."
(Marcos Hummel - 08/03/2010)

Morte

Márcia Mendes faleceu jovem, no dia em que completava 34 anos, 06/07/1979, com profunda anemia, vítima de câncer, no Rio de Janeiro, RJ.

Fonte: Wikipédia e Observatório da Imprensa