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Geysa Bôscoli

GEYSA GONZAGA DE BÔSCOLI
(71 anos)
Teatrólogo, Jornalista, Escritor e Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (25/01/1907)
+ Caxambu, MG (07/11/1978)

Geysa Gonzaga de Bôscoli, que ficou conhecido apenas como Geysa Bôscoli, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 1907. Sobrinho da compositora Chiquinha Gonzaga, irmão de Jardel Jércolis e Héber de Boscoli e tio do compositor e produtor Ronaldo Bôscoli. Estudou nos Colégios Alfredo Gomes e Ateneu Boscoli e formou-se, em 1927, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Mesmo ano em que estreia como autor teatral, com a revista "Pó-de-Arroz", na Companhia Trô-lô-lô.

Trabalhou como revisor no Jornal do Comércio e como repórter do jornal O Imparcial. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Autores durantes seis anos consecutivos.

 Recebeu o título de "Conselheiro Benemérito" da Casa dos Autores. Fundou as revistas "Ouro Verde" e "Show", os semanários A Comarca e Correio de Blumenau, em Santa Catarina, e trabalhou em vários órgãos da imprensa carioca. Escreveu o livro "A Pioneira Chiquinha Gonzaga", em edição particular.

Destacou-se no teatro musical como autor, produtor de revistas e compositor. Estreou em abril de 1927, com a revista em dois atos "Pó-de-Arroz", representada pela Companhia Tro-ló-ló, fundada por ele e pelo irmão Jardel, no velho Teatro Lírico do Rio de Janeiro.

Em 1928, escreveu com Nelson Abreu e Luís Iglesias a revista "O Que Eu Quero É Nota", com músicas de Paraguaçu e Sinhô, estreada no Teatro Carlos Gomes, no mesmo ano.

Considerada uma das maiores estrelas do teatro de revista em todos os tempos, a paulista Margarida Max, formou, com Augusto Aníbal e João Lins, o trio principal de atrações da revista "Onde Está O Gato", de autoria de Geysa Bôscoli e Luiz Iglesias foi montada em 1929, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.

Em 1937, estreou a revista "Maravilhosa", escrita com o irmão Jardel, que lançou o grande sucesso de Ary Barroso, "No Tabuleiro Da Baiana", interpretada no teatro por Grande Otelo e Déo Maia.

Em 1940, compôs para a sua opereta "Gandaia", com Jardel Jércolis, e em parceria com Custódio Mesquita, o fox-blue "Naná", gravado com sucesso por Orlando Silva pela RCA Victor, e "Céu E Mar", gravado por Francisco Alves, pela Columbia no mesmo ano.

Em 1945, inaugurou o Teatro Regina, hoje Teatro Dulcina, com a comédia "O Grande Barqueiro".

Fundou em 1948, com seu irmão, o Teatro Jardel, em Copacabana, primeiro teatro de bolso, tornando-se pioneiro em levar os teatros, antes restritos ao centro da cidade, a outros bairros do Rio de Janeiro.

Em 1950 e 1952, recebeu, por seu trabalho no Teatro Jardel, duas medalhas de ouro como "Melhor Produtor de Teatro Musicado".

Foi pioneiro ao escrever as duas primeiras revistas radiofônicas do Brasil, transmitidas pela Rádio Nacional: "Adão E Eva" e "Carioca Da Gema", esta em parceria com Jorge Murad. Produziu ainda muitas outras peças de teatro musicado como "Eu Quero É Rosetá" (Com Luís Peixoto); "Canta, Brasil" (Com Luís Peixoto e Paulo Orlando), em 1946; "O Brasil É Nosso" (com Luís Peixoto e música de Ary Barroso), em 1957.

Geysa Bôscoli faleceu aos 71 anos, na cidade mineira de Caxambu.

Franklin Távora

JOÃO FRANKLIN DA SILVEIRA TÁVORA
(46 anos)
Advogado, Jornalista, Político, Romancista e Teatrólogo

* Baturité, CE (13/01/1842)
+ Rio de Janeiro, RJ (18/08/1888)

Filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana, em 1844 transferiu-se com os pais para Pernambuco. Fez preparatórios em Goiana e Recife, em cuja Faculdade de Direito matriculou-se em 1859, formando-se em 1863.

Em Recife viveu até 1874, tendo sido funcionário público, deputado provincial e advogado, com breve intervalo em 1873 no Pará, como secretário de governo. Em 1874, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi funcionário da Secretaria do Império.

Iniciou o romantismo de caráter regionalista no Nordeste. Uma de suas obras mais marcantes é "O Cabeleira", romance passado em Pernambuco do século XVIII. Foi crítico ferrenho de outros grandes autores brasileiros, como José de Alencar.

Homenageado pela Academia Brasileira de Letras, é o patrono da cadeira 14, escolhido por Clóvis Beviláqua.

Obras

Fase Literária Recifense
  • 1861 - Trindade Maldita (Contos)
  • 1862 - Os Índios do Jaguaribe (Romance)
  • 1866 - A Casa de Palha (Romance)
  • 1869 - Um Casamento no Arrabalde (Romance)
  • 1862 - Um Mistério de Família (Drama)
  • 1870 - Três Lágrimas (Drama)

Fase Carioca
  • 1871 - Cartas de Semprônio a Cincinato (Crítica)
  • 1876 - O Cabeleira (Romance - Considerado um de seus melhores livros)
  • 1878 - O Matuto (Crônica)
  • 1878 - Lourenço (Romance)
  • 1878 - Lendas e Tradições do Norte (Folclore)
  • 1879 - O Sacrifício (Romance)

Fonte: Wikipédia

Aníbal Machado

ANÍBAL MONTEIRO MACHADO
(69 anos)
Escritor, Professor, Jogador de Futebol e Homem de Teatro

☼ Sabará, MG (09/12/1894)
┼ Rio de Janeiro, RJ (20/01/1964)

Aníbal Monteiro Machado fez os estudos secundários em Belo Horizonte, no Colégio Dom Viçoso, e no Externato do Ginásio Mineiro, hoje Colégio Estadual. Iniciou o curso superior na Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a de Belo Horizonte, onde se formou em dezembro de 1917.

Tornou-se então professor de História Universal num colégio estadual de Minas Gerais e crítico de artes plásticas no Diário de Minas, onde trabalhou com os poetas Carlos Drummond de Andrade e João Alphonsus de Guimaraens. Depois foi Promotor Público, primeiro em Minas Gerais, e em seguida no Rio de Janeiro, na época capital do país, em 1924.

Por não se sentir com vocação para a carreira jurídica, deixou a promotoria para ser professor de literatura do Colégio Pedro II. Exercia o magistério paralelamente a um cargo burocrático no Ministério da Justiça, do qual se demitiu diante da movimentação política que resultou na Revolução de 1930.

Começou na literatura quando estudante e, no Rio de Janeiro, ligou-se aos Modernistas, com assídua colaboração nos periódicos Revista de Antropofagia, Estética, Revista Acadêmica e Boletim de Ariel.

Eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores organizou, com Sérgio Milliet, o I Congresso Brasileiro de Escritores, em 1945. Este congresso, ao defender a liberdade democrática, precipitou o fim da ditadura de Getúlio Vargas.


Apesar de sua atuação no meio literário, o primeiro livro, um ensaio sobre cinema, surgiu apenas em 1941 quando já tinha 46 anos. Na ficção, sua estreia em livro foi "Vida Feliz" (1944), seguindo-se "Histórias Reunidas" (1955), "Cadernos de João" (1957) e, postumamente, "João Ternura" (1965).

Marcou sua presença de destaque no panorama do conto brasileiro com textos antológicos, como "Viagem aos Seios de Duília", "Tati, a Garota" e "A Morte da Porta-Estandarte".

Ligado ao teatro, ajudou a fundar vários grupos teatrais, tais como Os Comediantes, o Teatro Experimental do Negro, Teatro O Tablado e o Teatro Popular Brasileiro.

Traduziu peças de Anton Checov e Franz Kafka e escreveu a peça "O Piano", adaptada da novela de mesmo nome. Por esta peça, recebeu o Prêmio Cláudio de Sousa, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Também foi condecorado com a Legião de Honra.

Na década de 60, seus contos "A Morte da Porta-Estandarte", "Tati, a Garota" e "Viagem aos Seios de Duília" ganharam versões para o cinema, com colaboração do próprio Aníbal Machado nos roteiros. Manoel Carlos adaptou vários contos de sua obra na telenovela "Felicidade", exibida pela TV Globo em 1991.

Aníbal Machado teve seis filhas, entre elas a famosa escritora e teatróloga Maria Clara Machado, uma grande cultuadora e guardiã de sua obra.

Atlético

Aníbal Machado foi também jogador de futebol, e participou do primeiro time titular do Clube Atlético Mineiro, em 1909, entrando para a história do clube por ter marcado o primeiro gol da história do Atlético Mineiro. Jogou por três anos, até se formar em Direito, participando também da diretoria do clube.

Importância de Sua Obra

Tendo publicado apenas 13 contos, Aníbal Machado produziu, pelo menos, uma obra-prima, "Viagem aos Seios de Duília", além de uns cinco ou seis contos notáveis, como "O Iniciado do Vento", "O Piano", "Tati, a Garota" e "O Telegrama de Ataxerxes" (este com um forte acento Kafkiano, embora revestido de um certo humor).

"Viagem aos Seios de Duília", na opinião dos críticos, não é apenas um dos maiores contos brasileiros, mas merece figurar entre os maiores do conto universal.

Este conto narra as desventuras de José Maria, um funcionário público, que sublimou na dedicação ao trabalho a sua solidão, a falta de convívio com as mulheres, a incomunicabilidade. José Maria jamais se libertou da visão de um seio de Duília, quando ambos eram adolescentes. Ao se ver aposentado, depois de estéreis tentativas de, enfim, "viver a vida", o velho funcionário, mais do que nunca, se volta para aquela visão do passado e decide ir à procura da mocinha que lhe proporcionou, talvez, a única coisa boa da sua vida.

É um texto magistral sobre a coragem do ser e do vir a ser, sobre a busca de novos desafios e a recusa a considerar aposentadoria como sinônimo de morte, embora esta busca e esta recusa possam ser inúteis.

Fonte: Wikipédia

Catulo da Paixão Cearense

CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
(82 anos)
Poeta, Compositor, Cantor e Teatrólogo

☼ São Luís, MA (08/10/1863)
┼ Rio de Janeiro, RJ (10/05/1946)

Apesar do nome, Catulo da Paixão Cearense, nasceu no Maranhão. Equivocadamente, a data de seu nascimento foi considerada por muito tempo como sendo 31/01/1866. A data original foi alterada para que ele pudesse ser nomeado para o serviço público.

Com 10 anos, em 1873, mudou-se com a família para o interior do Ceará.

Em 1880, quando contava 17 anos, sua família mudou-se para o Rio de Janeiro indo residir à Rua São Clemente, 37, onde passaria a funcionar a relojoaria e ourivesaria de seu pai. No Rio de Janeiro, começou a frequentar uma República de Estudantes na Rua do Barroso, em Copacabana, da qual faziam parte os flautistas Joaquim Callado e Viriato, o estudante de música Anacleto de Medeiros, o violonista Quincas Laranjeiras, o cantor Cadete e um estudante de medicina que o ensinou a tocar violão, fazendo com que abandonasse a antiga paixão pela flauta.

Catulo da Paixão Cearense era autodidata. Aprendeu português e matemática e, posteriormente, o francês, chegando a fazer traduções de poetas franceses famosos na época como Lamartine. Recebeu grande influência dos cantadores do Nordeste com quem conviveu durante parte de sua juventude, chegando, inclusive, a produzir literatura de cordel.

Os primeiros anos de Rio de Janeiro foram bastante difíceis para o poeta já que, muito pobre, morava num dos bairros mais distantes do Rio de Janeiro à época, o balneário de Copacabana, um lugar quase deserto e ermo. Em pouco tempo, morreu sua mãe, Maria Celestina Braga da Paixão. O pai morreu três anos depois.

Sua primeira composição foi "Ao Luar", apresentada numa seresta na República de Estudantes. Na mesma noite, seu pai, Amâncio José da Paixão Cearense quebrou-lhe um violão na cabeça, pois seguiu o filho e não o queria envolvido com boêmios. Após a morte do pai, passou a trabalhar como estivador no cais do porto.

Fred Figner e Catulo da Paixão Cearense, 1940
De dia usava tamancos nos pés e à noite colocava as calças listradas e o fraque forrado de seda e ia para as serestas. Certa feita, convidado para uma festa na casa do senador Gaspar da Silveira Martins, conselheiro do Império, acabou por tornar-se o centro da festa. A mulher do senador acabou por contratá-lo como professor para os filhos e dessa forma, mudou-se para a casa do senador. Pouco depois, viu-se envolvido numa trama que resultaria num casamento, sob a acusação de ter violentado sua futura mulher.

Considerado como grande mulherengo, envolveu-se ao longo de sua vida com diversas mulheres, tendo dedicado a algumas delas várias de suas obras. Para a atriz Apolônia Pinto dedicou a canção "Os Olhos Dela". Apaixonado pela filha do senador goiano Hermenegildo de Morais, de quem somente se conhece o apelido de "Coleira", devido a um adorno que usava no pescoço, não teve o amor correspondido. Por isso, abandonou o trabalho na casa do senador Gaspar da Silveira e foi refugiar-se em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, onde fundou um colégio e passou a lecionar, criando novos métodos que tornassem o ensino mais agradável. Paralelamente, continuou a participar de serestas e recitais.

Em 1906, o cantor Mário Pinheiro gravou pela Casa Edson as canções "Talento e Formosura" e "Resposta ao Talento e Formosura".

Em 1907, o mesmo cantor gravou "O Que Tu És", "Até as Flores Mentem" e "Clélia". E, com grande sucesso, a canção "Rasga Coração", novo nome dado pelo poeta a partir da letra que colocou no xote "Iara", composto por Anacleto de Medeiros em 1896 e repertório obrigatório das bandas desde então.

Em 1908, conseguiu o que para muitos parecia impossível: levar o violão, instrumento até então considerado maldito, para um salão de elite. Por intermédio do maestro Alberto Nepomuceno, conseguiu realizar um recital no Instituto Nacional de Música, onde, nas suas próprias palavras, "Músicos, literatos, médicos, jornalistas, advogados, engenheiros, professores, diplomatas, misturaram-se a populares". O recital foi um enorme sucesso, fazendo crescer ainda mais a fama do cantor e poeta nordestino.


Em 1909, o cantor Mário Pinheiro gravou mais duas composições de sua autoria, "Choça ao Monte" e "Cabocla bonita".

Em 1910, o mesmo cantor gravou "Adeus da Manhã".

Em 1913, obteve grande sucesso no carnaval  com a composição "Cabocla di Caxangá". Sobre essa composição, informam os pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello:

"... Entrou para a história apenas assinada pelo poeta. Inspirado numa toada que João Pernambuco lhe mostrara e que teria melodia do violonista, composta sobre versos populares, Catulo escreveu extensa letra, impregnada de nomes de árvores (taquara, oiticica, imbiruçu...), animais (urutau, coivara, jaçanã...), localidades (Jatobá, Cariri, Caxangá, Jaboatão...) e gírias do sertão nordestino, daí nascendo em 1913 a embolada 'Caboca de Caxangá', classificada no disco como batuque sertanejo. E nasceu para o sucesso, que se estenderia ao carnaval de 1914, para desgosto de Catulo, que achava depreciativo o uso da composição pelos foliões."

Em 1914, foi convidado pela mulher do então presidente da República Hermes da Fonseca, a senhora Nair de Teffé, a caricaturista Rian,  para um recital no Palácio do Catete, onde obteve um dos seus momentos de maior glória, sendo aplaudido de pé pela assistência, ao término de cada apresentação.

Alguns setores mais conservadores da imprensa, contudo, registraram críticas e comentários maldosos. Pouco depois, foi nomeado pelo presidente para um cargo na Imprensa Nacional. Ligou-se ao proprietário da Livraria do Povo, e por ela editou diversos folhetos de cordel com o repertório de modinhas, lundus e cançonetas que faziam sucesso. Para a mesma livraria editou as coletâneas "O Cantor Fluminense" e "O Cancioneiro Popular". Em seguida, publicou diversos trabalhos de sua autoria, "Lira dos Salões", "Novos Cantares",  "Lira Brasileira", "Canções da Madrugada", "Trovas e Canções" e "Choros ao Violão".

Ainda em 1914, o cantor Eduardo das Neves, acompanhado de coro, gravou na Odeon aquele que se tornaria o maior sucesso do poeta, e um dos maiores clássicos da Música Popular Brasileira, consagrada popularmente como um segundo Hino Nacional: a toada sertaneja "Luar do Sertão", regravado dezenas de vezes ao longo da história da Música Popular Brasileira, e que também lhe rendeu a célebre polêmica com João Pernambuco sobre a autoria da música, chegando à barra dos tribunais, que decidiu a favor de João Pernambuco, reconhecido assim como autor da melodia, que segundo alguns, seria provavelmente um tema folclórico, ficando a dúvida entre o coco "É do Maitá" e "Meu Engenho é de Humaitá".


Também em 1914, o cantor Bahiano gravou a modinha "Fascinação Por Teus Olhos" (Catulo da Paixão Cearense e Cupertino de Menezes), Eduardo das Neves gravou a modinha "Eulina" e a Banda da Casa Edison regravou "Cabocla de Caxangá", como tango, todos na Odeon. Ainda na mesma época, colocou versos na serenata "Lolita" e na valsa "Adoráveis Tormentos", ambas de Fernando de Azevedo.

Um de seus principais parceiros foi Anacleto de Medeiros, com quem compôs, entre outras, "Rasga o Coração", "Por um Beijo", "Palma de Martírio", "O Que Tu És", "Perdoa", "Nasci Para Te Amar", "O Boêmio" e "Coração Oculto".

Em 1918, editou "Meu Sertão" e o cantor Vicente Celestino gravou na Odeon uma série de canções suas com diferentes parceiros, entre as quais, "Porque Sorris" e "Porque Fui Poeta" (Catulo da Paixão Cearense e Juca Kalut) e "Aos Pés da Cruz" (Catulo da Paixão Cearense e Cremieux). No mesmo período, Mário Pinheiro gravou uma série de modinhas, entre as quais "Pastor Peregrino", "Não Partas", "Cabocla Bonita" e "Lágrimas Sonoras".

Em 1919, publicou "Sertão em Flor".

Em 1921, "Poemas em Bravios".

Em 1926, participou da "Tarde Brasileira", no Teatro Lírico no Rio de Janeiro, apresentando-se ao lado de João Pernambuco e Patrício Teixeira. Na ocasião, lançou o poema "Maria Cabocla", que recebeu calorosos aplausos fazendo-o retornar várias vezes ao palco. No mesmo ano, Patrício Teixeira gravou sua canção "Magnólia", a modinha "Canção do Cego" e a modinha cateretê "Bem-Te-Vi".

Em 1928, publicou "Mata Iluminada", "Meu Brasil", "Um Boêmio no Céu" e "Alma do Sertão".

Os Últimos Anos

Nos últimos anos de sua vida, viveu num barracão na Rua Francisco Méier, nº 21, depois transformada em Rua Catulo da Paixão Cearense. Lá recebia diversas figuras da vida pública e intelectual do Rio de Janeiro, do Brasil e de outros países, como o escritor Monteiro Lobato, o poeta espanhol Salvador Rueda e o médico e tenor mexicano Alfonso Ortiz Tirado, conhecido como a "Voz Romântica do México". Lá recebia as visitas de chinelo e pijama.

Em 1939, encontrando-se em situação financeira delicada, pediu ajuda ao cantor paulista Paraguaçu, que organizou para ele uma série de recitais, com apresentações na Rádio Cosmos, atual Rádio América e também no Palácio dos Campos Elíseos, sendo convidado do governador Ademar de Barros. O sucesso foi absoluto, com os recitais totalmente concorridos e com seus livros esgotados pelo público ávido por autógrafos do grande poeta. Mesmo assim, o poeta morreu pobre.

Catulo da Paixão Cearense faleceu na sexta-feira, 10/05/1946, aos 83 anos, na rua Francisca Meyer nº 78, Casa 2, no Rio de Janeiro, RJ. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação pública até 13/05/1946, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula, no Largo do Catumbi.

Antes de seu sepultamento, o escultor Flory Gama fez sua máscara mortuária. Seu corpo foi levado para o saguão do edifício da Associação Brasileira de Imprensa, depois para a Capela de Santa Teresinha, na Praça da República e finalmente levado a pé até o Cemitério de São Francisco de Paula.

Conforme o enterro passava, acompanhado por uma multidão e pela Banda do Corpo de Bombeiros entoando a "Marcha Fúnebre", o comércio fechava as portas.

No cemitério, uma multidão aguardava a chegada do féretro. Sucederam-se diversos discursos que fizeram a cerimônia estender-se até à noite. Quando escureceu, uma imensa lua cheia apareceu no céu e o tenor mexicano Alfonso Ortiz começou a cantar "Luar do Sertão". Pouco a pouco um coro de milhares de vozes o acompanhou numa homenagem espontânea ao poeta morto.

As Homenagens

Nos anos 50, um dos primeiros cantores a homenageá-lo foi o modinheiro Paulo Tapajós, lançando pelo selo Sinter, LPs de 10 e 12 polegadas só com músicas do poeta, interpretando entre outras, as composições "Vai, ó Meu Amor, ao Campo Santo", "Talento e Formosura", "Palma de Mutirão""Luar do Sertão", "Por um Beijo" e "Flor Amorosa", esta última em parceria com Joaquim Callado.

Ainda nos anos 50, o tenor Vicente Celestino gravou pela RCA Victor um LP com obras do poeta, entre outras, as composições, "Rasga o Coração", "O Meu Ideal", "Por um Beijo", "Ontem ao Luar""Luar do Sertão".

Em 1962, as canções "Tu Passaste Por Este Jardim" (Catulo da Paixão Cearense e Alfredo Dutra) e "Por Que Sorris?" (Catulo da Paixão Cearense e Juca Kalut) foram relançadas por Gilberto Alves no LP "Gilberto Alves de Sempre" lançado pela gravadora Copacabana.

Em 1994, o selo Revivendo lançou o CD "Catulo da Paixão Cearense na Voz de Vicente Celestino e Paulo Tapajós".

Em 2000 o selo EMI/Copacabana lançou o CD duplo "Cantores do Rádio - Volume 1", no qual consta a canção "Ontem ao Luar" (Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara) na interpretação de Vicente Celestino.

Em 2007, estreou no Teatro Villa-Lobos no Rio de Janeiro sua peça inédita "Um Boêmio no Céu", escrita em 1945, com direção de Amir Haddad, figurinos de Biza Vianna e direção musical de José Maria Braga, e com José Mayer no papel do poeta. Durante o espetáculo são interpretadas algumas de suas canções mais famosas como "Ontem ao Luar""Luar do Sertão". No mesmo ano, a toada "Luar do Sertão" (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), foi gravada por Tinoco e Mazinho Quevedo no CD "Coração Caipira - Ao Vivo" da Som Livre.

Em 2009, foi lançado no Museu da República pelo pesquisador Haroldo Costa o livro "Catulo da Paixão - Vida e Obra", no qual o autor fala da vida e da obra do grande seresteiro e poeta.

Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA) a caixa "100 Anos de Música Popular Brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 1 desses CDs estão incluídas suas modinhas "Terna Saudade" (Catulo da Paixão Cearense e Anacleto de Medeiros), "Luar do Sertão" (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), e "Cabocla Bonita" na interpretação de Paulo Tapajós, e "Flor amorosa" (Catulo da Paixão Cearense e Joaquim da Silva Callado), na interpretação de Altamiro Carrilho e seu conjunto.

#FamososQuePartiram #CatulodaPaixaoCearense

Josué Montello

JOSUÉ DE SOUSA MONTELLO
(88 anos)
Jornalista, Professor, Teatrólogo e Escritor

* São Luís, MA (21/08/1917)
+ Rio de Janeiro, RJ (15/03/2006)

Entre suas obras destacam-se Os tambores de São Luís, de 1965, a trilogia composta pelas novelas "Duas Vezes Perdida", de 1966, e "Glorinha", de 1977, e pelo romance "Perto da Meia-Noite", de 1985.

Trabalhou como diretor da Biblioteca Nacional e do Serviço Nacional de Teatro, escreveu para a revista Manchete e o Jornal do Brasil, além de trabalhar no governo do presidente Juscelino Kubitschek.

Obras de Josué Montello foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão e sueco. Algumas de suas novelas foram roteirizadas para o cinema; em 1976, "Uma Tarde, Outra Tarde" recebeu o título de "O amor aos 40"; e, em 1978, "O Monstro", foi filmado como "O monstro de Santa Teresa".

Bibliografia

Romance

Janelas Fechadas (1941)
Luz da Estrela Morta (1948)
Labirinto de Espelhos (1952)
A Décima Noite (1959)
Os Degraus do Paraíso (1965)
Cais da Sagração (1971)
Os Tambores de São Luís (1975)
Noite Sobre Alcântara (1978)
A Coroa de Areia (1979)
O Silêncio da Confissão (1980)
Largo do Desterro (1981)
Aleluia (1982)
Pedra Viva (1983)
Uma Varanda sobre o Silêncio (1984)
Perto da Meia-Noite (1985)
Antes que os Pássaros Acordem (1987)
A Última Convidada (1989)
Um Beiral para os Bem-te-vis (1989)
O Camarote Vazio (1990)
O Baile da Despedida (1992)
A Viagem sem Regresso (1993)
Uma Sombra na Parede (1995)
A Mulher Proibida (1996)
Enquanto o Tempo não Passa (1996)
Sempre Serás Lembrada (2000)

Novela

O Fio da Meada (1955)
Duas Vezes Perdida (1966)
Numa Véspera de Natal (1967)
Uma Tarde, Outra Tarde (1968)
Um Rosto de Menina (1983)
A Indesejada Aposentadoria (1972)
Glorinha (1977)
O Melhor do Conto Brasileiro (1979)
Pelo Telefone (1981)

Teatro

Precisa-se de um Anjo (1943)
Escola da Saudade (1946)
O Verdugo (1954)
A Miragem (1959)
Através do Olho Mágico (1959)
O Anel que Tu Me Deste (1960)
A Baronesa (1960)
Alegoria das Três Capitais (1960)
Um Apartamento no Céu (1995)
O Baile da Despedida (1997)

Ensaio

Gonçalves Dias (1942)
O Hamlet de Antonio Nobre (1949)
Fontes Tradicionais de Antonio Nobre (1953)
Artur Azevedo e a Arte do Conto (1956)
O Oratório Atual do Brasil (1959)
Caminho da Fonte (1959)
O Presidente Machado de Assis (1961)
Uma Palavra Depois de Outra (1969)
Um Maître Oublié de Stendhal (1970)
Estante Giratória (1971)
A Cultura Brasileira (1977)
Brazilian Culture (1983)
Viagem ao Mundo de Dom Quixote (1983)
Os Caminhos (1984)
Lanterna Vermelha (1985)
Janela de Mirante (1993)
Fachada de Azulejo (1996)
Condição Literária (1996)
Memórias Póstumas de Machado de Assis (1997)
Baú da Juventude (1997)
O Juscelino Kubitschek de Minhas Recordações (1999)

A obra construída por Montello é assombrosa, pois abrange uma significativa variedade de meios de expressão - do romance ao teatro, do artigo jornalístico ao ensaio histórico. Sua prosa é elegante e fluída, passando ao leitor aquela enganadora sensação de ter sido escrita de forma ligeira, fácil, sem esforço aparente. Sua sólida formação intelectual se faz sentir em todos os ensaios e artigos, sempre permeados por análises precisas, argutas e diretas, ao passo que nos romances e peças teatrais a fina sensibilidade do artista impõe uma intensa abordagem psicológica das tramas e dos personagens.

Academia Brasileira de Letras

Em 1954, foi eleito para a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, sucedendo a Cláudio de Sousa. Até a sua morte, era o integrante mais antigo da Academia.

Morte

Morreu em março de 2006, vítima de Insuficiência Cardíaca. Encontrava-se internado na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, há mais de um ano, para tratamento de problemas respiratórios. O corpo foi velado na Academia Brasileira de Letras e sepultado no fim da tarde no Cemitério São João Batista.

Fonte: Wikipédia