Carlos Drummond de Andrade

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
(84 anos)
Poeta, Contista e Cronista

* Itabira, MG (31/10/1902)
+ Rio de Janeiro, RJ (17/08/1987)

Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra, Itabira. Posteriormente, foi estudar em Belo Horizonte e Nova Friburgo com os Jesuítas no Colégio Anchieta.

Formado em farmácia, com Emílio Moura e outros companheiros, fundou "A Revista", para divulgar o modernismo no Brasil. No mesmo ano em que publica a primeira obra poética, "Alguma Poesia" (1930), o seu poema "Sentimental" é declamado na conferência "Poesia Moderníssima do Brasil", feita no curso de férias da Faculdade de Letras de Coimbra, pelo professor da Cadeira de Estudos Brasileiros, Dr. Manoel de Souza Pinto, no contexto da política de difusão da literatura brasileira nas Universidades Portuguesas.

Drummond e o Modernismo Brasileiro

Drummond, como os modernistas, proclama a liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza modelação poética à margem das convenções usuais. Segue a libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, acentua-se a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de um metro fixo (impulso rítmico). Se dividirmos o Modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade.

A Poesia de Drummond

Quando se diz que Drummond foi o primeiro grande poeta a se afirmar depois das estreias modernistas, não se está querendo dizer que Drummond seja um modernista. De fato herda a liberdade linguística, o verso livre, o metro livre, as temáticas cotidianas. Mas vai além.

"A obra de Drummond alcança - como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Hélder ou Murilo Mendes - um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).

Affonso Romano de Sant'Anna costuma estabelecer que a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "Eu x Mundo", desdobrando-se em três atitudes:

- Eu maior que o mundo - marcada pela poesia irônica
- Eu menor que o mundo - marcada pela poesia social
- Eu igual ao mundo - abrange a poesia metafísica

Sobre a poesia política, algo incipiente até então, deve-se notar o contexto em que Drummond escreve. A civilização que se forma a partir da Guerra Fria está fortemente amarrada ao neocapitalismo, à tecnocracia, às ditaduras de toda sorte, e ressoou dura e secamente no eu artístico do último Drummond, que volta, com frequência, à aridez desenganada dos primeiros versos: A poesia é incomunicável / Fique quieto no seu canto. / Não ame.

Muito a propósito da dua posição política, Drummond diz, curiosamente, na página 82 da sua obra "O Obervador no Escritório", Rio de Janeiro, Editora Record, 1985, que: "Mietta Santiago, a escritora, expõe-me sua posição filosófica: Do pescoço para baixo sou marxista, porém do pescoço para cima sou espiritualista e creio em Deus."

No final da década de 1980, o erotismo ganha espaço na sua poesia até seu último livro.

Representações na Cultura

Drummond já foi retratado como personagem no cinema e na televisão, interpretado por Carlos Gregório e Pedro Lito no filme "Poeta de Sete Faces" (2002) e Ivan Fernandes na minissérie JK (2006).

Também teve sua efígie impressa nas notas de NCz$ 50,00 (cinquenta cruzados novos) em circulação no Brasil entre 1988 e 1990.

Atualmente, também, a representações em Esculturas do Escritor, como é o caso das estátuas "Dois Poetas", na cidade de Porto Alegre, e também "O Pensador", na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, além de um memorial em sua homenagem da cidade de Itabira.

Durante a maior parte da vida, Drummond foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguindo até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.

Poesia

1930 - Alguma Poesia
1934 - Brejo das Almas
1935 - Os Ombros Suportam o Mundo
1940 - Sentimento do Mundo
1942 - José
1945 - A Rosa do Povo
1951 - Claro Enigma
1954 - Fazendeiro do Ar
1954 - Quadrilha
1955 - Viola de Bolso
1964 - Lição de Coisas
1968 - Boitempo (1968)
1968 - A Falta Que Ama
1968 - Nudez
1970 - Futebol a Arte
1973 - As Impurezas do Branco
1973 - Menino Antigo (Boitempo II)
1977 - A Visita
1977 - Discurso de Primavera
1977 - Algumas Sombras
1978 - O Marginal Clorindo Gato
1979 - Esquecer Para Lembrar (Boitempo III)
1980 - A Paixão Medida
1983 - Caso do Vestido
1984 - Corpo
1985 - Amar Se Aprende Amando
1988 - Poesia Errante
1992 - O Amor Natural
1996 - Farewell

Antologia Poética

1950 - A Última Pedra no Meu Caminho
1956 - 50 Poemas Escolhidos Pelo Autor
1962 - Antologia Poética
1962 - Antologia Poética
1971 - Seleta em Prosa e Verso
1975 - Amor, Amores
1982 - Carmina Drummondiana
1987 - Boitempo I e Boitempo II
1987 - Minha Morte

Infantil

1983 - O Elefante
1985 - História de Dois Amores
1988 - O Pintinho

Prosa

1944 - Confissões de Minas
1951 - Contos de Aprendiz
1952 - Passeios na Ilha
1957 - Fala, Amendoeira
1962 - A Bolsa & a Vida
1966 - Cadeira de Balanço
1970 - Caminhos de João Brandão
1972 - O poder Ultrajovem e Mais 79 Textos em Prosa e Verso
1974 - De Notícias & Não-Notícias Faz-se a Crônica
1977 - Os Dias Lindos
1978 - 70 Historinhas
1981 - Contos Plausíveis
1984 - Boca de Luar
1985 - O Observador no Escritório
1986 - Tempo Vida Poesia
1987 - Moça Deitada na Grama
1988 - O Avesso das Coisas
1989 - Auto-Retrato e Outras Crônicas
1989 - As Histórias das Muralhas

Fonte: Wikipédia