Aracy Côrtes

ZILDA DE CARVALHO ESPÍNDOLA
(80 anos)
Atriz e Cantora

* Rio de Janeiro, RJ (31/03/1904)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/01/1985)

Uma das atrizes de maior destaque no Teatro de Revista, Aracy Cortes se caracteriza pela interpretação e pelo tipo físico brasileiros.

Inicia sua carreira aos 16 anos, no Circo Democrático, cantando e dançando Maxixe. Sua veia cômica lhe vale o convite para atuar em seu primeiro espetáculo teatral, Nós Pelas Costas (1922), de J. Praxedes.

No teatro, os primeiros trabalhos de sua carreira são na companhia do empresário Pascoal Segreto e entre os mais destacados revisteiros.

Atua em Secos e Molhados (1924), de Luiz Peixoto e Marques Porto; O Baliza (1925) de Luiz Peixoto. De Bastos Tigre interpreta Dito e Feito (1924) e Zig-Zag e Bric-à-Brac, ambos 1926.

Torna-se rapidamente popular entre o público da Praça Tiradentes - onde se concentra os espetáculos musicais da época - e passa a ser o destaque dos espetáculos em que atua.

Protagoniza, em 1928, Miss Brasil, de Marques Porto e Luiz Peixoto, em que canta Ai, Ioiô, Eu Nasci Pra Sofrê, música feita para ela e que se torna um grande sucesso da Música Popular Brasileira.

Na segunda metade da década, trabalha alternadamente nas companhias Tro-lo-ló e Ra-ta-plan. Entre 1929 e 1934, faz vários espetáculos com direção de João de Deus, a maioria textos de Teatro de Revista, como Compra um Bonde, de Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses e Alfredo de Carvalho; Laranja da China, de Olegário Mariano e Às Urnas! de Luís Iglesias e Freire Jr., todos de 1929.

Na década de 30, funda sua própria companhia, que encena principalmente textos de Luís Iglesias e Freire Jr. - entre eles, Co-co-ro-có, Paz e Amor e É Batatal, só em 1936. É eleita Rainha do Rádio (1935) e Rainha das Atrizes (1939).

Nos primeiros anos da década de 40, trabalha exclusivamente na companhia do empresário Walter Pinto, atuando, entre outros, em É Disso que Eu Gosto, de Miguel Orrico, Oscarito Brennier e Vicente Marchelli; e Acredite Se Quiser (1940) de Paulo Guanabara, Assim... Até Eu, de Olavo de Barros e Saint-Clair Senna, Os Quindins de Yayá, de J. Maia e Walter Pinto; A Cabrocha Não É Sopa, de Freire Júnior (1941). Em seguida se associa aos autores Luís Iglesias e Freire Júnior em uma companhia de curta duração.

O Teatro de Revista, alvo da censura do Estado Novo, muda de feição: em lugar da comédia, o luxo, em lugar dos autores, os produtores.

Na década de 50, quando o gênero revista entra em declínio, Aracy trabalha junto aos autores J. Maia e Max Nunes em espetáculos dirigidos por Rosa Mateus e Geysa Bôscoli.

A partir dos anos 60, atua eventualmente em musicais. Seu último sucesso acontece em 1965, num show realizado pelo Teatro Jovem e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, Rosa de Ouro, em que atua ao lado de Geysa Bôscoli e Paulinho da Viola.

Em 1978, estrela o espetáculo A Eterna Aracy, com direção de J. Maia, contando sua carreira e cantando seus maiores sucessos, como Jura, de Sinhô e Tem Francesa no Samba, de Assis Valente.

Quando morre, em 1985, os jornais associam a ela o próprio gênero teatral:

"A quase totalidade das artistas de teatro de revistas em atividade no Brasil guiava-se pelo modelo francês, tinha uma malícia de boulevard, parecia importada de um music hall parisiense. A morena Aracy Cortes, de cabelos crespos, olhos vivos, corpo bonito que não procurava esconder com suas roupas ousadas para os palcos da época, era brasileira em tudo, na malícia dos gestos, nas insinuações do olhar, no gosto pelo duplo sentido das frases. Foi a primeira grande desbocada do teatro brasileiro".