Emílio Garrastazu Médici

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI
(79 anos)
Militar, Político e Presidente do Brasil

* Bagé, RS (04/12/1905)
+ Rio de Janeiro, RJ (09/10/1985)

Foi um militar e político brasileiro, Presidente do Brasil entre 30 de outubro de 1969 e 15 de março de 1974. Obteve a patente de General do Exército.

Vida Antes da Presidência

Médici era neto de um combatente Maragato. Sua mãe era uma uruguaia de ascendência basca, da cidade de Paysandú, e seu pai era de origem italiana.

Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre. Formou-se oficial na Escola Militar de Realengo (1924-1927). Foi a favor da Revolução de 1930 e contra a posse de João Goulart em 1961.

Em abril de 1964, por ocasião do Golpe Militar de 1964 - ou Revolução de 1964, na visão dos militares -, Médici era o comandante da Academia Militar das Agulhas Negras. Posteriormente foi nomeado adido militar nos Estados Unidos e, em 1967, sucedeu a Golbery do Couto e Silva na chefia do Serviço Nacional de Informações (SNI). No SNI, permaneceu por dois anos e apoiou o AI-5 em 1968. Em 1969, foi nomeado comandante do III Exército, com sede em Porto Alegre.

Com o afastamento definitivo do presidente Artur da Costa e Silva, assumiu a Presidência da República uma junta militar por um período de um mês, a qual fez uma consulta a todos os generais do exército brasileiro, que escolheram Médici como novo Presidente da República.

Na Presidência da República

Médici exigiu que, para sua posse na presidência, o Congresso Nacional fosse reaberto, e assim foi feito. Em 25 de outubro de 1969, Emílio Garrastazu Médici foi eleito Presidente da República por uma sessão conjunta do Congresso Nacional, obtendo 293 votos, havendo 75 abstenções.

Tomou posse no dia 30 de Outubro de 1969, prometendo restabelecer a democracia até o final da sua gestão. No entanto, seu governo foi considerado o mais obscuro e repressivo de toda a história do Brasil independente. A guerrilha urbana e rural foi derrotada durante sua gestão, permitindo que seu sucessor Ernesto Geisel iniciasse a abertura política. As denúncias de tortura, morte e desaparecimentos de presos políticos que ocorreram na década de 1970 provocaram embaraço para o governo brasileiro no cenário internacional. O governo atribuiu as críticas a uma campanha da esquerda comunista contra o Brasil.

No campo político, o governo Médici foi responsável pela eliminação das guerrilhas de esquerda rurais e urbanas. A repressão às manifestações populares e à guerrilha (para alguns, terrorismo) ficou a cargo do Ministro do Exército Orlando Geisel. Médici, ao contrário dos presidentes anteriores no Regime Militar (Castelo Branco e Artur da Costa e Silva), não cassou mandato de nenhum político.

Nas duas eleições ocorridas durante seu governo, a Arena saiu amplamente vitoriosa, fazendo, em 1970, 19 senadores contra 3 do MDB, e, em 1972, elegendo quase todos os prefeitos e vereadores do Brasil. Eram proibidas manifestações populares e reivindicações salariais por trabalhadores.

Os três ministros mais importantes de seu governo, e que tinham grande autonomia, eram Delfim Netto, que comandava a economia, João Leitão de Abreu, como coordenador político, e Orlando Geisel, que comandava o combate à subversão.

O seu governo também ficou marcado por um excepcional crescimento econômico que ficou conhecido como o Milagre Brasileiro. Houve um grande crescimento da classe média. Cresceu muito o consumo de bens duráveis e a produção de automóveis, tornando-se comum, nas residências, o televisor e a geladeira. Em 1972, passou a funcionar a televisão a cores no Brasil.

Pelo menos dois fatos fizeram de Médici um dos mais incomuns presidentes do regime militar inaugurado em 1964: a utilização maciça de propaganda associando patriotismo com apoio ao Regime Militar, e o fato de ter feito o senador, ex-participante da Coluna Prestes e ex-chefe de polícia do Rio de Janeiro durante o Estado Novo e a era Vargas, Filinto Müller, presidente do Congresso Nacional e da Arena.

Data da época deste governo a famosa campanha publicitária cujo slogan era: Brasil, ame-o ou deixe-o inspirada no dístico conservador americano Love it or leave it.

Foi o período durante o qual o país viveu o chamado Milagre Brasileiro: crescimento econômico recorde, inflação baixa e projetos desenvolvimentistas como o Plano de Integração Nacional (PIN), que permitiu a construção das rodovias Santarém-Cuiabá, a Perimetral Norte, a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e grandes incentivos fiscais à indústria e à agricultura foram a tônica daquele período.

Assim os ministros mais famosos do governo Médici foram os da Fazenda, Delfim Netto e dos Transportes, Mário Andreazza, além de Jarbas Passarinho, por causa do MOBRAL.

Nessa época, também foram construídas casas populares através do Banco Nacional da Habitação (BNH). O Milagre Econômico começou a entrar em crise, já em 1973, com a Crise do Petróleo de 1973.

No seu governo, concluiu-se o acordo com o Paraguai para construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, à época a hidrelétrica de maior potência instalada do mundo.

No campo social, foi criado o Plano de Integração Social (PIS) e o Programa de Assistência Rural (PRORURAL), ligado ao FUNRURAL, que previa benefícios de aposentadoria e o aumento dos serviços de saúde até então concedidos aos trabalhadores rurais.

Foi feita uma grande campanha de alfabetização de adultos através do MOBRAL e uma campanha para melhoria das condições de vida na Amazônia com a participação de jovens universitários chamado Projeto Rondon. Esse projeto foi reativado em 19 de janeiro de 2005, durante o Governo Lula.

No entanto, segundo a Fundação Getúlio Vargas, no governo Médici persistiu a miséria e a desigualdade social. O Brasil teve o 9º Produto Nacional Bruto do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas.

A euforia provocada pela conquista da Copa do Mundo de Futebol (Médici dizia-se torcedor do Grêmio), em 1970, conviveu com a repressão velada ou explícita aos opositores do regime, notadamente os ativistas de orientação esquerdista. Médici foi aplaudido, em uma partida de futebol, no estádio do Maracanã.

Em 1972, foi comemorado o Sesquicentenário da Independência do Brasil, sendo levados para São Paulo os restos mortais do Imperador Dom Pedro I.

Fim do Mandato e Sucessão

Ao fim de seu mandato como Presidente da República, Medici abandonou a vida pública. Declarou-se contrário à anistia política assinada pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo (que havia sido chefe da Casa Militar durante seu governo) qualificando-a como "prematura".

Foi sucedido, em 15 de março de 1974, pelo general Ernesto Geisel.

Morte

Médici faleceu em 9 de outubro de 1985, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro, vítima de Insuficiência Renal Aguda e Insuficiência Respiratória devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Em entrevista ao programa Roda Viva na decadá de 1980, João Saldanha o chamou de "O maior assassino da historia do Brasil".

Fonte: Wikipédia