Dom Silvério

SILVÉRIO GOMES PIMENTA
(82 anos)
Professor, Orador, Poeta, Biógrafo, Prelado e Arcebispo

☼ Congonhas do Campo, MG (12/01/1840)
┼ Mariana, MG (30/08/1922)

Nascido em 1840, em Congonha do Campo, distrito de Ouro Preto, na época, capital da província de Minas Gerais, Silvério Gomes Pimenta tornou-se padre, depois bispo, arcebispo e, mais tarde, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Foi o primeiro arcebispo negro do Brasil e também o primeiro membro do alto clero brasileiro eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 19.


 Segundo seus biógrafos, o pai, Antônio Alves Pimenta, teria origem lusitana e a mãe, Porsina Gomes de Araújo, africana. Vale lembrar que a Lei do Ventre Livre, que garantiu a liberdade aos filhos de escravizadas, só foi assinada em 1871. O que nos leva a concluir que ou ele não tenha nascido livre ou a mãe já fosse alforriada.

O pai morreu quando ele era muito pequeno e Porsina com seus filhos viviam em estado de miserabilidade, conforme Silvério relatou numa conferência episcopal internacional:

"... às angústias da pobreza, e não qualquer pobreza, senão uma indigência, na qual correram parelhas a fome, a nudez e o desagasalho."

Aos nove anos foi trabalhar no comércio e, a pedido de um tio paterno, foi admitido no colégio lazarista local. O mesmo tio conseguiu que o bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, Conde da Conceição, se tornasse padrinho de crisma do sobrinho e que o admitisse, aos 14 anos, no seminário da mesma ordem, uma vez que o colégio havia encerrado suas atividades.

Dois anos depois, o aluno começou a dar aulas de latim naquele mesmo seminário, além de trabalhar como ajudante de um sapateiro da cidade. Tornou-se também professor de Filosofia e de História Universal. Dom Viçoso foi quem o ordenou, aos 22 anos, na matriz de Sabará, e também tomou uma série de decisões que o ajudaram a evoluir na carreira sacerdotal.

Logo após a ordenação, Silvério foi enviado a Roma, na companhia do padre João Batista Cornagliotto, com quem foi recebido em audiência pelo Papa Pio IX, que indagou sobre a língua que utilizariam para conversar. E o Papa se surpreendeu com a resposta: "Em latim, ou grego, hebraico, francês ou alemão...".

Entusiasmado, o pontífice o convidou a fazer o sermão de uma missa no Vaticano. Surpreso com sua eloquência e conhecimentos teológicos, um cardeal teria comentado em latim: "Niger, sed sapiens!" (Negro, porém sábio!).

Ao retornar ao país, Silvério ocupou vários cargos religiosos até ser sagrado bispo titular de Cámaco e também assumiu o cargo de bispo auxiliar de Mariana, em 1890. Foi o primeiro religioso a se tornar bispo, no país, após a Proclamação da República. Em 1906, a diocese de Mariana foi elevada a arquidiocese e novamente ele foi pioneiro: desta vez o primeiro Arcebispo negro do Brasil.

Não lhe faltaram inimigos, principalmente, que o caluniaram com acusações amparadas tanto na cor de sua pele, quanto em sua origem paupérrima. Contam que durante uma visita à Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, na França, o pároco local o impediu de ingressar na igreja. Informado de que estava diante de um arcebispo brasileiro, o vigário sentiu-se na obrigação de pedir-lhe perdão pela atitude racista.

Literatura

Quando nomeado bispo de Cámaco, começou a produzir suas célebres cartas pastorais. A primeira pastoral traz a data de 24 de novembro de 1890 e a última é de 10 de fevereiro de 1922.

Conhecedor que era do latim, grego, hebraico, além das línguas vivas que usava correntemente, publicou poesias em latim. Sua obra maior é a "Vida de Dom Viçoso". Como jornalista, Dom Silvério fundou e dirigiu, em Mariana, "O Bom Ladrão", "O Viçoso", "O Dom Viçoso" e o "Dom Silvério", editados sob sua orientação e dirigidos pelos padres Severiano de Resende e João Luís Espeschit.

Obras
  • 1873 - O papa e a Revolução (Sermões)
  • 1897 - Peregrinação a Jerusalém
  • 1876 - Dom Antônio Ferreira Viçoso, Bispo de Mariana, Conde da Conceição
  • 1873 - A Prática da Confissão (Estudos de Moral e Dogma)
  • 1890-1922 - Cartas Pastorais
  • Diversos Sermões, Orações, Conferências, Poesias Latinas em Periódicos

Academia Brasileira de Letras

Em 1919, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, sendo recebido a 28 de maio de 1920 por Carlos de Laet. Ocupou a cadeira 19, que tem por patrono Joaquim Caetano da Silva, da qual foi o segundo imortal.

Fonte: WikipédiaRevista Raça Brasil