Aniceto do Império Serrano

ANICETO DE MENEZES E SILVA JÚNIOR
(81 anos)
Cantor, Compositor e Um dos fundadores da Escola de Samba Império Serrano

* Rio de Janeiro, RJ (11/03/1912)
+ Rio de Janeiro, RJ (19/07/1993)

No dia 11/03/1912, nascia Aniceto de Menezes e Silva Júnior, conhecido como Aniceto Império Serrano. Sua data de nascimento oficial é 22 de março, devido à demora de seus pais, o estofador e lustrador Aniceto de Menezes e Silva e a dona de casa Crispiana Braga de Menezes da Silva, em registrá-lo. Gostava de falar, possuia o dom da oratória, jeito que sentimos ao assistir o documentário feito em sua homenagem "Aniceto do Império em... Dia de Alforria..." (1981), dirigido por Zózimo Bulbul.

Falar bem e demais foi o motivo de ser excluído da escola primária, pois segundo os professores, estaria prejudicando o rendimento dos colegas. Mas este fato não atrapalhou para que Aniceto do Império fosse escolhido anos mais tarde para porta-voz da Escola de Samba Império Serrano, representante da escola junto à federação e líder do Sindicato dos Estivadores do Rio de Janeiro.

O cais do porto era uma área de malandragem, onde vários sambistas trabalhavam, por serem de origem negra ou pobre. Aniceto se reunia com os outros sambistas, depois do horário do trabalho, para cantar sambas, batucadas ou duros, sempre terminando num gostoso partido alto, com o destaque do próprio, que mandava seus versos de improviso, que eram admirados por todos os presentes.

Fundador da Escola de Samba Império Serrano, mesmo tendo nascido no bairro do Estácio, foi compositor, representante da escola e orador do Grêmio Recreativo Império Serrano. Deu sua mocidade e trouxe o embaixador da França para ver os ensaios da escola. A gestão democrática e aberta é uma marca da escola desde sua fundação.

Aniceto para se referir ao número de composições, se refere a 600 e tantas páginas, com quais que de mais de cinqüenta é a sua negritude e de sua família. A música "Eu Sou Raiz" é uma das músicas que ele empregou sua história e a do povo negro para compor.

Aniceto do Império Serrano ao lado de Mussum
Sindicato Resistência

Vários membros do Império Serrano trabalharam no porto do Rio de Janeiro e eram filiados ao Sindicato dos Estivadores, conhecido também como Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Armazenador do Rio de Janeiro. Mas o primeiro nome desta forma associativa foi resistência, "porque as cargas eram transportadas na cabeça, nos não possuímos carrinho, zorra, por isso o nosso nome era sindicato da resistência", explica Aniceto no documentário de Zózimo Bulbul.

Aniceto que trabalhou de 1941 a 1972 no porto, liderou uma greve, devido à insatisfação com o preço pago pelo transporte de mercadorias por 200 reis, enfatizou que devido a luta, chamou atenção da administração do porto e do Delegado Regional do Trabalho, conquistando a vitória de até 400% de reajuste das reivindicações.


O Sindicato dos Estivadores foi homenageado pelo Império Serrano no ano de 2001, com o samba "O Rio Corre Pro Mar", composto por Arlindo Cruz, Maurição, Carlos Sena e Elmo Caetano, e foi considerado um dos sambas mais bonitos daquele ano.

Pouco antes de morrer, Aniceto foi entrevistado para o documentário "Fio da Memória". Tratava-se da sua última performance, pois quando lhe perguntaram sobre o seu estilo de samba baseado em improviso, Partido Alto, começou a compor versos em ritmo de entrevista, encabulando o repórter, que por sua vez, preferiu mudar de assunto.

Foi-lhe indagado sobre sua doença - diabetes -, ele deixou entender que não se lamentava, e até deu graças a Deus por isso. Como justificativa finalizou dizendo:

"Ele (Deus) sabe o que faz e eu não sei o que quero"

Já cego, Aniceto do Império faleceu em 1993.

Indicação: Miguel Sampaio