Cacaso

ANTÔNIO CARLOS FERREIRA DE BRITO
(43 anos)
Professor, Compositor, Poeta, Crítico e Ensaísta

* Uberaba, MG (13/03/1944)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/12/1987)

Antônio Carlos de Brito, conhecido como Cacaso, foi um professor universitário, letrista e poeta brasileiro. Filho de Carlos Ferreira de Brito e Wanda Aparecida Lóes de Brito, nasceu em Uberaba, MG, e passou a infância em Alfredo de Castilho e Barretos, interior de São Paulo.

Aos 12, chegou a ser matéria de jornal, por causa de suas caricaturas de políticos e personagens da vida pública, prática que cultivaria por toda a vida. Costumava ilustrar seus poemas, crônicas e letras de músicas com nanquim e lápis de cera.

Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós.

Estudou violão clássico, cursou Direito e formou-se em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fez pós-graduação na Universidade de São Paulo (USP). Lecionou teoria literária e literatura brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi também crítico e ensaísta.


Cacaso teve dois filhos: Pedro de Brito, do primeiro casamento com a antropóloga, professora e pesquisadora Leilah Landim Assumpção de Brito, e Paula, do segundo casamento com a cantora Rosa Emília Machado Dias. Pedro de Brito, jornalista, assim como o pai, seguiu a carreira de poeta, tendo publicado alguns poemas no Jornal de Letras e Artes. Como jornalista, Pedro de Brito, especializou-se na área de música, tendo atuado em vários jornais como, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo, Gazeta Mercantil e no jornal O Dia, assinando Pedro Landim.

Em 1967, José Álvaro Editor publicou de Cacaso, ainda usando o nome Antônio Carlos de Brito, "A Palavra Cerzida", seu primeiro livro de poemas, que já havia sido publicado nas principais antologias da nova poesia brasileira.

Publicou artigos em vários jornais, entre eles, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, Jornal Movimento e Jornal Opinião.

Publicou os livros de poesias "Grupo Escolar" (1974), "Beijo Na Boca" (1975), "Segunda Classe" (1975) em parceria com Luís Olavo Fontes, "Na Corda Bamba" (1978), "3 Poetas" (1979), com Eudoro Augusto e Letícia Moreira de Souza, "Mar De Mineiro" (1982) e a coletânea "Beijo Na Boca E Outros Poemas" (1985).

Pouco antes de falecer, vitimado por um infarto do miocárdio, estava trabalhando junto com Edu Lobo e Ruy Guerra em um roteiro sobre Canudos. Anos depois, em 1997, Edu Lobo, em homenagem ao poeta, incluiu uma das parcerias de ambos, "Canudos", no filme homônimo de Sérgio Rezende.

Maurício Tapajós e Cacaso
Em 1997, foi editada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma coletânea de seus ensaios, poemas inéditos, crônicas e artigos publicados em jornais intitulada "Não Quero Prosa", com seleção e organização de Vilma Arêas e lançada na Bienal do Livro no Rio de Janeiro.

Compôs em parceria com Nelson Ângelo o musical "Táxi", ainda inédito.

No ano 2000, a Editora Sette Letras reeditou "Beijo Na Boca".

Em 2002 foi publicado pela Editora Sette Letras e Cosac & Naify, a antologia "Lero Lero", sua obra poética reunida, incluindo sete livros seus e ainda parte de um material que estava inédito entre poemas e desenhos. O livro fez parte da coleção "Às De Colete" e foi lançado na Livraria da Travessa, no Rio de Janeiro. Ainda em 2002, os jornalistas Renato Fagundes e Paulo Mussoi produziram o filme de animação digital "Cidadelas", baseado em poemas sobre Canudos ('Auto de Canudos') deixados pelo poeta e nunca publicados, além de desenhos sobre o mesmo tema. A trilha sonora do curta-metragem foi composta por Igor Araújo, com base nos poemas de Cacaso.

Em novembro de 2004 foi relançado o livro "Na Corda Bamba", desta vez com ilustrações do cineasta e amigo José Joaquim Salles. As ilustrações eram para ser entregues para a primeira edição em 1978, mas só ficaram prontas 26 anos mais tarde. O convite para o que Joaquim Salles ilustrasse o livro foi feito no ano de 1975, quando Cacaso, em Paris, visitou o ex-colega de faculdade de Filosofia, que por esta época encontrava-se exilado na França. Como as ilustações não ficaram prontas a tempo, o livro foi publicado com ilustrações do filho Pedro Landim, então com 7 anos. Na reedição do "Na Corda Bamba" o ilustrador José Joaquim Salles contou com a colaboração do próprio filho, o designer gráfico Tomás. Sobre as novas ilustrações José Joaquim relatou:

"Se Cacaso fosse vivo, provavelmente usaria o computador para compor e divulgar sua poesia. Tenho certeza de que estaria ao meu lado fazendo um livro com esta nova ferramenta!"

Sua obra de letrista foi objeto de dissertação de mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O poeta deixou mais de 20 cadernos, muitos deles em forma de diários, com poemas, fotos e ilustrações.

Em 1987, no dia 27 de dezembro, Cacaso partiu prematuramente. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida".