Durval de Souza

DURVAL DE SOUZA
(54 anos)
Ator e Humorista

* (1928)
+ São Paulo, SP (05/03/1982)

Durval de Souza começou sua carreira artística em teatro. Ele estudou na Escola de Arte Dramática de São Paulo, tendo como professores Décio de Almeida Prado e Rugero Jacobi. A primeira peça de que participou foi "Casamento Forçado".

Logo a televisão solicitou sua colaboração, e Durval de Souza se deu bem nesse novo veículo de comunicação. Ampliou seus horizontes, passou a atuar em vários setores. Além de ator dramático foi coordenador de programas, produtor, tradutor de textos, pois era culto e dominava completamente o inglês, e foi também comediante.

Traduzia o que fosse necessário para a TV Record. No programa "Cinema em Vesperal", Durval de Souza fazia críticas de cinema para a TV. Como ator, em televisão e cinema, atuou  em "Carnaval Em Lá Maior" (1955); "My Darling", "Ceará Contra 007" (1965), "Mãos Ao Ar", "A Arte de Amar Bem" (1970), "Trote de Sádicos", "Guerra é Guerra", "Pintando o Sexo", "Nem As Enfermeiras Escapam" (1977).

Além disso, Durval de Souza fez também apresentação de programas, como "Pullman Jr.", ao lado de Cidinha Campos. Participou do programa "Papai Sabe Nada", mas o programa que mais gostou de fazer foi "A Grande Gincana Kibon".

Durval de Souza entrou na faculdade de Direito mas não completou o curso. Entretanto gostava muito de ler e admirava sobretudo Charles Chaplin.

Segundo as palavras de Januário Groppa, Durval de Souza foi um comediante e um desportista nato, sempre figurando nas competições da cidade de Matão, SP. Em 1945 participou do campeonato amador de futebol, juntamente com outras ilustres figuras do cenário matonense.

Durval de Souza cursou o primário em Matão e desde os bancos escolares prometia ser um grande artista, feito que conseguiu concretizar. Na revista "A Comarca" do ano de 1976, foi publicada uma reportagem completa com o ator Durval de Souza:

Matonense, produtor e artista de rádio, TV e cinema, emprestava ainda sua voz para comerciais e jingles. Trabalhou com Ronald Golias na TV Record, Canal 7, no programa "Bacará-76", na TV Tupie com a equipe de Renato Aragão em "Os Trapalhões". Trabalhou ainda no Canal 13, Rede Bandeirantes, produzindo a "Hora do Bolinha", e o programa "Edson Cury".

Comediante, também tinha um programa diário na Rádio Record de São Paulo. Sempre que podia, dizia que era de Matão, dando tanto destaque à cidade que foi apelidado de bairrista, alcunha que tinha orgulho de possuir. Nesta edição especial da revista "A Comarca", Durval de Souza foi entrevistado, dizendo que não visitava a cidade havia oito anos, surpreendendo-se, na época, com o progresso verificado.

Há oito anos, tinha vindo à Matão para fazer um Show, a pedido do padre Amador, cuja renda seria destinada à construção da Igreja Matriz. O show, com o pessoal do Canal 7, foi realizado no Cine Yara e dele participaram, entre outros artistas, o Pimentinha, Chocolate e Carlos Zara. Depois, voltou com o Blota Júnior, na época em que ele era Secretário de Turismo, para assistirem a Procissão de Corpus Christi.

No dia da entrevista, disse que já havia visitado os parentes, o seu tio Angelim, a tia Elisa, a Salete e o Drº Waldemar Kfouri.  Ao percorrer as ruas de Matão, confidenciou que se lhe trouxessem à Matão vendado, não saberia em que cidade estava, dizendo-se deslumbrado com o que viu.

Visitou os bairros da Pereira, da Santa Cruz, que ele chamava de Raposa e viu tanta gente trabalhando, pintando, tanto campinho de futebol fazendo futuros craques, falando da loteria esportiva, e reconhecendo-o como artista de televisão, dizendo que tinha orgulho de estar em sua terra, apesar de que por apenas um dia, mas que esse dia valia por oito anos.

Durval de Souza dedicou toda sua vida ao teatro, lembrando-se dos cirquinhos que fazia com a molecada, com palito de fósforos de ingresso. Depois fez Escola de Artes Dramáticas, trabalhando em 30 lugares diferentes em 29 anos de carreira.


Durval de Souza citou uma de suas lembranças:

"... uma delas é do meu avô, o velho Afonso Macagnam. Eu subia na mangueira e ele ficava embaixo. Havia umas mangas borbon e eu joguei na cabeça dele, e ele falava assim - 'desgrachiato desses pacharinho', eu pegava outra manga e pumba; e ele: 'pacharinho desgrachiato', até que ele me avistou. Foi buscar a espingarda dentro de casa, e até hoje não sei quanto tempo fiquei lá em cima e como de lá desci. Tem tanta coisa que a gente fez aqui, rapaz..."

Durval de Souza comentou ainda que havia constituído família, com esposa e duas filhas, estando velho na carreira, mas que tinha ainda muita coisa para fazer do que ficar vivendo do pecúlio do presidente Ernesto Geisel.

Havia terminado dois filmes, num deles fazia o papel de Hitler. O outro filme era  de pornochanchada, chamado "Sexo Furado", película que ele não recomendou aos menores de 14 anos. Neste filme, trabalhou com Ankito, sendo o patrão dele. Na entrevista, confessou que nunca havia assistido aos filmes que havia feito.

Durval de Souza fez dupla de sucesso com vários artistas, como Consuelo Leandro, Manuel de Nóbrega, tendo recebido o Troféu Roquete Pinto por cinco vezes consecutivas, além de haver recebido, das mãos do apresentador Sílvio Santos, o prêmio Campeões de Simpatia. Trabalhou ainda com Chico Anysio, um dos mais notáveis humoristas do teatro de da televisão brasileira.

Ao término da entrevista, fez uma declaração de amor à sua querida cidade Matão:

Durval de Souza morreu em 05/03/1982, aos 54 anos, na cidade de São Paulo.

Pessoas como Durval de Souza merecem o nosso mais caro agradecimento, pelas suas conquistas pessoais, sem esquecer sua origem e suas tradições, traços que levamos para a vida inteira. Onde quer que estejamos somos aquilo que recebemos de nossa geração anterior, e muito de nossa personalidade amolda-se pelo lugar em que nascemos, pelos lugares por quais passamos, pelas pessoas com as quais convivemos, isto é, nossa formação é sinal característico de tudo o que sentimos, de tudo o que vivemos. Não dá para esquecermos nossas mais caras lembranças. Isto é trajetória e história de vida. Como foi a de Durval de Souza, transformado em nome de via pública da cidade que ele tanto amou e tanto divulgou. Também tem seu nome em uma rua do bairro de Vila Mariana, em São Paulo.

Indicação: Paulo Américo Garcia