Luiz Quilião

LUIZ GONZAGA QUILIÃO JÚNIOR
(57 anos)
Repórter Cinematográfico

* Porto Alegre, RS (13/09/1957)
+ Brasília, DF (29/03/2015)

Dono de um olhar atento e criativo, Luiz Gonzaga Quilião Junior nasceu no dia 13 de setembro de 1957, em Porto Alegre, e começou a trabalhar na RBS da capital, então TV Gaúcha, em 1977, como contínuo.

"Não só colocava o papel no mimeógrafo, também botava as fitas nas máquinas de escrever e fazia radioescuta!"

Em seguida, ele, que gostava de desenhar e tentou uma vaga no departamento de arte, passou a ser auxiliar de cinegrafista e descobriu sua paixão pela "arte de filmar".

No início de 1979, o filho do militar, Luiz Gonzaga Quilião, e da funcionária da antiga companhia de aviação KLM, Terezinha de Jesus Damásio Quilião, tornou-se repórter cinematográfico. Nesse mesmo ano, ele cobriu a volta de Leonel Brizola (07/09/1979) e de Luís Carlos Prestes (20/10/1979) ao Brasil, após a Anistia. O repórter Roberto Kovalick fez a cobertura de Leonel Brizola ao lado de Luiz Quilião:

"Contamos a história dele desde engraxate, como ele se comportou em Carazinho!"

Nos anos 1980, o cinegrafista ganhou seu primeiro prêmio da Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI), com a matéria sobre o Rio Gravataí realizada ao lado da repórter Ananda Apple para o RBS Documento.

Em 1983, ano de estreia do SPTV, Luiz Quilião começou a trabalhar na TV Globo São Paulo e ficou cerca de um ano na cidade. Nessa época, ao lado de Fábio Pannunzio, ele registou o acidente entre dois trens em Itaquera.

"Fomos a primeira equipe a chegar à estação. A gente retratou as piores imagens possíveis. A imagem ficou na minha cabeça muito tempo!"


Depois de atuar em São Paulo, Luiz Quilião voltou para o Sul e, em seguida, foi para o Pará trabalhar com Paulo Martimbianco, que cuidava do RBS Documento. Antes de ir para Brasília, ele cobriu a doença e da morte de Tancredo Neves, em 1985, em São Paulo.

Nos anos 1990, ao lado de Renato Machado, o cinegrafista fez a cobertura do Governo Collor.

Em seguida, Luiz Quilião passou a trabalhar na TV Amazonas. Lá, ele fez parte da primeira equipe de televisão brasileira a subir o Monte Roraima e também participou da cobertura do conflito militar entre o Peru e o Equador.

"Os dois países que disputavam a saída para o Atlântico, e eu e o (Marcos) Losekann fomos destacados pra ir pra lá (região da Serra do Condor dos Andes), porque era mais perto!"

Em 1996, Luiz Quilião passou a trabalhar na TV Globo Rio. Nesse período, ele participou de grandes coberturas e matérias especiais como o desabamento do Edifício Palace II, em 1998, e a cidade de Mejido, local onde seria o Armagedon, segundo a Bíblia, em Israel, para o Fantástico, em 1999.

Entre 2000 a 2002, o cinegrafista voltou para a TV Globo São Paulo e participou de coberturas como o naufrágio da plataforma P-36, em 15/03/2001, ao lado de Edimilson Ávila e do assistente Marco Antônio Losch.

De 2002 a 2006, Luiz Quilião retornou para seu segundo momento na TV Globo Rio. Ao lado da jornalista Lilia Teles, o cinegrafista fez uma das coberturas mais complicadas de sua carreira: a tragédia causada pelas chuvas na região serrana do Rio em dezembro de 2001, especialmente em Petrópolis.

"Deixaram a gente de helicóptero lá. Só que o tempo fechou de uma forma que a gente não conseguiu voltar e ficou com a roupa do corpo durante uma semana. Foi uma operação de guerra!"

Luiz Quilião também participou de algumas séries. Em outubro de 2003, ele e Marcelo Canellas fizeram "Outros Tempos" para o Bom Dia Brasil. "A gente quis fazer retratar o interiorano, as pessoas do meio rural, das cidadezinhas, das comunidades que vivem em outro tempo". Também para o Bom Dia Brasil, fez a série "Vaqueiros e Peões".


Ainda em 2006, o cinegrafista voltou para Brasília. Lá, participou da série "Terra do Meio, Brasil Invisível", em 2007, para o Bom Dia Brasil junto com Marcelo Canellas.  Com esta série, ele ganhou oito prêmios, incluindo o Prêmio Fórum 2007, da Fundación Nuevo Periodismo, presidida por Gabriel García Márquez; o Prêmio Every Human Has Rights Media Awards, promovido pela Internews Europa; o Prêmio Embratel de Jornalismo; o Prêmio CNT de Jornalismo, entre outros.

Ao lado de Vinicius Donola fez a série "Amazônia e o Mercúrio" para o Fantástico, em 2008. Nesse mesmo ano, fez "Fronteiras da Amazônia" com Cristina Serra para o Jornal Nacional.

Em 2009, descobriu a história da tropa do Zé Merenda, exibida no Fantástico. No ano seguinte, participou da eleição da presidente Dilma Rousseff e fez a série "Doença do Silêncio" com Marcelo Canellas para o Bom Dia Brasil.

Junto com a produtora Daniela Moura, trabalhou embarcado por dias na plataforma brasileira P-18 para retratar a vida dos trabalhadores anônimos em uma plataforma em mar aberto. O material foi exibido no Fantástico, em 2011. No ano seguinte, ao lado de Marcelo Canellas, visitou vários presídios do país e fez uma matéria sobre menores infratores para o Fantástico.

O cinegrafista também acompanhou o Movimento Passe Livre, em 2013. No ano seguinte, participou da série "Padres Brasileiros Se Dedicam Ao Ritual do Exorcismo" feita novamente com Marcelo Canellas para o Fantástico.

Ao Memória Globo, Luiz Quilião falou sobre o olhar especial sobre a notícia.

"Estou sempre com o radar aberto escutando as pessoas, porque todo mundo tem uma história para contar, então alguma coisa acontece!"

O cinegrafista gostava de dar ideias sobre as matérias, dirigir as cenas, participar ativamente das pautas e procurar um olhar diferente sobre o tema retratada. Em 34 anos de carreira, ele imprimiu sua marca , um jeito próprio de dar mais brilho às reportagens.

"Por trás delas tem um elemento, um ser humano, que muitas vezes arriscou a própria vida para contar uma história, que muitas vezes passou certas circunstâncias mais difíceis, mas levou para as pessoas uma imagem que contou uma história que vai ficar para sempre, mesmo depois que ele for!"
(Luiz Quilião ao Memória Globo)

Morte

Luiz Quilião estava internado desde o dia 18/02/2015 com uma trombose intestinal. No domingo, 29/03/2015, teve um forte sangramento no intestino e uma parada cardíaca.

O velório acontece na terça-feira, 31/03/2015, em Brasília, na capela 10 do cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, a partir das 8:00 hs. A cerimônia de cremação está prevista para as 11:30 hs.

Luiz Quilião deixou dois filhos.

Fonte: Fonte: Memória Globo e G1