Borges de Medeiros

ANTÔNIO AUGUSTO BORGES DE MEDEIROS
(97 anos)
Advogado e Político

☼ Caçapava do Sul, RS (19/11/1863)
┼ Porto Alegre, RS (25/04/1961)

Antônio Augusto Borges de Medeiros foi um advogado e político brasileiro, nascido em Caçapava do Sul, RS, no dia 19/11/1863, tendo sido presidente do Estado do Rio Grande do Sul por 25 anos, durante a República Velha.

Advogado, iniciou seus estudos universitários na Faculdade de Direito de São Paulo em 1881, tomando contato com as idéias positivistas de Augusto Comte e tomando parte ativa no Clube Republicano Acadêmico.

Em 1885, bacharelou-se na Faculdade de Direito de Recife, para onde havia se transferido no ano anterior.

Em seguida, voltou ao seu Estado natal para exercer a advocacia em Cachoeira do Sul. Ali, continuou sua militância política e logo tornou-se o chefe local do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), agremiação liderada por Júlio de Castilhos.

Com a Proclamação da República, em 1889, foi imediatamente nomeado delegado de polícia da cidade e, no ano seguinte, integrou a bancada gaúcha na Assembléia Nacional Constituinte de 1890/1891.

Com a eclosão, no Rio Grande do Sul, da Revolução Federalista em 1893, que pretendia afastar Floriano Peixoto da presidência da República, Borges de Medeiros combateu ao lado das forças legalistas, o que lhe valeu a patente de tenente-coronel do Exército, concedida por Floriano Peixoto.


Em 1898, foi indicado por Júlio de Castilhos para sucedê-lo na chefia do Governo Estadual, cargo para o qual seria reeleito em 1902 ainda por indicação de Júlio de Castilhos. Somente após a morte desse último, em 1903, Borges de Medeiros assumiu de forma definitiva a liderança do partido, que conservaria de forma absoluta por mais de duas décadas.

Seu comando sobre o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) foi efetivo mesmo durante o tempo em que se afastou do comando do executivo estadual para dedicar-se à agricultura, entre 1908 e 1913. Ao voltar ao governo gaúcho nesse ano, promoveu a estatização de serviços públicos, como o transporte ferroviário e obras portuárias, até então a cargo de companhias internacionais. Ao mesmo tempo, atraía para o estado grandes frigoríficos estrangeiros como Armour e Swift.

Em 1917 reelegeu-se ao governo do Estado.

Em 1922, apoiou a candidatura oposicionista de Nilo Peçanha à presidência da República, lançada pela Reação Republicana, contra Arthur Bernardes, apoiado por mineiros e paulistas. Arthur Bernardes venceu o pleito, mas no Rio Grande do Sul a vitória coube à Reação Republicana por larga diferença. Ainda em 1922, Borges de Medeiros voltou a apresentar seu nome para uma nova reeleição ao governo gaúcho. Dessa vez, porém, a oposição, liderada por Joaquim Francisco de Assis Brasil, apresentou-se mais forte, já que contava com o apoio do Governo Federal comandado por Arthur Bernardes e beneficiava-se com a insatisfação de muitos fazendeiros atingidos pela crise da pecuária, principal atividade econômica do Estado.

Realizado o pleito, Borges de Medeiros obteve a vitória mais uma vez, que, contudo, foi contestada pelos partidários de Joaquim Francisco de Assis Brasil que acabaram recorrendo ao confronto armado, deflagrado em janeiro de 1923. O conflito se estendeu por todo o ano e somente no mês de dezembro as facções em luta chegaram a um acordo, oficializado no Pacto de Pedras Altas. Por esse acordo, a oposição aceitava o novo mandato de Borges de Medeiros que ficava, porém, impossibilitado de buscar uma nova reeleição.

Flôres da Cunha, João Neves da Fontoura, Borges de Medeiros e Raul Pilla
Em 1924, Borges de Medeiros enviou efetivos da Brigada Militar gaúcha para combater o levante tenentista deflagrado, naquele ano, na capital paulista contra Arthur Bernardes. Logo, porém, foi obrigado a enfrentar rebeliões semelhantes em seu próprio estado quando guarnições do Exército localizadas em cidades do interior se sublevaram sob o comando do capitão Luís Carlos Prestes.

Cumprindo o Pacto de Pedras AltasBorges de Medeiros afastou-se do governo gaúcho em 1928. Comandou, entretanto, o processo de sua sucessão, indicando o nome de Getúlio Vargas para substituí-lo.

No decorrer de 1929, as articulações em torno das eleições presidenciais do ano seguinte levaram à ruptura entre mineiros e paulistas que, de acordo com a chamada "política do café com leite", vinham detendo a hegemonia sobre a política nacional nas décadas anteriores. Contrariados pela indicação do paulista Júlio Prestes como candidato situacionista à sucessão do também paulista Washington Luís, os mineiros decidiram articular uma chapa de oposição encabeçada por um gaúcho: Borges de Medeiros ou Getúlio Vargas. O próprio Borges de Medeiros, entretanto, optou pelo nome de Getúlio Vargas.

Formou-se, então, a Aliança Liberal. A campanha eleitoral foi a mais concorrida da República Velha, com grandes comícios sendo realizados em várias capitais brasileiras. Realizado o pleito em março de 1930, Júlio Prestes foi declarado vencedor. Borges de Medeiros pronunciou-se a favor do reconhecimento do resultado, declarando-se contrário qualquer tentativa de questioná-lo pelas armas. Dentro da Aliança Liberal, contudo, ganhavam força os elementos favoráveis a uma solução armada, destacadamente os seus membros mais jovens e os militares oriundos do movimento tenentista da década anterior, que desde a campanha eleitoral haviam, na sua quase totalidade, dado apoio a Getúlio VargasBorges de Medeiros só decidiu apoiar os revolucionários dias antes do movimento contra Washington Luís ser deflagrado.


Com a instalação do Governo Provisório liderado por Getúlio Vargas e a anulação da Constituição de 1891, Borges de Medeiros logo começou a trabalhar para que o país voltasse ao regime constitucional. Nesse sentido, apoiou a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, articulando, junto com outros líderes gaúchos, um levante no Rio Grande do Sul contra o interventor federal no Estado, Flores da Cunha, que, fiel a Getúlio Vargas, enviara tropas para combater os paulistas. Por conta disso, Borges de Medeiros foi preso, passando a liderança do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) a Maurício Cardoso.

Anistiado em maio de 1934, em julho do mesmo ano concorreu à presidência da República na eleição indireta realizada pela Assembléia Nacional Constituinte, reunida desde o ano anterior. Nessa ocasião, foi o segundo mais votado com 59 votos contra os 175 dado ao vencedor, Getúlio Vargas. Em seguida, elegeu-se deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Na Câmara fez parte das Oposições Coligadas, ou Minoria Parlamentar, bloco de oposição a Getúlio Vargas no Congresso.

Foi cassado em 1937 pelo golpe do Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas, mas mesmo assim divulgou manifesto de apoio à nova ordem. Afastou-se, então, da vida política.

Em 1945, foi aclamado como presidente de honra da seção gaúcha da União Democrática Nacional (UDN), mas não retomou a atividade política.

Borges de Medeiros faleceu em Porto Alegre, no dia 25/04/1961, aos 97 anos.