Maurício Sherman

MAURÍCIO SHERMAN NIZENBAUM
(88 anos)
Ator, Produtor e Diretor de Televisão

☼ Niterói, RJ (31/01/1931)
┼ Rio de Janeiro, RJ (17/10/2019)

Maurício Sherman Nizenbaum foi um diretor de televisão nascido em Niterói, RJ, no dia 31/01/1931.

Filho de um casal de judeus poloneses, fez o primário no Externato Volta e completou o ginásio no Colégio Bittencourt Silva. Formou-se em direito na Universidade Federal Fluminense, no final dos anos 1940.

Aos 13 anos, já participava de peças amadoras apresentadas em um Clube da Colônia Judaica, em Niterói. Em uma dessas ocasiões, foi convidado pelo radialista Hélio Tys para trabalhar como ator na Rádio Mauá, onde estreou em uma representação de "O Corcunda de Notre Dame". A partir daí, participou do grupo Jerusa Camões, no Teatro da Juventude Universitária, atuando em diversos espetáculos ao lado de atores como Gisela Camões, Vanda Lacerda, Nathália Timberg, Fernando Pamplona e Alberto Perez.

Em 1949, foi convidado a trabalhar na Rádio Guanabara pelo ator Paulo Renato, diretor da emissora. Trabalhou ao lado de Chico Anysio, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Jaime Barcelos, Fernando Torres e Elizeth Cardoso.

Nos anos 50, foi responsável pela dublagem em português de alguns clássicos da Disney. Começou com a dublagem da primeira voz de Pinóquio em "Pinóquio", dublagem do Rei Estevão de "A Bela Adormecida" e outros mais.

Maurício Sherman no comando do programa "Faça Humor, Não Faça Guerra"
Em 1951, substituiu Paulo Renato na peça "Massacre", de Emmanoel Roblès, do repertório da Companhia de Graça Mello. A peça obteve grande sucesso, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, garantindo-lhe o prêmio de ator revelação. Naquele mesmo ano, iniciou sua trajetória na televisão, quando participou de uma representação da "Paixão de Cristo" na TV Tupi.

Maurício Sherman transferiu-se para a TV Paulista, canal 5 de São Paulo, em 1952. Na emissora, representou clássicos do teatro e da literatura, como "Rei Lear" e "Hamlet", de William Shakespeare, e "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa. Nessa época, a TV Paulista, propriedade do deputado Ortiz Monteiro e dirigida pelo italiano Ruggero Jacobi, funcionava no sexto andar de um edifício residencial  na Rua da Consolação.

Em 1954, passou a trabalhar na TV Tupi do Rio de Janeiro, onde permaneceu por dez anos. Durante este período, atuou no "Sítio do Pica-Pau Amarelo", nas "Fábulas Animadas" com Júlio Gouvêa e dirigiu um teleteatro com Heloísa Helena.

Em 1961, foi responsável pela direção da primeira versão televisiva de "Gabriela, Cravo e Canela", baseada no livro de Jorge Amado e transmitida pela TV Tupi. A novela foi a primeira da televisão brasileira a ser gravada em videotape.

Maurício Sherman e Haroldo Barbosa em 1965
Depois de uma breve experiência na TV Excelsior, Maurício Sherman foi convidado por Mauro Salles para trabalhar na TV Globo, em agosto de 1965. Seu primeiro trabalho na emissora foi a direção do "Espetáculo Tonelux", programa apresentado por Marília Pêra, Gracindo Jr., Riva Blanche e Paulo Araújo. O musical era gravado ao vivo no auditório da Globo, com a presença de cantores da Jovem Guarda e uma orquestra sinfônica regida por Isaac Karabtchevsky.

Em 1966, dirigiu os programas humorísticos "Riso Sinal Aberto" e "Bairro Feliz". Nesse período, contribuiu para a entrada na TV Globo dos redatores de humor Max Nunes e Haroldo Barbosa.

Maurício Sherman deixou a TV Globo em 1968, quando o programa que então dirigia, "Noite de Gala", passou a ser exibido na TV Excelsior. Neste mesmo ano, foi convidado a comandar uma equipe de criação na TV Tupi, composta por Armando Costa, Oduvaldo Vianna Filho e Paulo Pontes.

Maurício Sherman permaneceu na TV Tupi até 1972, quando retornou à TV Globo para dirigir o humorístico "Faça Humor, Não Faça Guerra", com Jô Soares, Renato Corte Real, Luis Carlos Miéle, Paulo Silvino, Sandra Bréa, entre outros.

Maurício Sherman participou da equipe de criação do "Fantástico", em 1973, e foi um dos diretores do programa por três anos. Dirigiu também o "Moacyr Franco Show" até 1977, quando saiu novamente da emissora para assumir a direção artística da linha de shows da TV Tupi de São Paulo. Retornou à Globo em 1981 e dirigiu "Chico Anysio Show" e "Os Trapalhões" por dois anos.

Mauricio Sherman e Xuxa
Em 1983, após uma breve passagem pela TV Bandeirantes, onde dirigiu apresentadores como J. Silvestre até 1984, Maurício Sherman aceitou o convite de Adolpho Bloch para dirigir a programação da recém-inaugurada TV Manchete. Na TV Manchete foi um dos mais prestigiados diretores, tendo dirigido a primeira edição do "Clube da Criança", escalando a então modelo Xuxa Meneghel como apresentadora, e descobrindo Angélica, então ainda uma menina de onze anos. Foi também o responsável pela criação do programa "Bar Academia" e da minissérie "Marquesa de Santos".

Maurício Sherman voltou à TV Globo em 1988, como diretor executivo da Central Globo de Produção. Nos 12 anos seguintes, desempenhou várias funções: foi diretor de núcleo do horário das 18 horas; diretor do musical "Globo de Ouro"; diretor artístico do "Fantástico"; diretor do departamento de Projetos Especiais e diretor da área de controle de qualidade.

Além disso, trabalhou nos anos 1980 como comentarista da Rádio Bandeirantes, onde eram transmitidos diversos jogos do campeonato brasileiro de futebol. Também foi supervisor artístico da Rede Bandeirantes, tendo dirigido apresentadores como J. Silvestre até 1984 quando foi para a Rede Manchete.

Maurício Sherman trabalhou como diretor artístico do programa infantil dos anos 90 "TV Colosso".

Mauricio Sherman e Chico Anysio
De 1989 a 1991, esteve à frente de "Os Trapalhões", programa apresentado por Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias. No dia 28/07/1991, dirigiu o especial comemorativo de 25 anos dos comediantes, com 25 horas de duração e a participação de todo o elenco da TV Globo.

Em 1991 e 1992, Maurício Sherman dirigiu as vinhetas com a mensagem de final de ano da TV Globo. Foi premiado pelas vinhetas da mensagem "Tente e invente, faça um 92 diferente", em que atores, jornalistas, comediantes e apresentadores apareciam mostrando talentos até então desconhecidos do público.

Em 1994, quando atuou como supervisor do "Vídeo Show", Maurício Sherman foi responsável pela transformação da atração em um programa diário.

Em 2001, foi diretor do "Domingão do Faustão".

Em 2009, Maurício Sherman dirigiu o especial de fim de ano "Chico e Amigos". No navio "Ventos Anysios", Chico Anysio interpretou personagens que marcaram sua carreira e homenageou a "Escolinha do Professor Raimundo", que completava 57 anos. Outra edição do especial "Chico e Amigos" foi exibida em janeiro de 2011.

Dirigiu de 1999 a 2015 o humorístico "Zorra Total", um de seus últimos trabalhos na televisão.

No teatro, Maurício Sherman dirigiu vários espetáculos importantes, com destaque para "A Pequena Notável" (1972), estrelado por Marília Pêra, no papel de Carmen Miranda, e "Evita" (1983), estrelado pela cantora Cláudia e os atores Mauro Mendonça e Carlos Augusto Strazzer

Morte

Maurício Sherman faleceu na quinta-feira, 17/10/2019, aos 88 anos no Rio de Janeiro, RJ. Ele foi vítima de complicações de uma doença renal crônica e estava em sua casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul da cidade, quando faleceu.

Indicação: Miguel Sampaio e Jairo Borges Cunha Júnior