José Alencar

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA
(79 anos)
Empresário, Político e Vice Presidente do Brasil

* Muriaé, MG (17/10/1931)
+ São Paulo, SP (29/03/2011)

Foi senador pelo estado de Minas Gerais e vice-presidente do Brasil de 1 de janeiro de 2003 a 1 de janeiro de 2011.

Foi um dos maiores empresários do estado de Minas Gerais, construiu um império no ramo têxtil, sendo a Coteminas sua principal empresa.

Elegeu-se vice-presidente da República do Brasil na chapa do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, conseguindo a reeleição em 2006, assegurando, portanto, a permanência no cargo até o final de 2010.

Filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, começou a trabalhar com sete anos de idade, ajudando o pai em sua loja. Tinha 14 irmãos. Quando fez quinze anos, em 1946, foi trabalhar como balconista numa loja de tecidos conhecida por "A Sedutora".

Em maio de 1948, mudou-se para Caratinga, MG, para trabalhar na "Casa Bonfim". Notabilizou-se como grande vendedor, tanto neste último emprego, quanto no anterior. Ainda durante sua infância, entrou para o movimento escotista.

Carreira Profissional e Empresarial

Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Para isto contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. Em 31 de março de 1950, abriu a sua primeira empresa, denominada "A Queimadeira", localizada na cidade de Caratinga, MG. Vendia diversos artigos: chapéus, calçados, tecidos, guarda-chuvas, sombrinhas, etc. Manteve sua loja até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo.

Iniciou seu segundo negócio na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga, MG. Logo em seguida participou - em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil Teixeira de Paula e seu irmão Antônio Gomes da Silva Filho - de uma fábrica de macarrão, a "Fábrica de Macarrão Santa Cruz".

No final de 1959 seu irmão Geraldo faleceu. Assumiu então os negócios deixados por ele na empresa "União dos Cometas". Em homenagem ao irmão, a razão social foi alterada para "Geraldo Gomes da Silva, Tecidos S.A.".

Em 1963, constituiu a "Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas", que mais tarde passaria a se chamar "Wembley Roupas S.A.". Em 1967, em parceria com o empresário e deputado Luiz de Paula Ferreira, fundou, em Montes Claros, MG, a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. Em 1975, inaugurava a mais moderna fábrica de fiação e tecidos que o país já conheceu.

A Coteminas cresceu e hoje são onze unidades que fabricam e distribuem os produtos: fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, para os Estados Unidos, Europa e Mercosul.

Carreira Política

Na vida política, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, presidente da FIEMG (SESI, SENAI, IEL, CASFAM) e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria.

Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais em 1994 e, em 1998, disputou uma vaga no Senado Federal, elegendo-se com quase três milhões de votos. No Senado, foi presidente da Comissão Permanente de Serviço de Infra-Estrutura - CI, membro da Comissão Permanente de Assuntos Econômicos e membro da Comissão Permanente de Assuntos Sociais.

Foi, ao início, um vice-presidente polêmico, ao assumir o cargo em 2003, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, que mantém os juros altos na tentativa de conter a inflação e manter a economia sob controle.

Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de Ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão distinto de seus conhecimentos empresariais, mas a pedidos do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Nesta ocasião, renunciou para cumprir as determinações legais com o intuito de poder participar das eleições de 2006. Foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.

Em 25 de janeiro de 2011, recebeu a "Medalha 25 de Janeiro" da prefeitura de São Paulo. Ao entregar a medalha ao ex-vice-presidente, a presidente Dilma Rousseff ressaltou:

"Eu tenho certeza de que cada brasileira e brasileiro deste imenso país gostaria de estar agora em São Paulo – esta cidade-síntese do espírito empreendedor do país que completa hoje 457 anos de existência – para entregar junto conosco a Medalha 25 de Janeiro ao nosso eterno vice-presidente da República, José Alencar"

Já, Alencar disse:

"Não posso me queixar. A situação está tão boa que não tem como melhorar, todo mundo está rezando por mim"

Apesar de estar em uma cadeira de rodas, ele ainda até brincou com o público dizendo:

"Aprendi com Lula que os discursos devem ser como um vestido de mulher: nem tão curtos que possam escandalizar, nem tão longos que possam entristecer"

Problemas de Saúde e Morte

José Alencar possuia um delicado histórico médico. A partir do ano 2000, enfrentou um câncer na região abdominal, tendo passado por mais de 15 cirurgias - uma delas com duração superior a 20 horas. Em sua longa batalha contra o Câncer, submeteu-se a um tratamento experimental nos Estados Unidos, com resultado inconclusivo. Em 2010, após repetidas internações e intervenções médicas, decidiu desistir de se candidatar ao Senado, por considerar uma injustiça com os eleitores.

No final de seu mandato como vice-presidente da república, em 2010, apresentou o complexo estado de saúde, passando por um momento difícil, sendo até mesmo necessário o interrompimento do tratamento contra o câncer.

No dia 22 de dezembro de 2010, foi submetido a uma cirurgia para tentar conter uma hemorragia no abdômen. No dia seguinte Lula e a então presidente eleita Dilma Rousseff visitaram-o no hospital Sírio-Libanês em São Paulo.

O ex-vice-presidente foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês na tarde de segunda-feira (28/03/2011) com fortes dores abdominais. Foi detectada então uma obstrução no intestino e uma inflamação do Peritônio, a membrana que recobre as paredes do abdome e a superfície dos órgãos digestivos.

A doença o acompanhou por 14 anos. Neste período, ele precisou passar por 17 cirurgias e realizou tratamento de quimioterapia. Desde a manhã de terça-feira (29/03/2011), a equipe médica havia deixado claro que não havia novo tratamento para o quadro de Alencar. Por isso, ele foi sedado com analgésicos para não sofrer.

Aracy Côrtes

ZILDA DE CARVALHO ESPÍNDOLA
(80 anos)
Atriz e Cantora

* Rio de Janeiro, RJ (31/03/1904)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/01/1985)

Uma das atrizes de maior destaque no Teatro de Revista, Aracy Cortes se caracteriza pela interpretação e pelo tipo físico brasileiros.

Inicia sua carreira aos 16 anos, no Circo Democrático, cantando e dançando Maxixe. Sua veia cômica lhe vale o convite para atuar em seu primeiro espetáculo teatral, Nós Pelas Costas (1922), de J. Praxedes.

No teatro, os primeiros trabalhos de sua carreira são na companhia do empresário Pascoal Segreto e entre os mais destacados revisteiros.

Atua em Secos e Molhados (1924), de Luiz Peixoto e Marques Porto; O Baliza (1925) de Luiz Peixoto. De Bastos Tigre interpreta Dito e Feito (1924) e Zig-Zag e Bric-à-Brac, ambos 1926.

Torna-se rapidamente popular entre o público da Praça Tiradentes - onde se concentra os espetáculos musicais da época - e passa a ser o destaque dos espetáculos em que atua.

Protagoniza, em 1928, Miss Brasil, de Marques Porto e Luiz Peixoto, em que canta Ai, Ioiô, Eu Nasci Pra Sofrê, música feita para ela e que se torna um grande sucesso da Música Popular Brasileira.

Na segunda metade da década, trabalha alternadamente nas companhias Tro-lo-ló e Ra-ta-plan. Entre 1929 e 1934, faz vários espetáculos com direção de João de Deus, a maioria textos de Teatro de Revista, como Compra um Bonde, de Carlos Bittencourt, Cardoso de Meneses e Alfredo de Carvalho; Laranja da China, de Olegário Mariano e Às Urnas! de Luís Iglesias e Freire Jr., todos de 1929.

Na década de 30, funda sua própria companhia, que encena principalmente textos de Luís Iglesias e Freire Jr. - entre eles, Co-co-ro-có, Paz e Amor e É Batatal, só em 1936. É eleita Rainha do Rádio (1935) e Rainha das Atrizes (1939).

Nos primeiros anos da década de 40, trabalha exclusivamente na companhia do empresário Walter Pinto, atuando, entre outros, em É Disso que Eu Gosto, de Miguel Orrico, Oscarito Brennier e Vicente Marchelli; e Acredite Se Quiser (1940) de Paulo Guanabara, Assim... Até Eu, de Olavo de Barros e Saint-Clair Senna, Os Quindins de Yayá, de J. Maia e Walter Pinto; A Cabrocha Não É Sopa, de Freire Júnior (1941). Em seguida se associa aos autores Luís Iglesias e Freire Júnior em uma companhia de curta duração.

O Teatro de Revista, alvo da censura do Estado Novo, muda de feição: em lugar da comédia, o luxo, em lugar dos autores, os produtores.

Na década de 50, quando o gênero revista entra em declínio, Aracy trabalha junto aos autores J. Maia e Max Nunes em espetáculos dirigidos por Rosa Mateus e Geysa Bôscoli.

A partir dos anos 60, atua eventualmente em musicais. Seu último sucesso acontece em 1965, num show realizado pelo Teatro Jovem e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, Rosa de Ouro, em que atua ao lado de Geysa Bôscoli e Paulinho da Viola.

Em 1978, estrela o espetáculo A Eterna Aracy, com direção de J. Maia, contando sua carreira e cantando seus maiores sucessos, como Jura, de Sinhô e Tem Francesa no Samba, de Assis Valente.

Quando morre, em 1985, os jornais associam a ela o próprio gênero teatral:

"A quase totalidade das artistas de teatro de revistas em atividade no Brasil guiava-se pelo modelo francês, tinha uma malícia de boulevard, parecia importada de um music hall parisiense. A morena Aracy Cortes, de cabelos crespos, olhos vivos, corpo bonito que não procurava esconder com suas roupas ousadas para os palcos da época, era brasileira em tudo, na malícia dos gestos, nas insinuações do olhar, no gosto pelo duplo sentido das frases. Foi a primeira grande desbocada do teatro brasileiro".

Alda Garrido

ALDA PALM GARRIDO
(74 anos)
Atriz

* São Paulo, SP (19/08/1896)
+ Rio de Janeiro, RJ (08/12/1970)

Uma das grandes atrizes do Teatro de Revista, Alda Garrido cria um estilo próprio e se torna conhecida pela brasilidade de sua interpretação, que identifica tipos populares femininos. Marca os anos 50 com a criação da personagem Dona Xepa.

Aos 19 anos forma com o marido, o ator Américo Garrido, a dupla Os Garridos, fazendo duetos até 1920, em São Paulo. Mudam-se para o Rio de Janeiro e organizam uma companhia para o Teatro América, estreando com Luar de Paquetá (1924), de Freire Jr., que permanece seis meses em cartaz com sucesso.

A dupla recebe convite para trabalhar com o empresário Pascoal Segreto, e na sua companhia atuam, entre outras, em Ilha dos Amores, Quem Paga é o Coronel, ambas de Freire Jr., Francesinha do Bataclan, de Gastão Tojeiro, todas em 1926.

A temporada projeta Alda Garrido, que é contratada pelo empresário de teatro de revista Manoel Pinto, pai de Walter Pinto, para atuar na Companhia Nacional de Revistas, no Teatro Recreio. O sucesso que a atriz obtém no gênero a faz manter desde então uma dupla atuação profissional - de um lado as comédias de costume que monta em sua própria companhia com produção do marido. De outro, os contratos com os empresários do Teatro de Revista. Mas aos poucos os espetáculos de sua companhia acabam se rendendo ao sucesso do teatro musicado, como em Brasil Pandeiro (1941), com texto de seu autor favorito, Freire Jr., em parceria com Luiz Peixoto, uma dupla das mais requisitadas no gênero revisteiro.

Em 1939, o empresário Walter Pinto faz com que, no espetáculo Tem Marmelada, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses. Garrido e Aracy Cortes dividam o palco pela primeira e última vez, no Teatro Recreio.

Entre as revistas de maior sucesso de sua carreira estão Maria Gasogênio - sátira à falta de gasolina nos anos da Segunda Guerra - e Da Favela ao Catete (1935) de Freire Jr. e Joubert de Carvalho. A atriz cria um estilo próprio de interpretar e de transformar o texto por meio de improvisos que, segundo Pedro Bloch, são na verdade criações premeditadas e cuidadosamente estudadas.

Os anos 50 consagram Alda Garrido com Dona Xepa, de Pedro Bloch (1953). A atriz se torna o símbolo da brasilidade, como mostra o seguinte trecho do jornalista Jota Efegê:

"A feirante Dona Xepa, bem na fatura artística de Alda Garrido (o rústico, o matuto), enseja-lhe um desempenho espontâneo onde prevalece a sua intuição na composição da figura. Ultrapassando o script, Alda entra com sua preciosa colaboração e enxerta-lhe 'cacos' perspicazes."

E, apontando aquilo que lhe é próprio, revela o crítico Décio de Almeida Prado:

"(...) nem atriz propriamente ela é. Atriz é alguém que se especializa em não ser nunca duas vezes a mesma pessoa. Alda Garrido não tem nada disso: os seus recursos de técnica teatral, de caracterização psicológica são dos mais precários. Em compensação, possui qualquer coisa de muito mais raro: uma personalidade genuinamente cômica. Quando representa, a graça não está nunca na personagem: está na intérprete, no que esta possui de inconfundível, de inimitável. O que admiramos não é a peça, mas a própria Alda Garrido, com o seu grão de irreverência e de loucura, que lhe permite comportar-se sempre de maneira menos convencional possível, e também com o seu grão de inesperado bom senso, que a faz sempre achar a resposta mais desconcertantemente terra a terra, mais prosaicamente adequada. Alda Garrido, muito mais que atriz, é uma grande excêntrica, a exemplo desses cômicos de cinema e de teatro musicado norte-americano - um Groucho Marx, um Danny Kaye."

Alda Garrido abandonou a carreira em 1965, e faleceu aos 74 anos no Rio de Janeiro, no dia 08 de dezembro de 1970.

Fonte: Wikipédia e Enciclopédia Itaú Cultural