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Mário Pinotti

MÁRIO PINOTTI
(78 anos)
Médico e Político

☼ Brotas, SP (21/01/1894)
┼ Rio de Janeiro, RJ (03/03/1972)

Mario Pinotti foi um médico sanitarista brasileiro e o primeiro prefeito do município de Nova Iguaçu, RJ.

Mário Pinotti nasceu em Brotas, SP no dia 21/01/1894, era filho de Rafael Vitório Pinotti e de Precilda Bossel Pinotti. Formou-se em 1914 pela Escola de Farmácia de Ouro Preto, MG, e em 1918 pela Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.

Iniciou sua carreira em 1919, como inspetor sanitário rural do Departamento Nacional de Saúde Pública. Em 1922 assumiu a prefeitura municipal de Nova Iguaçu, RJ. De volta ao Departamento Nacional de Saúde, trabalhou na campanha contra a Febre Amarela de 1928 a 1931.

Em 1936, durante a gestão de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde, foi nomeado diretor-assistente do Serviço Nacional de Febre Amarela, e em 1937 passou a inspetor dos Serviços Especiais do Departamento Nacional de Saúde.

Entre 1938 e 1941, durante o Estado Novo, foi diretor-geral do Departamento de Saúde do estado do Rio de Janeiro. Nomeado em 1941 diretor do Serviço Nacional de Peste, assumiu no ano seguinte a direção do Serviço Nacional de Malária, onde permaneceu até 1954. Em 1945 tornou-se também diretor do Departamento Nacional de Saúde.

Durante o segundo governo de Getúlio Vargas, foi nomeado pelo presidente Ministro da Saúde. Com o suicídio de Getúlio Vargas, tomou posse o vice-presidente João Augusto Fernandes Campos Café Filho e, em meio às alterações ministeriais que se sucederam, Mário Pinotti permaneceu no cargo somente até 05/09/1954.


Em 1956 foi nomeado diretor do Departamento Nacional de Endemias Rurais, organismo que estruturou na gestão de Maurício Campos de Medeiros, Ministro da Saúde no governo de Juscelino Kubitschek.

De 1957 a 1959, foi presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Ao longo do governo de Juscelino Kubitschek, as mudanças na composição do ministério foram constantes, refletindo a necessidade de conciliar os interesses partidários e saldar os compromissos assumidos na campanha eleitoral.

Como em junho de 1958 esgotava-se o prazo previsto pela Lei Eleitoral para a desincompatibilização dos candidatos que iriam concorrer às eleições legislativas de outubro, houve substituições em várias pastas. Mário Pinotti foi assim convidado para substituir Maurício Medeiros em 03/07/1958. Ambos representavam no governo o Partido Social Progressista (PSP), liderado nacionalmente por Ademar de Barros.

Em 03/10/1958, entretanto, Mário Pinotti candidatou-se a suplente de senador pelo Pará na legenda do Partido Social Progressista (PSP). Além de sua chapa ter sido derrotada, o registro de sua candidatura foi posteriormente impugnado, já que ele não se desincompatibilizara, permanecendo no Ministério da Saúde.

Em 1959, a Câmara dos Deputados redigiu uma moção, assinada por 274 parlamentares e encaminhada por Paulo Freire de Araújo, deputado do Partido Republicano (PR) de Minas Gerais, indicando Mário Pinotti para o Prêmio Nobel de Medicina como médico sanitarista que fora durante 40 anos e como criador de um novo método de combate à malária, o "Método Pinotti", aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).


Devido às suas ligações com Ademar de BarrosMário Pinotti, à frente do Ministério da Saúde, criou dificuldades a solicitações feitas por Jânio Quadros, então governador de São Paulo, mas o presidente Juscelino Kubitschek interveio, favorecendo assinaturas de vários contratos do Departamento Nacional de Endemias Rurais com o governador paulista. Mário Pinotti acabou por incompatibilizar-se com essa política e foi afastado da pasta da Saúde em 10/08/1960, substituído por Pedro Paulo Penido, ligado ao Partido Social Democrático (PSD).

Logo após a saída de Mário Pinotti do ministério, Maurício Medeiros escreveu um artigo em que apontava Ademar de Barros como o grande causador do afastamento de Mário Pinotti e da perda de representação do Partido Social Progressista (PSP) no governo, já que o líder do partido vinha lançando seguidos ataques a Juscelino Kubitschek e ao candidato da situação, o general Henrique Teixeira Lott, à sucessão presidencial. Ao mesmo tempo, Juscelino Kubitschek instaurou inquéritos para apurar irregularidades na gestão de Mário Pinotti no Ministério da Saúde.

No período presidencial de Jânio Quadros, iniciado em janeiro de 1961, os resultados desses inquéritos se tornaram públicos. Em agosto, Mário Pinotti foi um dos indiciados no inquérito realizado no Departamento Nacional de Endemias Rurais, que constatou a prática de irregularidades, e retirou-se da vida pública. Alguns anos depois, esse inquérito foi arquivado por falta de provas.

Mário Pinotti foi membro da Academia Nacional de Medicina, da Royal Society Of Tropical Medicine And Hygiene, da Academia Militar de Medicina Militar e da New York Academy Of Sciences.

Casou-se com Margarida Pinotti, com quem teve dois filhos.

Mário Pinotti faleceu no Rio de Janeiro, no dia 03/03/1972, aos 78 anos.

Seu nome batiza o Hospital Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, em Belém. Há também a Rua Professor Mário Pinotti, localizada em Nova Cruz, cidade do interior do Rio Grande do Norte e a Avenida Mário Pinotti em Brotas, São Paulo.

Obras
  • O Problema da Malária Transmitida Por Kerteszia no Sul do Brasil
  • 1951 - Grande Programa de Erradicação da Malária no Brasil
  • 1956 - Campanha Contra a Doença de Chagas
  • 1959 - Vida e Morte do Brasileiro


Milton Rangel

MILTON SALGADO RANGEL
(44 anos)
Dublador

☼ Maria da Fé, MG (19/05/1927)
┼ (06/03/1972)

Milton Salgado Rangel foi um dublador carioca, nascido em 19/05/1927 em Maria da Fé, Minas Gerais. Começou a carreira no rádio, e entre várias emissoras que trabalhou está a Rádio Nacional, no qual trabalhou por cerca de 20 anos. Na Rádio Nacional fez os mais diversos personagens, entre eles podemos citar "Jerônimo - O Herói do Sertão", que esteve por quase 20 anos no ar, a novela "Moisés Weltman" que ficou no ar por 18 anos, entre outros.

Em "Jerônimo - O Herói do Sertão", onde interpretava o Jerônimo, fazia parceria com Cauê Filho que interpretava o Moleque Saci. Essa rádio-novela foi a mais famosa do rádio brasileiro, tendo tido outras cópias, como na Rádio São Paulo como "Juvêncio, o Herói do Sertão", entre outros.

Milton Rangel também viveu o Centurião na rádio-novela mais clássica do rádio brasileiro "A Paixão de Cristo".

Em 28/08/1965 foi o narrador ao lado de Roberto Faissal do programa "Os 24 Anos do Repórter Esso" na Rádio Nacional.

Milton Rangel era sobrinho de Plínio Salgado, que fundou em 1932 a Ação Integralista Brasileira (AIB).

Na dublagem, Milton Rangel, entrou no início da mesma, em 1958, no Rio de Janeiro, na Cinelab, empresa que começou na mesma época que a Ziv, mas que tinha um fluxo maior de profissionais, e foi a grande escola da dublagem, pois obteve primeiro que a Ziv todo aquele elenco que se tornariam os grandes dubladores do Brasil. Milton Rangel também chegou a trabalhar na Ziv.

Na CinelabMilton Rangel além de dublador era diretor de dublagem, mesmo sem conhecer direito aquela arte. Como os demais colegas, foi aprendendo e ensinando ao mesmo tempo, e com isso se tornou um dos grandes diretores de dublagem da história do país, lembrado até hoje pelos amigos. Milton Rangel também foi o protagonista de duas das primeiras séries dubladas no Rio de Janeiro, Bret Maverick na série "Maverick" pela Cinelab, e Bat Masterson na série homônima na Ziv.


Com o fim das dublagens na Cinelab, e com a Ziv já fechada há algum tempo, Milton Rangel foi para a Rio Som, aonde desempenhou seu trabalho como diretor e dublador. Anos depois foi para a Cinecastro desempenhar os mesmos cargos, e também se tornou o narrador da empresa por um tempo. Também trabalhou na Dublasom Guanabara e na Herbert Richers, sendo que na última também desempenhou o trabalho de diretor de dublagem.

Entre suas dublagens estão personagens em desenhos como Zandor em "Os Herculóides", Os Irmãos Bacalhau capangas de Silvestre Soluço na primeira dublagem de "Os Apuros de Penélope Charmosa", Rei Pomp de Liliput, o pai da loirinha Flirtácia em "As Aventuras de Gulliver", Espoleta na segunda e clássica dublagem do longa-metragem "Pinóquio", narrador na primeira dublagem do desenho "George, o Rei da Floresta", o guia sueco Lars, fazendo parte da expedição do Professor Lindenbrook, e o corcunda Torg, que era capanga do Conde Saknussen em "Viagem Ao Centro da Terra", entre outros.

Em filmes fez Henry Fonda em "Paixão dos Fortes", Errol Flynn em "Contra Todas as Bandeiras", Gregory Peck em "Círculo do Medo", Gene Kelly em "A Senhora e Seus Maridos", Richard Devon em "Os Comacheros", entre outros.

Em séries foi a voz do atrapalhado Herman Monstro na primeira dublagem de "Os Monstros", também foi a voz de Rick Ricardo na segunda dublagem, também clássica de "I Love Lucy", foi Hayata o Ultraman na série de mesmo nome, Bret Maverick em "Maverick"William Barclay 'Bat' Masterson (Gene Barry) em "Bat Masterson", entre outros.

Infelizmente Milton Rangel veio a falecer precocemente em 06/03/1972, aos 44 anos, deixando esposa e três filhos. Após a morte, Milton Rangel foi homenageado pela Herbert Richers, a qual deu seu nome a um de seus estúdios, e mantido assim até o final da empresa, que aconteceu 40 anos depois.

Jacyra Domingues, Nely Amaral e Milton Rangel
Alguns Trabalhos


  • Zandor em "Os Herculóides"
  • Wyatt Earp (Henry Fonda) em "Paixão dos Fortes"
  • Esteban (Richard Devon) em "Os Comacheros"
  • Herman Monstro (Fred Gwynne) em "Os Monstros"
  • Rick Ricardo (Desi Arnaz) em "I Love Lucy" (Segunda Dublagem)
  • Brian Hawke (Errol Flynn) em "Contra Todas As Bandeiras"
  • Sam Bowden (Gregory Peck) em "Círculo do Medo"
  • Os Irmãos Bacalhau em "Os Apuros de Penélope Charmosa" (Primeira Dublagem)
  • Hayata / Ultraman (Susumu Kurobe) em "Ultraman"
  • Espoleta em "Pinóquio" (Longa-Metragem - Segunda Dublagem)
  • Rei Pomp de Liliput em "As Aventuras de Gulliver"
  • Pinky Benson (Gene Kelly) em "A Senhora e Seus Maridos"
  • Narrador em "George, o Rei da Floresta" (Primeira Dublagem)
  • Richard Vance e Sua Sombra em "O Sombra"
  • Lars e Torg em "Viagem Ao Centro da Terra"
  • Bret Maverick (James Garner) em "Maverick"
  • William Barclay 'Bat' Masterson (Gene Barry) em "Bat Masterson"

Indicação: Miguel Sampaio

Alfredo Rizzotti

ALFREDO RULLO RIZZOTTI
(62 anos)
Pintor, Desenhista, Decorador, Gravador, Torneiro Mecânico e Mecânico

☼ Serrana, SP (15/08/1909)
┼ São Paulo, SP (12/05/1972)

Alfredo Rullo Rizzotti foi um pintor, desenhista e decorador brasileiro. Antes de se dedicar à arte, foi torneiro mecânico, mecânico de automóveis e fresador.

Entre 1924 e 1935, frequentou a Academia Albertina de Turim e a Escola Profissional de Novaresa, na Itália.

De volta ao Brasil, trabalhou como torneiro mecânico e mecânico de automóveis.

Em São Paulo, por volta de 1937, integrou o Grupo Santa Helena, formado por Aldo Bonadei (1906-1974), Francisco Rebolo (1902-1980), Mário Zanini (1907-1971) e Alfredo Volpi (1896-1988), entre outros, todos artistas de origem proletária que praticavam pintura, desenho e modelo vivo nas horas livres, e participou das exposições da Família Artística Paulista em 1939 e 1940.

Em 1942, foi premiado no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e apresentou trabalhos no 8º Salão Paulista de Belas Artes, em São Paulo.

Apesar de sofrer intoxicações causadas pela alergia à tinta, continuou a pintar até o fim da vida.

Após sua morte, suas obras integraram várias mostras do Grupo Santa Helena: em São Paulo, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em 1975, no Museu de Arte Moderna (MAM/SP), em 1995, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em 1996, no Rio de Janeiro, entre outras.

Mourão Filho

OLYMPIO MOURÃO FILHO
(72 anos)
Militar

* Diamantina, MG (09/05/1900)
+ Rio de Janeiro, RJ (28/05/1972)

Olímpio Mourão Filho foi um militar brasileiro que participou ativamente do Movimento Integralista e do Golpe Militar de 1964. Foi o redator do Plano Cohen, documento falsamente atribuído à Internacional Comunista, que foi utilizado como motivo para a implantação da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas.

Em 31/03/1964 ordenou que as tropas da IV Região Militar que comandava em Juiz de Fora, MG, seguissem para ocupar a cidade do Rio de Janeiro, fato que precipitou o golpe militar de 1964 alguns dias antes do dia planejado pelos conspiradores. Entre 1967 e 1969, Olímpio Mourão Filho foi presidente do Superior Tribunal Militar (STM).

Concluiu seu curso na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, em 1921. Em julho de 1924, quando servia no 14º Batalhão de Caçadores, sediado em Florianópolis, SC, participou da repressão ao levante deflagrado na capital paulista contra o governo de Arthur Bernardes.

Em outubro de 1930, encontrando-se no Distrito Federal, envolveu-se na conspiração liderada por oficiais graduados das Forças Armadas que depôs Washington Luís, antecipando-se às forças revolucionárias que partiram do sul do país em direção à capital federal, sob a liderança de Getúlio Vargas. Foi, então, enviado a Belo Horizonte, MG, pelos líderes da junta militar que havia assumido o controle do governo federal para conferenciar com o presidente mineiro, Olegário Maciel, sobre a transferência do poder a Getúlio Vargas.


Em julho de 1932, participou da repressão ao Movimento Constitucionalista, promovido em São Paulo contra o governo federal. No final desse ano, ingressou na recém-fundada Ação Integralista Brasileira (AIB), organização inspirada no fascismo e liderada pelo escritor Plínio Salgado. Responsabilizou-se pela organização da milícia integralista em moldes semelhantes aos do Exército, conferindo à Ação Integralista Brasileira uma estrutura paramilitar. Em julho de 1937, tornou-se membro da Câmara dos Quatrocentos, órgão consultivo da chefia nacional da Ação Integralista Brasileira.

Ainda em 1937, quando servia no Estado-Maior do exército e dirigia o serviço secreto da Ação Integralista Brasileira, redigiu o Plano Cohen, documento falsamente atribuído à Internacional Comunista (Komintern), no qual era traçada uma suposta estratégia de tomada do poder pelos comunistas no Brasil. Esse documento foi, com a conivência de altos dirigentes da Ação Integralista Brasileira e das Forças Armadas, amplamente divulgado pelo governo brasileiro e se constituiu no pretexto principal utilizado por Getúlio Vargas para golpear a democracia e implantar a ditadura do Estado Novo.

Embora intimamente ligado à Ação Integralista Brasileira, não participou do levante integralista promovido em maio de 1938 contra o governo federal, que havia decretado o fechamento da entidade junto com as demais organizações partidárias do país.

Em fevereiro de 1945, integrou o 5º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviado à Itália para integrar as forças Aliadas em luta contra as potências do Eixo, na Segunda Guerra Mundial.


Nos anos seguintes, deu sequência à sua carreira militar e, em 1956, chegou ao generalato. Durante o governo do presidente João Goulart (1961-1964), desenvolveu intensa atividade conspirativa, mantendo contatos tanto nos meios militares como civis.

Em março de 1964, quando exercia o comando da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria do I Exército, sediados em Juiz de Fora, MG, deu início ao movimento de tropas que afastou João Goulart da presidência. Em setembro daquele ano, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), cargo que ocuparia até 1969, quando se aposentou. Discordando dos rumos tomados pelo regime militar, não demorou-se para dele se afastar, dirigindo críticas ao presidente Castelo Branco.

Olímpio Mourão Filho morreu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 28/05/1972.

"Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto, e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso."
(Olympio Mourão Filho)

Kátia Regina

KÁTIA REGINA
(19 anos)
Dançarina

* (1953)
+ (1972)

Kátia Regina estreou no programa do Chacrinha em 1969, aos 16 anos, levada pela amiga chacrete Vera Furacão. Deixou o programa e foi ser silvete no programa do Silvio Santos, juntamente com outras chacretes.

Retornou ao programa do Chacrinha e num dos shows do Velho Guerreiro levou um tombo. Com o tempo essa lesão foi transformada num câncer, só que ela não sabia e continuava trabalhando. Tomava remédios para anestesiar as dores. Em seguida, traumatizou o joelho e a amputação da perna foi feita.

Trabalhou pouco tempo como secretária do apresentador Flávio Cavalcanti. Meses depois, voltou a ser internada, tentou amputar a outra perna mas, o câncer havia tomado-lhe todo o corpo.

Houve uma comoção quanto a seu estado. O cantor Roberto Carlos fez um show em seu benefício. No Natal de 1972, comemorou no hospital seu último aniversário e no dia seguinte faleceu pela manhã, aos 19 anos.

Em seu velório, seu rosto foi maquiado pela chacrete Lucinha Apache.

Fonte: As Chacretes

Belmonte

PASCHOAL TODARELLI
(34 anos)
Cantor e Compositor

* Barra Bonita, SP (02/11/1937)
+ Santa Cruz das Palmeiras, SP (09/09/1972)

Paschoal Todarelli, conhecido com o nome artístico de Belmonte, foi um cantor e compositor de músicas sertanejas.

Belmonte, segundo Zé Fortuna, outro monstro sagrado do mundo sertanejo, trouxe na alma a poesia lhe transmitida pelo borbulhar das águas do lendário Tietê. Nascido em 02 de novembro de 1937, como Paschoal Todarelli, aos 16 anos de idade, ainda praticamente uma criança, Pascoal Todarelli já se aventurava pela grande São Paulo, perseguindo o sonho de ser cantor. Aos 18 anos ele conheceu Belmiro e com ele formou dupla, gravando seu primeiro LP, de título "Aquela Mulher".

Mas o jovem Paschoal Todarelli, ou Lico, como era conhecido em Barra Bonita, SP, tinha gravado seu disco, realizado o sonho de ser cantor, mas o sucesso ainda estava longe. Este só veio em 1966, quando Paschoal Todarelli conheceu Domingos Sabino da Cunha, o Amaraí, e já no primeiro disco gravado por eles, com o título "Saudade de Minha Terra", que faria a dupla imortal, o sucesso estourou com tanta potência quanto a voz dos dois, que segundo afamadas duplas como Mato Grosso & Mathias e Milionário & José Rico, eram as vozes mais afinadas e que melhor se "casavam" naqueles tempos.


Mas se as vozes do dois se entrosavam perfeitamente, a personalidade dos artistas era bem diferente, e isso gerava desentendimentos e separações esporádicas. Nessas brigas, Belmonte chegou a gravar um LP com Miltinho Rodrigues e até a fazer show com Amauri, mas sem gravar. No início da década de 70, ele acabou gravando, a convite de Geraldo Meirelles, um LP solo, acompanhado de coral e orquestra, onde interpreta seis clássicos da música raiz e folclórica, e onde também se pode aquilatar toda beleza da voz daquele que se transformou no mais famoso filho de Barra Bonita.

Porém, o destino de Belmonte & Amaraí estava entrelaçado pela música e eles gravariam ainda 5 LPs. E nesse trabalho é que se percebe porque a dupla se tornou um marco dentro da música sertaneja, sendo os precursores do sertanejo moderno.

Nos trabalhos de Belmonte & Amaraí, pela primeira vez se viam arranjos com harpa, piano, bongô, viola e violão e pistons, coisa até então inédita na música sertaneja. E, apesar de influenciado fortemente pela música mexicana de Miguel Aceves Mejia, do qual Miltinho e Amaraí eram perfeitos intérpretes, Belmonte & Amaraí inauguravam o sertanejo moderno gravando músicas de Nat King Cole, como "La Golondrina" e "Adios Mariquita Linda", boleros de Augustin Lara,  "Solamente Una Vez" e de Elaido Martinez, "Oracion a Mi Amada", e até a música de Raul Sampaio, "Meu Pequeno Cachoeiro", que se tornou símbolo de Roberto Carlos.


Além destas, Belmonte & Amaraí também gravaram "South Of The Border" (Kennedy e Carr), e "L'ora Dell Amore" (Reld e Brooker), que seriam gravadas por Agnaldo Timóteo.  E ousados, como todos pioneiros, eles gravaram um dos primeiros countrys, "Green, Green Grass Of Home" (Putman), que também seria gravada por Agnaldo Timóteo, e como primeira dupla a homenagear os caminhoneiros, eles gravaram a bela "Carreta da Fronteira".

Toda a obra de Belmonte está em seis LPs gravados com Amaraí, um gravado com Belmiro, um com Miltinho Rodrigues e um de título "Jóias da Música Brasileira", onde ele se apresenta em solo, acompanhado de coral e orquestra, totalizando nove LPs.

Além disso, existe compacto gravado em parceria com Pirassununga - raridade e fitas gravadas em shows ao vivo em várias cidades do interior e pela televisão (na época não havia video-tape e não se tem registro dessas apresentações). Mas as fitas cassetes ainda existem e são hoje uma preciosidade. Numa delas, gravada na cidade de Rio Claro, Belmonte faz dupla com Andarai (Getúlio, também já falecido, e que era irmão de Cristiano, da dupla Carlos César & Cristiano).

"Porque Fui Te Conhecer" foi o último LP gravado por Belmonte.  Em toda sua obra, foram mais de 100 canções gravadas e cerca de 25 composições e versões suas. Neste último LP, lançado após sua morte, saíram apenas 11 músicas, o que não era comum na época. Muitos dizem que faltou uma música por causa da morte do cantor, e Amaraí garante que o LP era com 11 melodias mesmo, que todas as músicas foram gravadas.

Morte

Em 09/09/1972, aos 34 anos, Belmonte sofreu um acidente automobilístico na cidade de Santa Cruz das Palmeiras, SP, que o matou. Belmonte havia terminado de sair de um show que havia feito em São Paulo e viajou durante toda a noite com destino à Barra Bonita, SP, sua cidade natal. No entanto, ele dormiu ao volante, e ao amanhecer, seu carro se chocou contra uma ponte na entrada da cidade de Santa Cruz das Palmeiras, SP. Belmonte foi levado ao hospital mais próximo, porém, não sobreviveu, devido à gravidade dos ferimentos.

Fonte: Gente da Nossa Terra e Wikipédia

Silas de Oliveira

SILAS DE OLIVEIRA
(55 anos)
Compositor

* Rio de Janeiro, RJ (04/10/1916)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/05/1972)

Desde menino frequentou as rodas de samba, apesar da resistência do pai, que era pastor protestante e via na música uma "manifestação do diabo". O pai, dono do Colégio Assumpção, arrumou uma vaga de professor para o filho, tão logo ele concluiu o Científico. Ele pretendia que, com a profissão, o filho abandonasse o gosto pela música.

Silas de Oliveira dava aulas de Português, quando começou a namorar uma das alunas, a jovem Elaine dos Santos. Nessa época também fez amizade com o jornaleiro Mano Décio da Viola, que se tornaria seu maior parceiro. Pelas mãos de Elaine dos Santos e de Mano Décio, Silas de Oliveira subia os morros cariocas atrás de rodas de samba. Com os dois, frequentou também os tradicionais pagodes nas casas das tias baianas, regados a muita bebida, comida e batucada. Seu talento como compositor começa a se revelar, ainda que timidamente. As visitas a estes locais passaram a ser cada vez mais constantes e não tardou para que Silas de Oliveira passasse a ser considerado como "gente da casa" nos redutos de samba.

Em 1942, durante a juventude, serviu no 7º Grupo de Artilharia de Dorso, Campinho, RJ, e estava no navio mercante Itagiba, afundado em 17 de agosto, pouco antes da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Muitos jovens da região de Madureira morreram neste incidente, porém Silas de Oliveira sobreviveu para construir mais tarde sua carreira como sambista.

Em 1947, Silas de Oliveira e Mano Décio compuseram o samba-enredo "Conferência de São Francisco" ou "A Paz Universal", para a escola de samba Prazer da Serrinha, agremiação carnavalesca da qual faziam parte. Seguindo o decreto oficial do então presidente da República Getúlio Vargas que exigia que as escolas desfilassem com temáticas nacionalistas em seus enredos.


Porém, o presidente da Prazer da Serrinha, Alfredo Costa, não aceitou a inovação - o samba-enredo obrigatório - e cancelou sua apresentação no momento do desfile, o que gerou revolta nos compositores e culminou na fundação do Império Serrano, dias depois. Silas de Oliveira integrou a nova escola desde seu primeiro desfile, tornando-se reconhecido como um dos grandes compositores de samba enredo para a escola de samba de Madureira.

Sagrou-se campeão no carnaval de 1948. No ano seguinte, Mano Décio também aderiu à nova agremiação. Entre 1949 e 1951 o samba-enredo vitorioso no Império Serrano trouxe a assinatura de Silas de Oliveira e de Mano Décio. Em 1955 e 1956, mais duas vitórias da dupla na escolha do samba-enredo da escola: "Exaltação a Caxias" e "O Caçador de Esmeraldas".

Silas de Oliveira dedicou 28 anos de sua vida ao Império Serrano e nesse período fez 16 sambas-enredo para a escola, dos quais 14 foram apresentados no desfile oficial. Quando o amigo Mano Décio foi para a Portela, a dupla se desfez. Mas Silas de Oliveira continuou compondo para o Império Serrano, muitos sambas que tornaram-se clássicos do gênero, como "Aquarela Brasileira" (1964), "Os Cinco Bailes da História do Rio", em parceria com Dona Ivone Lara e Bacalhau (1965), "Glórias e Graças da Bahia", com Joacir Santana (1966) e "Pernambuco, Leão do Norte", com o qual enfrentou, e venceu, o antigo parceiro Mano Décio da Viola, que retornava à escola, em 1968. A última parceria dos dois grandes sambistas foi em 1969 com "Heróis da Liberdade", num ano em que o jeito de fazer samba-enredo passava por grandes modificações, sobretudo no andamento acelerado, lembrando marcha carnavalesca.

Mano Décio e Silas de Oliveira não se adaptaram a essa nova postura, pois acreditavam que essa mudança era responsável pelo empobrecimento do samba-enredo. Silas de Oliveira ainda tentou adaptar-se aos novos tempos, mas sua influência no Império Serrano já não era a mesma. Nos últimos anos de vida Silas de Oliveira deixou de se envolver com os desfiles da escola, limitando-se a frequentar rodas-de-samba, onde, na sua concepção, o ambiente era mais tranqüilo.


Morte

No dia 20 de maio de 1972, Silas de Oliveira foi à uma roda de samba, pensando arranjar dinheiro para matricular uma de suas filhas no vestibular. No momento em que cantava "Os Cinco Bailes da História do Rio", sofreu um infarto fulminante. Morreu no terreiro, onde passou a maior parte de sua vida.

Em 1974 a escola de samba Imperatriz Leopoldinense apresentou o enredo "Réquiem Por Um Sambista, Silas de Oliveira", em honra ao compositor. Silas de Oliveira acompanhou de perto a fundação desta escola, cuja madrinha é o Império Serrano.

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Joaquim Rolla

JOAQUIM ROLLA
(72 anos)
Tropeiro e Empresário

* São Tomé - Distrito de Dom Silvério, MG (15/08/1899)
+ Rio de Janeiro, RJ (29/07/1972)

Joaquim Rolla foi um tropeiro e, posteriormente, empreendedor brasileiro do ramo dos jogos e turismo.

Nascido no interior de Minas Gerais, Joaquim Rolla estudou apenas o primário e logo sua veia empreendedora atinou para que vendesse gasosa (tipo de bebida alcoólica obtida do abacaxi) aos imigrantes alemães estabelecidos desde o início do século em São Domingos do Prata, cidade onde cresceu e foi criado.

Joaquim Rolla era sobrinho do cacique político local, o coronel Francisco Leôncio Rolla, do Partido Republicano Mineiro. Ainda adolescente foi agraciado por ele com uma tropa de burros para escoar a produção de sua região e trazer de fora todo tipo de mantimento que não se produzia ali. Virou um grande tropeiro e logo suas viagens pelos sertões da região centro-leste de Minas Gerais fez que brotasse em Joaquim o sentimento pelo jogo de cartas. Perdeu e ganhou todo seu escoamento, tropa e tudo que possuía por algumas vezes, mas logo recuperava tudo, sonhava mais alto e foi seguir seu tino empreendendo prestação de serviços ao governo.

Começou a construir diversas estradas por sua região, através de contatos com o ex-presidente Artur Bernardes. No fim da década de 1920, seguiu para Belo Horizonte, onde fundou com seu irmão João Rolla o Mundo das Meias e logo declinou do negócio a favor do irmão. Em 1953 a loja passou a se denominar Casa Rolla e até os dias atuais persiste. Arriscou em Belo Horizonte como proprietário de alguns jornais.

Na Revolução de 1930, a pedido do então governador Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, liderou uma tropa de soldados a favor do vitorioso golpe para garantir a condução de Getúlio Vargas ao poder. Na Revolução Constitucionalista de 1932, apoiou os paulistas ao lado de Artur Bernardes e permaneceu preso por um período.

Logo depois dos acontecimentos políticos que abalaram o país, visitou o Rio de Janeiro com grande frequência, tendo nos cassinos o seu maior interesse. O Cassino da Urca era o seu predileto. Não era o maior da cidade, mas tinha lá o seu glamour.

Um dia sentou na mesa com alguns políticos notáveis e manifestou a eles o desejo de comprar aquele cassino. Eles ficaram admirados de um jovem com pouco mais de 30 anos querer comprar um cassino, não acreditaram muito naquela história, mas gostaram da idéia daquele mineiro visionário. Conferida a autenticidade do seu desejo em comprar o cassino, os políticos topam uma "Sociedade Anônima" com Joaquim Rolla, que na verdade era um tipo de proteção política para um negócio com tantos inimigos.

Joaquim Rolla fundou o Cassino da Urca, em 1933, e transformou a história do entretenimento nacional. Ele foi pioneiro na contratatação de artistas estrangeiros de renome para apresentações tanto no seu cassino quanto na Rádio Tupi, do amigo Assis Chateaubriand


O Cassino da Urca deu certo e o jovem empreendedor ampliou o seu leque de negócios em Belo Horizonte, no complexo da Pampulha, em Niterói com o Cassino de Icaraí, além de estâncias hidrominerais como Araxá, Poços de Caldas e Lambari, que só funcionou por uma noite.

Nos anos dourados em que o rádio reinava no Brasil, havia uma ética na propaganda, não se podia fazer uma panfletagem apenas do produto, era necessário um acompanhamento artístico ligando o jogo a cultura, de modo que no caso dos cassinos tinham em seus números musicais o seu maior filão para poder fazer publicidade nos jornais e rádios cariocas daquele tempo. Artistas internacionais do calibre de Glenn Miller faziam apresentações pelos cassinos e pelas rádios locais, descendo dos cruzeiros que passavam pela cidade maravilhosa. Como o cachê não era barato, o que fazia os artistas descerem dos luxuosos transatlânticos era uma certa sociedade entre Joaquim Rolla e Assis Chateaubriand para que as estrelas cantassem nas rádios do Grupo Diários Associados durante o dia e fizessem apresentações no cassino durante a noite.

Com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, as viagens de artistas internacionais começaram a escassear gradativamente com o medo de bombardeios navais cada vez mais frequentes e os voos cada vez mais perigosos. Os cassinos então passaram a investir na carreira de artistas nacionais para poder continuar com suas campanhas publicitárias de grande apelo. Carmem Miranda e Grande Otelo são alguns dos símbolos dessa época de ouro. Agências de publicidade foram fundadas por Joaquim Rolla no intuito único e exclusivo de ampliar o leque publicitário de seus cassinos.

Palácio Quitandinha
Palácio Quitandinha e o Edifício JK

E foi em 1941 que Joaquim Rolla começou a realização de seu maior sonho: o Cassino Quitandinha, na cidade de Petrópolis. Nas dependências deste luxuoso cassino ocorreu a assinatura da declaração de guerra dos países americanos as Potências do Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial. Caso estivesse funcionando como local de jogo hoje, ainda seria o maior cassino da América Latina. O lago em toda a extensão de sua imponente fachada possui o formato do mapa do Brasil e foi construído como único suporte viável no caso de um inesperado incêndio. 


O cassino teve suas atividades suspensas em 30 de abril de 1946, com a proibição do jogo no Brasil pelo presidente Eurico Gaspar Dutra. A partir de então, passou a ser hotel, conhecido como Palácio Quitandinha. Mas o Quitandinha não conseguiu sobreviver apenas como hotel por muito tempo. Funciona como local para congressos, eventos, shows e feiras.

Em 1952, começou a ser projetado em Belo Horizonte, um novo empreendimento de Joaquim Rolla. O Edifício JK, ainda hoje o maior prédio da capital mineira, foi encomendado ao arquiteto Oscar Niemeyer para realçar o nome daquele que seria o próximo presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira. São dois edifícios um de 23 e outro com 36 andares totalizando 1086 apartamentos. A população do Edifício JK são cerca de 5.000 moradores.

No fim da década de 1950, encomendou ao arquiteto Sérgio Bernardes o projeto do Pavilhão de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, como espaço permanente de Exposição Internacional ligando as Indústrias Cariocas com o comércio. O vão protegido com uma cobertura circular semi-rígida com dupla curvatura cobria o maior vão livre do mundo. Com a falência das indústrias cariocas e a falta de conservação desse pavilhão, o telhado "em forma de uma sela de cavalo" veio a tombar sendo que no local restou só as ruínas onde anos depois, aproveitando as paredes, instalou-se  um reduto nordestino em terras cariocas em homenagem ao artista Luiz Gonzaga.

Joaquim Rolla faleceu em 29 de julho de 1972 no seu apartamento em Ipanema, Rio de Janeiro, logo após uma partida de peteca.


A Biografia de Joaquim Rolla

Baseado em fatos verídicos, o livro "O Rei da Roleta: A Incrível Vida de Joaquim Rolla" (Casa da Palavra). João Perdigão, sobrinho-bisneto do biografado, dividiu os créditos da criação com Euler Corradi, depois de mais de seis anos de pesquisa, com direito a entrevistas e a arquivos revirados. Trata-se de um relato sobre a trajetória pessoal e profissional do personagem mineiro, que teve sorte e azar em momentos importantes para a cultura e a história do Brasil.

Preso três vezes e auto-exilado no Rio de Janeiro por motivos políticos, Joaquim Rolla fundou o Cassino da Urca, em 1933. Ele foi pioneiro na contratatação de artistas estrangeiros de renome para apresentações tanto no seu cassino quanto na Rádio Tupi, do amigo Assis Chateaubriand. Entre as celebridades que o cercaram pode-se destacar Josephine Baker e Bing Crosby.

Também foi em seu estabelecimento que Carmen Miranda se consagrou como a artista mais bem paga do país e que Orson Welles rodou parte do filme "It's All True".

Joaquim Rolla foi responsável ainda por outras construções importantes em território brasileiro, em parceria com arquitetos famosos do quilate de Oscar Niemeyer.

Fonte: Wikipédia

Torquato Neto

TORQUATO PEREIRA DE ARAÚJO NETO
(28 anos)
Jornalista, Compositor e Poeta

* Teresina, PI (09/11/1944)
+ Rio de Janeiro, RJ (10/11/1972)

Torquato Neto foi um dos mais relevantes e criativos personagens do meio cultural brasileiro entre as décadas de 60 e 70. Sua atuação se deu em vários campos e movimentos, sendo balizada pela tomada de posição sempre vigorosa em favor dos princípios nos quais acreditava. Poeta, letrista de canções populares, crítico musical, polemista, jornalista e cineasta, Torquato Neto converteu-se em um dos principais agentes formadores de critérios valorativos da música popular brasileira contemporânea.

A personalidade combativa e a incapacidade de fazer concessões podem ser apontadas como fatores determinantes para que sua figura passasse a ocupar um lugar de subalternidade em nossa historiografia cultural. Estas são indicações importantes para esclarecer alguns dos porquês deste artista ter entrado para a história como uma espécie de coadjuvante maldito cuja imagem oscila entre a do letrista suicida e romântico da tropicália, e aquela do "mito do poeta morto jovem", erguido sob a égide da contracultura. Como salienta seu biógrafo Toninho Vaz, Torquato Neto tornou-se um "tema-tabu".

Torquato Neto era filho do defensor público Heli da Rocha Nunes e da professora primária Maria Salomé Nunes. Mudou-se para Salvador aos 16 anos para os estudos secundários, onde foi contemporâneo de Gilberto Gil no Colégio Nossa Senhora da Vitória e trabalhou como assistente no filme "Barravento", de Glauber Rocha.

Torquato Neto envolveu-se ativamente na cena cultural soteropolitana, onde conheceu, além de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia.


Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo na universidade, mas nunca chegou a se formar. Trabalhou para diversos veículos da imprensa carioca, com colunas sobre cultura no Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora.

Torquato Neto atuava como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o Cinema Marginal e a Poesia Concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica. Nesta época, Torquato Neto passou a ser visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário "Tropicalismo Para Principiantes", onde defendeu a necessidade de criar um pop genuinamente brasileiro: "Assumir completamente tudo que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido". Torquato Neto também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista.

No final da década de 60, com o AI-5 e o exílio dos amigos e parceiros Gil e Caetano, viajou pela Europa e Estados Unidos com a mulher Ana Maria e morou em Londres por um breve período. De volta ao Brasil, no início dos anos 1970, Torquato Neto começou a se isolar, sentindo-se alienado tanto pelo regime militar quanto pela "patrulha ideológica" de esquerda. Passou por uma série de internações para tratar do alcoolismo, e rompeu diversas amizades.

Em julho de 1971, escreveu a Hélio Oiticica:

"O chato, Hélio, aqui, é que ninguém mais tem opinião sobre coisa alguma. Todo mundo virou uma espécie de Capinam (esse é o único de quem eu não gosto mesmo: é muito burro e mesquinho), e o que eu chamo de conformismo geral é isso mesmo, a burrice, a queimação de fumo o dia inteiro, como se isso fosse curtição, aqui é escapismo, vanguardismo de Capinam que é o geral, enfim, poesia sem poesia, papo furado, ninguém está em jogo, uma droga. Tudo parado, odeio."


Morte

Torquato Neto se matou um dia depois de seu 28º aniversário, em 1972. Depois de voltar de uma festa, trancou-se no banheiro e abriu o gás. Sua mulher dormia em outro aposento da casa. O escritor foi encontrado na manhã seguinte pela empregada da família.

Sua nota suicida dizia:

"Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar". Thiago era o filho de dois anos de idade.

38 anos depois, na madrugada do dia 27 de setembro de 2010, seu pai, o defensor público Drº Heli Rocha Nunes, 92 anos de idade, morreu em Teresina, após uma parada cardíaca. A família aguardou a chegada do único filho do poeta piauiense, Tiago de Araújo Nunes, piloto de aeronave em uma companhia aérea brasileira, para realizar o sepultamento do avô.

Composições

  • A Coisa Mais Linda Que Existe (Com Gilberto Gil)
  • A Rua (Com Gilberto Gil)
  • Ai de Mim, Copacabana (Com Caetano Veloso)
  • Andarandei (Com Renato Piau)
  • Cantiga (Com Gilberto Gil)
  • Capitão Lampião (Com Caetano Veloso)
  • Coisa Mais Linda Que Existe (Com Gilberto Gil)
  • Começar Pelo Recomeço (Com Luiz Melodia)
  • Daqui Pra Lá, De Lá Pra Cá
  • Dente Por Dente (Com Jards Macalé)
  • Destino (Com Jards Macalé)
  • Deus Vos Salve a Casa Santa (Com Caetano Veloso)
  • Domingou (Com Gilberto Gil)
  • Fique Sabendo (Com João Bosco e Chico Enói)
  • Geleia Geral (Com Gilberto Gil)
  • Go Back (Com Sérgio Britto)
  • Juliana (Com Caetano Veloso)
  • Let's Play That (Com Jards Macalé)
  • Lost In The Paradise (Com Caetano Veloso)
  • Louvação (Com Gilberto Gil)
  • Lua Nova (Com Edu Lobo)
  • Mamãe Coragem (Com Caetano Veloso)
  • Marginália II (Com Gilberto Gil)
  • Meu Choro Pra Você (Com Gilberto Gil)
  • Minha Senhora (Com Gilberto Gil)
  • Nenhuma Dor (Com Caetano Veloso)
  • O Bem, o Mal (Com Sérgio Britto)
  • O Homem Que Deve Morrer (Com Nonato Buzar)
  • O Nome do Mistério (Com Geraldo Azevedo)
  • Pra Dizer Adeus (Com Edu Lobo)
  • Quase Adeus (Com Nonato Buzar e Carlos Monteiro de Sousa)
  • Que Película (Com Nonato Buzar)
  • Que Tal (Com Luís Melodia)
  • Rancho da Boa-Vinda (Com Gilberto Gil)
  • Rancho da Rosa Encarnada (Com Gilberto Gil e Geraldo Vandré)
  • Soy Loco Por Ti, América (Com Gilberto Gil e Capinam)
  • Todo Dia é Dia D (Com Carlos Pinto)
  • Três Da Madrugada (Com Carlos Pinto)
  • Tudo Muito Azul (Com Roberto Menescal)
  • Um Dia Desses Eu Me Caso Com Você (Com Paulo Diniz)
  • Veleiro (Com Edu Lobo)
  • Vem Menina (Com Gilberto Gil)
  • Venho De Longe (Com Gilberto Gil)
  • Vento De Maio (Com Gilberto Gil)
  • Zabelê (Com Gilberto Gil)

Discografia

  • 1968 - Tropicália ou Panis Et Circensis (LP)
  • 1973 - Os Últimos Dias de Paupéria (Compacto Simples)
  • 1985 - Torquato Neto - Um Poeta Desfolha a Bandeira e a Manhã Tropical se Inicia (LP)
  • 2002 - Todo Dia é Dia D  (CD)

Fonte: Wikipédia

Ratinho

SEVERINO RANGEL DE CARVALHO
(76 anos)
Instrumentista, Cantor, Compositor e Humorista

* Itabaiana, PB (13/04/1896)
+ Duque de Caxias, RJ (08/09/1972)

Compositor de choros e hábil saxofonista brasileiro nascido em Itabaiana, estado da Paraíba, integrante da dupla Jararaca e Ratinho.

Severino Rangel, o Ratinho, ficou órfão ainda bebê e acabou sendo criado por seu tios e padrinhos e foi sua tia a incentivar o sobrinho na música. Começou a tocar ainda criança na Banda Musical de Itabaiana, no estado da Bahia, e em 1914 mudou-se para Recife onde integrou a orquestra sinfônica local tocando trompete, saxofone e ainda dava aulas numa escola de aprendizes.

Jararaca e Ratinho
A dupla brasileira de músicos humoristas, autores de gags humorísticas com que presentearam milhares de fãs que riram de suas pantomimas ao longo dos 54 anos da dupla, imbatíveis seja na TV, rádio ou num auditório de teatro, começaram na música integrando o grupo carnavalesco de Recife chamado Os Boêmios (1918), excursionando pelas cidades circunvizinhas com seus instrumentos de corda e sopro tocando polcas, emboladas, frevos e outros ritmos.

Ambos chegaram de Recife para o Rio de Janeiro em 1922, com o conjunto musical Os Turunas Pernambucanos. A dupla nasceu da dissolução do grupo em 1925 e passou a fazer grande sucesso com seus números musicais entremeados de quadros humorísticos. Começaram a compor em 1927 e estrearam no Teatro Santa Helena, em São Paulo.

Era o início de uma vitoriosa carreira fazendo o caipira do centro-sul e o sertanejo nordestino e gravaram o primeiro disco em 1929. Apresentavam-se no Cassino da Urca e em teatros e circos por todo o Brasil fazendo shows e divulgando suas gravações.


Atingiram o auge no rádio em um período em que tiveram seu próprio programa na Rádio Mayrink Veiga no ano de 1939 e na Rádio Nacional entre 1940 e 1964, alcançando índices de 70% de audiência. Estrearam na televisão no programa A, E, I, O... Urca (1951) na TV Tupi Rio.

A dupla entrou em decadência perdendo público quando Ratinho foi demitido em 1964 por motivos políticos, pois era amigo do comunista Luís Carlos Prestes, e terminou quase esquecida com a morte de Ratinho em 1972, pobre e morando em uma humilde casa na cidade de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro, ao lado da casa de seu parceiro. Este parceiro continuou se apresentando sozinho em programas de televisão e rádio, até sua morte cinco anos depois.

Internado para fazer uma operação no olho direito, o parceiro sobrevivente teve complicações cardiovasculares e faleceu. Seus principais sucessos foram Saxofone, Por Que Choras?; Choro de Ratinho; Meu Pirão Primeiro; Batucada da Dupla e Mamãe Eu Quero, marcha carnavalesca de autoria de Jararaca.

Mamãe Eu Quero caiu na graça dos norte americanos a partir da versão da portuguesa naturalizada brasileira, famosa no cinema de Hollywood, Carmem Miranda, e ganhou mais de 21 versões em inglês, especialmente a difundida internacionalmente na voz de Bing Crosby.

Com suas anedotas, causos e adivinhações calcadas no espírito troçador que tinham os verdadeiros artistas, deixaram mais de 800 discos de 78 rpm e dois LPs onde alternavam números musicais com vasto anedotário.

Para saber mais, acesse: José Luiz Rodrigues Calazans

Fonte: UAEC e Wikipédia

Miguel Gustavo

MIGUEL GUSTAVO WERNECK DE SOUZA MARTINS
(49 anos)
Compositor, Jornalista, Radialista e Poeta

☼ Rio de Janeiro, RJ (24/03/1922)
┼ Rio de Janeiro, RJ (22/01/1972)

Miguel Gustavo Werneck de Sousa Martins foi um compositor, jornalista, radialista e poeta brasileiro. Era um cronista musical e retratava em suas músicas o que de mais importante estava acontecendo nos meios sociais da época. Começou como discotecário da Rádio Vera Cruz em 1941. Mais tarde passou a escrever programas de rádio.

Em 1950 começou a compor jingles, tendo se notabilizado nesta atividade com vários de grande repercussão, podendo ser destacado o que foi composto para as Casas da Banha com aproveitamento da melodia de "Jesus, Alegria dos Homens" de Johann Sebastian Bach.

Sua primeira música gravada foi "Primeiro Amor", interpretada por Luiz de Carvalho, Os Tocantins e Dilu Melo gravado pela Gravadora Continental e lançada em julho e agosto de 1946.

Em 23/09/1947, Ataulfo Alves gravou na RCA Victor o samba "O Que é Que Eu Vou Dizer Em Casa", de sua autoria e Miguel Gustavo. Foi seu primeiro sucesso musical.

Em 1952 voltou a fazer sucesso com "A Valsa da Vovozinha" composta em parceria com Juanita Castilho e Edmundo de Souza, e gravada por Carlos Galhardo.

Ainda o ano de 1952 compôs com Celestino Silveira, seu companheiro de Rádio Globo, as canções relacionadas com Portugal: "Trigueirinha" e "Pregões de Portugal", escritas após uma viagem de Celestino Silveira àquele país amigo.

Em 1953 voltou a fazer sucesso com "É Sempre o Papai", um baião de sua autoria que Zezé Gonzaga gravou na Gravadora Sinter.

Em 1955 teve início o ciclo de crítica ao Café Society onde ele procurava ridicularizar os personagens que frequentavam as colunas sociais de Jacinto de Thormes e Ibrahim Sued.

Depois veio o ciclo da Brigitte Bardot onde ele declarava em música a sua admiração pela linda artista francesa.

No carnaval criticou as fanzocas de rádio, o presidente Juscelino Kubitschek e satirizou a Dona Gegé, o Chacrinha e outros programas de rádio ou televisão.

Mais tarde veio o ciclo dos sambas de breque com Moreira da Silva: "O Conto do Pintor", "O Rei do Gatilho", "O Último dos Moicanos", "O Sequestro de Ringo", "O Rei do Cangaço" e "Morengueira Contra 007".

Para a Copa de Futebol de 1970, no México, ele criou o extraordinário "Pra Frente Brasil" ao participar de um concurso organizado pelos patrocinadores das transmissões dos jogos. Os versos "Noventa milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração…" e a melodia, tornaram-se símbolo da Seleção Canarinho, encobrindo a intenção governista do slogan ufanista utilizado pela Ditadura Militar na época.

O sucesso foi tanto que no carnaval do ano seguinte a música figurou entre as mais cantadas e até hoje é lembrada com carinho pela torcida brasileira.

Mas ele tem letras magníficas em marchas e sambas maravilhosos cantados por Elizeth Cardoso como "Partido Baixo do Partido Alto" e "Achados e Perdidos", Dircinha Batista "Carnaval Prá Valer", Jorge Veiga "Independência ou Morte", Carminha Mascarenhas "Per Omnia Saecula Saeculorum", Isaura Garcia "O Samba do Crioulo", Aracy de Almeida "Conselho Inútil, E Daí?..." e muitos outros.