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Eliane de Grammont

ELIANE APARECIDA DE GRAMMONT
(25 anos)
Cantora e Compositora

☼ São Paulo, SP (10/08/1955)
┼ São Paulo, SP (30/03/1981)

Eliane Aparecida de Grammont, foi uma cantora e compositora, nascida em São Paulo, SP, no dia 10/08/1955, tornada célebre por ter sido vítima de feminicídio por parte de seu ex-marido Lindomar Castilho, crime este que marcou a história do país como parte da campanha de combate à violência contra a mulher.

Eliane de Grammont era filha da compositora Elena de Grammont, e seus irmãos na maioria seguiram a carreira jornalística e no rádio, caso de sua irmã Helena de Grammont, jornalista da TV Globo. Seu pai morreu de miocardiopatia, doença que também vitimou dois de seus irmãos.

Em 1977 Eliane conheceu na gravadora RCA Victor o cantor de boleros Lindomar Castilho, que então experimentava um grande sucesso popular, havendo vendido em um de seus LPs mais de 800 mil cópias - número bastante expressivo para a época. Começaram um namoro e após dois anos se casaram, em 1979.


A família de Eliane foi contra a união, mas ela contrariou os parentes para unir-se ao cantor. Também insistiu em que o casamento se desse pela separação de bens, para deixar claro que não estava com ele em razão de seu sucesso e fortuna. Lindomar Castilho exigiu que ela parasse de cantar.

Durante o breve relacionamento o casal teve uma filha e, diante do abuso de álcool pelo cantor, dado a crises violentas de ciúme, episódios de agressão, separações e reconciliações, culminou com o desquite após pouco mais de um ano de casamento, em 1980.

Seis meses depois do fim do casamento ela ainda tentou uma reconciliação, mas Lindomar Castilho exigiu que ela assinasse um documento contendo dez compromissos, entre os quais pedir perdão à empregada que há anos trabalhava para ele e que fora motivo de brigas do casal.

Eliane havia descoberto que também era portadora a miocardiopatia que matara seus familiares, e ainda assim tentou retomar a carreira como cantora. Foi então que recebeu o convite de Carlos Randall para se apresentar no Café Belle Époque, e com ele passou a ter um romance.

O Crime

Eliane de Grammont, que interrompeu a carreira com o nascimento da filha, estava há cerca de um ano separada de Lindomar Castilho e se apresentava num bar em São Paulo quando o cantor a alvejou com vários tiros, atingindo ainda o músico que a acompanhava, o violonista Carlos Roberto da Silva, conhecido pelo nome artístico de Carlos Randall, ferido no abdome. Carlos Randall era primo de Lindomar Castilho, que o levou para São Paulo em 1974.

Lindomar Castilho desconfiava do envolvimento amoroso de Carlos Randall com sua ex-mulher, situação que foi agravada quando este também se separou da mulher. Após o crime, Lindomar Castilho tentou fugir mas foi detido e espancado por populares, que o amarraram até a chegada da polícia. Ferida mortalmente, Eliane chegou a ser levada a um pronto-socorro, mas chegou sem vida.

No momento em que fora assassinada Eliane cantava a música de Chico Buarque, "João e Maria", justamente no momento dos versos que diziam "Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim".

Durante o julgamento a defesa de Lindomar Castilho explorou alegações de que a vítima era uma mãe que não cumpria com as suas obrigações, além de ser uma mulher infiel e de conduta reprovável. Durante o tempo em que durou, mulheres protestavam diante do tribunal pelo direito à vida, e aos poucos, homens foram se juntando para provocá-las, sob o argumento de um "direito" de matar em casos de "defesa da honra" masculina.

Através de eufemismos então em voga, seu advogado Waldir Troncoso Perez arguiu que o réu agiu tomado por "violenta emoção". Na época, tais crimes eram justificados com escusas como passionalidade, perda da paz ou "legítima defesa da honra". Atuou na assistência de acusação o então presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcio Thomaz Bastos e cinco dos sete jurados votaram pela condenação.

Contexto Histórico e Cultural

Ainda em liberdade, Lindomar Castilho respondeu ao júri em 1984 e mulheres se manifestaram diante do fórum. No segundo dia do julgamento muitos homens foram levados até lá (segundo relatos, contratados para tal) e passaram a jogar ovos nas manifestantes e a gritar-lhes palavras como "mulher que bota chifre tem que virar sanduíche".

No contexto social da época a impunidade era gritante. Na época a canção de Sidney Magal pregava: "Se te agarro com outro / Eu te mato / Te mando algumas flores / E depois escapo".

Mesmo condenado Lindomar Castilho recorreu livre.

Na época o adultério era considerado um crime pelo Código Penal Brasileiro vigente, e tramitava ainda no Congresso um projeto que excluía esse tipo delituoso.

Impacto Cultural e Defesa da Mulher

O crime, onde Lindomar Castilho alegava ter sido traído pela mulher, ganhou grande repercussão no Brasil, não somente por envolver nomes bastante conhecidos da música popular da época, como também por ter a imprensa assumido, então, importante papel na mudança da visão social dos chamados "crimes passionais", recebendo da mídia ampla cobertura.

Depois de uma missa em homenagem a Eliane de Grammont, celebrada na Igreja da Consolação no dia 04/04/1981, mais de mil mulheres vestidas de preto marcharam em protesto contra a violência masculina, com palavras de ordem como "Quem ama não mata!", até o Cemitério do Araçá.

Diversas instituições de luta pelos direitos da mulher surgiram em razão dos protestos contra esse feminicídio. Uma delas foi o "Grupo Masculino de Apoio à Luta das Mulheres", integrado por diversos intelectuais e que lançou então um "Manifesto Contra a Barbárie".

O cartunista Henfil, que apresentava um quadro chamado "TV Homem" no programa diário de televisão TV Mulher, publicava uma seção na revista ISTOÉ onde escrevia cartas à sua mãe e comentava fatos da semana. Na edição de 08/04/1981, ao comentar o fato de que policiais haviam vestido um assaltante de mulher e o fizeram assim desfilar pelas ruas, como humilhação, escreveu ironicamente:
"Por que é que vestir um homem de mulher é humilhar, é desmoralizar? Por que ser mulher é a coisa mais humilhante e desmoralizada que tem? Pior que ser cachorro, pato ou galinha? (...) Pois. É por isso que um (dois, três, mil) Lindomar Castilho tem o legítimo direito de matar a Eliane de Grammont. Ah, ele é apenas misericordioso. Quis livrar a Eliane da humilhação, da desmoralização de ser... uma mulher."
Em novembro de 1982, respondendo em liberdade pelo crime, Lindomar Castilho foi impedido por centenas de mulheres de se apresentar num show em Goiânia, com a distribuição de um panfleto que trazia uma foto dele com a esposa e a filha Liliane e os dizeres: "Eliane Gramont(sic) não vai cantar hoje. Ela está morta!".

Homenagens

Na capital paulista, no bairro da Barra Funda, foi dado o nome Eliane Aparecida de Grammont a uma de suas ruas já em dezembro de 1981.

Eliane de Grammont também é nome de rua na cidade Londrina, no Paraná.

Em São Paulo existe a Casa Eliane de Grammont, instituição Estatal destinada a dar apoio psicossocial e jurídico a mulheres em situação de violência de gênero, mantida pela prefeitura de São Paulo.

Fonte: Wikipédia
#FamososQuePartiram #ElianedeGrammont

Ary Cordovil

NICANOR DE PAULA RIBEIRO FILHO
(58 anos)
Cantor e Compositor

☼ Rio de Janeiro, RJ (05/05/1923)
┼ Rio de Janeiro, RJ (29/11/1981)

Nicanor de Paula Ribeiro Filho, mais conhecido como Ary Cordovil, foi um Cantor e compositor brasileiro, essencialmente de sambas, nascido no Rio de Janeiro, RJ, no dia 05/05/1923. Ary Cordovil foi o primeiro a gravar, de Haroldo Lobo e Niltinho Tristeza, o samba "Tristeza", lançado no Carnaval de 1966 e que ficaria famoso na interpretação de Jair Rodrigues.

Ary Cordovil estudou no colégio Arte e Instrução no subúrbio de Cascadura no Rio de Janeiro. Trabalhou no Ministério da Justiça e na antiga Polícia Especial, a qual deixou para seguir a carreira artística.

Começou a carreira artística apresentando-se em circos e gafieiras. Teve a primeira composição gravada em 1944, o samba "Olha Ela Aí, Valdemar" (Ary Cordovil e Gil Lima), lançado por Aracy de Almeida pela gravadora Odeon. Nessa época, começou a se apresentar em programas de calouros na Rádio Transmissora.

Em 1946, gravou na Continental os sambas "O Chico Da Cuíca" (Elpídio Viana e Arnô Canegal), e "O Requebrado Da Cabrocha" (de Elpídio Viana e Valdemar Fernandes), com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional. No mesmo ano, gravou em dueto com Jorge Veiga o samba "Fui Um Louco" (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), que fez bastante sucesso, e a marcha "O Expresso Não Parou" (Ary Cordovil e Isidoro de Freitas) pela Continental, também com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional. 

Em 1949, começou a trabalhar na Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu por dois anos.

Em 1950, passou a integrar o Conjunto Pereira Filho no qual permaneceu por oito anos.

Em 1951, gravou no pequeno selo Carnaval o samba "Eu Quero É Sambar" (Marino Pinto e Humberto de Carvalho) e o "Baião Da Rosa" (Ary Cordovil e Gerêncio Cardoso).

Em 1953, compôs com Buci Moreira o samba "Porque É Que Você Chora?", gravado por Aracy de Almeida na Continental.


Em 1954, fez uma excursão à Argentina e teve seu samba "Vergonha" (Ary Cordovil e Fernando Lobo) gravado por Linda Batista. No mesmo ano, Alcides Gerardi gravou o samba "Ninguém Tem Dó" (Ary Cordovil, Arnô Canegal e Ivo Santos) na Odeon.

Em 1955, seu samba "Calo Na Mão" (Ary Cordovil, Fernando Lobo e Arnô Canegal) foi gravado por Linda Batista na RCA Victor. No mesmo ano, Dircinha Batista lançou na mesma gravadora o samba "Grande Amor" (Ary CordovilFernando Lobo e Arnô Canegal).

Em 1956, compôs com Haroldo Lobo o samba "Velho Estácio", gravado na Continental por Gilberto Milfont. No mesmo ano, gravou na Todamérica os sambas "Formiga" (Raimundo Olavo e Sebastião Nunes), e "Tava Gostoso" (Alberto Jesus e Sebastião Nunes).

Em 1957, passou a se apresentar em programas de televisão e gravou as marchas "Casadinho Mora Junto" (Antônio Almeida e Sebastião Nunes) e "Quem Perdeu Foi Ela" (Otolindo Lopes, Arnô Provenzano e Fausto Guimarães). No mesmo ano, gravou o samba "Palavras Malditas" (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito).

Em 1958, gravou os sambas "Chega" (Osvaldo dos Santos e Salvador Miceli) e "Giro Pelo Norte" (Monsueto Menezes).

Em 1959, gravou dois discos pela Sinter com os sambas "Cabeça É Pra Pensar" (Raimundo Olavo e Átila Nunes), "Blusa Roxa" (Haroldo Lobo e Rubens Machado), "Piston De Gafieira" (Billy Blanco), e "Alegria De Pobre" (Armando Peçanha e Miguel Alves). Ainda no mesmo ano, também pela Sinter, gravou o LP "Ary Cordovil No Baile Da Gafieira".


Em 1960, gravou os sambas "É Melhor Refletir" (Valdemar Gomes) e "Quem Viu Maria?" (Antônio Domingues). Ainda em 1960, foi para a Philips e gravou os sambas "Pois Sim" (Ary Cordovil e Sidney Más), "Saudade Intrusa" (Vadico), e "Terminemos Aqui" (Benil Santos e Raul Sampaio).

Em 1961, gravou o samba "É Malvada" (Ary CordovilHaroldo Lobo e Henrique de Almeida).

Em 1962, transferiu-se para a Continental e lançou os sambas "O Que Ela Me Fez" (Jota Júnior e Oldemar Magalhães) e "Seu Gregório" (Alberto Ribeiro).

Em 1963, na CBS, gravou "Zé Da Conceição" (João Roberto Kelly) e "Balança, Balança" (Roberto Martins e Arlindo Veloso). No mesmo ano, gravou do iniciante compositor Bezerra da Silva o samba "Conselho Do Papai". Lançou também pela CBS seu grande sucesso, a marchinha de carnaval "Pistoleira" (Ary CordovilHaroldo Lobo e Milton de Oliveira).

Em 1966, lançou o samba "Tristeza" (Haroldo Lobo e Niltinho) pela CBS, música por sinal que obteve repercussão no mundo inteiro.

Em 1967, gravou "Maria Bonita", música composta por Volta Seca, do grupo de Lampião, também pela CBS. Ainda em 1967 lançou o LP "Ary Cordovil Em Ritmo Contagiante" pela CBS, lançado nos Estados Unidos, por iniciativa de um diretor americano da gravadora, com o título "The Sound Of Ary Cordovil".

Ary Cordovil gravou mais de 20 discos entre as gravadoras Continental, Todamérica, Sinter, Philips, Carnaval, Albatrz e CBS em 78 rpm e alguns LPs.

Em 2000, a Inter Records lançou o CD "O Samba É Assim Com Ary Cordovil", com, entre outras, "Indiferença" (Gil Lima e Miguel Lima), "Giro Pelo Norte" (Monsueto Menezes), "Engano" (Zé do Violão e Plínio Gesta) e "Dança Alucinante" (Hélio Nascimento e Gil Lima).

Ary Cordovil faleceu aos 58 anos, no Rio de Janeiro, RJ, no dia 29/11/1981.

Discografia

  • 2000 - O Samba É Assim Com Ary Cordovil (Inter Records, LP)
  • 1967 - Ary Cordovil Em Ritmo Contagiante (CBS, LP)
  • 1967 - The Sound Of Ary Cordovil (CBS, LP)
  • 1964 - Vida De Peixe / Eu Peno Mais (Albatroz, 78)
  • 1964 - Festa Da Penha / Cheiro De Vela (Albatroz, 78)
  • 1963 - Zé Da Conceição / Balança, Balança (CBS, 78)
  • 1963 - Na Base Do João / Conselho Do Papai (CBS, 78)
  • 1962 - O Que Ela Me Fez / Seu Gregório (Continental, 78)
  • 1961 - É Malvada / Quem Vai Sou Eu (Philips, 78)
  • 1960 - É Melhor Refletir / Quem Viu Maria? (Todamérica, 78)
  • 1960 - Pois Sim / Saudade Intrusa (Philips, 78)
  • 1960 - Terminemos Aqui / Destino Malvado (Philips, 78)
  • 1959 - Ary Cordovil No Baile Da Gafieira (Sinter , LP)
  • 1959 - Cabeça É Pra Pensar / Blusa Roxa (Sinter, 78)
  • 1959 - Piston De Gafieira / Alegria De Pobre (Sinter, 78)
  • 1958 - Chega / Giro Pelo Norte (Todamérica, 78)
  • 1958 - Cabeça Erguida / Sem Saudade (Todamérica, 78)
  • 1957 - Casadinho Mora Junto / Quem Perdeu Foi Ela (Todamérica, 78)
  • 1957 - Engano / Meu Aniversário (Todamérica, 78)
  • 1957 - Voltarei / Palavras Malditas (Todamárica, 78)
  • 1956 - Formiga / Tava Gostoso (Todamérica, 78)
  • 1951 - Eu Quero É Sambar / Baião Da Rosa (Carnaval, 78)
  • 1951 - A Mulher Quer Mais Um (Carnaval, 78)
  • 1946 - O Chico Da Cuíca / O Requebrado Da Cabrocha (Continental, 78)
  • 1946 - Fui Um Louco / O Expresso Não Parou (Continental, 78)

Fonte: Wikipedia e Dicionário Cravo Albin da MPB
#FamososQuePartiram #AryCordovil

Enedina Alves Marques

ENEDINA ALVES MARQUES
(68 anos)
Engenheira

☼ Curitiba, PR (05/01/1913)
┼ Curitiba, PR (20/08/1981)

Enedina Alves Marques foi a primeira mulher a se formar em Engenharia Civil no Brasil. Ela era uma mulher negra e pobre. Nasceu no início do século passado, em 05/01/1913, em Curitiba, PR. Filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques, Enedina Alves Marques venceu todas as barreiras e fez de tudo um pouco para tornar real o sonho de chegar à universidade e formar-se engenheira civil.

Entre a conclusão da escola secundária e a entrada na universidade passaram-se nove anos. Mas, ao vencer a barreira do vestibular em 1940, Enedina teve de enfrentar o preconceito de alunos e professores do curso de Engenharia.  Mas, com inteligência, determinação e carisma, superou esses obstáculos e conquistou amigos e a solidariedade dentro e fora do campus.

Depoimentos recordam que Enedina passava as noites estudando, copiando textos de livros que não podia comprar, até formar-se em 1945, aos 32 anos, tornando-se a primeira mulher engenheira do Paraná.

No início de sua carreira, Enedina trabalhou como engenheira fiscal de obras da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado do Paraná. Depois, foi chefe de hidráulica, da divisão de estatísticas e do serviço de engenharia da Secretaria de Educação e Cultura. Atuou no levantamento topográfico da Usina Capivari Cachoeira, e deixou sua contribuição no levantamento de rios, na construção de pontes e na Usina Parigot de Souza.

Enedina Marques de Souza faleceu aos 68 anos, vítima de um infarto, no dia 20/08/1981, e foi imortalizada ao lado de outras 53 pioneiras do Paraná no Memorial à Mulher, em Curitiba, criado em homenagem a todas as mulheres que lutaram pela melhoria da qualidade de vida de seus descendentes.

A engenheira Enedina Alves Marques também empresta o nome ao Instituto de Mulheres Negras de Maringá. Mereceu biografia assinada por Ildefonso Puppi, e seu túmulo, no Cemitério Municipal, é mantido com respeito pelo Instituto de Engenheiros do Paraná.

Sandro Luis Fernandes
Gazeta do Povo
José Carlos Fernandes

Em agosto de 1981, o jornal Diário Popular tinha a matéria de capa que pedira aos infernos. Uma senhora fora encontrada morta em seu apartamento, na Rua Ermelino de Leão, centro de Curitiba. O porteiro sentira falta da moradora, chamou a polícia e a imprensa veio atrás. A foto da falecida saiu sem pudores, na cama, em camisolas, um tratamento dado aos "presuntos", no jargão da imprensa policial. Houve quem não gostasse, com punhos e coração.
A vítima se chamava Enedina Alves Marques, tinha 68 anos e fora a primeira engenheira negra do Brasil. Morreu vítima de infarto. Indignação. Seus companheiros de ofício fizeram uma grita nas páginas da revista Panorama. O Diário se retratou. Afinal, as vitórias de uma mulher negra e pobre que figurou entre os seletos bacharéis de Engenharia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na década de 1940, deveria constar nos anais da República, e não na manchete sanguinolenta de um tabloide.
Seu resultado: Enedina virou placa de rua no Cajuru. Ganhou inscrição de bronze no Memorial à Mulher Pioneira, criado pelas soroptimistas - confraria de caridosas da qual participou. Mereceu biografia assinada por Ildefonso Puppi. Seu túmulo, no Municipal, é mantido com respeito pelo Instituto de Engenheiros do Paraná. Tempos depois, batizou o Instituto Mulheres Negras, de Maringá.
Aos poucos, descansou em paz. Paz até demais. O centenário de nascimento de Enedina, em janeiro deste 2013, passou em branco. Poderia ter sido celebrado pari passu com o de sua contemporânea, a poeta Helena Kolody, com quem, suspeita-se, teria estudado. Sim, antes de engenheira foi normalista e civilizou os sertões de Rio Negro e Cerro Azul, saindo das lides de doméstica e de "mãe preta" para a de titular de uma sala de aula.
Eu mesmo, confesso, nunca tinha ouvido falar dela até semana passada, quando meu vizinho, Darcy Rosa, estufou o peito para contar que tinha trabalhado com Enedina na Secretaria de Viação e Obras. Publicamos a declaração. Foi o que bastou: súbito vieram mensagens revelando a catacumba onde se reúnem os cultores dessa mulher.
O cineasta Paulo Munhoz prepara um documentário sobre ela, em parceria com o historiador Sandro Luis Fernandes. A casa de Sandro, no São Braz, virou um pequeno memorial de todo e qualquer documento que traga informações sobre a engenheira. São raros, dispersos e imprecisos. Bem o sabe o estudante baiano Jorge Santana. Há dois anos, ele pinça toda e qualquer pista sobre Enedina para uma monografia no curso de História da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A pesquisa promete. Há fortes indícios de que Enedina sofreu perseguição racial nos bastidores da universidade.
Formou-se aos 31 anos, sem refresco, depois de uma saga nas madurezas. Vingou-se ao se aposentar, na década de 1960, como procuradora, respeitada por sua contribuição à autonomia elétrica do Paraná. Conheceu o mundo. Morava num apartamento de 500 metros quadrados. Impôs-se entre os ricos por sua cultura, 12 perucas e casacos de pele. Desconhece-se que tenha feito odes feministas ou em prol da igualdade. Ou que fizesse o tipo boazinha para ser aceita. Pelo contrário. Talvez Enedina tenha sido mais admirada que amada. É o que a torna ainda mais intrigante.
As pesquisas de Sandro e de Jorge, ambos negros, já tiraram Enedina do campo dos panegíricos, que se limitam a pintá-la como alguém que venceu pelo próprio esforço. É um discurso bem conveniente, como se sabe. Tudo indica que não se trata de uma biografia isolada, ainda que pareça.
A mulher baixinha, magérrima e durona sabia se impor entre os homens, com os quais gostava de beber cerveja. Enfrentava a lida nas barragens como um deles, armada se preciso fosse. É uma heroína perfeita para um longa-metragem. Nasceu de uma gente humilde do Portão. Era única menina numa casa de dez filhos. A mãe, Virgília, a Dona Duca, ganhava uns trocos como lavadeira. O pai, Paulo, está na categoria "saiu para comprar cigarros".
Mas não é tudo. Enedina teria feito parte de uma rede de resistência da comunidade negra paranaense, pré-Black Power, da qual pouco se ouve falar. As vitórias que teve desmentem a propalada passividade desse grupo diante das migalhas que lhe foram reservadas. O destino dela teria mudado ao cruzar com a família de Domingos Nascimento, negro de posses da Água Verde, e com os Heibel e os Caron, brancos progressistas que acabaram por se tornar os seus.
Nesses redutos não teria encontrado apenas um horário para estudar ao lado do fogão de lenha. Ali, suspeita-se, passou de Dindinha, seu apelido, a Enedina, a primeira engenheira, mas também uma das primeiras negras de fato alforriadas de que se tem notícia. Eis o ponto.

Indicação: Miguel Sampaio

Mariel Mariscot

MARIEL MARISCOT DE MATOS
(41 anos)
Policial e Membro do Esquadrão da Morte

☼ Niterói, RJ (06/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (08/10/1981)

Mariel Mariscöt de Matos foi um policial brasileiro. Atuou no Rio de Janeiro na década de 60, e destacou-se por ser acusado de pertencer ao Esquadrão da Morte Scuderie Detetive Le Cocq.

"Eu sou Mariel Mariscot de Matos. Lutei muito, fui feliz, amei. Fui amado por uns e odiado por outros. Subi morros, corri atrás de bandidos, troquei tiros, matei. Fui julgado e condenado. Estou cumprindo pena, mas ainda não fui mutilado, a vida não me embruteceu. Dizem que estou condenado á morte pelos meus companheiros de cela. Não acredito. Ontem estava em apuros, hoje estou tranqüilo e, amanhã, quem sabe, poderei estar novamente nas ruas, andando livremente, convivendo com a sociedade, essa mesma sociedade que me condenou e a quem eu defendi e me esqueceu no fundo do cárcere."

Nascido em Niterói, em junho de 1940, filho de Ariel Mariscot de Matos e de Maria Araújo Mariscot de Matos, Mariel foi com a família morar em Salvador, na Bahia. Quando completou três anos de idade, seu pai morreu vítima de enfermidade incurável. Durante cinco anos Maria Araújo Mariscot de Matos lutou sozinha para criar os dois filhos, Roberto e Mariel.

Cinco anos depois, ela se casou novamente e regressou ao Rio de Janeiro, indo morar em Bangu, na Zona Oeste, com o novo marido, o terceiro sargento do Exército, Wilson de Azevedo Brito, e os dois filhos: Roberto, com seis anos e Mariel, com oito. Era o ano de 1948.

Mariel, seus pais e seu irmão moravam no subúrbio carioca, numa casa humilde, de pau-a-pique. Com o soldo de sargento, o padrasto de Mariel precisava contar com a renda de Dona Maria que costurava para fora. Os meninos ajudavam fazendo bainha nas saias. O tempo passava, Wilson foi promovido a primeiro-sargento, e pôde proporcionar uma vida melhor à família. Mudou-se para uma casa de alvenaria com todas as dependências. Nessa época, Mariel já era rapazinho. Estudava à noite, trabalhava e, pela manhã, treinava natação e water-polo à tarde, no Esporte Clube Bangu. Foi campeão carioca de natação e saltos ornamentais.

Aos 17 anos se alistou na Divisão Aero-Terrestre como paraquedista. Sua carreira militar foi curta, mas bastante para despontar como um soldado arrojado e de coragem invejável, que substituía, voluntariamente, os companheiros escalados para saltos. Com isso ele mantinha o número necessário de saltos para receber soldo maior do que um soldado comum.

A vidinha de Bangu já não satisfazia mais os anseios daquele jovem militar apontado como um dos mais corajosos do corpo de paraquedistas. Mariel via nas revistas que o padrasto levava para casa, um mundo diferente, cheio de prédios, boates, praias e mulheres bonitas. Esse mundo ficava apenas a alguns quilômetros de Bangu. Seu nome: Copacabana.

Através dos jornais, o inquieto Mariel tomou conhecimento da abertura de um concurso para o cargo de guarda-vidas. Era o caminho aberto para concretizar um de seus sonhos. O suburbano de classe média baixa sonhava com um mundo de cores, dinheiro e aventuras. Ele sonhava com o glamour da zona sul do Rio de Janeiro. E mais, custasse o que custasse, Mariel queria ser rico.


Prestou os exames e conseguiu ser um dos primeiros colocados com nota muito acima da média. Como membro do Corpo Marítimo de Salvamento, ele pôde alugar um pequeno apartamento e habitar no mundo que sempre desejou, o mesmo mundo que o levaria ao auge da fama e o arrastaria às celas de uma prisão. Finalmente, Mariel Mariscot de Matos estava morando em Copacabana.

Em 1963, fez concurso para a Polícia Civil e passou em todas as provas. Como policial foi designado para trabalhar num sub-posto de Bangu. Depois de tanto esforço para morar em Copacabana, acabou voltando ao bairro onde moravam seus pais. Nos dias de folga, se apresentava para fazer um "extra" na delegacia de Copacabana.

Foi nas rondas na delegacia da Zona Sul que Mariel aprendeu, com um simples olhar a distinguir o punguista do assaltante, o ladrão de praia do traficante de drogas, o estelionatário do vagabundo de rua. Foi na delegacia de Copacabana que ele aprendeu a técnica de interrogar e de perseguir bandidos nos morros, a ter vivência nas casas noturnas e de atirar e correr atrás de bandidos.

Foi na empolgação de seus 21 anos de idade que Mariel Mariscot matou pela primeira vez, quando deu um flagrante de assalto e os bandidos resistiram à voz de prisão. Daí em diante, ele passou a ser conhecido como o Ringo de Copacabana. Naquela ocasião, Mariel rendeu, com uma pistola calibre 45 em cada uma das mãos, um delegado de polícia que queria prendê-lo sob a acusação de homicídio.

Desde o dia em que matou pela primeira vez, passando por uma trajetória invejável de prisão de bandidos famosos e o assassinato de um motorista de táxi e o momento em que o promotor Silveira Lobo lhe deu voz de prisão com a preventiva já decretada, sob a acusação de pertencer ao Esquadrão da Morte, muitos lances emocionantes e perigosos marcaram a vida de Mariel Mariscot de Matos.

No carro da polícia que o conduzia ao Ponto Zero, onde fica o Batalhão da Polícia Militar, junto com César, seu companheiro de prisão, Mariel falou da necessidade de fugir para provar sua inocência. César não só concordou, como prometeu segurar a onda, enquanto o parceiro tentava reunir as provas. A fuga era uma decisão irrevogável. Na cela, César e Mariel acertaram detalhes. Só não marcaram data. Primeiro tinham que estudar bem aquela prisão, para que tudo saísse da melhor maneira possível. Durante alguns meses eles permaneceram com os outros presos, partilhando jogos, fazendo juntos as refeições e dormindo quando soava o toque de recolher. A idéia de fuga martelava a cabeça de Mariel.

Num trabalho que exigiu muita paciência, ele passou a cronometrar tudo o que acontecia na prisão. Havia a sala de jogos que fechava às 18:00 hs. Só às 21:00 hs eram trancadas as portas das celas. Esse detalhe fez com que Mariel concluísse que o melhor horário para a fuga era entre 17:55 hs e 18:05 hs. Era o tempo em que os carcereiros estavam ocupados em encerrar o movimento da sala de jogos que fechava cinco minutos depois. Aqueles dez minutos eram importantes, porque, dentro desse tempo, era feita a substituição da guarda, no portão principal da cadeia. No dia programado para a fuga estava chovendo e os guardas procuravam proteção embaixo de uma grande marquise. Na área por onde deveria escapar, o sentinela andava de um lado para o outro.

Mariel Mariscot anotou: eram cinquenta passadas de ida e o mesmo na de volta. Exatamente na volta, o guarda ficava de costas, tempo suficiente para que ele ganhasse a passarela do terceiro andar. A sala de jogos estava quase vazia. Mariel subiu na janela. Deu um salto e agarrou ao parapeito, passou da janela para um andaime colocado para o banho de sol dos presos. Em determinado momento, teve que se abaixar para não ser visto pelo carcereiro que dava ordens aos retardatários da sala de jogos.


Agarrado a parede, Mariel se deslocou do lance da passarela para o outro lance, mais abaixo. Desta forma conseguiu chegar a parte externa do prédio. Corpo reto, respiração ofegante, ele avançou e atingiu a terceira janela. Todo o cuidado era pouco. No andar de baixo, dois soldados da Polícia Militar conversavam animadamente. Bastava uma olhada para cima e Mariel estaria descoberto. A chuva ajudava, os soldados saíram daquele ponto e ele continuou em sua escalada. Na quarta e última passarela do pavilhão, Mariel deu um giro no corpo, entrou novamente no prédio e alcançou o saguão da entrada principal. Diante dele estava apenas a escada que o levaria para a liberdade.

Elza de Castro, atriz e sua mulher na época, estava a sua espera com o motor do carro ligado, na Avenida Brasil. Mariel entrou, se acomodou no banco do carona e partiram rumo ao Sul do país. O final da viagem seria o Paraguai. No caminho, depois de contar todos os detalhes da fuga, Mariel divertia Elza de Castro lembrando os lances do homem que matou em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, quando surpreendeu três bandidos tentando assaltar um comerciante.

"Aquele nunca mais vai assaltar ninguém. Eu não queria matar, mas o cara reagiu e não tive outra alternativa senão manda-lo para o inferno. Foi uma jogada de sorte. Nós íamos passando, eu e o César. Ali, perto da Rua Álvaro Ramos diminuímos a marcha do carro. A gente já tinha recebido reclamações que ali estava havendo assaltos com muita freqüência. Entramos na Rua General Góis Monteiro e vimos um homem sendo assaltado. Fui incisivo. Parei o carro de repente. César desceu de um lado e eu do outro. Ficamos distantes para não chamar a atenção.
Observamos que a vítima mantinha as mãos espalmadas na altura do peito. Um homem estava na frente dele e o outro atrás, enquanto o terceiro revistava seus bolsos. Não havia dúvida de que se tratava de um assalto. Me aproximei sorrateiramente por entre os carros e gritei: 'Mãos na cabeça que é a polícia!'.
A resposta foi na hora. Um dos caras se virou, apontou a arma e começou a atirar. Por alguns segundos fiquei em posição difícil, me protegendo por entre os carros estacionados, sem poder atirar para não atingir o cara que estava sendo assaltado. Os bandidos estavam se escudando na vítima. Eles atiraram novamente, rolei por entre os carros e ganhei melhor posição. Um dos bandidos ficou bem descoberto. Fiz pontaria e atirei na cabeça dele. O outro estava preocupado com César que se aproximava atirando do outro lado. Saltei por cima do capô de um carro e atirei na testa do segundo assaltante. Ele ainda estava caindo quando atirei novamente acertando-o no peito. O assaltante rodopiou e caiu. César chegou correndo e, pensando que eu também estivesse morto já ia atirar novamente na cabeça do assaltante. Eu gritei: 'Calma compadre, eu estou bem. A vítima dos bandidos, o comerciante Hélio Tamassini, estava tremendo, encostado na parede de um prédio. César examinava os homens feridos, percebeu que estavam graves e decidimos leva-los para o Pronto Socorro. Um deles morreu antes de chegar ao Hospital Miguel Couto. O outro escapou."


Mariel Mariscot foi morto em 1981, no centro do Rio de Janeiro, quando estacionava o carro para uma reunião com bicheiros.




Veja Também:

Lúcio Flávio
Madame Satã
Preto Amaral
Maria Bonita

José Augusto

JOSÉ AUGUSTO COSTA
(45 anos)
Cantor

* Aquidabã, SE (03/10/1936)
+ Feira de Santana, BA (05/12/1981)

José Augusto Costa, popularmente conhecido como José Augusto Sergipano ou também José Augusto Velho, foi um cantor brasileiro.

Nasceu na Avenida Santa Terezinha, no bairro da Baixinha, em Aquidabã, Sergipe, onde fez os primeiros estudos, e depois foi morar em Aracaju, concluindo o 2º grau. Em 1953, estudou e trabalhou na primeira linha de ônibus coletivo da capital sergipana.

Dentre 6 irmãos, era o filho mais novo de Maria Adolfina Costa e de Januário Bispo dos Santos. O jovem José Augusto cantava nas festinhas das escolas e festas de aniversários, pois sua vocação para cantor aflorou na juventude.

Gravou mais de 200 músicas, em 22 LP's, iniciando a sua carreira de cantor na gravadora Chantecler, realizando seu grande sonho, gravando também em outras gravadoras. O seu nome "estourou" nos principais programas radiofônicos de São Paulo, fazendo sucesso retumbante, admirado pelos nordestinos e pelos brasileiros de um modo em geral.

Viajou por todo o país fazendo shows, apresentando-se, em palcos dos cinemas, pois na época os cinemas eram os principais locais para a apresentação dos artistas. As emissoras de rádio de Aracaju tocavam os seus discos, diariamente, fato que se repetia em todo o Brasil.

Morte

José Augusto, com uma agenda cheia de compromissos, ao saber da hospitalização da sua mãe, Dona Adolfina, veio às pressas para Aracaju, mas por exigência de seu empresário, viajou para realizar um show em Senhor do Bonfim, na Bahia, agendado anteriormente. Mas um acidente ocorrido perto de Feira de Santana, BA, matou-o na hora. O corpo foi sepultado, no jazigo da família, no Cemitério de Santa Isabel.


Discografia

  • 1961 - Florisbela Saint-Tropez / Saudade Bateu Na Porta
  • 1962 - Se Meu Apartamento Falasse
  • 1962 - Ninguém Faz Falta / Minha Saudade
  • 1962 - Minha Mãezinha / Cantando Pra Não Chorar
  • 1963 - Guarânia Da Noite Triste / Tortura
  • 1963 - Tudo De Mim / E O Tempo Passou
  • 1963 - Engano Do Carteiro / Até Amanhã
  • 1964 - Beijo Gelado / Amor Proibido
  • 1964 - Angústia Da Solidão / Traição
  • 1965 - Um Novo Ídolo
  • 1965 - Exitos De Brasil
  • 1966 - José Augusto
  • 1967 - Preciso De Alguém
  • 1968 - Momento Feliz
  • 1969 - Os Grandes Sucessos De José Augusto
  • 1969 - Prece De Um Rapaz Apaixonado
  • 1971 - A Vida Passando Por Mim
  • 1973 - Canção De Paz
  • 1976 - Minha Visão
  • 1978 - Aliança Devolvida
  • 1980 - Já O Novo Ídolo

Fonte: Wikipédia
Indicação: Miguel Sampaio

Mário Reis

MÁRIO DA SILVEIRA MEIRELES REIS
(73 anos)
Cantor

* Rio de janeiro, RJ (31/12/1907)
+ Rio de Janeiro, RJ (05/10/1981)

Mário da Silveira Meireles Reis, o Bacharel do Samba, foi um popular cantor brasileiro da Era do Rádio. Nascido em uma família carioca abastada, começou a ter aulas de violão por volta de 1926. O professor era Sinhô, conhecido como "Rei do Samba", que, impressionado com o aluno, resolveu levá-lo para uma gravadora.

Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na turma de Ary Barroso, de quem era amigo e incentivador, e foi o primeiro intérprete a gravar uma música do então desconhecido pianista e compositor: o samba "Vou à Penha", em 1929.  Foi Mário Reis que gravou o primeiro sucesso popular de Ary Barroso, "Vamos Deixar de Intimidades".


Em 1930 começou a gravar uma série de discos em dupla com o vozeirão de Francisco Alves, fórmula que mostrou-se extremamente bem-sucedida, e imitada, entre outras, pela dupla Jonjoca e Castro Barbosa.

Mário Reis inaugurou em estilo de cantar diferente do que havia no Brasil até então. Ao contrário dos vozeirões do rádio, cantava coloquial, com outro timbre e uma divisão rítmica mais ágil, dando uma interpretação diferente às canções. O seu estilo de cantar, que até hoje soa moderno, é considerado como um dos precursores da Bossa Nova. Muitos consideram que seu canto influenciou João Gilberto. Seus primeiros sucessos foram gravações de músicas de Sinhô, como "Que Vale a Nota Sem o Carinho da Mulher", "Jura" e "Gosto Que Me Enrosco", essas duas últimas do compacto que foi seu primeiro grande êxito.

Mário Reis gravou muitos sucessos com Carmen Miranda e Francisco Alves, com os quais também se apresentou frequentemente nos anos 1930. Fizeram turnês pelo Brasil e também na Argentina.

Na década de 30 firmou-se como um dos maiores intérpretes de Noel Rosa, que também foi seu parceiro. Entre essas gravações estão "Filosofia" (Noel Rosa e André Filho) e "Meu Barracão".

Gravou, em 1933, dois grandes sucessos de Lamartine Babo, "Linda Morena" e "A Tua Vida é um Segredo", e no ano seguinte "Alô Alô" (André Filho) em dueto com Carmen Miranda.

Outro grande êxito foi com "Agora é Cinza", de Bide e Marçal, que nos anos 80 voltaria a ser sucesso com Mestre Marçal, filho do compositor.

Mário Reis ficou muitos anos afastado da carreira de cantor tendo voltado anos mais tarde a fazer discos. Em 1965 e 1971 gravou dois discos, sendo este o seu último. No repertorio, antigos sucessos de autores como Sinhô, Noel Rosa e Ismael Silva além de uma versão de "A Banda" de Chico Buarque.

Em 1995 Julio Bressane fez o filme "O Mandarim" sobre a música popular brasileira do século XX, focando especialmente na vida e no trabalho do cantor Mário Reis. O cantor foi representado pelo ator Fernando Eiras.


Sucessos


Fonte: Wikipédia

Mestre Pastinha

VICENTE JOAQUIM FERREIRA PASTINHA
(92 anos)
Lutador de Capoeira

* Salvador, BA (05/04/1889)
+ Salvador, BA (13/11/1981)

Vicente Joaquim Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol Jose Señor Pastinha e de Maria Eugenia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe ,com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupas.

Mestre Pastinha foi um dos principais mestres de Capoeira da história. Ele dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto.

Viveu uma infância feliz, porém, modesta. Durante as manhãs frequentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava arraia e jogava capoeira. Com 13 anos era o mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado por seu pai na Escola de Aprendizes de Marinheiro que não concordava muito com a prática da capoeira pois achava que era muita vadiagem. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos amigos que conquistou a arte da capoeira.


Em depoimento prestado no ano de 1967, no Museu da Imagem e do Som, Mestre Pastinha relatou a história da sua vida:

"Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza."

A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.

"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui." 

Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor.

"Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."


Ensino e Difusão

Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do Mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade tradicional do esporte no Brasil.

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.

Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro "Capoeira Angola", em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.

Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco "Transa" (1972).

Durante décadas, dedicou-se ao ensino da Capoeira, e mesmo quando cego não deixava de acompanhar seus alunos.

"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."

Com 84 anos de idade, doente, e fisicamente debilitado, foi morar no Pelourinho em um pequeno quarto, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia. Deixando a antiga sede da Academia, devido aos problemas financeiros, o único meio de sobrevivência provinha dos acarajés que sua esposa vendia.

Em abril de 1981, Mestre Pastinha participou da última roda de Capoeira de sua vida.

Apesar da fama, o Velho Mestre terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Numa sexta-feira, 13/11/1981, Mestre Pastinha se despediu desta vida aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma Parada Cardíorrespiratória.


Abigail Maia

ABIGAIL MAIA
(94 anos)
Atriz, Cantora e Bailarina

* Porto Alegre, RS (17/10/1887)
+ Rio de Janeiro, RJ (20/12/1981)

Abigail Maia foi uma atriz de teatro e cantora brasileira. Fundou uma companhia teatral com Oduvaldo Vianna. Foi ainda radio-atriz da Rádio Nacional.

Abigail Maia estreou no teatro aos 15 anos na peça "Fada de Coral". Trabalhou em várias companhias de comédias e revistas antes de criar sua própria empresa, em parceria com Oduvaldo Vianna.

Em 1921, agregando-se à Companhia Viriato Correia e Nicola Viggiani, deu-se uma temporada conhecida historicamente como Movimento Trianon.

Rodolfo Mayer, Abigail Maia e Floriano Faissal
Com seu trabalho ligado um dos comediógrafos mais conceituados do período, valorizou Abigail Maia a dramaturgia brasileira e ensejou algumas experimentações renovadoras.
   
No cinema, Abigail Maia atuou "João José", curtametragem de 1909, "A Vida do Barão do Rio Branco", curtametragem de 1912, e "O Guarani" (1920).

Nos anos 40, Abigail Maia ingressou no elenco de rádio-atores da Rádio Nacional.

Fonte:  Wikipédia

Goiá

GERSON COUTINHO DA SILVA
(46 anos)
Cantor e Compositor

☼ Coromandel, MG (11/01/1935)
┼ Uberaba, MG (20/01/1981)

Gerson Coutinho da Silva, mais conhecido como Goiá, foi um cantor e compositor brasileiro.

Logo abaixo está a transcrição fiel da biografia do poeta, datilografada por ele mesmo de forma resumida, quase como um currículum:

GERSON COUTINHO DA SILVA (GOIÁ)
Filiação: Celso Coutinho da Silva e Margarida Rosa de Jesus

Nasci em 11 de janeiro de 1935, em Coromandel, na Rua Raul Soares, numa casa que muitos anos depois ficou conhecida por Casa do Períque (o nosso Péricles, de saudosa memória);

Desde pequenino, sempre gostei de "falar versos" (recitar trovas), e como sempre recebia em troca um "cachê" (doce, queijo, requeijão, etc.), meu entusiasmo cresceu sobremaneira, até que um dia, no auge da interpretação, quis dar um colorido especial à uma frase, expressando-a com bastante força, mas, o que todos ouviram foi um longo e grave ruído, considerado impróprio e vergonhoso, na presença "dos mais velhos", e foi assim que Coromandel perdeu seu declamador, de quatro anos de idade...

Ganhei de meu pai uma gaita de boca, que foi minha companheira por muitos anos, até que a troquei por um cavaquinho, mas, a minha alegria maior foi quando ganhei um violão "de tarrachas", que era o meu grande sonho...

Comecei a cantar em dupla com vários parceiros, dentre eles, Anterino Coutinho, meu irmão Nelson, Geraldo Telles (Geraldinho do Vigilato), seu irmão José (Zé do Vigilato), e quando chegávamos naquelas festas animadas, o pessoal sempre dizia:

- "Chegou o fio do Cerso cum seus cumpanhêro!"

E a coisa "fervia" até o nascer do sol!

Essa época marcou muito para mim e é responsável, em grande parte, pela saudade impossível que sinto da infância!

Comecei a estudar música com o mestre José Ferreira e enquanto não terminava o curso, passei a ser o tocador de bumbo ou bombo, e como por essa ocasião eu formava dupla com o Miguelinho (filho do "Miguel Batalhão"), arranjei para ele um lugar na banda de música, como tocador de tarol. E depois das retretas (Chapadão, Alegre, Mateiro, Santa Rosa, etc), a gente cantava nas "barracas" e o incentivo era imenso.

Após passarmos uma temporada em Lagamar, em casa de minha irmã Maria e de meu cunhado Fulô, fomos (eu e Miguelinho) para Patos de Minas, onde cantamos, por alguns meses, no programa do Compadre Formiga, meu querido amigo Padre Tomaz Olivieri.

Mas eu não suportava passar mais que dois meses fora de Coromandel! Saia e voltava, voltava e saia...


Foi em 1953 que parti para Goiânia, (então com dezoito anos de idade, juntamente com o meu pai) onde fiquei conhecendo gente maravilhosa, e onde permaneci por dois anos, aprendendo muito, em todos os sentidos!

Formei o Trio da Amizade, (o primeiro nome artístico foi Rouxinol), com programas diários na inesquecível Rádio Brasil Central, e fomos os primeiros do Estado a gravar discos em São Paulo (dois discos com 78 RPM na antiga Columbia, atual CBS).

Tenho um carinho especial pelo Estado de Goiás, notadamente por Goiânia, onde deixei grandes amigos, que jamais esquecerei!

De lá parti, no último dia do ano de 1955, e confesso, parti com lágrimas nos olhos, mas a grande meta era São Paulo, o grande eixo, também no mundo artístico.

Aqui, gravei alguns discos com o Trio Mineiro e após uma temporada na Rádio Nacional, nos programas do amigo Nhô Zé, transferí-me para a Rádio Bandeirantes, onde fui contratado como apresentador de programas, inicialmente no "Maiador da Fazenda", do amigo e parceiro Zacarias Mourão, e posteriormente lancei o "Choupana do Goiá", além de ser substituto eventual dos saudosos Capitão Balduino e Comendador Biguá, em seus tradicionais programas "Brasil Caboclo" e "Serra da Mantiqueira".

Esqueci-me de dizer que durante toda minha trajetória, de Coromandel a Patos, Goiânia e São Paulo, jamais deixei de compor minhas músicas, e através delas, chorava a grande saudade de minha terra, mas, eu tinha em mente um ideal, e todo ideal exige sacrifícios, e de todos, o maior era a ausência prolongada de minha cidade, de minha gente, "meus amores...".

Permaneci na Rádio Bandeirantes até meados de 61, quando então a quase totalidade do cast sertanejo daquela emissora havia gravado músicas minhas: Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Léo, as Irmãs Galvão, Zilo e Zalo, Caçula e Marinheiro, Tibagi e Miltinho, Souza e Monteiro, Primas Miranda e outros tantos.

Fui para a Rádio 9 de Julho (ainda como apresentador) a convite do Geraldo Meirelles e Zé Claudino, lá ficando por dois anos, quando me despedi, e depois de uma curta temporada com Zacarias Mourão na Rádio Excelsior, decidi dedicar-me inteiramente às composições.

Com exceção de alguns meses como free-lancer na Rádio Nacional, no programa "Biá e Seus Batutas", nunca mais voltei a apresentar programas, tendo me dedicado, de corpo e alma, aos meus "versos"...
 
Um dia, para a alegria do povo de Coromandel, a dupla, Goiá e Biá, gravou o seu primeiro LP, com as composições de Goiá, e muitas falando de Coromandel e do Estado de Goiás, sendo que nesta época o seu parceiro e cunhado era bem conhecido na música sertaneja, através da dupla Palmeira e Biá, assim concretizando de vez os seus sonhos no âmago de sua alma.

Sentindo certas dificuldades ao cantar em dupla, não com relação a Biá, que sempre foi o seu Parceiro-Amigo-Irmão, como ele mesmo dizia, separou-se de Biá para gravar individualmente o seu primeiro LP em duas vozes, sendo um dos primeiros no Brasil a gravar neste estilo.


Assim, Goiá mostrou a sua familiaridade com o violão, pois tinha uma impressionante capacidade de musicar, não somente suas letras como também de muitos parceiros seus, vestindo a cada dia uma roupagem nova na Música-Política-Sertaneja.

E, sempre acompanhado de grandes personalidades da época, Goiá viveu dias intensos de viagens e shows por todo esse Brasil.

Mas nem tudo foi um mar de rosas. Além das dificuldades que todos enfrentam neste país, ele tinha também o seu lado de esposo e pai, sempre mostrando um carinho muito grande pela sua família, já composta de três filhos: Róbson, Myre e Hilger. Aí passou a ver o lado financeiro de suas músicas, pois até então, de direitos autorais, pouco recebia, devido a não regulamentação desse direito no Brasil.

Como exemplo, Goiá compôs a trilha sonora do filme "A Vingança de Chico Mineiro", onde quase nada recebeu por um grande trabalho de uma qualidade indiscutível.

Por volta de 1971, começou um tempo negro em sua vida. Goiá passou a ser portador de diabetes, e como ele mesmo dizia, abusava muito de sua saúde, não se alimentando corretamente, passando longos períodos de viagens e cantorias, ficando até três anos sem fazer um exame de sangue sequer.

E foi em dezembro de 1979, nos exames realizados em Uberlândia que ficou comprovado: Além do açúcar no sangue, Goiá era portador de cirrose hepática, já bem acentuada, ascite, água no peritônio.

De volta a São Paulo, começou a corrida aos hospitais na tentativa de estacionar a cirrose, e com isso ele perdia peso assustadoramente.

Foi quando em novembro de 1980, já vivendo praticamente só de cama, transferiu-se para Uberaba, ficando mais perto de Coromandel, podendo ser visitado freqüentemente pelos seus conterrâneos, trazendo para si, forças para continuar, mesmo acamado, a escrever suas canções.

Nos últimos anos de sua vida, Goiá já escrevia para o estilo sertanejo moderno e já era gravado por Chitãozinho & Xororó, João Mineiro & Marciano, Cezar & Paulinho, Milionário & José Rico, Duduca e Dalvan, Chico Rey e Paraná e muitos outros.

No dia 20/01/1981, às 8h00, morre Goiá em Uberaba, Minas Gerais, aos 46 anos. Seu corpo foi levado para Coromandel e esperado por uma multidão de pessoas, exatamente na Placa de 5 Km, onde outrora foi sempre esperado pelo seu povo.

Seu corpo foi velado na Igreja de Sant'ana e sepultado no Cemitério Municipal de Coromandel, no dia 21/01/1981, passando a viver conosco somente de forma espiritual.

No seu túmulo, ficou escrito o que humildemente pediu numa de suas canções, mostrando mais uma vez a sua natureza humana: "A humildade, que era o seu gesto maior".

Algumas Composições de Goiá

  • A Árvore que Plantei (Goiá e Julião Saturno)
  • A Cama (Goiá)
  • Adeus Filhinha (Goiá e José Neto)
  • Adeus Jusmare (Goiá e José Neto)
  • Adeus Mãezinha (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Adeus Maria (Goiá e Sebastião Víctor)
  • Adeus Menina (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Adeus Menina Amada (Goiá e Plínio Alves)
  • Adeus Meu Bem (Goiá e Marciano)
  • Adeus Meu Rincão (Goiá e D. Thomaz)
  • Adeus Paraná Querido (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Adeus Para Sempre (Goiá e J. Víctor)
  • Aeronave do Amor (Goiá e Marciano)
  • A Grande Esperança (Goiá e Francisco Lázaro)
  • Ainda uma Vez, Adeus (Goiá e Sebastião Víctor)
  • Aí Vareia (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Além da Vida (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Alma Cabocla (Goiá e José Neto)
  • Alma Irmã (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Alma Triste (Goiá e Chico Vieira)
  • A Lua é Testemunha (S. Lozano Versão: Goiá e Inhana)
  • Amada Ausente (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Amarga Saudade (Goiá e Comendador Biguá)
  • Amargurada (Goiá e Paiozinho)
  • Amigo Cachorro (Goiá)
  • Amor de Minha Vida (Goiá e Soberano)
  • Amor e Felicidade (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Amor Graúdo (Goiá e Augusto Alves Pinto)
  • Apenas um Pecado (Zé Claudino e Goiá)
  • As Cordilheiras (Meu Pranto em Teus Olhos) (Goiá)
  • Aurora do Mundo (Goiá)
  • A Vida Não Vale Nada (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Badalar do Adeus (Goiá e Almir)
  • Baile do Adeus (Goiá)
  • Bambuzinho Suburbano (Goiá)
  • Barquinho da Esperança (Goiá)
  • Bondoso Guia (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Boneca de Rua (Benedito Seviero e Goiá)
  • Boneca Loira (Goiá e Taubaté)
  • Brasília (Goiá e Zé Micuim)
  • Cai Sereno, Cai (Belguinha e Goiá)
  • Caminhando Pela Vida (Goiá e Marciano)
  • Caminhão de Uai (Goiá e Jacozinho)
  • Caminheiro da Saudade (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Caminhos de Minha Infância (Goiá)
  • Caminhos da Vida (Zalo e Goiá)
  • Campos Amados de Coromandel (Goiá e Waldemar de Freitas Assunção)
  • Canarinho da Manhã (Goiá e José Neto)
  • Canção da Minha Terra (Luiz de Castro e Goiá)
  • Canção do Meu Adeus (Goiá e Zé Claudino)
  • Canção do Meu Regresso (Goiá)
  • Capotamento de Amor (Goiá)
  • Capricho (Goiá e Arlindo Pinto)
  • Capricho da Vida (Goiá e Biguá)
  • Caprichosa (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Carrossel da Vida (Tela Branca do Meu Coração) (Goiá e Geraldo Meirelles)
  • Carta de Filho (Goiá e Plínio Alves)
  • Casa do Chapéu (Goiá e Plínio Alves)
  • Casinha de Praia (Goiá)
  • Casinha dos Meus Amores (Goiá e Praense)
  • Centelha Divina (Goiá e Almir)
  • Chapadão (Goiá e Sebastião Rocha)
  • Chora Coração (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Chorarei ao Amanhecer (Goiá e Amir)
  • Chuvisco da Madrugadan (Goiá)
  • Cidade de Assis (Goiá)
  • Cidade de Santo André (Goiá e Julião Saturno)
  • Cinqüenta Mil Amores (Goiá e Almir)
  • Coisas da Vida (Mineirinho e Goiá)
  • Coisas do Destino (Goiá e Clóvis Pontes)
  • Copo na Mesa (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Coração Dividido (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Coração Sofredor (Milano e Goiá)
  • Coromandel (Goiá e Zalo)
  • Criança Crescida (Goiá e José Neto)
  • Cuiabá (Goiá)
  • Declina o Sol no Poente (Evangelista e Goiá)
  • Derradeiro Adeus (Goiá e Belmonte)
  • Desabafo da Alma (Goiá e Taguaí)
  • Desespero de Amor (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Desilusão (Goiá e Pirajá)
  • Despedida (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Despedida de um Poeta (Goiá e Almir)
  • Desprezo de Amor (Goiá)
  • Deus te Proteja (Goiá)
  • Dia Mais Lindo da Vida (Goiá)
  • Dia Mais Tristes da Vida (Goiá)
  • Direito de Amar (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Dois Artistas (Goiá e Nenete)
  • Dois Goianos (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Dois Lares (Goiá e José Víctor)
  • Duas Vidas (Goiá e José Russo)
  • Duelo de Amor (Goiá e Benedito Seviero)
  • É Chato Gostar (Brasão e Goiá)
  • Em Busca da Sorte (Goiá e Dionilde Thomas)
  • Em Busca de Deus (Chico Vieira e Goiá)
  • Emocionante (Goiá e Tertuliano Amarilha)
  • Enquanto Trindade Louvava o Divino (Goiá)
  • Entardecer da Vida (Goiá e José Neto)
  • Erga Teus Olhos Meu Anjo (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Esperança (Goiá)
  • Espinhos no Coração (Goiá e Plínio Alves)
  • Esquina do Adeus (Goiá)
  • Estrada das Flores (Goiá e José Neto)
  • Estrela Dourada (Goiá e Mizael)
  • Estrela-Guia (Goiá e Sebastião Victor)
  • Estrela Matutina (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Estrela Sem Luz (Zé Dionísio e Goiá)
  • Estupidez (Goiá e Almir)
  • Eu Vivia Sozinho e Você Também (Goiá)
  • Fala Coxim (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Feitiço Espanhol (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Festa do Divino (Goiá)
  • Festinha Boa (Clóvis Pontes e Goiá)
  • Filosofia de Poeta (Augusto Alves Pinto e Goiá)
  • Fim de um Sonho (Goiá e José Neto)
  • Flor do Lodo (Goiá e Biá)
  • Flor Mineira (Goiá e Chico Vieira)
  • Folhas Amarelas (Mensagem de Amor) (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Fronteira do Adeus (Goiá e Almir)
  • Gamação (Mulher de Malandro) (Goiá e José Neto)
  • Garça Maguary (Goiá e Tertuliano Amarilha)
  • Garimpeiro Theodoro (Goiá)
  • Gatinha de Praia (Goiá)
  • Gente de Minha Terra (Goiá, Amir e Pereirinha)
  • Gente Deste Planeta (Almir e Goiá)
  • Gotas de Esperança (Goiá e Almir)
  • Gotas de Lembranças (Entardecer) (Goiá e Plínio Alves)
  • Grande Erro (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Grão de Areia (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • História Triste de Um Índio Civilizado (Goiá e Mizael)
  • Homem Triste (Goiá e Valdery)
  • Homenagem ao Presidente (Goiá e Kambuquira)
  • Imagem do Sertão (Goiá)
  • Índia Misteriosa (Goiá e Chico Vieira)
  • Índia Soberana (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Itacolomi (Goiá e Cambuquira)
  • Jardineira do Adeus (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • José e Maria (Goiá e Evangelista)
  • Juriti Mineira (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Lamento (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Lamento de uma Saudade (Goiá e Zilo)
  • Lei Agrária (Goiá e Francisco Lázaro)
  • Lembrando Vila Pequena (Goiá e Edimilson Corrêa)
  • Lição de Caboclo (Goiá e Julião Saturno)
  • Liguei o Rádio Nesta Triste Madrugada (Goiá)
  • Linda Mentirosa (Almir e Goiá)
  • Lindos Campos do Amambaí (Goiá e Negrão da Costa)
  • Língua Grande (Goiá e José Neto)
  • Luz de Minh'Alma (Goiá e Osvaldo Alves da Silva)
  • Magoado Coração (Goiá e Emídio Rama)
  • Mais uma Noite Vou Dormir Sem Meu Bem (Goiá e Waldemar de Freitas Assunção)
  • Mamãe Mafalda (Goiá e Sebastião Rocha)
  • Mares da Ilusão (Goiá e Zalo)
  • Marreca Selvagem (Goiá e Tertuliano Amarilha)
  • Menina de Praia (Nízio e Goiá)
  • Mensagem à Mamãe (O Adeus de Mamãe) (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Mensagem de Amor (Goiá e Zalo)
  • Mensagem de Natal (Julião Saturno, César Martins e Goiá)
  • Mesmo Caminho (Zalo e Goiá)
  • Messalina (Goiá e Marciano)
  • Meu Coró (Goiá e Plínio Alves)
  • Meu Natal Sem Mamãe (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Meu Último Amor (Goiá e Waldemar de Freitas Assunção)
  • Meus Amigos do Sul de Minas (Goiá e Almir)
  • Minha Gratidão (Goiá e Sebastião Víctor)
  • Minha Infância (Goiá e Hélio Alves)
  • Minha Mulher Amada (Goiá e Zalo)
  • Minha Viola Caipira (Goia e Zacarias Mourão)
  • Minuano do Sudoeste (Goiá e Marciano)
  • Moça de Abadia (Goiá)
  • Moças do Interior (Goiá)
  • Mulher Volúvel (Melrinho e Goiá)
  • Mutirão de Goiânia (Goiá)
  • Não Sei Porque (Goiá e Cristalino)
  • Não te Quero Não (Goiá e Melrinho)
  • Nas Curvas do Seu Corpo Capotei Meu Coração (Goiá e Amir)
  • Natal em Goiás (Goiá e Chicão Pereira)
  • Noites Estreladas (Luiz Manoel, Goiá e Hilda)
  • Nossa Mensagem (Goiá)
  • O Adeus do Meu Bem (Goiá e Tomaz)
  • O Amor Não tem Vergonha (Goiá e Marciano)
  • O Astronauta (Goiá e Nenete)
  • O Colono (Biá e Goiá)
  • O Direito de Amar (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • O Grande Segredo (Goiá e Plínio Alves)
  • Olhos Verdes (Goiá e José Neto)
  • O Mártir do Calvário (Goiá e Biá)
  • Onde a Saudade Mora (Goiá e Oswaldo Caixeta)
  • Orgulho e Ciúme (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • O Seu Bem Sou Eu (Goiá e Zalo)
  • Os Olhos Azuis de Cristo (Goiá e Praense)
  • Outra Noite Sem Meu Bem (Goiá e Waldemar de Freitas Assunção)
  • Parabéns aos Noivos (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Parabéns Meu Amor (Aniversário do Meu Amor) (Goiá e Ivan Caires)
  • Paraguaia da Fronteira (Goiá)
  • Paraná Querido (Paulinho Gama e Goiá)
  • Pássaro Preto (Moreninha de Guata) (Almir e Goiá)
  • Pau de Sebo (Goiá)
  • Pecado Loiro (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Pecado Mortal (Goiá e Benedito Seviero)
  • Pé de Cedro (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Pedro Paissandu (Goiá)
  • Pescando Saudade (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Piadas da Minha Terra (Goiá e Osvaldo Gomes)
  • Poço Verde (Goiá e Taubaté)
  • Poente da Vida (Goiá e D. Thomaz)
  • Poluição (Goiá e zacarias Mourão)
  • Pranto da Meia-Noite (Goiá e Plínio Alves)
  • Preciso te Esquecer (Goiá e Waldemar de Freitas Assunção)
  • Qualquer Dia Destes Pego um Avião (Goiá)
  • Quando meu Bem me Disse Adeus (Goiá)
  • Quem Ama em Dueto e Ama a Pátria (Goiá)
  • Recordação (Nenete e Goiá)
  • Retalhos de Saudade (Goiá e Francisco do Carmo)
  • Retrato do Sertão (Goiá e Sebastião Rocha)
  • Reze por Mim ao Pôr-do-Sol (Goiá e Praense)
  • Rosas e Orquídeas Para Você (Goiá e Tertuliano Amarilha)
  • Rosa Ternura (Goiá)
  • Sabe Deus (Sebastião Víctor e Goiá)
  • Sanfona Pé de Bode (Goiá)
  • Santa Helena de Goiás (Goiá e Amaraí)
  • Saudade Cruel (Goiá e Zalo)
  • Saudade da Minha Terra (Goiá e Belmonte)
  • Saudade de Alguém (Goiá e Zalo)
  • Saudade de Coromandel (Goiá e Biazinho)
  • Saudade de Goiás (Goiá e Amaraí)
  • Saudade do Poeta (Goiá)
  • Saudade em Excursão (Goiá e Nelsinho)
  • Segredo de um Artista (Goiá e Almir)
  • Sem Ela Não Sei Viver (Goiá e Zilo)
  • Sem Teu Amor (Goiá e Biguá)
  • Sereno da Solidão (Goiá e José Neto)
  • Séria Questão (Goiá e Belmar)
  • Seriema (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Sertanejo Meu Irmão (Maria Morena) (Goiá e Ermiro Vieira da Cunha)
  • Sinfonia da Dor (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Solidão da Noite (Goiá)
  • Solidão na Praia (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Só me Resta Gargalhar (Goiá e Almir)
  • Sonhar de Novo (Goiá e Leonardo Amâncio)
  • Sonho de Criança (Goiá)
  • Só Pelo Amor Vale a Vida (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Sorriso de Maria (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Tardes Morenas de Mato Grosso (Goiá e Valderi)
  • Te Amo Jatobá (Goiá e Sebastião Aurélio)
  • Terra Santa de Padre Víctor (Goiá e João Mineiro)
  • Tipos Populares de Minha Terra (Goiá e Selma A. Lopes)
  • Travessa da Amizade (Goiá Sebastião Víctor)
  • Três Amores (Goiá e Tony Gomide)
  • Tribunal do Mundo (Goiá e Tony Gomide)
  • Trilha da Saudade (Goiá)
  • Triste Abandono (Goiá e Zacarias Mourão)
  • Triste Arrependimento (Goiá e Gauchito)
  • Triste Viola (Goiá)
  • Trovas do Goiá (Goiá)
  • Tua Carta (Zé Micuim, Goiá e Loló)
  • Uai (Goiá)
  • Última Esperança (Goiá e Natinho)
  • Última Melodia (Zilo, Goiá e Braz Hernandes)
  • Última Saudade (Goiá)
  • Último a Saber (Rubens Avelino e Goiá)
  • Último adeus (Flor Menina) (Goiá e Bernardes Vieira)
  • Um Abraço, Um Adeus (Goiá e Amir)
  • Uma Saudade Amarga e Cruel de Coromandel em Minas Gerais (Goiá)
  • Um Novo Amanhã (Goiá)
  • Um Pouco de Paz (Goiá e Taguaí)
  • Vida Enganosa (Goiá e Soberano)
  • Vinte Anos de Silêncio (Zacarias Mourão e Goiá)
  • Visita à Goiás (Goiá e Sidon Barbosa)
  • Volta ao Passado (Goiá e Antônio Marani)
  • Vovó Rita (Valdery e Goiá)
  • Zé da Carolina (Goiá e Leonardo Amâncio)