Benedito Calixto

BENEDITO CALIXTO DE JESUS
(73 anos)
Pintor, Desenhista, Professor, Historiador, Escritor, Fotógrafo e Astrônomo Amador

☼ Itanhaém, SP (14/10/1853)
┼ São Paulo, SP (31/05/1927)

Benedito Calixto de Jesus foi um pintor, desenhista, professor, historiador e astrônomo amador brasileiro.

No final de século XIX e início do século XX, quatro gigantes das artes plásticas se destacaram no cenário paulista: Almeida Júnior, Pedro Alexandrino, Oscar Pereira da Silva e Benedito Calixto.

Considerado um dos maiores expoentes da pintura brasileira do início do século XX, Benedito Calixto de Jesus nasceu em 14/10/1853, no município de Itanhaém, litoral sul de São Paulo.

Benedito Calixto é o que se pode chamar de um talento nato. Autodidata, começou seus primeiros esboços ainda criança, aos 8 anos. Aos 16 anos mudou-se para Santos, SP, onde teve um começo de vida difícil, chegando a pintar muros e placas de propaganda para sobreviver.

Pátio do Colégio
Em Brotas

Entre os 17 e 18 anos, a convite do irmão mais velho, mudou-se para Brotas, interior de São Paulo, na época, próspera por sua produção de café. Foi morar na casa do irmão João Pedro, situada na esquina de uma praça, hoje denominada "Benedito Calixto". Como o irmão era o responsável pela conservação da igreja e das imagens ali existentes Benedito Calixto, que já tinha habilidades nesse oficio, o ajudava nessa missão, mas logo acabou ficando com a incumbência. Tendo material à sua disposição, nas horas vagas pintava telas com vistas do local, que oferecia aos amigos. Entre os primeiros quadros feitos no município estão o "Casamento dos Bugres" e "A Saída do Ninho", hoje em mãos de colecionadores em Brotas.

Na época decorou também a sala de jantar da casa do capitão Joaquim Dias de Almeida com motivos da fauna e flora brasileiras. Seu gênio alegre e comunicativo lhe trouxe grandes amizades no município. Um desses amigos, era o coronel Cherubim Vieira de Albuquerque, abastado cafeicultor da região, que veio a lhe encomendar diversos quadros. Entre estes, vistas de suas fazendas Paraíso e Monte Alegre em 1873. Retratou também nessa época o próprio coronel e sua filha Maria Eugênia de Albuquerque Pinheiro, quadros que ainda hoje se encontram no município.

Cubatão
De Volta a Itanhaém

Em 1877 retornou a Itanhaém para casar-se com sua prima de segundo grau, Antônia Leopoldina de Araújo. De volta a Brotas, continuou pintando paisagens das fazendas locais e retratos de grandes cafeicultores.

Em 1881 deixou Brotas e voltou a Itanhaém, onde nasceu sua primeira filha, Fantina. No final desse mesmo ano mudou-se com a família para Santos, SP, onde passou a pintar paisagens nos tetos e paredes das mansões dos prósperos comerciantes daquela cidade litorânea.

Paisagem (Da Série Mata) - 1910-20
Primeira Exposição

Fez sua primeira exposição em 1881 no salão do jornal Correio Paulistano, em São Paulo, não tendo conseguido vender nenhum trabalho, mas obteve apreciação favorável da crítica.

Em 1882, a sorte bateu em sua porta. Foi convidado a realizar trabalhos de entalhe e pintura na parte interna do Teatro Guarany, em Santos, o que lhe rendeu homenagens e uma bolsa de estudos, custeada por Nicolau de Campos Vergueiro, o Visconde de Vergueiro, para se aprimorar em Paris, onde ficou por quase um ano e frequentou o ateliê do mestre Rafaelli e a Academia Julian. Na Europa, realizou várias exposições de sucesso.

Em 1884, de volta à Santos, trouxe, na bagagem, um equipamento fotográfico e tornou-se pioneiro, no Brasil, em pintar a partir de fotografias.

Nos anos de 1886 e 1887, respectivamente, nasceram seus filhos Sizenando e Pedrina.

Em 1890, mudou-se para São Paulo.

Em 1897 voltou para o litoral e foi morar em uma casa construída por ele mesmo, em São Vicente. Produziu obras importantes para vários museus, entre eles o Museu do Ipiranga, em São Paulo, para inúmeras igrejas em todo o país, para associações, fundações, instituições, a exemplo da "Bolsa Oficial do Café", em Santos, onde uma de suas principais obras "A Fundação de Santos" ocupa uma parede inteira do salão principal, além de outras duas que também têm como tema o município de Santos e o vitral do teto com alegoria para os Bandeirantes.

Durante toda a sua trajetória produziu aproximadamente 700 obras, das quais 500 são catalogadas. Pintou marinhas, retratos, paisagens rurais, urbanas e obras religiosas. Estas últimas lhe renderam a Comenda de São Silvestre, outorgada pelo Papa Pio XI, em 1924.

Além da pintura se revelou como historiador, escritor e fotógrafo. Como historiador, resgatou a existência da então ignorada Capitania de Itanhaém, assim como sua importância na história da exploração e colonização do interior do Brasil, raças a minuciosas pesquisas a documentos seculares esquecidos em Itanhaém, São Vicente e São Paulo.

Benedito Calixto faleceu vítima de um infarto, no dia 31/05/1927, em São Paulo, na casa de seu filho Sizenando, para onde tinha ido com a intenção de comprar material para terminar duas telas para a Catedral de Santos. Foi enterrado no Cemitério do Paquetá, em jazigo perpétuo doado pela Prefeitura Municipal de Santos.

Suas duas últimas obras são intituladas "Noé" e "Melchisedech".

Foi homenageado na cidade de São Paulo com a Praça Benedito Calixto.

Paisagem Com Cruzeiro, 1920
Em Bocaina

Uma obra do acaso trouxeram as telas de Benedito Calixto para Bocaina, município do centro do Estado de São Paulo, hoje com 11 mil habitantes. A história registra que ele deveria pintar os seus quadros na Igreja Matriz de Jaú. Não houve acordo quanto ao preço e ele foi embora.

Em Bocaina, na época, estava o padre José Maria Alberto Soares. Ele gostaria de ter as telas do pintor em sua igreja e começou a escrever a Benedito Calixto, falando dessa vontade. Conseguiu sensibilizar o artista que veio a Bocaina e pintou as telas por um preço bem menor daquele que pedira em Jaú.

As obras podem ser consideradas o melhor da arte sacra pintada por Benedito Calixto, que por ter nascido e vivido em cidades litorâneas, pintou muitas marinhas. O próprio pintor considerava as telas "Salomé Recebe a Cabeça de João Batista" e "Transfiguração", como os seus melhores trabalhos sacros. Elas estão em Bocaina.

A 10/12/1923 começava seu último grande trabalho, a pintura dos quadros para a Matriz de São João Batista de Bocaina. Dominado pela ideia da morte próxima, dizia que nessa igreja seria o lugar onde se perpetuaria a sua derradeira arte.

Estátua de Benedito Calixto na Praça 22 de Janeiro - São Vicente, SP
Em São Carlos Exposição Permanente

Há uma exposição permanente "Benedito Calixto na Terra do Pinhal", com amplo panorama da vida e obra do célebre pintor brasileiro e trabalhos originais realizados por ele para o antigo Palácio Episcopal de São Carlos e que hoje pertencem ao acervo da municipalidade são-carlense, os quais são 8 afrescos que também estão na exposição.

A exposição é no Museu da Estação Cultura na Estação de São Carlos em São Carlos, de terça a sexta das 8:00 hs às 18:00 hs, e aos sábados, domingos e feriados, das 13:00 hs às 17:00 hs. A entrada é franca. O agendamento de grupos e escolas pode ser feito por telefone.

Auto-Retrato
Galeria de Pinturas

Fundação Pinacoteca Benedito Calixto, entidade sem fins lucrativos, localizada em um antigo casarão em estilo eclético e interior em Art Noveau à Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15, Boqueirão, Santos, São Paulo, tem uma exposição permanente de obras de Benedito Calixto. Seu acervo é de cerca de 50 obras do pintor - marinhas, paisagens, retratos e nus, desenhados na Academia Julian, Paris. O local está aberto para visitação de terça a domingo das 14:00 hs às 19:00 hs. Grupos ou escolas, que quiserem monitoria, podem ser agendados. A Pinacoteca conta também com uma biblioteca, com acervo de livros de arte, e um Centro de Documentação sobre Benedito Calixto e sua obra.

Fonte: Wikipédia

Djanira da Motta e Silva

DJANIRA DA MOTTA E SILVA
(64 anos)
Pintora, Desenhista, Ilustradora, Cartazista, Cenógrafa e Gravadora

☼ Avaré, SP (20/06/1914)
┼ Rio de Janeiro, RJ (31/05/1979)

Djanira da Motta e Silva foi uma pintora, desenhista, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira. Nasceu em Avaré, SP, filha de Oscar Paiva e Pia Job Paiva foi registrada inicialmente como Dijanira e que mais tarde foi retificado pela artista em ação judicial. Seus familiares a tratavam como Dja.

Na década de 30 casou-se com Bartolomeu Gomes Pereira, um oficial da Marinha Mercante, que morreu na Segunda Guerra Mundial, quando passou a se chamar Djanira Gomes Pereira.

Aos 23 anos, foi internada com tuberculose no Sanatório Dória, em São José dos Campos, SP, onde fez seu primeiro desenho: um Cristo no Gólgota. Com a melhora, continuou o tratamento no Rio de Janeiro, e residiu em Santa Teresa, por causa do seu ar puro.

Em 1930, alugou uma pequena casa no bairro e instalou uma pensão familiar. Um de seus hóspedes, o pintor Emeric Marcier, a incentivou e lhe dar aulas de pintura. Djanira também frequentava, à noite, o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, Nesse período travava contato com o casal Árpád Szenes e Maria Helena Vieira da Silva, Milton Dacosta, Carlos Scliar, e outros que viviam em Santa Teresa e frequentavam o meio artístico.

Djanira com um primo, aos dois anos
No fim da década de 30, na capital fluminense, teve suas primeiras instruções de arte em curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e com o pintor Emeric Marcier, hóspede da pensão que Djanira instalou no bairro de Santa Teresa. Os contatos com os artistas Carlos Scliar, Milton Dacosta, Árpád Szenes, Maria Helena Vieira da Silva e Jean-Pierre Chabloz, frequentadores da pensão, proporcionaram um ambiente estimulador que a levou a expor no 48º Salão Nacional de Belas Artes, em 1942.

Em 1943, realizou sua primeira mostra individual, na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Em 1945, viajou para New York, onde conheceu a obra de Pieter Bruegel e entrou em contato com Fernand Léger, Joan Miró e Marc Chagall. De volta ao Brasil, realizou o mural "Candomblé" para a residência do escritor Jorge Amado, em Salvador, BA, e painel para o Liceu Municipal de Petrópolis.

Entre 1953 e 1954, viajou a estudou na a União Soviética.

A sua pintura dos anos 40 é geralmente sombria, utiliza tons rebaixados, como cinza, marrom e negro, mas já apresenta o gosto pela disciplina geométrica das formas. Na década seguinte, sua palheta se diversifica, com uso de cores vibrantes, e em algumas obras trabalha com gradações tonais que vão do branco ao cinza claro. Apresenta em seus tipos humanos uma expressão de solene dignidade.

A artista sempre buscou aproximar-se dos temas de suas obras: no fim da década de 50, após convivência de seis meses, pintou os índios Canela, do Maranhão. Em 1950 em sua estada em Salvador, BA, ela conhece José Shaw da Motta e Silva, o Motinha, funcionário público, nascido em Salvador em 29/01/1920 e com ele se casou no Rio de Janeiro em 15/05/1952, mudando o nome para Djanira da Motta e Silva.


De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se uma das líderes do Movimento Pelo Salão Preto e Branco, um protesto de artistas contra os altos preços do material para pintura.

Realizou em 1963, o painel de azulejos "Santa Bárbara", para a capela do túnel Santa Bárbara, Laranjeiras, Rio de Janeiro.

No ano de 1966, a editora Cultrix publicou um álbum com poemas e serigrafias de sua autoria.

Em 1977, o Museu Nacional de Belas Artes, realizou uma grande retrospectiva de sua obra.

Na década de 70, desceu às minas de carvão de Santa Catarina para sentir de perto a vida dos mineiros e viajou para Itabira para conhecer o serviço de extração de ferro.

Djanira trabalhou ainda com xilogravura, gravura em metal, e fez desenhos para tapeçaria e azulejaria. Em sua produção, destaca-se o painel monumental de azulejos para a capela do túnel Santa Bárbara no Rio de Janeiro.

Inicialmente nomeada como "primitiva", gradualmente sua obra alcançou maior reconhecimento da crítica. Como apontou o crítico de arte Mário Pedrosa (1900-1981), "Djanira é uma artista que não improvisa, não se deixa arrebatar, e, embora possuam uma aparência ingênua e instintiva, seus trabalhos são consequência de cuidadosa elaboração para chegar à solução final".

Djanira da Motta e Silva em 1967
Luto Em Avaré

"O prefeito Fernando Cruz Pimentel, decretou luto oficial por três dias em homenagem póstuma a Djanira da Motta e Silva, falecida em 31 de maio de 1979, quinta-feira, às 11:25 hs., no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Contava com 65 anos. Seu médico particular era o Drº Nataliel Rodrigues.
A pintora manifestou em vida o desejo de ser enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo, instituição religiosa a que estava ligada nos últimos anos."

Djanira se tornou freira da Ordem das Carmelitas em 1972.

Em sua memória, foi criado em 31/05/2000 o Centro Cultural Djanira da Motta, pelo prefeito em exercício Joselyr Benedito Silvestre, instalado em meio a um bosque na área urbana, onde funcionou no passado a estatal agrícola CAIC. O local recebeu o nome da pintora Djanira, significando o tributo do município de Avaré à "maior artista avareense de todos os tempos", cujas telas ficaram mundialmente conhecidas por retratarem de forma genuína as cores do Brasil. O espaço abriga a Biblioteca Municipal Professor Francisco Rodrigues dos Santos.

No mesmo local foi criado em 02/04/2008 o Memorial Djanira da Motta e Silva mostra de objetos pessoais, obras e material de referência.

Obras Mais Conhecidas

  • 1958 - Painel de Santa Bárbara (Acervo do Museu Nacional de Belas Artes MNBA - RJ)
  • 1962 - Festa do Divino em Parati (Acervo do Palácio dos Bandeirantes)
  • 1944 - O Circo (Acervo da Funarte)
  • Senhora Sant'Ana de Pé (Acervo do Museu de Arte Moderna do Vaticano)
  • 1975 - Inconfidência (Acervo do Governo do Estado de Minas Gerais)
  • 1959 - Serradores (Coleção Roberto Marinho)
  • 1962 - Anjo Com Acordeão (Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu Arte Moderna, RJ)
  • 1956 - Pescadores (Coleção embaixador Taylor)


Embarque de Bananas
Obras Em Avaré
Acervo do Museu Histórico e Pedagógico Anita Ferreira de Maria

  • 1957 - Embarque de Bananas (Óleo sobre tela)
  • Década de 40 - Sem Título (Óleo sobre tela)
  • 1967 - Viagem (Poema ilustrado)
  • 1967 - Canção (Poema ilustrado)
  • 1967 - Acalanto (Partitura musical para órgão)
  • 1967 - O Corvo (Poema ilustrado)
  • 1967 - Prelúdio Para o Motta (Partitura musical para órgão)
  • 1966 - Fabrico do Açúcar (Serigrafia)
  • Cafezal


Citações

Djanira da Motta e Silva nas palavras do amigo e escritor Jorge Amado:
"Djanira traz o Brasil em suas mãos, sua ciência é a do povo, seu saber é esse do coração aberto à paisagem, à cor, ao perfume, P'as alegrias, dores e esperanças dos brasileiros.
Sendo um dos grandes pintores de nossa terra, ela é mais do que isso, é a própria terra, o chão onde crescem as plantações, o terreiro da macumba, as máquinas de fiação, o homem resistindo à miséria. Cada uma de sua telas é um pouco do Brasil."

Djanira da Motta e Silva homenageada pelo poeta Paulo Mendes Campos:

Cantiga Para Djanira

O vento é o aprendiz das horas lentas,
Traz suas invisíveis ferramentas,
Suas lixas, seus pentes-finos,
Cinzela seus castelos pequeninos,
Onde não cabem gigantes contrafeitos,
E, sem emendar jamais os seus defeitos,
Já rosna descontente e guaia
De aflição e dispara à outra praia,
Onde talvez possa assentar
Seu monumento de areia - e descansar.

Fonte: Wikipédia

Alberto Henschel

ALBERTO HENSCHEL
(55 anos)
Fotógrafo

☼ Berlim, Alemanha (13/06/1827)
┼ Rio de Janeiro, RJ (30/06/1882)

Alberto Henschel foi um fotógrafo teuto-brasileiro, considerado o mais diligente empresário da fotografia no Brasil do século XIX, com escritórios em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Alberto Henschel foi também responsável pela vinda de outros fotógrafos profissionais ao país, como o seu compatriota Karl Ernest Papf - com quem trabalharia mais tarde - e seu filho, Jorge Henrique Papf, que sucederia ao pai no ramo da fotografia.

Alberto Henschel ficou conhecido por produzir belas imagens do Rio de Janeiro como fotógrafo paisagista e por ser um excelente retratista, o que lhe rendeu o título de Photographo da Casa Imperial, habilitando-o a retratar o cotidiano da monarquia brasileira durante o Segundo Reinado, inclusive fotografando o imperador Dom Pedro II e sua família. Esse título valorizaria muito suas fotos, inclusive no preço.

Mas, certamente, sua principal contribuição à história da fotografia no Brasil foi o registro fotográfico de todos os extratos sociais do Brasil oitocentista: retratos, geralmente no padrão carte-de-visite, foram tirados da nobreza, dos ricos comerciantes, da classe média e dos negros, tanto livres como escravos, em um período ainda anterior à Lei Áurea.

Os fotógrafos Alberto Henschel (à direita) e Constantino Barza, em 1870.
Antecedentes

Logo quando os primeiros mapas-múndi que mostravam o Brasil foram impressos, na época renascentista de Albrecht Dürer, o país-continente recém-descoberto despertou o interesse da Alemanha. Um dos principais fatores de atração que o Brasil exercia para com os alemães era decorrente das empolgantes narrativas e ilustrações a respeito dos índios, das paisagens exóticas, das riquezas de animais selvagens e novas espécies de plantas, relatadas primeiramente nas obras fantásticas de Hans Staden, seguido por aventureiros e cientistas como Johann Baptist Emanuel Pohl, autor de "Viagem no Interior do Brasil". Empreendida nos anos de 1817 a 1821 e publicada por ordem de Sua Majestade o Imperador da Áustria Francisco I, em que descreve sua viagem pelo país, com observações entusiásticas e elogiosas, acompanhadas de luxuriantes ilustrações. Sobre o Rio de Janeiro, Johann Baptist Emanuel Pohl escreveria:

"Se algum ponto do Novo Mundo merece, pela sua situação e condições naturais, tornar-se um dia teatro de grandes acontecimentos, um foco de civilização e cultura, um empório do comércio mundial, é, a meu ver, o Rio de Janeiro. Não posso, aqui, reprimir esta observação. De bom grado paira a fantasia sobre o futuro de tão encantador país, que tem um presente pouco desenvolvido e, por assim dizer, não tem passado."
(Johann Emmanuel Pohl)

Certamente essas narrativas e ilustrações constituíram um dos principais fatores de atração para os fotógrafos alemães oitocentistas que se transfeririam para o Brasil, como Revert Henrique Klumb, Augusto Stahl, Karl Ernest Papf e Alberto Henschel.

Não há registro da vida pessoal e profissional de Alberto Henschel na Alemanha, nem das razões que o teriam levado a emigrar para o Brasil. Sabe-se apenas que era filho de Moritz e Helene Henschel.

Moritz e seus irmãos August, Friedrich e Wilhelm, de origem judaica, chegaram em Berlim por volta de 1806, tendo se notabilizado como gravuristas e assinado suas obras como Irmãos Henschel.

Supõe-se que Alberto Henschel conheceu o também fotógrafo Francisco Benque ainda na Alemanha, com quem teria uma bem-sucedida, porém efêmera, sociedade no Brasil.

Brasil Década de 1861

Alberto Henschel desembarcou no Recife em maio de 1866, junto com o também alemão Karl Heinrich Gutzlaff, com quem associou-se para criar um estúdio fotográfico na Rua do Imperador, 38. Inicialmente denominado Alberto Henschel & Cia, o estúdio passou a chamar-se Photographia Allemã, mudando-se em seguida para novo endereço, no Largo da Matriz de Santo Antônio, 02.

Pelo fato de ter montado seu negócio logo que chegou ao Brasil, presume-se que Alberto Henschel já fosse um experiente fotógrafo e tencionasse engajar-se no promissor negócio da fotografia em um mercado ainda pouco explorado.

Em 1867, Alberto Henschel dissociou-se de Karl Heinrich Gutzlaff e voltou à Alemanha, onde atualizou sua técnica e adquiriu novos equipamentos para o seu ateliê de fotografia. Retornou ao Brasil no mesmo ano, abrindo outro estabelecimento com a mesma razão social na cidade de Salvador, na Rua da Piedade, 16.

Abrindo três estabelecimentos em apenas dois anos, Alberto Henschel já era considerado o mais ousado e atilado empresário da fotografia no Brasil oitocentista.

No fim dos anos 1860, as casas de Recife e Salvador já produziam retratos de pessoas de origem africana, escravas e livres, com a diferença de retratá-las à vontade e com dignidade, como indivíduos e não como objetos.

Fotografia de Dom Pedro II - Rio de Janeiro, 1875.
Brasil Década de 1870

Em 1870, Alberto Henschel abriu outra filial de seu ateliê, desta vez no Rio de Janeiro, na Rua dos Ourives, atual Rua Miguel Couto, 04. Foi no Rio de Janeiro, capital do Império, que começaria sua próspera parceria com Francisco Benque.

Com o nome de Henschel & Benque, os dois especializaram-se na produção e comercialização de retratos e paisagens, além das fotopinturas feitas por Karl Ernest Papf. Não há registro datando quando a sociedade com Francisco Benque desfez-se, mas é provável que a sociedade tenha perdurado até 1880.

Pela qualidade de seu trabalho e pelo sucesso que fizera na Corte, Alberto Henschel foi agraciado com o título de Photographo da Casa Imperial, em 07/09/1874, juntamente com Francisco Benque.

O historiador fotográfico Gilberto Ferrez descreve a qualidade e importância de Alberto Henschel da seguinte maneira:

"Henschel fotografou o Rio e seus arredores [...]. Fez paisagens, mas antes de tudo era exímio retratista. Não há quase nenhum álbum de família em que não figurem retratos de avós tirados por Alberto Henschel."
(Gilberto Ferrez)

Alberto Henschel participou de várias exposições fotográficas, destacando-se na exposição da Academia Imperial de Belas Artes em 1872 e 1875, pela qual recebeu a Medalha de Ouro na primeira edição. Também participou da IV Exposição Nacional e da Exposição Universal de Viena, na Áustria, na qual obteve a Medalha de Mérito.

Brasil Década de 1880

Em 01/02/1882, Alberto Henschel inaugurou mais um estabelecimento, desta vez na capital da província de São Paulo, com a denominação de Photographia Imperial, porque o nome Photographia Allemã já era utilizado pelo ateliê do fotógrafo Carlos Hoenen desde 1875.

Sua chegada a São Paulo foi vista com muita importância, pois, além de ser detentor do prestigioso título de Photographo da Casa Imperial, ele vinha direto da Corte. O jornal A Província de São Paulo, ao descrever nos mínimos detalhes o novo ateliê em sua edição do dia da inauguração, demonstrou o entusiasmo com que Alberto Henschel foi recebido pelos paulistas.

Alberto Henschel morreria no mesmo ano, apenas alguns meses após estabelecer-se em São Paulo. Entretanto, suas empresas, sob o comando de outros empresários, continuariam estrategicamente utilizando seu nome ainda por vários anos, tendo em vista o grande prestígio que a marca "Henschel" adquirira.

Técnica

Alberto Henschel sempre se manteve atualizado com as últimas novidades técnicas do mercado fotográfico. Quando o padrão estético de fotografia carte-de-visite começou a ganhar o mundo, Alberto Henschel já dominava a técnica, a qual utilizou em grande escala em seus estabelecimentos.

Seus estúdios possuíam equipamentos de última geração, adequados para o retrato instantâneo de crianças que, irrequietas, eram a dor de cabeça dos fotógrafos. Em um anúncio presente no Novo Almanach de São Paulo para o ano de 1883, Alberto Henschel propagandeava:

"Este estabelecimento acaba de receber da Europa os NEGATIVOS para o novo processo de PHOTOGRAPHIAS INSTANTANEAS, que tanto sucesso tem produzido ali. Por meio deste CHICHETS se pode obter um retrato mais perfeito da mais inquieta criança, de pessoas nervosas, etc. O público é convidado a vir examinar no estabelecimento alguns retratos obtidos pelo novo processo."

O novo processo a que o anúncio se referia era o uso de placas secas de gelatina transparente, utilizadas como camada adesiva para a fixação dos sais de prata sobre o papel.

Fonte: Wikipédia

Milton Rangel

MILTON SALGADO RANGEL
(44 anos)
Dublador

☼ Maria da Fé, MG (19/05/1927)
┼ (06/03/1972)

Milton Salgado Rangel foi um dublador carioca, nascido em 19/05/1927 em Maria da Fé, Minas Gerais. Começou a carreira no rádio, e entre várias emissoras que trabalhou está a Rádio Nacional, no qual trabalhou por cerca de 20 anos. Na Rádio Nacional fez os mais diversos personagens, entre eles podemos citar "Jerônimo - O Herói do Sertão", que esteve por quase 20 anos no ar, a novela "Moisés Weltman" que ficou no ar por 18 anos, entre outros.

Em "Jerônimo - O Herói do Sertão", onde interpretava o Jerônimo, fazia parceria com Cauê Filho que interpretava o Moleque Saci. Essa rádio-novela foi a mais famosa do rádio brasileiro, tendo tido outras cópias, como na Rádio São Paulo como "Juvêncio, o Herói do Sertão", entre outros.

Milton Rangel também viveu o Centurião na rádio-novela mais clássica do rádio brasileiro "A Paixão de Cristo".

Em 28/08/1965 foi o narrador ao lado de Roberto Faissal do programa "Os 24 Anos do Repórter Esso" na Rádio Nacional.

Milton Rangel era sobrinho de Plínio Salgado, que fundou em 1932 a Ação Integralista Brasileira (AIB).

Na dublagem, Milton Rangel, entrou no início da mesma, em 1958, no Rio de Janeiro, na Cinelab, empresa que começou na mesma época que a Ziv, mas que tinha um fluxo maior de profissionais, e foi a grande escola da dublagem, pois obteve primeiro que a Ziv todo aquele elenco que se tornariam os grandes dubladores do Brasil. Milton Rangel também chegou a trabalhar na Ziv.

Na CinelabMilton Rangel além de dublador era diretor de dublagem, mesmo sem conhecer direito aquela arte. Como os demais colegas, foi aprendendo e ensinando ao mesmo tempo, e com isso se tornou um dos grandes diretores de dublagem da história do país, lembrado até hoje pelos amigos. Milton Rangel também foi o protagonista de duas das primeiras séries dubladas no Rio de Janeiro, Bret Maverick na série "Maverick" pela Cinelab, e Bat Masterson na série homônima na Ziv.


Com o fim das dublagens na Cinelab, e com a Ziv já fechada há algum tempo, Milton Rangel foi para a Rio Som, aonde desempenhou seu trabalho como diretor e dublador. Anos depois foi para a Cinecastro desempenhar os mesmos cargos, e também se tornou o narrador da empresa por um tempo. Também trabalhou na Dublasom Guanabara e na Herbert Richers, sendo que na última também desempenhou o trabalho de diretor de dublagem.

Entre suas dublagens estão personagens em desenhos como Zandor em "Os Herculóides", Os Irmãos Bacalhau capangas de Silvestre Soluço na primeira dublagem de "Os Apuros de Penélope Charmosa", Rei Pomp de Liliput, o pai da loirinha Flirtácia em "As Aventuras de Gulliver", Espoleta na segunda e clássica dublagem do longa-metragem "Pinóquio", narrador na primeira dublagem do desenho "George, o Rei da Floresta", o guia sueco Lars, fazendo parte da expedição do Professor Lindenbrook, e o corcunda Torg, que era capanga do Conde Saknussen em "Viagem Ao Centro da Terra", entre outros.

Em filmes fez Henry Fonda em "Paixão dos Fortes", Errol Flynn em "Contra Todas as Bandeiras", Gregory Peck em "Círculo do Medo", Gene Kelly em "A Senhora e Seus Maridos", Richard Devon em "Os Comacheros", entre outros.

Em séries foi a voz do atrapalhado Herman Monstro na primeira dublagem de "Os Monstros", também foi a voz de Rick Ricardo na segunda dublagem, também clássica de "I Love Lucy", foi Hayata o Ultraman na série de mesmo nome, Bret Maverick em "Maverick"William Barclay 'Bat' Masterson (Gene Barry) em "Bat Masterson", entre outros.

Infelizmente Milton Rangel veio a falecer precocemente em 06/03/1972, aos 44 anos, deixando esposa e três filhos. Após a morte, Milton Rangel foi homenageado pela Herbert Richers, a qual deu seu nome a um de seus estúdios, e mantido assim até o final da empresa, que aconteceu 40 anos depois.

Jacyra Domingues, Nely Amaral e Milton Rangel
Alguns Trabalhos


  • Zandor em "Os Herculóides"
  • Wyatt Earp (Henry Fonda) em "Paixão dos Fortes"
  • Esteban (Richard Devon) em "Os Comacheros"
  • Herman Monstro (Fred Gwynne) em "Os Monstros"
  • Rick Ricardo (Desi Arnaz) em "I Love Lucy" (Segunda Dublagem)
  • Brian Hawke (Errol Flynn) em "Contra Todas As Bandeiras"
  • Sam Bowden (Gregory Peck) em "Círculo do Medo"
  • Os Irmãos Bacalhau em "Os Apuros de Penélope Charmosa" (Primeira Dublagem)
  • Hayata / Ultraman (Susumu Kurobe) em "Ultraman"
  • Espoleta em "Pinóquio" (Longa-Metragem - Segunda Dublagem)
  • Rei Pomp de Liliput em "As Aventuras de Gulliver"
  • Pinky Benson (Gene Kelly) em "A Senhora e Seus Maridos"
  • Narrador em "George, o Rei da Floresta" (Primeira Dublagem)
  • Richard Vance e Sua Sombra em "O Sombra"
  • Lars e Torg em "Viagem Ao Centro da Terra"
  • Bret Maverick (James Garner) em "Maverick"
  • William Barclay 'Bat' Masterson (Gene Barry) em "Bat Masterson"

Indicação: Miguel Sampaio

Guilherme Figueiredo

GUILHERME DE OLIVEIRA FIGUEIREDO
(82 anos)
Autor e Dramaturgo

☼ Campinas, SP (13/02/1915)
┼ Rio de Janeiro, RJ (24/05/1997)

Guilherme de Oliveira Figueiredo, ou somente Guilherme Figueiredo foi um autor e dramaturgo brasileiro, irmão do último presidente militar João Baptista de Oliveira Figueiredo. Nasceu em Campinas, interior do Estado de São Paulo, em 13/02/1915.

Forma-se em Direito, pela Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, cidade em que iniciou sua carreira profissional como crítico de teatro e de literatura em O Jornal e no Diário de Notícias.

Em 1948, fez sua estreia como dramaturgo, com a montagem de dois textos pela Companhia do ator Procópio Ferreira: a comédia "Lady Godiva" e o drama "Greve Geral".

Suas peças são voltadas para temas mitológicos, em sua maioria, escritas com uma abordagem cômica.

Em 1949 montou a peça "Um Deus Dormiu Lá Em Casa", inspirada em temática grega, iniciando uma série que o aproximou do universo dos mitos. Dirigida por Silveira Sampaio, com Paulo Autran e Tônia Carrero à frente do elenco, a montagem alcançou repercussão e prêmios. Ainda em 1949, foi professor de história do teatro na Escola do Serviço Nacional de Teatro (SNT), bem como tradutor de inúmeros autores, como Molière, William Shakespeare e Bernard Shaw.

Com o Teatro de Revista em alta, na década de 50, escreveu as revistas "A Imprensa é Livre" e "Miss França", em co-autoria com Geysa Bôscoli. Em seguida, apresentou os textos "Don Juan" (1951).

Em 1952, "A Raposa e as Uvas" dirigida por Bibi Ferreira, tornou-se sua criação mais conhecida no Brasil e no exterior, onde conheceu diversas encenações e traduções, recebendo o Prêmio Municipal do Rio de Janeiro e da Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT).


Em 1957, fez "Menina Sem Nome", infantil. No volume "Xântias - Oito Diálogos Sobre a Arte Dramática", Guilherme Figueiredo resume seus ensinamentos sobre dramaturgia.

Em 1958, fez "A Muito Curiosa História da Virtuosa Matrona de Éfeso", montagem de sucesso empreendida pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Novos textos são lançados, mas nenhum alcança grande repercussão: "Tragédia Para Rir", "Retrato de Amélia" e "Os Fantasmas".

Nos anos subsequentes criou as peças inéditas: "Napoleão", "Balada Para Satã", "O Herói", "Comédia Para Não Rir" e "Maria da Ponte", além de uma série de comédias curtas em um ato.

Em 1963, escreveu "Os Gigantes, Os Rios..." e "A Cidade de Cada Um", conto premiado no concurso "As Melhores Histórias Sobre a Cidade", instituído pelo Correio da Manhã, publicado pela Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.

Com o livro "A Raposa e as Uvas" alcançou o Prêmio Artur Azevedo, da Academia Brasileira de Letras (ABL), e com o livro "Um Deus Dormiu Lá Em Casa", obteve a medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT).

Guilherme Figueiredo morreu no dia 24/05/1997, aos 82 anos, no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipédia

Renato De Simone

RENATO DE SIMONE
(62 anos)
Manipulador e Criador de Fantoches

☼ São Paulo, SP (1953)
┼ São Paulo, SP (27/04/2015)

Sua carreira voltada à criação e manipulação de bonecos, diálogos e músicas para os mesmos alcançou grau de excelência ao nível dos Muppets norte americanos, e dos melhores conjuntos do mundo. Renato De Simone começou sua carreira artística quando criança, trabalhando para criança. Desde o início escrevia, produzia e dirigia seus próprios espetáculos.

Foi com estes atributos, despertados ainda na adolescência, que Renato De Simone chegou a ter companhia própria de espetáculos, o que lhe propiciou chegar à televisão. Foi aí que aprimorou e consolidou suas qualidades.

Em 1974 foi convidado para se apresentar no quadro "Vale Tudo" do Programa Silvio Santos. Elogiado pelos mais rigorosos jurados Renato De Simone ganhou personalidade para seguir em frente. Aí vieram programas na TV Cultura e TV Record.


Buscando comparações e melhorar suas apresentações, Renato De Simone viajou aos Estados Unidos onde manteve contato com Jim Henson e Frank Oz, responsáveis pelo The Muppett Show. De volta ao Brasil, foi convidado junto com a esposa, a atriz Suely Moraes, a participar do programa "Tarde Maior" da TV Record junto com o palhaço Tic-Tac.

Mais a frente na mesma emissora, em 1987, ganhou seu próprio programa, o "Drº Cacareco & Cia." que obteve grande sucesso, com a participação de novos personagens criados pelo próprio Renato De Simone, como o boneco Quebra-Galho, Seu Lelé, Pelota e Modinha. Tratava-se de um programa diário com uma hora de duração onde mostrava o dia a dia de uma família bem atrapalhada em uma casa com passagens secretas que davam no laboratório do Drº Cacareco. O programa ficou no ar até 1988.

Afora seu trabalho na TV, Renato De Simone e a esposa Suely Moraes mantinham o teatro de fantoches "Fantreco" no qual desenvolveram dezenas de histórias originais, diálogos e trilhas sonoras especiais, que encantaram o público infantil e adolescente.


Sua última aparição na televisão foi no Programa Festolândia no Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), apresentado por Eliana. Ele também fazia espetáculos teatrais e seguia com o personagem.

Um dos mais talentosos artistas vila-prudentinos, Renato De Simone, também conhecido por Drº Cacareco, morreu na madrugada do dia 27/04/2015, aos 62 nos de idade. Vítima de doença congênita nos intestinos, Renato De Simone deixou a esposa Suely Moraes, e a filha Brunna casada com Bruno Marrone Novelli.

Na página oficial do artista no Facebook, a informação foi confirmada pela agência com a qual o artista produzia suas histórias.

"É com extrema dor que comunico aos familiares, amigos e clientes que Renato De Simone, o nosso querido Drº Cacareco, faleceu. O velório será a partir das 11:00 hs na Vila Mariana, Av Lacerda Franco, 2084. Depois seguirá para o Cemitério São Pedro, na Vila Alpina para cerimônia de cremação a partir das 16:00 hs."

A missa de 7º dia foi celebrada no dia 04/05/2015, às 19:30 hs na Igreja de Santo Emídio.

Fonte: Folha VP On Line e O Fuxico
Indicação: Carlos da Terra

Roberto Freire

JOAQUIM ROBERTO CORRÊA FREIRE
(81 anos)
Psiquiatra, Escritor, Diretor, Autor, Letrista e Pesquisador

☼ São Paulo, SP (18/01/1927)
┼ São Paulo, SP (23/05/2008)

Joaquim Roberto Corrêa Freire foi um médico psiquiatra e escritor brasileiro, conhecido por ser o criador de uma nova e heterodoxa técnica terapêutica denominada Soma (somaterapia), baseada no anarquismo e nas ideias de Wilhelm Reich. Foi também diretor de cinema e teatro, autor de telenovela, letrista e pesquisador científico.

Nasceu em São Paulo no dia 18/01/1927. Formou-se em Medicina, na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1952. Enquanto estudante, e após a sua formatura, trabalhou como pesquisador em eletrofisiologia e em biofísica celular no Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil, sob a orientação do professor Carlos Chagas Filho.

Em 1953 foi trabalhar no Collège de France, em Paris, desenvolvendo trabalhos de endocrinologia experimental, sob orientação do professor Robert Courrier. Publicou vários trabalhos nas revistas das Academias de Ciências do Rio de Janeiro e de Paris.

Após alguns anos trabalhando como endocrinologista clínico, Roberto Freire realizou sua formação em psicanálise através da Sociedade Brasileira de Psicanálise, em São Paulo, com o professor Henrique Schlomann.


Em 1956, realizou trabalhos de acompanhamento clínico no Centro Psiquiátrico Franco da Rocha, em São Paulo.

A partir deste período Roberto Freire buscou novas fontes de pesquisa, realizando estágios no exterior. Em bioenergética, com os discípulos de Wilhem Reich, em Paris. Em gestalterapia, com os discípulos de Frederich Perls, em Bourdeaux. Suas divergências teóricas e ideológicas se ampliaram e Roberto Freire acaba se distanciando da psicanálise, ao mesmo tempo em que se aproxima cada vez mais do campo artístico, literário e político brasileiro.

Roberto Freire, militante clandestino lutando contra a ditadura militar, não encontrava na psicanálise nem na psicologia tradicional as ferramentas necessárias que auxiliassem nos conflitos emocionais e psicológicos de seus companheiros de luta que o procuravam buscando algum tipo de ajuda. Foram principalmente as pesquisas de um cientista renegado pelo meio acadêmico - considerado por muitos como o dissidente mais radical da psicanálise - Wilhelm Reich, que influenciaram Roberto Freire na criação de uma nova técnica terapêutica corporal e em grupo.

A Soma nasceu de uma pesquisa sobre o desbloqueio da criatividade, realizada no Centro de Estudos Macunaíma, com as contribuições de Myriam Muniz e Sylvio Zilber. Através de exercícios teatrais, jogos lúdicos e de sensibilização, Roberto Freire foi criando uma série de vivências que possibilitavam uma rica descoberta sobre o comportamento, suas infinitas e singulares diferenças.

Roberto Freire e Roberto Carlos
Perceber como o corpo reage diante de situações comuns no cotidiano das relações humanas, como a agressividade, a comunicação, a sensualidade, e sua associação com os sentimentos e emoções, permite um resgate daquilo que nos diferencia enquanto individualidade, para criar um jeito novo, a originalidade contra a massificação. Assim, a Soma se construiu como um processo terapêutico com conteúdo ideológico explícito, o Anarquismo.

Simultaneamente a vida científica, desenvolveu atividades artísticas e culturais, desde seu retorno da Europa, especialmente no campo da poesia e do teatro. Desta época resultou um trabalho de poesia ainda inédito, "Pé no Chão, Roupa Suja, Olho no Céu". A maioria desses poemas foi musicada pelo compositor Caetano Zama, sendo que um deles, "Mulher Passarinho", teve gravação de Agostinho dos Santos, no período inicial da bossa nova.

No teatro, Roberto Freire foi diretor das peças "Escurial", de Michel Guelderhode e "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, além de autor e co-diretor de "O&A", co-direção com Sionei Siqueira.

A peça "Morte e Vida Severina" é sempre muito lembrada por diretores e atores, pois foi a revelação de um jovem músico, Chico Buarque. Além disso, esta peça, de 1965, enaltecia dois pilares essenciais no teatro: a sua alta qualidade artística associada ao trabalho de mobilização do grupo de atores, músicos e diretores. Esses elementos foram fundamentais na superação da estrutura material ainda precária, e impulsionaram o grupo de tal maneira que, no ano seguinte, a peça obtivesse o primeiro lugar no Festival de Teatro de Nancy, na França.


Roberto Freire trabalhou também em funções administrativas, como presidente da Associação Paulista da Classe Teatral, diretor do Serviço Nacional de Teatro, e diretor artístico no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA).

Na música, Roberto Freire foi letrista e jurado de diversos Festivais da Música Popular Brasileira. Nesta época trabalhava para a TV Globo na criação e redação, em parceria com Max Nunes, no programa "A Grande Família". Mesmo assim, Roberto Freire e o grupo de jurados, Nara Leão (presidente), Rogério Duprat, Décio Pignatari, Sérgio Cabral, César Camargo Mariano, Big Boy, entre outros, decidem que Roberto Freire seria o representante do júri nacional que leria o manifesto assinado por eles no palco do Maracanãzinho.

O pesquisador Zuza Homem de Mello, em seu livro "A Era dos Festivais, Uma Parábola" (2003, Editora 34, pag. 429), descreve claramente de que maneira os resultados dos Festivais passaram a ser ditados pelos interesses ligados à ditadura militar e enfoca o papel de Roberto Freire no último Festival Internacional da Canção (FIC) da TV Globo.

"Ao tentar ler no palco do VII Festival Internacional da Canção um manifesto contra a destituição do júri nacional, Roberto Freire foi violentamente arrastado por policiais, que o levaram a uma sala e o espancaram barbaramente (…) Terminava a Era dos Festivais."

Na televisão, Roberto Freire foi autor de teleteatro, exibido na TV Record e na TV Globo. No cinema fez a direção e roteiro do longa-metragem "Cleo e Daniel", com Myriam Muniz, John Herbert, Beatriz Segall, Irene Stefânia (no papel de Cleo), Chico Aragão (como Daniel). O roteiro é uma adaptação do romance homônimo, escrito por Roberto Freire em 1966, inspirado na tragédia "Daphnis e Chloe" do poeta romano Longus. O primeiro livro de Roberto Freire é reconhecido como um marco para as gerações de 1960 e 1970, que se identificava fortemente com os conflitos familiares e amorosos das personagens.


No jornalismo Roberto Freire foi repórter e redator de medicina e saúde pública no jornal OESP. Diretor-responsável e redator do jornal Brasil Urgente. Cronista do jornal A Última Hora, de São Paulo. Repórter da revista Realidade, da Editora Abril, na qual obteve o Prêmio Esso com a reportagem "Meninos do Recife". Diretor de reportagem da revista Bondinho. Editor da revista Grilo (histórias em quadrinhos).

Na área da educação, foi assessor do professor Paulo Freire no Plano Nacional de Alfabetização de Adultos, associando as pesquisas pedagógicas a um movimento nacional de cultura popular. Este trabalho foi interrompido após 1964. Além desta experiência, Roberto Freire foi professor na disciplina Psicologia do Ator na Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo, então dirigida por Alfredo Mesquita, onde acumulava a função de médico clínico dos alunos.

Em 1958, a convite dos alunos e por insistência do amigo e mestre Alberto D’Aversa, também professor da Escola de Artes Dramáticas e recém chegado da Argentina, escreveu a peça "Quarto de Empregada", cujos dois únicos papéis eram representados, como exercício didático, pelas alunas Ruthnéia de Moraes e Assunta Peres. "Quarto de Empregada" é, até hoje, a peça mais encenada de Roberto Freire.

Em todas as atividades às quais se dedicou - psicanálise, teatro, televisão, jornalismo e a literatura - Roberto Freire deixou suas marcas. Porém, segundo o próprio Roberto Freire, a Somaterapia foi a sua principal contribuição enquanto teórico e libertário.

Roberto Freire morreu na noite de sexta-feira, 23/05/2008, aos 81 anos. O corpo foi cremado no sábado, 24/05/2008, no Crematório da Vila Alpina, em São Paulo. A causa da morte não foi divulgada pela família. 

Luiz Carlos Vinhas

LUIZ CARLOS PARGA RODRIGUES VINHAS
(61 anos)
Compositor e Pianista

☼ Rio de Janeiro, RJ (19/05/1940)
┼ Rio de Janeiro, RJ (22/08/2001)

Luiz Carlos Vinhas começou a tocar piano aos quatro anos de idade. Estudou piano clássico até os oito. Em 1957, participava como pianista de reuniões que marcaram o surgimento da bossa nova.

Iniciou sua carreira artística em 1958, apresentando-se em pocket shows de bossa nova, realizados no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro. Participou, nessa época, da gravação de "O Barquinho", de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli

Formou, juntamente com Tião Neto (baixo) e Edison Machado (bateria), um dos primeiros conjuntos instrumentais da bossa nova, o Bossa Três. Com o grupo, viajou para os Estados Unidos em 1962, apresentando-se no programa de Ed Sullivan e gravando três LPs, lançados pela Audio Fidelity em New York. Voltou ao Brasil dois anos depois.

Em 1966, com a nova formação do Bossa Três, constituída por Otávio Baily (baixo) e Ronie Mesquita (bateria), e a participação dos cantores Pery Ribeiro e Leny Andrade, montou o Gemini V. Atuou, com o grupo, em gravações e shows no Brasil e no exterior, destacando-se a bem sucedida temporada de três anos no México.

Em 1968, gravou seu primeiro LP solo, "O Som Psicodélico de Luiz Carlos Vinhas", lançado pela gravadora CBS.

Atuou como pianista em discos de Elis Regina, Maria Bethânia, Wilson Simonal, Jorge BenjorQuarteto em Cy, entre outros.


Gravou, ainda, "Luiz Carlos Vinhas no Flag", "Luiz Carlos Vinhas", "Baila Com Vinhas", "O Piano Mágico de Luiz Carlos Vinhas", "Piano Maravilhoso" e "Vinhas e Bossa Nova".

Entre 1969 e 1971, atuou como pianista do Flag, no Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de acompanhar artistas internacionais, como Sarah Vaughan, Ella FitzgeraldGeorge Benson, entre outros.

A partir de 1971, apresentou-se em outras casas noturnas cariocas e paulistas, como Macksoud Plaza, Vogue, Privê, Chico's Bar, entre outras. Realizou, no Rio Palace, shows de abertura em espetáculos de artistas internacionais como Frank Sinatra, Julio Iglesias e Barry White.

Em 1994, apresentou-se em temporada de seis meses no Vinicius Bar, no Rio de Janeiro, tocando e contando as histórias da bossa nova, no show "Noites Cariocas". O espetáculo, recomendado pelo jornal New York Times aos turistas norte-americanos como um dos melhores programas do verão carioca daquele ano, gerou o CD "Vinhas e Bossa Nova".

No ano seguinte, foi convidado para uma temporada de apresentações na Itália, onde morou durante um ano.

Em 1996, participou da coletânea "Tempo de Bossa Nova", lançada pela revista Caras.

No ano seguinte, em homenagem à sua escola de samba, lançou o CD "Piano na Mangueira", interpretando obras dos compositores da Mangueira.

Em 2000, apresentou-se com a cantora Wanda Sá no Vinicius Bar, no Rio de Janeiro. Ao lado de Tião Neto (baixo) e João Cortez (bateria), gravou, com Wanda Sá o CD "Wanda Sá & Bossa Três", registrando canções como "Errinho à Toa" (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), "Brisa do Mar" (João Donato e Abel Silva), "Canção Que Morre no Ar" (Carlos LyraRonaldo Bôscoli), "Zanga Zangada" (Edu Lobo e Ronaldo Bastos), entre outras, além de "In The Moonlight" (John Williams e A&M Bergman). O disco teve show de lançamento no Bar do Tom, no Rio de Janeiro.

Morte

Luiz Carlos Vinhas morreu às 10:00 hs de quarta-feira, 22/08/2001, aos 61 anos, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o sábado, 18/08/2001, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital.

Luiz Carlos Vinhas foi internado depois de ter sofrido uma parada cardiorrespiratória em consequência de uma cirurgia reparadora feita no abdome, na região dos olhos e do pescoço, realizada no sábado, na Clínica Interplástica, também em Botafogo, Rio de Janeiro.

Os médicos disseram acreditar que o fígado não metabolizou os anestésicos aplicados para realizar as operações, que voltaram ao organismo. Na segunda-feira, dia 20/08/201, os exames comprovaram a morte cerebral do músico.

Luiz Carlos Vinhas tinha um filho e foi casado duas vezes.


Discografia

  • 2000 - Wanda Sá & Bossa Três (Abril Music, CD)
  • 1998 - Bossa Nova: O Amor, o Sorriso e a Flor (Castle Brasil, CD)
  • 1997 - Piano na Mangueira (CID, CD)
  • 1997 - Nouvelle Vibe (Japão, CD)
  • 1996 - Tempo de Bossa Nova (Edição da Revista Caras, CD)
  • 1995 - Bossa Nova: História, Som e Imagem (Ventura Music, CD)
  • 1994 - Vinhas e Bossa Nova (CID, CD)
  • 1994 - Forma: A Grande Música Brasileira (CD)
  • 1989 - Piano Maravilhoso (Som Livre, LP)
  • 1986 - O Piano Mágico de Luiz Carlos Vinhas (Som Livre, LP)
  • 1982 - Baila Com Vinhas (Polygram, LP)
  • 1979 - Wilson Simonal (RCA, LP)
  • 1977 - Luiz Carlos Vinhas (Odeon, LP)
  • 1970 - Luiz Carlos Vinhas no Flag (Odeon, LP)
  • 1970 - Chovendo na Roseira (Tapecar)
  • 1969 - Maria Bethânia (Odeon, LP)
  • 1968 - O Som Psicodélico de Luiz Carlos Vinhas (CBS, LP)
  • 1968 - Elis Regina (Philips, LP)
  • 1967 - Gemini 5 no México (Odeon, LP)
  • 1966 - Bossa Três (Odeon, LP)
  • 1966 - Gemini 5 (Odeon)
  • 1965 - Bossa Três em Forma (Forma, LP)
  • 1964 - Wilson Simonal (Odeon, LP)
  • 1964 - Jorge Ben (Philips, LP)
  • 1964 - Quarteto em Cy (Forma, LP)
  • 1964 - Meirelles e o Copa 5 (Philips, LP)
  • 1964 - Novas Estruturas (Forma, LP)
  • 1962 - Bossa Três e Lennie Dale (Elenco, LP)
  • 1962 - Bossa Três (Audio Fidelity, LP)
  • 1962 - Bossa Três & Jo Basile (Audio Fidelity, LP)
  • 1962 - Bossa Três e Seus Amigos (Audio Fidelity, LP)
  • 1958 - O Barquinho

Indicação: Miguel Sampaio